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CARTA

SOBAR

A NOVA IOIESBIA Da V!IAA NA MADEIRA


-40CHEFE CIVIL DO DISTRICITO

DR, IOAO DA CAIARA LRIE.


Sabe V. Exc.' perfeitamonte uue o desalento, a indolencia e,
a i~erçia, no meia de uma calamidade. trazem (luasi sempre após
si as ma'iS"fuueSas cotiscqucncias.
U m bem triste exemplo Cesta vordade C o quc se dou na
Xadeira, quando o Oidium itikeri invadiu as nossas vinlias.
Nao ha muito p,chamando a attençao do publico madeirense
para t& desditosa quadra, me exprimi assim:
.Havia um anrio que mc achara em França quando me che-
gou a t h t e noticia de que o Oidiuna ri~kere,.i-fazia terríveis estragos
nas *bas da Madeira.
4 6 d e i imrnediatamente em mandar para aqui todos os es-
darecimentos quehpude colh&r sfbre o assumpto; e quem tiver o
numero do Estudo de 30 de novembro de 1852, ahi poder& vor
publicado o que entao a tal respeito escrevi.
#Poderá ver que indiquei os meios que ji cram empregados
com vanfagem na França para combater a molestia da vinlia. e que,
entre olles, faltei do empiêgo do p6 do enxofre por incio de um
folle, com tendo dados os resultzdos mais vantajosos;-cluo por essa
occasiáo dirigi aos nieus patricios palavras tendoni~s a levaotar-
Ihes o aoirno abatido por tamanha calamidado;-cluc mo esforcei - -
para os dissuadir do proposiio, que muitos formavam, de emigrar,
mostrando-lhes que não deriam deixar as suas moradas, desampa-
rar as fazendas que tinham herdado de saus paes o regado com
o suor do seu rosto, e trocar por maus climas o clima delicio-
so e o solo tao fertil da terra quo es vira na-cer, que os aca-
lentara em seiis braços, e que stó entao Ihes offercc6ra sempre,
serião copiosos, suficientes meios para a sua subsistencia;- poder^,
finalmente, ver que Ihes aeonselliei que luctassern coni coragem
contra n adversidade; que tractassem clc conservar as suas vinhas
[iol~s uicios quc a scicncia e a erpcriencia mostrassem ser os
rneihoics; o que iiicssem resignata~, coofiança no Senhor, e espe-
ranp no fiituro.
nlofolirmonto a miiilia roz &%o fui ouvida! n t ~ o loram segui-
dos os m ~ u s consellios! cruzaram-se os Ijraços; o flagollo ctirni-
iihou sem encontrar obstaculos, deixando por toda a parta ruina
e dcstriiição; c, quando, mais tarde, os lavradores, accordando do
Icthargo, quizcrani açcudir ás saas vinlias, não encontraram j5 so-
nao cadaveres!
&eiii cntáo a tnisoria com todos os *-fcus fi~rroi'e'f~~míu a
cmigraç~o! e a A12deira, vestida do :iL4ùi3ajos, aridn!i nsinolando
cidado eiii cidade, de paiz em pciiz! % '

~ Q U G(!o!orosas ~ . e c ~ r d a ~ ó c s ! iambem. que pfoEcua licaoi)


$?as,

Hoje, como V. Exc." (de certo, tambkm oào ignora, as nossas


viohas, j i ern muitos pontos p r B ~ a dc iiovn calamidade. estão ou-
tra vez alueacudas de completa Ucslri;i;ao.
Com quanto a Madoira tcnha actuaimeqte recursos muito
dI-qw m tmpo cm que o vinho er$ sp*
dac@o importante; coni quanto rne pareça certo que o
flagello que agora se orgiie sobre nBs náo póde já p6r-uns na
sitoaçáa desgrqada a que ,nos rcdpziu o Oidzew &keri; é fdra de
' '

toda. a dúvida que o maf qoe nos pnds d'ahi resultar 4 ainda
iR I ~ S O .
Parece-me, pois, do toda a neeessldado tomarem-se quanto
aiites as possiveis providencias; e, sabem que U ~ Ose tenha aioda
descoberto um remdio com a desejada ellicacia e de facil ap-
plicaçao, náo c isso razão bastante pata se. M o 'empregareni desde
já aquollcs dos tucios propostos quo mais parF!;;im vantajosos c ~ads-
ptados :is 1iu:s;ts çircamstancias.
dpezar de ter ainda a miolia allençáo pr6z;i a um-estabele-
cimento fabril da maxima importaocia para ésta terra, e de eri-
~ i ainda
r o mou estado do saude soe0go e descanç.~, não posso,
sem gritar-derta,-ver indolentes e cruzados os braços no momen-
do perigo. .
Por isso mo resolvi a dirigir a V. Exe."stas linlias oni que
me proponho a consignar as noçócs mais iinpo~lantes para nós
que pude colhêr no que 1í sôbre a moleslia qi10 tarnaohas esirr-
gos tem ' f e i t ~ , nestes ulliinos annos, nas vinlias du outros p~izes,
e tanto ameaça j6 as nossas; e ospcro q u e V. Ele." tornando-as
em coiisi~era~ào, dará sein demora as \trovidrncias quo esli*verÇm
ao* s e u alcance, téndentes, jd a escloreeer o ~iubiico,jA a iiizdr ub-
servar, por Fia dos .4dministradorcs de Concallio, por ia das Cs-
inaias Muoieipaes, por todos os in(jdo~ posji rcis, 3s iuetlidas i~iais
prudentes e proficr;õs q u o as circumslaacias rcooscllwrani. -
k'molestia da vinlia a quc mo refiro foi dcseobp~tana Anic-
rica em 1854, em Iilglaterra . em 1863, c ern I:is;iitca tami~ciii
em t8$3~~-mss si bem ctetermiriada ne^std pniz - ciri .iNBli. 15m
8-68
- para 1869. e

