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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(¡n memoriam)
APRESEfSTTAQÁO
DA EDigÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanga a todo aquele que no-la
pedir {1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanga e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
V». visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Pergunte e
Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortalega
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.


Pe. Estevio Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaga
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
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1i
pág"
MAIS UM NATAL! 461

Ciencias naturais e Filosofía:


ACASO OU INTELIGENCIA CRIADORA ? 463

AOS NOSSOS ASSINANTES 470

Grande Slnal:
VIRGINDADE DE MARÍA : C.OMO ? POR QUÉ ? 471

Exegese bíblica:
JESÚS TEVE IRMAOS ? 481

APÉNDICE : CARTA DE J. WESLEY A UM CATÓLICO ROMANO .. 491

Dfesla vez, no cinema :


"O EXORCISTA" 493

ESTANTE DE LIVROS 507

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA/

• * •

NO PRÓXIMO NÚMERO :

Teología da Nbertacao. — TradkSo e progresso na lgre¡a.


— «O sétimo selo» (filme). — Que é parapsicología ?

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Assinatural anual Cr$ 50,00
Número avulso de qualquer mes Cr$ 5,00
Voluntes encadernados de 1958 e 1959 (prego unitario) ... Cr$ 35,00
índice Geral de 1957 a 19S4 Cr$ 10,00

EDITORA LAUDES S. A.
REDAQAO DE PR ADMINISTRACAO
Caixa Postal 2.666 Rúa Sao Rafael, 38, ZC-09
ZC-00 20000 Rio de Janeiro (GB)
20.000 Río de Janeiro (GB) Tete.: 268-9981 e 268-2796

Na GB, a Roa Real Grandeza 108, a Ir. María Rosa Porto


tem nm depósito de PR e recebe pedidos de assinatura da
revista. Tel.: 226-1822.
AIS UM NATAL!
Mais um Natal!... Voltaráo em breve as mesmas imagens
que todos os anos costumam ornamentar nossas igréjas, nossos'
lares, nossas lojas, nossas rúas... Voltaráo as clásslcas me
lodías. .. Voltaráo os presentes de Natal!

Mas, apesar da identidade dos quadros vislveis, o Natal de


1971 nao poderá ser, para o crlstáo, o mesmo que em anos ante
riores. Pois este ano deve encontrar o discípulo de Cristo mais
adulto, mais crescido na fé, para penetrar mais a fundo a rea-
lidade do Natal.
E que é Natal propriamente?

— fi: a entrada de Deus dentro da linhagem e da historia


dos homens. Ele quis nascer de máe humana para compartilhar
tudo o que é «comum» entre os homens e assim dar sentido
novo ou valor divino as coisas mais corriqueiras da vida hu
mana. Em Cristo, Deus se faz homem humilde para que o ho-
mem se torne filho de Deus, herdeiro da Gloria... A Escritura
se compraz em apontar esse paradoxo e esse intercambio, ex-
planando-os sob varias facetas. Por que, pois, nao reproduzir
aqui algo dessa linguagem bíblica, sempre rica e significativa?
Assim, por exemplo, diz Sao Paulo aos Corintios:
"Conheceis a graca de nosso Senhor Jesús Cristo, que,
sendo rico, se fez pobre por vosso amor, a fim de que vos
lornasseis ricos por sua pobreza" (2 Cor 8,9).
Ou aínda:
"Aquele que nao conhecla o pecado, Oeus o fez pecado
por nos, para que nele nos tornássemos justiga de Deus"
(2 Cor 5,21).

Conscientes disto, os cristáos olham para o Cristo com


olhar mais atento, tentando descobrir através da pequenez hu
mana do Senhor Jesús a grandeza imensa do próprio Deus. A
S. Escritura aguca esse olhar, chamando a atengáo para os
paradoxos ou as antíteses do Senhor Jesús:

O Senhor comecou o seu ministerio público com fome


(Mt 4,2) e o terminou com sede (Jo 19,28).

Como homem, q Senhor Jesús teve fome (Mt 4,2). Como


Deus, Ele deu pao ás multidóes (Mt 14,19s); tornou-se
mesmo o Pao da vida (Jo 6,35).

.— 463, —
Como homem, teve sede (Jo 19,28). Como Deus, dlsse:
"Se alguém tem sede, venha a mim e beba" (Jo 7,37).
Como homem, experlmentou cansaco (Jo 4,6). Como
Deus, oferece descanso aos que estáo cansados e sobrecar-
regados (Mt 11,28).
Como homem, orava (Me 1,35; Le 3,21; 9,29), passando
mesmo a noite em oracáo (Le 6,12). Como Deus, ouve as
oracSes dos homens (Jo 15,7).
Como homem, chorou (Jo 11,35). Como Deus, enxuga
as lágrimas dos homens (Is 25,8; Ap 21,4).
Como homem, pagou o tributo do templo, apesar de
ser Rei (Mt 17,27; Jo 19,37). Foi vendido por trlnta moedas
de prata (Mt 26,15). Mas fol Ele quem pagou o prego da
redengáo do mundo (1 Pd 1,18s; 1 Cor 6,20; 7,23).
. Como Cordeiro, fol levado ao matadouro (Is 53,7; Jo 1,36;
19,36). Mas é Ele o grande Pastor das ovelhas (Jo 10,11 ;
Hebr 13,20).
Como ovelha, nao abriu a boca perante aqueles que o
tosquiavam (Is 53,7; Mt 26,63). Todavía Ele era e é a Palavra
que se fez carne (Jo 1,14).
Esta linguagem das Escrituras, mesmo com o que possa
ter de figurado, contribuí validamente para avivar no cristáo
a consciéncia do paradoxo ou do misterio de Cristo.
Tal é a realidade da Encamagáo no sentido cristáo; nao
significa apenas que um homem se tenha tornado táo unido
a Deus que se podia dizer que o Divino transparecia através do
seu comportamento humano. Também nao quer dizer apenas
que Deus se tenha servido de atitudes momentáneas da cria
tura para exprimir urna mensagem divina. Mas implica que
Deus se tenha esvaziado de todos os sinais da Divindade para
se velar e revelar permanentemente através do ser e do agir
do Filho de María Virgem.
É esta a grande verdade que Natal lembra a todo cristáo,
despertando nele gratidáo e louvor ao Senhor Deus. Ao mes
mo tempo, Natal incita o discípulo de Cristo a tomar conscién
cia da sua vocagáo de ser, do seu modo, um outro Jesús, ou
seja, um continuador desse misterio de Deus que se vela e re
vela na carne humana : «Já nao sou eu que vivo, mas é Cristo
que vive em mim» (Gal 2,20).

Revigorados pela pujanza destas verdades, desojamos a


todos os amigos o mais feliz Natal, oenhor de copiosas grabas
para 1975!
E.B.
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Ano XV — N' 180 — Dezembro do 1974

Ciencias naturals e Filosofía:

acaso ou infeüséncia criadora?


Em stntese: Um artigo de R. de la Taille e A. Humbert-Droz publi
cado pela revista "Sclence et Vle", n? 683, em agosto 1974, pp. 26-39,
aprésenla conclusoes a que chegou recentemente a Escola de Físicos de
Bruxelas. Estes, aplicando-se ao estudo da termodinámica, julgam poder
projetar novas luzes sobre a questao da orlgem da vida. A harmonía
expressa nos fenómenos da biología e da bioquímica e, de modo especial,
as formas geométricas que caracteiizem os corpos (tanto os Inertes como
os vivos), desde as espiráis e hélices do ADN até as das galácias, sSo
testemunhos da Inteligencia Criadora. Asslm a tese de que a vida se
deve ao acaso aparece mals e mals como hipótese gratuita ató mesmo
entre os dentistas.

As páginas que se seguem n§o apresentam as minucias do artigo


citado, pols estas se destlnam a especialistas, mas reproduzem as llnhas
gerals do mesmo. Trata-se, sem dúvlda, de artigo que tem enorme im
portancia nao so no campo das ciencias como no da Filosofía.

Comentario: As questóes relacionadas com a origem do


mundo e do homem estáo sempre, ou cada vez mais, em foco,
nao somente entre os dentistas, mas em todo homem, na me
dida mesma em que é homem e procura os pontos cardeais
para se orientar durante a sua existencia na térra. Mesmo
o mundo dos artistas, cujo funcáo é muitas vezes «artificial»,
lanca oportunamente ao público tais questóes, como se de-
preende das palavras que o ator e músico italiano Darío Fo
repetiu recentemente em entrevista a imprensa: «Se nao sa
bemos de onde viemos, mal poderemos saber para onde va
mos». *

1 "O Globo", 10/10/74, p. 27. Tal afirmac.§o nSo é senSo eco de


seir|elhante observacáo feita pelo Mestre Gramscl, segundo a noticia do
jornal citado.' ~ "" ""~ '; '
4 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 180/1974

Até o século passado, tais interrogagóes eram soluciona


das geralmente mediante o recurso a Deus, Criador Sabio e
Providente do mundo e do homem (verdade é que a respeito
se atribuiam á S. Escritura minuciosas noticias, que hoje se
verifica nao pertencerem á mensagem da Biblia). A partir
de Ch. Darwin (1809-1882), as antigás cóncepgñes foram sen
do postas em xeque, dando lugar a teses nao raro materialis
tas, que pretendiam langar a ciencia esclarecida contra a fé.
Nos últimos anos, porém, parece que a própria ciencia por
si mesma aponta cada vez mais os vestigios da sabedoria de
Deus no grande universo como também na micro-matéria.
Tenham-se em vista os depoimentos de fé proferidos por astro
nautas, que, percorrendo os espacos e chegando á Lúa, se sen-
tiram incitados a glorificar o Criador.

Interessa-nos aqui registrar, como um dos mais recentes


testemunhos a este propósito, o conteúdo do artigo «Le Hasard
n'existe pas» (O acaso nao existe) da autoría de Annie Hum-
bert-Droz e Renaud de la Taillérpublicado na revista «Science
et Vie», n» 683, agosto 1974, pp. 26-39. Este estudo refere os
resultados de pesquisas a que chegaram últimamente os fisi-
cos da Escola de Bruxelas Uya Prigogine1, Glansdorff...; divi-
'de-se em duas partes: 1) conclusóes da termodinámica; 2)
observagóes sobre a arquitetura de viventes e nao viventes.
O artigo é encabezado pela seguinte observagáo, que bem indi
ca o seu teor:

"A perfeita espiral de urna concha de caramujo traz tai-


vez a resposta a urna questao científica e filosófica de enorme
alcance: a vida originou-se realmente do puro acaso, como
se tem acreditado até os últimos tempos ? Os físicos da
Escola de Bruxelas, baseando-se na termodinámica, demons-
tram, ao contrarío, que a vida, embora seja um equilibrio
instável, obedece a leis. Doutro lado, o estudo da'arquitetura
das formas vivas e das inanimadas... indica que existem
esquemas geométricos dominantes, desde o cristal até a
flor e a célula viva. Radiantes, esféricos ou em hélice, esses
esquemas também parecem confirmar que 'Deus nao joga
com dados', segundo a célebre fórmula de Einstein" (p. 26).

Percorreremos os dois tópicos do mencionado artigo em


estilo sumario, interessando-nos mais pelas suas linhas gerais

1 Esta também é dlretor do Centro termodln&nloo da Universidad» de


Austln (Texas, U.S.A.).

— 464 —
ACASO OU INTELIGENCIA CRIADORA? 5

(que tém grande importancia filosófica) do que por suas mi


nucias destinadas a especialistas.

1. Termodinámica e vida

1. A termodinámica é a ciencia das relacóes entre fenó


menos térmicos1 e mecánicos. Há 150 anos, o físico francés
Sadi-Carnot publicava os seus trabalhos a respeito do funcio-
namento da máquina a vapor, dando assim inicio as suas teses
até hoje válidas. Em 1974, dentistas do mundo inteiro, reu
nidos na Escola Politécnica de París, celebraram o 150' aniver
sario da termodinámica. Esta se apresenta fecunda nao só em
conclusóes de índole física, mas também no setor da filosofía,
como adiante se verá: permite prever algo sobre o futuro do
universo, como também parece fornecer a chave das leis de se-
legáo e evolugáo da vida.

Principalmente os físicos da Escola de Bruxelas nos últi


mos anos y§m-se interessando pelos fenómenos da vida á luz
da termodinámica. Uya Prigogine, por exemplo, observa:

"O ser vivo nao é o improvável ganhador de ¡mensa lo


tería ; a vida já nao aparece como um mi I agre precario, urna
luta contra um universo que a recusa. Com a generalízacáo
da termodinámica, chegamos a compreender que em certas
condicóes particulares a vida é a regra2. O rígido dualismo
do acaso e da necessidade está ultrapassado".

Esta observagáo contradiz, com válido fundamento, á tese


de Jacques Monod no livro «O acaso e a necessidade» (Petró-
polis 1970), segundo o qual «tudo o que existe,no universo é
o fruto do acaso e da necessidade» (Demócrito).

2. Pergunta-se: como procede a Escola de Bruxelas pa


ra demonstrar a sua tese?

— Em poucas palavras, lembremo-nos de que dois sao, os


grandes principios da termodinámica:

1) O primeiro afirma que a energía total de um sistema


observável (macroscópico) se conserva através das suas trans-

1 Fenómenos cuja nota característica é o calor ou a temperatura


alta ou balxa).
3 No sentido de "é o termo regular do proceeso de evolufáo" (N.
do trádutor).

— 465 —
6 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 180/1974

formagóes físico-quimicas. Por exemplo, a energía química


consumida na combustáo da gasolina transforma-se e, trans
formada, encontra-se integralmente no trabalho de propulsáo
do veículo e no calor emitido pelo radiador.

2) O segundo principio define os limites das transforma-


góes, afirmando: pode-se transformar energía motriz em tér
mica (calor), mas nao se consegue o contrario. Com outras
palavras: o calor que resulta de urna transformagáo de ener
gía química em energía motriz, propulsora, já nao se trans
forma em outro tipo dé energía; o processo é irreversível; o
passado fica sendo passado urna vez por todas. Isto quer dizer
que o universo tende a um estado em que já nao haverá mo-
vimento, mas inercia, e igual temperatura em toda parte. A
evolugáo do universo é unidirecional. A tendencia ao equilibrio
da temperatura e á inercia é chamada entropía; esta vai-se
acentuando no decórrer dos tempos, de modo que se pode pre
ver chegue, em época remota, ao seu grau máximo.

A entropía equivale a desordem molecular; a lei de au


mento irreversível da entropía é lei de desorganizado pro-
gressiva. Todo sistema isolado do mundo exterior. evolui irre-
•medíavelmente para a desordem máxima, ou seja, para o es
tado de entropía máxima. Destas premissas se poderia con
cluir que a vida — cujas estruturas supóem, por excelencia,
ordem — nao teria chance de se realizar se considerássemos
apenas as leís da termodinámica. Foi, de fato, a esta conclu-
sáo que a maioria dos biólogos chegou nos últimos anos.

Todavia a Escola de Bruxelas aplicou-se ao estudo mais


exato desta proposigáo, conseguindo demonstrar o contrario,
ou seja, a tese de que nao existe incompatibilidade entre o
aparecimento da vida (caracterizada pela ordem) e o segundo
principio da termodinámica aplicado aos sistemas ¡solados
(principio que significa desordem). Essa Escola chegou, sim,
á conclusáo de que em sistemas nao isolados — isto é, que
permutem energía ou energía e materia com o mundo exte
rior — o estado final de equilibrio termodinámico nao é ne-
cessariamente o estado desordenado.

O melhor exemplo de evolugáo em demanda de um estado


de equilibrio ordenado (em um sistema nao isolado) é o
cristal; neste os átomos estáo perfeitamente ordenados segun
do diversos planos. Contudo, do ponto de vista da termodi
námica, os seres vivos nao sao comparáveis a cristais. Com

— 466 —
ACASO OU INTELIGENCIA CRIADORA?

efeito, o cristal aprésente estrutura de equilibrio: urna vez


formado, ele nao exige a agáo da energia no seu ambiente para
se manter; ele está em equilibrio com o mundo exterior. Ora
tal nao é o caso dos organismos vivos, pois as células, para
permanecerem vivas, permutam constantemente energia e ma
teria com o seu ambiente. As estruturas biológicas, portante,
sao estados específicos de nao-equilibrio; exigem dissipagáo
constante de energia e materia; donde o nome que Uya Pri-
gogine e em geral os dentistas hodiernos lhes dáo: estruturas
dissipativas. Em conseqüencia, vé-se que a diferenga existente
entre um pássaro e a escultura desse pássaro consiste em
que o pássaro precisa de permutar energia e materia com
o ambiente para guardar a sua forma, ao passo que a escul
tura nao precisa disto. Por conseguinte, a fim de explicar a
vida, a Escola de Bruxelas ampliou o quadro da termodiná
mica (limitado ao estudo dos estados de equilibrio), fazendo-o
abranger também os estados de náo-equilibrio. Um estado de
nao-equilibrio é provocado pelas pressóes que o ambiente exer-
ce sobre o sistema. Essas pressóes que consistem em afluxo
continuo de energia ou de certas especies químicas (alimenta-
gáo) tém por efeito tornar imposslvel o estado de equilibrio
termodinámico. Se o sistema estudado está longe do equilibrio,
o aparecimento de estruturas dissipativas ordenado torna-se
entáo possivel, e essas estruturas só se conservam se as pres
sóes continuam.

A seguir, a exposigáo de Annie Humbert-Droz enuncia


experiencias realizadas nos setores da biología e da bioquími
ca, apresenta hipóteses, dai decorrentes, sobre as etapas de
origem da vida, e termina com a seguinte reflexáo :

"Em conclusao, os modelos termodinámicos de estruturas


dtsslpativas estabelecidos pelos estudiosos da Escola de Bru
xelas (Prlgogine, Glansdorff...) provocaram numerosas pes
quisas no universo destinadas a confrontar esses modelos
teóricos com fatos experimentáis; foi verificada a exatidáo
de tais modelos. Parece comprovado, no momento atual, que
esses modelos correspondem perfeitamente á realidade dos
fenómenos biológicos. E que o acaso já nao é, em biología,
o deus cegó que se admitía" (p. 39).
Na outra parte do artigo, Renaud de la Taille, baseando-se
em ulteriores observagóes da natureza, chega á conclusao de
que realmente, em lugar do acaso, é a agio de urna Inteligen
cia Criadora e sabia que se desvenda ao observador. Eis,
brevemente, as suas averiguagóes.

— 467 —
8 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

2. A geometría tía natureza

£ contrario a toda expectativa, por exemplo, que uma


tangerina se divida sempre em gomos iguais entre si ou que
uma estrela do mar tenha a forma de um pentágono regular,
ou aínda que as escamas do pinho se váo alindando sob a
forma de espiral logarítmica. Com efeito, uma lei essencial
da Física reza que toda organizado de elementos materiais
deve entrar quanto antes no equilibrio absoluto da maior de-
sordem possivel. Ora, vista a idade da térra, a laranja e a
tangerina déveriam apresentar-se hoje em dia como sacólas
sem forma, e o fruto do pinho como um amontoado arbitrario
de partículas irregulares.

