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O Tesouro de Lafitte
O Tesouro de Lafitte
O Tesouro de Lafitte
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O Tesouro de Lafitte

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About this ebook

O Reino Unido ofereceu a Jean Lafitte uma capitania na Marinha britânica, junto com extensas terras, títulos e US$30.000 em ouro se ele concordasse em se juntar a eles para lutar contra os Estados Unidos da Améria. Então, por que Lafitte recusa essa generosa oferta? A guerra de 2812 se aproximava e o general Andrew Jackson não tinha armas, munições, dinheiro para lutar contra os ingleses e tampouco alguém a quem pedir ajuda que não fosse o notório pirata Jean Lafitte. Jackson odiava piratas, mas concordou em se encontrar com Lafitte e formar uma improvável aliança com aquele pirata. Mas o que fez Jackson mudar de opinião sobre aquele encontro? Antes do início da guerra, Lafitte enterrou um tesouro incomum, que será procurado no século 21 por um homem e uma linda mulher. Julianna Montaigne, descendente direta de Pierre Lafitte, encontra seu diário no antigo baú de seu avô. No diário há uma pista para o tesouro. Eddie Calto, um bombeiro de Nova York, tem a segunda pista que foi deixada por seu tataravô. Os dois se juntam na tentativa de encontrar o Tesouro de Lafitte, mas homens perigosos que esperavam há 200 anos por alguém que tentasse procurar o tesouro planejam roubá-lo.

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateApr 6, 2019
ISBN9781547578412
O Tesouro de Lafitte
Author

Joe Corso

I grew up in Queens, New York. I'm a Korean Vet, FDNY Retired and I started writing late in life hoping to help my grandchildren pay for their college education. I found to my surprise that I could tell a good story which resulted in my writing 30 books (so far) while garnering 19 awards and a 4 time top 100 Best Selling Author.

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    O Tesouro de Lafitte - Joe Corso

    A outros tempos, deixou o nome de um corsário. Ligou uma virtude a mil pecados.

    Lord Byron

    (Tradução livre da última linha do poema, O Corsário)

    Índice

    Prólogo

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Capítulo 36

    Epílogo

    Prólogo

    1813 Nova Orleans, Luisiana

    Lá fora fazia um dia claro e ensolarado, mas por dentro, o Old Absinthe House era tomado por uma escuridão aconchegante, semelhante ao entardecer. As lâmpadas penduradas em vigas iluminavam o ambiente com uma série de feixes de luz que brilhavam em âmbar e dançavam pelas paredes como bailarinas em um refrão silencioso. O barman se mantinha ocupado enquanto limpava a superfície do bar e preparava o local para a multidão que sabia que viria mais tarde. Porém, mantinha os olhos na mesa em um canto escuro onde quatro homens se encontravam sentados, fora do alcance dos olhos curiosos e longe o suficiente para que suas vozes não pudessem ser ouvidas. Aquela era uma reunião importante tanto para o general e para Nova Orleans, quanto, provavelmente, para os Estados Unidos. O Old Absinthe House foi cuidadosamente escolhido para essa reunião por ser considerado pelos dois homens que não se conheciam o suficiente para confiarem um no outro um lugar seguro para que se encontrassem; e, no final das contas, segurança era a principal preocupação.

    Nos dias antecedentes à reunião, e em uma série de diferentes ocasiões, o general Jackson tinha sua mente envenenada pelo governador Claiborne em relação ao homem com quem se encontraria. No começo, por conta da insistência de Claiborne, Jackson havia denunciado Lafitte e seus homens como Bandidos Infernais, continuando resistente à recusa de se encontrar com o pirata. Lafitte, não tendo sucesso em convencer o governador Claiborne do ataque iminente dos ingleses, tentou se encontrar diretamente com o general Jackson.

    Lafitte escreveu uma carta para Jackson onde alegava ter informações importantes sobre os planos do Reino Unido para atacar Nova Orleans, mas Jackson recusou o pedido de reunião não uma, mas duas vezes. Após ler a última carta enviada, recusou a reunião pela terceira vez. "Seria ele um homem de confiança?", Jackson se perguntava constantemente, mas ignorou tal pergunta e decidiu que não responderia ao último pedido feito por Lafitte. Nunca se rebaixaria a ponto de se encontrar com um pirata comum.