c;irrtcteristico e cjfic 1ri;ijs t:m 3f t-l*aliiiI~)a

vintias, i: uma ou mais i i ~ a r i c l ~fariiiaclas


~s ao ct:l,irLi, parreiras Ilor

jaLmOi.tas, . ou -qeaei .mortas, roilea[hs (1s uiiii.;is iii:iis uii iirciioi


attdcadas, tornanh-se o por:!@ (!C p~ii>lida de um iaoviit~ct~!oOC!
m n ~ a oque progrido incessantoineiita a16 iiivailir i i i d ~ .
Lago :depois-do icr a molestia ievrlrdo *a riin csislciicia pGr
o#@ signal carnctci.istico, as fditas da vinlia aaiu;.eIlecen~ ciri t0d3
a tstmi@o do liaibo, passando: Jepoisr+dz um nmlrelio esviriioa-
&, 'mais tia meoos'tlaro sr-çundu a qualidude da vir,Li;i, n uio
mmiti,:3zo'P de terra, appresentciudo~;db~Maçvexes uma aúrcola
rsa~ginslarcrmeibdd. Q kegam a ese csfnilo.hio tartla qua
sequem, : corneqaod~pela cireiirnfcl-mia; e, fi ~inlmente,caem, as iii;ti.\
baiw-pracedanùo sempre as mais alias.
0 3 baiellos báo :passam .por fo.las as piiasos ~egul.ires.Jn si]:]
rcgebfao: as pontas lazciii-sc loiiiiosns qriariilt~ a:: parics o i b d i ~ s
esta0 ainda ~ ~ 1 4 2 sC ; no i C i - C ; G i i~~(i\,it;ii:i>-.

As uvas c!icgai!i rn~iitiis rc,!c.~ it ~ ! ~ I : I ! . C , : C ~ : ij325, ~ ~ ~ I A I , JOO


