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O Alienista
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Ebook79 pages1 hour

O Alienista

Rating: 4 out of 5 stars

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About this ebook

Afinal, quem é louco? Esta é a grande questão proposta neste livro, que conta a história do eminente doutor Simão Bacamarte. Dedicado estudioso da mente humana, o médico decide construir a "Casa verde" – um hospício para tratar os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí. Com um estilo realista e fantástico a um só tempo, Machado conduz uma história surpreendente e mostra ao leitor que tudo é relativo e que a normalidade nem sempre é aquilo que a ciência e os fatos atestam de forma absoluta.
LanguagePortuguês
PublisherL&PM Editores
Release dateMar 1, 1998
ISBN9788525421494
Author

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o maior nome da literatura brasileira.

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Reviews for O Alienista

Rating: 4.165584176623377 out of 5 stars
4/5

154 ratings3 reviews

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  • Rating: 3 out of 5 stars
    3/5
    Taking place in a fictional small town in Brazil, this is a farcical look at the new science of psychiatry, whose practitioners are called Alienists, and what exactly it means to be mad. Who can claim someone is insane versus someone else? What exactly is normal? Are we all mad? Is normalcy a sign of insanity? Many such circular questions are examined in this farce. I enjoyed the story but wasn't overly taken with it. The main character, Bacamarte, a scientist, physician, alienist is studying and experimenting madness and sanity on the residence of a small town. I found him quite over the top and unbelievable, while the residents were gullible and also unrealistic but then one is aware at each turn that this is a farce and over the top unrealistic characters are the norm for such fare. An interesting and enlightening take on sanity/insanity especially coming from this Victorian era. I'm glad to have read it but does not make me interested in the author's other work.
  • Rating: 5 out of 5 stars
    5/5
    You Don't Love the Same Woman Twice: "The Alienist and Other Stories of Nineteenth-Century Brazil" by Machado de Assis, John Charles Chasteen (translator)


    Published 2013.

    Let’s talk about luxury. Not that one, but the one that goes through the objects that I covet. One of these objects is the 1600-page-book “Os Romances de Machado de Assis” (the Novels of Machado de Assis) edited by the Glaciar publishing House, containing among others “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Memorial de Aires” e “Dom Casmurro”, “Quincas Borba”, “Esaú e Jacob”, “Helena”, … This beast of a book waits for me (or I’m waiting for it; take your pick). Being neigh on impossible to find it despite having been published quite recently, I just had to make do with Chasteen’s translated collection. After having finished it, it’s also become a cult object.

    Contents:

    “To be Twenty Years Old” (Vinte anos! Vinte anos!)
    “The Education of a Poser” (Teoria do medalhão), my favourite story; the poser in the story resembles a few Portuguese politicians from the here and now, but I won’t name them in case one of them is reading this…I’m sure I could find further examples from other political milieus
    “The Looking Glass” (O espelho)
    “Chapter of Hats” (Capítulo dos chapéus)
    “A Singular Occurrence” (Singular Ocorrência)
    “Terspischore” (Terpsícore)
    “Father Against Mother” (Pai contra mãe)
    “The Alienist” (O Alienista)

    You can read the rest of this review on my blog.
  • Rating: 5 out of 5 stars
    5/5
    O tema foi desenvolvido de forma inteligente criando um suspense dentro de fatos ficticios que prendem a atenção do leitor no desenrolar da historia .

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O Alienista - Machado de Assis

caparosto

Machado de Assis: do morro à academia

Estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, que resolves em mim tantos enigmas.

(C.Drummond de Andrade. A um bruxo com amor.)

Sem dúvida, foi Joaquim Maria Machado de Assis quem elevou a prosa brasileira ao nível das melhores escritas no mundo em sua época. Sua obra não visa apenas à diversão ou à afirmação de valores morais, mas objetiva, antes de tudo, a investigação do espírito humano, universal, sem, contudo, afastar-se da realidade nacional. O texto machadiano, em verdade, antecipa procedimentos modernistas e descobertas psicanalíticas, evidenciando as mazelas humanas de forma ácida e irônica.

Aquele menino mulato, numa sociedade ainda escravocrata, pobre, gago e de pouca instrução formal apresentava todos os requisitos para o fracasso. No entanto – quem diria –, ainda em vida, recebeu honrarias devido a uma reconhecida e aclamada atividade literária e na esfera do serviço público. Ao morrer, em 29 de setembro de 1908, seu corpo, tal como o de um estadista, foi seguido por milhares de admiradores pelas ruas da cidade onde nasceu e viveu: o Rio de Janeiro.

Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, a 21 de junho de 1839. Filho de um pintor mulato e de uma lavadeira açoriana, viveu seus primeiros anos em uma das humildes construções que constituíam a chácara de Dona Maria José de Mendonça Barroso, viúva de um senador e madrinha do garoto. Já na infância, revelou frágil saúde: atitudes nervosas, epilepsia e gaguez, que surgiriam a intervalos ao longo de sua existência e que lhe confeririam um temperamento tímido e reservado.

Sua mãe morreu cedo, e seu pai casou-se novamente com uma mulata doceira, que lhe ensinou as primeiras letras. Continuou seus estudos em uma escola pública, mudando de colégio quando da morte do pai. A fim de reforçar o orçamento, vendia os doces feitos pela madrasta, Maria Inês, pelas ruas de São Cristóvão, bairro onde residia. Recebeu aulas de francês e de latim de um padre amigo, mas foi como autodidata que construiu sua vasta cultura.

Aos dezesseis anos, ingressou como tipógrafo aprendiz – não dos melhores, segundo o chefe, que implicava com seus constantes mergulhos na leitura – na Imprensa Nacional. Devido às reclamações do responsável pelo setor, o diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida – autor de Memórias de um sargento de milícias – quis conhecê-lo. Surgiu aí uma amizade que em muito auxiliaria Machado no mundo literário. Aos dezoito anos, na editora de Paula Brito, para cuja revista A Marmota enviava colaborações, publicou seu primeiro poema: Ela. Daí em diante, sempre ligado aos círculos literários e jornalísticos, viu sua atividade como ficcionista alçar voo. Como servidor público, atingiu o ponto máximo almejado por um funcionário de carreira: Diretor Geral do Ministério da Viação. Tal situação deu-lhe tranquilidade para dedicar-se à ficção.

Aos trinta anos, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, culta senhora portuguesa, irmã de um dos amigos de seu grupo literário. O preconceito – ele, indisfarçavelmente mulato; ela, filha de boa família branca – não foi obstáculo suficiente para impedir a união entre Carolina e Machadinho – assim se assinava o autor em cartas enviadas à amada. Durante trinta e cinco anos, a mulher imortalizada em um de seus melhores sonetos proporcionou-lhe uma vida conjugal tranquila e afetuosa (diferente das marcadas por ciúmes e adultérios tematizados em sua obra), impedindo que a epilepsia interrompesse a ascensão literária e social de Machado. Em 1904, morta Carolina, o escritor pouco saía de casa, contando os dias para o reencontro: Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará. De fato, em 1908, o Bruxo do Cosme Velho (assim chamado devido ao bairro Cosme Velho, onde se situava sua residência), um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, cercado por um pequeno grupos de amigos, partiu ao encontro de Carolina.

Na segunda metade do século XIX, a Europa passava por uma série de transformações econômicas, científicas e ideológicas que determinaram o surgimento de uma estética antirromântica. A nova revolução industrial, ensejada pelo avanço tecnológico e pelo progresso científico, modificou não só os processos de produção, mas também a estrutura econômica, fazendo surgir uma rica burguesia urbana luxuosa e poderosa.

Acentuaram-se os contrastes entre burguesia e proletariado. Já não era possível a fantasia, a idealização. O momento requeria a participação do escritor, que, nessa medida, passou a analisar a realidade à luz de novas teorias e correntes filosóficas. Eis que o Realismo – termo bastante abrangente – era a doutrina estética que respondia a essa necessidade, caracterizando-se pela objetividade, impessoalidade, racionalismo, análise psicológica dos indivíduos, verossimilhança, contemporaneidade e pessimismo ao abordar as engrenagens da vida.

Apesar de ser considerado o maior nome do Realismo brasileiro, Machado de Assis valeu-se de alguns processos contrários àqueles elaborados pelos narradores realistas europeus: fundiu objetividade e subjetividade, utilizou uma linguagem elíptica e tornou o narrador uma presença constante em seus livros. A divisão de sua obra em duas fases apresenta-nos, na primeira, textos ainda comprometidos com os ideais românticos, a exemplo de Iaiá Garcia; na segunda, quando conhecemos as verdadeiras obras-primas do romancista, sua temática é a do adultério, do parasitismo social, do tênue limite entre a razão e a loucura, da hipocrisia, da ambiguidade das mulheres,

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