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MINHAS REFERÊNCIAS

Eu não amo o passado, o tempo que não vivi. Minhas referências literárias e culturais
me são contemporâneas, e hoje, percebo que foram o caldo que forjou minha
identidade, "consciência e juventude".

Nenhum desejo neste domingo


nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo
Drummond de Andrade

Quando eu era menino, li Drummond.

Quase tudo.

Admirava-me a forma: Nem métrica nem rima – o verso livre!

Admirava-me o texto: existencial para além da própria poesia.

Não fui eu quem escolheu o mineiro. Aconteceu. Li a MORTE DO LEITEIRO e nunca


mais parei...

Eu era muito caseiro.

***

As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

Chegou a adolescência e adotei os “sons e tons” da minha própria geração.

Daí eu já não queria ler, queria ouvir... E cantar sob o calor da fogueira, nos ritos da
sexualidade.

Era o rock nacional; pós-Raul...

E eu podia escolher. De Engenheiros a Barões; de Titãs a Legiões!


Dado à melancolia e carregado de um misto de realismo com a ufania própria da
idade,

Eu fiquei com Renato. Russeau do meu tempo.

Não fui eu quem escolheu a banda brasiliense. Ouvi NEM FOI TEMPO PERDIDO e nunca
mais parei...

Eu saí à rua.

***

Não sou escravo de ninguém


Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz

R.R

A adolescência acabou e sobrou pouco de mim mesmo em mim.

Então, já não queria ler e nem ouvir, eu queria juntar os pedaços que deixei por aí.

Vieram-me às mãos os escritos de Caio Fábio – um ex-desintegrado!

“Seguir Jesus”... Tornou-se para mim... “o mais fascinante projeto de vida”!

Eu nem pude escolher o evangelista amazonense. Nem pude ler outros. Nem quis ler
outros. O reverendo tinha poesia e denúncia, e na voz, algo novo para mim:
Esperança!... Tanta!

Então, li tudo (sem deixar de vagar pelo mundo mais lúdico do velho poeta
desinteressado pela vida e do compositor enfastiado dela tão cedo. Sim, mantive por
perto tanto o poeta como o músico; pois a literatura caiofabiana nunca se pretendeu
literatura. Era utilitária e instrucional, com “exceções generalizadas”; lembro-me de
uma que devorei às lágrimas: Era MAIS QUE UM SONHO).

Sim, as antigas referências se mantiveram como recordação da minha desagregação. E


creiam-me: “Faz parte ainda do que me faz forte...”.

Já os estudos do pastor protestante iam muito para além do protesto e do decifrar das
Escrituras: Ecoavam letra & som da Eternidade.

Neles, fui apresentado ao Autor e Consumador da minha Fé, e pela primeira vez na
vida, senti-me íntegro e agregado, devolvido.

Mas não fui eu quem escolheu o Moço Nazareno feito Deus.

Ou Quem inventou o amor?


Ele que me escolheu para ser sempre Seu!

***

Viajamos sete léguas


Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Passei a juventude clamando à Juventude que O conhecessem: Jesus de todas as


gerações!

Mas eu vejo tudo que se foi e o que não existe mais

Nosso “reino” se corrompeu, numa Universal adesão à Mamon.

Tá tudo assim... tão diferente!

Então, perdi a minha sela, minha espada e meu castelo!

Fiquei sozinho. E no meio do Caminho uma pedra maior que um sonho!

Meus três mocinhos já haviam morrido.

Ai.

Os bons morrem antes... Sempre cedo demais.

As Estações, então, mudaram de vez,

E eu voltei para casa.

***

Uma flor nasceu na rua!


Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
Garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
(...)
É feia. Mas é realmente uma flor.
Drummond
De tanto falar em Vida, meu pastor ressuscitou!

Com o braço posto para fora dos escombros, meu Pai o agarrou!

Daí voltou do deserto com a boca cheia de Evangelho,

Agora ele é o Caio. Só Caio, o velho!

E eu?

Eu vou seguindo o Sol. Com a luz do seu calor faço a solda entre os mundos!

Eu voltei para rua.

Elias está nas ruas.

O Caminho está nas ruas.

***

Teremos coisas bonitas pra contar.

E hoje?

Hoje, eu não faço poesia e nem música.


Não sei escrever.
Não sei cantar.

Eu prego.
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
(...)
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
(...)
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

E a eles eu grito:

Quando o Sol bater na janela do seu quarto, lembra e vê que o Caminho

(...) ainda é UM só!

***

Você pode me entender?

***

A tempo: Cada um será alcançado e N´Ele encontrado pela fundição entre o


Eterno/denso e o etéreo/rarefeito em si mesmo!

Sendo assim, não há tempo perdido debaixo do Sol.


E aos que me julgam cheio de humanidade tosca (meu filósofo é desse tempo e
morreu de AIDS, meu poeta é brasileiro e morreu faz pouco, e meu profeta ainda está
vivo), saibam de uma vez, tudo é pior do que pensais:

Toda mente é uma Legião!

Toda geração tem seu Estevão!

Todo coração (...) seu Abraão.

Ao Caio, meu pai – na fé, na esperança, na história – em seu aniversário de 54 anos.

Marcelo Quintela

Santos/SP
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O Caminho é uma pessoa e seu nome é Jesus!
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