ma) 6 ~ G ~ C J I S O t, ( j \ l ~ : i ~~::13
~l ~ 0 1 . s ~ > ~ ~ D I ~ : ! ~ Qli. ir;^,
L flt~j>\ P i
um pouco sz&lar, aqiiosaç e som perfume; o vidio 1130 presta
IiOm se GOnSOtfâ,
Slo estes os -symplomra. que- s e nobni4rws vinlin cbja mo-
IatU t ainda. receW(sims, quando ella i! j4 antiga, ~ 3 d o foi.
começada no snno precedente, os gomos que rebentam na ~ r o x i r ~ a
primntera são curtos 0 gnfezad~s, e irs folhas, muito pquews 0 Qn-
carqi1ilkad3s para 16~3, amarelleeem pouco depois..
Algumfia rczrs acontccc, porkm, que ellas eonsesrain aiiida
ilma cbi* bssiante verdo; o que indica que a vinha p b d ~ .dilrqnte
o invcrno e 110 com8~oda primavera, deitar raizes noror ou *rer
generar as que estauam em parte destruidas.
Nestn oslado as viiilias tecm por vezes ainda fbrça para pru-
d i i z i i algiins pequenos cachos, que nao cliegarn a amadurecor, por-
()li8 030 tarda que n moleçiicu faca novos progressos: entao as par-
ilns rlefinlwxi, ni urc.t\am a morrem.
As vinhas que appresentam taes symptomas teem, -cam to&
n cel.iez3, as iaizcs profiintlnmente alteradas; e, exaniinando-se 6s-
ias, enconlram-sc - a ~ o l ! & ~ cicios, hyperlropliidos
a moitas, ccdei~i F~cilmente 4 1
xam vcr, q11311t10 se ferem com a unlir, a paibts lenliosa do centro.
1: pelas raizes mais pequenas que começa ésia altsrac*, fluo
em wgiiida so mailif~sta nas raizes grossas, c sObei finaliiiet~le, ao,
tronco, qua om Lireve sécei c morro.
Est5 Iiojo ~~erleitnmontecieinoostrado quo kstas grayes &sor-
t l ~ n s sacr caiisiidas por iim inseclo ,do %@agi-o phyIIo~era p e r W
cente 1 o4d0:dem dos heuripteros. e, mais particularmeale. .,i suh-
ordzai tlos honbop~erw.descohrc~loaa A~neriea em 1854, sn Ia-
glatcrrn oni 11863, e em França em.i8BS. .8-.dro~f-3tob= &
I i i g ~ ~ por H. S6~98~;
I'I~CU, JoQire r l ~o m ~ , C > ~ e - , A ~ e n z j ~viiifdiap,
sob u dcnominyt.~ ddé* fiÚ&a&#m airiLoli% por West Wogd,
ilehJixo do nomo (lc Perltgnibia vitisma, 6 por A. % . $& Plancbeq
debaixo dos nomes de h!lizaph&uaaarrix o do Phglloxera M a t r i z .
Us caracteres do gemo phyllomr~, que co~ãiitua uma fami?
lia quo l'rnia a transiçao onlru os pulgões ou apliidios e as CO?
,*/io?~illlt;oii rocci(linn. sao os seguintes, segundo J. E. Ptaoahou
e J, Ilicf~~enstein:
= F w a aptei*a-subterranea oi; aoiia, encerrando-se algumas
rezes nas gallias bursiformcs das foltias, sempre ovipara, pro5uziu-
do .moitas geraçóes successivas no decurso do anno.
*lotenoas de 3 articulaçóes-as doas primeiras curtas, o a
terceira mais alongada e mais grossa, obliquamente \roncada (eoino
aparada em bico do pcnna), teiido nessa parto troi~cada uma os-
pecie de engaste ou caroço liso. finamente annclado, formando ru-
gas transversscs.
a3íanchas pigmentarias, simulando ollios dos dois ladijs da
çabcyu, por baixo da inserçáo das antennas.
u Itostros ou sugadouros collocados como os das eoclio~iillias,
Iwr baixo <;icorpo,
i quai entre as patas anteriores, encerrando
num tubo 6t; ti'ns articutações, tres sedas eslcnsirns e atfrahentes.
.hão !i? vcstigios do cornieulas, nem táo pouco de poros ex-
cretores ao aademen,
<r :Y~r~i~s-r~!~tisameotcageis, meneando o plano de prograsgão
par insic d a suas antenaas alternativamente abaixadas; vagueando
algum rcrnpo antes da se fixar ns Ingar que Ilies convem;. cm
breve teaip--i7xhno~e%:app\icaùos eoiitra a cisc;i, ou folha nutri-
o ostado de criiies pcedeiras. &tas po-
, com quaiito os suus movimenlos se-
~Nymphasdas foiteas nlndas-umas rsrcs fixes o outras va-
gabundas, notav&*m fórma mais apertada no n~eiu,yeig seu
eorsolerc de segmentos e bossas niais ptoriuociada~e sobretudo pelo
ravestftncnto das azas que. de cada lado do corpo, formam duas
especies de pqiieniaas bobas triaogularzs.
d'emcas aladas d o a!~í!plmpequeoos inosqgi'tos
com as quatro aaas h 3traYessaJâs iio corpo.
supe
d @ r m a - ndial confundida. coni o brdo externo da az;i; uma
liamura cuhitai, md3* -plFTirn ponlo espesso c aionpailo. U l ~ a
nervura obliqua destaca-se da cubital, adeaiiia do ponto e:pilssr> i,
aitinge o bordo da aza. Uuas nervuns p a r t m dr ? m i a aio-
redondada da aza o dosapparecem antes du se tcixm eaconti.rt]r,
com a primeira nenura obliqua.
-&as inferiores poquouas, cslrritas, u n i ~ U ~ I Cr Ot ~ ~ ~ ~ i ~ o i t l , ~ ~ ~ ,
com uma $6 riervuia parallela ao bortlo exkrriu.
~Autouaas ((11 Scmca alada) mais tcriiirs clo q ~ i ci12 do ; I ~ \ c -
i.0, com tres ~articoln~íjcs(i~bstrahindo dc um tabrculo Lasilar).
k rimeira ssticulaçao curta, obconicn; segunda mais aompyida, claii
forme, Iisn, tendo numa parto c10 sou comprimento um^-engaste lea-
tieular; torceira rlongaila, finamente annclada, tendo perto da pon-
ta, niiina ligeira dcprcas30 linear, um engaste liso mais ou menos
3alionle.
a Dois olhos rclstiramente grandes, salientes, um poiico ergui-
dos cm ponta eonica no meio, tendo granulações (na0 facctadas)
basinnic! grandes R Iiavendo em cada uma certa clepressáo poriti-
forme no meio,^^
No que dia. porém, particularmeiite respeito 5 historia e cos-
til mos do phgllo,zern castnlrig, sebem que varios factos estejam
j:i ost~Belecidos. ha ainda muitas laciinas que preencher.
Está Iioje ftirn de toda a diivida quo estes animaes so en-
contram nas raizcs das vinhas nltacadas da noT& 'mdedh. 'jl dis-
:;eminado.s, jli rciiniílos em gi3upos compostos dc rnt-?~sque põem,
<I0 ~?nctta qno-e - . de ovos qiie se reconhecem
pela siia cor icni; Flnra -e menores- dk.eo
diridiios qiio cc encon tinrn cspalb~dos nlo
lados; pois eaJa rim d'elles torea, em youce ieo~yo, o centro
dr, noyn fari~iiia.
E', no enlrelaiiio, para nolar y ue nas raizes delgadas e ten.
ias i: t30 grariil~ o niimero d'csles animaos, que olles eslao uni-
dos iinç aos riiii~*os,crn iltiaoto que nas raizes cuja epiderme está
ji mais riigosn n fenditla o niinieio i: muito menor o acIham-so
mais cslinlh:irln;, c nislc caso encontram-~cquasi semprc meitidos
nas fendas.
Qunnllo urna raie -oslá.ji podre, passam para outra; quaodo
3 pasrac~~ ppi'i ec!es a tnorrer, abmdo-a: . de modo quc se não
devem - procurar- esles ahimacs senuo nas p oeates que
teeni ainda cerlo vigor,. o nas raizes que ainda esliloao,cmb~a
e~tadò.
O p?ipllo.rcrn vnsrntrir tem posturas successivas, ainda em
nnrnci'o inclclermina~lo.
Está, porém, cnlculudo aproximadamente em oito o numero
de posturas clmtle (15 de março rt(i 15 de outubro, e . em 20
o numero do ovos do cada postura: cle mocb que. sggnndo
Planclion e Liçlttenst ein, c achar-spin pelo calculg esta espntòsl
progressão do numero crescente dos individuos, tendo por porito
de partida uma unica femea: -em março, 20; em abril, 400;
em maio, 8:000; em junho, 160:OOO; em julho, 3.200:000;em
agosto, 64.000:000;em septembro, 1,280.000:000; em outubro.
25,600.000:000;-em summa, mais do 25 milhares de milhões
de ovos.~
Os mesmos auctores explicam por ésta progressao como é que
OS estragos, apenas perceptiveis na primavera, e ainda su ppor taveis
no verao, se tornam verdadeiramente desastrosos no outomno.
Está avaliado num mez, termo mbdio, o tempo neccssario a
cada genção para ser posta, nascer, mudar tres -ou quatro ve-
zes, e dar comêço a uma nova geraçao: este intervallo 4, po-
rém, mais curto de verao e mais longo no inverno. No entre-
tanto, o que mais parece influir sôbre a rapidez da evoluçao dos
Phylloxera são as circumstaocias mais ou menos favoraveis da ali-
mentação, isto é- raizes mais ou menos tenras, mais ou menos
succosas.
Segando Plaochon e Liclitensteio. aos ovos do Phyllolçcra Vas-
lntrix silo pequenos elipsoides alongadnq, dn r&rca de 0.mm032de
comprimento, sbbm 0,'"047 de diametro transversal. Dispostos
em rabra brr eoos grupos irregulares, S ~ Oa principio
amlirello=claros, tornando-se, cinco ou seis dias depois, de um ama-
roi10 sujo, passando ao pardo fusco. Tendo a primeira cor, dos-
tacam-se perfeitamente sôbre o fundo muitas vezes arda das rai-
zes e idicarn a presença das maes poedairas.n
As lemeas apteras adultas do Phylloxera uastotrix que se
enebnlram nas raizes da vinha teem cerca de tres quartos de
millimetro de com,irimento e um pouco mais de meio millime-
tro de largura, e appresentam amas rem nas fórrna ovoide mais
ou menos regolar. - - , tima forma omids com a parte poç-
"---"
r

terior inais on menos conica, qae lha e-an~~~ appmtmcta fnrbi-


nada oti. de pião.
& - ~
_
i)

