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1959
RGUNTE
e
Responderemos
ANO II
ÍNDICE
Pág.
I. CIENCIA E RELIGIAO
II. DOGMÁTICA
TV. MORAL
V. HISTORIA DO CRISTIANISMO
CORRESPONDENCIA MIÚDA i8
Ano II —N? 13 — ,
I. CIENCIA E RELIGIÁO
— 3 —
alguns povos, julgou que era urna fase intermediaria entre
pretensa promiscuidade de sexos primitiva e monogamia pos
terior; já que a promiscuidade desagradava particularmente
á mulher, pensava Bachofen, esta terá promovido aos poucos
o matriarcado e a monogamia.
— 4 —
Sistema análogo foi descoberto entre os habitantes do Novo
Mecklemburgo central (Melanesia), como se depreende do quadro
abaixo:
l Filho ou íilha
NATI(n) = <
' Sobrinho ou sobrinha
— 5 —
marido vai para o leito e se submete a urna serie de prescri-
góes e restrigóes, como se houvesse dado á luz. Bachofen,
Giraud-Teulon, Tylor e outros estudiosos viram neste uso (em
que o pai se substituí á máe do recém-nascido) urna praxe
de transigió do regime matriarcal para o patriarcal.
1. Em termos negativos ;
a) É falso o pressuposto de que o género humano pro
cede de urna fase alógica ou pré-lógica, fase cujas atividades
características teriam sido ditadas pela magia e a superstic.áo.
Alias, o próprio Lévy-Bruhl, autor da hipótese, retratou-a
explícitamente em 1938.
b) Em povo nenhum foi até noje encontrado vestigio
da apregoada promiscuidade sexual primitiva; pelo que os
etnólogos em geral abandonaram esta tese.
— 6 —
rei ou á casta aristocrática. Constituí a expressáo da soberba
destas classes, que nao se queriam «rebaixar», aceitando o
matrimonio com classes mais humildes.
— 7 —
g) Quanto á «couvade», constituí urna das derradeiras
conseqüéncias do matriarcado (predominio da mulher); éste
certamente nao condiz com a natureza humana nem é insti-
tuigáo generalizada entre os povos antigos.
— 8 —
sempre fecunda, deusa inexaurivel da vida, e a Lúa, que é tida como
símbolo da mulher. Os varóes se organizam em sociedades secretas,
que prestam culto especial aos mortos; donde o animismo, que é
derrogacáo a religiáo do Ser Supremo.
3) Cultura mista: íundem-se num só género de vida o tipo do
pastor e o do agricultor, dando origem ao componesato. Éste abre
o período mesolítico. entre 5000 e 3000 a. C.
A vida da familia se torna mais estável e definida; a distribuicáo
equitativa do trabalho entre marido e mulher contribuí para equilibrar
as relagóes entre os dois sexos.
A consciéncia religiosa se vai obscurecendo cada vez mais: o
culto dos astros e dos elementos da natureza, o animismo e a magia,
desenvolvendo-se, chegam por vézes a submergir o culto do Ser
Supremo.
4) Alta cultura: formaram-se por fim as civilizacóes estritamente
documentadas por monumentos históricos, os quais aparecem em toda
a sua eflorescencia por volta do ano 3000. Constituiram-se os grandes
Imperios do Egito, da Assíria, da Babilonia, etc., em que as classes
sociais se foram diversificando, o despotismo se introduziu junto com
o culto ou a divinizacáo do monarca. Numerosos deuses e semi-deuses
íoram sendo cultuados, o que acarretou a máxima exuberancia do
politeísmo e grande decadencia da moral; o imoral e o anti-social foram
como que legalizados ou divinizados.
II. DOGMÁTICA
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nem apenas presidencial (o presidente recebe da socie-
dade a que ele preside, os respectivos poderes de govérno; o
Papa, ao contrario, nao recebe dos fiéis nem de algum concilio
a sua autoridade),
mas urna primazia de jurisdicáo, a qual implica poderes
supremos e independentes de algum concilio, poderes que
fazem do bispo de Roma o Pastor da Santa Igreja inteira.