Formas geométricas também se encontram copiosamente


na materia inerte, contra toda expectativa: as estrelas sao es
féricas, as galácias constituem elegantes espiráis, e a materia
em nosso pianeta se cristaliza segundo prismas muito harmo-
nioos.

Embora tais fenómenos contradigan! ás conclusóes de


quem estuda a termodinámica, eles nao nos impedem de ve
rificar que o universo é coerente, pois se manhesta segundo
estruturas geométricas regulares; estas se opóem ao conceito
de acaso e denunciam um planejamento sabio e inteligente do
universo.

Na materia viva, e mais ainda do que na inerte, pode-se


também observar essa harmonía geométrica. Assim, por exem
plo, tenham-se em conta, entre outros dados, os seguintes:

1) Quase todos os moluscos que tém concha, tém-na


em espiral, ou, mais exatamente, em hélice. Um dos exem-
plos mais perfeitos de espiral é a concha do nautilo, oaramujo
dos mares quentes. Os caramujos alongados e pontudos tém a
forma de uma hélice cónica.

Essa mesma arquitetura em espiral encontra-se em gran


de número de ñores ou de botóes de flores, na gavinha da
videira, nos frutos do pinho, nos cañáis internos do ouvido.
A aranha tece um fio espiraiado ao redor dos ños de sua tela
postos em estrela; o ADN apresenta-se sob a forma de hélice
dupla, surpreendente para quem a observa ao microscopio.
De resto, deve-se notar que espiráis e hélices se encontram

— 468 —
ACASO OU INTELIGENCIA CRIADORA?

desde o ADN até as galácias e as nebulosas extra-galáticas do


imenso cosmos.

2) Outra estrutura, constante no reino vegetal, mas me


nos corrente no animal, é a simetría da estrela; basta cortar
certas frutas pela metade para verificá-la; a mesma imagem
aparece também nos caules e principalmente ñas flores (te-
nha-se em vista o clássico exemplo da margarida).
No reino mineral, embora a estrutura da estrela caracte-
rize os cristais da nve, mais freqüente é a do prismo termina
do por pirámide em cada urna (ou, ao menos, em urna) de
suas extremidades; sejam citados, como exemplos, o quartzo, o
sal grosso... Quase todos os metáis, ligas, rochas e outros
minerais oferecem desenhos geométricos em sua estrutura
íntima; mas a presenca de impurezas e o modo como os elemen
tos se tornaram sólidos, condicionan! o aspecto final, de tal
sorte que murtas vezes os cristais elementares ficam microcó-
picos e o conjunto aparece como um aglomerado que nao tem
nítida forma geométrica, como nao tem forma de tijolo um
amontoado de tijolos.

A simetría reina entre os anmais superiores, visto que es


tes constam de dois lados (o direito e o esquerdo) ou de duas
metades justapostas. Essa simetría se explica lógicamente pela
gravidade, forga que nos atrai para a térra em linha vertical.
Todo ser vivo que se desenvolva para o alto (e é necessário
que o faca, pois é para cima que há espago livre), deve go
zar de equilibrio quando se acha em repouso (este equilibrio
é indispensável condigáo de existencia); por conseguinte, des
de que lhe cresga um brago de um lado, é necessário que lhe
cresca outro bra;o do outro lado, simétrico em relacáo ao
primeiro; se assim nao fosse, o vívente carregaria peso exces-
sivo de um lado e o conjunto cambalearia. Cada perna deve
ter a sua congénere simétrica; por isto, o homem possui duas
pernas, enquanto os outros mam:feros tém mais de duas; certos
insetos tém seis patas, os aracnídeos tém oito patas, os caran-
guejos dez, e as centopéías cem... Por conseguinte, a dupli-
cacáo dos órgáos e a simetría dos mesmos em relagáo a um
plano vertical disposto no sentido da marcha do vívente sao con-
seqüéncias da lei da atragáo universal exercida pala gravidade.
Destituida de equilibrio segundo a direcáo vertical, nenhuma
criatura viva poderia subsistir.

Eis alguns poucos testemunhos, selecionados dentre os


muitos que Renaud de la Taille apresenta, no intuito de ilus-

— 469 —
10 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

trar a harmonía geométrica da natureza. Esta traduz a sa-


bedoria do seu Criador, etn lugar do qual seria desproposita
do estabelecer o acaso!

Na verdade, a palavra «acaso» nao é senáo um nome ao


qual nao corresponde sujeito algum... muito menos corres-
ponde o responsável por determinado efeito. O «acaso» é,
antes, um suporte ficticio ou imaginario que a nossa ignoran»
cia concebe ou cria quando ela nao conhece o(s) auténtico (s)
sujeito (s) responsável (veis) por determinado fenómeno.
Quanto mais o estudioso se aplica sem preconceitos á inves-
tigagáo científica, tanto mais se habilita a remover a hipótose
do acaso!

AOS NOSSOS PREZADOS ASSINANTES,

NINGUÉM IGNORA A CRESCENTE ALTA DE PRESOS NAO SO-


MENTE NO BRASIL, MAS TAMBEM NO MUNDO INTE1RO TODAS
AS INDUSTRIAS VÉM-SE RESSENTINDO DO ELEVADO CUSTO DAS
MATERIAS PRIMAS. O NOSSO PR NAO PODERIA FAZER EXCECAO
A ESTA SITUACAO; O PAPEL QUE CONSUMIMOS, CUSTA-NOS
CERCA DE 100% MAIS; AS OUTRAS DESPESAS SE AVULTARAM
ORA MAIS, ORA MENOS ACENTUADAMENTE.
DIANTE DESTES FATOS, VEMO-NOS OBRIGADOS A PEDIR AOS
NOSSOS LEITORES, QUEIRAM COMPREENDER O AUMENTO DO
PRECO DA ASSINATURA DE PR PARA 1975; ESTA FICARÁ POR
CR$ 50,00.
CONTAMOS COM A AMIZADE E A COLABORACAO DOS NOS-
SOS ASSINANTES, A FIM DE QUE PR POSSA CONTINUAR A DESEN
VOLVER O SEU PROGRAMA DE ESCLARECER E AJUDAR A QUANTOS
PROCURAM DADOS PARA SE INFORMAR E FORMAR.

AVISAMOS OUTROSSIM QUE, FORA OS CASOS EXPLÍCITAMENTE


ACERTADOS EM OUTROS TERMOS. AS ASSINATURAS DE PR VAO
DE JANEIRO A DEZEMBRO. EM VIRTUDE DESTA NORMA NAO
COSTUMAMOS COMUNICAR O TÉRMINO DAS ASSINATURAS DIS-
CRIMINADAMENTE E/A DEZEMBRO. APENAS LEMBRAMOS AGORA
QUE A ASSINATURA DA GRANDE MAIORIA DE NOSSOS LEiTORES
FINDA NESTE MES. — PODERÍAMOS PEDIR A PRONTA RENOVACAO
DA MESMA? E A PROCURA DE NOVOS ASSINANTES PARA PR ?
MUITO GRATOS PELA COLABORACAO VALIOSA.

A ADMINISTRACAO DE PR.

— 470 —
Grande Sitial:

virgindade de maria: como? por qué?

Em slntese: A virgindade física de María é objeto de urna propo-


6lcBo da fó católica. A Importancia desta verdade se deriva do {ato de
que está ligada á identidade do próprio Cristo. Este podía ter pai na térra
(S. José) como os demals homens; mas, visto que nSo era mero homem
(como os demais homens) e, sim, Deus e Homem, o Filho de Deus (eito
homem, prelerlu só ter m§e na térra; a conceic5o virginal de Maria é
assim, para a fé crlsti, o slnal concreto que lembra a filiacfio divina de
Josus; Filho do Pai Celeste (como Deus), Jesús fol fliho de María, M3e
e Vlrgem (como homem).
A conceigáo virginal de María é também o slnal concreto da Irropcio
ció sobrenatural dentro dos moldes da historia dos homens e dos valores
naturals. Jesús e a salvacSo nao sio o mero produto da eticfincla da
natureza e das criaturas.

Note-se outrosslm que a virgindade de María significa a dignidade


que o plano de Deus quis coníeiir á mulher na historia. Com efeito, o
consentimento a ser dado á anunciadlo do anjo dependeu totalmente de
Maria, que o proferlu como representante de todo o género humano. Essa
importancia da mulher acompanha, de certo modo, a Importancia que tocou
ao sexo masculino pelo fato de que o Filho de Deus se fez homem ou
varao. Assim como Jesús é tido como o novo ou segundo AdSo (cf. Rom
6,14), Maria é classicamente tida como a Nova Eva.

A virgindade de Maria nao implica desdém para com a sexualidade


e o matrimonio. Deve ser considerada positivamente como abertura ao
Espirito Santo e fecundidade geradora de vida (fecundidade, porém, con*
cedida diretamente pelo Senhor Deus). Observe-se ainda que María, em-
bora virgem, foi casada (em vista da tutela que devla ser dada a Jesús);
isto quer dizer que a virgindade nSo empobreceu o corac.9o e o amor da
Maria, como nao empobrece aqueles que, seguindo o exemplo de Maiia,
consagram seu celibato ou sua virgindade a Deus.

Comentario: A virgindade de Maria é assunto assaz dis


cutido em nossos dias. Pergunta-se: nao se tratará de urna
expressáo metafórica, que nao significaría a integridade física
de Maria, mas apenas o fato de que o Verbo feito carne já
existia antes de Maria? Ou nao significaría apenas que Deus
quis intervir na historia dos homens? Ou ainda — caso se
queira conservar o sentido físico á virgindade de Maria —
perguhta-sé: tal proposito pertence realmente ao patrimonio
da fé católica?

— 471 —
U «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

A Igreja, pelo seu magisterio oficial, responde consciente


mente, aínda em nossos dias, que a yirgindade de Maria deve
ser entendida em sentido próprio, físico, e que ela constituí
objeto da fé crista. Para afirmá-lo, a Igreja se baseia tanto
nos textos dos Evangelhos segundo Mateus e Lucas quanto na
Tradigáo mais antiga, que comega com as primeiras profissóes
de fé e se prolonga em declaragóes do magisterio, dos Concilios
e dos Papas até nossos dias l.

A intengáo deste artigo nao é trazer testemunhos biblia


eos ou tradicionais em favor da virgindade íisca de Maria,
mas ilustrar o sentido teológico deste artigo da fé ou por em
evidencia a harmonía da mesma com as demais verdades pro-
fessadas pelo Credo cristáo.

A propósito dos documentos que fundamentam a fé na


virgindade de Maria, cf. PR 6/1957, pp. 21-23; 4/1958,
pp. 149s.

1. A identidode de Jesús

Quem contesta a virgindade de María, talvez julgue tra-


tar-se de proposigáo lateral, que pouco pese no conjunto das
verdades afirmadas pelo Credo cristáo; poderia ser fácilmente
esquecida em vista de urna aproximacáo ecuménica de católicos
e protestantes.

Todavía quem reflete sobre o assunto, verifica que a vir


gindade de Maria é algo de muito importante, porque está in
timamente ligada á identidade do Salvador.

Com efeito. Pode-se reconhecer que a conceigáo virginal


de Maria nao era necessária á Encamacáo do Filho de Deus;
Este podia-se ter tornado homem, nascendo biológicamente
como filho de José e Maria. Contudo, se nao havia necessidade
da conceigáo virginal de Maria, existia grande conveniencia
de que se desse, pois era particularmente apta a exprimir
e revelar a filiagáo divina de Jesús Cristo. E esta conve
niencia — diz a fé crista — Deus quis realizá-la; o Filho de
Deus se fez homem sem ter pai na térra, pois já tinha Pai no

1 Um dos últimos documentos dessa TradlgSo é a Carta Apostólica


de Paulo VI, datada de 2/11/1974 o precedida de urna Carta Pastoral do
episcopado norte-americano com data de 21/XI/73 ("Behold your Mother,
Woman of Faith").

— 472 —
VIRGINDADE DE MARÍA 13

céu; como Deus, era Filho do Pai Eterno; como homem, tor-
nou-se filho de Maria; María Virgem foi fecundada pela agio
direta do próprio Deus. A geragáo virginal foi o modo pelo
qual o Pai quis exprimir na carne humana a sua paternidade
em relagáo em Jesús; é urna encarnagáo da eterna geragáo do
Filho de Deus. Jesús Cristo nao é somente a encarnagáo da
segunda Pessoa da SS. Trindade, mas é a encarnagáo da pró-
pria filiagáo divina da segunda Pessoa da SS. Trindade.

O vínculo existente entre a conceigáo virginal de Maria e


a filiagáo divina de Jesús é confirmado pelo fato de que quem
póe em dúvida urna destas verdades da fé freqüentemente du-
vida também da outra. Tenha-se em vista a formulagáo de
um Credo no qual nao somente nao se professa que Jesús te-
nha nascido da Virgem, mas também nao se diz que seja
Deus: «Creio no homem Jesús, que nasceu de María»1. Há
autores protestantes que negam todo valor histórico as narra-
cóes de Mateus e Lucas referentes á conceigáo virginal; fazem-
-no, porém, dentro de urna perspectiva que considera Jesús
como mero homem.

Ao contrario, o famoso teólogo protestante Karl Barth*,


que afirma enérgicamente a Divindade de Cristo, póe em rele
vo a fórmula do Credo: «nascido de Maria Virgem (natos ex
Maria Virgine)», que, para ele, é absolutamente sem equivo
co» . Karl Barth afirma que tal fórmula indica a soberanía da
agáo de.Deus mediante urna negagáo muito nítida e concreta:
Nascido da Virgem Maria, para Barth, significa «ter nascido
como jamáis alguém nasceu, ter visto a luz de maneira bioló
gicamente táo impossivel quanto impossível é a ressurreigáo de
um morto, isto é, ter sido chamado & vida nao em conseqüén-
cia de intervengáo do varáo, mas únicamente por gravidez da
mulher» («Dbgmatique» I, II, 1. Genéve 1954, p. 172).

i P. Smulders, "Het priasterberaad in Noordwljkerhout. Inleldlng en


Slotheschouwlng", em "Theologle en Pastoraat" 64 (1968} p. 330.
3 Karl Barth é tldo como um dos malores teólogos protestantes' do
nosso século (falecido em 1968), segulndo a Mnha calvinista. Inslsllu for-
temente sobre a transcendencia de Deus ou sobre a Identidad© de Deus,
cujo misterio de vida só pode ser conhecldo mediante a revelacfio que
o próprio Deus faz de si mesmo ñas Escrituras Sagradas. — Embora Kart
Barth, fiel aos principios de Calvlno, deprecie indevldamente a razSo
humana frente á grandeza de Deus, nSo deixa de ter seus méritos quando
acentúa o sobrenatural ou a inconfundfvel realldade do misterio de Deus
e do plano divino de salvacüo.

— 473 —
14 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

Esse «entrar no mundo de maneira que suplanta as leis


biología» é precisamente o sinal pelo qual Deus Fai quis sa-
lientar, aos olhos da fé, o misterio do Cristo; este nao é mero
'homem, mas, sem deixar de ter urna natureza humana igual
á de qualquer homem (exceto no pecado), recebida de María
Virgem, é também Deus; tem sua máe na térra e seu Pai no
céu.

Deve-se, pois, dizer que a conceigáo virginal está muito


mais ligada a identidade de Jesús do que á de María. Quem
a afirma, antes de afirmar um «privilegio» de María, professa
a real origem e a identidade de Cristo, Deus e Homem. Alias,
toda a figura de María —rica e ornada dé graga — é essen-
ciaimente fungió da figura de Jesús, como todo o culto a
Maria é marcadamente cristocéntrico. Cancelar a virgindade
de María seria indiretamente cancelar o aspecto principal da
identidade de Cristo.

2. A irrupgao do sobrenatural

1. Prosseguindo as suas reflexoes sobre a virgindade de


Maria, Karl Barth afirma que « a conceigáo virginal sufoca to
das as pretensdes da teología natural»1. Para esse teólogo, a
fórmula ex Virgine (...da Virgem) indica que «a Encarna-
cao do Revelador de Deus (que é Deus mesmo) é um milagre,
ou seja, um acontecimento que se produz na contingencia dos
fenómenos sem ter nestes a sua razáo de ser; é, pois, um sinal
realizado diretamente por Deus, sinal que só pode ser com-
preendido se for tomado como sinal» (isto é, como alusáo ao
fato de que Jesús nao é mero homem, mas é Deus feito ho
mem) . A conceicáo virginal mostra que «a natureza humana
nao tem em si mesma a capaciade de tornar-se a carne de
Jesús Cristo, lugar da revelacáo divina» («Dogmatique», I, II,
1, 174).

2. A conceigáo virginal de Maria tem sido posta em


dúvida ou mesmo contestada por pensadores católicos, porque
representa urna excegáo ou mesmo urna ruptura em relagáo

'A titulo de preclsio, notamos que "teología natural" é aquela que


se consttól a partir das luzes da razSo natural apenas; nao reconhece
verdades que nao possam ser percebidas pelo raciocinio humano, embora
nfio sejam Ilógicas ou absurdas (como ilógico ou absurdo seiia o con-
celto de "circulo quadrado").

— 474 —
VIRGINDADE DE MARÍA 35

as leis da natureza. Ora tal ruptura desagrada a mais de urna


corrente do pensamento contemporáneo; o racionalismo e o
secularismo tendem a exaltar a natureza, reduzindo as reali
dades cristas ao ámbito das categorías racionáis e naturais.
Alguns porta-vozes da «teología da morte de Deus» chegaram
mesmo a absoryer Deus na humanidade de Jesús, de sorte a
tornar-se o homém a realidade suprema. Está claro que den
tro das linhas-mestras dessas correntes de psnsamento já nao
há lugar para a distingáo entre o natural e o sobrenatural; o
clássico «sobrenatural» passa a ser explicado em fungáo das
categorías naturais da razáo.

Pois bem. Afirmar que o Filho de Deus se encarnou no


seio de Maria Virgem significa precisamente que Deus nao
quis fosse o Divino absorvido pelo humano, mas quis introdu-
zir dentro dos valores da natureza humana um valor novo,
superior (Divino), capaz de elevar a natureza humana á par-
ticipagáo da vida do próprio Deus. A conceicáo virginal de
Maria significa que o Senhor Deus quis suprir diretamente as
fungóes do genitor na conceigáo de um filho; significa, conse-
quentemente, que o Filho de Deus quis penetrar no género
humano de maneira própria e característica, na sua qualidade
e dignidade inconfundivel de Filho de Deus, e nao como ser
meramente humano. Ao mesmo tempo, a conceigáo virginal
de Maria foi plenamente humana; Maria foi mai3 máe do que
qualquer outra máe, pois gerou um Filho que foi verdadeiro
homem e que recebeu toda a sua natureza humana exclusi
vamente de sua máe. A virgindade de Maria nada suprimiu
da sua maternidade; ao contrario, ligou ainda mais intima
mente a Virgem ao seu Divino Filho.

