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‘Organizacao Empresarial e o Direito A Atividade Empresarial Todo trabalhador, quer seja da indiistria ou da prestagio de servico, ird se deparar no seu dia a dia com situacdes em que lhe ser exigido conhe- cimento na 4rea do direito. Como veremos no decorrer do curso, todas as relagées do homem em sociedade sio reguladas pelo direito. Na organizacio empresarial, em especial, sio varios 0s momentos em que o profissional iri se depa- rar com a necessidade de interpretaco de uma norma juridica, elaboragio de um contrato, ané- lise de direitos trabalhistas ¢ de situagdes outras que exigem conhecimento da Ciéncia Juridica. Dessa forma, € muito importante que o profissional compreenda 0 que € 0 direito e os seus principais instrumentos, em especial, a norma e a sua fungio na atividade empresarial. E preciso ter em mente que, para o exercicio de qualquer atividade, seja na indéistria ou na prestagao de servico, incidirio regras juridicas determinando a forma de atuagio de cada profissional no exercicio de suas atividades. A organizacio empresarial, atividade organizada que vise a producio ¢ circulagio de mer- cadorias ¢ servicos destinados ao mercado, possui todas as suas etapas reguladas por normas juridicas que determinam os procedimentos a serem realizados, desde o surgimento até o fim da organizacio. A partir do momento em que se decide criar uma organizacio, jé existe na legislaco brasileira normas que determinam a forma da sociedade empreséria, como ela vai ser constituida, as obrigagdes e responsabilidades dos sécios ¢ como elaborar 0 seu contrato social. Da mesma forma, na atividade empreséria, incidem tributos _ Tribute: oe que devem ser recolhidos, devendo o profissional entender o seu Consistena principal eceita do significado e a utilizacao dos recursos arrecadados na manutengio do £st#do paga, obrigatoriamente, Estado Brasileiro. Toda essa relagio € regulada pelo direito tributério 98s contuintes, que sto 5 < rf pessoas fisicas @ juridicas, ¢ deve ser conhecida pelo profissional que atua nessa érea. Sidiid 6 8 [aiisaida OBdERUEBIO € Organizagao Empresarial e 0 Direito Outro ponto que deve ser observado na atividade organizacional € a sua relagio com os empregados. Todo o processo de contratagéo de mo de obra possui esté- gios nos quais incidem direitos e deveres garatidos pela Consolidagio das Leis Trabalhistas (CLT), conjunto de normas que constituem a base do direito traba- Ihista brasileiro. Por sua vez, ao colocar 4 disposigio dos consumidores um bem ou servigo, a Tahsladores de uma empr organizacio empresaria compromete-se com a qualidade daquele bem ou servico, respon- sabilizando-se no caso de danos causados ao consumidor. O dircito também regula essa relagdo entre fornecedor e clientes por meio do direito do consumidor. Toda organizaciio empresarial goza de protegdes estabelecidas pela legislacio, a iniciar pelo seu nome empresarial que no poder ser utilizado por outros empresérios, assim como a protecio aos inventos utilizados na sua atividade que podem ser explorados eco- nomicamente ¢ sio protegidos pela legislacao de marcas ¢ patentes que faz parte do direito empresarial. Além das atividades citadas, ha varias outras que sio praticadas no cotidiano do profis- sional de organizagées empresérias em que também incidem regras juridicas, as quais sero estudadas no decorrer deste livro. Atividade Dentro das tarefas de uma organizagao empresarial, identifique outros setores ou atividades em que se aplicam regras ou normas juridicas. Introdugao ao Direito Antes de adentrarmos ao estudo da legislacao, € necess4rio apresentar alguns instru- mentos relativos ao estudo da Ciéncia Juridica. Assim, nesse primeiro capitulo, veremos 0s principais ramos juridicos, possibilitando uma visio do direito como um todo e de suas principais divisdes de estudo ¢ aplicacao na atividade empresarial. Inicialmente, devemos destacar que o direito ensina a viver, conviver ea compreender melhor a sociedade, estudando as normas de conduta criadas pelo homem ¢ pelo Estado. Possui como principal objetivo a obtengio da paz social pela repeti¢ao das condutas mais desejaveis por toda a sociedade. As organizacées empresariais, em especial, sao reguladas pelo direito, existindo intime- ras normas aplicdveis em sua atividade cotidiana, como pudemos observar anteriormente. Essa extrema regulacio advém do fato de que constituem a base da economia de um Pais. Todo 0 conjunto de bens e servicos produzidos faz parte do Produto Interno Bruto de um Estado, sendo este o fator que identifica os caminhos e as mudangas necessérios a0 restabelecimento do equilibrio do Pais. Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma em valores monetérios de todos os bens e servicos finais produzidos numa determinada regio, durante um periodo determinado. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econémica de um Pais. O direito tem como principal elemento de estudo _ Direita: a conduta humana. Necessita ser dinamico para atender Palavra derivada do latim popular, as necessidades que surgem do convivio social. O ordena- _ Siestum, que significa dirigr,endieitar, a fazer andar em linha ret. mento juridico pode e deve ser alterado de acordo com as necessidades sociais e econdmicas de uma sociedade. Deve-se destacar que € impossivel o conhecimento aprofundado de todo ordena- mento juridico, uma vez que cle € formado pelo conjunto de todas as normas vigentes em um pais ¢ por suas doutrinas explicativas, mas é essencial, no minimo, o dominio sobre seus principais fundamentos. Conceito de Direito A anilise etimolégica da palavra direito identifica a sua __Um brocardo (em latim: brocardus): origem como sendo do latim directum, que significa aquilo um principio ou axioma jurdico, que € reto. Jé o brocardo romano jus, significa a arte do Patticularmente escrito em latim, e que bom, do equitativo. Intuitivamente, nos dias de hoje, & a “Messe camesamenteum concao ou reqra. nogio do que € certo, correto, justo, equdnime, ou seja, € aquilo que est de acordo com a lei. Eraatitanica deusa dajustica, daleiedaordem, protetora dos oprimidos. Tinha muitos nomes, ape- sar de apenas uma forma. Costumava sentar-se ao lado do trono de Zeus para aconselha-lo. Era filha de Urano e Gaia, e, portanto, uma tita. Considerada a personificagao da ordem e do direito divinos, rati- ficados pelo costume e pela lei, era frequentemente invocada por pessoas que faziam juramentos. Deusa da justia, era representada como uma divin- dade de olhar austero, tendo os olhos vendados e V pica segurando uma balanga e uma cornucépia. As ciéncias exatas objetivam compreender as leis do “ser”, ou leis naturais, como todas aquelas regras ¢ normas que independem da vontade do homem, sio as ciéncias naturais, os teoremas matemiticos, as leis da quimica e da fisica, os elementos de certeza. A Ciéncia Juridica estuda o “dever scr”, isto € aquilo que deve ser realizado pelo homem na sociedade, repetindo as situacdes previamente fixadas na lei. BIBLIOTECA JERS/Campus Porto Aleg: € iid 6 8 (eUNesaiduiy OBSERUETIG Organizagao Empresarial e 0 Direito | O ser humano atribui qualidades aos fatos e as coisas. Tudo que esté dentro da sua dimensio humana acaba recebendo um valor, existindo fatos que agradam ou desagradam os homens. Todas as condutas sao valoradas pelo ser humano que pode consideré-las como aceitaveis ou inaceitaveis. Dessa maneira, dentro do universo das realizages humanas, o homem age sobre a natureza para tornar sua existéncia possivel ¢ sente a necessidade de criar regras para ordenar a sua convi- véncia com outros seres humanos. Tudo aquilo que o homem utiliza para modificar 0 meio onde vive facilitando a sua sobre- vivéncia faz parte da cultura, Entre os instrumentos culturais de adaptagao criados pelo homem, encontra-se o direito, que surge de toda atividade valorativa orientada para realizar a ordem, a seguranca ¢ a paz social. Assim, o direito disciplina condutas impondo prineipios a vida em sociedade, possibilitando As pessoas que possam conviver entre sievitando a desordem. Como principal elemento do direito esti a norma juridica, cujo papel € disciplinar a conduta humana, determinando o “dever ser” Conceituamos o direito como o conjunto de normas gerais e positivas que regulam a vida social possuindo as seguintes definicdes: * O direito é a técnica utilizada pelo legislador na elaboragao das leis, visando a melhora das condigGes sociais e o estabelecimento de regras justas e equitativas de conduta. * O direito 6 0 conjunto de regra de conduta obrigatéria de um Estado, reunindo todas as regras aplicaveis que devem ser seguidas pelos habi- tantes de um pais. * Odireito é a ciéncia que estuda os efeitos das normas escritas pelo Estado ou estabelecidas pelos costumes do homem. * O direito estabelece a faculdade que a pessoa tem de agir para obter de ‘outrem o que entende cabivel. Pr Norma Juridica O direito utiliza como meio de expressar as suas fung6es a norma juridica a qual impée ¢ disciplina as condutas humanas. Toda norma juridica apresenta-se como uma des- yr crigéo de uma conduta que pode vir a acontecer ¢ que chamada de “descrigio hipotética”, ¢ prevé que a sua realizacio produziré determinados efeitos. A previsio contida na norma contém o modelo ou tipo de um fato, uma conduta padrao que o legislador escolhe que seja repetida para manter a paz na sociedade. Esse modelo, Por sua vez, define os principais elementos das relac6es 4 sag arte reer sociais, definindo 0 que é propriedade, obrigacdo, testa~ ser seguida por aquele que aplica o direito mento, tributos, etc. As definigdes contidas na norma juridica devem possuir certeza, preciso e clareza, prin- | cipalmente com relacio aos efeitos. A predeterminagio formal da norma visando a certeza juridica ao regular as acGes em sociedades chega ao ponto de exigir que o Estado constitua um 6rgio, que tem como uma das principais finalidades ditar o sentido exato das normas vigentes, 0 Poder Judicidrio. Dessa forma, a norma juridica pode apresentar-se de trés maneiras: * Texto legal, que representa as expressées escritas do texto normativo, resultado do trabalho do legislador; * Vetor interpretativo, resultado da interpretagio do aplicador do direitos + Julgamento, que é 0 resultado da concretizagio da norma no seu sentido exato aplicado ao caso concreto determinado pela atuagio do magistrado. Caracteristicas das Normas Juridicas Imperatividade — A norma juridica tem um comando legal, _ Sangli uma determinagio, portanto imperativo, indicando que a realiza-_ Em tema jurdico que aceite : fs dues defies, podendo ser gio de uma conduta fica sujeita a sancao. comealaads COep o BGS OF Hipotecidade — A norma define a conduta que evita a Pata corespontent 8 vilgéo Jo. Assim, toda tegra juridica contém a previsio genérica — a mute ma amlessdnl fo eangao. ssim, todd gta J PI g Poder Executivo a um projeto de hipotese - de um fato ou uma conduta, com o consequente enun- ej provao plo Poder Lepisative. ciado do que ocorrerd em caso de transgressio, Generalidade e Abstracao — A norma é geral ¢ abstrata, pois nfo regula um caso em particular, mas todas as situagées fiticas que subsumem (consideram) a sua descricio. E abstrata porque prescreve uma conduta geral que se destina a um nimero indeterminado de pessoas. Bilateralidade - A norma juridica ao descrever, estabelecer e impor condutas, caracteri- za-se pela bilateralidade. Ela relaciona os direitos de um e estabelece os deveres do outro. Essa bilateralidade é a base da relacio juridica, pois ndo hé direito de alguém que nao se oponha 2 obrigaco ou ao dever do outro. Coercibilidade e Sangao ~ A norma jurfdica € dotada de coer¢io. Ela obriga a todos a obedecerem a seus comandos. Se no observada a regra juridica, a sancZo é imposta pelo Estado a0 descumpridor da norma para puni-lo pelo descumprimento. A sangio, portanto, € uma coacio, sendo o meio instrumental pelo qual se reafirma a norma caso ocorra a sua transgres- sao. Veja que a coercibilidade € externa 4 norma, embora relacionada a ela, e ganha contornos materiais na hipétese de violacio. Os estudiosos do direito alegam que se cumprem as normas basicamente por trés motivos: * Porque se tem plena consciéncia do dever; * Porque se é compelido a satisfazer a obrigacio, a fim de garantir interesse proprio ¢; * Porque ocorrem as sangées no caso de transgressio. Em quaisquer situacées, estaré presente de forma latente a coercio, sendo a sua face externa e material. A sancio age como instrumento constrangedor, atuando de modo direto ou indireto tornando a norma obrigatoria. De outro modo, nio seria efetiva a obrigatoriedade se nao existisse um meio constrangedor. Acoacio deve ser entendida como forca organizada para fins de estruturar e fazer cumprir © direito. A sancio tem a finalidade de neutralizar, desfazer ou reparar um mal causado por um ato ilicito, s6 sendo aplicada de acordo com a lei. ‘As sangGes sé podem ser aplicadas se estiverem previstas na norma juridica, no existindo pena sem lei nula pena sine lege (€ nula a pena sem lei que o defina). € iibsidiiig OBsERIUEBIO o g € Organizacao Empresarial e o Direito Lei E uma regra geral, de carater permanente, que expressa a von- tade imperativa do Estado e da iniciativa popular a que todos séo submetidos. E uma norma juridica obrigatéria, de efeito social, ema- nada no poder publico competente. O esboco da lei, elaborado pelo Executivo, 6 denominado de anteprojeto, a ser objeto de estudo pelo Legislativo. Depois, recebe a redagao definitiva, transformando-se em projeto de lei. Os projetos de lei so submetidos a aprovagao do Presidente da Reptblica, que sanciona ou veta seus dispositivos, transformando-os em lei, quando sancionado. Estrutura da Lei Titulo - LEI, em maitscula, seguido de ntimero e data. Ementa - E 0 resumo do principal contetido da lei. Havendo mais de um assunto, acrescenta-se a expresso “e da outras providéncias”. Nos casos de emendas, reformas e derrogagées, deve-se indicar o assunto, o ntimero e a data da lei alterada. Fundamento do poder de legislar. Texto - Exposigaéo da matéria que, conforme a extensdo, poderé ser desdobrada em artigos, numerados com ordinais até 0 nono e em cardinais a partir do décimo. Cada artigo deve conter um sé disposi- tivo, claro, preciso e completo. Se necessario maior desenvolvimento da matéria nele contida, empre- gam-se paragrafos numerados com ordinais, exceto quando se tratar de pardgrafo unico. Os artigos desdobram-se em paragrafos e incisos e estes, em alineas. Para medidas complementares, excegées, comunicagées ou discriminagées, utilizam-se inci- sos numerados com algarismos. Os paragrafos e os incisos poderao desdobrar-se, ainda, em alineas, representadas por letras. Locale - Sempre seguidos dos ntimeros ordinais indicativos da data Independéncia e da Republica. Assinatura - Deixar o espago para que o Presidente assine e o Ministro da Pasta respectiva referende. As leis devem ser referendadas pelos Ministros de Estado cuja area esteja afeta A matéria. No caso dos atos propostos pelos Secretérios de Governo, a referenda sera sem- pre do Ministro da Justica. Exemplo: LEI N? Dispde sobre . .