Quais seriam os fundamentos de doutrina táo importante?
É o que se proporá abaixo (§ 1), a fim de se tecerem por fim
algumas reflexóes sobre o título «Igreja Romana» (§ 2).
— 10 —
companhia de tres discípulos, dos quais o S. Evangelho menciona,
em primeiro lugar Pedro.
No catálogo dos Apostólos, quatro vézes ocorrente no Novo
Testamento (Mt 10, 2-4; Me 3,16-19; Le 6,13-16; At 1,13), enquanto
varia a colocacáo dos demais, Pedro é sempre nomeado antes dos
outros, sendo que S. Mateus sublinha explícitamente: « primeiro Simao,
cognominado Pedro». O título ¿? primeiro nao parece significar idade
mais antiga nem prioridade de vocagáo (nao se poderia provar nem
urna nem outra coisa; André tornou-se mesmo discípulo de Jesús
antes de Pedro; cf. Jo 1,40-42), mas indica certamente preeminencia ou
maior dignidade (cf. Mt 20,27; Me 12,28.31; Le 15,22, textos em que
a palavra primeiro ocorre abertamente nao para indicar cronología,
mas para designar principalidade). É o que o próprio Loisy, apesar
do seu liberalismo, nao deixa de reconhecer: «Entre os doze, havia
um que era o primeiro, nao sómente pela prioridade de sua conversáo
ou pelo ardor de seu zélo, mas por urna especie de designagáo do
Mestre» (L'Évangile et l'Église 134).
Éste designio de Jesús se -manifesta aínda ñas múltiplas ptevas
de deferencia que o Senhor mesmo deu a Pedro: Cristo pagou o tribuíc
por Pedro (Mt 17,24-27); fé-lo caminhar sobre as aguas (Mt 14,27-30);
no dia da ressurreicáo apareceu-lhe em particular (Le 24,34); antes
de subir aos céus, predisse a Pedro o modo como morreria (Jo 21,18).
O próprio Pedro manifestou consciéncia de sua posicáo peculiar,
pois em geral era ele quem falava em nome de todos; Mt 14,28; 15,15;
16,16.22; 17,4; 18,21; 19,27.^26,33; Me 8,29; 10,28; 11,21; 14,29; Le 8,45;
9,20.33; 12,41; 18,28; 22,31; Jo 6,68; 13,6-10.36).
— 11 —
solene missáo (a Abraáo, em Gen 17,5; a Jaco, em Gen
32,29 (1). Também a Pedro Cristo quis confiar u'a missáo, que
Jesús mesmo formulou em tres passagens: Mt 16,17-19; Le
22,30-32; Jo 21,15-18.
(1) Cf. Gen 17,5s: «Daqui por diante nao te chamarás mais Abráo,
mas chamar-te-ás Abraáo, porque te destinei para ser pai de
muitos povos. E íarei crescer a tua posteridade infinitamente
e te farei chefe das nacoes e de ti sairáo reis».
— 12 —
Dir-se-á talvez, em contrario, que o Novo Testamento só
conhece um fundamento da Igreja: o Cristo Jesús, mencionado
em 1 Cor 3,11. — Observe-se contudo que o Senhor que
disse ser a luz do mundo (cf. Jo 8,12; 9,5; 12,46), atribuiu o
mesmo título aos seus discípulos (cf. Mt 5,14); por meio de
Pedro, e mais fundo do que Pedro, Cristo fica sendo a Rocha,
o fundamento invisível da Igreja. É ésse mesmo Jesús que
«possui a chave de Davi; que abre, de modo que ninguém
fecha; que fecha, de sorte que ninguém abre» (Apc 3,7). Em
Cristo e em Pedro, portante, residem análogos poderes (desig
nados pelas mesmas metáforas); é de Cristo que éles dimanam
para o Apostólo, de sorte que éste vem a ser o Vigário ou
Representante de Jesús na térra.
