Sie sind auf Seite 1von 1

Foucault (1992), em seu texto "O que um autor?

?", comenta que, historicamente, os textos passaram a ter autores na medida em que os discursos se tornaram transgressores com origens passveis de punies, pois, na antigidade, as narrativas, contos, tragdias, comdias e epopias - textos que hoje chamaramos literatura - eram colocados em circulao e valorizados sem que se pusesse em questo a autoria - o anonimato no constitua nenhum problema, a sua prpria antigidade era uma garantia suficiente de autenticidade. Os textos cientficos, ao contrrio, deveriam ser avalizados pelo nome de um autor, como os tratados de medicina, por exemplo. Nos sculos XVII e XVIII os mesmos textos cientficos passaram a ter validade em funo de sua ligao a um conjunto sistemtico de "verdades" demonstrveis. No final do sculo XVIII e no correr do sculo XIX, com a instituio do sistema de propriedade, possuidor de regras estritas sobre direitos do autor e relaes autor/editor, que o gesto carregado de riscos da autoria, enquanto transgresso, segundo Foucault, passou a se constituir um bem, preso quele sistema. Para Foucault, o que denomina como "funo-autor", dispensada nos discursos cientficos pela sua pertena a um sistema que lhe confere garantia, permanece nos discursos literrios. A "funo-autor" no se constri simplesmente atribuindo um texto a um indivduo com poder criador, mas se constitui como uma "caracterstica do modo de existncia, de circulao e de funcionamento de alguns discursos no interior de uma sociedade" (Foucault, 1992, pg. 46), ou seja, indica que tal ou qual discurso deve ser recebido de certa maneira e que deve, numa determinada cultura, receber um certo estatuto. O que faz de um indivduo um autor o fato de, atravs de seu nome, delimitarmos, recortarmos e caracterizarmos os textos que lhes so atribudos.

Das könnte Ihnen auch gefallen