Verdade na Prática: Textos Selecionados: Verdade na Prática, #2
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Esta coletânea de textos é formada por artigos publicados no Blog Verdade na Prática: http://verdadenapratica.wordpress.com até Novembro de 2014. Não fazem parte desta colectânea as poesias, prosas e crónicas, pois são publicadas separadamente. São textos simples, mas com forte ênfase teológica, apologética, filosófica e missionária que certamente enriquecerão a sua vida e que hoje chegam às suas mãos neste formato.
Luis A R Branco
Married for thirteen years and a father of two beautiful girls, I was born in the city of Petrópolis, RJ, Brazil, in January 1974. I hold an undergraduate degree in Biblical Studies and Theology (BA), a Master Degree in Church Administration and Leadership (MA), a Doctor Degree in Ministry (D.Min.) and actually pursuing a Doctorate in Philosophy. My work includes serving as a local clergyman and a seminary professor. I'm member of the Society of Christian Philosophers, member of the Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas, member of the Movimiento Poetas Del Mundo, member of the União Brasileira de Escritores and member of the Academia de Letras e Artes Lusófonas and affiliated with the Mission Board of the National Baptist Convention. By working in several countries, it gave me of a major cross-cultural experience. My theology is reformed and as a poet, I've a melancholic style following the pattern of the ultra-romantics of the XIX Century, as a humanist I'm characterized by the idea that man gets his true essence in the knowledge of God. I live in Lisbon with my family and have published books on spirituality, theology, philosophy and anthologies.
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Verdade na Prática - Luis A R Branco
INTRODUÇÃO
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
(João 8:32)
Esta coletânea de textos é formada por artigos publicados no Blog Verdade na Prática: http://verdadenapratica.wordpress.com até Novembro de 2014. Não fazem parte desta colectânea as poesias, prosas e crónicas, pois são publicadas separadamente. São textos simples, mas com forte ênfase teológica, apologética, filosófica e missionária que certamente enriquecerão a sua vida e que hoje chegam às suas mãos neste formato.
PROPÓSITOS DO VERDADE NA PRÁTICA
† O primeiro propósito do VERDADE NA PRÁTICA é fazer apologética bíblica.
† O segundo propósito é produzir e publicar poesias e prosas bíblicas ou que expressem a beleza da natureza e dos seres criados por Deus.
† O terceiro propósito é reflectir, debater, escrever e divulgar filosofia.
Luis A R Branco
Clube de Filosofia Al-Mu’tamid
Compêndio das minhas observações sobre o Clube de Filosofia Al-Mu’tamid – XIV JANTAR TERTÚLIA – realizado no dia 21 de Outubro de 2014, na Mesquita Central de Lisboa, sob o tema A propósito do surgimento do Estado Islâmico do Levante: forças e interesses em conflito na desestruturação do Médio Oriente
.
Este compêndio é resultado das minhas observações pessoais como acadêmico, em especial como apologeta, cujo interesse é manter em registo e para consulta aquilo que fui capaz de extrair como observação deste evento. Sendo este o XIV encontro, irei pressupor que algumas das questões aqui levantadas já poderão ter sido tratadas em encontros anteriores.
Em primeiro lugar não posso deixar de registar a organização louvável da Universidade Lusófona em realizar este evento, que para além de uma logística muito bem preparada junto aos membros da Mesquita Central de Lisboa, entregou-se de corpo e alma
para que o evento recebesse a admirável participação de diversas pessoas de diferentes segmentos da sociedade lisboeta. Em especial, quero ressaltar o grande esforço do Doutor Paulo Mentes Pinto, como organizador e moderador do debate.
O debate ocorreu com uma curta apresentação por parte dos três oradores, a começar pela jornalista Cândida Pinto que em sua participação ressaltou os seguintes pontos:
• Há uma forte e tendenciosa propaganda do Estado Islâmico, que busca impressionar o ocidente.
• Há propaganda visa divulgar os atos mais violentos do Estado Islâmico, como, por exemplo, a decapitação de um cidadão americano.
• Não há jornalistas estrangeiros no local, portanto, toda propaganda que chega ao ocidente é enviada pelo próprio Estado Islâmico.