— 13 —
citado para ir) á Samaría com Joáo (cf. At 8,14), porque se
julgava que a sua presenga de chefe das comunidades cristas
era indispensável para corroborar os fiéis daquela regiáo; a
autoridade de Pedro foi decisiva para se admitirem os gentíos
na Igreja (cf. At 11,18)...
Os testemunhos se poderiam multiplicar... Limitar-nos-
-emos a considerar apenas o chamado «incidente de Antioquia»
(Gal 2,11-14). Éste episodio ainda vem a ser um testemunho
indireto da autoridade do Primaz: Paulo diz ter chamado a
atengáo de Pedro justamente porque o exemplo déste Apostólo
era de tal modo persuasivo que coagia moralmente os étnico-
-cristáos a o imitarem ou a observarem a Lei de Moisés:
«Se tu, que és judeu, dizia Paulo, vives á maneira dos gentíos,
e nao dos judeus, como forgas os gentíos a se fazerem judeus?»
(Gal 2,14). A falha de Pedro parece ter consistido em nao
estar plenamente cónscio da influencia que ele exercia ou
em nao ter percebido que sua condescendencia para com
amigos, embora fósse legítima, era mal interpretada, pertur
bando a Igreja inteira. Note-se que, na sua atitude forte,
Paulo nao disse palavra contra os direitos de S. Pedro a
exercer tal influencia sobre os fiéis. De tudo isso concluí
Loisy que o gesto de S. Paulo «atesta ter sido Simáo Pedro o
chefe do servico evangélico, o homem com o qual era preciso
entrar em acordó, sob pena de trabalhar em váo» (Les Évan-
giles synoptiques 14).
b) O testemunho da Xradigáo
— 14 —
2) os sucessores de Pedro sempre manifestaram a cons-
ciéncia de possuir jurisdigáo sobre a Igreja inteira.
— 16 —
era atribuido aos pontífices romanos nao em virtude da pre
ponderancia política de Roma, mas por motivo estritamente
religioso.
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lica que ela guarda, e a íé que ela comunicou aos homens, chegaram
a nos através da sucessáo regular dos bispos, confundindo assim
todos aqueles que... querem procurar a verdade onde nao se pode
encontrar. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade
superior, é necessário esteja de acordó toda comunidade, isto é, os
liéis do mundo inteiro; nela sempre íoi conservada a tradicáo dos
Apostólos» (Adv. haer. III 3,2).
— 18 —
unánimes, merecem fé já no plano meramente humano...; muito
mais merecem-na no plano sobrenatural, onde Cristo assiste á sua
Igreja.
Concluir-se-á entáo: o primado que os bispos de Roma desde
o séc. I exerceram na Igreja, é legítimo, pois nao faz senáo continuar
o primado de Pedro, primado que éste Apostólo recebeu diretamente
de Cristo.
Após esta explanacáo, entende-se que os concilios ecuménicos
hajam sucessivamente até os tempos modernos inculcado o primado
romano. Verdade é que em alguns sínodos do séc. XV se fizeram
ouvir vozes «conciliaristas» (cf. a última questáo déste íasciculo);
tais vozes, porém, nao prevaleceram contra o que íoi explícitamente
deolarádo nos concilios de Liáo II (1274; Denziger, Enchiridion 466),
de Florenca (1439; Dz 694), do Vaticano (1870; Dz 1822-1840), e na
profissáo de fé tridentina (1564; Dz 999).
— 19 —
b) independientemente do íato arqueológico, íala a Tradicáo
crista, a qual sempre ensinou que o bispo de Roma é o Chefe
visivel da Cristandade. Ora essa voz unánime e constante da Tradicáo,
ainda hoje afirmada na Igreja, é por si mesma suficiente fonte da
Revelacáo. de sorte que, se, numa hipótese irreal, Pedro nunca
tlvesse estado em Roma, o bispo desta cidade seria, apesar de tudo,
o Vigário de Cristo; admitir-se-ia entao que Pedro, onde quer que
tenha estado, haja determinado transmitir aos bispos de Roma o
primado de jurisdicáo que Cristo lhe confiara.
