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Apenas por nome: Família O'Donovan
Apenas por nome: Família O'Donovan
Apenas por nome: Família O'Donovan
Ebook572 pages7 hours

Apenas por nome: Família O'Donovan

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About this ebook

Filadélfia, 1876,  A vida de Caroline Martin finalmente parece ter melhorado. Depois de anos de trabalho duro, ela conheceu um homem rico e virtuoso cujo amor parece trazer junto o tipo de vida que existe apenas nos livros que ela possui em sua mesa de cabeceira. Uma tragédia, porém, irá ensinar Caroline sobre a complexidade com que o próprio Deus cria as vidas daqueles que se voltam para ele. Vencedor da medalha de ouro em Ficção Religiosa do prêmio IPPY 2010. Amazon Kindle Bestseller.

LanguagePortuguês
Release dateJul 15, 2019
ISBN9781547599967
Apenas por nome: Família O'Donovan

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    Apenas por nome - Ellen Gable

    Para James

    Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer...tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar... tempo de amar e tempo de aborrecer. Eclesiastes 3: 1-2, 4,8

    Um cavalheiro... Se submete à dor porque é inevitável, ao luto porque é irreparável e à morte porque é seu destino. John Cardinal Newman, 1952

    1

    À morte, o pai de Caroline disse uma vez a ela, era parte natural da vida, uma parte da qual ela não gostava nem um pouco. Essa aversão não estava baseada na eventualidade de que ela teria que se render a isso um dia, mas porque perder alguém tão precioso causava um impacto emocional no coração de alguém, em geral num momento inapropriado. 

    No momento, ela estava cercada por mais pessoas que ela tinha visto em cinco meses, e isso a deixava sem coragem. De fato, Caroline esperava que os demais passageiros apontassem seus dedos para ela e declarassem, Aquela mulher deveria estar viajando nos vagões da frente com os demais passageiros da terceira classe!

    Era um dia nublado, com nuvens de chuva, dia 21 de abril do ano da graça de Nosso Senhor de 1876. Caroline observava pálida o lado de fora pela janela do trem. Ela tentou respirar fundo, e então concluiu que, no dicionário, deveria haver uma nova definição para a palavra espartilho: vexatório. O vestuário horrendo a fazia se sentar tão ereta que ela se sentia como uma daquelas figuras de cera de museu.

    No lugar ao lado dela se sentou Sra. Shepherd, que tinha sido contratada por seu tio para servir como acompanhante de Caroline durante sua jornada. A velha Sra. Shepherd parecia como uma senhora simpática que tinha uma pele quase translúcida, cabelos cinzas que pareciam uma sombra de luz azul sob seu chapéu azul-escuro. Ela se sentou bastante reta e imobilizada, o que fez Caroline acreditar que o espartilho da velha mulher era a causa provável de sua postura severa.

    Caroline alisou seu vestido preto e então entrelaçou suas mãos em seu colo. Papa tinha dito a ela frequentemente que ela era linda, mas Caroline sabia que seus traços físicos, nomeadamente cabelo cor de cobre e sua pele pálida e sardenta, não eram tão sofisticados quanto aqueles das mulheres de classe alta que ela tinha visto em Boston, aquelas com vestidos finamente feitos, penteados da moda e faces pintadas.

    Com seu pai morto agora e sua mãe já tendo morrido há anos atrás, Caroline tinha poucas escolhas. Uma era aceitar um emprego como cozinheira em uma casa de luxo em Boston. A outra era passar a morar com seu tio Edward e sua prima Elizabeth na Filadélfia. Ela sabia que eles viviam numa mansão grande, mas não conseguia se lembrar quando tinha conhecido eles – se é que já tinha. Seu tio tinha generosamente enviado o dinheiro para que conseguisse se manter em sua casinha germinada em Boston, já que era seu desejo passar a maior parte de seu luto inicial sozinha. Nas últimas semanas, porém, Tio Edward tinha enviado telegramas constantes estimulando-a a ir para a Filadélfia. Uma vez que ele tinha sido tão gentil, a única coisa que Caroline poderia fazer agora era se render a seu pedido.

    O trem não tinha ainda começado a se mexer e os passageiros ainda estavam embarcando. Olhando o interior, Caroline ficou maravilhada com os assentos macios, as paredes recém-pintadas e as luminárias cintilantes. O cheiro acre de fumaça sugeria que o homem atrás dela tinha acendido seu charuto.

    Não há muitas pessoas no trem, comentou Sra. Shepherd, com um sotaque britânico fraco. Em um mês, a Exibição do Centenário vai abrir e deverá haver bem mais pessoas viajando para a Filadélfia. Talvez você, seu tio e sua prima possam assistir, minha querida.

    Caroline assentiu e sorriu da forma mais polida que ela conseguiu, mas na verdade, ela queria que aquela mulher ficasse quieta. Naquele momento, tudo que ela queria era que a vida pudesse voltar a ser como era, uma vida simples com seu pai.

    Quando Papa estava bem não faltava dinheiro, por qualquer meio, e os dois sempre tinham o bastante para comer. De toda forma, quando ele ficou doente, Caroline trabalhou duro tentando sobreviver fazendo pequenos trabalhos para os vizinhos, embora os cuidados com seu pai a ocupassem na maior parte do dia.