3. Mais ainda: a superagáo das leis ordinarias da bio


logía vem a serum sinal também da nova geragáo ou da re-
generagáo que Cristo oferece a todos aqueles que hele créem
e a Ele se incorporam pelo Batismo; este é um renascer ou
o surto de urna vida nova, que ñáo se faz conforme as leis da
biología, mas segundo o Espiritó.1

1 Tenham-se em vista os seguintes textos:


Jo 1,12: "A todos os que O receberam, deu-lhes (o Logro) o poder
de se tornarem fllhos de Deus, a todos os que créem em seu nome, que
nao nasceram nem do sanguo nem da vontade da carne, nem da vontade
do homem".
Jo 3,3: "Se alguém nSo renascer do alta, nao podará ver o Reino
de Deus".

— 475 —
16 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

O Batismo, assim entendido, manifesta urna das grandes


finalidades da Encarnagáo: esta nao visa simplesmente a dar
á natureza humana o seu desenvoivimento completo, mas ten-
de a elevar essa natureza a um plano superior, no qual se
desenvolve a vida divina. Na verdade, para que o Batismo
cristáo hoje em día possa realizar essa regeneragáo, era ne-
cessário que Jesús, nascido da Virgem Maria, completasse
esse seu nascimento virginal mediante a ressurreigáo da carne
ou o triunfo sobre a morte que afetava a natureza humana
recebida de Maria. É o Cristo ressuscitado e glorioso que faz
o homem renascer para a vida eterna, comunicando-lhe a
vida divina que venceu a morte na carne gerada por Maria.
O nascimento virginal de Jesús é um sinal precursor da sua
ressurreigáo ou da sua plena conquista da vida que se deu pela
Vitoria sobre a cruz e a morte; é também um sinal precursor
do renascimento (batismal) dos cristáos para a filiagáo divi
na e a vida segundo a graga sobrenatural.

Donde se vé que nao sem motivo a Tradigáo crista sempre


viu um liame entre a conceigáo virginal e a ressurreigáo corpo
ral de Jesús: os dois acontecimentos se comp.ementam mu
tuamente, porque sao o inicio e a consumagáo, na carne, da
geragáo do timo de Deus.

3. O papel da mulher

1. A matemidade virginal de Maria concorre outrossim


para por em evidencia a importancia do papel da mulher na
obra da salvagáo do género humano. Urna mulher, sem con
curso de varao, assegmou a pertenga de Jesús ao genero nu-
mano; Jesús, em última anáhse, nao está ligado a este senáo
por meio de Maria.

Esta prerrogativa de Maria nao se realizou apenas no


plano fisiológico. Com efeito, narra o Evangelho que Maria
deu o seu consentimento á tlncarnagáo antes de conceber seu
Füho (cf. Le 1,38); o Sün de Maria proferido diante da Anun-
ciagáo do anjo foi um ato de colaboragáo com a obra divina de
salvagáo. Visto que esse Sun foi dito em nome de todo o gé
nero humano, urna mulher tornou-se entáo a representante de
todos os homens e de todas as mulheres no diálogo decisivo
entre Deus e a humanidade. Outorgando táó valiosa fungáo
a urna mulher, o Senhor Deus quis abrir o caminho á exalta-

— 476 —
VIRGIKDADE DE MARÍA 17

tagáo da mulher e mostrar a importancia que Ele atribuiría a


esta na Igreja.

2. Tal valorizacáo da mulher veio a ser tambím urna


ruptura das regras de pensamento ou da mentalidade dos
judeus, pois esta nao apreciava a virgindade e relegava a mu
lher para posicóes inferiores. Ora o Senhor quis supeiar esse
modo de ver tanto quanto as leis da natureza.

3. A maternidade virginal de María ainda a outro ti


tulo significa a exaltagáo da mulher. Sim; o Filho de Deus
assumiu a natureza humana escolhendo o sexo masculino.
Essa escolha podia parecer um privilegio concedido a um sexo,
em detrimento da participacáo do outro sexo na obra da sal-
vagáo. Ora, na verdade, o plano salvífico de Dsus incluía a
colaboragáo de ambos os sexos: a urna mulher María — o
Criador reservou a funcáo de representar o género humano
inteiro diante de Deus ou diante do anuncio da viuda do Sal
vador. Por isto já S. Ireneu (202) vía em María a nova
Eva, aquela que, mediante a sua fé e obediencia, se tornara
para a primeira Eva e para todo o género humano «a causa
da salvagáo> (Adv. haer. III 22,4; cf. «Lumen gentium»
n? 56). Dizendo Sim ao anuncio do anjo, urna mulher foi co
locada no inicio do desenrolar da obra da salvagáo. Essa pri-
mazia dada & mulher equilibra, de certo modo, a primazia
dada ao homem em Cristo. Assim o casal primitivo se encon-
tra de novo na obra da salvagáo: em Cristo vemos, com toda
a Tradigáo, o segundo Adáo (cf. Rom 5,14), e em María a
nova Eva. Unindo a Virgem-Máe e o Salvador seu Filho, o
Pai Celeste realizou a mais perfeita associagáo do homem e da
mulher que jamáis tenha ocorrido.

4. Nogóo positiva de virgindade

Muitos dos que rejeitam a virgindade de María, talvez o


facam por ter da virgindade urna idéia negativa.

Com efeito. Poder-se-ia pensar que a virgindade de María


é professada a fim de que se possa afirmar que Jesús nao teve
pecado; a geracáo carnal seria tida entáo como responsável
pela mancha original ñas criangas. Outros poderiam Julgar
que afirmar a virgindade de María significa afirmar a santi-
dade total de María ou a sua isengáo de pecado; as relagóes
conjugáis, no caso, seriam tidas como pecaminosas.

— 477 —
18 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

Ora remova-se qualquer destas duas concepgóes. A pu


reza e a santidade podem ocorrer também no matrimonio
cristáo. A pureza e a santidade podem ocorrer também no
matrimonio cristáo. A virgindade nao é, por si mesma, con-
digáo de preservacáo do pecado. Numa auténtica visáo crista,
a virgindade de María aparece em tres aspectos positivos:

1) A virgindade significa total abertura á a-jáo do Espi


rito Santo; em última análise, pode ser comparada a um ma
trimonio com o próprio Deus; nao conhecendo homern (como
diz o Evangelbo em Le 1,34), María estava destinada a estrei-
tar-se na mais intima uniáo com Deus. A esséncia da vida
virginal nao é, pois, a renuncia ao matrimonio, mas o matri
monio em seu nivel mais elevado. Alias, o próprio matrimo
nio entre duas criaturas (marido e mulher) tem seu prototipo
ou exemplar no amor que Deus dedica á criatura e que esta
lhe retribuí quando é fiel (vejam-se na Biblia o Cántico dos
Cánticos e a imagem do esposo e da esposa, muito freqüente
nos escritos profetices e no Novo Testamento: em especial,
cf. Ef 5,25-32).

2) A virgindade de María está vinculada também á


maternidade. Nao é privagáo de fecundidade, mas é fecundi-
dade concedida diretamente por Deus. Visto que, no plano de
Deus, a virgindade de María está toda orientada para a ma
ternidade divina, nao se deve exaltar urna em detrimento da
outra.

3) A virgindade de María está estreitamente associada


ao conúbio do homem e da mulher. Sim; embora fosse esposa
do Espirito Santo, María teve marido humano, pois isto era
exigido pelas circunstancias em que Jesús devia nascer e cres-
cer. Este fato significa bem que nao há oposigáo entre ma
trimonio e virgindade, como se aquele equivalessc a pecado e
esta a santidade. A virgindade nao empobreceu o coragáo e os
afetos de María; nao a impediu de conceber e desenvolver au
téntico amor de esposa para com José. Donde se vé que a
mais intima ádesáo a Deus nao sufoca o amor legitimo da
criatura para com as criaturas. De resto, a presenga de María
ñas bodas de Cana e a sua intervengao para obter o vinho
necessário á continuagáo da festa de nupcias confirmam a
orientagáo positiva da virgindade em relagáo ao matrimonio.
A atuagáo de María em Cana é sinal de que á virgindade toca
a missáo de sustentar o matrimonio c obter-lhe a graga do
auténtico amor.

— 478 —
VIRGINDADE DE MARÍA 19

5. O propósito cíe virginckrdo

As palavras de María ao anjo: «Como se fará isso, pois


que nao conhego varáo?» (Le 1,34) nao insinuam necessaria-
mente algum voto, mas bem possivelmente o propósito de vir-
gindade, ou seja, o desejo firme de entregar integralmente a
virgindade a Deus. Antes de dar consentimento ao anuncio
do anjo, Maria, com a sua interrogacáo, quis saber como se
conciliaria essa entrega total com urna mensagem que lhe
anunciava a maternidade. Urna tal afirmagáo de personalidade
feminina disposta a conservar-se virgem diante de urna pro
posta de maternidade feita pelo Senhor Deus é algo de táo
inédito e desconcertante para a mentalidade dos judeus que
difícilmente poderá ter sido inventada pelos primeiros cristáos
ou pelo Evangelista: um tal diálogo so pode ter sido referido
pelo Evangelho porque se impunha a partir dos acontecimen-
tos ou era o eco de um fato histórico.1

Da resto, um propósito de virgindade em Maria nao era


algo de totalmente inédito ou incompreensível para os judeus;
os essénios e, de modo especial, os monges de Qumran no li-
miar da era crista praticavam a virgindade e o celibato para
se entregar mais plenamente a oragáo e á uniáo com Deus; to-
davia é de reconhecer que constituiam excegóes e inovac.5es
dentro da mentalidade do Antigo Testamento, cujo ideal era
sempre a vida matrimonial.

No contexto dessa mentalidade, o propósito de virgindade


de Maria (que nao era essénia) é algo de supreendente. Ma-
nifesta, de maneira concreta, a ruptura entre a Antiga e a
Nova Alianca; escolhendo voluntariamente a vida una ou virgi
nal, Maria (e, com ela, a mulher crista) encontra novo modo
de auto-realizacáo. Após Maria, o ideal da virgindade deveria
ser intensamente cultivado na Igreja; é a resposta mais cabal
que o cristáo possa dar ao Senhor desde que tome conscién-
cia de que o Reino de Deus já chegou.

1 Alguns críticos tém procurado negar a historicidade dos retatos


da infancia de Jesús em Mt e Le, fazendo apelo a idéias ou mitos do
mundo helenístico que se teriam introduzido na mentalidade dos judeus
e dos cristáos do séc. I. — Ora é do todo improvávol tal Inflltracao de
Idéias heterogéneas em mentalidade táo ciosa de sua ¡denudada como
a dos judeus e a dos cristáos primitivos. Estes eram ciosos do mono
teísmo que professavam frente ao politeísmo dos pagaos. So a evidencia
de fatos históricos pode explicar os relatos de Mt e Le concernentes á
concelefio virginal de Maria.

— 479 —
20 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS* 180/1974

A respelto da virgindade perpetua de Maria expressa pela


fórmula «sempre virgem> (aeiparthénos), veja-se o próximo
artigo deste fascículo de PR referente aos chamados «irmáos de
Jesús».

Em conclusao, verlfica-se que a virgindade de Maria nao


é propriamente urna atitude de ascese (posteriormente, na his
toria da Igreja pode ser considerada tal). Nao se julgue que
signifique menosprezo da sexualidade ou do matrimonio. No
plano de Deus, a virgindade de María é, antes do mais, um ele
mento da obra da salvacáo, que se realizou mediante a Encar-
nacáo do Verbo ou do Filho de Deus. Ela ainda se prende
mais á identidade do.Salvador do que á de Maria, pois póe em
relevo a filiacáo divina de Jesús. A atitude de Maria que pela
virgindade se tornou a portadora de Cristo para o mundo,
veio a ser ponto de referencia para os cristáos, mesmo para
os que se unem em matrimonio; ela se reproduz diretamente
no celibato sacerdotal e religioso, como também na virgindade
consagrada a Deus. Eis o rico sentido que tem urna verdade
de fé que aos olhos da pensamento moderno tem parecido mí
tica ou ultrapassada. Na verdade, ela pertencs ao amago da
mensagem crista.

Na confecgáo deste artigo, seguimos de perto o de Jean Galot -


"Valore delta Verglnitá di Matia", em "La Civilta Cattollca" a 125 n? 2977
6/VII/1974, pp. 11-22.

ANO SANTO

PEREGRINADO A ROMA

1 a 29 de cbril de 1975

Visita aos santuarios de FÁTIMA —ÁVILA —LOURDES


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Térra Santa).
Organizada pelas Oblatas do Mosteiro de Sao Bento
do Rio de Janeiro.
Acompanhante: D. Leáo de Almeida Mattos O.S.B.
Informacoes e inscrigoes: Ir. Nicolau Müller O.S.B.
Llvraria "Lumen Christi" — Tel.: 223-4226, GB.

— 480 —
Exegese bíblica:

jesús teve irmáos?

Em símese: A expressfio "Irmáos de Jesús" h¿ de ser entendida


segundo as categorías da lingua hebraica antlga, que usava a palavra 'ah
para designar nSo somente o Irmáo, mas também o primo Irmflo ou algura
párente próximo. A Biblia oferece numerosos exemplos do emprego do
vocábulo 'ah em sentido ampio.

A leltura atenta dos Evangelhos dá a ver que Jesús nSo teve irmfios
em sentido próprlo ou que María nfio teve outros filhoe atém de Jesús.
Com afeito, só se encontra no texto sagrado a expressao "María e os
Irmaos de Jesús", nunca "María e seus fllhos"; Jesús é dito o fllho de
Maria {com artigo definido; cf. Me 6,3). Quando Jesús morre pregado k
cruz, confia sua mSe santfssima a JoSo, fllho de Zebedeu, e nSo a algum
de seus "irmSos" (cf. Jo 19,27). Aos 12 anos de Idade, Jesús peregrina
com seus pais a Jerusalém como füho único; se depois disto María teve
outros filhos, estes nunca poderlam ter tldo a autoridade que os irm&os
da Jesús manifestam ter sobre Jesús nos Evangelhos; cf. Jo 7,2-6;
Me 3,21.31-35.

Positivamente pode-se dizer que os "irmaos de Jesús" eram fllhos


de Cleofas ou Alfeu, Irmáo de S. José; por conseguinte, eram primos da
Jesús. Julga-ee que, após a morte de S. José, Maria se retirou com seu Divino
Fllho para a casa de seu cunhado, de sorte que as duas familias se
fundiram numa só; é o que explica aparecam tfio freqüentemente nos
Evangelhos María e os "IrmSos de Jesús".

Comentario: A questáo dos «irmáos de Jesús» volta fre


qüentemente á baila no diálogo entre católicos e protestantes:
María Santíssima, a Máe de Jesús, terá tido outros filhos, que
sejam irmáos de Cristo propriamente ditos? Ou está de pé a
antiga e ininterrupta afirmacáo da fé católica, seeundo a qual
Maria foi sempre virgem, reservada para ser Máe do Filho
de Deus feito homem? — Já abordamos o assunto em
PR 2/1957, pp. 25-28. Voltaremoa a fazé-lo, dando cunho
mais ampio á nossa resposta.

1. Os dados do problema

Sao sete as passagens do Novo Testamento que men-


cionam os irmáos de Jesns, sendo que um desses textos, logo

— 481 —
22 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

abaixo citado, se refere outrossim as Irmas de Jesús. O mais


expressivo é o de Me 6,3:

"Tendo Jesús pregado em Nazaré, sua cidade nata!, os ouvintes,


admirados, pergunlavam donde Lhe provinha tanta sabedoria, o acrescen-
taram: 'NSo ó ele o carpinteiro, o fitho de María e irmáo de Tiago, do
José, de Judas, de SimSo ? E as suas hrnSs nao estSo aqui entre nos?'"
(cf. Mt 13,558).

As outras mencóes de «irmáos de Jesús» encontram-se


em Me 3,31-35 (cf. Mt 12,46-50; Le 8,19-21); Jo 2,12; 7,2-10;
At 1,14; Gal 1,19; 1 Cor 9,5.

Os comentadores interrogam se os quatro nomes citados


em Me 6,3 constituem o número total dos irmáos de Jesús ou
se.'havia aínda outros. Nao se pode responder... Quanto as
irmás de Jesús, nao se sabe nem o número nem os nomes das
mesmas — sinal de que nao eram muito notorias entre os
antigos cristáos; noticias tardías propóem duas irmás, de nomes
incertos : María e Salomé, Ester e Marta, ou L'sia e Lidia...

Pergunta-se agora: qual a forma de parentesco vigente


entre essas pessoas e Jesús?

2. «Irmcfos» na linguagem semita

A expressáo «irmáos de Jesús» foi concebida originaria


mente nao em ambiente grego, mas no mundo semita. Os ha
bitantes de Nazaré, por exemplo, nao falavam grego, mas ara-
maico. É preciso, portanto, que procuremos avaliar o sentido
da palavra irmáo em aramaico. Ora em aramaico, como em
hebraico (linguas afins entre si), a paiavra «irmáo», 'ña, de-
signava nao somentc os filhos dos mesmos genitores, mas tam-
bem os primos ou até parentes mais remotos, pois tais linguas
eram pobres em vocabulario.

No Antigo Testamento, vinte passagens atestam o signi


ficado ampio de irmáo. Tenham-se em vista, por exemplo:

Gen 13,8: AbraJo dlsse a seu sobiinho Lote, fitho (¡o sou ¡rmáo:
"...Somos irmáos". Vejam-se outrossim Gen 14,14.16.

Gen 29,12.15: Jaco se declara i.máo de Labfio, quando na verdade


eia fllho de Rebeca, Irma de Labio. Este confirma o apelativo, embora
se traiasae de tío e sobiinho.

GSn 31,23 refere que Labáo com souo Irmáos, isto é, com seus pa
rentes de sexo masculino, <oi ao encalco de Jaco.

— 482 _
JESÚS TEVE IRMAOS? 23

1 CrAn 23,21-23: "Os fllhos de Merari foram MohoN • Mtnl. O»


flihos da Moholi foram Eleázaro e Cis. Eleizaro morreu sem tor fllhos.
mas apañas fllhaa; os fllhos da Cis, seus Irmáos (=ptlmos), as tomaran
por mulhares".

Vejam-se outrossim 1 Crón 15,5; 2 Crón 36,10; 2 Rs 10,13;


Jz 9,3; ISam 20,29...

Ora é de notar que a tradugáo grega do Antigo Testamen


to, realizada era Alexandria (Égito) anteriormente a Cristo,
usa nos textos citados a palavra grega adclphós, irmáo, embora
o grego possuisse vocábulos próprios para dizer primo e so-
brinho.