— 20 —
Abaixo examinaremos sucessivamente a canonizagáo dos
santos através da historia e a autoridade dogmática de que
possa gozar urna sentenca dessas.
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colocavam homens de costumes depravados. Assim Ñero (f 68)
divinizou sua concubina impúdica Popéia, depois de lhe ter
tirado a vida mediante um ponta-pé. O Imperador Caracala
(f 217) endeusou seu irmáo Geta, que ele matara porque o
tinha na conta de rival; observou entáo irónicamente: «Sit
divus, dummodo non sit vivus Seja divino, contanto que
nao seja vivo!» (cf. Tácito, Annal. XIII 45; XV 23; XVI 6;
Suetónio, Ñero 25). Em conseqüéncia, as apoteoses eram as
vézes ridicularizadas pelos próprios escritores pagaos; foi o
que Séneca fez diante do endeusamento do Imperador Claudio.
— 22 —
2. A partir do séc. IV, comegou a ser honrado outro
tipo de santo: o chamado «Confessor», ou seja, o justo que,
serii ter derramado o sangue para confessar a té, a havia nao
obstante confessado, praticando as virtudes em grau heroico.
Esta nova modalidade da piedade crista se deve ao fato de
que, após a paz de Constantino (313), as ocasióes de martirio
se foram tornando raras. Muitos amigos de Deus procuraram
entáo excitar em si a atitude do mártir e, conseqüentemente,
a do Cristo, renunciando espontáneamente a tudo, até aos
bens lícitos; esforcavam-se por viver um martirio incruento
no celibato ou na virgindade. Desde fins do séc. IV, ésses
campeóes da vida ascética foram sendo publicamente honrados.
O culto de veneragio se estendeu outrossim a grandes figuras
de bispos (S. Atanásio, S. Martinho de Tours) e por fim a todo
e qualquer justo que se tivesse distinguido na térra por vir
tudes eminentes.
— 23 —
No decorrer do séc. XII, nota-se mesmo que alguns Papas por
si, sem recorrer a algum concilio, declararam certos justos dignos de
culto público; assim procedeu Eugenio III (t 1156) com o Imperador
S. Henrique; Alexandre III (tll81) com o rei S. Eduardo da Ingla
terra, com S. Tomaz de Cantuária e com S. Bernardo de Claraval.
Alias, já aos 11 dé junho de 993 o Papa Joáo XV fez semelhante
declaracáo em favor do bispo S. Ulrico de Augsburgo (Baviera); os
historiadores costumam ver nesta declaracáo a primeira canonizacáo
da historia (embora o termo «canonizacáo» nao recorra no mencio
nado documento pontificio; pela primeira vez, no seu sentido técnico
atual, tal vocábulo aparece em urna carta do bispo Udalrico de
Constanca ao Papa Calixto II, 1119-1124). Nao se poderia, porém,
dizer com precisáo desde quando os Papas comecaram a se pronunciar
explícitamente sobre a santidade dos justos falecidos nem desde
quando reservaram a si o julgamento de tais assuntos.
Um incidente verificado no séc. XII tem chamado a atencáo dos
estudiosos da materia: um grupo de monges honrava como santo
um irmáo de hábito que na verdade pouco se recomendava; o Papa
Alexandre III escreveu entáo aos Religiosos, mandando cessar a
veneracáo e admoestando explícitamente: «... cum etiam si per
eum miracula fierent, non liceret vobis ipsum pro sancto, absque
auctoritate Romanae Ecclesiae venerar!. — ... Ainda que por ele
se realizassem milagres, nao vos seria lícito venerá-lo como santo
sem a aprovacáo da Igreja de Boma» (Decret. 1. III. tit. XLV c.
Audivimus).
Éste texto, por lacónico que seja, significa, segundo muitos
canonistas, que o Sumo Pontífice de entao por diante atributa exclusi
vamente á Santa Sé o direito de apresentar os santos k veneracáo
dos fiéis.