    Todos a bordo. O condutor parou na plataforma do trem bem abaixo de sua janela fechada. Atrás dele, Caroline notou um homem jovem segurando seu chapéu e correndo em direção ao trem.

    Ela observou o homem que tinha se esforçado para conseguir entrar no trem a tempo. Ele estava sentado do outro lado do corredor e um lugar a frente. Ele tinha tirado seu chapéu, e estava se esforçando para recuperar sua respiração. O apito do trem começou a soprar e ele começou a se mover.

    A velha Sra. Shepherd se inclinou para Caroline. Isso não é excitante, querida? Que forma ótima para se viajar para a Filadélfia. Eu lembro de anos atrás, quando eu era jovem e viajei de Londres para...

    As memórias nostálgicas da mulher se tornaram ruído de fundo enquanto Caroline afrouxava a gravada de seu chapéu preto. Ela sorriu para Sra. Shepherd e então olhou para o jovem rapaz, agora sentado calmamente e lendo um jornal. Seu cabelo loiro na altura dos ombros estava bem arrumado e ele tinha uma barba curta e bem cuidada. À medida que ela o estudava, ela concluiu que, apesar da barba, ele não poderia ser muito mais velho que ela, com 19 anos. Ele vestia um casaco azul escuro e calça azul claro. Ela lembrou Caroline dos oficiais da União que jogavam cartas com seu pai antigamente, nos tempos da Guerra Civil.

    Ela novamente espiou a janela do trem, que agora se movia rápido em seu caminho por dentro da cidade de Boston com suas casas germinadas, mercados e outros negócios sendo a visão comum. Caroline nunca tinha viajado pela seção sul da cidade e se viu admirando as estranhas casas e lojas. 

    Quando Papa tinha falado para ela pela primeira vez sobre sua opinião sobre ir morar com seus parentes na Filadélfia, tinha parecido como algo que levaria anos até ocorrer.

    Querida Carrie, ouça a razão. Você tem cuidado de um velho desde seus 14 anos. Você está fazendo atividades que um filho deveria estar fazendo. Você merece ter alguém que cuide de você. Por favor, reconsidere.

    Você não é um velho.

    Eu estou. E você é uma jovem senhorita que necessita de companhia. Elizabeth tem o que, agora? 17 anos?

    Eu acho que sim.

    Eu não estarei por aqui por muito tempo.

    Você não precisa dizer isso.

    É verdade e você precisa aceitar isso quando ocorrer.

    Caroline usou seu lenço para secar seus olhos.

    Você não está bem, querida? a senhora perguntou.

    Não, eu... ela começou.

    Você deve estar sentindo falta do seu pai.

    Sim, estou.

    O primeiro ano é o mais difícil quando você perde alguém próximo.

    Caroline forçou um sorriso e olhou para fora da janela. Alguns momentos depois, ela se virou e encontrou a velha senhora dormindo.

    Caroline indiferente olhou para o jovem rapaz loiro do outro lado do corredor enquanto ele lia o jornal. Ela o estudou mais atentamente e observou que ele estava vestido de forma impecável, do seu terno e calças até seus sapatos brilhantes. Definitivamente de classe alta.

    Ela voltou novamente sua atenção para o campo se movendo rapidamente por trás de sua janela. Caroline estava feliz de ver a grama verde e as flores da primavera pontilhando a paisagem, apesar do embotamento do dia. Embalada pelo movimento do trem, ela começou a fechar seus olhos.

    Desculpe-me, senhorita?

    Caroline abriu seus olhos para ver um jovem rapaz com cabelo escuro e bigode curvado próximo a ela. Ela o olhou e, com seu cotovelo, cutucou sua acompanhante para acordar. A mulher continuou a respirar profundamente a seu lado. Sra. Shepherd dorme tão profundamente.

    Senhorita, nós já não nos encontramos antes? o homem sussurrou enquanto se inclinava perto do ouvido dela.

    Os olhos de Caroline se estreitaram e ela se afundou contra seu assento.

    Desculpe-me, senhor, posso ajudá-lo? ela ouviu alguém dizer. Quando Caroline se permitiu olhar para cima, ela pode ver que o rapaz loiro sentado no outro lado do corretor estava parado ao lado do estranho, quase se inclinando sobre ele.

    Eu estava apenas...

    Retire-se, senhor. Você é um tolo? Essa jovem senhorita está em luto. Seu tom ríspido demonstrou que ele realmente estava bravo.

    O rapaz de cabelos escuros mexeu em seu bigode. Eu... pensei que eu... a conhecia. Devo estar errado. Minhas sinceras desculpas, senhorita. Caroline soltou o ar a medida em que ele voltava para o fundo do trem e então fez contato visual com o cavalheiro loiro.

    Muito obrigada, senhor.

    O homem sorriu. Não há de que.

    Não faço ideia do que aconteceu com minha acompanhante. Ela dorme tão profundamente. Posso saber seu nome?

    Liam O’Donovan.

    Eu sou Caroline Martin.