Disto se segué que, guando os antigos cristáos de lingua


grega falavam dos irmáos (adelphói) de Jesús, nao deviam
necessariamente entender filhos dos mesmos genitores, mas po-
diam estar designando familiares ou parentes menos chegados
a Jesús.

É preciso agora indagar em que sentido era realmente


entendida a expressáo «irmáos de Jesús» nos escritos do Novo
Testamento. É o que faremos por etapas.

3. «Irmáos de Jesús», nao «filshos tía María»

Há claros indicios no Evangelho de que os chamados


«irmáos de Jesús» nao eram filhos da máe de Jesús, mas pa
rentes em sentido mais ampio.

Levem-se em conta os seguintes textos:

3.1. Le 2,41-52

Jesús, aos doze anos, foi com José e María a Jerusalém,


participando da peregrinagáo de Páscoa. Essa viagem deve ter
durado cerca de quatorze días ao menos. Como se depreende
de Le 2, 43, José e Maria permanecerán! em Jerusalém durante
os sete días da festa;,ora isto permite dizer que Maria nao
pode ter deixado em casa e por tanto tempo filhos pequeños,
ou seja, irmáos de Jesús no sentido estrito da palavra,

Diga-se, porém, & guisa de hipótese: depois dessa peregri-


nacáo Maria gerou outros filhos. O mais velho desses irmáos

— 483 —
24 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

de Jesús tería entáo, no inicio da vida pública do Senhor, cer


ca de dezoito anos,1 ao passo que os outros seriam maís jo*
vens aínda. Ora o que os Evangelhos narram a respeito dos
irmáos do Senhor, nao permite que se atribua a estes idada
táo juvenil ou adolescente. Com efeito, a atitude auto.itária
ou tutelar dos «irmáos», para com Jesús, descrita em Me 3, 21.
31-35 e Jo 7,2-5,* no Oriente nao teria cabimento nem verosse-
melhanca se esses irmáos fossem mais jovens; sim, a msntaU-
daica judaica atribuía aos irmáos mais mojos um comporta»
mentó de reverencia para com o primogénito, como se deduz,
por exemplo, das palavras de Isaque a Jaco: «Sé o senhor
dos teus irmáos, diante de ti se curvem os filhos da tua máe!»
(Gen 27,29). Os homens autoritarios que se dirigem a Jesús
em Me 3 e Jo 7 deviam ser mais velhos do que o Senhor; por
conseguinte, nao eram filhos de María.3

3.2. Jo 19, 268

Jesús, ao morrer, confiou sua máe a Joáo, o discípulo


bem-amado. A única explicagáo plausível para este fato é a
que já os antigos escritores da Igreja propunham: María nao
tinha outro fiiho; dai a necessidade de entregá-la aos cuidados
de Joáo, filho de Zebedeu, membro de outra familia. Este gesto
do Senhor seria incompreensivel, se María tivesse outros filhos
em casa!

3.3. Outros textos

Note-se que nunca o Novo Testamento fala de filhos de


María e José. Somente Jesús é dito .«fiího (putativo) de José»4

1 jesús comecou a sus vida pública com a idade de trinla anos


aproximadamente (cf. Le 3, 23). Por ocasiáo da mencionada peiegrlnacáo
pascal, o mesmo jesús linha doze anos.
2 Me 3,21: "Quando os patentes de Jesús ouviram Isto, salram para
o segurar, porque dlziam: 'Esiá Iota de si'".
Jo 7,2-7; "Dlilgiram-se a Jesús os seus irmáos e Ihe dlsseram:
'Delxa este lugar e val para a Judéia, para que também os teus discípulos
vejam as obras que fazes. Porque ninguém h¿ que procure ser conhecido
em público e, contudo, realizo os seus feltos em oculto. Se fazes estas
cqlsas, manlfesta-te ao mundo'. Pois nem mesmo os seus limaos crlam
nele". .
3Sup0e-se sempre que María nbo teve Illho antes de Jesús — o
que é claro se se leva em conta o episodio da anunciagfio em Le 1,26-38.
■ . * Cf. Le 3,23: "Ao iniciar o sou ministerio, Jesús tinha cerca de
trlnta anos,.sendo Illho, como se supunha, de José". ■

— 484 —
JESÚS TEVE IRMÁOS?

fe «o filho dé-María» (com artigo)!1 Todavía em certas passa-


gens do Evangelho a expressáo «filhos de María» sería mais
natural do que «irmáos de Jesús», caso se tratasse propria-
mente de irmáos. Em Me 3,31-35, por exemplo, a repeticáo
«máe de Jesús... irmáos de Jesús» é estilísticamente monó
tona e pesada; mais lógico seria dlzer: «María e seus (outros)
fiihos». Também em At 1,14 seria mais compreensivel a fór
mula «... com María, a máe de Jesús e seus filhos».

Mais: a dureza de ánimo que os «irmáos de Jesús» de-


monstravam para com Jesús causou surpresa, se nao escán
dalo, aos antigos cristáos. Ora havia um meio muito oportu
no de explorar essa incompreensáo em favor do próprio Jesús.
Com efeito, os antigos fiéis (inclusive os Evangelistas) poáiam
ter citado o SI 68,9 como sendo urna profecía messlánica que
se cumpriu em Jesús... Na verdade, assim diz o salmista:
«Tornei-me um estranho para os meus irmáos, um desconhe-
cido para os filhos de minha máe» (SI 68,9).

Ora o Salmo 68 foi, sem dúvida, reconhecido como mes-


siánico; nao menos de dezoito passagens do Novo Tes.amento
o interpretan! em sentido messiánico. Nunca, porém, o v. 9
é utilizado para ilustrar a incompreensáo e dureza de ánimo
dos irmáos de Jesús. Note-se em especial que Mateus podia
muito naturalmente concluir o relato de Mt 12,46-50=, dizendo
que assim se cumpria o SI 68, 9. Pois bem; o único motivo
plausível e convincente para explicar tal silencio é que na
verdade o v. 9 do SI 68 nao se podia aplicar a Jesús e aos
aeus irmáos porque estes nao eram filhos da máe de Jesús.

3.4. "Até que..." (Mt 1,25) e "Primogénito" (Le 2,7)

1) Li-se em Mt 1,25: «José nao conheceu María (= nao


teve relagóes com María) até que ela desse á luz um filho
(Jesús)». Deste texto deduzem alguns comentadores que, de-

1 Cf. Me 6,3: "NSo é este o carpintero, o lilho da María, Irmfio


de Tíago, José, Judas e Slmfio ?" ¡
2 Mt 12,46-50: "Falava Jesús ao povo, e els que sua máe e seus
IrmBos estavam do lado de fora, procurando falar-lhe. E alguém Irte
dlsse: Tua mié e teus IrmSos estfio lá (ora e querem (alar-te1. Mas Ele
respondeu ao que Ihe dera o aviso : 'Quem é minha mSe e quem sao
rneus irmSos V É, estendendo a mfio para os discípulos, dlsse: 'Eis minha
mSé e meus IrmSos.' Porque quelquer que (izer a vontade de meu PaJ
coleste, esse é meu IrmSo, minha Irma e minha meta'".

— 485 —
26 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

pois do nascimento de Jesús, José teve relacóes conjugáis com


María. Tal interpretagáo, porém, nao leva em conta urna pe-
culiaridade da linguagem bíblica (semita): a expressáo até
que corresponde ao grego heos hoa e ao hebraico 'ad ki. Ora
sao conhetídas as passagens da S. Escritura em que essas par
tículas ocorrem para designar apenas o que se deu (ou nao se
deu) no passado, sem se indicar o que havia de acontecer no
futuro. Tenha-se em vista, por exemplo:

Gen 8,7: o corvo que Noé soltou após o diluvio, nao voltou
á arca «até que as aguas secassem». Significaría ísto que de-
pois do diluvio o corvo voltou á arca?

SI 109,1: Deus Pal convida o Messias a sentar-se á sua


direita «até que Ele faga dos inimigos do Messias o supedáneo
de seus pés». Quer isto dizer que, depois de vencidos os inimigos
no fim da historia universal, o Messias deixará de se assentar
á direita do Pai?

Ainda hoje na vida cotidiana nao se recorre a semelhante


modo de falar, quando por exemplo se diz: «Tal homem mor-
reu antes de ter realizado os seus planos» ou «antes de ter
pedido perdáo»? Poderia alguém concluir disto que, depois da
morte, o defunto executou os seus designios ou pediu perdáo?
Diz-se outrossim: «O juiz condenou o acusado antes de o ter
ouvido»; seria lícito deduzir destas palavras que o ouviu de
pois de o ter condenado? — Estes sao casos em que se faz
referencia ao passado, prescindindo do futuro. Tal locugáo
era freqüente entre os semitas e constituí, sem dúvida, a
base pressuposta do texto de Mt 1,25, como alias bem reco-
nhecem críticos protestantes do valor de Klostermann. Em
conseqüéncia, a traducáo mais clara da passagem de Mt 1,25
seria: «Sem que ele (José) a tivesse conhecido (isto é, tomado
em consorcio carnal, marital), ela (María) deu á luz...» Aná
logamente diríamos para explicar as frases ácima citadas:
«Tal homem morreu sem ter executado seus designios»; «o
juiz condenou o acusado sem o ter ouvido»; «as aguas do di
luvio secaram sean que o corvo regressasse ta arca».

2) Em Lo 2,7 está escrito: «María deu á luz o seu filho


primogénito, envolveu-o em faixas e deitou-o mima manjedou-
ra». — O Evangelista realga o caráter milagroso, virginal,
dessa natividade, fazendo notar que María mesma dispensou
os prlmeiros cuidados ao recém-nascido.

— 486 —
JESÚS TEVE IRMAOS? 27

O termo «primogénito» nao significa que a Máe de Jesús


tenha tido outros filhos após Ele. Em hebraico, bekor, pri
mogénito, podia designar simplesmente «o bem-amado», pois
o primogénito é certamente aquele dos filhos no qual durante
certo tempo se concentra todo o amor dos país; além disto,
o primogénito era pelos hebreus julgado alvo de especial amor
da parte de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor desde
os setas primeiros días (cf. Le 2,22; Éx 13,2; 34,19). A pala-
vra «primogénito» podia mesmo ser sinónima de «unigénito»,
pois que um e outro vocábulos na mentalidade semita de-
signam «o bem-amado». Tenha-se em vista, por exemplo,
Zac 12,10s:

"Derramare! sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jeru-


salém um espirito de graca e de oracSo, a eles voltario os seus olhos
para Mlm. Quanto áquele que traspassaram, chorá-lo-fio como se chora
um fllho unigénito; chorá-lo-áo amargamente como se chora um primo
génito".

Mesmo fora. da térra de Israel podia-se chamar «primo


génito» o menino que náp tivesse irmáo nem irmá mais jo-
vem; é o que atesta urna inscrigáo sepulcral judaica datada do
ano 5 a.C. e descoberta em Tell el-Yedouhieh (Egito) no
ano de 1922: lé-se ai que urna jovem mulher chamada Arsi-
noé morreu «ñas dores do parto de seu filho primogénito».
Note-se neste texto o modo de falar que observamos a res-
peito de Mt 1,25: «primogénito» vem a ser apenas o filho
antes do qnal nao houve outro, nao necessariamente aquele
após o qnal houve outros.

3.5. María com os "irmáos de Jesús"

Merece atencáo o fato de que María apareca freqüente-


temente nos Evangelhos em companhia dos «irmáos de Jesús»,
que nao eram seus filhos. Por que sempre em tal comitiva?

— A posigáo subordinada da mulher, no judaismo antigo,


explica que María nao se apresentasse sozinha em público, mas
geralmente acompanhada por próximos parentes de sexo mas
culino. Julga-se que José, esposo de Maria, tenha falecido
antes do inicio da vida pública de Jesús; em conseqüéncia, os
parentes de Maria movidos pelo forte senso de familia dos
orientáis se tornaram solidarios com ela, acompanhando-a em
público e compartilhando a sua solicitude e as suas preocu-
pacóes por Jesús.

— 487 —
28 ^PERPUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

Resta agora investigar qual o grau de parentesco que


unía a Mafia esse parentes ditos «irmáos de Jesús», nao, po-
rém, «filhos de María».

4. Quem eram os «irmáos» ?

Alguns textos do S. Evangelho fornecem pistas para


a resposta.

Com efelto, Mt 27,56 nos diz que, entre as mulheres qu3


assistiram á crucifíxáo de Cristo, estava María, máe de Tiago
e José:
"Eslavam ali, a observar de longe..., María de Mágdala, Marta,
máe de Tiago e de José, e a máe dos filhos de Zebedeu"; cf. Me 15,40.

Essa María, conforme Jo 19,25, nao é esposa de Sao José,


mas de Cleofas e, segundo a interpretado mais obvia, a irmá
de María, máe de Jesús:

"Estavam junta á cruz de Jesús sua máe, a Irm3 de sua máo, María
(esposa) de Cleoías, e María de Mágdala".

Pois bem; os nomes Cleofas e Alfeu designam a mesma


pessoa: Klopas parece ser a forma grega do apelativo ara-
maico Claplhai, ao passo que Alphaios ou Alfeu é a transcri-
gáo direta desse vocábulo aramaico. Como refera Hegesipo
(séc. II), o mais antigo historiador da Igreja, Cleofas ou Al
feu era irmáo de Sao José.

Cleofas, portante, e María de Cleofas eram os genitores


de Tiago e José; tinham um terceiro filho, Judas, o qual no
inicio da sua epístola se apresenta como irmáo de Tiago (este
Tiago só pode ser o filho de Cleofas, nao de Zebedeu), pois
nao era irmáo de oJáo Evangelista; confira-se Mt 13,55, onde
Tiago, Judas e José, nao Joáo, sao chamados irsnáos.

Quanto a Simáo, o quarto dos irmáos de Jesús, Hegesipo


o apresenta também como filho de Cleofas. Por conseguinte,
os quatro irmáos do Senhor seriam primos de Jesús por des-
cenderem de urna irmá de María Santissima, também chamada
María, irmá casada com Cleofas, irmáo de Sao José. Há
quem nao aceite que duas irmás, vivendo contemporánea
mente, tenham tido o mesmo nome «María». A dificuldade,
porém, perde. multo do seu peso se se levam em conta os cos-
tumes dos antigos: entre outros, pode-se citar o caso de Otá-
via, irmá do Imperador Augusto, a quál tinha quatro filhas

— 488 —
JESÚS TEVE IRMAOS? 29

vivas ao mesmo tempo: duas délas chamavam-se «Marcella»


sem cognome, e as duas outras «Antonia». O nome «María» era,
de resto, muito freqüente na Galiléia. — Outros ■ objetam que
María nao podía ter irmá, devia ser filha única, única her-
deira;isto explicarla que naja sido obrigada a tomar esposo,
e a escolhe-lo dentro da sua parentela, a fim de que a heran-
ca contínuasse em poder da mesma linhagem. Quem, na base
destes argumentos, nao queira admitir que María, esp :sa da
Cleofas, tenha sido irmá de Maria, esposa de José, poderá
muito bem interpretar o texto de Jo 19,25, atrás transcrito,
come se quatro, e nao tres, mulheres tivessem estado ao pé
da cruz; distinguir-se-iam entáo Maria máe de Jcs;s, a irmá
anónima desta, a seguir, Maria esposa de Cíeo'as, e Maúa da
Mágdala. Neste caso, os filhos de Cleofas aínda seriam ditos
com razáo «primos» de Jesús, pois Cleofas era irmáo de Sao
José, pai putativo ou legal de Jesús.

Eis, pois, como esquemáticamente se representaría o pa


rentesco vigente entre Jesús e «seus irmáos>:

Hell (Le 3,23)

María Cleofas ou Alíeu José Marta SS.

Tlago o Menor José Judas SimSo


(1? blspo de Jerusalém) Tadou (2? bispo
de Jerusalém) JESÚS CRISTO

Neste esquema fica aberta apenas a questáo: Maria, es


posa de Cleofas, era irmá de Maria, máe de Jesús?

O mesmo esquema explica bem as íntimas relacóes que


uniam as familias de Cleofas e Sao José : provavelmente este
Patriarca morreu antes do inicio da vida pública de Jesús,
como dito atrás. Parece entáo que Maria SS. se retiroucom
scu Divino Filho para a casa de seu cunhado, de sorte que as
duas familias se fundiram como numa só. — Outros pensam
que foi Cleofas quem primeiro morreu; em conseqüéncia, José
teria recebido em sua casa a viúva e seus filhos, primos de
Jesús.

— 489 —
30 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

A titulo de ilustragáo, seja ainda mencionada urna sen-


tenga que de pouca ou nenhuma probabilidade goza no assun-
to: os «irmáos de Jesús» seriam filhos de José nascidos de
um primeiro matrimonio do Patriarca. Este, viúvo e de certa
idade, se teria casado com María. Esta sentenga explicaría a
posigáo autoritaria que os «irmáos» (primos) de Jesús» assu-
miam em relagáo ao próprio Jesús, pois seriam semi-irmáos,
mais velhos do que Jesús. Todavía contra tal sentenga está
o fato decisivo de que a máe de dois desses irmáos do Senhor
(José e Tiago) ainda estava viva quando Jesús morreu na
Cruz.

Outra sentenga, de pouca autoridade, afirma que os «ir


máos de Jesús» eram filhos adotivos de Sao José. — Nao há
necessidade nem possibilidade de prolongado estudo desta sen-
tenga, que hoje carece de voga.

Em debates sobre o tema, é por vezes citado o texto de


Sao Paulo, 1 Cor 9,5 : «Nao temos o direito... como os outros
Apostólos, os irmáos do Senhor c Celas?» — Esta passagem
nao implica que os irmáos do Senhor devam ser excluidos do
grupo dos Apostólos; em tal caso, Cefas também nao poderia
ser considerado apostólo. Sao Paulo faz a tríplice enunciagáo
ácima apenas para realgar os graus de dignidade dos que com-
punham o grupo dos Apostólos : logo depois de Pedro (sempre
o primeiro na lista), vinham «os irmáos (primos) do Senhor»,
que gozavam de especial autoridade na Igreja antiga.

Estas consideragóes levam a concluir que a expressáo


«irmáos de Jesús» nao obriga a dizer que María teve outros
filhos além de Jesús. Pode-se mesmo afirmar que somente a
falta de conhecimento exato da linguagem bíblica e dos textos
concernentes ao assunto fundamenta a tese de que María foi
máe dos «irmáos de Jesús». O estudo preciso e objetivo das
Escrituras dissuade de tal sentenga.

Bibliografía:

PR 3/1957, pp. 25-28.


PR 6/1957, pp. 21-23.
J. Bauer, "Dlcionário de Teología bíblica" I. Sfio Paulo 1973, ver-
bate "Irmáos .de Jesús".
A. van den Born, "Dlctonérlo enciclopédico da Biblia". Petrúpolls
1971, verbete "Imifio".
Alglsi, Danosl, Moraldl, Rossano, Saldarini, "Introducfio á Biblia" • IV
(Evangelrtos). Petrópolls, 1972.
J. Blinzler, "Gesú ebbe fratelll e sorelle ?". Catanla 1971.