    Quando Lafitte soube que Jackson havia recusado a reunião mais uma vez , tentou uma abordagem diferente. No dia seguinte, uma carta do Reverendo Abbe Dubourg da Catedral 1st St. Louis foi entregue ao general Jackson, fazendo-o mudar de ideia. Era uma carta simples que dizia que a guerra contra o Reino Unido se aproximava e que Jackson não tinha dinheiro e tampouco armamento suficiente para guerrear. O autor da carta assegurou Jackson de que poderia ajuda-lo tanto com dinheiro quanto com armas. A carta foi assinada como Jean Lafitte, mas não foi a carta e nem o que estava escrito nela que fez Jackson mudar de ideia sobre concordar em comparecer à reunião. Foi o pequeno símbolo embaixo do nome de Lafitte.

    ––––––––

    ––––––––

    O aperto de mão que Jackson recebeu de Lafitte foi o que o tranquilizou. Foi um aperto de mão digno de um mestre maçom. Agora um pouco mais confortável, Jackson se sentou ao lado de seu assistente, o tenente Andrew Ross, que comandou a 7ª Infanteria. Lafitte estava acompanhado de seu irmão, Dominique Youx, que sentou ao seu lado na mesa. Para a reunião, decidiu falar francês e espanhol, duas línguas que falava tão bem quanto o inglês.

    Lafitte sinalizou para o barman, que aguardava ser chamado para levar à mesa um certo conhaque que mantinha guardado no alto do bar para ocasiões especiais como aquela.

    — Tenho uma surpresa para você, món général. Um conhaque especial tal qual o senhor nunca provou.

    — Pensei que teríamos uma reunião. — Jackson disse, afiado.

    — Claro que teremos. — Lafitte agiu como se não tivesse ouvido a resposta atravessada de Jackson. — Mas primeiro, bebamos para celebrar nossa nova parceria antes de irmos direto aos negócios. — Disse, esboçando um sorriso.

    — Nossa nova parceria? Não acha que está agindo de forma um pouco presunçosa?

    — De forma alguma, general, você verá. Mas primeiro, bebamos, depois lhe explicarei tudo... e então você entenderá.

    Mesmo que Lafitte confiasse em Andre, o barman e dono do estabelecimento, para guardar segredo, continuou quieto até que saísse, sabendo que o general ficaria desconfortável ao discutir sobre negócios na frente de um estranho. O general, acostumado a saborear um copo de um bom uísque, provou da bebida, comentando a quão deliciosa estava, o que agradou a Lafitte, e derramou mais uma dose.

    — Agora, falemos de negócio. — Após terminar seu drink, Lafitte penteou o bigode levemente com a ponta dos dedos. — Queria me encontrar com você para lhe dizer o que descobri sobre os planos do Reino Unido para atacar Nova Orleans. Há algumas semanas atrás, um navio inglês atracou no nosso porto e mandou uma mensagem em forma de tiro. Eu e alguns de meus homens corremos para ver o que queriam, e uma reunião foi feita sob uma bandeira branca simbolizando a trégua dos ingleses. O capitão Nicholas Lockyer, comandante do navio Sophie , confiou a mim a informação de que havia sido ordenado a entrar em contato com o comandante em Baratavia. Já que estávamos no mar e eu poderia ser facilmente capturado, fiquei em silêncio. Quando atracamos e estávamos em segurança, avisei Lockyer que eu era o comandante e o convidei, junto com seus homens, para um jantar em minha casa, construída no ponto mais alto da ilha para que eu pudesse ver os navios que se aproximavam. Chamei a casa de Maison Rouge por conta de sua cor vermelha vibrante. Durante o jantar, perguntei a Lockyer qual era seu objetivo em me procurar, e foi aí que ele me entregou um documento selado que explicava detalhadamente o que o Reino Unido me ofereceu. — Lafitte riu. — Foi ótimo convencer meus homens a não enforcarem os ingleses, sabe.

    — Por que você os impediu de enforca-los? — Jackson o olhou de soslaio.

    — Os ingleses vieram até mim em paz e eu insisti que aquela bandeira branca fosse honrada.

    — O que exatamente os ingleses lhe ofereceram? — Jackson demonstrava curiosidade em relação à oferta.

    — A oferta era um tanto generosa, mon général. Ofereceram-me uma capitania na marinha inglesa, garantiram terras a mim e meus homens, incluindo um bônus de US$30.000 em ouro, que seria pago caso eu me juntasse a eles e lutasse contra os americanos.