    "É um prazer imenso conhecê-la, Senhorita Martin.

    Você não seria sobrinha do Sr. Martin, seria?"

    Você conhece meu tio?

    Ele vive na casa ao lado da minha. Sinto muitíssimo pela perda de seu pai.

    Obrigado.

    Seu tio está animadíssimo a respeito de sua chegada iminente. É o único assunto sobre o qual ele tem falado há semanas.

    Será que titio falou para eles que eu sou de classe baixa? Caroline olhou para suas mãos e ficou grata por Sra. Shepherd ter insistido que ela usasse luvas.

    Então, ele continuou, Eu suponho que nós seremos vizinhos. Novamente, é um prazer imenso conhecê-la.

    Caroline se permitiu sorrir. Obrigado, Sr. O’Donovan. Você foi muito gentil.

    Não há de que, Srta. Martin. Ele acenou sua cabeça enquanto se movia de volta para seu lugar.

    O trem não estava totalmente cheio, talvez apenas com um quarto de passageiros. Se o Sr. O’Donovan não tivesse vindo em seu socorro, quem teria a ajudado em situação tão complicada? Certamente sua acompanhante não estava em posição de ajudá-la. Ela se encolheu quando pensou sobre a alternativa.

    Caroline se esforçou para relaxar contra o assento duro do trem, mas seu coração ainda estava acelerado. Apesar de seu espartilho rígido, ela conseguiu respirar fundo.

    Carrie, eu quero que você comece a ler a Bíblia para mim todo dia.

    A Bíblia é maçante, Caroline, com 14 anos na época, respondeu.

    Está na minha cômoda.

    Caroline levantou o pequeno livro preto e o trouxe até perto da cama.

    O que você quer que eu leia, Papa?

    Comece do começo.

    Caroline fez uma careta. Há muitas páginas aqui. Vai levar uma era.

    Vai, mas agora que eu estou confinado a minha cama, me dará paz ouvir você recitá-la para mim.

    Caroline estudou seu pai. Deitado na cama, seu corpo agora magro e seu cabelo grisalho fazia com que ele parecesse muito mais velho do que seus 50 anos. Seus olhos estavam sempre brilhantes e interessados, apesar de sua face magra.

    Sua expressão era tão amável e terna que ela se arrastou para o lado da cama dele, abraçando seu corpo já magro. Embora ele estivesse doente, ela ainda se sentia segura em seus braços.

    Caroline se sentou e pegou a Bíblia.

    Primeiro Livro de Moisés, chamado Gênesis, Capítulo I. No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo. E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

    A parada e o apito do trem forçaram Caroline a se sentar direito. Ela se virou para sua acompanhante. Sra. Shepherd, nós chegamos na Filadélfia. Sem observar uma resposta óbvia, Caroline sacudiu os ombros dela. Sra. Shepherd, por favor acorde. As mãos de Caroline agora começavam a tremer. Ela se inclinou para perto e sussurrou de forma urgente na face da senhora, Sra. Shepherd, por favor!

    Quando não houve resposta, ela inspecionou a pele do rosto da velha senhora. Estava assustadoramente imóvel. Oh, não! Enquanto seus olhos corriam ao redor do trem, Liam O’Donovan correu até ela.

    Ela não está respirando! Por favor, ajude-a! Caroline olhou para o rosto imóvel da senhora, seu coração pulando. Ela se forçou a exalar. Sr. O’Donovan se curvou para perto do rosto de Sra. Shepherd e estudou seu corpo imóvel. Ele se endireitou.

    Srta. Martin, eu não quero ser o portador de más notícias, mas eu acho que sua acompanhante... uhn, ... faleceu.

    Valha-me Deus! Como isso pode acontecer? Ela estava bem agorinha mesmo. Ela balançou novamente o ombro imóvel da velha senhora. Caroline estava com dificuldade para respirar e suas mãos estavam tremendo. O que nós devemos fazer?

    Eu não tenho certeza, ele disse, mexendo sua barba. Eu acho que eu deveria alertar o condutor. Você fica aqui sentada ao lado de sua acompanhante.

    Oh, não, ele não vai sair e me deixar aqui sozinha, vai?

    Sua expressão de pânico o fez parar. Eu volto em um minuto, ele disse, de forma tranquilizante. 

    Ela assentiu. Ele se afastou e Caroline tentou se concentrar em sua respiração.

    A senhorita está tendo algum problema com a sua acompanhante? ela ouviu um homem dizer.

    Eu ... Ela olhou atentamente para cima e viu o homem de cabelo escuro andando em sua direção. Um pequeno grupo de passageiros estava atrás dele, um grupo sem rosto que cercou Caroline como um muro claustrofóbico.

    Sua acompanhante está doente? o homem disse.

    Ela... faleceu.

    Ela o quê? Evitando contato visual, Caroline agora se mantinha olhando para a frente do trem, procurado por Sr. O’Donovan. Quando ela o viu voltar correndo, ela respirou aliviada.

    Seus olhos lançaram a ele um olhar de súplica, e então olhou o homem ao lado dela e o grupo de pessoas atrás dele.

