Amantes eternos
By Margaret Way
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About this ebook
As recordações de Rafe Cameron afloraram ao rever a sua ex-namorada extraordinariamente bem vestida de dama de honor. Contudo, agora, Rafe não estava disposto a deixar-se arrastar pelos sentimentos.
Cinco anos antes tinham-se amado apaixonadamente, mas Ally decidira ir para Sidney para realizar os seus sonhos e tornar-se atriz. No entanto, ao compreender que o seu amor era muito mais importante, propôs-se a si mesma ganhar a confiança de Rafe e persuadi-lo de que voltasse a arriscar o seu orgulho e o seu coração por ela.
Margaret Way
Margaret Way was born in the City of Brisbane. A Conservatorium trained pianist, teacher, accompanist and vocal coach, her musical career came to an unexpected end when she took up writing, initially as a fun thing to do. She currently lives in a harbourside apartment at beautiful Raby Bay, where she loves dining all fresco on her plant-filled balcony, that overlooks the marina. No one and nothing is a rush so she finds the laid-back Village atmosphere very conducive to her writing
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Book preview
Amantes eternos - Margaret Way
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2014 Margaret Way, Pty., Ltd.
© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.
Amantes eternos, n.º 1412 - Janeiro 2014
Título original: The Bridesmaid’s Wedding
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2001
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-5059-0
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
Capítulo 1
Era um dia de junho em Brisbane. O azul do céu confundia-se com o azul da baía ensolarada. Delicados colibris, inebriados com o excesso de néctar, pairavam acima dos arbustos em flor. Grupos ruidosos de aves bicavam os diversos frutos que cresciam no meio da relva, sem se preocuparem em fugir quando alguém se aproximava. As vinte e sete colinas verdejantes que circundavam o rio da cidade resplandeciam com acácias e com milhares de flores que perfumavam a cidade com uma fragrância irresistível.
Nos parques e jardins, as árvores exuberantes ostentavam as suas cores, com os galhos carregados de flores brancas, cor-de-rosa, roxas, amarelas e vermelhas. Nos bairros dos arredores, as trepadeiras cobriam as paredes, as cercas enfeitavam as fachadas e as varandas, embevecendo o olhar com muitas cores, embora nenhuma delas encantasse tanto como o branco das noivas.
Foi numa daquelas tardes de junho, muito apreciadas pelas noivas, que Broderick Kinross, o dono da histórica quinta de gado, Kimbara, situada no sudoeste do gigantesco Estado de Queensland, se casou com a bela Rebecca. A cerimónia realizou-se no jardim da graciosa casa que o pai dela, um comandante reformado da força aérea, comprara em Queensland, quando ele e a sua segunda família tinham regressado, após uma longa estadia em Hong Kong. A cerimónia do casamento e a festa foram discretas, tal como os noivos desejaram, estando presentes apenas a família e alguns amigos mais íntimos. Porém, estava planeada uma festa grandiosa, que se realizaria na quinta Kimbara, quando o casal regressasse da lua de mel, em Veneza.
Agora, no jardim das traseiras da casa, em Brisbane, por onde passava um rio largo e límpido, reuniam-se cerca de setenta convidados, que apreciavam o sol entre risos e conversas animadas. Algumas pessoas, como a tia do noivo, uma atriz de teatro internacionalmente conhecida, Fiona Kinross, que usava um sofisticado vestido amarelo, estavam esfuziantes. Aquele era um dia maravilhoso, pois o casamento era o auge de um grande romance.
A hora estava a aproximar-se e todos olhavam, com expectativa, em direção à casa. De repente, as quatro damas de honor, incluindo uma menina, Christina, a irmã de criação da noiva, apareceram e aproximaram-se ao som da música de Handel. As damas de honor adultas eram lindas. Havia uma morena, uma ruiva e uma loira, todas com cabelos compridos e sedosos. Os vestidos, de seda pura, cada um de uma cor, tocavam nos tornozelos e realçavam-lhes os corpos perfeitos. A parte de cima, sem alças, tinha uma fila de delicadas pérolas e pedras no decote que brilhava ao sol e as cores dos vestidos complementavam a beleza do vestido da noiva, que era cor-de-rosa, azul e verde-claro. A menina que ia à frente e que atirava pétalas de rosas pelo caminho, usava um vestido lilás, rodado, e tinha um sorriso angelical. Assim, as quatro resplandeciam à luz do sol e eram irresistíveis com a sua beleza.