¢ da outras providéncias. O PRESIDENTE DA REPUBLICA Fago saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Bie ees Paragrafo unico Art. 32. Sas § 20. fe Art. 4° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicacao. Brasilia.......de ... ..de 2002; 1812 da Independéncia e 113° da Reptbllica. [Espago para a assinatura do Presidente e referendo do(s) Ministro(s)] Fonte: LIMA (2005), & iiduig 63 jeUBsaIdiLg OBdEzUEBIG Nita Organizagao Empresarial € 0 Direito Fontes do Direito Fonte ~ sentido metaforico, atribuido 4 época de Cicero, significa nascedouro, nas- cente, origem, causa motivagio de vrias manifestagdes de direito. Para a doutrina, sio os meios pelo qual o direito se manifesta em um ordenamento juridico. Cicero 6 normalmente visto como uma das mentes mais versateis da Roma Antiga. Foi ele quem apresentou aos romanos as escolas da filosofia grega e criou um voca- bulario filoséfico em latim, distinguindo-se como um linguista, tradutor e fildsofo. Um orador impressionante e um advogado de sucesso, Cicero provavelmente pensava que a sua Carreira politica era a sua maior faganha. Hoje em dia, ele é apreciado prin- cipalmente pelo seu humanismo e trabalhos filosdficos e politicos. Asua correspondéncia, muita da qual é dirigida ao seu amigo Atico, 6 especialmente influente, introduzindo a arte de cartas refinadas a cultura europeia. Cornelius Nepos, 0 biégrafo de Atico do século | a.C., comentou que as cartas de Cicero continham tal riqueza de detalhes “sobre as inclinagdes de homens importantes, as falhas dos generais e as revo- lugdes no governo” que os seus leitores tinham pouca necessidade de uma hist6ria do periodo. W Classificagao das Fontes india Fontes Formais Fontes formais sio os modos, meios, instrumentos ou formas pela qual o direito se manifesta na sociedade. Ex.: Leis ¢ costumes, meios de expressio do direito. * Fontes formais, primérias e imediatas — tém potencialidade suficiente para gerar a regra juridica. Ex.: Leis ¢ costumes. * Fontes formais, secundarias ou mediatas ~ esclarecem os espititos dos apli- cadores da lei e servem de precioso substrato, auxilio para a aplicagio do dircito. Ex.: Doutrina, jurisprudéncia, analogia, prinefpios gerais do direito e a equidade. Fontes Materiais Sio as autoridades que podem emitir legitimamente o direito. Ex.: Poder Legislative dos entes federais. Principais Fontes do Direito Lei — centro gerador do direito, consiste na norma juridica imposta pelo Estado tornada obrigatéria em sua observancia. A lei € a principal fonte do direito. Costume — repetigio de priticas quc sc entranharam no espfrito social e passam a ser entendidas como obrigatérias. O uso reiterado de uma pritica, ou de um habito, integra o costume. Os usos ¢ os hébitos transformam-se em costume quando a pratica reiterada torna-se obrigatéria na consciéncia social. Portanto, o costume € a reiteragio constante ¢ uniforme de uma conduta, na conviccio de esta ser obrigat6ria decorrente de uma pratica constante, longa e repetitiva. Analogia — E um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipétese nio pre- vista pelo legislador, a solugio por ele apresentada para um caso fundamentalmente semelhante e nao previsto na norma juridica. Pode ser legal, ou seja, uma norma que se aplique aos casos semelhantes, ou analogia juridica, extracio de princfpios para mostrar determinada situacao nio prevista na lei. Doutrina — interpretagio da lei feita pelos estudiosos da matéria, fruto do estudo de professores de direito, fildsofos do direito, estudiosos, operadores do direito que traduzem o sentido das normas em suas obras. Jurisprudéncia — conjunto uniforme ¢ constante das decisGes judiciais sobre casos semelhantes. E a decisio reiterada dos tribunais sobre casos que possuem a mesma pertinéncia fitica (de fatos juridicos). Principios gerais do direito — sio enunciagées normativas de valor genérico que condicionam ¢ orientam a compreensio do ordenamento juridico, quer seja para a sua aplicagio, quer seja para a elaboraco de novas normas Equidade — consiste no uso do chamado bom senso fazendo a razodvel adaptagio da lei ao caso concreto. E a justiga do caso concreto. Ramos do Direito O direito é um s6, mas para fins de estudo os doutrinadores separam as normas juri- dicas segundo © assunto preponderante, bem como os seus efeitos. Desta maneira surgiram ezupos de normas juridicas com caracteristicas peculiares € muito especificas e estes grupos foram denominados ramos do dircito. Direito Pablico e Direito Privado A distingio entre direito pablico ¢ privado possui importincia pritica, pois dependendo de qual ramo do direito deriva a norma ela terd caracteristicas diferentes. Em geral, as normas de diteito ptiblico possuem cardter de cogéncia, obrigatoriedade. Pelo direito pablico o Estado demonstra seu poder de império, apresentando normas de imperatividade inafastivel, colocando e impondo a sua vontade ao particular em prol da coletividade. Normas Cogentes — também ditas imperativas e absolutas, sao obri- gatérias - no dependem da vontade das partes, que nao podem dispor das suas aplicagdes. Um exemplo 6 0 direito penal em que as pessoas so obrigadas a nao praticarem as condutas definidas como crimes. € Gijsiid 6's (eiidsaidig OBdETIUBBIO ° 3 a: & 3 '§ = é Ji o direito privado caracteriza-se pelas normas dispositivas, as quais sio aplicadas seguindo os interesses das partes que a utilizam dependendo apenas da utilizacao pratica. Normas dispositivas — Aquelas que nao estabelever, cum predeterminagao, agdes ou omissdes, limitando-se a reconhecer direitos, exercitaveis conforme a vontade do seu titular. Um exemplo 60 direito civil que sé sera aplicado caso as obrigagdes nao sejam cumpridas espontaneamente e a parte prejudicada venha a solicitar a responsabilizacao patrimonial do infrator. Publicizacao do Direito Privado Com o surgimento do Estado Social, consequéncia da ruptura do modelo liberal que pregava a intervencao minima do estado nas relacdes privadas, a diviséo entre direito pablico e direito privado passou a nao ser mais tio facilmente identificada. © Estado passou a interferir na relagdo entre particulares impondo a sua vontade & impedindo a livre iniciativa ou livre autonomia dos particulares, utilizando-se dos preceitos de ordem piiblica. Alguns juristas defendem que essas relagées juridicas que necessitam de interferéncia maior do Estado seriam, na verdade, uma terceira divisio, a do direito social ou coletivo, que englobam princfpios de direito piblico e de direito privado concomitantemente. Nessa divisio, no caso brasileiro, inserem-se os microssistemas ou estatutos, tais como 0 Cédigo de Defesa do Consumidor, direito do trabalho, direito de familia, entre outros. De qualquer forma, a possibilidade dessa terceira divisio somente realca 0 fato de que é ténue a distincao entre direito puiblico e direito privado. Demais Ramos do Direito A divisdo do direito em ramos possui apenas objetivo diditico, pois na pratica todo fendmeno juridico deve ser visto ¢ examinado sob a 6tica de varios ramos do direito. Assim, 0 direito deve ser sempre estudado como um todo. ‘A divisio visa reunir as normas que regulam determinados assuntos comuns, porém © fato regulado muitas vezes pode produzir efeitos juridicos nas mais diversas searas. Por exemplo, a venda de um imével é uma relacio privada, contudo, a sua celebragio produz efeitos no direito tributario, que € uma relagio ptiblica. Ilustrativamente, podemos dividir o direito nos seguintes ramos: Direito Internacional O dircito internacional regula as relagées jurfdicas fora do territério nacional. Também. se divide em direito internacional piblico e direito internacional privado. No direito internacional péiblico, o objeto € a atuacio do Estado e de seus organismos nas relacdes com outros Estados. Na segunda metade do século XX, criaram-se diversas orga- nizagées internacionais, como a Organizacao das Nagdes Unidas (ONU), que embora nao sejam Estados, regem-se pelo direito internacional piiblico. O direito internacional privado, por sua vez, regula as relacdes entre os individuos de diferentes nacionalidades no campo privado, quando essas relagées ocorrem extra fronteiras, como, por exemplo, compras internacionais, testamentos ¢ inventirios de bens de pessoas residentes no exterior. Na verdade, nio existe um sistema supranacional _ Supranacional: para regular as relacées de direito privado entre individuos Que pertence a um orgonismo, a um poder de paises distintos. O que existe, como em geral se admite, Sri aos governs de cede nagdo € um conjunto de princfpios para a detcrminacao da lei aplicavel a relagées juridicas que possam incidir na regulacio de dois ou mais sistemas legais conflitantes, de estados soberanos diversos ou de estados auténomos federados. Direito Nacional aquele vigente dentro dos limites geo- grificos de um Estado ou em situagdes em que Direito privad a legislagao nacional se faz aplic4vel mesmo fora sao reconhecidas das fronteiras, como no caso das embaixadas, dos ile 0 i navios ¢ das aeronaves em missdes diplomticas. O direito nacional ser4 nosso objeto de estudo € iremos aprofundar esse assunto nos préximos capitulos. O direito nacional, por sua vez, divide-se em direito pablico ¢ direito privado. Direito privado O direito civil é 0 principal ramo do direito pri- vado e retine as normas ¢ os institutos (estabelecimento de instrucéo) que regulam a vida privada, as relagGes entre os individuos, as obrigagSes, os contratos, a familia, a suces- so, em suma, define os principais elementos sociais, sendo cle a base da vida civil, estabelecendo as formas de relagio 0 direito civil regula as relagdes entre os indi- viduos e os contratos entre as pessoas fisicas ¢ privadas. O direito empresarial ¢ 0 ramo do direito privado que regula a atividade empresarial, toda atividade de produ- cao ou circulagéo de mercadorias, ou a prestacao de servigos destinados ao comércio seré regulado por ele. As estruturas mercantis, bem como a stia protecio, serao regidos por esse importante ramo, o qual teré a responsabilidade de regular a circulagéo das riquezas no comércio. Sepscte ( ramo de dieto empresaral regula toda a lade de producao ou relativa a circula- ‘edo de mercadoria Direito pablico Pode ser dividido nos seguintes ramos: * Direito constitucional - é 0 estudo da Constituigio e das estruturas institucionais, politica ¢ juridica do Estado, de suas normas fundamentais, da definigio ¢ do fun- cionamento dos seus rgios, dos direitos ptiblicos individuais e coletivos, além de outros assuntos consignados ou nio no texto da Constituigio. O Estado € 0 principal objeto do direito constitucional. € oidiig 0 8 jeuesaidiulg OBderiUETIO * Direito administrativo ~ E 0 ramo do direito pablico que atua junto aos agentes, aos rgios e As pessoas juridicas administrativas, que de alguma forma atuam ou fazem parte da administracio piiblica, e ainda 3s atividades de natureza ptiblica referentes 3 atuacio do Estado. A esse ramo do direito paiblico, cumpre a fungio de atuar nas formas de rela cionamento entre os particulares e a administracao pablica. * Direito financeiro ~ Regula a atuacio estatal para obter, gerir e aplicar recursos finan- ceiros necessérios & realizacio dos servicos piblicos ¢ ao atendimento das necessidades piiblicas, encampadas pelo Estado e inseridas no ordenamento juridico (constituicio € leis), * Direito penal — é 0 conjunto de princfpios ¢ das regras juridicas que tém por objeto a determinacio das infragdes de natureza penal e suas sangées. Tatelando aqueles bens juridicos mais importantes € necessirios 4 sobrevivéncia da sociedade. * Direito processual — é 0 ramo do direito pablico interno que estrutura os érgios da justica, e disciplina a forma que devem tomar os processos judiciais. Regula o direito de agio, que é 0 ato de como pedir, em jutzo, a satisfacio de seu interesse. E por inter- médio de um processo, conjunto ordenado de etapas, que tem inicio com uma petic¢ao inicial ¢ termina com uma decisio judicial irrecorrivel. O processo avanca no ramo da sentenga, mediante disposi¢io ordenada de atos previamente estipulades pela lei. O direito processual divide-se em direito processual civil, direito processual penal e direito processual do trabalho. Cada uma dessas divisées tem suas peculiaridades. * Direito ambiental - £ um dos mais modernos ramos do direito. E multidisciplinar, pois se utiliza de institutos de direito penal, civil ¢ administrativo. Tem como obje- tivo regular a relagio do homem ¢ seus meios de produgio com a natureza, como forma de permitir 0 equilfbrio dessa relagao e minimizar os efeitos degradantes sobre o meio ambiente. € Esses sio alguns ramos do direito piblico, porém existem diversos outros, depen- dendo da especialidade da matéria relacionada, por exemplo, 0 direito acrondutico, 0 direito das telecomunicagées, ete. - Atividades 1) Indique setores de uma organizacéo empresatial e identifique 0 principal ramo de direito a ser aplicado para regular as suas atividades. Justifique a sua resposta. Organizagao Empresarial e o Direito 2) Por que o direito é um produto cultural? 3) Indique as trés formas possiveis de apresentagao da norma na ordem juridica de um pais. 4) Indique e explique as caracteristicas das normas juridicas. 5) Indique e explique as principais fontes formais do direito. 