O coração sente e, sentindo, quer a felicidade encontrar
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Book preview
O coração sente e, sentindo, quer a felicidade encontrar - Rodrigo Mendes
mãe
Perfumada e formosa flor!
Por ti declaro todo o meu amor.
Por ti faço o impossível,
O intransponível se preciso for.
Importando somente, minha flor,
Não ter o coração doente.
Na pior das hipóteses
Seguir descontente
Por te ver distanciar.
Proteja meu coração
E de sua falta o torne imune.
Assumindo a incumbência de amar,
Sem medo de que os espinhos
Possam vir nos atrapalhar.
Que saibamos prover a reciprocidade,
Nutrindo o amar,
Para quem sabe assim
Nosso amor possa vir
Se eternizar.
Enquanto nosso tempo durar.
Pois imagino
Quão doloroso pode vir ser
Ter de explicar ao coração,
Por incontáveis dias,
Sua ausência,
Perfumada e formosa flor!
Quando estou com você...
Ah... esse frio, essa estação
Que sempre nos agradou, cá está.
Talvez na terra de Tchaikovsky,
Se estivéssemos lá,
Eu nos serviria uma boa vodca.
O clima é romântico,
Vai um chardonnay?
Seu bom gosto é sabido por mim.
Principalmente o musical.
Aliás, seu gosto pelas mais variadas coisas
É de um requinte sem igual!
Pois bem... o que vai ser?
Música clássica, jazz, blues ou bossa?
Enquanto você pensa,
Vejo que da primeira taça nada mais resta.
Escolho música erudita.
Você a minhas costas pede Bach.
Ouvindo as suítes de Bach
Contemplando você
Me levam a pensar que
Faria Da Vinci rever sua decisão,
Deixaria de pintar Mona Lisa
E pintaria você.
Acredito que o mesmo
Aconteceria com Michelangelo,
Deixaria David e esculpiria você
Como sua obra prima.
Sessou Bach, você pôs Beethoven.
Sempre soube de sua queda
Pela Quinta e pela Nona.
Também você sabe,
Morro de paixão pelas mesmas.
Que com louvor chega a nossos ouvidos,
Nossos espíritos felicitando,
Alimentando a alma.
Já estamos no fim da segunda taça.
Imagine se possível fosse,
Termos Van Gogh para nossa
Noite Estrelada pintar.
Até parece um sonho,
Quase uma tela surrealista,
Eu, você, dividindo o mesmo sofá.
Passaria a vida, assim,
Em sua companhia
Observando pela janela,
A lua e as estrelas.
Meu coração jubiloso se expressa,
Quer ser seu par por toda vida que nos resta.
Sirvo-nos de mais vinho.
Os grandes mestres anteriores dão lugar a Ravel.
Nesse instante,
Sentimos o final do Bolero delicioso
Como o degustar de um
Bom vinho do Porto.
Finda Ravel, vou até o gramofone,
Troco o disco, insiro Chopin
Que com autoridade e estilo
Preenche o recinto.
Você vai à cozinha com promessa
De trazer-nos um bordô.
Volta sorrindo, um sorriso que enfeita
Sua linda face angelical.
Olha nos fundos dos meus olhos,
Ainda sorrindo,
Diz que nosso amor é poesia,
Perfeito como um soneto do Vinicius.
Concordo sem relutar.
Sentindo encorajado
Pelas doses de vinho
Declamo, mesmo sem jeito,
Soneto de Fidelidade.
A performance não é das melhores,
Mas, dentro das condições
Do momento, dou o meu melhor,
Com direito a uma atuação improvisada,
Que jamais seria aceita para
Encenar uma peça de Molière.
Mas tudo bem!
Você diz complacente que fui ótimo!
Vejo-a sorrindo, isso me agrada deliciosamente!
Sinto a alma alegre,
Sinto como se estivesse transbordando!
Sinto a necessidade de vê-la sorrindo mais.
Digo que estou no palco da vida
Com intenção de agradar uma única pessoa.