Com quantd*rn f6ria aplera do PhylIazera Vasiatrix a mu-


da~@ de ~larva
~ para ojmpha, e d'esta para insecto perfeito se la-
*

6@ simplesi mudas que nao sao accusadas exteriormente por


caracteres muito sensi~eis, na forma alada as phases de e~oluçao
são uiais distinctas.
As nymphas dos insectos alados, sempre em pequeno oc-
mero relativamente íi quantidade immensa de insectos apteros, a
ùistinctos pelo corselete mais separado do abdomen e por pe-
quenos appendices triaogolares que constituem o revesti~entodas
azas,-encontram-se, em diversos graus de svoluç~o, fixas pela
tromba ao tecido natritivo das radiculas OU das raizes, em quau*
to o seu crescimento nao B completo, porque entao despojam-
se do seu envolucro e passam ao estado perfeito de insecto
alado.
Debaixo d'esta fórma o PhyZloxera Vastatrix. muito simi-
Ihants ao b'hillozera Quercus, e observado no estio a no outoma
no, ((tem o conjuneio do corpo amarello pallido com urna lista
de um castanho muito claro, occupando o semicircolo que re4
preseota a parte inferior média do corselete, no qual se acham
inseridas as duas patas interrnediarias. As azas, quasi duas ve-
zes mais compridas do que o corpo (queremos dizer as duas
azas supcrmiores),são incolores e diapliaoas, exceptuando UPJJ le-
ve extensão do seu bordo externo que constitue o que se cha*
ma o ponto espesso e que no Philloxwa representa uma ler6
cor prdaccnta. Quando em repiso, as quatro seas esta0 atra-
vessadas horisontalmente, em logar de formrcm tecto, como no
maior número clos aphidios. O pequeno niimero de nervuras d'es-
- " , - - d : _ ! tas
t azas
c x c a na0 ser COEL
o auxilio clo vento.
E~ieontram-se tambern nas folhas da videira, em galhas ver-
raoiformeç, fomeas do Philloxera inteiramente eguaes aos Ph@-
loxera apteros das raizes, rodeadas de OVOS dos quaes saem
novos Phyiloxera que vão fixar-se depois nas raizes: de modo
quo o Phylloxera gallicula 6 coasiderado um estado traiisitorio
do Pbylloxera ~adicicwla, um periodo da emigraçao do Phgllore-
ru Vastatrix.
U m phenomeoo que parem bem determinado é a hyber-
-de Shyllozera Vastotrix, pelo menos nos paizas frios.
. .A presai~paabwis**que se appresentasa ao espi-
rito, .dizem Planchon e Lichteosteia,4+gt?~o Phyllotz~ra I.ás-
-

larria: devia de atravessar o inverno no estados -i)e .,eVof A où*


servaçáo positiva tem demonbado o cootririo, attesiando a
wsseaa quui total dos om durante este penodo 6 a presenfa
&o amações da úItirr.a geraçao ootomnal. A partir dos frios de
wreaibrai as f e m e ~ adultas desapparecem, can~adas pela sua
is

iiliima postura, e talvez dezirnadas pela temperatura fria e hu-


iaida. 08 novos que Ibe sobrevivem, refugiados em pequcao nu-
mero m fendas da casca, e muitas vezes escondidos debaixo
*agmentes da periderme, (camadas corticaes exteroas, de ap-
p s r w a -), ficam 81118 OU*'&em adormecidos, entorpecidos,
presos pela tromba ao tecido alimenticio, mas sem tomar de%
enrolvimento manifesto, seo%o deb3ixo da influencia dos primeiros
calores da prima~era.o
Náo me demorarei a fallar aqui de diversas causas que teem
sido invocadas para explicar a nova molestia da vinha; pÕrque as
connsidero inacceitaveis.-Sabe-se hoje bem que èsta molestia oao
6 devida, nas vinhas onde tem sido estudada, nem a crypto-
gamos subterraneos, nem ao frio, nem á sècca, nem A dego-
nerescencia da vinha, nem ao empobrecimento do solo, nem ao
excesso de fecula nas raizes.
E' para notar que, ao passo que as observações demonstram
que Bsta molestia niío respeita nenhum genero do terreno, pre-
tende-se que ha certas variedades de videira que eseaparn ao
contagio. Dizem estar nesto caso o espagnin, uva tincta, excel-
lente mas pouco productiva, o colombeau, uva branca, má pa-
r3 vinho; e as rariedades ameriaanas conliecidas pelos nomes
de-concord, karrford, rnarthu, cunningliam e Aerbmmt.
Resulta tambem das observaçóes feitas que em nenhuma ida-
de a vinha estai a coberto da invas?irr dn molestia. -
osos os meios qlie €i%m 5ído esperi-
rã "combater a nol7a molestia da ~inha;
e, com quanio sejam quasi todos ineficazes, insuficientes ou inappliea-
ueis, parece-nio util mencional-os aqui; porque, num assumpto em
que se anda 4s cegas e se êxperimenta ao acaso, o conliecimcn-
to dos meios m l ; e è m sido empreaa,dos sem resultado evita
muitas tteotafiras iofructuosas, e ensaios sem vantagem.
Pára impedir a propagaçio do Phylloxera teem-se organis3-
do sociedades de proprietarios, e levantado subscripçóes, para os es-
tudos o ensaios; tem-se invocado o--aùxlrio dos homens da scion-
eis, e instituido premi@ paTa "OS auctores dos m o i o s ~ a c t i c o s
da cura; teem-se organisado commissões v - 0 - esíudõ a s 6 m o -
]estia; tem-se aconselk@p,- aTmàd@ obrigatorio o arrancamento
das ~iohaii, e' a Xl3 bestruiçáo pelo fogo; tem-se aconse-
I l i a h eu*'e~ipregado como meio de cura indirecto a introducç~o
no tecido da planta de substaneias reputadas nocivas ao insecto.
taes como:-a terebc?athina, o acido picrico, a fuchsina, o sztlpliatiaro de
cobre; tem-se pensado em recorrer a meias de ciira naturaes,
importando-se para esse fim insectos deslruidores ou unnibaes clo
P/iy!loxera, taes como os anthocoris, e, em geral, os insectos a-
phidiphagos. Como meios de tractamenlo directo tem-se acoiise-
Iliado ou experimeatado: 1.' o tractameoto pela çulbra, varian-
do-se os adubos, escavando-se as Y ideiras, fazendogse poda curta,
descarregando-as do todos os ramos, fazendo-se mergulharias, practican-
dose enxertos em vinhas americanas considerada; refractarias, entorran-
do-se plantas verdes ssmsadas entre as vinhas, amiudando-se as re-
gas e alagaodo-se OS terrenos plantados de vinhas, escaldando-se
as raizes das vinhas pelo vapor, recolhendo-se as galbas do Phyl-
loxera, dispondo-se bacellos para attrahirem os Phyllorera, fii-
zendo-se cordões sanitarios, e supprimindo=se até a cultura da vi-
nha, sando necessario; 2." o ernpr6g~ de meios destinadus a prB.
vioir a molestia, applicandoase aos pbs das parreiras coaltar, al-
catrão, acido phenico, rccida picrico, a fuchsina e a carmisa, o
gesso, a cal; 3." a desiruiçao do Phylloxera pelos meios inse-
ctidos, taes eonlo:-productos phenicos, creosotados, enzpyrettmg-
ricos, bitumes. oleos mrneraes, taes como o acido phenico, o phe-
nttreto de passincm, coaltar, terra coaltarada, enxofre coallara-
do, fulligem, petroIeo, naphtctllna, oko de cade; -4.' o usa de