    Sr. O’Donovan falou alto. Senhor, eu agradeceria se deixasse essa jovem senhorita sozinha. Ela acabou de passar por uma provação terrível.

    E quem seria o senhor? Seu protetor? Seu acompanhante?

    O senhor poderia dizer que eu estou protegendo-a de pessoas como o senhor. Agora saiam, vocês todos, ou eu terei que chamar o condutor ou um oficial da polícia para me ajudar?

    Eu pensei que talvez eu pudesse ajudar, o homem de cabelos escuros disse. Se não será necessário, eu sairei. Bom dia, senhorita.

    À medida que o homem se afastou, Caroline sussurrou, Obrigada.

    Não há de quê. O condutor virá em breve para ficar com o corpo até que o médico chegue. Eu ficarei feliz em acompanhá-la para encontrar seu tio. Ele olhou seu relógio de bolso. Nós já estamos vinte minutos atrasados.

    Talvez eu devesse ficar com ela, Sr. O’Donovan.

    Então eu ficarei com a senhorita até que o condutor chegue.

    Sim, eu agradeceria muito. À medida que ela se levantou, ela se sentiu tonta e seu corpo caiu de forma desajeitada contra o Sr. O’Donovan.

    Desculpe-me.

    Tudo bem. Fique sentada, por favor, ele disse, enquanto ele enquanto a ajeitava em seu próprio lugar, do outro lado do corredor.

    Ela... estava respirando a alguns instantes atrás. Como isso poderia ter acontecido? ela perguntou, secando seus olhos com seu lenço.

    Eu não sei, Sra. Martin. Ele parou. Ela é parente sua?

    Caroline balançou sua cabeça. Eu a conheci apenas ontem.

    Entendo.

    Nós precisamos avisar seus parentes.

    Sim, claro.

    Um pouco depois, o condutor, um homem corpulento de meia idade, chegou. Nós vamos cuidar de tudo agora, senhor, ele disse para Liam. Se você e sua irmã quiserem sair, vocês podem...

    Nós somos vizinhos, Liam disse, sorrindo.

    Sim, sim, nós somos vizinhos, Caroline respondeu e mais uma vez agradeceu pelo Sr. O’Donovan estar presente.

    E quando aos arranjos para o funeral? Caroline perguntou. E quanto a sua família? Eles precisam ser notificados.

    Sim, Sra. Martin, Sr. O’Donovan se ofereceu. Seria de muita ajuda ter seu endereço e outras informações.

    Caroline tentou levantar a bolsa da Sra. Shepherd de seu colo. Quando ela a puxou, ela descobriu que algo estava impedindo-a de levantar a bolsa. Ela olhou mais cuidadosamente e notou que a mão da Sra. Shepherd ainda estava agarrando a bolsa. Caroline estremeceu e então respiro fundo. Permita-me, ela ouviu e então viu o Sr. O’Donovan separar os dedos da senhora de sua bolsa. Ele a entregou para Caroline.

    Obrigado. Ela abriu a bolsa e retirou alguns papéis. Eu acredito que isso é o que será necessário.

    Liam checou o horário novamente. Vamos, Srta. Martin. Ele ofereceu seu braço e quando Caroline o segurou, ela notou que ele tinha pouco mais do que seu metro e meio, talvez pouco menos de um metro e oitenta, e apesar de sua barba curta e voz profunda, seus traços faciais eram quase delicados.

    À medida que eles saíram do trem, Liam comentou, Meu irmão deveria estar aqui. Ele a ajudou a sair do trem para a estação. Mas seria prudente procurar por seu tio primeiro. Sua voz soava reconfortante e gentil.

    Claro.

    O tempo estava parcialmente ensolarado e quente. A área estação Germantown era pequena se comparada com o terminal de trem do centro de Boston, e estava fervilhando de pessoas. Eles andaram por um prédio de madeira com uma varanda coberta onde as pessoas estavam esperando para entrar no trem.

    Liam andou até uma pilha de bolsas próxima ao trem.

    Ah, nossas malas.

    Lá está meu baú, Sr. O’Donovan, ela apontou. E eu acredito que essa é a mala da Sra. Shepherd, também, ela disse, apontando a mala ao lado da dela.

    Sim, e, ele disse enquanto trazia para mais perto de si o baú, E essa no topo é a minha. Caroline esperou que ele pegasse a mala da pilha. Ela puxou o chapéu para baixo para proteger seus olhos do sol.

    Eu não vejo seu tio, Srta. Martin. Ele olhou para longe e viu um homem e uma mulher parados no prédio da estação de trem. O homem, que tinha cabelo encaracolado preto, não vestia chapéu ou casaco, apenas uma camisa e bermudas e parecia estar se inclinando contra a mulher de uma forma muito inapropriada.

    Repentinamente, o homem olhou para cima e acenou para Liam.

    Liam limpou sua garganta e então suspirou.

    O homem beijou a mulher rapidamente, quase grosseiramente, e então pegou seu casaco e chapéu do chão. Ele jogou seu casaco sobre seu ombro, enfiou seu chapéu em sua cabeça e correu na direção deles.

    Esse é meu irmão, David O’Donovan. David, essa é a Srta. Caroline Martin, sobrinha do Sr. Martin.