Podendo existir toda uma plateia a observar.
Digo que o aplauso que quero ouvir é o seu.
Poder chegar à velhice ao seu lado
E poder ouvir de ti: "bravo! Sem dúvida viveria tudo de novo!"
Você corresponde mais uma vez
Com seu lindo sorriso iluminado.
Envolvo-a em meus braços,
Um abraço confortável,
Que interagindo com minhas emoções,
Desperta o desejo de que esse
Abraço jamais se desfaça.
Sua companhia é mais agradável
Que todo o conforto
Que muito dinheiro é capaz
De proporcionar.
As horas passam,
A conversa não tem fim.
Estar em sua companhia
São momentos para eternizar!
Passamos horas debatendo Ilíada e Odisseia.
Amamos Homero, nisso não discutimos!
Não estamos sós, as duas paredes,
A nossa direita e a nossa frente,
Estão repletas de estantes despencando livros.
Conversar contigo enriquece o intelecto.
Desprendemo-nos a discutir
Literatura brasileira e estrangeira.
Falamos de Gabo, Saramago
Sem esquecer As Vinhas da Ira de Steinbeck
Tudo em você é perfeito,
Não vejo um único defeito.
Mais perfeita ainda resenhado Ulisses,
E Guerra e Paz então?
Dostoievski é meu preferido,
Você é apaixonada por Mann.
Vejo você discorrendo sobre
Grandes Sertões com sua voz macia.
Pergunto-me: como pode ser tão perfeita?
Fico entusiasmado com a ideia
De que sou o homem de mais sorte no mundo!
Pois tenho em minha vida você, meu anjo de luz!
Mais tarde passamos a nos aventurar pela filosofia.
Descartes, Platão e Nietzsche nos povoa a mente.
Passo um tempo de olhos fixos em ti,
Maravilhado, enquanto disserta Camus!
Tudo isso se passou ao som de um
Exército bem armado: Stravinsky, Strauss,
Mendelssohn, Schumann e Wagner.
Teve também o belíssimo
O guarani de Carlos Gomes.
Seguindo dispensando muita beleza,
Rackmaninov, Brahms, Schubert e Verdi.
Ouvir Cantiga do bem querer
De Henrique de Curitiba depois de um tempo
Foi mágico! O vinho aquece!
Ainda temos Camargo Guarnieri e Liszt.
Na sequência vem Haydn e Handel
Levando-me a pensar que magnífico seria,
Goethe e Shakespeare escrevendo
A quatro mãos a nossa história?
Daria certo como eu você ao piano?
Os sofrimentos do jovem Werther,
Tirando o sofrimento. Talvez?
Eu seria seu Romeu, você minha Julieta.
Sem tragédia, por favor!
Imagino nossas famílias "Capuletos e
Montequios"
Nos concedendo a bênção.
Lembrei do padre ruivo.
Tenho Vivaldi em algum canto.
Quatro estações?
Com você todas as quatros estações por toda a vida.
Vejo você vestida de noiva
Em algum castelo no estilo medieval
Perdido em algum canto de Paris.
O quarteto de cordas interpretando Mozart
Com perfeição e sutileza de alma.
O povo boquiaberto,
Na face a expressão imitando
O que poderia ser O grito de Edvard Munch.
Mas não é uma cena de agonia ou espanto!
Sem dúvida é admiração!
Com destaque para a noiva deslumbrante.
Você está linda de véu e grinalda.
Eu, sorrindo de orelha a orelha.
Casamento do ano! Paris é uma festa
,
Seria emprestado de Hemingway
Para estampar, como manchete,
As primeiras páginas dos principais jornais.
Busco mais vinho, sinto – me mais leve.
Acredito que seja o vinho,
Podendo ser também a contribuição
Da Valsa n°2 de Shostakovish,
Que nesse momento,
Embala nossos pensamentos
De uma maneira graciosa e festiva.
Nos sirvo um carbenet sauvignon!
Estou falando sem parar,
É sua presença que me deixa a