6) Correlacione um ramo de direito com as situagdes cotidianas em que sao aplicadas. ‘Direito Constitucional Conceito e Evolucao Historica Direito constitucional € 0 ramo do direito piiblico que expée, interpreta ¢ sistematiza os princfpios ¢ as normas fundamentais do Estado. E a ciéncia que estuda as constituigdes. O seu objeto de estudo é a constituigao politica do Estado, cabendo a ele 0 estudo das normas que integram a Constituigio. Sempre que 0 Estado foi mencionado na hist6ria, a partir da Idade Moderna, existiu uma espécie de carta constitutiva, na qual eram definidas as regras de tratamento entre rei e cidadaos. Contudo, a ideia contemporanea de constituigdo somente vai se formar a partir de 1215, com a Magna Carta Inglesa, sendo o primeiro documento da historia a limitar 0 poder do soberano. Por sua vez, 0 constitucionalismo s6 se consolida a partir das constituicdes escritas € rigidas dos Estados Unidos, em 1787, apés a independéncia das treze colonias, e da Franca, em 1791, a partir da Revolucao Francesa, apresentando dois tragos marcantes: * Organizacio do Estado. * Limitagio do poder estatal, por meio da previsio de direitos e garantias fundamentais. Constituicao ‘A Constituigio é a lei fundamental de um Pais, composta por um sistema de normas juridicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, 0 seu governo, 0 modo de aquisicio e 0 exercicio do poder politico, a estrutura dos érgios governamentais, os limites do exercicio, os direitos e as garantias fundamentais do homem. - AConstituigao é 0 conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. : # BIBLIOTECA IFRS/Campus Porto Alegre Objetivo da Constituicao Estabelecer a estrutura do Estado, a organizacio de seus érgios, o modo de aquisigio do poder e a forma de seu exercicio, os limites de sua atuacdo, assegurar os direitos ¢ garan- tias dos individuos, fixar o regime politico e disciplinar os fins socioeconémicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econdmicos, sociais e culturais. Conteiido E variavel no espaco e no tempo e reflete as decisdes politicas vigentes estabelecidas na lei fundamental do Estado. Elementos A Constituicéo define os elementos constitutivos do Estado: * Elemento humano ~ Povo © Elemento fisico — Territério * Elemento politico ~ Governo Para Refletir — Vocés viram como a Constituigao 6 importante, por- que ela define os elementos do Estado: Soberania + Territério + Povo. Reflita sobre estes elementos no dia a dia de nosso pais. hap € Direito Constitucional Congreso Nacional — DF Elementos do Estado Soberania ‘A soberania é a independéncia, a capacidade de os Estados agirem livremente no plano internacional. No plano interno, é entendida como supremacia, que € 0 poder de estabelecer normas para toda a nagio, em carter final e irrevogivel, A soberania € 0 exercicio do poder politico que é exercido pelo governo de um Estado de forma separada pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judicidrio. Separacao de Poderes Modernamente, podemos assegurar que existe certa impropriedade na utilizagio do termo separacio de poderes. Podemos dizer que o Estado como nagio politicamente orga nizada, fixada a um territério, nfo possui poderes politicos, mais sim poder politico uno, indivisivel ¢ indelegavel. Esse poder politico visa a assegurar a soberania do Estado frente aos organismos exter- nos (soberania externa) ¢ supremacia sobre todos os poderes sociais interiores mantendo a ordem nacional (soberania interna). Esse poder politico, por sua vez, desdobra-se em funcées, que fundamentalmente sio trés: a legislativa, a executiva e a jurisdicional. A fungao legislativa comporta a edigio de regras gerais, abstratas, impessoais ¢ ino- vadoras da ordem juridica, denominada lei. A fangao executiva aplica a norma juridica para resolver problemas concretos da admi- nistracdo piblica, resolvendo problemas especificos e individualizados. A fangao jurisdicional tem por objeto aplicar o direito aos casos concretos, a fim de dirimir conflitos de interesse. O poder politico do Estado, que é composto fundamentalmente por estas trés fung6es, € manifestado por seus érgios governamentais, cujo conjunto se denomina governo. ‘Assim, divisio de poderes consiste em confiar cada uma das fungGes governamentais do poder politico do Estado, a érgios diferentes: * Fungio Legislativa - érgo ou poder Legislativo. + Fungo Executiva ~ rgio ou poder Executivo. + Fungio Jurisdicional - érgio ou poder Judiciério. Essa divisio dos poderes tem findamento em dois elementos: * Especializagao funcional - cada érgio € especializado no exercicio de uma fungao do poder politico. * Independéncia organica — cada drgio € efetivamente independente dos outros, nio existindo subordinacio entre eles. Independéncia e Harmonia entre Poderes E também conhecida como mecanismo de freios ¢ contrapesos. Independéncia dos Poderes * A nvestidura e permanéncia das pessoas em um dos érgios do governo nao depende da confianga nem da vontade dos outros. * No exercicio das atribuigdes que Ihes sejam préprias, nao precisam os titulares consultar os outros nem necessitam de sua autorizacio. * Na organizacio dos respectivos servicos, cada um é livre, observadas apenas as disposi- goes constitucionais e legais. ieiisisniiistiog sisi 3 8 8 a Harmonia entre os Poderes + Respeito as prerrogativas ¢ ficuldades a que mutuamente os respectivos érgios tém direito. * A divisio de fungGes entre os érgios de poder ¢ a sua independéncia nao sao absolutos, sio os chamados freios ¢ contrapesos. Freios e Contrapesos A Teoria dos Freios e Contrapesos (Checks and Balances), oriunda dos Estados Unidos da América, justifica a independéncia e harmonia entre os trés 6rgaos do poder de soberania do Estado, cada qual com atribuigdes proprias ¢ impréprias. Os poderes so autorizados a produzir interferéncias entre si, que visam a busca de um equilibrio, evitando 0 arbitrio 0 desmando de um poder em detrimento do outro e, especialmente, dos governados: Alguns Exemplos: * Se ao Poder Legislative cabe a edicao de normas gerais e impes- soais, estabelece-se um processo para a sua formagao no qual o Poder Executivo tem participacao, quer pela iniciativa das leis ou pela sangao e pelo veto. * Se o Judicidrio nao pode influir no Legislativo, este é autorizado a declarar se as normas sao incompativeis com a Constituigao Federal, declarando a inconstitucionalidade das leis que nao poderao ser aplicadas aos julgamentos. * Se o presidente ndo interfere nos julgamentos dos tribunais, em compensagao, os ministros dos tribunais superiores sao nomeados. por ele. Assim, os trabalhos do Legislativo, Executivo ¢ Judiciério s6 se desenvolvem se os érgios que os compéem se subordinam ao principio da harmonia, que nao significa nem dominio de um pelo outro nem usurpagio de atribuigées, mas sim a verificagio de que entre eles deve haver colaboracio € controle, para evitar distorgées ¢ desmandos. A desarmonia sempre ocorrer4 quando se acrescer atribuig6es, faculdades e prerrogativas de um em detri- mento do outro. Territorio E a drea geogrifica onde a moeda nacional tem curso forgado, € onde a justiga nacional tem poder de incidéncia. Delimita o ambito de incidéncia do poder do Estado. O territério € um dos elementos essenciais para a Constituigio do Estado, pois é sua base fisica, sendo reconhecido, pela maioria dos autores, como elemento indispensavel do Estado. Limites do Territério O estudo dos limites do territ6rio € importante, principalmente se atentarmos para © seu conceito. Observado como o espaco de exercicio da soberania do Estado, o conheci- mento dos limites do territério serve para reconhecer 0 local onde 0 ordenamento juridico pode ¢ deve ser aplicado. O territério, porgio do globo sobre a qual o Estado exerce sua soberania, abrange: Dominio terrestre Compreende o solo e 0 subsolo da drea geogrifica incluida nas fronteiras do Estado. Para delimitar esse dominio, o Estado possui o direito de marcar materialmente ou indicar concretamente seus limites, que o separam de seus vizinhos. Dominio fluvial Refere-se aos rios ¢ lagos ¢ demais cursos d’égua que cortam 0 territério do Estado, nos trechos situa- dos nos seus limites. Podem ser nacionais (percorrem © territério de um s6 Estado — Rio Sao Francisco) ou internacionais (percorrem o territério de dois ou mais Estados — Rio Amazonas). Os rios nacionais pertencem ao Estado cujo terri- t6rio corre. Os rios internacionais podem ser: contiguos (soberania do Estado até a linha diviséria) ou sucessivos (cada Estado exerce a soberania na parte do rio que corre Dominio fluvial em seu territério). E ie Dominio tacustre Aplicam-se aos lagos 0 mesmo regime juridico dos mares internos. Se o lago situa-se no inte~ rior do territério de um s6 Estado, pertencerd a este (Lagoa dos Patos). Se 0 lago situa-se na divisa de dois ou mais Estados, seré aplicada a linha divis6ria, como limite da soberania (Lago Titicaca). i Dominio aéreo Acoluna de ar situada acima do solo do Estado 4rea de soberania do Estado, incluindo a situada acima do mar territorial. Cada Estado é soberano sobre seu espaco aéreo, mas existem acordos determinando que os Estados permitam 0 tréfego de aeronaves de outros Estados em seu espaco aéreo. Tréfego de aeronaves Dominio maritimo Abrange as Aguas internas, 0 mar territorial e a zona contigua, situada entre o mar territorial e o alto mar. * Mar interno: quando se situa no interior do territério de um s6 Estado, per- tencerd a ele. Se o mar interno situa-se na divisa de dois ou mais Estados, seré aplicada a linha diviséria, como limite da soberania (Mar Morto). * Mar territorial: é a faixa de mar que se estende da costa de um territério até certa distancia dela. O Estado exerce sobre 0 mar territorial sua soberania. A distancia do mar segundo a Convengio das Nagdes Unidas sobre 0 Direito do Mar (1982): fixou 0 mar territorial como de 12 milhas ¢ uma zona de exploragio econémica exclusiva de 188 milhas. € TeiisisniiistiCg Cig Direito Constitucional Os Estados possuem restricio 4 soberania do mar territorial fundada no direito de passagem inocente, reconhecido a todos os navios mercantes, em tempo de paz, desde que no gere dano A seguranca ou aos interesses do Estado. * Zona Contigua: faixa maritima entre o mar territorial ¢ 0 alto mar, sobre a qual 0 Estado possui direitos restritos de natureza administrativa. Nao € aceita por muitos Estados, pois entendem que seria uma 4rea internacional que nao poderia estar sujeita a fiscalizagio de apenas um Estado. * Plataforma Continental: planicie submarina ao longo da costa, com profundidade nio superior a 200 (duzentos) metros, podendo variar de 200 a 350 milhas 0 scu limite, dependendo da extensio da calota continental. Pertence a0 Estado banhado pelo mar e é compreendida como uma extensio do solo e subsolo do Estado. * Zona Econémica Exclusiva: faixa adjacente ao mar territorial, com 188 milhas de extensio, onde o Estado possui direito de soberania para fins de exploragio © gestio. Dominio piblico internacional * Alto mar: faixa dos oceanos ¢ mares que se encontra fora do dominio de qualquer Estado. E bem comum, regulamentada pela Convencio sobre Alto-Mar da ONU de 1958 (recebendo igual tratamento em 1982). * Pélo Norte: parte do territério pertence ao Canada, a Riissia, aos Estados Unidos € 4 Dinamarca. A area considerada mais ao norte, fora dos limites desses Estados, é, basicamente, uma densa camada de gelo, com escasso interesse econdmico. * Antartica: Faixa de dominio internacional, regulada, basicamente, por dois Tratados: 1. Antartica (1959): determina a nao militarizacio da regio. 2. Madri (1991): determina a nao exploragéo mineral por 50 anos. Povo Povo, juridicamente, € um conjunto de cidadaos de um Estado. No Brasil, 0 artigo 12 da Constituiggo Federal define quais as pessoas que possuem o direito de serem chamados de brasileiros, estes, por sua vez, dividem-se em brasileiros natos e naturalizados. Art. 12. Sao brasileiros: 1-natos: a) os nascidos na Reptiblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes nao estejam a servigo de seu pais; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mae brasileira, desde que qualquer deles esteja a servigo da Republica Federativa do Brasil; ©) 0s nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mae brasileira, desde que sejam registrados em reparticao brasileira competente ou venham a residir na Reptiblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redacdo dada pela Emenda Constitucional n° 54, de 2007) ll- naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos origindrios de paises de lingua portuguesa apenas residéncia por ‘um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Republica Federativa do Brasil ha mais de quinze anos ininterruptos e sem conde- nagéo penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redacao dada pela Emenda Constitucional de Revisao n° 3, de 1994) § 12 -Aos portugueses com residéncia permanente no pais, se houver teciprocidade em favor de brasileiros, serao atribuidos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituigao. (Redagao dada pela Emenda Constitucional de Revisao n® 3, de 1994) § 2°-A lei nao podera estabelecer distingao entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituicao. A O conceito de povo pode ser entendido de maneira objetiva e subjetiva. Povo, na fungio objetiva, quando € entendido como elemento ativo dentro do Estado que clege os scus representantes ¢ faz valer a sua vontade por meio do voto. ieio|sniisCs De maneira subjetiva, quando 0 povo esté subordinado 3 acio do Estado, ou seja, a0 exercicio do poder politico devidamente regulado pelo direito pablico. importante Povo 6 um conceito usado de maneira equivocada, como sinénimos de populagao e nacao. Populagao é um conceito estatistico, dizendo respeito apenas ao numero de habitantes de um Estado, sem dizer nada sobre como sao essas pessoas. Nagao 6 um coneeito socioantropolégico que define um conjunto de pes- soas com tragos culturais comuns (religido, linguas, etnia, dentre outros), independentemente dos conceitos de Estado ou de territério. BIBLIOTECA IFRS/Campus Pors, as i Estado = Soberania (governo e ordenamento) + Territério + Povo Supremacia da Constituicao Como vimos anteriormente, a Constituigio € rigida e caracteriza-se pela maior dificul- dade em sua modificagio, do que as demais leis. Dela, emana o principio da supremacia da Constituigio, colocando-a no vértice do sistema juridico. Todo exercicio do poder politico s6 pode ser autorizado pela