O fato é que, apesar de tal texto pontificio, alguns poucos bispos
continuaran! a empreender processos regionais de canonizacáo; na
verdade, até o séc. XVII os canonistas duvidavam a respeito do
significado preciso do decreto de Alexandre III.
— 24 —
legislacao eclesiástica. As sentencas equipolentes, ao contrario, sao
decretos baixados independentemente de processo anterior, decretos
que se limitam a reconhecer a legitimidade do culto multissecular
prestado a tal justo na base de auténtica fama de santidade e de
milagres a ele atribuidos. As sentencas equipolentes, como se com-
preende, se aplicam aos santos mais antigos da historia da Igreja.
3. Canonizacáo e infalibilidade
— 25 —
«Si quis, quod non credimus, temerario ausu, contraire tenta-
verit,... sciat se, auctoritate B. Petri, principis apostolorum, cuius
vel immeriti vices aglmus, anathematis vinculo innodatum».
Para se avaliar todo o alcance destas expressaes, observem-se os
termos intencionalmente mais brandos em que os Pontífices se
costumam exprimir ñas bulas de beatificagüo (declaracáo limitada
a certas pessoas e regides):
«Tenore praesentium indulgemus...; licentiam et íacultatem
concedimus...».
As reservas sSo explícitamente formuladas nos dizeres: «... doñee
aliud per Nos, vel per sedem apostolicam, fuerit solemniter ordinatum».
No caso, pois, de beatificacSo, o Santo Padre concede, nao
preceitua... e, embora tenha boas razóes para conceder, nao julga
impossivel urna reforma de sentenca.
— 26 —
cagáo das testemunhas que os referem (cf. can. 2117); no
caso dos mártires, a exigencia de milagres pode ser mitigada
ou até dispensada (cf. can. 2116 § 2). Para a canonizacáo,
tornam-se indispensáveis dois ou tres milagres (segundo cir
cunstancias variáveis) verificados após a beatificacáo (cf. can.
2138). Assim quer a Sta. Igreja assegurar-se de que realmente
Deus falou ao mundo pela conduta de vida de tal ou tal
justo.
m. SAGRADA ESCRITURA
O. F. (Lorena):
— 27 —
Nesta tabela observe-se o seguinte:
Entre Jora e Ozias (v. 8), o autor sagrado silenciou tres reis
bem conhecidos: Ocozias, Joás e Amasias. Entre Farés, que nasceu
na térra de Canaá, e Naasson, chefe da tribo de Judá na época
do Éxodo, o Evangelista só menciona tres geracóes: Esron, Ara
e Aminadab; ora éste número é insuficiente para preencher o intervalo
de permanencia de Israel no Egito, que, segundo os cálculos mais
prováveis, foi de 430 anos.
Entre Salmón, que nasceu no deserto, e Jessé, pai de Davi, só
figuram duas geracóes (v. 5s) para preencher um intervalo de ao
menos dois sáculos, pois a construcáo do Templo de Salomao só íoi
iniciada 480 anos após a travessia do deserto (cf. 3 Rs 6,1); ora
duas geracóes sao insuficientes, pois os homens naquela época nao
eram mais longevos do que em nossos tempos...
O nome Jeconias figura duas vézes (fim da segunda serie, v. 11,
e inicio da terceira, v. 12). Éste nome grego, porém, pode ser a toadugáo
de dois nomes hebraicos muito próximos um do outro: Joiaqim e
Joiakin (pai e filho, conforme 4 Rs 24,6).
— 28 —
Ésses nomes parecem obedecer a urna disposicáo mnemotécnica,
que assim se pode apreciar:
29
2. Tres teorías exegéticas
— 30 —
Jesús, que nascera nesse conúbio, era tido como legítimo filho
de José, embora seu nascimento tivesse sido virginal (a prole,
na verdade, pertence aos cónjuges)? por isto o Evangelista,
narrando a ascendencia de José, nao fazia obra vá, embora José
fósse apenas o pai putativo ou oficial de Cristo.