— 490 —
JESÚS TEVE IRMAOS? 31

APÉNDICE

John Wesley é o fundador da denominacáo protestante


chamada «Metodismo». Entre católicos, pouco se conhece a
figura desse cristáo, que teve urna alma ardorosa, desejando
restaurar «método» ou disciplina entre os evangélicos da In
glaterra. Wesley também fez declarac.5es admiráveis a res-
peito da fé e do amor cristáos. Após havermos tratado da
Virgindade de Maria nestas páginas de PR, parece oportuno
transcrever abaixo um trecho de carta dirigida por Wesley a
um católico romano, pois tais palavras mostraráo como a
Virgem SS. foi reconhecida e exaltada por protestantes antigos
(assim como aínda o é por muitos evangélicos contemporáneos
nossos) :

CARTA A UM CATÓLICO ROMANO

Dublin, 18 de julho de 1749

1. Ouvistes dez mil historias de nos, que somos comu-


mente chamados Protestantes. Se credes em apenas um
milésimo destas historias, deveis pensar muito mal de nos.
Mas isto é exatamente contrario ao preceito do Senhor:
"Nao julgeis, para que nao sejais julgados", e tem multas
conseqüéncias más, particularmente a seguinte: inclina-nos
a pensar mal de vos também. Portante, de ambos os lados,
somos menos prontos a ajudar-nos mutuamente e mais pro
pensos a prejudicar uns aos outros. Daí se destrói «completa
mente o amor fraternal; e cada grupo, encarando o outro
como monstro, dá lugar á ira, ao odio, á maledicencia, a todo
sentimento inamistoso, o que freqüentemente tem resultado
em barbaridades desumanas, quase desconhecidas entre os
pagaos.

2. ... Sejam acertadas ou erradas as nossas opiniSes,


os sentimentos ácima referidos certamente sao errados!
Constituem aquele camínho largo que conduz á destruicSo,
ao inferno mais profundo!

3. N5o suponho que toda a amargura e inimizade es-


tejam do vosso lado. Sei que há bastante do nosso lado
também; tanto que recelo que muitos Protestantes (assim
chamados) háo de irar-se contra mim, por escrever-vos desta

— 491 —
32 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

maneira e diráo: "Tu és favorável demais aos Católicos;


eles nao merecem tal consideracSo de nossa parte".

4. Mas eu creio que a merecéis. Creío que merecéis a


mais amável consideracSo que eu possa mostrar, mesmo por
que foi o mesmo Deus que criou ambos do pó da térra e
nos fez capazes de ama-lo e gozá-lo eternamente. Ademáis
o Filho de Deus comprou todos nos com o seu próprio san-
gue. Merecéis aínda esta ternura por serdes tenientes a Deus
(como, sem dúvida, mu itos o sao) e vos esforcardes por ter
urna conscléncia limpa de ofensa perante Deus e o homem."

Segue-se bela profissáo de fé conforme com o Símbolo


Niceno-constantinopolitano, na qual se le a seguinte passagem :

"7. Creio que Jesús de Nazaré é o próprio, natural


Filho de Deus, Deus de Deus, verdadeiro Deus de Deus, e
que é o Senhor de todos, tendo absoluto,' supremo e uni
versal dominio sobre todas as coisas; mas, de nos que nele
eremos, Ele é Senhor por conquista, por compra e por obrl-
gacáo voluntaria.

Creio que foi feito homem, unindo a natureza humana


h divina em urna só pessoa; sendo concebido pela obra sin-
guiar do Espirito Santo, nascldo da abencoada Virgem María,
que, tanto antes como depois de dá-lo a luz, continuou vir
pura e imaculada".

No momento, é o que nos interessa citar, pols estas pa-


lavras concorrem para mostrar como ficaram vivas entre os
protestantes certas verdades tradicionais do Cristianismo, e
como os irmáos separados estáo, por vezes, mais próximos
das origens do que parece."

1A carta de John Wesley ácima referida merece todo crédito de


áuteritlcldade, pols foi publicada pela revista "Em Marcha" da Igreja Me
todista do Brasil, em seu número de janelrcnnarco 1972, pp. 36-48. >

— 492 -.
Desta vez, no cinema:

"o exorcista"

Em slnleae: O filma "O Exorcista", Inspirado por um caso real,


ocorrldo em 1949, procura chamar a alencSo para a presenca e a atua-
cáo do demonio no mundo. Foi preparado e executado com & assessorla
de sacerdotes jesuítas. Reproduz o pensamento da tgreja, que na verdade
admite a posslbllldade da possessfio diabólica, mas insiste em que, diante
da fenómenos estranhos, se procuren) sempre expilcacSes médicas e cien
tíficas. Somente na falta . de qualquer destas, poderá o sacerdote ou o
fiel católico comecar a suspeltar de possessSo. diabólica (a qual, de resto,
é sempre acompanhada de blasfemia e espezlnhamento dos valores' mals
santos). Como mostra o filme, a Igreja nSo permite a realizagáo do exor
cismo sonSo a sacerdotes expressamente designados por um blspo para
esse mister. As figuras dos dois sacerdotes Merrin e Karras, que pratlcam
o exorcismo no filme, sao dignas : o autor da película evitou qualquer
caricatura ou nota grotesca, á dlferenca do que acontece em outros filmes
de Inspiracao pretensamente religiosa.

Pode-so dizer que o filme ó positivo para espectadores de pslqulsmo


equilibrado, a quem ele oferece notável testemunho de fé (principalmente
no papel do Pe. Merrln, a quem o Pe. Karras acaba seguindo). A película
é desaconselhável a pessoas excitadas ou sugestionáveis, como tambóm a
quem pouco entenda do assunto teológico em foco.

Será preciso acentuar, no comentario ao fume, que este tem seu3


méritos nSo pelo fato de apresentar um caso extraordinario de acfio dia
bólica, mas, slm, por reavivar a, consciéncla de que o demonio é "o pal
da mentira, homicida desde o inicio" (cf. Jo 8,44). O mal que ele desen-
cadeia no mundo, raramente é o da possessSo; multo mals freqüente-
mentó SatS é o responsável por certas expressfies diabólicas ou satáni
cas que caracterlzam a historia contemporánea: expressSes de inteligencia
requintada a servico da mentira, da hlpocrlsla e do ódlo, como sfio a lava-
gem de cránlo, os campos de concontracfio, as guerras injustas, os geno
cidios, a pornografía esmerada, o conculcamento da honra e do brío em vista
do lucro financelro, etc. — Se o filme conseguir desencadear urna reacSo
consciente dos nomens de bom contra tais males, terá cumplido bela missSo
nos días de hoje.

Comentario: No dia 11 de novembro pp., foi lancado em


seis cidades do Brasil o famoso filme «O Exorcista», correspon
dente ao romance-novela homónimo de William Peter Blatty.
Trata-se de urna prodiqáo da Wamer Brothers, sob a direcáo
cinematográfica de William Friedkin. Na produgáo do filme co-

— 493 —
34 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

laboraram artistas como Ellen Burstyn (no papel de Chris


MacNeil), Max von Sydow (no de Padre Lankester Merrin, o
exorcista), Jason Miller (no de Padre Damien Karras, psiquia
tra), a menina de doze anos Linda Blair (como Regan, posses-
sa); além do que, alguns sacerdotes jesuitas norte-americanos
participaram da filmagem, seja como atores, seja como conse-
lheiros técnicos.

O filme tem dividido a opiniáo pública: ao lado dos que


multo o apreciam, julgando-o fator de elevagáo a Deus e aos
genuínos valores sobrenaturais, há os que o censuram, por con-
siderá-lo fora de propósito ou violento demais. Diante da diver-
sidade de pareceres, procuraremos abaixo desenvolver algumas
reflexóes sobre a producáo cinematográfica «O Exorcista», do
ponto de vista teológico-pastoral.

A respeito do romance já publicamos um artigo em PR


173/1974, pp. 195-205. Editado em 1971, esse livro já tem urna
tiragem de mais de seis milhóes de exemplares somente nos
Estados Unidos; foi traduzido para dezoito idiomas.

1. O enredo

O filme se abre com belas cenas de escavagóes arqueoló


gicas no Norte do Iraque, onde um padre jesuíta, Lankester
Merrin, juntamente com urna turma de operarios árabes pro
cura desenterrar os vestigios de importante cidade antiga. A
figura do padre é a de um homem douto, que compreende os
problemas da populacao que o cerca.

A seguir, o espectador é transferido para os arredores de


Washington. Na casa da artista de cinema Chris MacNeil, que
tem urna filha de doze anos chamada Regan, ouvem-se estra-
nhos ruidos no sótáo. A menina se diverte com um tablado
«ouija», através do qual julga perceber respostas do falecido
capitáo Hodway. Aos poucos, o estado da menina vai-se agra
vando. .. Chris, sua máe, leva-a a médicos e psiquiatras, que
nao conseguem descobrir as causas dos surpreendentes sínto
mas que caracterizam a jovem paciente e seu quarto: convul-
sóes corporais, movimentacáo de cama e movéis, gritos...

Um belo día, morre o empresario Burke Dennings ao sair


de urna visita feita ao quarto da menina; morre com a cabeca
vóltada para tras, o que suscita suspeitas de intervengáo de
forca superior; o fato é associado a urna profanagáo de igreja
"O EXORCISTA" 36

e a «Missa Negra» ocorridas pouco antes. O investigador Kin-


dermann e a própria máe de Regan comecam a pensar em.um
fenómeno que ñas conversas dos amigos era chamado «posses-
sáo diabólica». Chris dirige-se entáo ao Pe. Damien Karras,
jesuíta, psiquiatra e professor de Universidade, a fim de que,
como sacerdote, vá atender a sua filha. O padre passava por
urna crise de fé e de vocacáo; além do que, sentía remorsos
por haver deixado sozinha sua máe nos anos da velhice. Karras,
descrente da possessáo diabólica, indicou a psiquiatría como vía
a ser tentada para aliviar a menina. A máe, porém, recusou
esta solucáo e insistiu em aplicacáo de exorcismo, ou seja, do
ritual próprio para expulsar de um possesso o demonio que o
infeste.

Diante de sintomas cada vez mais estranhos e alarmantes


apresentados por Regan, Damien Karras resolve ir pedir ao
bispo a autorizagáo para praticar o exorcismo. O prelado entáo
designa para tanto um jesuíta anciáo e experimentado: o Pe.
Merrin. Este, sabedor da incumbencia, dispóe-se a executá-la;
em casa de Chris entra no quarto da paciente, e ora com fervor
na presenga de Damien Karras, que participa das preces com
semblante perplexo. É este o episodio mais violento do filme;
Regan reage com voz masculina e blasfema; entra em levitacáo
enquanto os dois sacerdotes ordenam ao demonio que se retire.
Finalmente o Pe. Merrin, depois de urna pausa, retoma a sos o
exorcismo; mas aparece morto, vitima do exercicio de sua
missáo. Quando entra no quarto e vé seu colaborador falecido,
o Pe. Karras enche-se de fé e brio, e desafia o demonio para
que se apodere dele, sacerdote, e deixe a menina. Sem demora,
Damien Karras é arremessado pela janela, rola por alta escada
e caí na rúa. Ai, em meio á gente que se acercou, outro sacer
dote dá a absolvigáo sacramental a Karras arrependido, que
assim morre. Os dois padres, Merrin e Karras, portante, pere-
cem no desempenho de sua tarefa sacerdotal: o segundo, Kar
ras, resgata assim o seu ceticismo e termina nobremente a sua
vida oscilante. — É de notar que o Pe. Karras nao se suicida,
mas morre heroicamente no desempenho do seu ministerio
sacerdotal.

No final, Chris e Regan, máe e filha, partem em viagem,


sendo que Regan se mostra sadia, liberta do demonio e esque-
cida dos males que havia padecido.

O filme assim apresentado suscita numerosas interroga-


cóes nos espectadores. É as principáis das mesmas que dedica
mos agora a nossa atencáo.

— 495 —
36 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

2. ' Possessaó (diabólica em tiiscusscb

Já que o filme aborda «possessáo diabólica», voltamo-nos,


antes do mais, para este fenómeno como tal.

2.T. O fundo de cena Imedlato

William Peter Blatty declarou repetidamente que se inspi-


rou, para escrever o seu romance, num episodio ocorrido em
1949 com um rapaz de quatorze anos residente em Mount Rai-
nier, Maryland. Com efeito, no quarto do jovem percebiam-se
fenómenos estranhos, como queda de cadeiras, mo;áo de mó-
veis, passos misteriosos..., além do que sinais vermelhos se
produziram na pele do rapaz. Foram consultados médicos e au
toridades religiosas, que nao encontraram explicacáo para os
fatos. Diante disto, um sacerdote, devidamente autorizado por
seu arcebispo, procedeu ao exorcismo, que se protraiu por
quase dois meses, com relutáncia do paciente, que blasfemava
e se debatía.

Finalmente, depois de ler algo a respcito de um caso seme-


lhante ocorrido em Wisconsin, o padre obrigou o menino a usar
urna corrente com medalhas e prendeu-lhe um crucifixo na máo
durante o exorcismo. O jovem reagiu mais violentamente, de
sorte que só pode ser dominado por cinco pessoas. Mas, ao ter
mo de um espasmo, o demonio se denunciou através dos labios
do menino, e deixou-o. Hoje o rapaz conta 39 anos de idade;
casou-se e nao se recorda, em absoluto, do que lhe ocorreu
durante os tres táo estranhos meses de sua adolescencia.

Ora, quando aluno da Universidade de Georgetown, Wil


liam Peter Blatty tomou conhecimento desse episodio; altamen
te interessado pelo assunto, resolveu, depois, escrever um ro
mance que de certo modo divulgasse o caso.

Perguntamo-nos agora:

2.2. Mas existe possessaó diabólica?

— Por «possessáo diabólica» entende-se a presenga do de


monio em determinado corpo, presenga em virtude da qual o
Maligno domina esse corpo e, mediante o corpo, as facuidades
psíquicas do possesso. Em relacáo á alma, o demonio é apenas
um movente extrínseco; só age sobre a alma na medida em que

— 496 —
"O EXORCISTA" 37

ela depende do corpo. O possesso apresenta síntomas multo se*


melhantes aos da histeria (convulsóes, clamores, linguagem
estranha, impetos de furor...); estes sintomas sao geralmente
acompanhados de evidente revolta contra Deus, desafio ao
Senhor, blasfemia, imoralidade fortemente obscena, falsas eren-
cas. .. A possessáo nao tem necessariamente significado moral,
isto é, nao decorre obrigatoriamente de pecados graves come
tidos pelo paciente.

1. Observa-se agora: em 1949, quando se deu o episodio


de Maryland atrás mencionado, nao se conheciam os recursos
da psicocirurgia, da arteriografia e da parapsicología que hoje
poderiam talvez explicar sem intervengáo do Além o caso do
jovem «possesso». Sendo assim, pergunta-se: nao se poderiam
reduzir todos os episodios de «possessáo» até agora conhecidos
a estados psicopatológicos?

— Em resposta, distinguiremos entre aquilo que os Evan-


gelhos narram e o que outras fontes posteriores nos descrevem.

a) Com efeito. Os Evaogelhos supóem nao somente a exis


tencia do demonio, mas também o fato mesmo da possessáo
diabólica; cf. PR 174/1974, pp. 246-257.

Jesús distingue entre enfermos e possessos, como atestam


as seguintes passagens:

Mt 10,8: "Cural os enfeimos, ressuscital os morios, purifica) os le-


prosos, expulsa! os demonios. Dai gratuitamente o que de graga rece-
bestos".

Me 16,17s: "Els os prodigios que acompanharfio os que crerem.:


em meu nome expulsaráo os demonios, falarSo Ifnguas novas ImporSo
as mSos sobre os doentes e estes ficarSo curados".

Jesús procedeu muito diversamente em presenca de um


doente e em presenca de um possesso, mesmo quando doentes
e possessos apresentavam os mesmos síntomas : tenham-se em
vista, por exemplo, a cura do surdo-mudo em Me 7,32-35 e o
exorcismo aplicado ao possesso mudo em Me 9,17-29.

Talvez alguém diga que Jesús e os Evangelistas, ao falar


de possessáo, se acomodaram aos conceitos simplórios do povo
de" sua época, que atributa as doen;as a intervenejio diabólica.

Observe-se, porém, que essa acomodacáo equivaleria a con


firmar um erro — e erro importante. Ora Jesús veio precisa-

— 497 —
38 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

mente para dar testemunho da Verdade : «Nasci e vim a este


mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da
verdade, ouve a minha voz» (Jo 18,37; cf. 14,6). Jesús tratava
de dissipar as ilusóes dos discípulos nao só no tocante as expec
tativas messiánicas, mas também em outros setores. Tenha-se
em vista, de modo especial, o caso do cegó de nascenca: os
discípulos perguntaram ao Senhor se ele ou os pais dele tinham
pecado, de modo a explicar a cegueira em foco; Jesús entáo
dissipou o erro comum segundo o qual toda doenca era conse-
qüéncia de um pecado pessoal ou da familia do enfermo; cf. Jo
9,1-3. Ora Cristo que em tal caso assim procedeu, nao teria
confirmado sistemáticamente urna concepcáo popular errónea
concernente a possessáo diabólica.

Sobre estes dados bíblicos se fundamenta sólidamente a


crenca crista na existencia do demonio e da possessáo diabólica.
Os textos bíblicos interpretados pela constante tradigáo crista
sao suficientes para justificar e recomendar essa crenga.

b) Quanto aos relatos nao bíblicos que através dos sáculos


referem casos de «possessáo diabólica», pode-se admitir que
muitos deles nao narrem senáo fenómenos patológicos, outrora
misteriosos, mas hoje explicáveis pela ciencia. Isto, porém, nao
quer dizer que em absoluto nao haja mais ou nao possa
haver possessáo diabólica. A Igreja exorta os sacerdotes
e fiéis a que nao admitam, sem graves razóes e síntomas, a
possessáo diabólica; os fenómenos extraordinarios ocorrentes
com pessoas ou coisas háo de ser explicados, antes do mais,
mediante o recurso á medicina e á parapsicología; somente
quando nenhuma explicagáo científica esclarece tais fenómenos
é que se pode pensar em possessáo diabólica; esta, alias, quando
ocorre, é caracterizada por blasfemias, desafio a Deus, acinte
em relagáo aos valores mais santos... (sem o que, nao se de-
veria falar de possessáo diabólica).