Constituigio, que confere poderes e competéncias governamentais, que sio exercidos segundo as atribuigées ¢ os termos constitucionais, visto que todas as normas que integram a ordenacio juridica nacional s6 serio validas se conformarem com as normas constitucionais federais. Portanto, o poder politico s6 poderd ser exercido se estiver em sintonia com a Constituigio, sendo este 0 motivo da Constituigio Federal (CF) ser a base maior do direito de um Estado. Direitos e Garantias Fundamentais Os direitos findamentais podem ser entendidos como os bens da vida (liberdade, seguranca, propriedade, igual- dade), ¢ as garantias fiandamentais sio os meios voltados para asseguré-los. Ambos surgiram como regras destinadas a limitar os abusos do poder estatal, evitando as interferén- cias na esfera privada. Cc No ambito internacional, o primeiro documento que contemplou esses direitos e garantias foi a Magna Carta Inglesa, consolidando-se_na Revolugéo Francesa com a Declaragio dos Direitos do Homem e do Cidadio, tendo o seu Apice no final da Segunda Guerra Mundial com a reda~ ao da Declaragio Universal dos Direitos Humanos. ito Constitucional Quando referidos direitos ¢ garantias so internali- zados nas cartas constitucionais dos Estados passam a ser denominados de direitos e garantias fandamentais. Joao Sem Terra assina @ Carta Magna Caracteristicas dos Direitos Fundamentais Os direitos fundamentais possuem caracteristicas préprias que os diferenciam de outras, garantias privadas e que devem ser compreendidas: * Historicidade — a sua conquista decorre de acontecimentos histéricos. * Inalienabilidade — nao possuem contetido econdmico patrimonial, ndo podem ser vendidos ou negociados. * Imprescritibilidade — a auséncia de uso de um direito fundamental nio acarreta na perda deste direito. * Irrenunciabilidade — no podem ser renunciados, 0 seu destinatério nao pode abrir mio ou solicitar que o mesmo nio seja observado. * Pessoalidade ~ sio increntes & pessoa e nao podem ser repassados a outras pessoas nem mesmo por heranga. * Relatividade — no sio absolutos ¢ um direito fundamental pode relativizar a aplicagao de outro direito fundamental. © Concorréncia — pode existir a aplicacéo concomitante de mais de um direito funda- mental sobre 0 mesmo caso ou mesma pessoa. * Universalidade — sio universais ¢ devem set reconhecidos por todos os estados ¢ em favor de todas as pessoas. * Proibigdo ao retrocesso — uma vez concebido ao povo, nao pode mais ser revogado pelo governante. Deve-se destacar que a aplicabilidade dos direitos fundamentais ¢ imediata, ¢ caso uma emenda constitucional a contemple deve ser observada por todos. ‘Além dos direitos e garantias fundamentais constantes no art. 5° da Constituigio Federal, outros também podem ser assegurados desde que compativeis com o nosso orde- namento juridico, respeitando os principios fundamentais adotados pela Constituicio. Os direitos ¢ as garantias fundamentais, pelo seu cardter universal, destinam-se a todos os brasileiros (natos ¢ naturalizados) ¢ aos estrangeiros residentes no pafs (art. 52, caput, CF. 88) esteride-se aos estrangeiros que estiverem em transito pelo territério nacional e também a pessoa juridica, atendendo algumas peculiaridades. Contudo, em situacées especificas em que a coletividade se encontra ameagada, certos direitos ¢ garantias fundamentais podem ser suspensos, mas nao suprimidos como acontece em especial no estado de sitio. Deve ser destacado ainda, que existem determinadas matérias que nio podem ser suprimidas da Constituicio Federal, as denominadas cléusulas pétreas. Estes assuntos estio elencados no art.60 § 42, IV da Constituicao Federal e dentre eles estio os direitos ¢ as garan- tias individuais: Art. 60. A Constituigéo poderd ser emendada mediante proposta: (+) § 42 — Nao serd objeto de deliberacao a proposta de emenda ten- dente a abolir: | forma federativa de Estado; Il 0 voto direto, secreto, universal e periédico; Ill - a separagao dos poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Wy ¢ Direito Constitucional A interpretagio literal do artigo em um primeiro momento aparenta que apenas os direitos e as garantias individuais estariam protegidos como cléusulas pétreas, ¢ os coletivos poderiam ser suprimidos. Entretanto, a interpretagdo desse tema tem um sentido mais amplo, principalmente pelo cardter de proibicio do retrocesso que impera em relacio aos direitos € as garantias fundamentais, assim, tanto os individuais e coletivos sio cliusulas pétreas ¢ nio poderao ser removidos da Constituicao Federal. Com base na Constituigo, podemos fazer uma distingio dos direitos ¢ garantias fundamentais. Direitos individuais: © direitos individuais expressos - aqueles explicitamente enunciados nos incisos do art. 5 CF. * direitos individuais implicitos — aqueles que estio subentendidos nas regras de garantias, como direito 4 identidade pessoal, certos desdobramentos do direito 3 vida, 0 direito 4 atuacao geral (art. 5%, II). © direitos individuais decorrentes do regime e de tratados internacionais subscritos pelo Brasil - aqueles que nio sio nem explicita nem implicitamente enumera- dos, mas provém ou podem vir a provir do regime adotado pelo Brasil no plano internacional. Direitos coletivos: o Capitulo I, do Titulo II da Constituigdo Federal, anuncia uma especial categoria dos direitos fundamentais, os coletivos, mas nada mais diz a seu respeito, porém os interesses coletivos podem ser encontrados no texto constitucional, caracterizados, na maior parte, como direitos sociais ou como instituto de democracia direta, ou ainda, como instituto de fiscalizacdo financeira, as liberdades de reuniio ¢ de associacio, o direito de entidades associativas representarem seus filiados ¢ os direitos de receber informacio de interesse coletivo e de peticio. Entre os principais direitos e garantias fundamentais, especial destaque deve ser dado a0 direito 3 vida, igualdade e a liberdade, visto que os demais direitos e garantias fundamen- tais naturalmente serio decorrentes destes, tais como: dircito ao meio ambiente, direito do consumidor, direito do idoso, direito da crianca e do adolescente. Direito 4 Vida Como vimos anteriormente, 0 direito a vida & objeto de interesse da cigncia juridica sendo considerado como um dos direitos fundamentais do art. 52 da Carta Magna ¢ constitui a fonte priméria de todos os outros bens juridicos. * Direito a existéncia: consiste no direito de estar vivo. * Direito a integridade fisica: a Constituigao, além de garantir o respeito a integridade fisica e moral (art. 58, inc. XLIX), declara que ninguém sera submetido a tortura ou a tratamento desumano ou degradante (art. 58, inc. II). * Direito a integridade moral: 2 Constituigio realgou 0 valor da moral individual, tornando-a um bem indenizével (art. 52, Ve ine. X). A integridade moral do direito assume feicdo de direito fundamental. © Pena de morte: é vedada a pena de morte no pais, admitida somente em caso de guerra externa declarada, nos termos do art. 84, ine. XIX art. 5%, inc. XLVII, alfnea a, da CF. * Direito a privacidade: A constituigao em seu art. 59, inc. X declara inviolaveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Em razio desta protecio elevou esses valores humanos A condicio de direito individual, considerando-o um direito conexo ao da vida. Igualdade formal e igualdade material Tgualdade formal € aquela em que todos sio iguais perante a lei. Jé a igualdade material sio as regras que proibem distingdes fundadas em certos fatores. A Constituigéo procura aproxi- mar os dois tipos de igualdade, na medida em que nao se limitou simplesmente a0 enunciado da igualdade perante a lei, mencionando também a igualdade entre homens ¢ mulheres, € acrescenta vedagoes a distingao de qualquer natureza ¢ qualquer forma de discriminagio. Igualdade perante a lei © principio tem como destinatérios tanto o legislador como os aplicadores da lei, signifi- cando que ao se elaborar e aplicar a lei devem ser tratadas de forma igual as situagGes idénticas, e devem ser tratadas de forma desigual as situagdes distintas. importante Alei deve tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na medida de sua desigualdade. So exemplos de aplicagao da regra da isonomia, as cotas de vagas para deficientes fisicos e as politicas afirmativas, em que o Estado, por meio de medidas concretas, minimiza as desigualdades sociais, como a cota social em universidades. Igualdade entre homens e mulheres A igualdade entre homens ¢ mulheres, além de pertencer 4 norma geral do principio da igualdade, também é contemplada em todas as normas que vedam a discriminacio de sexo farts. 32, inc. IV, e 78, inc. XXX), principalmente por meio do inciso I, do art. 5° da CF, o qual dispde que homens e mulheres so iguais em direitos e obrigagées, nos termos da Constituicio Federal. Atentem que somente sio validas as discriminac6es feitas pela propria Constituigio em favor da mulher, por exemplo, a aposentadoria da mulher com menor tempo de servigo ¢ de idade que o homem (arts. 40, inc. III, e 202, incs. Ia Ill). Igualdade jurisdicional A igualdade jurisdicional ou igualdade perante 0 juiz decorre, pois, da igualdade perante a lei, como garantia constitucional indissohuvelmente ligada 4 democracia; apresenta-se sob dois prismas: * Proibicio de juiz fazer distingao entre situagdes iguais, ao aplicar a lei; * Proibigio ao legislador de editar leis que possibilitem tratamento desigual a situagées iguais ou tratamento igual a situacdes desiguais por parte da justica. € ieuiojanASiIOg ONSiIG c to Constitucional Igualdade tributéria O principio da igualdade tributéria relaciona-se com a justiga distributiva em matéria fiscal ¢ diz respeito a reparti¢io do nus fiscal (dever de contribuir) do modo mais justo possivel, sendo complementado pelo principio da capacidade contributiva, em que a tribu- tacio sempre serd estabelecida em critérios pessoais, considerando-se a capacidade que cada contribuinte possui para pagar os impostos com base no seu rendimento, patriménio, etc. Direito 4 Liberdade A liberdade sempre se ops a0 mau uso da autoridade dos governantes, contudo a liberdade sempre respeitou a autoridade legitima. Consiste em um processo dinamico de liberagdo do homem de varios obstaculos que se antepdem a realizagio de sua personalidade: obstaculos naturais, econdmicos, sociais e politicos. E funcio do Estado promover a liberagio do homem de todos esses obsticulos ¢ é aqui que autoridade ¢ liberdade se ligam. O regime democrdtico € uma garantia geral da realizacio dos direitos humanos fundamentais. Quanto mais 0 processo de democrati- zacio avanca, mais o homem vai se libertando dos obstdculos que © constrangem ¢ mais liberdade conquista. Liberdade e liberdades ~ principio da legalidade A liberdade de acéo, em geral, decorre do art. 52, inc. II, da Constituicéo Federal, segundo 6 qual ninguém sera obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei. Liberdades, no plural, sio formas de liberdade que se distinguem em 5 grupos + liberdade da pessoa fisica ~ é a possibilidade juridica de todas as pessoas serem senhoras de sua prépria vontade ¢ de locomoverem-se desembaracadamente dentro do territério nacional, liberdade de locomocio ¢ circulacio; * liberdade de pensamento — é 0 direito de exprimir, por qualquer forma, o que se pense em ciéncia, religido, arte, entre outras. E a liberdade de contetido inte- lectual ¢ supée contato com seus semelhantes; inclui as liberdades de opiniao, de comunicacio, de informagio, de religiio, de expressdes intelectual, artistica e cientifica, e direitos conexos, de expressio cultural e de transmissio € recepgio do conhecimento. * liberdade de expressio coletiva - é 0 direito de reuniio e associagio. + liberdade de acao profissional — confere liberdade de escolha de trabalho, de oficio e de profissio, de acordo com as propensées de cada pessoa e A medida que o esforco préprio possam romper as barreiras que se antepdem 3 maioria do povo. + liberdade de contetido econémico — é a liberdade econémica garantida pela CF que pode ser expressada por meio do direito de livre iniciativa comercial, e que da autono- mia privada para firmar contratos, bem como a liberdade de trabalhar de forma a auferir ucro ot valor para o sustento. A Constituigao ressalva, quanto a escolha e ao exercicio de oficio ou profissao, que ela fica sujeita a observancia das qualificagdes profissio- nais que a Lei Exigir, s6 a Lei Federal define as qualificag6es profissionais requeridas para o exercicio das profissées. (art. 22, inc. XVI) Direitos Coletivos Direito de Informacao O dircito de manifestar 0 pensamento ja se reveste do card- ter coletivo. Tendo em vista a evolucio ¢ as transformagées dos meios de comunicagio, se concretiza pelos meios de comu- nicagdo social ou de massa. A Constituigao Federal acolhe essa distingdo, no capitulo da comunicacao (arts. 220 a 224), preordena a liberdade de informar completada com a liberdade de manifestacio do pensamento (art. 52, inc. IV). A liberdade de informagéo se dé por meio das diferentes midias Direito de Representacao Coletiva Eo que estabelece que as entidades asso- ciativas, quando expressamente autorizadas, tém legitimidade para representar seus filiados perante 0 Poder Judicirio ou fora dele (art. 5%, inc. XXI, da Constituigio Federal), legitimidade essa tam- bém reconhecida aos sindicatos em termos até mais amplos e precisos, vejamos: ao sindicato cabe a defesa dos direitos ¢ interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questées judiciais ou admi- nistrativas (art. 8, inc. III, da Constituigéo Federal). Direito de Participacao + Participagdo direta dos cidadios no pro- Manifestaréo sintical, exemplo de cesso politico e decisério (arts. 14, incs. Ie representagdo coletiva Il, ¢ 61, § 22, todos da Constituigao Federal); s6 se considera coletivo porque sé pode ser exercido por um ntimero razodvel de eleitores: uma coletividade, ainda que nao organizada formalmente. + Participagdo organica, as vezes resvalando para uma forma de participagio cor- porativa, é a participagéo prevista no art. 10 e a representagio assegurada no art. 11, ambos da Constituigdo Federal, as quais aparecem entre os direitos sociais. jauopmpeieg cuca. € Direito Constitucional Direito dos Consumidores Estabelece que o Estado proverd, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 52, inc. XXXII, da Constituigio Federal), conjugando isso com a consideragio do art. 170, inc. V, que cleva a defesa do consumidor 4 condigio de principio da ordem econémica. O direito do consumidor sera abordado com mais profundidade posteriormente. Direito de Liberdade de Reuniao Esta prevista no art. 52, inc. XVI da Constituigao Federal. A liberdade de reuniio esta plena e eficazmente assegurada, nio mais se exige lei que determine os casos em que serd necessaria a comunicacio prévia a autoridade, bem como a designacio, por esta, do local de reuniao. Nem se autoriza mais a autoridade a intervir para manter a ordem, cabendo apenas um aviso 4 autoridade que ter4 0 dever, de oficio, de garantir a realizagao da reunio. As reuniées precisam ser marcadas previamente junto 4 autoridade policial, a fim de evitar tumultos como, por exemplo, no caso de duas manifestagdes ptiblicas serem agendadas num mesmo local ¢ horério. Liberdade de Associacao E reconhecida e garantida pelos incisos XVII a XXI do art. 5°. Ha duas restrigdes expressas 3 liberdade de associar-se: veda-se associago que nao seja para fins licitos ou as de cardter paramilitar, no mais tém as associacées 0 direito de existir, permanecer, desenvolver-se ¢ expandir-se livremente. Atividades 1) Conceitue o Estado. 