— 31 —
isto só tinha sentido quando se tratava de dois irmáos filhos
dos mesmos genitores ou ao menos do mesmo pai (semelhante
disposigáo eslava em vigor entre os assírios e os hititas). Pois
bem; fazendo-se a aplicagáo da lei do levirato ao nosso proble
ma, dir-se-á o seguinte:
II 1» casamento 2° casamento
!|
MATA > ESTA > MATAT
I
JACO HELI
!
1 > JOSÉ < 1
filiacáo real filiacáo legal
O. H. (Ijuí):
34
Por isto os povos antigos faziam muitas vézes coincidir
pureza e impureza do homem perante Deus com pureza e
impureza do corpo; estípulavam que certas situagóes fisioló
gicas tornavam o homem impuro, impossibilitado de se chegar
á Divindade. Assim se criou o conceito de impureza meramente
legal, a qual muitas vézes era independente da yontade e
isenta de culpa moral. Os criterios adotados para estipular tais
estados impuros eram geralmente os seguintes:
2. A legislacao de Israel
— 35 —
seqüestrando da Caldéia o Patriarca Abraáo, o Senhor apenas
cuidou de eliminar qualquer crenga politeísta ou supersticiosa
que pudesse estar anexa aos usos herdados por Abraáo, e
sancionou varios désses usos (táo conceituados pela religiosi-
dade antiga) na Lei entregue a Israel por meio de Moisés,
lsto nao quer dizer que Javé atribuisse valor a ésses ritos
em si, mas desejava apenas que Israel, observando-os com
espirito novo, monoteísta, demonstrasse désse modo, adaptado ^fií
aos costumes antigos, sua adesáo ao único Deus, e assim
chegasse á santidade. A chave de interpretagáo dos preceitos
de pureza legal no Código de Moisés é o seguinte versículo,
posto no fim de urna lista de animáis puros e impuros: «Sou
Javé vosso Deus; vos vos santificareis e seréis santos, porque
Eu sou santo, e nao tornareis impuros» (Lev 11,44).
— 36 —
tudo as prescrigóes de Moisés; a lei da Encarnagáo ou do
«aniquilamento» sugería tal sujeigáo...
IV. MORAL
R. M. (Rio de Janeiro):
8) «Que é a radiestesia? Gomo a julga a consciéncia
crista?»
1. O que é a radiestesia
— 37 —
2. Como se vé, o nome de radiestesia supóe a teoría de
Física segundo a quaí cada corpo, orgánico ou anorgánico, pro
paga continuamente radiagóes ou movimentos ondulatorios.
Essas ondas afetam os ñervos de homens particularmente sen-
siveis, néles provocando contragóes musculares, que por sua
vez se comunicam á vara ou ao péndulo geralmente posto na
máo direita do operador (note-se que a radiestesia explica as
oscilagóes da vara ou do péndulo como conseqüéncias dos influ-
xos que o operador sofre por parte dos obJ4B»s que o cercam,
nao como efeitos diretos déstes objetos sobre a vara e o
péndulo).
Afirmam os autores que todo individuo humano é, em
grau maior ou menor, capaz de experimentar os fenómenos
de radiestesia. Requer-se naturalmente concentragáo por parte
do operador; éste deve colocar-se em «condicóes aptas» para
receber a influencia dos raios... Os mestres de radiestesia
recomendam aos discípulos o exercício assiduo da sua arte,
a fim de poderem mais e mais apurar a sua sensibilidade.
Alguns pesquisadores afirmam mesmo que o comportamento
de certos viventes inferiores (animáis e vegetáis) so é expli-
cável caso néles se suponham faculdades radiestésicas.
