O preço de uma obsessão
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About this ebook
A prima ballerina Anya Ilyushin dançava todas as noites para Roman Zverev, o homem que lhe roubara o coração antes de o esmagar em pedaços. Anya tinha enterrado os pedaços por trás de um muro impenetrável, mas quando Roman apareceu no seu camarim, como se não tivesse acontecido nada, a sua atração descontrolada foi reavivada...
Um desenfreio indomável escondia-se por trás da riqueza e sofisticação de Roman, que não se sentia nada civilizado em relação a Anya. Ele partira antes que o anseio pudesse aniquilá-los, mas as memórias estavam gravadas na sua alma. Tinha voltado e estava determinado a que Anya fosse dele.
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O preço de uma obsessão - Carol Marinelli
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2016 Carol Marinelli
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O preço de uma obsessão, n.º 73 - janeiro 2018
Título original: Return of the Untamed Billionaire
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9170-972-5
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
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Capítulo 1
Sempre que dançava, fazia-o para ele.
Era a última representação em Londres de O Pássaro de Fogo. Da última vez que estivera lá, Anya deixara de ser uma das princesas e uma suplente para dançar o papel principal. Naquele momento, a pedido do público, o impressionante balé voltara e o público fora ver Tatiana, o nome artístico de Anya. O teatro estava a transbordar e tinham-lhe dito que, naquela noite, havia uma duquesa entre o público, mas dançaria apenas para ele, para Roman Zverev. O seu primeiro e único amor, para além do balé.
As horas de exercícios e de controlo absoluto, a preparação rigorosa e o desejo de alcançar a perfeição eram para ela própria, mas, quando dançava, fazia-o sempre para ele.
Naquele momento, tinha o seu próprio camarim. Ela, como a maioria dos bailarinos, era supersticiosa e o toucador era como um altar. Estava cheio de pequenos objetos que reunira ao longo dos anos e as escovas e cosméticos estavam perfeitamente ordenados.
Já aquecera, tinha os pés ligados e as sapatilhas eram usadas. Tinha outro par preparado para o caso de precisar. Já apanhara o cabelo num coque e maquilhara a cara de branco. Também pintara os olhos de preto e dourado com cuidado e precisão, para realçar a cor verde das íris.
Estava tudo pronto.
Tinham-na avisado de que faltava meia hora e bebeu um sumo de coco e comeu meia banana. Embrulhou a outra metade e poderia comê-la durante o intervalo, com uma barra de chocolate. Adorava chocolate, pois fazia-a pensar em Roman.
Depois de comer, limpou a boca e pôs o toucado com penas vermelhas e douradas. Prendeu-o com cuidado e verificou-o várias vezes. Uma vez satisfeita, pintou os lábios de vermelho e chamou a responsável pelo guarda-roupa. Tirou-se o robe dourado e vestiu o vestido. O sutiã era vermelho com lantejoulas cor de laranja e douradas e o tutu, de dez camadas, tinha penas de seda. Levantou os braços enquanto lhe fechavam o fecho. O vestido ficava-lhe perfeitamente e mostrava as suas pernas e os seus braços compridos e estilizados. Lá fora, no mundo real, olhavam para ela e sussurravam, pois, era bela e muito magra, mas aquele corpo minúsculo era um molho de músculos e estava num estado incrível. Exercitava-o todos os dias. As horas de treino e ensaios e esse controlo mental implacável permitiam-lhe realizar proezas com que os outros só podiam sonhar. No entanto, apesar da sua segurança no palco, naquele momento, quando a avisaram de que faltavam dez minutos e a responsável pelo guarda-roupa verificava tudo pela última vez, tremeu por causa dos nervos. Já era Tatiana, a prima ballerina.
– Merde! – exclamou a responsável pelo guarda-roupa, para lhe desejar sorte.
Ela assentiu com a cabeça, pois tremia e não conseguia falar. Cobriu os ombros e os braços com o xaile de seda que comprara para a mãe.