2) Faga uma pesquisa e elabore um texto sobre a teoria de separacao dos poderes. 3) Indique e explique os elementos do Estado. 4) Na sua concepgao, o que significa Constituigao de um pais e qual a sua funcionalidade? 5) No que consiste a supremacia da Constituigéo? 6) Qual a correlagao entre os direitos humanos e os direitos e garantias fundamentais? 7) Indique e explique as caracteristicas dos direitos e das garantias fundamentais. 8) O que sao as clausulas pétreas e qual a sua correlagdo com os direitos e garantias fundamentais? 9) Pesquise uma reportagem de revista, jornal ou Internet sobre violagao dos direitos humanos e indique os direitos fundamen- tais que estdo sendo violados, justificando a sua resposta. © , Direito Civil O direito civil € 0 ramo do direito privado em que se encontram as normas que regulam a relacio entre particulares, concentrando praticamente todos os principais institutos sociais, como 0 contrato, as obrigagées, a pro~ priedade, os bens ¢ as pessoas. © Cédigo Civil promulgado em 2002 classificou os temas inerentes a0 direito civil da seguinte forma: uma parte geral que trouxe o regulamento sobre pessoas, bens, fatos e uma parte especial tratando das obrigagées dos contratos, das empresas, dos direitos reais, da sucessio e do direito de famf- lia. Seguindo essa divisio, este capitulo de direito civil trataré das pessoas, demonstrando as suas principais questes. Das Pessoas Inicialmente, cabe destacar que a pessoa fisica natural € todo o ser humano ou ainda toda a criatura nascida de uma mulher, nao existe outra forma de criar uma pessoa fisica, que no seja pela fecundacio e a gestacao no titero materno. Personalidade Juridica A pessoa fisica ou natural é sujeito de direitos ¢ obrigagées, e para ser considerada como tanto, basta que ela exista. Existindo, todo homem e toda mulher é dotado de personalidade, isto é, tem aptidao para figurar em uma relagio juridica, e pode adquirir direitos ¢ contrair obrigagées. _ Personalidade Juridica - aptidao para adquirir itos & contrair obrigagoes. “ Antes do nascimento, nio ha personalidade, mas a lei, todavia, res- guarda direitos para os seres de vida intrauterina se estes vierem a nascer com vida. Dessa forma, 0 direito brasileiro protege os direitos do chamado nascituro, o ser concebido, ainda nfo nascido e com vida intrauterina (Art, 22 do Cédigo Civil). BIBLIOTECA JFRS/Campus Porto Alenca € Tinta ida Extingao da Personalidade Juridica A extingao da personalidade juridica ocorre com a morte real ou fisica. Quando a morte acontece por causas naturais € 0 corpo esté presente para exames para indicar a morte, a situacio tramita com certa tranquilidade, no entanto, em diversas situagdes isto nao ocorre, razio pela qual algumas situacées so reguladas diferentemente pelo direito. * Morte violenta ~ é exigido um exame de necropsia para determinar as suas causas. * Morte presumida ~ nos casos em que nio for localizado 0 corpo, 0 Cédigo Civil traz um regulamento préprio, ocorre quando hé indicios veementes da morte (morte presumida sem declaracio de auséncia) ou a pessoa desaparece do seu domicilio ou deixa de dar noticias por longo periodo de tempo (morte pre- sumida com declaragio de auséncia) A morte presumida, sem decretagio de auséncia, pode ocorrer quando for extre- mamente provavel a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, no for encontrado até dois anos apés 0 término da guerra. A existéncia da pessoa natural termina com a morte e diversas consequéncias resultam desse fato: a extingio do poder familiar, a dissolucio do casamento, exting’o dos contratos pessoais e, principalmente, a extingao das obrigagdes. Capacidade Juridica Como vimos, a pessoa ao nascer adquire personalidade juridica podendo ser sujeito de uma relacao juridica, no entanto cla nio pode realizar pessoalmente os atos. O exercicio dos atos civis pela prépria pessoa s6 sera possivel quando ela adquirir a » plenitude de consciéncia ¢ de vontade, conferindo a ela a capacidade juridica plena. A capacidade juridica € a medida da personalidade e é graduada conforme o grau de desenvolvimento de consciéncia que pode variar ou pela idade ou pelo desenvolvimento mental da pessoa, * A capacidade plena civil (maioridade civil) de acordo com 0 Cédigo Civil de 2002 foi equiparada a maioridade penal e acontece aos 18 anos completos, antes era aos 21 anos. * A pessoa que ainda nio possui a capacidade plena é denominada incapaz, e necessita de outra pessoa que a substitua, auxilie e complete a sua vontade. A incapacidade pode ser rela~ tiva ou absoluta. Ela é determinada pela satide fisica e mental, a idade e o estado da pes- soa. A falta de capacidade pode ser suprida. No caso dos absolutamente incapazes, eles deverio ser representados nos atos civis pelos seus pais ou responsaveis. Jé os relativamente incapazes deverio ser assistidos pelos pais ou responséveis. Dessa forma, podemos classificar as pessoas segundo o grau de capacidade. Capazes Maiores de 18 anos, exceto as pessoas que, por causas transit6rias ou permanentes, se enquadrem na condicio de incapacidade absoluta e relativa. Absolutamente Incapazes pe r Menores de 16 anos. * Os que, por enfermidade ou deficiéncia mental, nao tiverem o necessario discerni- mento para a pritica desses atos. * Os que, mesmo por causa transitéria, no puderem exprimir sua vontade. Relativamente Incapazes v Maiores de 16 anos ¢ menores de 18 anos. . Ebrios habituais, viciados em téxicos € os que tenham discernimento reduzido. Os absolutamente incapazes devem ser representados e nao podem part _ cipar do ato jurdica. Os atos praticads pelos absolutamenteincapazes so * Excepcionais, sem desenvolvimento _ considerados nulos de pleno direito, quando nao tiverem sido realizados por mental completo. Seu repesentante lg + Prédigos (que tém compulsio em gastar e comprar); 0 prédigo para casar precisa de autorizagio do seu curador. Emancipacgao E possivel antecipar a plenitude da capacidade para os relativamente incapazes. A esta antecipacio da plenitude civil o direito denomina de emancipagio. Com a emancipacio, ocorre a aquisi¢ao da plenitude da capacidade antes dos 18 anos, habilitando 0 individuo para todos os atos da vida civil. € A regulamentacdo da emancipagio esté no art. 5® parégrafo tinico do Cédigo Civil: Art. 5° A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada a pratica de todos os atos da vida civil. iid Siiaia Paragrafo unico. Cessara, para os menores, a incapacidade: | — pela concessao dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento publico, independentemente de homolo- gacAo judicial (voluntaria), ou por sentenga do juiz, ouvido o tutor, se 0 menor tiver dezesseis anos completos (judicial); Il— pelo casamento; Ill - pelo exercicio de emprego ptiblico efetivo; IV - pela colagao de grau em curso de ensino superior; V —pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existéncia de relagéo de emprego, desde que, em fungao deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia propria. (legal) WV Com base no artigo 5® supramencionado a emancipacio pode ser classificada em trés tipos: * Voluntéria - concedida pelos pais (art. 5% pardgrafo Gnico, inciso I, 12 parte do Cédigo Civil). © Judicial — por sentenga do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos comple- tos (art. 5° pardgrafo tinico, inciso I, 28 parte do Cédigo Civil). * Legal (demais incisos do art. 5% pardgrafo tinico) que se da pelo casamento, pelo exercicio de emprego publico efetivo, pela formatura em grau superior e pelo esta belecimento civil ou comercial com economia propria do individuo. Domicilio A pessoa fisica ou natural deve ser localizada para que possa responder sobre os atos praticados, a este local onde vai ser localizada denominamos de domicilio, que pode ser conceituado como sede juridica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito. E o lugar pré-fixado pela lei onde a pessoa presumivelmente se encontra. E o local onde a pessoa fixa a sua residéncia com animo definitivo, transformando-o em centro da sua vida juridica. © conceito de residéncia esti inserido dentro do conceito de domicilio, a residéncia 6 uma situagao de fato, jé 0 domicilio é a reunigo deste fato com a vontade da pessoa fisica indicar aquele local com domicilio definitivo. No entanto, existem pessoas em que essa determinacio do domicilio apresenta certas peculiaridades, cabendo ao direito fixar as regras para o seu reconhecimento, vejamos: - Pessoas com varias residéncias onde alternativamente vivam ou com varios centros de ocupagao habitual, o domicilio é qual- quer um deles; * Pessoas sem residéncia habitual, nem ponto central de negécios (Ex.: circenses) 0 domicilio é o lugar onde for encontrado; . dos incapazes, o domicilio é 0 dos seus representantes; * damulher casada e do homem casado, 0 domicilio do marido ou da mulher; * do funcionario piiblico, o lugar onde exerce suas fungdes, nao temporarias; * do militar, o do lugar onde serv + dos oficiais e tripulantes da marinha mercante, o do lugar onde o navio esté matriculado; * — dopreso, o do lugar onde cumpre a sentenca; + das pessoas juridicas, a sede ou a filial, para os atos ali praticados. y Pessoa Juridica A pessoa juridica passa a existir no momento da inscr tivo nos respectivos 6rgaos de comércio ou nos cartérios ¢ com a autorizacao dos érgios competentes quando necessirio. (art. 45 do Cédigo Civil) do ato constitu- Nio havendo registro, surge a chamada sociedade despersonificada (irregular ou de fato), sendo que os préprios s6cios respondem pessoal e ilimi- tadamente pelos débitos sociais. (art. 986 e ss) Podemos classificar as pessoas juridicas de direito privado em trés tipos bisicos: associacao, sociedade e fundacao, apesar de 0 artigo 44 do Cédigo Civil tratar, ainda, de partidos politicos de organizagées religiosas, que nio s4o objetos de estudo deste livro. Associacgées Sio entidades de direito privado, formadas pela unio de individuos com o propésito de realizarem fins ndo econémicos (Art. 53 Cédigo Civil). Nao tem finalidade econdmica. O seu ato constitutivo € o estatuto que é registrado no cart6rio de registro civil de pessoa jurtdica. Possui como 6rgio maximo de deliberacio a assembleia geral (Art. 59 do Cédigo Civil). Sociedade E pessoa juridica constituida por meio de contrato social e com o objetivo de partilhar lucros. O seu ato constitutivo € o contrato social. Possui como finali- dade a obtengio de lucro. Na forma do artigo 982 do Cédigo Civil abandonou-se © antigo sistema de sociedade civil € sociedade mercantil, para substituf-lo por sociedade empresaria ¢ sociedade simples. Sociedade empreséria: * Atividade tipica de empresério * Registro na junta comercial ' Sociedade simples: ° Atividade nao empreséria Blegistinne fngfeoneapetenin ‘tH te igs i a om egies He co E ompreséria a Sociedade que exerce atividade tipica de empresério ial. AS outras sociedades (méticos, advogados,contadores, etc) so sociedades simples spt Fundacgao £ um conjunto de patriménio destacado e afetado que se personifica, na forma do artigo 62 do Cédigo Civil. A constituigio se dé por meio de escritura ptiblica ou testa- mento, podendo somente afetar bens livres, definindo-se a sua finalidade bem como 0 modo de administré-la. A fundagio somente poderd ser constitufda para fins religiosos, morais, culturais ou de assisténcia. Extingao da Pessoa Juridica ‘Acextingéo da pessoa juridica pode se dar pela: * Dissolugéo convencional onde os sécios de comum acordo estabelecem um distrato e procedem as baixas junto ao érgio de comércio ou respectivo cartério € também junto aos 6rgios fiscais. * Administrativa quando ocorre a cassagio de licenga ¢ 0 objeto da sociedade passa a ser inexequivel. © Dissolucdo judicial que poders ser por faléncia, quando o ativo for menor que o pas~ sivo, o que leva ao estabelecimento de uma execucio coletiva, ou por dissolugio judicial que ocorre quando 0s sécios nao conseguem dissolver a sociedade amigavelmente. Na liquidagio existe a nomeagio de um liquidante que apurard os haveres da empresa, venderd o ativo € liquidando 0 passivo promovers com o saldo residual a partilha entre ‘os sécios. Na dissolugao a sociedade permanece, mas existe um sécio ou mais dissidentes que requerem a retirada da empresa com o pagamento de seus direitos, os quais apés uma dis- cussio judicial seré fixada em sentenga. Dos Bens Tudo o que existe fora do homem € denominado de coisa, como por exemplo o ar, a terra, a égua, uma joia. Contudo, os bens sio as coisas que tem valor econdmico ¢ que servem para satisfazer a uma neces- sidade do individuo ou da comunidade, tanto material como imaterial ¢ que podem ser objeto de uma relagio de direito. Classificacao dos Bens Os bens, por sua vez, podem ser classificados em: * Iméveis — tudo aquilo que estiver incorporado ao solo, no sentido amplo. Ex.: casa, construgio. Moveis ~ sio os bens suscetiveis de movimento préprio ou por forga alheia. Ex.: automével, bicicleta. * Fungiveis — so os bens méveis que podem ser substituidos por outros da mesma