de' productos pliospliorado$: -pho.ophato ncido de cal, phosphoro;


6." producto~ arsenicms-acido arsenioso, acido arsenico, arsenitc
de soda; -7." saes de cobre, especialmente o sub-acetato de co-
bre; 8." o ferro, pgrites de ferro, sulphato de ferro, perchlor«-
reto de ferro; 9." c h h r e t o s alcalinos. particnlarrnente o sal com-
mum; 40.' lavagens com substancias alcalinas, com sab6o preto,
mistura de cinza e de cal virgem; 11." productos ammoniacaes.
ou em dissolução na agoa; 42.'
o de ferro, sal,
e e su!pharo de
potassa, cal carbonatada.-cal asmoniacnl, agims-agmoniacees,
hytiro-carburetos, hydro~mlpli~to,naphtalina, sulphah ds ter- *

ro, herwas e immundicies dos foss~s.-suZph~ret~s de calclc/t~~ *'

de sodium, cal hydratada, alumen, sulphato de ferro, sttlpltal(.


acido de soda, ou scclphaio de cobre, de ferro, de soda e cal,
-silicaros basicos de ferro e de alumen. e acido sulphurico dtl-
-
luido, cal P acido sulphurico, -poIvo~a, naphialina e cal; 13 .'
diversas sccbstanciues vegetaes, taes como:-tabaco, qzcas9a ama-
ra, aloes, aloes e alcatrão, euriaria myrtilolia, noz m i c a . oleo
uk~cooca oermi8ifZtsp; I 4 P diversos remedios secretos que $6
por men~oria podem ser citados, taes como:+ prúcessa ,Veio
rault, o processo Bon, o adubo insecticida Jaille, o naortifiro
apliidio. o coit~posto Forot, o apatholiie, a massa americana.
Desde que o Phylloxera Vastatriz existe, desde que tudo
demonstra que o progressivo desinvolvimento da nova mole~tia
da vinha náo è devido a um estado particular das videiras, mas
sim ao contagio e propagaçao dos Phylloxrrns, è hoje, a meu
vêr, de poquena importancia saber quaes foram as condicções
que deram primitivamente logar 4 appariçáo d'estes insectos; e
entendo que mau caminho seguem os que procuram evitar ou
combater a molesiia, esforçando-se por collocai. a vinha nas con-
dicções opposlas ás que liypotheticamente pensam ser as que
deram origem ao Plylloxera.
A minha opinião i! que devemos combater a nova moles-
tia da v i a l ~ g , como hoje combatemos a sarna no Iiomem e nos
animaes; istc é, prevenindo quanto possivel o contagio, e dea-
truindo o acaros nos individuos em que elle se manifesta, na0
simplesmente com remedios internos R geraes, como faziam os
antigos, mas sim, e sobretudo. pnr meio rle agentes insectidos
o contagio E indispensavel procurai des-
truir o Phylloxcra nas vinhas já atacadas, ainda que náo e3-
tejam do todo mortas, ainda quando soja necessario, para isso,
sacrificai-as.
Nao cort8mos nós as cannas atacadas de bicho, para, por
este meio, salvarmos as cannas que estão ainda saos? Não impe-
dimos nós a propagaçao da epidemia das gados, abattendo os
rnirnaes doentes para salvarmos os sãos do contagio? Pelo mes-
mo modo, e com os mesmos fundamentos, a conservaçao das
vinhas sans exige que se sacrifiquem as viahps ? a @ ? da mo-
lestia, c que já esta0 votadas a uma-T'Mí?e certa; pois que só
em quanto a vinha tem vida,* so' em quanto tem raizes succulentas
que possam minhtrar alimento aos Plrylloxeras, é que estes se acham
juncto d'ellas, e podem ser ahi desiruidos. Assim amputa muitas
vezes o cirurgia0 um membro para salvar a vida ao resto do
corpo; assim se sacrifica muitas vezes uma parte para nso se
perder o todo.
Por isso no Cantão de Vaud, na Suissa, onde a vinha 6
uma das paincipres riquezas, se decretou o arrancarnento fcrcab
.do das parras doentes;-por isso em França o ministro da agri-
cultura pensou em propôr i assernblea nacional igual medida.
Em q~anto aos agentes que podem ser emyjregados
ma!ar os iorectos. $30,como já vimos, muito numerosos; deve-scc por
tanto escolher d'cntro elles os que forem menos dispendiosos e
r l e mais facil applieaçio.-lofelizmentc, na Madeira, niuito poiicas
vinhas ha qos possam ser tractadas por inundaçfio, o que parece
ter produzido bons resultados.
O que í: certo 6 que este assumpto devo prender a st-
tenyáo dos agricultores da hladeira, a fim de empregarem, des-
tle jd, todos os ineios possivois, tendentes a conservar as nos-
$35 ~inbas,quo sao uma das nossas maiores riquezas.
Conukrn q3c se saiba que as estragos que o phylloxera vasta-
rriz tem feito nas vinhas de diversos paizes são jB imrnensos.
Xiimr brocliur:, recentemente publicada no Porto sôbro o no-
vo flagello das vinhas, o auctor, fallando da França, exprime-se
assim: .Quem liouver de percorrer as vastas e ferteis regióes
vinicolas da França, desdb o Bordelais at0 as praias do Medi-
terraneo, sentiri confranger-sc-lhe o coraçao, vendo pascer reba-
nhos e m w d a s por entro uma necropolis de detritos ~egetaes.
antes a vide
- promalteodo
ao la~rador, em premio dos suores com quo tiniia regado a
terra, abundancia e alegria; alli, onde as cançóeç dos vindima-
dores competiam com os gorgeios das avesinhas do ceo; alli ape-
nas jaz uma iamliia de mortos! As cepas despidas da sua Yer-
de folhageio, unias eryuidis, outras tombadas, sssimilliarn aos res-
tos de uma floresta immensa, poupados por um inccndiol Quo
desolayi~u! Quaiitas lagrinias e lucto e privações! Quanta dôr aão
signiEcam aq~iclles tristes despojos! r
Em Portugal esta calamidade tem ji tambem tomado pro-
porçóas altame-=.) li?, o que manifestamente revela
uma carta de José Monteiro de &I~X .do =Vessadios, publica-
da no n." 90-4872-do Jornd do Forto, e que peço a V.
Exc.' licença para transcrever aqui. Eil-a:
aEetá sobre nós uma calamidade. O paiz vinbateiro está a-
meaçado pelo Pliylloxer<e Vastatrix, já sobre nós estende suas
azas negras a ultima adversidade que a providencia parece ter
'