    Caroline colocou sua mão para frente enquanto os olhos de David se fixaram nela. Ele tinha um sorriso em sua face que fazia ela se sentir desconfortável, e seu olhar parecia muito familiar, como se ele tivesse alguma conexão intima com ela. À medida que ela o estudava, ela concluiu que era difícil acreditar que aqueles dois jovens eram irmãos. Liam era o mais alto e magro e com uma estrutura facial alongada. Seu irmão de cabelos escuros, David, era bem mais baixo, moreno, com a barba por fazer.

    David ignorou Liam e dirigiu seus comentários para Caroline enquanto ele segurava sua mão e a beijava. Bem, Srta. Martin, se eu tivesse sido informado que a senhorita era tão bela, eu teria ido até Boston para trazê-la para cá pessoalmente. Embora os irmãos parecessem tão diferentes, suas vozes eram idênticas.

    Até aquele momento, Caroline tinha tido pouca interação com homens jovens, e não tinha certeza de como responder. Obrigada, Sr. O’Donovan. Ela puxou sua mão dele.

    David parou e então dirigiu sua atenção para Liam.

    Lee, o Sr. Martin teve uma emergência e não conseguiu vir aqui, então ele nos pediu para levar sua sobrinha e sua acompanhante para casa.

    Bem... Liam se moveu de um lado para o outro. A acompanhante da Srta. Martin faleceu na viagem de trem.

    A boca de David se abriu. Por um momento, pareceu como se ele fosse sorrir, então ele juntou seus lábios e baixou sua cabeça.

    Caroline estava tendo um pouco de dificuldade de respirar. Seu pai falecendo, a morte prematura da Sra. Shepherd, o fato de que seu tio Edward não estivesse presente, o espartilho irritante, tudo isso a sobrecarregava. Ela piscou enquanto algumas lágrimas escorriam. Seria possível me sentar?

    Sim, sim, claro, Srta. Martin, Liam disse. Quando ele colocou suas mãos em seu quadril e começou a olhar a área, Caroline se sentou em seu baú e enxugou seus olhos.

    Os olhos de David se baixaram à medida que Liam falava. Srta. Martin, não seria apropriado para nós escoltá-la até a residência do Sr. Martin sem alguém para acompanhar.

    Eu não tenho certeza do que fazer.

    Os irmãos deram um passo para trás e Liam falou baixo, de forma privada, embora Caroline ainda pudesse ouvi-lo. Eu não vejo outra alternativa que não a levar até a casa de seu tio. Além disso, nós não podemos deixá-la aqui com homens como aquele, ele disse, apontando para o homem de cabelos escuros que estava agora se afastando pela plataforma do trem. David olhou para ela e piscou. Caroline olhou para o outro lado, incomodada. Liam deu um passo adiante.

    Nós teríamos a sua permissão para levá-la até a casa do seu tio sem uma acompanhante?

    Eu acho que sim. Com toda a honestidade, Caroline queria mesmo era pegar o trem de volta para Boston.

    À medida que o grupo se aproximou da carruagem, David sorriu. Nós vamos levar a Srta. Martin para a casa de Martin, Kip, ele disse para o motorista, um mestiço que era, provavelmente, 10 anos mais velho do que ela. Ele estava vestindo um casaco marrom e calção bege. O homem inclinou seu chapéu quando Caroline se aproximou.

    Os irmãos tentaram levantar o baú. Enquanto eles lutavam para fazer isso, ela pode ouvir David sussurrando. O que afinal está carregando aqui, tijolos?

    Ignorando seu irmão, Liam disse, Kip, você pode vir aqui nos ajudar a levantar isso para aqui para a parte de trás da carruagem?

    Sim, claro, Sr. Liam, ele disse, com uma voz profunda de tom baixo.

    Os três homens levantaram com facilidade o baú para a parte de trás da carruagem. Todavia, enquanto eles ainda estavam descendo-o, David soltou e a ponta dele arranhou a parte de trás da carruagem.

    Agora você arranhou a superfície.

    É uma marca de nem 10 centímetros, Lee. Ninguém vai conseguir vê-la.

    Liam balançou sua cabeça e então ajudou Caroline a entrar na carruagem, com David seguindo logo depois. Sorrindo, ele se sentou ao lado de Caroline. Ela se afastou dele em seu assento. Liam franziu o cenho. David.

    O que foi, querido irmão? ele disse, fingindo preocupação.

    Sente-se ali. Liam apontou o lugar oposto na carruagem.

    Talvez numa outra vez, ele disse, e então piscou para ela. Caroline soltou um suspiro tão profundo quanto seu espartilho permitia. Liam se se sentou do lado de David e então disse, da janela, Nós estamos prontos, Kip. O condutor moveu o chicote e a carruagem começou a se mover.

    Liam cochichou algo no ouvido de seu irmão. Caroline não pode ouvir o que ele dizia, mas quando David se virou e sorriu novamente para ela, ela teve certeza de que o comentário era sobre ela.

    Ela estudou os irmãos O’Donovan enquanto eles conversam confortavelmente um com o outro. David cutucou o lado do braço de Liam.