• Há milhares de jovens de origem europeia, que seduzidos pelo Estado Islâmico juntaram-se na guerra pela implantação e expansão do Estado Islâmico.
• O Estado Islâmico controla vários poços de petróleo e o que se extrai é vendido no mercado negro.
• Há indícios de que recebem apoio de outros países árabes.
Logo a seguir falou o Imã David Munir, Imã da Mesquita Central de Lisboa:
• O imã buscou apresentar um breve resumo histórico sobre os califados que existiram e sua missão que segundo o imã seria apenas à título missionário e humanitário e nunca de uma elevação sobre os demais membros da comunidade.
• Fez questão de ressaltar que no início da era islâmica havia um amor respeito pela vida, como por exemplo os direitos de igualdade entre mulheres e homens.
• Islão significa submissão, no entanto uma submissão voluntária e que toda imposição forçada da religião é contrária aos ensinos do Corão. O islâmita é um imitador do profeta, portanto, suas características não podem ser diferentes das características do profeta.
• Explicou que as forças do islão devem ser sempre de defesa e nunca de ataque.
• O profeta nunca escolheu um substituto, deixou isto a critério do povo.
• Salientou que atitudes bárbaras perpetradas por muçulmanos doem muito mais na comunidade muçulmana do que naqueles de fora da comunidade, pois o islão deseja a paz do mundo.
E por fim falou José Manuel Anes, Fundador do OSCOT – Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo:
• Salientou que a intervenção dos Estados Unidos da América, sob o Governo Bush, no Iraque foi injusta e mentirosa.
• O Estado Islâmico e a Al-Qaeda são inimigos número um do islão.
• Explicou que os europeus convertidos ao islão são os mais perigosos, pois sentem-se como se tivessem a obrigação de mostrar que são tão muçulmanos ou mais até que os muçulmanos de origem islâmica.
• Estes radicais são pessoas que entram em associações islâmicas radicais clandestinas e não através das mesquitas.
• Ressaltou que o Estado Islâmico conta como uma boa administração, pessoas capazes, o que é preocupante.
• Afirmou que Portugal não tem com que se preocupar com relação a grupos extremistas, mas a Europa sim.
• Salientou que a não discriminação é a forma mais eficaz de criar um ambiente de paz.
No que diz respeito às intervenções, apontei apenas as que mais chamaram a minha atenção e sem registar nomes:
• A queda do preço do petróleo é uma forma de enfraquecer as comunidades islâmicas extremistas que vivem basicamente da venda do petróleo.
• Radicais que se convertem ao islão na verdade convertem-se a ideologias políticas.
• As insuficiências sociais e comunitárias existentes na Europa são elementos que empurram os jovens para comunidades islâmicas.
• José Manuel Anes fez questão de diferenciar as terminologias islão
e islamismo
, no qual, segundo sua perspectiva história trata-se de uma nomenclatura preconceituosa e que refere-se ao islão político e não ao islão comunitário.
Segue abaixo minhas impressões sobre os temas tratados:
Quanto ao Estado Islâmico, sou incapaz de omitir opiniões precisas, visto que não há praticamente nenhuma informação fiável que chegue ao ocidente. Apreciei imenso a participação da jornalista Cândida Pinto que procurou de forma coerente nos passar as informações possíveis.
No que diz respeito a participação do Imã David Munir, observei um homem cauteloso nas palavras, buscou, como é de se esperar, extrair do islão apenas aquilo que esteticamente fica bem aos olhos do ocidente, dando a impressão que ao chegarmos no mundo islâmico encontraríamos uma comunidade tão amável, receptiva e pacífica como aquela atmosfera que encontramos no jantar.
Tendo vivido no mundo islâmico por vários anos, conheço uma realidade diferente daquela apresentada à audiência, um islão autoritário, intimidador, absolutista e ainda, contrariando o que foi dito, impositor. Evidentemente que minha impressão do mundo islâmico não é generalista, como também não é generalista aquela apresentada pelo imã David Munir.