Como dizíamos, os técnicos costumam usar um instrumento indi
cador do influxo das supostas ondas (o que nao deixa de dar caráter
misterioso ás suas experiencias). Preferem á vara o péndulo, pois éste
é de uso mais cómodo e se mostra mais fiel ñas suas oscilagóes. O
péndulo há de ser u'a massa de 30 a 70 gr. de madeira, osso, materia
plástica ou metal, suspensa a urna corrente ou a um fio (de seda
ou linho) do comprimento de 30 a 80 cm, comprimento variável
segundo a sensibilidade do operador e conforme o objeto de sua
pesquisa. A vara deverá ser de madeira nao resinosa nem de oliveira,
ou entáo de barbatana de baleia; poderá ser retilínea ou dobrada era
V ou Y (estes desenhos, espontáneos como sao. nada tém de supersti
cioso; nada de especial significam).
As reacdes de tais instrumentos (movimentos elípticos ou circula
res, para a direita ou para a esquerda; tf levantar-se e o abaixar-se
da ponta de vara) sao interpretadas segundo um código próprio nao
de ante-mao ditado pela razáo, mas sugerido pela experiencia paula
tina e pelas estatísticas confeccionadas pelos observadores (donde
se compreende que nem todos os operadores usem exatamente o
mesmo código). Os sinais do péndulo ou da vara indicam, conforme
os autores, as notas características dos objetos procurados (sua
presenca em tal lugar, sua altura ou profundidade, sua natureza
característica...). De resto, as exigencias e as modalidades da explora-
cao radiestésica váo sendo estabelecidas lentamente pelos técnicos, que,
para isto, se baseiam em dados empíricos e estatísticos. O radiestesis-
mo vai sendo aos poucos conquistado, merecendo hoje em día atencáo
crescente dos mais serios estudiosos. Dado, porém, o método estrita-
mente indutivo em que se apoia, suas conclusSes sao muitas vézes,
em grau maior ou menor, sujeitas a reforma.
3. A técnica radiestésica tem tido aplicacóes cada vez
mais complexas e freqüentemente satisfatórias. Anunciam
— 38 —
alguns pesquisadores ter procurado e encontrado mediante
radiestesia
— 39 —
Precisando um pouco mais as suas explicagóes, os estu
diosos afirmam hoje em dia, como abaixo se verá, nao ser
certa a teoría que inspirou a denominacáo de radiestesia,
teoría segundo a qual os corpos emitem radiagóes ou ondulagóesr
causadoras de reagáo inconsciente no respectivo observador.
— 40 —
cálculo das probabilidades, um tal resultado só se poderia conseguir
por acaso urna vez em 100 quatrilhóes de experiencias!...
Foram eíetuados na Inglaterra outros testes de adivinhacáo de
cartas através de urna cortina ou através de paredes, e a distancias
notáveis (50m no mínimo): verificou-se que certos adivinhadores em
urna experiencia acertaram a posicáo ora de 22, ora de 20, ora de 18,
ora de 17, ora de 15, ora de 12 cartas dentre 25; por duas vézes um
observador (Glyn Jones), que era examinado pelo Proí. Soal, acertou
a posicáo exata das 25 cartas. As probabilidades para que tais
resultados fóssem simplesmente efeito do acaso sao práticamente
despreziveis.
O Prof. Soa] também conseguiu, com éxito surpreendente, que
seus discípulos indicassem qual a carta colocada no baralho ¡mediata
mente antes ou ¡mediatamente depois de urna carta que ele tirava
ao acaso: verificou outrossim que em 3789 experiencias Basil Shac-
kleton predisse 1101 vézes a carta que o Professor estava para retirar
do baralho; ora o acaso só explicaría tais resultados na proporcáo
de 1 para centenas de quatrilhSes.
Foram tais íen&menos que levaram Rhine e seus colaboradores
a aíirmar que no homem existe o que se chama a percepcáo extra-
-sensorial, isto é, auténticas íaculdades de conhecer diferentes dos
sentidos externos; se nao se admitisse a percepcáo extra-sensorial,
argumenta Rhine, os resultados ácima deveriam ser explicados pelo
mero acaso (o que seria absurdo, dada a disproporcáo entre as
probabilidades do acaso e as. cifras obtidas na realidade).