espécie, qualidade ¢ quantidade. Ex.: sacas de arroz, sacas de feijéo, resmas de papel, dinheiro, entre outros. Infungiveis — sio os bens que nao podem ser substituidos por outros da mesma espécie, qualidade ¢ quantidade. Ex.: os iméveis, um carro, uma joia, um livro de edicao esgotada, etc. Consumiveis — bens méveis cujo uso importa destruigio imediata da prépria coisa. Admite apenas uma utilizacdo. Ex.: giz, alimentos, tinta de parede. * Inconsumiveis — sdo os que proporcionam reiterados usos. Ex.: vestido, sapato. * Principais — sio os que existem por si s6, t¢m existéncia propria. Ex: um terreno, um crédito, uma joia. Acess6rios - sio as coisas cuja existéncia pressu- poe a de um bem principal. Ex.: uma drvore, um prédio, os juros, a cléusula penal, os frutos. Regra: o bem acessério segue principal. Quem for proprietério do principal, ser4 também do Bert acess6rio. ‘aiiaiig Benfeitorias Sao melhoramentos executados em um bem ¢ podem ser: * Necessdrias — as que tém por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore. Ex.: restauracio de telhado, de assoalhos, de alicerces. * Uteis - sdo as que aumentam ou melhoram o uso da coisa. Ex.: garagem. © Voluptudrias — sio as de mero embelezamento. Ex.: uma pintura artistica, uma piscina. Frutos Sao tudo 0 que pode ser retirado de um bem principal ¢ nio retiram ou diminuem © seu valor, podem ser: * Natural — da natureza. Ex.: fruto de uma érvore, nascimento de um bezerro; Industrial — intervencao direta do homem, produto manufaturado; garrafa de refrigerante, livros, aparelhos, ete. Civil - rendimentos produzidos pela coisa principal. Ex.: juros, aluguel, € Direito civil Produtos Sao utilidades que se extraem da coisa diminuindo 0 seu valor. Ex.: pedras de uma pedreira, minerais de uma jazida. Dos Fatos ‘Toda relagio jurfdica tem como origem um acontecimento. Os aconteci- mentos produzem efeito na esfera de atuagio dos individuos, visto que os que produzem efeitos no mundo juridico serdo denominados de fatos juridicos. Os fatos juridicos sio classificados em: Fatos Juridicos em Sentido Estrito Acontecimentos que independem da vontade humana, que podem ser de causas naturais ou artificiais e que produzem efeito no mundo juridico. Ex.: tempestade, nascimento ¢ morte. Atos Juridicos Fatos praticados pela vontade ¢ concretizados pelo agir humano. Os atos jurfdicos, por sua vez, classificam-se em atos juridicos unilaterais quando advém da manifestagio unilateral de vontade de uma pessoa. Ex.: a declaracéo de nascimento de um filho. E ainda ato juridico bilateral que decorre da manifestacio de von- tade de duas ou mais pessoas, também é denominado de negécio juridico. EXx.: contratos. Requisitos de Validade Para que os atos juridicos sejam considerados vilidos devem preencher os seguintes requisitos * Agente capaz ~ o agente deve estar apto a praticar os atos da vida civil (capacidade juridica plena) como por exemplo uma pessoa com mais de 18 anos. Os absolutamente incapazes devem ser representados, pode-se citar uma criana de 7 anos. Os relativamente incapazes devem ser assis- tidos, como um adolescente com mais de 16 anos. * Objeto licito e possivel — 0 objeto do ato juridico deve ser permitido pelo direito como por exemplo a compra e a venda de bens é um ato possfvel de ser efetivado no mundo real, assim como uma viagem para a Europa também é possivel, j4 uma viagem a Marte ainda é impossivel. * Forma prescrita (estabelecida) ou nao vedada em lei —a forma dos atos juridicos tem que ser a prevista em lei, se houver esta previséo. Por exemplo a compra e venda de imével acima de 30 salarios minimos, a forma é por escritura ptiblica. Defeitos dos Negocios Juridicos Os negécios juridicos podem apresentar vicios que atingem a sua validade ¢ que podem levar 3 sua anulagio. Esses vicios podem ser de dois tipos: vicio de consentimento, que alingei a uanifestagio livre de vontade das partes, ou vicios sociais, os quais atingem a lei e a boa-fé e sao praticados para prejudicar terceiros. Os principais defeitos dos negécios juridicos sio: Erro ~ falsa percepgao da realidade, se 0 sujeito soubesse do erro nio teria celebrado o negécio juridico. Ex.: comprar um bem achando que era outro. Dolo ~ ardil, artificio empregado para enganar alguém. Ocorre dolo quando alguém é induzido a erro por outra pessoa. Ex.: O vendedor camufla 0 defeito do veiculo para efetivar a venda de um carro com motor danificado. Coagio ~ constrangimento de determinada pessoa, por meio de ameaca, para que ela pratique um negécio juridico. Ex.: aponta uma arma para que a pessoa assine um contrato. Estado de perigo ~ quando alguém, premido de necessidade de salvar-se, ou a outra pessoa, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigacdo excessivamente onerosa. Ex.: Cheque caucio para atendimentos em hospitais particulares. Lesao - ocorre quando determinada ‘pessoa, sob premente necessidade ou por inexperiéncia, se obriga a pagar prestacio manifestadamente desproporcional ao valor da prestacio oposta. Ex. ay reneguciagoes danusas junty as instituigées financeiras. Fraude contra credores ~ negécio realizado para prejudicar 0 credor, tornando o devedor insolvente. Ex.: vender os bens pes- soais para nio pagar os credores. Simulagao — declaraco enganosa da vontade, visando obtengio de resultado diverso do que aparece, com a finalidade de criar uma aparéncia de direito, para iludir terceiros ou burlar a Ici. Ex.: dois amigos simulam uma compra ¢ venda para enganar a ex-esposa do vendedor. Obrigacoes e Contratos A obrigacio é vinculo juridico estabelecido entre 0 sujeito ativo, denominado credor, e 0 sujeito passivo, denominado devedor, pelo qual este se obriga a prestar, algo certo, possivel e determinado, que pode consistir em uma obrigacao de dar, fazer ou nao algo em proveito do credor. BIBLIOTECA JERS/Campus Porto Alegre € iid Silda Direito Ch Elementos da Obrigacao ESTRUTURA DAS OBRIGAGGES 1. Vinculo pessoal 2. CREDOR 2. DEVEDOR Sujeito ativo Sujeito passivo Licita 3. PRESTAGAO Passivel Objeto Determinada Podemos separar os elementos da obrigacio em trés categorias: * Elemento ideolégico —E 0 vinculo juridico, a ligacdo existente entre os sujeitos. Pode originar-se de situacdes reguladas pela lei como um contrato estabelecido ou de situagdes contririas a legislac’o como os delitos. Nestes casos, aquele que descumpre a lei ¢ causa prejuizo a outrem terd a obrigagio de reparar o dano cometido. * Elemento subjetivo - Sao os individuos que participam da relagio, ou como parte ativa, recebendo 0 objeto da obrigacio (credor); ou como parte passiva, rea~ lizando a prestagio (devedor). * Elemento objetivo — E 0 objeto da relacao juridica, a prestacao realizada. Pode ser positiva, quando consiste em fazer ou entregar algo, ou negativa, no caso da abstengio da pritica de algum ato. Pagamento Consiste no cumprimento voluntario das obrigagdes. Toda e qualquer obrigacao € estabelecida visando ao seu cumprimento pelo devedor. Dessa maneira, podemos concei- tuar 0 pagamento como sendo um fato juridico que extingue as obrigagses. Formas Especiais de Extin¢ado das Obrigacées Além do pagamento, existem outros fatos juridicos que também possuem a prerro- gativa de extinguir as obrigagdes, ¢ quando ocorrem substituem 0 pagamento e encerram a relacio juridica. * Consignagéo em pagamento - Meio liberatério da obrigagéo por meio de depésito da coisa devida. Ex.: dep6sito do valor de prestagio em juizo. * Dagao em pagamento — E uma forma de extingio da obrigagio em que 0 deve- dor, com a anuéncia do credor, realiza prestacdo diversa da que era devida, Ex.: entrega de um carro no lugar da prestacao em dinheiro. Remissio — Perdio da divida que ocorre quando o credor abre mio de receber © que era devido. Deve sempre ser conferida por escrito. Ex.: 0 credor perdoa a divida do devedor. Novagao — As partes criam uma nova obrigacio, destinada a substituir e extinguir a obrigagao anterior. Difere da daco em pagamento, porque nesta se cria uma nova obrigacio, e naquela se muda apenas o objeto da obrigacao. Ex.: renegociacio de divida bancéria Compensagio — £ uma forma de extingio das obrigagées, na qual as partes sio ao mesmo tempo credoras ¢ devedoras uma da outra. Pode ser total e parcial. Ex.: se uma pessoa é credora de outra de uma importancia X e a segunda se torna credora da primeira de igual quantia, as dividas se extinguem automaticamente. A com- pensagio parcial ocorre se as dividas tiverem valores diferentes. Confusio — Ocorre quando as qualidades de credor e devedor se retinem na mesma pessoa. Ex.: fusio de empresas. Transagao — Trata-se de um negécio juridico pelo qual os interessados, mediante concessdes mituas, previnem ou terminam um litigio (uma pendéncia). Também € conhecido como composigio civil. Ex.: um acordo em juizo. Atividades 4) O que é personalidade juridica? 2) O que é capacidade juridica? 3) O que é emancipagao? 4) Conceitue domicilio. 5) Diferencie associago, sociedade e fundagao. 6) Defina o que é bem. 7) Diferencie frutos de produtos. 8) Indique e explique os trés principais requisitos do ato juridico. 9) Indique e explique os defeitos que os negécios juridicos podem apresentar e a sua respectiva consequéncia. 10)Conceitue obrigagao indicando os seus principais elementos. 11)Defina pagamento e indique as demais formas especiais de extingdo das obrigagdes. € iidig Odi Empresarial produtos, entre os quais podemos citar os fenicios. O Comércio O homem sempre procurou os produtos que garantissem a sua sobrevivéncia. No inicio da civilizagio, essa busca incansdvel fazia os povos circularem em busca de alimento. Um grupo de pessoas fixa- va-se em determinado local e ali buscava coletar o alimento necessario & sobrevivéncia. Uma vez esgotada a fonte de alimentacio, toda a comunidade partia em busca de outro local rico em alimentos. Esses povos eram denominados de Nomades. ‘as pessoas néo possuem habitaséo fra. Apenas apés o surgimento da agricultura é que o homem passou a se fixar na terra ¢ a produzir aquilo que garantiria a sobrevivéncia de seus pares. Na Antiguidade, diversos povos utilizavam-se da pratica de trocar com outros povos os alimentos que sobravam. Alguns povos apenas se aperfeigoaram na troca de Deve-se destacar que esta atividade de troca de bens sofreu grande estagnacio durante a Idade Média, uma vez que os feudos, unidade social da época, eram autosubsistentes e as relagdes com outros feudos era pra~ ticamente nula ou insignificante. Da Antiguidade até a metade da Idade Média a economia era de escambo, ou seja, uma economia baseada na troca de mercadorias. Porém, 0 homem buscava uma mercadoria padréo, que fosse desejada por todos e que no impedisse a realizagio das trocas, posto que nao eram raras as excecées em que uma pessoa no se interessava pelo produto que lhe era ofere- cido para a troca. Esta economia, baseada em uma mercado- ria padrio, € 0 embriio da economia monetéria que utilizamos até hoje, e 0 seu momento mais marcante ocorre na baixa Idade Média, com o sur- gimento dos burgueses. Os burgueses passaram a intensificar a procura pela mercadoria padrio e chegaram concluséo de que os metais preciosos eram desejados por todos, contudo, os negécios que se utilizavam de metais preciosos eram muito morosos, pois o metal deveria ter sua pureza comprovada e seu peso deveria ser conferido. Para facilitar as atividades, o metal passow a ser previamente pesado e derretido para formar lingotes e outros pedacos menores. A caracteristica tanto do lingote quanto dos pedagos meno- res era possuiir de um lado 0 nome ou o simbolo daquele que a pesou, e do outro o peso. Estas porgies menores so as moedas base da economia monetéria, O comércio € © conjunto das atividades que visam facilitar a troca de mercadorias entre as pessoas, que no inicio era bem rudimentar e apés 0 fortalecimento da economia monetéria passou a ser especializado. Hoje em dia, aquele que produz um produto pode vendé-lo em troca de moedas, utili- zando-as para adquirir 0 que precisa. Coneluindo, podemos dizer que aquilo que as pessoas produzem passa a ser a riqueza de um povo, e o comércio consiste na atividade humana que pe em circulagio a riqueza produzida. A Circulacao de Riqueza no Comércio Podemos dizer que no comércio a mercadoria desloca-se de onde é mais abundante para o local em que € mais escassa, porque nesse lugar ela ser4 mais stil e, por consequén- cia, mais cara, e desta forma obtém-se o lucro. Na cultura ocidental, a expansio do comércio s6 foi possivel com as doutrinas protestan- tes, pois anteriormente o lucro era considerado algo pecaminoso e que deveria ser impedido. Olucro impulsiona o comércio. A diferenca entre 0 prego do produto pago pelo consu- midor 0 prego pago ao produtor € que paga os gastos daqueles que se utilizam do comércio para sobreviver. Podemos dizer que o lucro é 0 prego da atividade comercial. Conceito de comércio - O comércio 6 0 ramo de produgao eco- némica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposigéo entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias. Direito Empresarial - Evolugao Historica Como vimos anteriormente, atividade comercial, mesmo que _ Gédigo de Hamurabi: rudimentar, baseada no escambo, j4 existia desde a Antiguidade, © ~ Mais antiga conjunto de junto a ela jé existiam institutos pertinentes ao direito comercial, com #8 esertas f encontrado. © empréstimo a juros e os contratos de sociedade, de depdsito ¢ de comissio, j4 presentes no cédigo de Hamurabi, ou no empréstimo a risco na Grécia Antiga. Como sistema, porém, a formacio ¢ 0 florescimento do direito comercial s6 ocorreu na Idade Média com o fortalecimento da economia monetéria a partir do século XII, por meio das corporagées de oficios, em que os mercadores criaram ¢ aplicaram um direito proprio, muito mais dinamico do que o antigo direito romano-can6nico utilizado nos feu- dos, para dirimir os fatos ocorridos entre eles € TeiibsaiaiT SiiaIiG € Direito Empresarial Vocé Sabia? Nas cidades medievais, uma pessoa podia trabalhar em apenas um determinado oficio. Cada corporacao agrupava pessoas de determinado ramo de trabalho; por isso era chamada de corporagao de oficio. As corporagées estabeleciam as regras para o ingresso na profissao, e controlavam a quantidade e a qualidade do produto. O aprendiz ia morar na casa de seu mestre e, com ele, aprendia os segredos de sua