    Você se lembrou de trazer o contrato de Mulligan dessa vez?

    Sim, sim. Você não vai me deixar viver sem isso, vai, David?

    Não, Ele riu. Você nunca comete erros, certo? E quanto ao contrato para os Grahams? Você conseguiu que eles o assinassem?

    Claro. Você é que costuma esquecer coisas. Você lembra da vez que você... Liam parou e então olhou para Caroline. Nós chegaremos à casa de seu tio em cerca de 10 minutos, Srta. Martin.

    Caroline assentiu, e então olhou para fora da janela da carruagem.

    Pouco tempo depois, eles estavam dirigindo por uma estrada com uma mansão ao longe. Jovens bordos ladeavam a estrada que levava até a casa de seu tio e a grama era verde e exuberante.

    Essa é uma bela época do ano na Filadélfia, Srta. Martin.

    À medida que eles se aproximavam da residência, Caroline observou o gramado bem cuidado e o jardim com antigos bordos na frente direita e um grupo de abetos azuis alinhados como sentinelas ao longo do lado esquerdo da casa. A grama se estendia por 15 metros de cada lado da mansão, mas a floresta densa emoldurava a casa dos dois lados.

    Caroline olhou com os olhos arregalados para o edifício majestoso, uma mansão de pedra cinza com dois pilares de mármore branco colados no meio da casa. O estilo lembrava-a dos templos gregos que ela tinha estudado na escola. Persianas verde-escuras se abriram nas muitas janelas. Corrimões de ferro forjado e cerca de dez degraus de pedras levavam uma varanda coberta de branco polido que levavam a uma entrada de casa mais do que adequada. Uma pequena aresta se estendia para o telhado e os arbustos aparados e as flores de primavera na frente davam à casa uma atmosfera doméstica.

    O condutor parou a carruagem e, em segundos, Liam pulou para fora e então deu sua mão para ajudar Caroline no bloco de degrau da frente. Ela segurou sua mão e então ouviu, Minha querida sobrinha! A atenção de Caroline foi dirigida para a voz estrondosa de seu tio se aproximando da carruagem. Ele era um homem de ombros largos, cabelos brancos e barba emoldurando seu rosto. Assim que ela desceu, seu corpo grande a abraçou e ele praticamente a levantou do chão. Você está magra como uma pena, minha querida. A comida de Patsie vai te engordar rapidamente.

    Tio Edward olhou para os irmãos O’Donovan. Muito obrigado, Liam, David, por trazerem minha sobrinha da estação de trem.

    O prazer foi todo nosso, Sr. Martin, disse Liam.

    Minha querida, eu minhas sinceras desculpas por não estar esperando na estação quando vocês... onde está a Sra. Shepherd? tio Edward perguntou, lançando seu olhar para trás de sua sobrinha.

    Eu receio ter algumas notícias tristes sobre a Sra. Shepherd, senhor, Liam disse.

    Ela faleceu durante a viagem de trem, titio. Eu me sinto terrível.

    Isso deve ter sido horrível para você, ele disse, ficando ao seu lado e segurando em seu ombro.

    Eu gostaria de entrar em contato com a família dela e acredito que eu deveria ir ao seu funeral. Ela foi muito gentil comigo, titio.

    Ele olhou para Liam. Como ela morreu, Liam?

    Eu não tenho certeza, senhor. Parece que ela faleceu enquanto dormia.

    Entendo.

    David deu um passo adiante. "Por que você nunca me disse quão bela sua sobrinha era? Eu teria ido pessoalmente até Boston para trazê-la para cá, ele disse.

    Liam girou seus olhos.

    Eu acho que você sabe o porquê, tio Edward respondeu.

    Ele se inclinou e sussurrou, Não haverá cortejo com minha sobrinha, David.

    Eu me sinto desapontando, David respondeu, em um desapontamento fingindo, colocando a parte de trás de sua mão em sua boca.

    Está ficando tarde, David. Nós precisamos voltar para casa. Liam se virou para Caroline. Foi um prazer conhecê-la, Srta. Martin.

    Sr. O’Donovan? Ambos os irmãos se viraram.

    Eu me refiro a aquele Sr. O’Donovan. Ela apontou para Liam.

    Sim, Srta. Martin.

    Muito obrigada por sua gentileza hoje.

    Como eu disse, foi um prazer. Tenha um bom dia, ele disse, inclinando seu chapéu novamente.

    2

    Na carruagem, David bateu no ombro de seu irmão. E então?

    Então o quê?

    Quando você vai perguntar para o Sr. Martin se você pode cortejar sua sobrinha?

    Ela está de luto. Você não notou quão triste ela estava?

    Esperando pelo momento certo? 

    Eu não tenho o hábito de pedir para cortejar uma garota no dia em que eu a conheci. Você não tem educação?

    Não, eu não tenho. Lee, você não tem o hábito de cortejar nenhuma garota.

    Estou esperando a garota certa.

    Você poderia ter a garota que quisesse. Além disso, eu vi a forma como você estava olhando para a Srta. Martin. Você gostou dela. Admita.

    Claro que eu gostei dela. Ela é dama bem atraente.