querido enviar-nos para mostrar-nos o que somos e o que va-


lemos; não osia~a ainda esgotado o calix dos soffrimentos e mi-
serias; eis-nos a bracos com a ultima: e de certo ficaremos ven:
cidos se porventura- os Poderes Pablicos não accodem opporiu-
namente a este desrenturoso paiz, ordenando, sem perda de tem-
po, quo se estudem os meios de combater este terrivel flagellc.
d a v o r i 3 amos que a nova mulestia principiou em uma
quinta perrencente ao sr. Lopo Vaz, ninguem entre nós soube
c:cplicar nem dizer quaes 3s causas d'essa nova niolestia, nem classifi-
cnl-a; ninçucm soube doscobrir o rcmodio para esse mal.
(4"mbern 6 verdade que nio se empregaram diligencias pa-
ra o descobrir, pois que. attribuindo muitos o facto a causas
iocaes, mais ou menos pluusiveis c serdadeiras, nao se imapi-
iiou então quão terrivel era este iioro mal.
atloje, nao ha que duvidal-o, o Douro osti ein breve a Ti-
c3r reduzido i fomo e á miseria; principia já a espalhar-se unl
pnico assustador ou freguezia do Covzs do Douro; 6 juslamento
riesta freguezia onds se produzem os riiihcs mais genuinos e mais
:ifarnados de todo o paiz vinil~teiro, e ú justamonto nu ribeira
do Couas que o noro fl~gallo vai mostrariclo os seus terriveis effeitos.
a A a poucos dias fui a urna Quinta que possuo em Chm-
colleiros, e por essa oceasião tive de prescnci~r e ~ c ros olIei-
#esse novo mal, e t:lo improscio~ioclo Gyuei, que resol-
:-i 3 cscrevc~ com o fim de publicar por m i o da
imprensa, as cs obscrvaçõcs cin algiimas vintiar, e
principalnicntc, para porler supplicar a V . . .com o maior empe-
alio, que no seu muito lido jornal l e ~ ~ a n t ac sua auctorisada
I.OL em favor do paiz vinhatoi~. Ern uma ~ i n h a pertencente a o
sr. F.'" Pinto, do Chancelieiios, chamada dos Cardint~aes, e ~ r ~ z
ciitrss sitas na ribeira de covas, na dos Fojos, por exemplo,
onde este anno so observam os effeitos d'csse mal.
aEu e alguns amigos andamos ucndo essas vinhas, e reli-
i.jmo7-nos com a àdr no coração, contristados e afflictos, por quo
persentimos uma grande calamidade yenilanLe. $&r0 - e não
podemos nem sabemos doi3-lhe-r - c d i o . % vinha dos Cartlinliaes
notou-se o arino passado um enfraquecimento geral nas lides; os
rebenl7ies ROTOS ficaram cartos, rachiticos, c affectados visirel-
:nente d e uma nova mdestia que náo a do OidNdtn. porque
nesta o enxofre produz salutares effeitos é naquella nío; este
;mo nota-se que da extrerni(lade da \.ara seccam os pampanos ou
sarolentos nosos, c os que nasceram mais prorinios das cepas
ou e s t b quasi seccos oii sem forca para crescer., Qual 6 n
cama d'este effeitol Que remedio serd bom para combater este mal:
(Eu quizera psdir ao Governo que mande estudar esta 13,)-
lestia, que por meio de setis subalternos osylique que ren.cl.i;ü,
$2 é que o ha, se dere empregar, o que fioalmenle empregue
meios para ataihar o mal em quanto é tempo; mas a minlia
voe é demasiado fraca, e por isso desejo que os iiomcns que
escrevem sobre a scieocia, aquelles que escrevem na imprensa,
aquelles que se interessam pelo bem do paiz, se occupem de
um assumplo de tanta consideração.
.Ouso pedir ao digno deputado por Sabrosa, em cujo con-
celho se tem manifestado estes effeitos da nova molestia, que
en estou parsuadido ser produzida pelo insecto a que tenho ou-
rido chamar Pby lloxera Vastetrix, empregue todos os esforços
perante o governo, a fim clo elle se occupar sem demora d'es-
tc objecto, o mandar 5s localidades estudar por pessoa competen-
te, os meios da dcbellar este novo inimigo do nosso torrão, tão
arassalado e subjeito a desgraças tamanhas.
~ Q i i e podem esperar, sr. redaclor, o s lavradotes que vem
iovadidas as s u a s vinhas por este mal sem remedio?
d á n l o Iia quem queira comprar rinhos, já não b a quem
empreste aos proprietarios capitaes para costearem os grangeos e
despezas, ~ o r n o ~ ~ , ostituida nas vi-
nhas nso b j i garantia se ; e--at0m d'estas
eonsequoncias O bem facil de ver que outras hão de seguir-se
bem peioros para os Iiabitantes de um paiz outr'ora tão rico e feliz.
nAquclles que, como eu, pressncearem e sentirem as con-
seqrioncias d'este novo mal podem afirmar que nos espera um
bem trisle futuro.
ablguem me diz que esta molestia invadira os vinhedos da
França e da Hespanha, porém o que eu ignoro, e ignoram todos
aqui, é q ~ a l o remedio quo se tem applicsdo, e se porren-
tiira algum tem obstado i propagação da molestia ou a tem cu-
rado, e no m e ~ - - ~ todos a r os meios devem ser emprega-
dos para ver se se consegue deoee8Eir-r u m antidoto ou
preservativo do mal. +\
aComo este assumpto interessa a todos os propr~etarjos, e
principaltnente áqueiles cuja fortuna consta de vinho, insisto em
pedir a todos que procurem, pelos meios ao seu alcance, o fim
que desjfimos; pois do contrario veremos desgraçadamente em pou-
co tempo invadido todo o paiz rinhateiro d'essa molestia e com
ella vel-o-hemos perecer e anniqoillar-se talvez para sempre.
.Por em quanto esta localisado o mal, mas creio que em
pouco tempo se estendera em todo o paiz; e Deus pormitta po-
rém, que es me esgane neste juizo.
:(Esta n o n molestia é, segundo vejo, differente em tudo
d'aquella com que luct6mos ha tantos annos, differente na pro-
pagaçao, nos effeitos, e moito mais a temer, porque secca a ~ i -
ilha onde entra, e nlo deixa esporaoça alguma ao lavrador.
.
<Se V . .levanta em prol do paiz vinhateiro a sua aucto-
risâlla voz, milito tem que lhe agradecer os Iiabitantes d'esta
regiáo.
com relacão aos effeitos d'esta nova molesiia clcrs accres-
tentar que muitas videiras das rinhas invadidas não cliegaram a
rebentar, o que eu attribuo náo só i rnolestia, mas ainda á
sua intensidade e rapidez, pois e certo que foram podadas e no
anno passado rebeiitaram e produziram fructo, posto que náo táo
[ierkilo con1o nos annos anteiiores.-José Lopes Nonteiro de
13arros.
Em vista. pois, do que fica exposto, e porque me consta
que já em rarios pontos d'esta ilha se manifesta tão terri~el
molcs~ia, venho chamar a attenção de V. E x c . b h b r e este as-
suinpto, pedindslhe que considere se, nas acli?nes circurnstancias,
náo seria çonvcni entre ~ t r o smeios que a V. Esc." pare-
g m bons:-4.' nomear uma commissáo, com a sca s6do na
cidade do Funchal, eiicarregada de estudar 2 nova molestia das
yinhas na Madeira, fazer ensaios, e propor os meios mais con-
venientes de a debellar; 2." crear em cada concelho uma coni-
miss ao filial presidida pelo respectivo administrador e da qual
deram fazer parte os parochos e presidente d~ camara mu-
nicipal, e alguns dos proprietarios mais instruidos,-commissõeç
que se corresponderiam .com a cominissão central dando conhe-
cimenio do desen.rolvimento da molestia, dos sgmptomas obser-
vados, dos ensaios feitos, e dos resultados obtidos; 3." forne-
cer, j5 pela caixa de soccorros sendo possivel, já por subscri-
pções, ou por qualquer outro modo que V. Exc." entender
conveniente, os recursos necessarios para que essas commissóes
possam pbr em practica os meios que entenderem dever-se
empregar para preservar as nossas vinhas de ia0 terrivel ca-
lamidade.
Se o que eu deixo dieto podér convencer a V. EHC.'
de necessidade de se tomarem quanto antes medidas energicas
sbbra este assumpto, e se com isso eu tiver feito algum ser-
viço ao meu paiz, darei como bem empregado este meu Ira+-
balho.
Peço licença a V. Exc.' para dar publicidade a 6sla ear-
ta, se o entender conveniente.