Na verdade as questões envolvendo o islão vão além da mera falácia que encontramos no ocidente, quase que como numa tentativa desesperada de atirar água ao fogo e tentar alcançar a paz e o diálogo através de meias verdades ou de inverdades, pouco importa, se no fim conseguirmos todos sentar ao redor de uma mesa e comer em paz, isto é o que importa. No dia 19 de Dezembro de 1989, o jornal Al-Qabas trazia uma interessante fala do presidente iraniano Hashemi Rafsanjani, no qual ele dizia: Todo problema em nossa região pode ser atribuído a este único dilema: a ocupação de Dar al-Islam (Casa do Islã) por infiéis judeus ou imperialistas ocidentais … A luta eterna entre Ismael e Isaac não pode cessar até que um ou o outro seja completamente destruído.
[1]
É esteticamente interessante ouvir o Imã David Munir explicar o sentido da paz na saudação islâmica Assalam Alaikum
, e seus pressupostos. No entanto, ficará sempre a dúvida sobre como está paz é alcançável, pela força ou por um jantar cordial?
Resta-nos a pergunta: O islão é uma religião pacifica? Uma resposta absoluta em ambas as direções seria inverdade, portanto, poderíamos dizer que sim
e não
. Sim, pois o islão acredita na paz, mas não numa paz como a entendemos no ocidente. A paz no islão significa a rendição, a cabeça dobrada diante de uma espada. Seríamos incorretos na nossa interpretação do islão sem lhes atribuir o real significado da paz conforme aquele significado encontrado na própria religião islâmica.
Recordo-me que quando uma pessoa da audiência questionou o fato da falta de uma manifestação pública por parte dos líderes islâmicos contra o radicalismo, a resposta foi que a manifestação que eles ofereciam era o abrir da mesquita para os não islâmicos e a doação de alimentos.
Quer dizer, uma resposta estética e não formalizada.
José Manuel Anes abriu uma questão que achei interessante, que foi a sua leitura de que a nomenclatura islamismo
trata-se de uma nomenclatura discriminatória. Infelizmente faltou-me apontar as fontes de sua análise, no entanto, não compreendo que seja assim. As nomenclaturas religiosas, em especial no caso da língua portuguesa terminam em ismo
, que nada mais é do que o sufixo formador de substantivos abstracto, tal como encontramos no latim -ismus, e no grego -ismós.
O termo islamismo, unicamente utilizado em português como sinónimo daquele que segue o islão é um galicismo aparecido no século XX que hoje em dia é usado em alguns países para definir, não só a sua visão religiosa, mas também uma visão política dessa mesma doutrina. Em francês islamismo tanto se pode referir a uma escolha consciente da doutrina do islão como guia para a acção política
ou como de uma ideologia de manipulação do islão com vistas de projectos políticos
. Nesta ultima acepção fala-se também do ‘islamismo radical
, o fundamentalismo islâmico, como forma de combater a agressão que supostamente seria feita pelos ocidentais à identidade arabo-muçulmana, com o fim de transformar um sistema político e social de um Estado usando a sharia, ou seja a interpretação unívoca é imposta à sociedade.
Em basicamente todas as enciclopédias o termo islamismo
é empregado aos praticantes da religião islâmica sem qualquer prejuízo ou preconceito. Se o princípio interpretativo do termo apresentado por José Manuel Anes fizesse sentido, teríamos que rever o uso dos sufixos em todas as demais nomenclatura religiosa. E para além disto, a língua é viva, e seu sentido muda conforme a época e a história. Se formos buscar o sentido exegético de todas as palavras, corremos o risco de rejeitar todos os vocábulos. Portanto, a rejeição do termo islamismo
é no mínimo exagerada.
E por fim, impressinou-me a resposta do Imã David Munir, quando questionado sobre o sentido da jihad, limitou-se a uma explicação mais uma vez meramente estética, sem fazer qualquer menção ao radicalismo islâmico, e ainda, que os teólogos muçulmanos são incapazes de interpretar ou esclarecer o significado de muitas palavras do Corão.
Como representante da Academia de Letras e Artes Lusófonas no evento, confesso que senti falta da arte e da literatura. Havia apenas uma mesa com uns exemplares de um único livro. E