    — E por que não aceitou? — Jackson o interrompeu com a pergunta.

    Antes de responder à pergunta, Lafitte hesitou e olhou para Ross, retornando em seguida seu olhar ao general.

    — Seu tenente é um pedreiro-livre¹? — Lafitte perguntou.

    — Sim. — Jackson sorriu e afirmou com a cabeça. — Nós dois somos membros da St. Tammany Lodge No. 1 de franco-maçons em Nashville, Tennessee.

    — Bom; assim como eu e meus irmãos. Agora podemos conversar livremente. Nós, como franco-maçons, como sabe, nunca guerrearíamos contra nosso país. Deus e nosso país estão acima de qualquer coisa. O que eu proponho, general, já que pensamos iguais, é que juntemos nossas forças. Quando me ofereci a contar a Claiborne o que eu

    ¹ Membro da maçonaria. Em sua origem, essa associação secreta era constituída por pedreiros livres da jurisdição dos bispos.

    sabia sobre os planos dos ingleses de atacar Nova Orleans, eu possuía dez navios prontos para lhe oferecer e você utiliza-los como bem entendesse. Ao invés disso, aquele governador de meia tigela ordenou ao Comodoro David Porter, responsável pela marinha de Nova Orleans, que atacasse minha base, prendesse meus irmãos e eu, e confiscasse todos os meus navios. Porter estava feliz em cumprir com as ordens do governador porque iria receber um quarto de tudo o que foi vendido, incluindo meus navios. Claiborne é um bastardo egoísta e egocêntrico que usou a marinha para atacar minha base, roubar meus navios, confiscar minha carga e prender meu irmão, Pierre. Por sorte, Dominique e eu tomamos conhecimento de seus planos e desaparecemos antes que ele nos encontrasse, mas eu não tive tempo de avisar Pierre e meus homens.

    — Agora tudo faz sentido. — Jackson repassou em sua cabeça a conversa que teve com o governador Claiborne e assentiu. —Você facilitou para Claiborne quando veio vê-lo. Tudo o que precisou fazer para derrotar os notórios irmãos Lafitte foi prender você e seus homens – e assim que você estivesse fora do caminho, ele poderia, dentro da lei, roubar tudo o que você tinha.

    — É isso mesmo, mon ami, exceto pelo fato de que eu e Dominique não fomos capturados e ainda temos dois navios para você utilizar contra os ingleses. É uma pena, pois poderia ter dez. Os americanos tomaram posse de seis das minhas escunas, uma felucca e um brigue, bem como vinte canhões e uma carga que vale meio milhão de dólares. Agora me diga, general, o que é que você com certeza tem para entrar nessa guerra e que possa lhe servir de ajuda? Você tem homens, certo?

    — Os homens ainda estão se alistando. Estou à espera da chegada de uma milícia do Tennessee em algum momento do dia de hoje com 800 homens, e provavelmente terei 5000 homens no total para guerrear, enquanto os ingleses terão pelo menos o dobro, talvez o triplo. Alguns encarregados até ouviram rumores de que talvez enviassem 25.000 homens contra nós. — Jackson olhou para Lafitte e rangeu os dentes. — É inútil. Como eles esperam que eu vença essa guerra com o pouco que tenho para luta-la?

    — Por que você diz que não pode vencê-la com o que tem, meu amigo? — Lafitte perguntou.

    — É simples. — Jackson o olhou com o esboço de um sorriso nos lábios e encolheu os ombros. — Porque eu não tenho armamento para ir para a guerra.

    — Ah, mas general, eu tenho todo o armamento de que precisa. É seu, e eu ficarei feliz em dá-lo a você.

    — Você tem? — Os olhos de Jackson se iluminaram.

    — Tenho!

    — Armamento o suficiente para todos os meus 5000 homens? — Jackson perguntou, incrédulo.

    — Sim, e canhões, bolas de canhões e os dois melhores artilheiros que qualquer general possa ter. Renato Beluche, meu ex-comandante, e meu irmão Dominique, que é melhor que todos os artilheiros juntos – melhor até que Beluche, e Beluche é considerado um dos menores artilheiros a navegar pelos oceanos... e ambos são seus para usar como bem entender. Tudo o que precisa fazer é direcioná-los ao inimigo e orientar seus oficiais para não interferirem enquanto eles estiverem trabalhando.