2. Ora o caso narrado pelo romancista William Peter


Blatty e levado para o cinema sob o titulo «O Exorcista» tem
as características de possível possessáo diabólica : total inepcia
da ciencia (arterlografia, neurocirurgia, psiquiatría...) para
explicá-lo, e violento desafio a Deus juntamente com espezinha-
mento das coisas mais santas por parte da pessoa possessa (ou
do ser que por ela fala). O autor procurou informar-se crite-
riosamente a respeito das notas típicas daquilo que, no pensa-
mento da Igreja, se chamarla «possessáo diabólica».
"O EXOItCISTA" 39

O cristáo nao se deve preocupar com tal fenómeno como


se fosse freqüente ou como se houvesse mteresse em andar á
procura de casos de «possessáo*. Esforce-se por viver digna e
fielmente a sua vida crista; fuja do pecado e pratique o bem, e
por certo nao terá que se importar com o fenómeno extremo
da «possessáo diabólica».

Sao estas algumas reflexóes que logo de inicio se devem


propor ao se abordar o filme de William Peter Blatty. A sua
finalidade, de um lado, é despertar a consciéncia dos homens
para a realidade do demonio, mas, de outro lado, o filme nao
tenciona suscitar obsessáo ou terror nos espectadores, de sorte
que os fiéis doravante vivam atemorizados pelo demonio, jul-
gando poder descobrir a sua ac.áo em qualquer dor de cabega,
molestia ou desgraca da vida cotidiana...

Póe-se agora nova indagacáo :

3. Que dizer óo filme?

Examinando a película «O Exorctsta» do ponto de vista


teologice-pastoral, podemos distinguir no mesmo aspectos posi
tivos e aspectos negativos:

3.1. Aspectos positivos

Sejam considerados os cinco seguintes :

3.1.1. O "ordinario" em vez do "extraordinario"

O filme «O Exorcista», embora afirme a existencia da


possessáo diabólica, lembra eloqüentemente que nao se deve ad
mitir esse fenómeno com facilidade ou sem válidas razóes. As
situacóes anormais psicossomáticas tém que ser submetidas,
antes do mais, aos criterios da medicina e das ciencias huma
nas; o sobrenatural há de ser demonstrado ou comprovado, nao
devendo jamáis ser suposto gratuitamente.

No livro, o autor chega mesmo a atribuir ao Pe. Merrin


dizeres de elevada sabedoria, que assim se podem resumir: o
demonio ataca o homem mais freqüentemente por vias tidas
como «ordinarias» do que por vias extraordinarias; disseminan-

— 499 —
40 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

do o odio, as guerras, as malevolencias mesquinhas, as palavras


cruéis e mordazcs, o vilipendio dos valores humanos (dignida-
dc, brio, castidade...), o primado do dinheiro e do consumo...
é que Satanás atua mais comumente neste mundo (cf. «O Exor-
cista> p. 296s).

Infelizmente esta passagem do livro nao é explícitamente


reproduzida no filme nem talvez seja devidamente valorizada
pelos leitores do llvro. Eis por que a transcrevemos aqui:

"Morrfn continuou mals devagar e com um sussurro de Introspeccfio:


'Ele sabe... o demonio sabe onde atacar... Há tempos desespere!
de amar o próximo. Certas pessoas... me repugnavam. Como poderla
emá-las? pensei. Isto me atormentava, Damlen, me levou a desesperar de
mkn mesmo... e asslm, em breve, já desesperava de Deus. Minha fó
ficou abalada...'

Karras levantou os olhos, com fnteresse, para Merrln.


— 'E que aconteceu ?', perguntou.
— 'Ah... por flm percebi que Deus nunca exigirla de mlm o que
sei que é psicológicamente Impossível, que o amor que Ele quería estava
na minha vontade e que nfio podia ser sentido, sob hlpótese alguma, como
emocSo. Sob hlpótese alguma. Ele me pedia para agir com amor; que
eu procedesse asslm com os demals. Inclusive com os que me repugna
vam, o que se me aflgura como um ato de amor aínda malor do que
qualquer outro'. — Sacudiu a cabeca. — 'Sel que tudo isso deve parecer
bem obvio, Damlen. Eu sei. Mas naquele tempo eu nao conseguía ver.
Estranha cegueira! Quantos maridos e esposos — declarou tristemente —
de cario creem que deixaram de amar, porque seus coracSes já n9o
batem mals forte ao contemplar o objeto de seu amor I Ah, meu Deus 1'
— Sacudiu a cabeca, e por flm anuiu. — 'É nlsso que eu acho que
consiste o endemonlamento, Damlen... nSo em guerras, como alguns ten»
dem a crer; nem tanto asslm; e mullo raramente em IntervencSes extra
ordinarias «orno esta... a desaa menina... dessa pobre crlanca. Nao, eu
o 'encontró com mals freqüéncla ñas pequeñas coisas, Damlen: ñas ma-
levolftnclas absurdas, mesquinhas; nos desentendimentos, na palavra cruel
e mordaz que vem espontáneamente á llngua entre amigos. Entre aman
tes. Basta I3so — murmurou Merrln — e nao temos necessldade de que
Sata o-ganlze nossas guerras. Destas nos mesmos nos encarregamos...
nos mesmos...»»

Do Interior do quarto oontlnuava a vir o canto cadenciado. Merrln


ergueu os olhos para a porta e prestou um pouco de atencSo.

'E no entanto até dlsso... até do mal... resulta o bem. De oerto


modo. De certo modo que nos talvez nunca possamos compreender ou
sequer onxergar! — Merrln fez urna pausa. — 'Pode ser que o mal seja
o cadlnho do bem, clsmou. — E pode ser ató que Sata... Satfi, aoesar
de si mesmo... de certa maneira sirva ao* designios de Deus'" (p. 2969).

10 negrito é nosso.

— 500 —
"O EXORCISTA" 41

Este diálogo entre os Padres Merrin e Karras, no livro, ue


reveste de importancia capital, pois concorre para estabelecer
a escala dos valores e o equilibrio ñas perspectivas dos leitores.
Sem dúvida, mais importante para um cristáo é livrar-se do
odio e das malevolencias do dia-a-dia do que diagnosticar pos-
sessáo diabólica; o satanismo dos campos de concentracáo, das
lavagens de cránio, da perversáo dos costumes, da pornogra
fía. .. é muito mais evidente do que o dos casos patológicos
nos quais ás vezes se supóe asáo direta e extraordinaria do
demonio. Possa o público cristáo compenetrar-se vivamente
desta verdade e deduzir dai as devidas conclusóes práticas! O
principal fruto a ser extraído de «O Exorcista» (romance e
livro) deveria consistir neste tópico.

3.1.2. Psiquiatría e fé

O filme também dá a ver que psiquiatría e fé se comple-


mentam; o médico e o sacerdote tém funcóes convergentes a
exercer em favor de seus irmáos sofredores. Todavía psiquia
tría e religiáo se distinguem claramente urna da outra; a reli
giáo nao é urna forma extremada ou especial de psiquiatría; ela
visa, antes do mais, a religar o homem com Deus — o que re
dunda em louvor para o Criador e plenitude de vida para a
criatura. Acontece, porém, que a religiáo, religando o homem
com Deus e colocando o ser humano no seu lugar certo perante
o Criador e as demais criaturas, concorre poderosamente para
tranquilizar e aliviar o psiquismo humano. Bem dizia S. Agos-
tinho : «Tu nos fizeste para Ti, Sonhor, e inquieto é o nosso
coragáo enquanto nao repousa em Ti» (Confissóes I 1). Con-
tudo os meios pelos quais a religiáo tranquiliza os fiéis, nao sao
meios psicoterápicos como tais, mas a graca de Deus e seus
cañáis sacramentáis (principalmente a Penitencia e a Eucaris
tía) ; dando gloria a Deus pela conversáo de sua vida ao Senhor,
o homem se pacifica interiormente.

3.1.3. Fidelidade ao pensamento da Igreja

Na apresentagáo do fenómeno da possessáo, o filme supóe


estudos cuidadosos da parte dos respectivos produtores. É o que
diferencia «O Exorcista» de outras filmagens referentes á reli
giáo : enquanto estas nao raro deturpam ou caricaturam os va
lores religiosos, «O Exorcista» os respeita e realca reverente
mente.

— 501 —
42 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

W.P. Blatty informou-se das cautelas que a Igreja aplica


antes de pensar em admitir possessáo diabólica em algum caso :
é preciso, sim, tentar as possibilidades de explicagáo científica.
Mostrou também que somente com delegagáo do seu bispo pode
um sacerdote proceder ao exorcismo (realmente, segundo o Di-
reito Canónico, nao é qualquer padre que pode realizar o exor
cismo solene). A Igreja nao suprimiu o exorcismo que fazia
parte do Ritual do Batismo, mas reduziu-o a fórmula mais
breve, visto que era extenso no antigo Ritual. Quanto á Ordem
menor do exorcista, ela já nao existe como tal, mas a faculda-
de de praticar o exorcismo faz parte dos poderes sacerdotais a
ser exercidos com licenca do bispo.

3.1.4. Os sacerdotes no filme

Ao apresentar a figura do padre, a película é construtiva.


Os dois sacerdotes mais em foco sao tipos humanos que, cada
um do seu modo, correspondem ao ideal sacerdotal: Lankester
Merrin é um arqueólogo e missionário, homem dedicado aos
estudos e á cura de almas; mostra-se zeloso e imbuido de espi
rito de fé. O outro, Damien Karras, é notoriamente criatura
de carne e osso : traz o problema subjetivo de nao haver dado
o devido amparo a sua genitora; além do que, os estudos de
psiquiatría contribuem para abalar-lhe a fé e a vocagáo *; de-
pois de se comportar com certo ceticismo em relacáo ao sobre
natural, termina sua missáo cheio de fé e brío, oferecendo-se
ao Maligno para aliviar máe e filha, ou seja, Chris e Regan;
morre vítima do seu zelo pastoral, após libertar a menina e,
ainda em seus últimos instantes, recebe a absolvicáo sacramen
tal de suas faltas anteriores (das quais ele se mostra arrepen-
dido).

Os outros sacerdotes que integram o enredo do filme, sao


personalidade que traduzem a fidelidade á sua vocacáo.
Compare-se, alias, com este tratamento o que Zeffirelli dá ao
Papa, ao bispo de Assis e aos clérigos na sua obra «Irmáo Sol,
Irma Lúa» : o produtor italiano caricaturou, desfigurando a
realidade histórica.

1A psiquiatría por si coaduna-se perfeltamenie com urna visfio de


té crlstfi; os estudos serlos nSo perturban* necessariamente a fé. No
caso de Karras, Isto se deu em vlrtudo do condlclonamento próprio dessa
pessoa.

— 502 _
"O EXORCISTA" 43

3.1.5. Obscenidades

As obscenidades no filme sao reduzidas quase somente a


palavróes ingleses, que, de resto, a dublagem brasileira so re-
produz era pequeña escala. A cena de masturbagáo com um
crucifixo é representada com toda a discricáo, de modo a ser
perceptível mais através das palavras do que das imagens.
— Vé-se que, assim procedendo, os produtores fizeram questáo
de nao explorar o vulgar e grotesco, mas tencionaram polarizar
sempre a aten^áo do público para o conteúdo serio do filme.
Esta sobriedade no tocante ao obsceno e grotesco, em «O Exor-
cista», é nota rara no cinema. Geralmente os filmes apresen-
tam alguma cena erótica ou nudista; até mesmo «Irmáo Sol,
Irma Lúa» de Zeffirelli tem ssu quadro de nudismo protraido
além do necessário.

Propondo a masturbagáo entre as expressóes da possessáo,


o autor quería evidenciar o que esta tem de acintoso e blasfe
mo : um crucifixo (objeto santo para a fé crista) seria o instru
mento de um ato bestial e desarrazoado. O demonio, em última
análise, é isso : a inteligencia voltada para a mentira e o odio.

Consta de noticias da imprensa internacional que os tragos


do filme «O Exorcista» até aqui recenseados tém beneficiado
nao poucos espectadores; estes declararam ter-se aproximado
de Deus e da fé através do enredo da película. Naturalmente.
ao lado destes, há os que se sentiram prejudicados pela pelí
cula. É por isto que passamos a enunciar também

3.2. Aspectos negativos

Os produtores julgaram que deviam retratar a possessáo


diabólica com toda a veeméncia de suas expressees possíveis
e imagináveis. Detiveram-se na filmagem de cenas apavorantes,
caracterizadas por gritos, voz tétrica, ruidos estrondosos, ma-
nifestagóes de malicia e outros fenómenos aptos a impressionar.
Quiseram assim sugerir urna nopáo aproximada do que sejam
a maldade e o poder de deboche do demonio... A intenoáo é
compreensivel, mas nao há dúvida de que a acentuacáo de tais
fenómenos tende a abalar os ñervos e a resistencia psicológica
dos espectadores.

Note-se, porém, que diversas foram as reagóes suscitadas


no público pelas cenas de terror do filme. Enquanto nos Esta-

— 503 —
44 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

dos Unidos provocaram histeria e desatinos mentáis, na Alema-


nha causaram, antes, risadas e gargalhadas! Donde se vé que
os efeitos produzidos pelo filme dependem, em grande parte,
do tipo de público ao qual ele é apresentado; é certo que urna
pessoa (ou urna coletividade) nervosamente abalada, vítima de
problemas psicológicos, se sentirá estimulada pelo filme a pen
sar mais aínda em sua problemática, tentando enquadrar tal
ou tal caso concreto dentro do enredo da película; os especta
dores predispostos seráo entáo prejudicados pelo filme. Ao con
trario, um espectador de tempera forte e serena olhai'á para as
cenas de «O Exorcista» com toda a calma, consciente de que
está diante de urna produgáo cinematográfica, artificial, e nao
diante da realidade. Esta nao há de ser necessariamente aquilo
que o filme apresenta, se o espectador sabe ser calmo, senhor
de si e, principalmente, fiel á graca de Deus e aos valores
moráis.

No Brasil, dada a predisposigáo de grande número de pes-


soas á sugestáo e as reagóes dai decorx'entes, o filme pode ser
desaconselhável a determinadas faixas do público (máximo se
nao sao devidamente preparadas para assistir á película). Um
cristáo de boa formacáo, como também urna pessoa de sadio
equilibrio psíquico bem preparada, poderáo ver no filme valo
res positivos e impressionante testemunho de fé.

Na verdade, é preciso que os sacerdotes, mestres e respon-


sáveis, ao comentar «O Exorcista», se esforcem por mostrar
aos seus ouvintes que a tónica do filme nao está em apresentar
fenómenos estranhos e sugerir que eles ocorrem freqüente-
mente por intervengáo do Maligno. Infelizmente esta maneira
de encarar a película é a mais comum entre os espectadores
nao preparados; vem a ser, em muitos casos, daninha, porque
excitante ou enervante. Mas a contribuigáo positiva do filme
consiste em despertar as consciéncias para a presenca e a agáo
do Maligno no mundo; como ser perspicaz (ao qual Deus, em
sua sabia providencia, concede interferir na historia), o demo
nio sabe onde e como agredir os homens : é principalmente naa
realidades ditas ordinarias e cotidianas que se verifica a sua
atuagáo. Com efeito, Satanás é a inteligencia lúcida a servigo
da mentira e da caricatura, é'a vontade a servigo do odio, do
sarcasmo e do deboche. Pois bem; pode-se dizer que hoje em
dia há manifestacóes de mentira e odio extremamente «inteli
gentes» (espertas, sagazes, ladinas) e requintadas, as quais de

— 504 —
"O EXOKCISTA" 45

vez em quando sao ditas «satánicas» ou «diabólicas» '. É, por-


tanto, para tais fenómenos de inverdade e odio que se deveria
chamar a atengáo do público em geral e do brasileiro em es
pecial; a pornografía, que conculca brío, dignidade, amor, ma
trimonio e familia, para que alguns grupos financeiros possam
ganhar mais dinheiro, é algo de sórdido e satánico. O acinte
com que se pretende apresentar o mal (o morticinio, a fraude,
o deboche, a desonestidade...) como algo de relativo ou mes-
mo como algo de bom, é outra expressáo de satanismo em nos-
sos días. As torturas, as lavagens de cerebro, os campos de
concentracáo, as guerras injustas motivadas por interesses
económicos, os genocidios, os deslocamentos de populacóes e
muitos outros flagelos da historia contemporánea dcveriam
provocar, da parte do público cristáo cbnscientizado, urna rea-
gao positiva em prol de mais amor, mais altruismo, mais res-
peito á pessoa humana, mais honestidade, mais aprego da
verdade, mais senso de responsabilidade, etc. Possa o filme «O
Exorcista» realmente suscitar tal resposta por parte do pú
blico brasileiro! Possa polarizar a atengáo de todo3 os especta
dores para a necessidade de um saneamento moral de nossa
sociedade, mediante o esforgo generoso de cada um! Possa
dissipar as crendices e falsas atitudes religiosas para provocar
auténticas atitudes de fé e de amor atuante em nosso Brasil! Se
«O Exorcista» lograr tais resultados, poderemos dizer que, mais
urna vez na historia dos homens, o mal serviu ao bem ou a
apresentacáo do mal desencadeou mais presenta e expressáo
do bem!

A guisa de referencias bibliográficas, citamos

o Jornal sulco "Orlentlerung", a. 38, n? 17, 15/IX/74, onde ha artlgos


de KarI Rahner, teólogo, e do psicólogo Eugono Kennedy ;

a revista argentina "Criterio", a. 48, rfi 1698, 22/VIII/74 : "Documen


tación — El exorcista : espacio para el diabo", pp. 464-467.

1 Sem querer |ulgar as consclonclea, transcrevemos aqui urna noticia


colhtda na revista "Criterio" citada na bibliografía deete artigo, p. 466:

O falecido diptomata Inglés Sir Ivonne Klrkpatrlck, ñas memorias do


seus tempos de embaixador em Berlim (1937-1938), escreveu a respelto
de Adolf Hlller: "Parecía estar envolvido em urna aura de tSo implacévol
maldade que quem se Irte sentasse parto sentía opressSo e peso". Na
base desta experiencia, Slr Klrkpatrick observa que pedlu suplentemente
nao the Impusessem as funcoes de secretado por ocasiSo de urna das
últimas entrevistas ocorrldas entre Chamberlain e Hitler.

— 505 —
46 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

APÉNDICE

O PRONUNCIAMENTO DA CNBB

A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, em Boletim


de Imprensa datado de 13/XT./74, publicou a seguinte nota
concernente ao filme «O Exorcista» :

"O fenómeno que o filme 'O Exorcista' vem despertando


no mundo inteiro, merece algumas consideracóes serenas,
com as quais se desejaria facilitar urna correta apreciagáo
da película e das suas repercussóes:

1. Nao se deve fazer de 'O Exorcista' o que ele nao é.


E ele cortamente nao é um filme definitivo — como o livro
em que se apoiou, também nao o é — sobre os fenómenos
de que trata, a saber, a possessáo diabólica e o rito do
Exorcismo. Cortamente o espectador será levado a fazer
numerosas perguntas; e oxalá entre em contato com bons
conhecedores de Teología, de Psicología, de Psícopatologia
e de Parapsicología, para obter elementos objetivos de res-
postas.