Sendo assim, os estudiosos de nossos dias, sem discutir tanto
a realidade da percepgáo extra-sensorial, mais e mais procuram
averiguar quais sao as melhores condicoes para que se exerca ésse
tipo de percepgao; já podem afirmar, por exemplo. que o tempera
mento do observador infiui sobre os seus resultados, e que os
extrovertidos acertam mais fácilmente do que os introspectivos,
... que a hipnose, em alguns sujeitos, é fayorável; nao se poderia
dizer precisamente qual o efeito dos narcóticos e dos estimulantes.
— 41 —
3. O aspecto moral da radiestcsia
V. HISTORIA DO CRISTIANISMO
— 42 —
1. Kesenha dos fatos
— 43 —
Desde entáo havia duas curias e duas obediencias na Sta. Igreja...
Quem considera os acontecimentos com serenidade, nao pode deixar
de reconhecer que o Papa legitimo era Urbano VI, ao qual tanto
os prelados como os simples fiéis haviam durante cinco meses tribu
tado sua submissáo; a pressáo exercida pelo povo romano sobre os
eleitores do conclave de abril 1378 nao parece ter sido tal que tLrasse
a liberdade dos mesmos; os prelados, em mais de urna de suas
manifestacóes, mostraram saber muito bem que eleicáo forcada seria
eleicáo nula, e trataram de garantir previamente a inviolábilidade do
conclave, como manifestam os pormenores da assembléia descritos
por atas auténticas (cf. Pastor, Geschichte der Papste I 686).
Contudo os contemporáneos dos acontecimentos experimentayam
dificuldades para discernir qual dos dois Papas era o legítimo
sucessor de Sao Pedro, de sorte que a Cristandade sel viu desde fins
de 1378 dividida em duas facc5es, ñas quais hayia inegávelmente
boa fé e sincero desejo de obedecer a0 Vigário de Cristo, mas desatino
e perplexidade por falta de conhecimento claro dos acontecimentos.
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a assembléia estava impregnada de doutrina conciliarista: os
sinodais, por conseguinte, exigiram logo de inicio a renuncia
dos tres Papas entáo existentes.
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Tratou-se entáo de proceder á legítima eleigáo de novo
Pontífice. A escolha recaiu aos 11 de novembro de 1417 sobre
o Cardeal Odo Colonna, de entáo por diante Papa Martinho V
(1417-1431); tratava-se de figura digna e douta, que logo passou
a presidir as sessóes do concilio de Constanga. O júbilo da Cris-
tandade foi entáo imenso, pois a táo almejada unidade havia
sido restaurada!
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sess5es nao era a de definir como artigo de fé a superioridade do
concilio s&bre o Papa; visavam mais mostrar intrepidez e intimidar a
Joáo XXIII (antipapa) mediante urna atitude enérgica do que estabe-
lecer alguma doutrina de íé. — O próprio Cardeal d'Ailly aos 17 de
abril de 1415 nao citou em seu favor os decretos óa quinta sessao
nem os mencionou no tratado que ele publicou dezessete meses mais
tarde com o título: «De Ecclesiae, concilii generalis, romani pontificis
et cardinalium auctóritate»; nesta obra ele apelava para ulterior
decisáo do concilio, ulterior decisáo que na verdade nunca foi pronun
ciada.
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É esta segunda interpretagáo que parece corresponder á
mente do decreto «Frequens», principalmente se se leva em
conta que o cohciliariismo nunca foi promulgado como doutriria
de fé em Coristanga.
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3. Sucessao apostólica. Quanto á sucessáo ou á linha
dos sucessores de S. Pedro, ela nao se interrompeu pelo cisma:
basta considerar- a maneira .como, foram eleitos os Papas de
Roma, Avinháo e Pisa-para :se; verificar que Urbano VI e seus
sucessores em Roma eram-os legítimos pastores do rebanho
de Cristo durante o período de divisáo. Martinho V eleito
em 1417 nao deu novo inicio ao Papado, mas, ao contrario,
herdou a tradigáo e o patrimonio que, por meio de Gregorio
XII e Urbano VI, vinham sendo transmitidos na Sta. Igreja
desde os tempos de Sao Pedro.
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