com a maior eonsicieraç~oe estima


Resposta.

Acolher com sincero alvorôço e reconhecimento o concurso


iiitclligen te e valioso J'individuos cujo talento e experiencia sao
gnnntias mais que sobejas para assegurar o bom exito de com-
niettirnentos uteis e prestadios, foi sempre a norma constante e
i~rariarel do meu procedimento na carreira da vida publica.
E' nobre e altamente patriotico o appêllo de V. Exc.' para
orn assumpto da mais subida importancia, tanto mais quanto é
certo prenázr elle com a melhor e mais copiosa fonte da pros-
peridade d'este districto.
O novo flagello que ameaça invadir a cultura vinicnla do
nosso paiz, preoccupaodo sériamente a attençao dos agricultores,
despertou a solicitude dos poderes publicos, que consagram hoje
os mais assiduos e desvelados esforços para estudar e remover as
causas de tiò funesto mal.
No Iiumanitario laror em que lidam governantes e governa-
dus, o'essa sympatbica e utilitaria cruzada, que é da nação e
do Estado, ha trabalho para todas as vocações, logar para todas
as vontades.
Serviço de superior valia presta V. Exc.' aos seus conter-
raneos despertando-lhes a altenção, j4 com a publicidade do ju-
dicioso o illustrativo escripto, que tenho presente, sobre a nova
molestia das ~inhas,já com o poderoso auxilar das suas luzes em
tao interessante ausumpto.
Cumpre-me, pois, agradecer-lhe um tao precioso documento,
fluo mlis uma vez attesta os merecidos creditos que Ihe hão
grangeado a sua intelligencia e estudo, assegurando-lhe que mo
veio elle afervorar o zèlo que nutro pelo eficaz e successivo
melhorainento dos differectes ramo: da industria agricula n'este
dislrieto, mananciaes os mais profundos e abundantes do seu in-
crernen to e riqueza.
E como prosa do apreço e valor em que tenho os alvitres
púr V. Esc: propostos, ouso esperar que se dignar8 indicar-me
um numero conveniente d'iodividuos, que, juncto com V. EscSn,
possa constituir n'esta cidade a comrnissáo central encarregada tli?
estudar a molestia das vinlias n'cste districto, e propbr uu en-
saiar, d'accbrdo com as filines creadas nos demais concelhos, os
meios conducentes a combater aqiielle flagello.
Auctorisando V. Exc.' a fazer d'esta miolia carto o ~ s oqiiu
cnt~ndcr, aprazme c~onfoss;ir-me com a maior consideracão e estin~l

Funchal 28 d'açoslo de 1872.