2. A seu favor, o filme de William Friedkin contém a


circunstancia de aflorar o problema da existencia do Mal no
mundo, bem como de mencionar a limitacáo da ciencia e da
técnica humana. Além disso, coloca em destaque, como dado
eminentemente positivo, o sentido de doagáo que representa
o sacrificio de dois padres católicos pela salvagáo da menina
possufda. A morte dos dois religiosos é o resultado de um
sacrificio pessoal e amoroso que só encontra plena justificagao
numa assimilagáo heroica e entranhada da caridade tal como
Cristo a pregou e vivenciou. Os exorcismos apresentados no
filme correspondem, em sua corregió, á forma clássica do
rito tal como é aplicado na Igreja Católica. A dedicagáo e
o amor, ácima de todas as coisas, da máe atriz pela filha,
que eia quer salvar daquele estado abominável de posses
sáo, constituí outro dado positivo, assim como a forma digna
e respeitosa como é tratado o drama pessoal do Padre
Karras em crise de fé.

3. Apesar do conteúdo espetacular dos fatos que se


passam no filme (e certamente nao se pode Ignorar que o

— 506 —
"O EXORCISTA" 47

escritor William Peter Blatty reuniu, sensacionaBsticamente,


numa só pessoa todos os fenómenos conhecidos de posses-
sáo demoníaca), 'O Exorcista', em sua forma cinematográfica,
é um filme relativamente discreto. Comparado, por exemplo,
aos muitos exemplares de filmes de horror que se véem ñas
telas, caracteriza-se por urna linguagem que nao apela para
os recursos comuns da surpresa assustadora ou do impacto
violento das imagens inesperadas.

4. Aínda assim a natureza do argumento, a desfiguracáo


chocante das imagens da menina possuída, o conteúdo re
pugnante e violento de certas acoes e palavras em algumas
cenas tornam o filme desaconseIhável ás pessoas impres-
síonáveis. As que forem vé-lo convictas do equilibrio e da
lucidez que seriam desejáveis, se aconselharia urna reflexáo
sobre as formas mais comuns com que se apresenta o Mal
no mundo, este Mal que cada um de nos deve-se esforgar
por superar no quotidiano de sua existencia... O Mal que
se manifesta ñas paixdes do poder, da riqueza, do sexo, que
podem dominar completamente o homem, comprometendo a
felicidade de outros, ofendendo a Justica e corrompendo a
sociedade.

5. Por fim, parece caber a pergunta: Que! seria o


modo melhor de apresentar verdades e realidades, como as
focalizadas pelo filme, a urna geracáo anestesiada pelos im
pactos do século, avessa aos apelos do que supera os sen
tidos? Seria talvez 'O Exorcista' urna tentativa para abordar
e despertar o saturado e difícil homem de hoje ?"

Estéváo Bettencourt O.S.B.


X

estante de livros
Experimentar Deus hoje, por Frei Betto, Hugo D. Bagglo e varios outros
autores. Publicagoes CID, Teologia/8. — Ed. Vozes, Petrópolls 1974,
137x210 mm, 190 pp.

O tema enunciado é altamente Interessante; crlstSos e nSo crlstSos o


tem abordado. O volume ácima apresenta a colaboracao de alguns especia
listas católicos, cada qual dando á materia o seu enfoque próptlo. Assim
Freí Betto, dominicano que esteve em prisSo, desenvolve a nocSo da presenca
de Deus nos nossos semelhantes; Freí Hugo Bagglo, escritor e literato, foca
liza as expressdes religiosas e místicas de poetas contemporáneos; o psico-

— 507 —
48 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 180/1974

logo Freí Ademar Spindeldreler encara a oracfio e a meditacfio como manel


ras de experimentar Deus; dols filósofos, Freí Hermógenes Harada e o Pe.
Henrlque de Lima Vaz, abordam respectivamente os próprios conceltos de
expe léñela e de experiencia de Deus; Freí Carlos Mesters traz sua contri-
buIcSo bíblica, estudando a experiencia de Deus nos Patriarcas, nos Sabios,
nos Profetas e nos Apostólos; por último, o teólogo Freí Leonardo Boff
oponta manelras de experimentar a Deus precisamente no mundo da América
Latina. Trata-se de artigos de alto nivel, entre os quals merecem especial
referencia, por causa de sua repercussao concreta na pastoral, o de Carlos
Mesters (enfoque bíblico) e o de Ademar Spindeldreler (enfoque psicológi
co). O de Freí Betto, enveredando pelas linhas da chamada "teología da
libertacSo", aprésente algumas perspectivas dlscutfvels ou um tanto unlla-
terals. Multo sabias sfio as ponderales de Freí Spindeldreler exposlas ás
pp. 55-57: encaram a mediocrldade de atitudes como resultante freqüenta
da falta de experiencia viva de Deus; esta deve suscitar um comportamento
coeronte e corajoso, nao meramente rotinei:o, do crislSo, para que o munda
possa crer na a;So de Deus entre os homens que se dizem seus arautos.

SarmSes sobra o Natal e a Epifanía, por SSo Lefio Magno, Papa. Tra-
duefio do original e notas, por Ir. María Teixelra de Lima O.S.B., e Introducfio
por D. Cirilo Folch Gomos O.S.B. Colecfio "Fontes da catequese"/9. — Ed.
Vozes, Petrópolis 1974, 137 x 210 mm, 109 pp.

Os chamados "Padres da Igreja" 88o escritores (bispos, presbíteros,


lolgos) que contribulram para se conceber e redlgir, em termos ortodoxos,
o depósito da fé contldo ñas Escrituras Sagradas. Sabemos que até o séc. Vil
(Concillo de Constantlnopla III, 681) as grandos verdades atinentes a SS.
Trindade e a Jesús Cristo foram objeto de arduos estudos e debates entre
os doutores e mestres da Igreja; varias heresias (arlanismo, nestorlanismo,
monoflslsmo, monote»llsmo) surglram sucesslvamente, ameacando a pureza
o a Integrldade das proposl;Ses da fé. Ora, para conservar, elucidar o for
mular auténticamente essas verdades, o Senhor Deus quls suscitar na lgreja
grandes homens, desde S. Ireneu (séc. II) até S. Gregorio Magno (t 604) e
Sfio JoSo Damasceno (t 749). Especialmente Importantes foram entfio S.
Agostlnho (t 430), S. Ambrosio (t 397), S. Atanáslo (t 373), S. Basilio
(t 379). Tais homens sSo chamados "Padres da lgreja",... Padres (=pai3>,
porque contribulram para gerar novos crlstBcs pela palavra da verdade devl-
damente formulada; contrioulram asslm para que a vida do Evangelho atln-
gisse as geracSes posteriores até hoja. As obras dos Padres da Igieja gozam
do grande estima entre os teólogos de todos os lempos.

A Ed. Vozes, consciente do valor dos escritos dos Padres, iniclou a


publlcacfio de escritos seletos dos mesmos; já apareceram nesta colecSo
opúsculos de S. Agostlnho, S. Ambrosio, S. Cipriano... — SSo LeSo Magno
foi bispo de Roma ou Papa, de 440 a 461. 03 sermóes deste doutor aquí
recenseados versam sobre o mlstóiio da Encarnacfio, que durante o séc. V
era objeto de disputas teológicas agucadas por nestorianos e monofisitas.
O leltor admirará a riqueza teológica" dessas pecas catequétlcas, cujo texto
está fluentemente traduzldo para o portugués. NSo há dúvlda, o ea'.llo dos
Padres da Igreja — nao excluido o de S. Lefio Magno — é pouco habitual
ao público moderno; requer-se certo esforzó para saborear as suas obras;
este objetivo, porém, é attngfvel pelo leltor de cultura media, que, Inspirado
por S. Lefio Magno, talvez possa este ano vlver um Natal mais rico em teo
logía e esplritualldade.

— 508 —
ESTANTE DE ÜJVROS 49

0 futuro no presento da Igreja, pelo Cardeal Jean Danlélou. Tradu$So


do francés por F. S. Luza. ColecSo "OragSo e 8580", nova serla, n? 20. —
Ed. Paulinas, S§o Paulo 1974, 110x190mm, 191 pp.
O Card. Daniélou faleceu há mesos, após urna vida chela de beneme
rencias no setor dos estudos de historia da Igreja e de teología. Foi um
pensador equilibrado, sem ser estrello ou tacanho; a sua vasta cultura filo
sófica, teológica e histórica Impediu-o de se tornar unilateral.
O volume descrito aprésenla urna serle de capítulos sobre a atual crlsa
da Igreja: secularizado, liberdade e libertlnlsmo, autoiidade e obodiéncia,
pluralismo teológico (ou diversas manelras de focalizar as verdades da fe),
sacerdocio ministerial, Igreja e mundo moderno, Igreja e cultura... s8o as
pectos da temática abordados pelo autor. Daniélou escreve com profundi-
dade e erudic.So; supfie nos leitores certa Inlciagáo nos assuntos de que
trata. Talvez o crlstio medio nSo perceba plenamente o conteúdo de suas
páginas, mas cortamente aproveitará da leitura desse litfo sólido e seguro;
principalmente os sacerdotes o os leigos de certa formacfio dout.lnária lerSo
prazer em ler as análises de problemas e os encaminhamentos de solucSo
propostos por Daniélou.
País e fllhos ao redor da mesa eucaisllca, por Luiz Magalh9e3 e Nellle
Gulmaráes. — Ed. Paulinas, Sao Paulo 1974, i60x230mm, 98 pp.
País e mestres estSo froqüentemente á procura de IWros aptos á for-
ma$8o crista de crianzas e adolescentes. Recelam ticar preso3 a um modo
antiquado de enslnar, estéril em nossos días, como tambóm tomem adotar
qualquer método novo, visto que nem todas as novas experiencias de cate
quese tém sido igualmente felizes.
é conscientes disto que vemos o livro ácima referido; destina-se a
preparacSo da Primelra Eucaristía, envolvendo a parllcipagáo dos pais dos
candidatos a S. ComunhSo. Os autoras prop&em dezessete esquemas de
aulas que vSo desde a crlacáo do mundo e do homem ató a realidade crlstS
dos alunos. A Ilc3o III referente ao "Misterio do mal", ou seja, ao pecado
original precisarla de mals clareza; dllui o concelto de pecado dos pri.-nelroa
país. Com efelto, temos á p. 26 da obra em foco: "O pecado que contagia
os outros, nio é cometido por um AdSo no inicio da humanidade, mas por
todo Adió: o homem, cada homem. É ele o pecado do mundo. Nele estSo
incluidos também os meus pecados. NSo sou um cordelro inocente corrom
pido por outros... O pecado original é o pecado da humanidade como
totalldade (inclusive o meu), enquanto contamina cada homem. Em cada
pecado pessoal ressoa junto o pecado original como tom fundamental". Ora
nfio se pode reduzlr o pecado original ao pecado da humanldado ou de todo
homem. Exlslem, na verdade, proposites de Concilios da Igreja que. afir-
mam ser o pecado original o pecado dos primeiros país, seja um casal,
sejam mullos casáis (o monogenlsmo nSo é artigo de f¿, pols o potlgenlsmo
se concilla bem com a doutrina do pecado original no sentido proposto
pelos Concilios). Mals: com a doutrina do pecado original (dos pr!melro3
pais) está associada a doutrina da elevacSo dos pilmeiros homens ¿ flliacfio
divina e á jusllca original, doutiina esta que é de fé e que nao podarla ser
ignorada na catequese. — Em última análise, verlfica-so que a doutrha do
pecado original nSo é apenas quostáo do hermenoulba o exegese bíblica,
mas ó também Iluminada peta tradlcSo constante da Igreja, que se afirmou
mais de urna vez em pronunclamentos ordinarios o extraordinarios do Ma
gisterio.
EI3 urna restiicSo importante a fazer a um livro do qual os outros
capítulos contóm dados realmente intorossantes á catequese.

— 509 —
50 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 180/1974

Recebemos e agradecemos os segulntes livros, dos quals no momento


nfio podemos dar senáo a Indlcagáo bibliográfica:

SalvacSo hoje. Entre o catlvelro e a libertacáo, por Mortimer Arias.


Traducfio de Santo Rossetto. — Ed. Vozes, Petrópolis 1974, 135x210mm,
pp. 172.

O enslno ético de Jesús e os problemas modernos, por Josef Blank e


Gisela Uellenberg. — TraducBo de Freí Apolonio Weil. Ed. Vozos, Petró-
polls 1974, 135x210mm, 76 pp.

Jesús Cristo e a revotuc&o nao-violenta, por Andró Trocmé. TraducBo de


José Alamiro de Andrade. — Ed. Vozes, Petrópolis 1973, 135x210 mm, 246 pp.

Ciencia e Cristo, por Plerre Tellhard de Chardln. TraducSo de Ephraim


Ferrelra Al ves. — Ed. Vozes, Petrópolis 1974, 140x210mm, 204 pp.

Cilsto e a contestacSo política. Relacionamento de Cristo com o Par


tido Zelota, por Oliveira Lelte Goncalves. PublicacSes CID, H¡slória/1. —
Ed. Vozes, Petrópolis 1974, 135x210mm, 183 pp.

Um mundo sem dogmas?, por Thomas Joseph Burke. Colec&o "Cos-


movlsfio" 4. — Ed. Vozes, Petrópolis 1974, 125x180mm, 79 pp.

ConlrlbuIcSo para urna pedagogía de comunisac3o, por Josa Marques


<Se Meló. Ed. Paulinas, Sio Paulo 1974, 130x210mm, 238 pp.

Cantemos com a Igreja. Oracáo do Tempo Presente (Olidos Vesperti


nos). Ed. Paulinas, Sao Paulo 1974, 160x230mm, 159 pp.

Esplrltualldade presbiteral hojo. Estudos da CNBB 1. — Ed. Paulinas,


S3o Paulo 1974, 125x180mm, 103 pp.

Igreja e Política. Subsidios teológicos. Estudos da CNBB 2. — Ed.


Paulinas, Sao Paulo 1974, 125x180mm, 54 pp.

Comunldade: Igreja na base. Estudos da CNBB 3. — Ed. Paulinas,


SSo Paulo 1974, 125x180mm. 199 pp.

Pastoral cancerarla. Estudos da CNBB 4. — Ed. Paulinas, Sao Paulo


1974, 125x180mm, 190 pp.

A Pastoral vocaclonal. Realldade, rellexfies e pistas. Estudos da


CNBB 5. — Ed. Paulinas, Sao Paulo 1974, i25x180mm, 154 pp.

Igreja e educacSo. Perepec'Jvas pastarais. Estudos da CNBB 6. — Ed.


Paulinas, Sao Paulo 1974, 125x180mm, 79 pp.

A vida religiosa na Igreja particular, pela ComlssBo Episcopal Regional


Sul I — CNBB. — Ed. Paulinas, SSo Paulo 1974, 125x180 mm, 33 pp.

Pastoral da Eucaristía. Subsidios. Documentos da CNBB 2. — Ed. Pau


linas, SSo Paulo 1974, 125x180mm, 87 pp.

Jesús nos Evangelhos Sinótlcos, por Johan Konings. ColecSo "Subsi


dios" 3. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Instituto de
Teología e Ciencias Religiosas, Porto Alegre 1974.

— 510 —
ÍNDICE 1 974

esponderemos
ÍNDICE 1974

(Os números a dlreita indicam respectivamente fascículo,


ano de edicáo e página) >

«ABSURDO» DE DEUS 176/1974, p. 343.


ACASO OU INTELIGENCIA CRIADORA? 180/1974. p. 463.
ANABATISTAS: origem 178/1974, p. 378.
ANTINOMIAS DA EVANGELIZACAO 172/1974, p. 146.
APARICOES E «APARICOES» DE NOSSA SE-
NHORA 170/1974, p. 72.
«ARQUITETO DO UNIVERSO» 179/1974, p. 423.
ASSEMBLÉIA DE DEUS» origem 176/1974, p. 350.
ASSISTÉNCIA SOCIAL E CAHIDADE CRISTA 179/1974, p. 432.
AUTENTICIDADE DE APARICOES 170/1974, p. 77;
M1LAUKES 171/1974, p. 91.

BATISMO DE CRIANCAS OU DE ADULTOS? 178/1974, p. 383.


BATISTAS, quem sao? 178/1974, p. 16.
BIBLIA E MOVIMENTOS JOVENS 169/1974, p. 16.
BISPOS DA HOLANDA E O PAPA 169/1976. p. 3.
BONHOEFFER, D., E CRISTO 174/1974, p. 231.

CARIDADE É HUMILHANTE? 179/1974, p. 457;


OU JUSTICA? 179/1974, p. 453.
CARISMATICOS NA IGREJA 17 /1974. p. 354.
«CARTA DOS DIRETTOS DO ENFERMO» 170/1974, p. 68.
CASAMENTOS MISTOS E INTERCOMUNHAO 173/1974, p. 191.
CASAROLI, A., na Polonia 175/1974, p. 282.
CATARSE E CONFISSAO 170/1974. p. 53.
CÁTEDRA DE PEDRO: origem e perenidade .. 169/1974, p. 8.
CATÓLICOS PENTECOSTAIS 169/1974, p. 14;
176/1974, p. 354.
CIENCIA E SABER 178/1974, p. 370;
QUESTIONADA 178/1974, p. 373.
CIENTISTAS E MILAGRES 176/1974, p. 323.
COMUNISMO E CRISTIANISMO CONCI-
LIAMSE? 175/1974, p. 275.
CONCILIO VATICANO II E INTERCOMUNHAO
EUCAR1STICA .. 173/1974, p. 188.
E ECUMENISMO . 173/1974, p. 188.
E EVANGELI-
ZACAO DOS POVOS 172/1974, p. 144.

1 Por lamentável lapso, a paglnagao do n' 176 (agosto) íol repe


tida no n> 177 (setembro) de PR. Acontece, pols, que figuram duas
vezes neste Índice os números de página desde 321 até 364. Para
dlíerencia-los, será preciso levar em conta o número do fascículo ante
posto: 176 ou 177.