Katya, a mãe, fora mãe solteira e cozinheira num orfanato russo. Morrera há pouco tempo, mas conseguira ver o sucesso da filha e isso enchia-a de satisfação. A mãe acreditara nela muito antes dela própria.
Quando era pequena, praticava os passos de balé na cozinha do detsky dom onde a mãe trabalhara. Quando crescera, em vez de ir para a sua casa vazia, fria e minúscula, ia para o orfanato e praticava com uma pontada de fome por causa dos guisados que a mãe cozinhava. Algumas vezes, provava-os às escondidas, mas, se a mãe a surpreendesse, repreendia-a.
– Queres ficar gorda como eu? – repreendia-a Katya.
Naturalmente, tinham chocado, mas só durante a sua adolescência.
– Não pode haver rapazes – avisara Katya, quando a surpreendera a olhar para Roman. – E muito menos um como o Roman Zverev. É problemático.
– Não – contradissera ela. – Sente a falta do irmão gémeo.
– O irmão gémeo a quem bateu, o irmão gémeo que afugentou.
– Não – insistira ela. – Isso foi porque o Daniil se recusava a ser adotado sem o irmão e foi a única coisa que o Roman pôde fazer para que se fosse embora.
– Não me respondas.
Nessa noite, já em casa, Katya falara-lhe com mais dureza.
– Não pode haver rapazes. Se queres triunfar no balé, só podes concentrar-te numa coisa.
Ela obedecera e não saíra com rapazes. No entanto, alguns anos mais tarde, já longe do orfanato, encontrara Roman, que se tornara um homem.
Naquele momento, pronta para ir para o palco, olhou para os objetos que tinha no toucador. Abriu uma caixinha, mas não tirou o pacote de papel de alumínio. Deixá-lo-ia para o intervalo. Em troca, passou os dedos por uma etiqueta esvaída. Era a etiqueta que cortara dos lençóis da primeira vez que Roman e ela tinham feito amor e, ao lado, estava um brinco de ouro. Nessa noite, levou a etiqueta aos lábios, voltou a deixá-la na caixa e fechou-a.
Bateram à porta para lhe dizer que chegara o momento. Ela percorreu o labirinto de corredores do velho teatro de Londres. Desejaram-lhe merde muitas vezes, mas ela não respondeu. Não fazia amigos facilmente. O seu único objetivo era chegar ao topo e todos a consideravam fria. Era a Rainha do Gelo. Até dançar.
Mika estava lá. Vestia-se de vermelho e tinha um pequeno toucado na cabeça, que depressa teria a pena que o pássaro de fogo lhe daria. Cumprimentaram-se com a cabeça, mas ambos estavam absortos nos papéis que iam representar. A imprensa insistia que eram um casal. Mika tinha uma certa fama de mulherengo e davam-se tão bem no palco que presumiam que também se davam bem depois.
A verdade era que não se davam nada bem. Ela não se sentia especialmente apegada a ninguém. Estivera antes. Rira-se, conhecera a paixão e abrira-se para outros até Roman a ter abandonado, mas nunca mais.
O público começou a aplaudir e ela tirou o xaile e esticou as pernas pela última vez enquanto a orquestra afinava.
– Merde! – disse a Mika.
Ele pegou no arco e na seta que usava no primeiro ato e transformou-se em Ivan, o príncipe. Anya aproximou-se do cenário, que era o jardim mágico. Respirou fundo e cerrou os dentes para conter a náusea. Depois de tantos anos, continuava a sentir um medo terrível, que aumentava à medida que avançava na sua carreira. Era um papel incrivelmente exigente e sentia uma pressão imensa. Recuou alguns passos, parou no seu sítio, respirou fundo lentamente e esperou pelo momento.
Quando chegou, já não era Anya, nem sequer era Tatiana, era o pássaro de fogo que voava no palco. Era um brilho dourado iluminado por um foco e pôde ouvir que o público sustinha a respiração. Ivan, o príncipe, ficou intrigado ao ver o pássaro de fogo. Escondeu-se atrás de uma árvore enquanto o pássaro de fogo, no extremo oposto do palco, respirava fundo e se preparava para espantar outra vez o público e conseguiu.