    Pessoalmente eu tive a impressão de que ela queria me mandar para longe, como um mosquito irritante.

    Bom, você estava falando de forma inapropriada.

    Não acho que meu charme a impressionou de forma alguma.

    Seu pai faleceu há alguns meses e sua acompanhante faleceu durante a viagem. Por que você precisa se comportar dessa forma?

    Do que você está falando?

    Da forma como você se comporta perto das mulheres. É totalmente grosseiro e nada cavalheiro. Eu já disse isso a você antes.

    Quando é que eu quis ser um ‘cavalheiro’, Lee?

    Provavelmente nunca.

    Além disso, eu trato as mulheres bem, quer dizer, aquelas que...

    Sim, sim, eu sei o que você quer dizer. De verdade, David. Às vezes você se parece demais com papai.

    David franziu o cenho. Eu não me pareço em nada com ele.

    Liam O’Donovan ficou em silêncio e se sentou novamente no banco da carruagem. Deliberadamente, seus pensamentos se voltavam para Srta. Martin. David podia dizer que ele estava atraído por ela.

    Liam estava aliviado que ele tinha conseguido chegar ao trem a tempo. Sua última reunião do dia tinha esticado uma hora a mais do que ele tinha previsto. Embora ele tivesse considerado ficar uma noite a mais em Boston, isso teria significado um custo extra de três dólares. Ele odiava chegar atrasado e preferia chegar duas horas mais cedo do que um minuto atrasado para qualquer evento, principalmente pegar trens, que eram implacáveis em relação a pontualidade.

    Quando Liam olhou a Srta. Martin pela primeira vez, sua impressão inicial foi sobre quão linda ela era. A cor de seus cabelos era incomum, como mel misturado com cobre. Ele achou as sardas no nariz e bochechas particularmente atraentes. E seus olhos eram do tom de verde mais sedutor que ele já tinha visto, como a cor de um azevinho de natal.

    Por sorte, ela não usava maquiagem como a maioria das mulheres classe alta e suas mãos tinham dedos de piano, longos e finos com suas luvas pretas.

    Algumas semanas atrás, o Sr. Martin tinha dito a Liam que fazia cinco meses que seu irmão tinha falecido e que sua sobrinha viria morar com ele. Cinco meses significava que haveria ao menos um mês a mais de luto oficial e então ele poderia pedir permissão para o Sr. Martin para cortejá-la. Até lá, ele tentaria vê-la tanto quanto possível, bem como conhecê-la de uma forma cordial e polida.

    David, você se lembrou de trazer a caixa de porcelana do Sr. Martin?

    Não, não lembrei. Eu acordei há poucas horas. Eu dormi demais porque passei a noite no Paddy’s Pub. Participei de um jogo de poker e ganhei quase U$300,00.

    Achei que você tinha dito que não participaria mais de jogos de poker.

    Você entendeu errado. Eu te disse que eu participaria de jogos de poker uma vez por semana.

    Suponho que isso seja uma melhoria.

    Eu acredito que será necessário fazer uma viagem extra amanhã para pegar a caixa.

    Liam assentiu. Na verdade, ele estava feliz que David não tinha trazido a caixa. Era uma desculpa que ele precisava para visitar a casa dos Martins.

    * * *

    Antes da carruagem chegar ao fim do caminho de entrada, Caroline ouviu um grito e então uma jovem correndo em sua direção na varanda. A garota envolveu Caroline em um abraço apertado.

    Você está tão pequena e magra, Carrie!

    Caroline resmungou interiormente. A única pessoa que a chamava de Carrie era seu pai, e ela se sentia mal por ouvir outra pessoa chamando-a assim. Ela nunca se importou realmente com o nome Carrie, e parecia natural quando seu pai o usava como forma de carinho.

    Minha querida, essa é sua prima, Elizabeth.

    Elizabeth ficou próxima de Caroline, ombros se tocando. Caroline estudou sua prima, que era um ano mais nova, grande como Tio Edward, e com um belo rosto redondo e olhos verdes. Seu longo cabelo loiro estava amarrado para trás de sua cabeça de forma elegante.

    Estou tão feliz que você finalmente está aqui, Carrie. Eu nunca tive uma irmã e você poderá ser minha irmã.

    Caroline respondeu de forma educada. Elizabeth, seria um enorme prazer ser sua irmã.

    Então está decidido. Você não é mais minha prima, mas minha adorável irmã. Nós vamos compartilhar segredos e fazer todas as coisas que irmãs fazem. Todas as irmãs precisam de nomes especiais, então me chame de Lizzie. Carrie e Lizzie. Esses serão os nomes especiais que usaremos uma com a outra.

    Antes que Caroline pudesse responder, Tio Edward falou. Elizabeth, dê a sua prima...

    Irmã, Papa, irmã.

    Muito bem, sua irmã... Dê a ela um espaço para respirar.

    Elizabeth deu um passo para trás e olhou a distância.

    Eu não encontrei os O’Donovans?

    Não, não encontrou.

    Eles não são os homens mais bonitos que você já viu com seus olhos, Carrie?

    Bem...

    Elizabeth continuou. David é... Bem, ele é como o ‘Casanova’. Ela levantou as sobrancelhas e sorriu.