De V. Esc."
b

$1.'' attento am." e obrada

D, João Frederico cin Ccrtztarln Lelzic.


Agradeço a V. Esc." o ícr tomado immcdintamsnte tia m a i x
considerayão o assumpto sbbre q u a chamei a sua attenção, e ac-
coitado os aliitrcs qug tive 3 lionra do propor-lho; dererido co,
sein d i i v i d ~ , li nirnia bcnc~oIencia de V. E x c . b s lizonçeiras es-
prcssões que me dirige c o apreço ein que tl:m o meli pe-
t
queno rncrccimento.
Aoiinado pela boa ~ontade que fólgo de ter encontrado em
V. Exc." apresso-rno a declarar-lhe l u o cstou prompto a fazcs
parte da Comrnissáo Central que (lhe ser cncsrregada do estu-
do da nsra molestia da ~ i n h a na Aladeira e do propor os m e i o
do a combater; c, risto que V. Ese.Qso digo2 tlc pedir-mc cjue
Ilie indique os nomes do alguns carailieiros para compôrein ésta
cornrniss~o, tenho a lioora d e communiear-lbc que, entre ouira..
pessoas que V. Enc." ouieoda conveniente chamar para tal fim,
fj!;l~ria de e n c o p t r ~ss~ub a presidencia de V. Exc.", os seguin-
tes cas~ilheiros~'
Dr. Jtlcerzírl Iloítorio de Ornelias,
Josd Leiio Drlcnzrno12d Catla!leiro,
Dombjgos Alberto Cititlia,
Mauricio de Andra de,
João Jfaria Jloniz,
. Joáo Araujo Czn~ha,
Fran cisto Anlcnio de fiedas Abreic,
Sdoador Augusto Gantilu $Oliveira,
os quaes tenho por certo que poderão prestar relerantes serriços
em tão importante eommiss~o.
Funchal 30 de agosto de 1872.
Sou de V, Exc.", com a maior consideracáo e estima
m.'O a1t.O v." e em.' m.'bbrigndo
Dr. Jo6o da Ca~ilaraLel~tr.
Aleará creando tlnza Commi8são coo~r n stla sede na ci-
dnde do Funclial para o esttrdo da nooa nioleslia da cinlra.

Doizz Joião Fvederico da Cmara Leme, Cotnmendadvr c20


Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo, e da de 12aGel a Calho*
lico, Covnlleiro da tnuito antiga e nobre ordem da Tovr~'e Es-
pada do valor, lenldnde e merito, da de S. Bento &A&, e do
de Nossa Senhora da Concei~iio de Villn Vigosa; condecomdo cor»
0.) ~ireclalhas ?~~ililnrc~s dc prato, correspondentes ao valor militar,
r; preside>;te honora rio
4 1 ~ s bw2s setSc i p s e cowporlanento cxet1111la
iln Conrsissáo poi.&tf,gt~ezade SOCCOTTOS a feridos e doentes eis, [em-
??/) de giterra; capitão do exercito, a Gouernador Cicil do disrrícro
o i2111 inistt-ntko tio Funclial, por Sica Il fngestade Fiddis$fma, eir .

Senda j l hoje e as vinlns, em algu-


tnaç Ivcaliclades d'estri *-( "ama
E motestiz, ca-
jns rympiornas parccem ser os mesmos que hão sido observados
iios p3izes oiide tem penetrado a destruidora epydriadâ, causada pelo
inse:to que os naturalistas tlenominao phy!loxera vastatrix:
E sendo certo qrio-embora as condicções econornicas Ga ilha
da bíadcii*a apresentem na actualidade sensivel mellioria em rclriçao
ao que eram quando em 485% os nossos extensos c precioscs vi-
:,hed«s foram niacailo.;, e, ctn grande parte, destruidos pelo oiditrm
t)ik;;ri-ainda assim masmo, incalcula~eis prejuizos viriam ail'ectar a
agi.ictttt,ura, o csrnmerzio dos vi~ilios, c todas as industrias secunda-
rias que esse commereio alimenta, se, por fatalidade, a nova mo-
lesiia, alarganrlo indefinidamente a sua drea de insasao, chegasse a
ccbntrminw a renascerite e esperançosa cultura das viuhas em to-
do este paiz:
Por estas çonsiderações que nos impõem geralmente a obriga-
i80 da en~penliarmos quantos esforços nos forem possiveis em or-
dem a prevenir, 011, quando mais não possa ser, a tornar menos
iritensos eaeiios de uma tal calamidade; e pelo dever que especial-
meoie me incumbe de velar pelas cousas do disiricto cuja adminis-
tra~áomz está confiada: tenho por convenienlo determinar o seguinte:
$ ereada na cidade do Funchal uma comrnissáo pára J ~ S Y L ~ I *
o estado das viohas que apparecem affectadas da molestia que csnid-e
ya a desenvolver-se, e estudar as causas, symktomas, effeitos a mliç
circumstancias da mesma rnolestia em todas as phases que e:la 2;iic-
sentar.
2 .O
Esta Commissao, que funccionará sob a presidencia do G O Y ~ ? S -
nàdor Civil, seri auxiliada nos trabsllios que Ilie ficam çomni?iii-
dos por commissóes filiaes, creadas nos concslhos onde haja tido lo-
gar a appariNo da rnolestia das vinhas, e que serão compostas llos
respectivos administradores de concelho, dos presidentes das earnn-
ras municipaes, dos reverendos parochos, e de mais dois ciJai&2s
que melhor possam auxiliar os estudos de que as aurrnls cg.ri-
missões vao sem demor oecupar-se.

A commissiio central de que tracia o artigo I." seri cl~rn-


posta dos seguintes cidadlos:
Dr. Jcão de Camara Leme-Vice-presidente,
Jose Lefio Drummond Cavalleiro,
Domingos Alberto Cunha,
Mauricio de Andrade,
João Muda Mmio,
O iniendente de pecoaria, Savador Augusto Gaiiiito d'Olivcii*a,e
Francisco Antonio de Freitas Abreu, que serviri de secretario.
Dado no Funchal aos 11 de setembro de 1872,-0. Jo& 171-1,-

ierico da Cumara Leme,


Está conforme.
O Secretario Geral,

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