profisséo. Esse aprendizado durava de dois a sete anos. Durante esse tempo, o aprendiz tinha direito a alimentacao e moradia. Terminando essa fase, o aprendiz tornava-se um oficial. O oficial era considerado um trabalhador especializado, e recebia Pagamento em dinheiro pelos seus servicos. Para seguir 0 oficio de alfaiate, por exemplo, um garoto precisava comegar a trabalhar com a idade de 8 a 9 anos com um mestre bem mais experiente do que ele. Para tornar-se mestre, ele tinha que fazer uma prova que consistia em apresentar a um grupo de mestres um produto feito por ele e aprovado pelos examinadores. Podemos dizer que a evolugio de direito comercial para direito empresarial ocorreu em trés fases. Primeira Fase A primeira fase, vai do século XII até 0 século XVIII e corresponde ao perfodo subjetivo-corporativista, no qual se entendeu o direito comercial como sendo um dircito fechado, classista, privativo, das pessoas matriculadas nas corporages de mer- cadores ¢ somente estas pessoas podiam utilizar esse direito. Na €poca, as pendéncias entre os mercadores eram decididas sem grandes formalidades, somente com base nos usos ¢ costumes e sob os ditames da equidade (bom senso) Segunda Fase A segunda fase, chamada periodo objetivo, inicia-se com o liberalismo econémico e consolida-se com 0 Cédigo Comercial francés, de 1808, que teve a participacio direta de Napoledo. Foram abolidas as corporagées ¢ estabelecidas as liberdades de trabalho ¢ de comércio, extensivo a todos os que praticassem determinados atos previstos em lei, tanto no comércio como na industria, ¢ em outras atividades econdmicas, independen- te ite da classe. ia emente da classe. Atos de Comércie A base desse direito eram os atos de comércio. Todo ato praticado habitualmente com 0 objetivo de ucro, para mediagéo, circulagao & intermediagao de bens ¢ servicas. E ato juridico. Durante a primeira fase, e com intensidade maior no inicio da segunda, houve aspec- tos ecléticos, que combinavam o critério subjetivo com o objetivo. As vezes, os tribunais corporativistas julgavam também causas referentes a pessoas que nao eram comerciantes, desde que o assunto fosse considerado de natureza comercial. Terceira Fase A terceira fase, ainda em elaboragio, corresponde ao direito empresarial (conceito subjetivo moderno). De acordo com a nova tendéncia, a atividade negocial nao se carac- teriza mais pela pratica de atos de comércio (interposigao habitual na troca, com o fim de lucto), mas pelo exercicio profissional de qualquer atividade econdmica organizada, para a producio ou a circulagdo de bens ou servicos a chamada empresa. Lembre-se: Fases do direito comercial . Periodo subjetivo-corporativista — corporagées de oficio x Periodo objetivo - atos de comércio. + Perfodo subjetivo moderno — empresa Novo Codigo Civil e o Direito Empresarial A partir da entrada em vigor do Novo Cédigo Civil, a denominagio passou a ser direito empresarial em substituicdo a direito comercial, sendo direito empresarial 0 conjunto de regras juridicas tendentes a organizar a atividade empresarial. Direito empresarial é 0 conjunto de regras que disciplinam as atividades privadas implementadas com o escopo de produgéo ou circulagao de bens ou servicos destinados ao mercado. A nomenclatura ~ direito empresarial ~ mostra-se mais adequada do que simplesmente direito comercial, pois a preocupagio nio esté apenas na atividade de intermediagdo de mer- cadorias, mas também na produgio e na prestagio de servicos. Autonomia do Direito Empresarial em Relacao ao Direito Civi Além de 0 Cédigo Civil substituir 0 direito comercial por direito empresarial, tentou unificar o direito privado, tentando com o mesmo diploma legal regular as duas matérias, contudo, os dois ramos do direito sio completamente auténomos e permaneceram com a sua identidade. ieiessidy 6 € Direito Empresarial Existem trés argumentos que justificam a manutengio da autonomia do direito empresarial, mesmo depois da grande alteragio do Cédigo Comercial produzida pelo Cédigo Civil de 2002. Sao ele: * A Constituigao da Repiblica estabelece a autonomia do direito comercial. * O préprio direito civil, por meio do art. 2037 do Cédigo Civil, estabelece a auto- nomia da legislagdo comercial. © Nao € a existéncia de um cédigo que dé origem a um ramo autdnomo do direito, pois os cédigos cada vez mais deixam de ser centros, perdendo essa posi¢io de destaque para a Constituigdo, mas sim a existéncia de principios préprios e carac~ teristicas peculiares. Fontes do Direito Comercial A fonte principal do direito comercial € a lei, que se desdobra hierarquicamente em: Constituigio, Cédigo Civil e legislagio comercial extravagant. {As fontes secundétias subsididrias so os costumes, a analogia, a doutrina, a jurisprudéncia, 0s prineipios gerais de direito e a equidade, e tém como fungio a integracao do direito. Caracteristicas do Direito Empresarial Internacionalizagao ou Cosmopolitismo Com 0 advento da globalizagio, tornam-se cada vez mais comuns os contratos comerciais internacionais. Os Estados estabelecem negécios comerciais e os produtos abundantes em um pais sio exportados para outros. Por isso, podemos afirmar que 0 principio da internacionalizagio ou cosmopolitismo faz parte da esséncia do direito comercial/empresarial moderno. Onerosidade Presumida A atividade do empresario tem como finalidade o lucro, mesmo que em um con- trato comercial nao haja nenhuma referéncia a preco, o mesmo ser considerado oneroso, diferentemente do Dircito Civil, onde se ~Dispendoso. presume a gratuidade. Informalidade A celeridade necesséria no meio comercial para a realizagio de seus atos nfo se coaduna com o formalismo. Entio, o legislador supervalorizou a aparéncia, a boa-fé, para que, por esses meios, presuma-se que quem se apresenta como comerciante tenha legitimidade para agir como tal, dispensando assim o formalismo. A Empresa Conceito Econémico de Empresa A nogio inicial de empresa advém da economia, ligada 4 ideia central da organizacio dos fatores da producio (capital, trabalho, natureza), para a realizacio de uma atividade econdmica. A partir de tal acepcio econémica € que se desenvolve 0 conceito juridico de empresa, 0 qual nao nos € dado explicitamente pelo direito positivo, nem mesmo nos paises onde a teoria da empresa foi positivada inicialmente Empresa Juridicamente, a empresa é a “atividade econdmica organizada de produgio ou circu- lagio de bens ou servicos destinados a0 mercado", conforme o artigo 966 do Cédigo Civil. Trata-se de atividade, isto é, do conjunto de atos destinados a uma finalidade comum, que organiza os fatores da produgao, para produzir ou fazer circular bens ou servigos. Nao basta um ato isolado, é necesséria uma sequéncia de atos dirigidos a uma mesma finalidade para configurar a empresa. E nfo se trata de qualquer sequéncia de atos. A economicidade da atividade exige que ela seja capaz de criar novas utilidades, novas riquezas, afastando-se as atividades de mero gozo. Nessa criagio de novas riquezas, pode-se transformar matéria-prima (indis- tria), como também pode haver a interposicao na circulagao de bens (comércio em sentido estrito), aumentando o valor deles Ademais, tal atividade deve ser dirigida ao mercado, isto é, deve ser destinada a satis- facio de necessidades alheias, sob pena de nao configurar empresa. Assim, nao é empresa a atividade daquele que cultiva ou fabrica para o proprio consumo, vale dizer, “o titular da atividade deve ser diverso do destinatério tiltimo do produto”, Também, € traco caracterfstico da empresa, a organizacio dos fatores da producio, pois o fim produtivo da empresa pressupée atos coordenados ¢ programados para atingir tal fim. Tal organizacio pode assumir as formas mais variadas de acordo com as necessi- dades da atividade: Seja a atividade que se exercita organizando o trabalho alheio, seja aquela que se exercita organizando um complexo de bens ou mais genericamente de capitais, ou aquela que atua coordenando uns e outros. Atividade intelectual Diante da necessidade dessa organizagio, deve ser ressaltado ainda que as atividades relativas a profissées intelectuais, cientificas, artisticas ¢ literdrias nao sio exercidas por empresarios, mas, por pesquisadores, cientistas e artistas, a menos que constituam ele- mento de empresa, nesse caso serdo tratadas pelo direito empresarial (art. 966, pardgrafo tinico do novo Cédigo Civil). Tal constatagao se deve ao fato de que em tais atividades prevalece a natureza individual e intelectual sobre a organizagéo, a qual é reduzida a um nivel inferior. Portanto, é a relevancia dessa organizagao que diferencia a atividade empresarial de outras atividades econémicas, Acmpresa deve abranger a produgio ou circulacao de bens ou servigos —_Fruieéa: para o mercado. Na produgio, temos a transformagio de matéria-prima, na Usuiruto, circulagio, temos a intermediacio na negociagio de bens. No que tange aos servigos, deve- mos abarcar toda atividade em favor de terceiros apta a satisfazer uma necessidade qualquer, desde que nao consistente na simples troca de bens, eles nao podem ser objeto de detencio, mas de fruicao. BIBLIOTECA JFRS/Campus Porto Aleara € ieiivssidiiy OisiiG z $ E 5 ey 5 Natureza Juridica da Empresa A empresa entendida como a atividade econémica organizada nao se confunde nem com 0 sujeito exercente da atividade, nem com o complexo de bens por meio dos quais se exerce a atividade, que representa outras realidades distintas. Atento a distingio entre essas realidades, Waldirio Bulgarelli nos fornece um conceito analitico descritivo de empresa, nos seguintes termos: Atividade econémica organizada de produgao e circulagao de bens e servicos para o mercado, exercida pelo empresério, em carater profissional, por meio de um complexo de bens. Tal conceito tem o grande mérito de unir trés ideias essenciais sem confundi-las, quais sejam, a empresa, o empresdrio e o estabelecimento. y Empresario Como vimos anteriormente, 0 direito empresarial retine todas as normas que regulam a atividade empresarial. Portanto, podemos definir empresa da maneira a seguir: Empresa é a atividade econdémica organizada de producgao e circulagao de bens e servigos para o mercado, exercida pelo empre- sario, em carater profissional, por meio de um complexo de bens. Em regra, toda e qualquer pessoa que possua capacidade civil plena pode exercer a atividade empresarial, salvo aqueles que a lei proibe, em especial os finciondrios piiblicos, 05 militares, 0s magistrados, os corretores ¢ leiloeiros, os consules, 0 médico na atividade de farmécia, o falido e os estrangeiros nao residentes no pais. Veja que estes nio esto proibidos de ingressarem em sociedades, mas néo podem ocupar cargos de geréncia, apenas de investidores da sociedade empresarial. Obrigagdes do empresario Podemos destacar como principais obrigacdes do empresério: + Registro do nome empresarial (obrigagdo mais importante). + Registro dos contratos e estatutos de constituigao da empresa. + Registro dos livros comerciais. Os atos empresariais sio registrados perante o érgio principal de comércio de cada cidade, ou seja, a Junta Comercial. As empresas mercantis devidamente registradas sio protegidas pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), com- posto pelo Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC) - érgio central do SINREM - pertencente a0 Ministério do Desenvolvimento Indiistria e Comercio Exterior (MDIC) ¢ pelas Juntas Comerciais, na qualidade de drgios locais. WBsatsicerie ‘Sistema Nacional de Registro de Empresas | Composigao: a) Departamento Nacional do Registro do Comércio- DNRC _b) Junta Comercial * Fungées: * Fungées: + Supervisionar, orientar, coordenar e estabelecer normas. _ + Fungdes executora e administrativa. * Assegura a uniformidade e aplicagéio dos Atos Normativos. * Art. 42 da Lei n® 8.934/94 e Art. 42 do Dec. 1800/96. * Art. 5° 28 da Lei n? 6.934/94 @ Art. 5° 31 do Dec. 1800/96. O Nome Empresarial Os empresérios em geral, pessoas fisicas (empresério individual) ou juridicas (socie- dade empresdria), necessitam de um nome para exercer as suas atividades profissionais. O nome empresarial é elemento de identificago do empresdrio pelo qual ele se apre~ senta nas relacées jurfdicas. Duas espécies de nome empresarial © nome empresarial é 0 género, de que sio espécies: firma social ~ individual ou coletiva; e denominagio. ‘As sociedades empresérias adotam a firma social (ou razo social) ou denominagio, jo empresério individual apenas a firma (ou razio social). * Razio social do empresério individual: é 0 nome do empresdrio que exerce sozinho a atividade empresarial em seu nome, por conta ¢ riscos préprios. Neste caso, a responsabilidade pelas dividas sociais sempre seré ilimitada. Equiparado a pessoa juridica apenas para efeitos tributérios j4 que na legislagio civil € tratado como pessoa fisica. Também possui vinculacio ao Registro Puiblico de Empresas Mercantis — Juntas Comerciais. * Firma ou razo social: no Brasil, por forca do disposto no Decreto n? 916/1890, imp6e que a firma ou razio seja constituida sobre o patronimico, nome de familia, sobrenome do empresério individual e ou dos sécios que compéem a sociedade. Seré 0 nome pelo qual o empresirio ou sociedade que exerce 0 comércio assinar4 os atos que realizar. Conforme o tipo societirio, € obrigaté- rio 0 aditivo “& Cia.” (ou “& Filhos” ou “& Irmaos” ou “& Sobrinhos”, desde que traduzam fielmente a verdade). Isso porque a sociedade s6 poderd usar os nomes de todos os sdcios em sua firma (ou razio social) se o tipo jurfdico adotado permitir. * Denominagao social: é formada por express6es de fantasia, de palavras de uso comum livremente escolhidas ou tiradas de seu objeto social (atividade, servi- cos ou produtos). Deve ser sempre acrescida de palavras designativas do tipo de sociedade (S/A ou LTDA.). © ieiibssidiiiy oiisiia € Direito Empresarial ‘ine Estabelecimento Empresarial £ © conjunto de bens que 0 empresério retine para exploracao de sua atividade econémica destinada 4 produgio de mercadorias e servicos designados ao mercado. Assim, considera-se estabelecimento todo complexo de bens, para o exercicio da empresa, por empresario ou por sociedade empresiria. O empresério regular, que possui seus atos constitutivos devidamente registrados perante a Junta Comercial ¢ protegidos pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis, tem