— 512 —
ÍNDICE DE 1974 53

CONFISSAO ANTES DA PRIMEIRA COMU-


NHAO 172/1974, p. 174.
CONFISSAO DOS PECADOS E PSICANALISE 170/1974, p. 43;
SACRAMENTAL: que 6? 173/1974, p. 289;
COMUNITARIA: como? 175/1974, p. 289.
CONGREGACAO CRISTA NO BRASIL 176/1974, p. 350.
CONGRESSO DE FILOSOFÍA (Petxópolis • 1974) 176/1974, p. 337.
CONTRICAO NA VELHICE 177/1974, p. 355.
CONVERSAO E MOVIMENTO PENTECOSTAL 176/1974, p. 358.
NA IGREJA E MEDIANTE A
IGREJA 175/1974, p. 301.
COX, H., E CRISTO 174/1974 p. 239.
CRIACAO DO MUNDO OU ACASO? 180/1974, p. 463.
CRIANCAS DISFORMES E EUTANASIA 170/1974, p. 58.
«CRISTO DESCONHECIDO» — poema de R. P.
Yuberto 179/1974, 4* capa;
E POBREZA 17i»/1974, p. 428.
CRISTOLOGIA ESCATOLÓGICA 174/1974, p. 237.
EX1STENCIAL1STA 174/1974, p. 227;
HISTÓRICA 174/1974, p. 23S;
TEANDRICA 174/1974, p. 224.
TEOCÉNTRICA 174/1974, p. 226.
CRISTOLOGIAS CONTEMfOrtANtíAS K±/ixft4, p. Z-3.
CuLiíUKA Jll uíLUSOr 1A Ho/XHt'l. p. 3<1.
CUKA MILAGROSA: criterios de autenticidade . 176/J.9/4, p. 334.

DANIÉLOU, JEAN. morte subitánea 178/1974, p. 403.


L>£jwoiS10 NO KVANüELHO lu/Mli, p. 323;
1YÍ/UK4, p. 345;
1(3/1974, p. 20i;
174/1974, p. 246;
p. 258.
DESCOBERTA DA BIBLIA E DA ORACAO 169/1974, p. 16.
DESPERTAR DE JOVENS PARA CHISTO .... 169/1974, p. 11.
DESPRENDIMENTO E SABEDORIA 177/1974, p. 354.
DIACONIAS NA IGREJA ANTIGA 179/1974, p. 429.
D1KKTÓR1O ECUMÉNICO E INTEKCOMUNHAO 173/1974, p. 189.
DIVORCIO EM PLEBISCITO 174/1974, p. 221;
EM PKAT1UA 174/19Í4, p. 270.

ÉDIPO, LENDA E COMPLEXO DE 170/1974, p. 47.


ENVELHECER DIGNAMENTE 177/1974, p. 351.
ESPIRITO E PRATICA DE ORACAO 176/1974, p. 357.
ESTERILIZANTES FEMININOS 169/1974. p. 35;
MASUÜLJWOS 169/1974, p. 37.

— 513 —
54 ÍNDICE DE 1974

EUCARISTÍA ENTRE CATÓLICOS E PROTES


TANTES 173/1974, p. 179.
EUTANASIA PARA ADULTOS E CRIANCAS . 170/1974, p. 59.
EVANGELHO E MILAGRES 17V1974, P- 93.
EVANGELIZACAO DOS POVOS: texto-base para
o Sínodo dos Bispos 172/1974, p. 135.
EXAME DE CONSCIÉNCIA: íórmula 175/1974, p. 297.
EXCOMUNHAO E MACONARIA 171/1974, p. 104;
179/1974, p. 415.
ÉXODO E TENTACOES DE JESÚS 177/1974, p. 333.
EXORCISMO: que é? 179/1974, p. 415.
«EXORCISTA, O» — filme 180/1974, p. 493;
— romance 173/1974. p. 415.

FATIMA: significado 170/1974, p. 86.


FIDEÍSMO EM RELACAO A CRISTO 174/1974. p. 244.
FILME DINAMARQUÉS SOBRE JESÚS 173/1974, p. 206.
FILOSOFÍA olnda vale em nossos dias? 178/1974, p. 367.
FREUD, S., E ANTROPOLOGÍA 170/1974, p. 51.
FRANCISCO DE ASSIS («IRMAO SOL») 171/1974, p. 126.
«FUGAS» DA VELHICE 177/1974, p. 350.

GEOMETRÍA DA NATUREZA 180/1974, p. 468.


■cGODSPELL, A ESPERANCA» — filme 169/1974, p. 25.
«GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO» 179/1974, p. 422.
GROMYKO NO VATICANO 175/1974, p. 283.

HOLANDA E PRIMADO DE PEDRO 169/1974, p. 3.


HOLANDA: DMTERCOMUNHAO 173/1974, p. 179.

IDADE CRONOLÓGICA E I. PSICOLOGÍA .... 177/1974. p. 351.


IDADE MEDIA E CARIDADE 179/1974, p. 435.
IGREJA DE CRISTO: como reconhecé-la? 178/1974, p. 386;
E MACONARIA 171/1974, p. 110;
179/1974, p. 415;
E POBRES 179/1974, p. 427.
«IMPRENSA DE JESÚS» 169/1974. p. 16.
INDETERMINISMO DA NATUREZA E MILA
GRES 176/1974, p. 338.

— 514 —
ÍNDICE DE 1974 55

1NSTITUICÓES DE CARIDADE E JUSTICA


SOCIAL 179/1974, pp. 427
c444.
INTELIGENCIA CRIADORA OU ACASO? .... 180/1974, p. 463.
INTERCOMUNHAO EUCARfSTICA: sim ou nao? 173-/1974. p. 179.
«IRMAOS DE JESÚS»: quem cram? 180/1974, p. 481.
ISLAMISMO E MÍSTICA 17S/19Í4, p. &».

JERUSALÉM: a «bem-aventurada Paix3o> 177/1974, p. 360.


a «visáo da paz» 174/1974, p. 268.
cidade crista 175/1974. p. 319.
O Santo Sepulcro 17S/1974, p. 409.
JESÚS CRISTO: CRISTOLOCIAS CONTEMPO
RÁNEAS 171/1974, p. 223;
FILME DINAMARQUÉS 173/1974, p. 296;
«SUPERSTAR» 172/1974, p. 166;
TENTADO PELO DEMONIO 177/1974, p. 323.
«JESÚS REVOLUTIONs que é? 1G9/1974. p. 11.
JESÚS TEVE IRMAOS? 180/1974, p. 481.
JOVENS E JESÚS CRISTO 169/1974, p. 15.
JURAMENTOS NA MACÓNARIA 179/1974, p. 424.
JUSTICA SOCIAL E CARIDADE 179/1974, p. 453.
JUVENTUDE PSICOLÓGICA 177/1974, p. 351.

LIBERDADE DE PENSAMENTO NA MACONA-


RIA 179/1974, p. 422.
«LIBIDO» SEGUNDO FREUD 170/1974, p. 44.
LIMITACÁO DA NATALIDADE 160/1974, p. 32.
LOURDES E MILAGRES 17G/1974, p. 344.
LUCIA (IR.) E FATIMA 170/1974, p. 84.

MACONARIA E IGREJA 171/1974. p. 104;


NO BRASIL 171/1974, p. 118.
«MADRE JOANA DOS ANJOS» — filme 177/1974, p. 337.
MARÍA SS.: aparigóes 170/1974, p. 80.
MARÍA, VIRGEM E MAE. por qué? 180/1974. p. 471.
MARXISMO E CRISTIANISMO CONCI-
LIAM-SE? 175/1974, p. 276.
MEDICINA E RECURSOS EXTRAORDINA
RIOS 170/1974, p. 65.
MEMORIAS E CARTAS DE IRMA LOCIA .... 170/1974, p. 84.
MESSIANISMO DOS APOSTÓLOS 177/1974, p. 323.

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56 ÍNDICE DE 1974

MILAGRE: que é? 176/1974. p. 324.


MILAGRES DE JESÚS: auténticos? 171/1974, p. 91;
E «MILAGRES» 176/1974, p. 323.
MINDSZENTY, JOSEF, e Vaticano 175/1974, p. 279.
MÍSTICA FORA DO CRISTIANISMO 178/1974, p. 400;
MAOMETANA 178/1974, p. 392.
MOISÉS E JESÚS 177/1974, p. 333.
MOLESTIAS FUNCIONÁIS E M. ORGÁNICAS 176/1974, p. 331.
MORRER COM DIGNIDADE E EUTANASIA .. 170/1974, p. 60.
MORTE DO CARDEAL DANIÉLOU 178/1974, p. 405.
MOVIMENTO BATISTA: origem e doutrina ... 178/1974, p. 380.
PENTECOSTAL: orlgemc dou
trina 176/1974, p. 347.
MOZART E MORTE 177/1974, p. 358.
MULHER na obra da salvagao 180/1974, p. 476.

NATALIDADE, LIMITACAO DA 169/1974, p. 32.


NEO-PENTECOSTALISMO 176/1974, p. 352.
NEO-POSITIVISMO EM RELACAO A CRISTO 174/1974, p. 244.

ORACAO E MILAGRE 176/1974, p. 335.


«ORDO PAENITENTIAEi. 175/1974, p. 290.
«OS AMORES DE JESÚS» — filme 173/1974, p. 206.
«OSTPOLJTIK» DO VATICANO 175/1974, p. 275.
OZANAM, F.. apostólo do amor e da íustlca .. 179/1974, p. 447.
E VICENTINOS 179/1974, p. 444.

PANTEÍSMO E MÍSTICA MAOMETANA 178/1974, p. 402.


PARAPSICOLOGÍA E POSSESSAO DIABÓLICA 174/1974, p. 267.
PAULO VI E EXISTENCIA DO DEMONIO .... 173/1974, p. 203;
PECADO E CONFISSAO 170/1974, p. 54.
PEDRO E PRIMADO HOJE 169/1974, p. 3.
PENITENCIA SACRAMENTAL RENOVADA .. 175/1974, p. 291;
176/1974, p. 354.
PENTECOSTAIS CATÓLICOS 169/1974, p. 14;
176/1974, p. 354.
PROTESTANTES 176/1974, p. 348.
P1LULA ANTICONCEPCIONAL OU REGULA
DORA? 169/1974, p. 32.
PORCOS POSSESSOS PRECIPITADOS NO MAR 174/1974, p. 258.
POSSESSAO DIABÓLICA: existe? 174/1974, p. 246;
180/1974, p. 496.

— 516 —
ÍNDICE DE 1974

«POVO DE JESÚS» E «HIPPIES» 169/1974, p. 12.


PRIMEIRA CONFISSAO E PRIMEIRA COMU-
NH*O 172/1974, p. 174.
PROPÓSITO DE VIRGINDADE EM MARÍA ... 180/1974, p. 479.
PSICANALISE E CONFISSAO SACRAMENTAL 170/1974, p. 50.
PSIQUIATRÍA E FÉ 180/1974, p. 501.

REAVIVAMENTOS PENTECOSTAIS 176/1974, p. 347.


RECONCILIACAO COMUNITARIA: como? .... 175/1974. p. 295.
REFORMA LUTERANA E POBRES 179/1974, p. 437.
RELIGIAO TEM FUTURO? 1G9/1974. p. 22.
RENÁN E.. E MILAGRES 176/1974, p. 333.
RENOVACAO CARISMATICA: orlgem c signifi
cado 176/1974. p. 357.
RFSSPNTTMKNTO E INVEJA NA VELHTCE .. 177/1974, p. 350.
REVKT.ACOES PARTICULARES DA VIRGEM
MARTA 17(1/1174. p. 73.
RRVOT.TTCAO FRANCESA E CARIDADE 171/1374. p. 441.
«R1TVOT.UCÍO POR. .TESUS» 1fi<1/i<174 p. 11.
RTTTTAIS MACrtNTCO.S 171/1074. p. 424.
RITUAL DA CONFISSAO SACRAMENTAL ... 175/1974 p. 289.
ROBINSON, J.: <UM DEUS DIFERENTE* .... 174/1974, p. 232.

#SABER ENVELHECER» 177/1974, p. 348.


«SACER-SACRUM>, «HIERÓS»: significados ... 175A974, p. 305.
SACRAMENTO DA PENITENCIA RENOVADO 175/1974. p. 289.
SAGRADO E SANTO NA BIBLIA 175/1974. p. 304.
SANTIDADE NA BIBLIA 175/1974. p. 309.
SECULARISMO EM CRISTOLOGIA 174/1974. p. 230.
SEGREDO NA MACONARIA 179/1974, p. 424.
SETTA E ESPIRITO SECTARIO 172/1974. p. 155.
SOBRENATURAL E VIRGINDADE DE MARÍA 180/1974. p. 474.
SOLIDAO ENRIQUECIDA NA VELHICE 177/1974, p. 354.
SUFISMO (mística maometana) 178/1974, p. 392.
SUGESTAO E CURAS 176/1974, p. 331.

TEMPO CÓSMICO OU NATURAL 175/1974, p. 316.


TEMPOS SAGRADOS 175/1974. p. 315.
TENTACÓES DE JESÚS NO EVANGELHO .... 177/1974, p. 323.
TERMODINÁMICA E VIDA 180/1974, p. 465.
TÉRRA DE ISRAEL — contraste 8 grasa 173/1974, p. 216.

— 517 —
58 ÍNDICE DE 1974

VATICANO, para onde ruma? 175/1974, p. 284.


VELHICE TRANQUILA 177/1934, p. 348.
VICENTINOS: origem e atuac.ao 179/1974, p. 444.
VIDA RELIGIOSA 177/1974, p. 342.
VIRGINDADE DE MARÍA 180/1974, p. 471.

WESLEY, JOHN: Carta a um católico romano .. 180/1974, p. 491.

E D I T O R I A I S

A ESTÓRIA DOS DOIS SAPOS 177/1974, p. 321.


AÍNDA A COPA DO MUNDO 176/1974, p. 321.
A MULHER BENDITA 173/1974, p. 177.
CIENCIA E CONSCIÉNCIA 170/1974, p. 41.
DIVORCIO EM PLEBISCITO 174/1974. p. 221.
«EIS QUE FAGO NOVAS TODAS AS COISAS» 169/1974, p. 1.
EVANGELIZACAO 178/1974, p. 365.
MAIS UM NATAL! 180/1974, p. 461.
NAO DEIXE DE DAR CORDA AO SEU RELÓ-
GIO 179/1974, p. 413.
O DUELO DA VIDA COM A MORTE 172/1974, p. 133.
«ONDE ESTA TEU IRMAO?» Í71/1974, p. 91.
«O PROFETA DO ESTADO DE SITIO» 175/1974, p. 273.

LIVROS APRECIADOS

AUZOU, Geordges — A TRADICAO BÍBLICA.. 172/1974, 3* capa.


AUBERT. Jean-Marie — SEXUALIDADE, AMOR
E CASAMENTO 175/1974. 3? capa.
BALLARINI T. e outros — INTRODUCÁO A
BIBLIA V/l. ATOS DOS APOSTÓLOS, SAO
PAULO E AS EPÍSTOLAS AOS TESSALO-
NICENSES, 1 E 2 CORINTIOS, CALATAS,
ROMANOS 179/1974, p. 460.
BARBÉ, Domingos — VOCÉ CONHECE OS
PRIMEIROS CRISTAOS? ..... 172/1974, p. 176.
Bauer, Johannes B. — DICIONÁRIO DE TEO
LOGÍA BÍBLICA 169/1974. p. 40;
Benton, Peggie — UM HOMEM CONTRA A
SECA ■ • ■ 171/1974, 3» capa.
Betto, Baggio e outros — EXPERIMENTAR:
;. 1DEUS HOJE ..-..•.— ».;...... ...«..-.•..... ...__180/1973,.p..,507_

— 518 —
ÍNDICE DE 1974 5?

COLEQAO «CONSTRUIR»: NAMORO (Maride e


■Pió Quartana), UM LIVRO PARA O PAPAI
(Kurt Axmann), OS DIREITOS DA MU-
• LHER (Camila Harlin), ORIENTE SEM
IMPOR (Ernst Hell), OS FILHOS EDUCAM
OS PAÍS (Ferdinand Oertel), PAÍS E FI
LHOS I E II (Spartaco Lucadini), FACA
SEU FILHO FELIZ (Willy Starck) 169/1974, 4» Capa.
Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil —
IGREJA E POLÍTICA. SUBSIDIOS TEO
LÓGICOS 178/1974, p. 412.
COMUNIDADE: IGREJA NA BASE .. 178/1974, 3» capa.
Dalle Nogare, Pedro — HUMANISMOS E ANTI-
HUMANISMOS EM CONFLITO 177/1974, p. 364.
Dattlor, Frederico — OS JOVENS NA BIBLIA.
PROBLEMAS, ASPIRACOES E CONFLI-
TOS 175/1974, 4* capa.
Deecken, Allons — SABER ENVELHECER .... 171/1974, 4* capa.
Gelin, A. — OS POBRES QUE DEUS AMA ... 172/1974, p. 176.
Gomes.. Cirilo Folch — ANTOLOGÍA DOS SAN
TOS PADRES 171/1974, 3» capa.
Feiner Johannes e Lohrer Magnus — MYSTE-
RIUM SALUTIS 171/1974, p. 103.
Grelot. Pedro — INTRODUCAO A BIBLIA 172/1974, 4» capa.
Heschel, Abraham — O HOMEM A PROCURA
DE DEUS 179/1974, p. 179.
Lacerda, P. — A FORMACAO DA COMUNI
DADE DE JOVENS 179/1974. 3» capa.
O DESPERTAR 177/1974, 3» capa.
Mesters, Carlos — POR TRAS DAS PALAVRAS 179/1974, p. 460.
Michná — ESSÉNCIA DO JUDAISMO TALMÚ
DICO 171/1974, 3» capa.
Milpacher, Pío — REALIZARSE NO CASA
MENTO OU NO CELIBATO 172/1974, p. 176.
VALE A PENA SER PA
DRE? 170/1974, p. 83.
Moliné, M.D. — A LUTA DE JACO 173/1974, 3» capa.
Mulder, Peter — DEUS EM NEGATIVO. REFLE-
XÓES DE UM FOTÓGRAFO 178/1974. p. 391.
Pérez, Alfredo — DEUS TE ESPERA 179/1974, p. 459.
Plozza, Boris Luban — O HOMEM I-IOJE E SEU
SISTEMA NERVOSO 173/1974, 3» capa.
Ratzinger, Josef — O NOVO POVO DE DEUS .. 177/1974, p. 363.
Rezende, José Glicério — O PAPA E A CON-
TESTACAO. TEXTOS DE PAULO VI 175/1974, p. 303.
Roderick A. e Mackenzie F. — COMO LER
O NOVO TESTAMENTO 177/1974, p. 363.
Scharbert, Josef — O MUNDO DA BÍBUA .... 177/1974, p. 363.

— 519 —
60 ÍNDICE DE 1974

Schnelder, Roque — AS FACES DO SOFRI-


MENTÓ 179/1974, 3» capa.
Schlesinger Hugo e Porto Humberto — OS PA-
PAS E OS JUDEUS 169/1974. 3» capa.
Villela, Lucia Jordáo — CENTELHA E CHAMA.
TRACOS BIOGRÁFICOS DE ESTHER
VIEIRA DA CUNHA, CARMELITA DES-
CALCA 170/1974, 4» capa.
Von Rad, Gerhard — A HISTORIA DE JOSÉ
DO EGITO 173/1974, p. 220.
Wiener, Claude — ÉXODO DE MOISÉS 178/1974, p. 411.
Zezinho, Pe. (José Fernandes de Oliveira) —
COLECAO «PROBLEMAS DA JUVENTUDE» 169/1974, 4» capa.

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