O príncipe, escondido, esperava pelo momento de capturar o pássaro de fogo, que pegou numa fruta dourada. Ela, enquanto dançava, pensava que o pássaro de fogo era muito bonito. Era muito estilizado, frágil e elegante. Muito poucos sabiam o que tinha de sofrer para criar essa beleza e nessa noite, a noite do último espetáculo, todo esse sofrimento se condensou enquanto resplandecia e dançava para ele, para Roman, para o homem que amara com toda a sua alma. A sua aventura amorosa só durara duas semanas, até ele a abandonar sem compaixão. Durante muito tempo, pensara que ele morrera, mas não morrera nem nunca lhe dissera que a amava.
Dissera-lho? Voltaria a vê-lo? Era o que o pássaro de fogo se interrogava enquanto o príncipe a capturava entre os seus braços e começavam o pas de deux. Sentiu um vestígio de esperança, pois a companhia iria para Paris e ela tinha a certeza de que ele vivia lá. «Roman procurá-la-ia?», interrogou-se o pássaro de fogo, enquanto o príncipe a elevava ao céu.
Uma vez sozinha no palco, dançou com tudo o que tinha, absolutamente tudo.
Chegou o intervalo, mas ela não respondeu ao que os colegas lhe diziam e fechou-se no camarim. Durante dez minutos, limitou-se a recuperar o fôlego. Era o papel mais exigente de todos. Comeu a metade de banana que restava e uma barra de chocolate e fechou os olhos para não sair do espaço próprio que encontrara nessa noite. O sabor do chocolate fez com que recordasse quando o provara pela primeira vez.
Praticara sempre na cozinha, mas uma vez, quando era adolescente, a mãe dissera-lhe que não podia dançar quando os rapazes estavam a comer porque os provocava. Então, punha um avental e servia-lhes a comida em vez de dançar. Embora tivesse adorado provocar um em particular, Roman. O irmão gémeo e ele tinham talento para o boxe e Sérgio, o supervisor da manutenção, treinava-os e garantia que os gémeos Zverev seguiriam em frente no mundo do boxe. Ela, quando era mais jovem, rira-se deles quando treinavam e dissera-lhes que estava muito mais em forma do que eles… E estivera.
Tinham-na aceitado numa escola prestigiosa de dança, mas voltava durante as férias. Eles eram quatro rapazes que estavam sempre juntos: Roman, Daniil, Nikolai e Sev. Os trabalhadores diziam que eram problemáticos, mas ela não acreditava. No entanto, houvera uma luta na véspera de uma família rica de Inglaterra adotar Daniil e Roman ganhara. Recordava Daniil na cozinha enquanto a mãe fazia o possível para tratar da face dele.
– A família rica não quer rapazes feios – declarara Katya, enquanto ela trazia o estojo de primeiros socorros.
Olhara para Daniil e vira a sua perplexidade ao perceber que o irmão fizera aquilo. Quisera dizer que era porque Roman queria o melhor para ele. Parecera-lhe evidente que Roman não estivera zangado com o irmão, que só quisera que se apercebesse de que lutaria melhor sem ele. No entanto, não se atrevera a dizê-lo à frente da mãe.
O grupo dissolvera-se depois de Daniil ir para Inglaterra. Sev recebera uma bolsa para uma escola muito boa e ficara lá. Nikolai fugira e todos tinham pensado que se atirara para um rio, ainda que, como tinham descoberto há pouco tempo, só tivesse fugido. Roman fora o único que ficara no orfanato e ia almoçar no segundo turno, o reservado para os rapazes mais velhos e mais problemáticos.
Era muito bonito. Tinha o cabelo moreno, a pele muito branca e uns olhos cinzentos que, algumas vezes, olhavam para ela do extremo oposto da sala de jantar. Sempre reparara nele e previa a sua chegada. Ardiam-lhe as faces e só porque estivera perto dela, mesmo nas manhãs mais gélidas, quando ele ia tomar o pequeno-almoço. À tarde, quando lhe servia o guisado, os seus dedos tocavam-se algumas vezes por baixo do prato que