    Casanova? Caroline perguntou. Ele parecia um tanto caprichoso.

    Com certeza. Você sabia que ele... 

    Elizabeth, já basta, Tio Edward interrompeu.

    De qualquer forma, Elizabeth disse, Liam O’Donovan é uma das pessoas mais gentis que você vai conhecer. Eu ouvi dizer que ele era uma criança doente, mas agora ele é tão forte e saudável quanto qualquer um.

    Minha querida, você deve estar cansada depois de sua viagem para Boston. E tendo que lidar com a morte da Sra. Shepherd deve tê-la deixado bem triste.

    Sim, titio.

    Sua acompanhante morreu na viagem de trem, querida irmã?

    Foi muito angustiante.

    Claro que foi. Elizabeth estendeu a mão e tocou carinhosamente o ombro da prima.

    Acompanhe Caroline até seu novo quarto.

    Sim, Papa. Elizabeth cochichou para Caroline, Espero que você goste do seu quarto. Ele acabou de ser reformado, só porque você estava chegando.

    Caroline forçou um sorriso, mas dentro de si ela sentiu uma pontada de tristeza novamente e lutou contra a vontade de chorar. Ela gostava de Elizabeth e tio Edward, mas eles pareciam como estranhos e essa casa parecia muito como um lar. Todavia, os dos estavam se esforçando para fazê-la se sentir acolhida e ela estava agradecida.

    Venha, Carrie. Elizabeth puxou Caroline pela mão e a guiou para o saguão. A casa dos Martins tinha um cheiro adorável de limão e cera de abelha, o chão de azulejo tão branco que Caroline quase piscou. As paredes tinham uma forma heráldica bege e verde que fazia o teto alto parecer ainda mais alto.

    Elizabeth acenou para que Caroline seguisse-a até a curva direita da longa escadaria no centro da entrada da frente. No topo, elas viraram à direita e passaram pelo lavatório. Elas andaram pelo longo corretor da asa leste. Elizabeth parou no último quarto a esquerda e então abriu a porta.

    Elas entraram e Caroline reprimiu um suspiro. Era espaçoso e brilhante, com paredes com papel de parede novo com uma cor amarela de fundo e flores rosa. A parede do fundo tinha uma janela alta com um tom branco simples. O lado direito servia como o cenário para a cama de madeira esculpida e uma pequena lareira de tijolos alinhava-se a esquerda. Seu baú tinha sido colocado no pé de sua cama.

    Caroline tirou suas luvas e as colocou na cômoda. Ela andou até a janela, abriu-a bem e respirou o ar fresco.

    Nós encomendamos algumas cortinas para o seu quarto, Carrie, mas elas não chegaram ainda. Elas estão sendo feitas para combinar com o papel de parede.

    Cortinas não são necessárias. Essa sombra simples será o bastante. Ela parou e então comentou, Não há biombo aqui.

    Sim. Ele deverá chegar até o fim da semana. Você acha que consegue se virar sem um até lá?

    Caroline fez uma careta, embora ela rapidamente tenha tentado transformá-la em um sorrido. Sim, acredito que sim.

    Elizabeth pegou as mãos de Caroline e a puxou para o closet do lado da porta. Primeiro, ela parou e apontou duas cordas que estavam ligadas ao teto e penduradas ao lado da entrada do closet. Esses são os sinos dos empregados. Se você precisar de Patsie ou algum dos outros empregados, puxe um dos sinos da direita para chamar algum dos da cozinha. A corda da direita toda o sino no quarto dos empregados. Eles saberão pelo tom do sino que você está chamando por eles.

    Elizabeth andou para o closet e levantou um dos vestidos de seda. Papai pediu esses especialmente para você, Carrie.

    Caroline assentiu. Ele é lindo, Lizzie. Eu nunca realmente tive um vestido de forma tão fina. Ela parou. Bem, eu deveria descansar um pouco antes do jantar, se você concordar.

    Elizabeth deu um passo para trás e levantou sua cabeça, e então forçou um sorriso. Sim, claro. Se você precisar de algo, me avise. Talvez nós possamos ter uma conversa longa e sincera quando você acordar.

    Isso seria ótimo.

    Elizabeth saiu do quarto e fechou a porta.

    A primeira coisa que Caroline queria fazer era remover o espartilho. Nos primeiros estágios da doença de seu pai, ela tinha apenas 14 anos, mal tinha idade para vestir um. Uma vez que ela raramente saia apara fora de casa, ela não tinha motivos para precisar usar tal vestuário. Quando a Sra. Shepherd insistiu que ela pusesse um para essa viagem, Caroline tinha certeza de que ela morreria de vergonha enquanto a velha senhora a ajudava a ajustar o vestuário. Quando ele já estava firme no lugar, Caroline percebeu que ela precisaria parar de respirar ou segurar sua respiração durante a viagem inteira. Agora, a primeira vez que ela se encontrava sozinha, a única coisa que ela queria era retirar ele.

    Ela tirou a roupa sobre o espartilho e se virou para se olhar na frente do espelho. Que peça de roupa ridícula é isso. À medida que ela se virou para se estudar, ela

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