    O rosto de Dominique foi tomado por um tom carmesim diante do elogio. Era um homem baixo, musculoso, com ombros largos e era forte como um touro, mas sua qualidade mais marcante era sua habilidade em atirar no alvo que desejasse com seu canhão.

    — A sua oferta certamente irá ajudar, mas ainda preciso de dinheiro, muito dinheiro para alimentar, abrigar, comprar cavalos, selas, rifles e uniformes para meus homens. Sabe Deus quanto tempo essa guerra irá durar e eu não tenho tempo para voltar a Washington e juntar dinheiro para financiar essa guerra.

    Lafitte acariciou a barba por um instante enquanto pensava no que Jackson havia acabado de dizer.

    — De quanto você precisa, mon général?

    — Cerca de um milhão de dólares.

    — Pelas barbas de Netuno, é muito dinheiro... Eu tenho tudo isso e mais, mas não em dinheiro vivo, e sim em mercadoria. Mas não se preocupe. Deixe comigo e eu conseguirei o dinheiro para lutar sua guerra. Concentre-se em organizar seu exército e eu me preocupo com o dinheiro. — Lafitte se inclinou sobre a mesa e olhou diretamente nos olhos de Jackson. — General, dê-me sua palavra; se eu cumprir com minhas promessas e entregar o que eu disse que iria, meus irmãos e eu iremos lhe ajudar a derrotar os ingleses. Quero que você concorde com que todos os meus homens sejam perdoados por todos os crimes pelos quais foram acusados, e quero que meu irmão Pierre seja solto imediatamente.

    Jackson não precisou pensar sobre o pedido de Lafitte; concordou sem hesitar, e ficou surpreso ao descobrir que havia gostado do pirata, apesar de seus pensamentos anteriores. Ele era jovem – mais ou menos trinta e quatro anos de idade – inteligente, gracioso, e elegante de forma a manter a postura, e se vestida como um sofisticado cavalheiro. Jackson ficou surpreso com o quão surpreendentemente satisfeito estava com a conversa. E ainda assim, este era o homem descrito pelo governador Claiborne como assassino, líder feroz dos piratas e malfeitores. O general Andrew Jackson se orgulhava por ser um bom julgador de pessoas e esse homem com quem havia se encontrado e estava conversando não era nada como o homem que o governador havia descrito.

    — Não sei se você sabe, — Jackson se inclinou sobre a mesa na direção de Lafitte. — Mas o governador emitiu uma recompensa de US$500 para quem lhe entregasse, morto ou vivo.

    — Eu ouvi falar, meu amigo. — Lafitte levantou as sobrancelhas e sorriu maquiavélico. — Eu sei sobre a recompensa de US$500 que o governador colocou sobre minha cabeça e, em troca, darei uma recompensa de US$5000 a quem me trouxer o governador, morto ou vivo.

    Os dois riram e Jackson descobriu que gostava de estar entre os homens de verdade, e se encontrava satisfeito pela conversa prazerosa que estavam tendo. No momento, não tinha pressa para ir embora. Além do mais, o uísque estava bom e estava tendo um ótimo momento para deixar a companhia desses homens.

    — Outro drink, general, para comemorar nossa parceria e para derrotar os ingleses. — Outra rodada de uísque foi feita enquanto os quatro homens continuavam a discutir e bolar seus planos.

    — General, falo com honestidade. — Lafitte segurou no braço de Jackson gentilmente quando este deixava a mesa com seu assistente. — Estamos juntos nessa, assim como os nós da Corda de Oitenta e Um Nós².

    ²Segundo o Dicionário de Termos Maçônicos, a Corda de Oitenta e Um Nós é a corda que circunda a Loja, local onde os maçons se reúnem para trabalharem de forma ritualística, simbolizando a união, a lealdade e o amor fraterno entre os maçons ao redor do mundo.

    Foi então que o general entendeu o significado maçônico do que Lafitte tinha acabado de dizer, e concordou com um aceno de cabeça.

    — Isso é tudo que um homem e um maçom poderia pedir. — O general disse enquanto se virava para ir embora.

    — Não se esqueça de meu irmão, general. — Lafitte gritou. — Não esqueça de soltar Pierre da prisão o mais rápido possível.

