Unbloguedê!
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Book preview
Unbloguedê! - Alexandre Artigas
UNBLOGUEDÊ!
Alexandre Artigas
UNBLOGUEDÊ!
Copyright: Alexandre Artigas
Copyright da presente edição: Editora Max Limonad
Capa: Ana Beatriz Artigas
ISBN: 978-85-7549-103-4
Editora Max Limonad
www.maxlimonad.com.br
editoramaxlimonad@gmail.com
2016
Sapientia
:
nul pouvoir
un peu de savoir
un peu de sagesse
et le plus de saveur possible
Roland Barthes
domingo, 15 de abril de 2012
(IN)DEFINIÇÃO
Escolho
aos poucos
a palavra certa.
Aquela que,
como dardo
(sem ser essa),
dá palavras finais
à ventura das entrelinhas,
incerto alvo
dum poema.
Com dardo,
jogo longe do centro
o fim de qualquer ideia.
Sem ser a pantera rilkeana,
a tal palavra, felina,
esvai-se
entre os ares rarefeitos
de luz da noite
da arte poética.
Tentativa total
sem definição
e tal incompleta,
deriva e tange,
das palavras,
as palavras.
Matemática,
às avessas da soma,
limita a cada letra
a possibilidade
do arremate.
Dentro de ti,
poema,
cabes a ti mesmo.
Define-te!
segunda-feira, 16 de abril de 2012
TAREFA DE CASA
Há um furo
no patamar da soleira
e meus pés
descalços
sentem sem eira
na beira
da casa
o relevo dum buraco.
Desentendido,
quieto e cabisbaixo,
na pressão do conserto
que adio,
comprimo o tempo
em nódoa de preguiça
e lampejo
do esgueirar-se.
Ah, um dia consertarei
na base da massa corrida
em pressa
de automóvel
em pista de mão única.
Mas os contratempos me adiam.
É um poema que não termino.
É um poema que não começo.
E esta canção que me martela
e espera
o tapume da palavra.
CADERNO QUADRICULADO
Apura o senso circense
[
as cinco vogais já
(não tenho nada para falar)
na página
]
esse palhaço
que vos diz
:
talvez a matemática
[
de tanto estudada
(todo dia, ao treinar suas jogadas)
com afinco
]
possa enfim
dar uma risada
talvez um símbolo.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
A MANHÃ
Queria o poema
transpassado pelos filtros Musa,
apanhado pelas canetas Poeta,
em papéis Sublime.
Mas a marca de minha pena apagou-se
e o hálito de minha boca exala
o resto de café da térmica.
A poesia que me apanha
retirou-se do etéreo
e traz à redoma
coisas desta mesa.
Repousa ainda na manhã
o primeiro poema desperto
com o galo.
Ele abriu os olhos
e escreveu no teto
a palavra dia,
com o lápis de remela
e sono.
Batida a batida,
a manhã foi ouvindo do coração
a passagem das horas,
cheias de melancolia
e atraso –
depois viriam as palavras.
Passado o café
a cabo de minutos e chaleira,
a manhã restante esperou o