– Oh, David, a magia da juventude! – exclamou Fiona Kinross, ou Fee como lhe chamavam, para o homem alto e distinto que estava ao seu lado. – Parecem figuras saídas de um quadro!
Ao que tudo indicava, aquela emoção era partilhada pelos demais convidados, que sorriam enquanto observavam as damas de honor.
Apenas uma pessoa se sentia estranhamente sozinha, quase isolada, embora ninguém se tivesse apercebido disso. Rafe Cameron, o padrinho. Com cabelo loiro, um rosto bonito e marcante, revelando um ar de autoridade e orgulho, Rafe estava absorto nos seus próprios pensamentos, que lhe causavam uma indesejável sensação de amargura e que destoava daquele dia tão especial. Porém, ele era humano. Era um homem forte, de emoções igualmente fortes, que tinha conhecido a rejeição e o sofrimento, e que nunca se habituara a esses sentimentos.
Agora, ali estava ele, quase hipnotizado pela bela dama de honor que usava o vestido cor-de-rosa, Ally Kinross, a irmã mais nova de Brod, a rapariga que lhe roubara o coração e que deixara um vazio terrível na sua alma. Para ele, era uma agonia vê-la tão bonita, com um sorriso luminoso no rosto, com os cabelos castanhos e compridos a reluzirem ao sol. A sua pele perfeita era clara, mas tinha as faces coradas, o que era um evidente sinal do seu entusiasmo.
«Oh, Ally», pensou ele, sentindo-se angustiado, «fazes ideia do que me fizeste?» Mas as promessas de amor eterno dela tinham sido vãs. Podiam ser eles os noivos, naquele dia, em vez de Brod e Rebecca. Afinal, eles tinham planeado casarem-se, quando ainda eram pequenos. As duas grandes famílias pioneiras de Outback, os Kinross e os Cameron, estavam destinadas a unirem-se, um dia. Até Stewart Kinross, o falecido pai de Brod e Ally, que tinha sido um homem difícil, autoritário, desejara o casamento entre eles. Mas não acontecera. Ally tinha-lhe virado as costas, ao ir para Sydney em busca de fama como atriz, tal como a sua extraordinária tia Fee, que agora sorria com um ar esplendoroso e jovial. Ally também teria aquele aspeto quando fosse mais velha. Ambas tinham a mesma bela estrutura para lutar contra os anos. Possuíam aquela natureza espontânea e vibrante, e eram muito vivas. Também sabiam como conquistar o coração dos homens e parti-lo. Estava-lhes no sangue.
Determinado, Rafe afastou tais pensamentos. Aquele não era um dia para comiserações. Estava feliz com a boa sorte do seu grande amigo, mas começava a sentir que o seu sorriso era forçado. Tal devia-se ao facto de estar a rever Ally, que abalava o seu estado emocional. Porém, esperava que ninguém notasse, pois esperava-se que fosse um homem forte. Ele era um Cameron respeitado e admirado por todos, um Cameron que fora rejeitado por uma Kinross... E não tinha sido o primeiro. Mas aquelas eram histórias antigas e todos os que estavam no casamento já as conheciam.
Rafe esforçou-se para reprimir a antiga angústia, quando a noiva, de braço dado com o orgulhoso pai, apareceu no terraço.