    O general montou em seu cavalo, mas antes de partir, virou-o, inclinou-se próximo a Lafitte e disse:

    — Você tem minha palavra. Assim que voltar ao meu quartel, darei ordem de soltura a seu irmão e ele o encontrará não mais do que dois dias a partir de agora.

    Capítulo 1

    1812 Nova Orleans, Luisiana

    Lafitte passou os dias que se seguiram organizando uma reunião para a qual seriam convocados todos os fazendeiros de Nova Orleans. De acordo com seus planos, tal reunião deveria acontecer duas semanas depois do próximo domingo, ao meio dia – e seria realizada nos confins da baía onde seus navios atracavam para descarregar sua carga. Lafitte comandava mais de 100 homens e, para cada um, deu uma lista de nomes e os despachou em um cavalo veloz cada, encarregados de encontrar aquelas pessoas e avisá-las da importância em comparecerem àquele evento. Quando o governador Claiborne soube da reunião, enviou ao quartel francês seu espião, Raul Gaspanoux, para descobrir por que os irmãos Lafitte a haviam convocado. Devido à intervenção do governador e seus contatos, Gaspanoux também deveria comparecer.

    Todos em Nova Orleans sabiam que uma guerra contra o Reino Unido era iminente e que poderia começar dentro de alguns dias e, certamente, não mais do que alguns meses. Por isso, cada fazendeiro dentro de aproximadamente 97 quilômetros da baía que compareceu à reunião e todos que viajaram até lá estavam curiosos do motivo pelo qual Lafitte havia solicitado a presença de todos, principalmente por não terem nada a oferecer. Não tinham dinheiro e nem eram soldados, logo, perguntavam-se por que estavam ali. Enquanto esperavam o início da reunião, encontraram mesas carregadas de boa comida e bebida preparadas pelo cozinheiro de Lafitte, e trataram de se servirem a fim de satisfazerem seus apetites.

    Lafitte estava a bordo de seu navio, Pride, desde o amanhecer, mas preferiu não se apresentar até o início da reunião. Faltando exatamente cinco minutos para meio-dia, Lafitte desceu de seus aposentos no navio e cumprimentou alguns velhos amigos antes de inicia-la exatamente no horário marcado. As pessoas diante dele eram amigos próximos, e mesmo que não conhecesse todos eles, sua fama era tanta que todos o conheciam. Depois do discurso de abertura, a reunião havia oficialmente começado. Lafitte se colocou de pé e acenou ambas as mãos para chamar a atenção de todos e esperou um momento para que o burburinho sessasse. E então, pôs-se a falar:

    — Obrigado por virem, caros amigos. Sei que todos estão se perguntando por que solicitei que comparecessem aqui hoje. Encontrei-me com o general Andrew Jackson há duas semanas e lhe contei que os Ingleses enviaram o capitão Lockyer, um emissário, a meu encontro. Durante o jantar, o capitão me entregou um pacote selado e, para minha surpresa, ao abri-lo, descobri que a Inglaterra havia me oferecido uma capitania em sua marinha, bem como um pedaço de terra para mim e meus homens e, para mim, um bônus de 30 mil dólares em ouro caso me juntasse a eles na guerra contra os Estados Unidos.

    — E o que você fez, Jean Paul? Aceitou a oferta? — Um homem gritou em meio à multidão.

    Lafitte o olhou de forma sombria e depois sorriu abertamente.

    — Talvez eu devesse ter pego o ouro e ido ao encontro do general Jackson. Teria sido uma ótima ideia, não? — Todos riram. Lafitte levantou as mãos mais uma vez para, novamente, chamar a atenção de todos e silenciar a multidão. — Deixem-me contar sobre o governador. Assim que o emissário britânico partiu, entrei em contato com o governador Claiborne e convoquei uma reunião. Disse que tinha informações sobre as quais o governador deveria saber... e ainda assim, quando fui ao seu encontro para lhe contar sobre os planos dos britânicos, usou minha oferta para ajudar Nova Orleans como uma desculpa para confiscar meus navios e prender meus homens. — Lafitte aumentou o tom de voz, despertando a multidão, e balançou os braços até que seu rosto tomasse uma coloração avermelhada por gritar a plenos pulmões. — O governador Claiborne é um ladrão que roubou minha carga e meus navios. Navios estes que poderiam ter sido usados

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