Apesar de toda a sua dor, sentiu-se melhor ao ouvir Fee a exclamar «magnífica», no meio da espontânea salva de palmas. A noiva, a sorrir e a segurar no seu belo ramo, deteve-se no terraço alguns momentos, para que todos pudessem observá-la. Tal como as damas de honor, usava um vestido justo, que lhe moldava o corpo curvilíneo e deixava os refinados sapatos à mostra. Não usava o véu tradicional e o cabelo, enfeitado com uma tiara de pequenas orquídeas brancas e pérolas, estava preso num coque sofisticado. A única joia que a adornava era um impressionante par de brincos de diamantes, que tinha sido um presente de casamento do noivo.
Por um breve momento, uma onda de tristeza tomou conta de Fee, pois surgiram na sua mente algumas lembranças que aprendera a reprimir. Os seus dois casamentos falhados... Mas tinha a filha, a sua bela e adorada Francesca, a quem amava mais, a cada dia que passava. Fazendo uma retrospetiva, achava que tinha fracassado na sua vida pessoal, embora tivesse sucesso e fosse uma atriz aclamada. Durante quase doze anos, também tinha sido condessa. No entanto, ao perder a cabeça por causa de uma curta paixão por um ator de cinema americano, o divórcio fora inevitável. Tinham sido anos de insensatez. A luxúria nunca se transformava em amor. Em consequência do divórcio, tivera de se despedir da filha, que ficara com o pai, o lorde de Lyle, conde de Moray.
– Fee, pareces-me triste – sussurrou o homem que estava ao lado dela. – Passa-se alguma coisa?
– São só lembranças, David. Tu sabes como sou emotiva.
David Westbury, primo do ex-marido de Fee, sorriu. A bela e encantadora Fiona... Sempre a tinha achado cativante, embora a família não tivesse desejado que lorde de Lyle casasse com ela, por serem tão diferentes.
– Aí vem a noiva – declarou Fee, esforçando-se por esquecer as suas próprias tristezas. – Que seja muito feliz!
– Ámen – disse David, sentindo orgulho da sua jovem parente, Francesca, a dama de honor ruiva que trajava o vestido azul. Estava contente com o facto de Fee ter mantido os laços de família, tendo-o convidado para ir à Austrália para aquele casamento e para umas longas férias ao sol. Já tinham passado quatro anos desde que perdera a sua amada Sybilla, a mulher mais maravilhosa que alguma vez conhecera. Quatro tristes e vazios anos...
Entretanto, Rebecca e o pai começaram a descer os degraus do terraço, sorrindo para os convidados. Do lado oposto, no altar que tinha sido erguido na relva, especialmente para a ocasião, Brod aguardava pela cerimónia que estava prestes a começar. Enquanto observavam a noiva a ser conduzida para o altar, os convidados mantiveram-se em total silêncio, tocados pelo ambiente de reverência que se impunha.
Durante a cerimónia, Rafe manteve-se perto do amigo, entregando-lhe as alianças no momento certo, com o coração tocado pela óbvia felicidade dos noivos. Quando o padre os declarou marido e mulher, não pôde conter o desejo de lançar um olhar para a jovem que o enfeitiçara e que depois o abandonara, embora soubesse que um simples olhar podia ser perigoso. Aqueles alegres olhos verdes, sedutores, sempre cheios de promessas, brilhavam com as lágrimas. Lágrimas?
Rafe cerrou o maxilar. Onde é que estava a sua força interior? «Não vou deixar-me sensibilizar pelas lágrimas dela», pensou, no instante em que os olhares de ambos se encontraram. Não gostava de ainda sentir tanta raiva no seu íntimo, tanta dor. Tinha-o magoado profundamente, mas não permitiria que ela o soubesse. Ally podia ser uma excelente atriz, contudo ele também sabia representar, quando era preciso.
Com um sorriso no rosto, Rafe cumprimentou o seu melhor amigo, dando-lhe um abraço caloroso e, em seguida, beijou Rebecca, desejando-lhe toda a felicidade do mundo. Disse às damas de honor, Francesca e Caroline, amigas de longa data de Rebecca, que estavam lindas, e depois virou-se para Ally, que enxugava as lágrimas do rosto.
– Deve ser fantástico um homem casar-se com a mulher amada – comentou, como se não se sentisse