o seu estabelecimento empresarial protegido. Os elementos do estabelecimento empresarial sio o Capital, o Trabalho e a Organizacio. Capital — Coisas corpéreas ou materiais, so as instalagées, mercado- tias, vitrinas, maquinas, mostruarios, méveis, utensilios, dinheiro em caixa ou em depdsitos bancarios, imével. Coisas incorpéreas ou direitos 40, por exemplo, o contrato de locagao comercial com direito a renova- 40, 0 nome empresarial, 0 direito a clientela, os créditos ou as dividas ativas, o titulo ou nome do estabelecimento e a respectiva insignia, as marcas de industria e de comércio, as patentes de invengdo, os mode- los de utilidades, os modelos industriais, 0 direito ao ponto. Trabalho — Servicos do proprietério — diregdo, gerenciamento, e em alguns casos de execugao representando os servigos dos empregados. Organizagéo — Os bens e servicos (capital e trabalho) devem ser intimamente organizados e combinados para a obtengao da maior pro- dutividade de ambos. Ponto Comercial Eo local onde 0 empresério expée as mercadorias ¢ atende a clientela. A sua prote- cio se dé pela Lei n® 24.150, de 20 de abril de 1934 ~ que regula as condigées da acio de renovagio dos contratos de locagio comercial e a Lei n® 8.245, de 18 de outubro de 1991 (lei da locagio dos iméveis urbanos) — renovacio compulséria ~ meios de o locatério empresirio renovar 0 contrato de locagio comercial, mesmo contra a vontade do dono do imével (locador) Verifica-se que a protecio do ponto comercial do empresario que € proprietério do im6vel se di de forma tranquila pelas leis que protegem a propriedade, sendo que a lei buscou, além de protegé-lo, proteger também o empresdrio que nao € proprietério, mas sim locatério, pois é ele que faz jus aos direitos previstos na lei do inquilinato. Requisitos para renovacao do contrato Direito a renovagao do contrato — A legislacdo fixa o prazo de um ano, no maximo, e seis meses, no minimo, antes da data do término do contrato para requerimento em juizo da Acio Renovatéria da Locagdo. Os requisitos para a renovacio sio que: * Ocontrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; * Ocontrato anterior, ou soma do prazo de contratos anteriores, seja de 5 anos ininterruptos; * © locatério esteja explorando seu comércio ou industria, no mesmo ramo, pelo prazo mfnimo e ininterrupto de trés anos. Defesa do locador O locador sé pode alegar em sua defesa que: + Necessita fazer reforma substancial no prédio por obrigagio determinada pelo poder ptiblico ou por vontade propria, para valorizacio do imével. Se o inicio das obras retardar por mais de trés meses contados da desocupacio, seré devida a indenizagio a0 ex-locatério. + Hi insuficincia na proposta do locatdrio: neste caso, 0 contrato nao ser4 renovado, visto que 0 cntendimento dos Tribunais Pétrios tm sido pela apuragio de valores devidos por meio de pericia; * O dono do imével (locador) contestaré o direito 3 renovagio, visto pretender a reto- mada do imével para seu uso proprio; + Hi proposta melhor de um terceiro ~ 0 locatério empresério poder cobrir tal pro- posta ou oferecer uma idéntica. Em caso de empate, a preferéncia sera dada ao antigo locatério. Caso contrario, o locatério empresdrio fard jus a uma indenizacio (do loca dor) pela perda do ponto. Deniincia do contrato (locador) O contrato de locagio com prazo indeterminado pode ser denunciado, ou seja, comu- nicado o interesse de resiligao unilateral, por escrito, pelo locador, concedidos ao locatério 30 dias para a desocupacio. Aviamento ‘A protecio do ponto comercial visa principalmente proteger 0 seu aviamento que representa um atributo ou uma qualidade do estabelecimento, representado na aptidio da empresa de produzir resultados lucrativos, em face da organizacio (capital + trabalho) e, principalmente, na capacidade de gerar clientela ou freguesia. Clientela ou Freguesia Eo fluxo de compradores dos bens ¢ servigos produzidos pelo estabelecimento. Propriedade Industrial A propriedade industrial visa a proteger os bens utilizados pelo empresario na sua ativi- dade, esta protecio ¢ feita no Brasil pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que é regulado pela Lei n° 9.279/96. Marcas e Patentes E 0 conjunto de normas aplicdveis 4 criagio intelectual destinada a produzir bens ¢ servigos designados a atividade empresarial. A palavra industrial decorre do fato de que a produgao referia-se a atividade industrial ‘A matéria pode ser indicada ainda como direito industrial, on ainda direito de marcas ¢ patentes, ou somente direito de patentes. Os titulares de direitos decorrentes da propriedade industrial podem ser pessoas naturais ou pessoas juridicas ¢ a protecdo se dard pelo Cédigo de Propriedade Industrial (Lei n® 9.279, de 14 de maio de 1996). € ieiibsaidiia Sisiid Direito Empresari Sao duas as espécies de protegées do direito industrial: * Concessao de patentes: ato do INPI que abrange as invengées ¢ os modelos de uti- lidade garantindo os direitos de exploragio econémica pelo idealizador. * Registro: mecanismo juridico de inscricio junto ao INPI que ird proteger a marca eo desenho industrial. Deve-se destacar que a propriedade intelectual € uma propriedade especial que constitui um direito fundamental assegurado pela Constituicao Federal no artigo art. 5°, inc. XXIX. Invengao — Algo novo que tem utilizagao industrial e comercial. Patente — Direito de o inventor explorar com exclusividade 0 seu invento para obter rendimentos (prémio periodo), 10 a 20 anos. Apés, passa para o dominio publico. Modelo de utilidade - Aperfeigoamento de um aparelho que jé existe. Se j4 possuir patente, aquele que aperfeicoa devera pagar ao inventor a co-exploragao do invento. Protecao pelo periodo de 7 a 15 anos para recuperar os investimentos. Marca - Sinal distintivo capaz de diferenciar um produto, ou um ser- vigo de outro. Protegao de 10 anos e renovaveis por periodos iguais sucessivos. Marcas famosas possuem protecao especial mesmo. sem registro. Desenho industrial — Linha estética de um produto que resulta em algo novo e original, que liga o produto a marca. A protegao é pelo periodo de 10 anos, renovaveis por trés periodos de 5 anos. Direito do Consumidor O direito do consumidor ¢ a relagdo de consumo estio presentes na nossa vida quase que diariamente. Por exemplo, a0 comprar pao pela manh’, ao pegar a condugio para che- gar a0 trabalho ou 3 escola fazemos parte de uma relagio de consumo e, por consequéncia, estamos protegidos pelo Cédigo de Defesa do Consumidor. Por isso h4 grande importancia no estudo do direito do consumidor e, principalmente, na identificagio dos elementos da relacio de consumo e a sua protecio juridica Conceito e Historico O direito do consumidor € um ramo relativamente novo do direito. Somente apés a Segunda Guerra Mundial, com uma sociedade padronizada em termos de produgio de bens, viu-se a necessidade de harmonizar as relagdes de consumo. Os consumidores passaram a ganhar protecio contra os abusos sofridos, ¢ esta protecdo tornou-se uma preocupacio social. No Brasil, a protecdo ao consumidor passou a ser discutida com maior énfase a partir da década de 80, em razio da implantagao do Plano Cruzado, que gerou grandes problemas econémicos, tais como a remarcagio didria de precos que acarretava preocupacio e prejuizos aos consumidores. Saiba Mais: Fiscal do Sarney é um titulo pepular que se refere ao controle de pregos no comércio varejista brasileiro pelo cidadao consumidor. Este titulo foi instituido nacionalmente, por ocasiéo do langamento do Plano Cruzado, em 12 de marco de 1986, pelo entéo presidente do Brasil, José Sarney. Nesta linha, a Constituigio Federal de 1988 estabeleceu 0 dever do Estado de defender © consumidor, ¢ determinou a edigéo de uma lei especifica para este fim, que culminou na criagio do Cédigo de Defesa de Consumidor (CDC), instituido pela Lei n® 8.078, de 11 de setembro de 1990. Definigdes © Cédigo de Defesa do Consumidor define quem € considerado consumidor e for- necedor, e 0 que pode ser considerado como bens ¢ servicos, delimitando a sua protecao aqueles e aquilo que se enquadrar nas caracterfsticas previamente definidas pela lei. Essas definigdes, imprescindiveis para 0 estudo do direito do consumidor, esto descritas nos artigos 22 ¢ 3° do Cédigo de Defesa do Consumidor. Os artigos 22 e 3° do Cédigo de Defesa do Consumidor definem, expressamente, 0 conceito de consumidor, fornecedor, bens ¢ servigos, veja: Art. 2° Consumidor é toda pessoa fisica ou juridica que adquire ou utiliza produto ou servigo como destinatario final. Pardgrafo Gnico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermindveis, que haja intervindo nas relagdes de consumo. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa fisica ou jurfdica, publica ou privada, nacio- nal ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produg4o, montagem, criagdo, construgao, transformagado, impor tagdo, exportagdo, distribuigéo ou comercializacao de produtos ou prestagao de servigos. § 12 Produto é qualquer bem, mével ou imével, material ou imaterial. § 22 Servico 6 qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneragao, inclusive as de natureza bancéria, financeira, de crédito e securitaria, salvo as decorrentes das relages de carater trabalhista. VW ‘Além de conceituar ¢ definir os limites de sua protecio, 0 Cédigo de Defesa do Consumidor estabelece, ainda, em seu artigo 49, a Politica Nacional das Relagoes de Consumo que tem por objetivo fixar as orientagbes que devem ser atendidas por todos para protecio as necessidades dos consumidores, 0 respeito a sua dignidade, saiide e segu- ranga, a protecio de seus interesses econdmicos, a melhoria da sua qualidade de vida ww ieiiessidiiig Oita € Direito Empresarial De forma a fazer cumprir a Politica Nacional das Relagdes de Consumo, o artigo 5? do Cédigo de Defesa do Consumidor dispds uma lista de instrumentos que auxiliam nesta tarefa. Hoje, esses instrumentos esto em pleno funcionamento ¢ auxiliam consumidores em todo o pais a garantir o cumprimento de seus direitos, sao eles: * Manutengio de assisténcia juridica, integral e gratuita para o consumidor carente; * Atuacio de Promotorias de Justica de Defesa do Consumidor, no ambito do Ministério Pablico; * Atuagio de delegacias de policia especializadas no atendimento de consumidores vitimas de infragdes penais de consumo; * Atuagio de Juizados Especiais Civeis ¢ Criminais para a solugio de litigios de consumo; * Concessao de estimulos 4 criagéo e ao desenvolvimento das Associagées de Defesa do Consumidor. Estabelecidos os conceitos minimos para a protecio no Cédigo de Defesa do Consumidor, passamos & andlise e a0 estudo da protegio da relagio juridica de consumo. Para formar uma relagio juridica de con- sumo, é necessaria a participagio de dois elementos, asaber: * sujeito — consumidor ¢ tornecedor; * objeto ~ produto ou servico. Gonsumidore frnecedor Existindo a participagio desses elementos, est formada a relagao juridica de consumo. Dos Direitos Basicos do Consumidor © Cédigo de Defesa do Consumidor trata em seu artigo 6° dos direitos basicos do consu- midor. A protegio a esses direitos nfo esté limitada a0 Cédigo de Defesa do Consumidor, visto que também possui previsio em tratados ¢ convengGes internacionais das quais o Brasil é signatitio. A seguir, estudaremos aqueles que entendemos serem os mais importantes ¢ os mais utilizados na protegio do consumidor. * Protecao a vida, satide e seguranga do consumidor ~ os produtos ¢ servigos colocados a disposi¢io do consumidor no mercado nao podem expor o consumidor a danos & satide ¢ & seguranca. * Educagao do consumidor — os consumidores somente conhecerio e, por con- sequéncia, poderio exigir © respeito aos seus direitos se forem educados sobre a melhor maneira de se comportar nas relagdes de consumo. + Informagio ao consumidor — para que o consumidor esteja em posicio de igualdade em uma relacio de consumo, deve ter direito a informagao. Somente bem informado das condigées de uma relagio de consumo ele poderé escolher ¢ fazer valer sua vontade conscientemente. * Protecao do consumidor contra a publicidade enganosa ou abusiva - 0 CDC indica, no seu artigo 36, os principios que devem ser respeitados em toda a espécie de publicidade. Caso sejam desrespeitados, 0 fornecedor pode ser res- ponsabilizado criminalmente ¢ administrativamente, além de permitir que o consumidor possa desfazer a relagio juridica de consumo * Modificacao e reviséo das cléusulas contratuais ~ 0 contrato pode ser alterado ou revisto caso preveja condigées injustas ou desproporcionais que sejam desfavo- raveis a0 consumidor. * Prevencao e reparacio de danos individuais e coletivos dos consumidores — caso 0 consumidor sofra danos em razio do descumprimento das regras de consumo, deve ser reparado mediante indenizagio que pode ser fixada diante do caso concreto. + Facilitagao da defesa dos direitos dos consumidores — como o consumidor é considerado o lado mais vulnerdvel da relacao de consumo, o Cédigo de Defesa do Consumidor prevé alguns privilégios para facilitar a busca pela sua protecio. Entre cles, citamos a inversio do 6nus da prova ¢ a hipossuficiéncia, apresentadas a seguir. Saiba Mais: Como vimos, 0 CDC prevé alguns privilégios para facilitar a defesa dos direitos do consumidor. Vamos nos aprofundar e entender como funciona cada um deles. Inversdo do Gnus da prova — em um processo judicial, em regra, ¢ responsabili- dade daquele que alega determinado fato produzir as provas para comprovar sua alegacao. No entanto, em se tratando de direito do consumidor, cabe ao fornecedor produzir as provas necessarias para afastar as alegagdes do consumidor. * Hipossuficiéncia — considerando a dificuldade do consuridor em produzir provas em um processo judicial, o consumidor pode ser considerado como a parte mais fraca da relagdo de consumo, pois geralmente é 0 fornecedor que possui os documentos e as informagdes sobre a relagao de consumo. Assim, de forma a proteger 0 consu- midor, 0 direito do consumidor determina que cabe ao fornecedor disponibilizar as provas necessarias a comprovar as alegagdes do consumidor. Importante destacar que a hipossuficiéncia independe da condigao econémica do consumidor. Da Protecao ao Consumidor Da Tutela Administrativa ao Consumidor ‘A defesa dos direitos do consumidor pode ser exercida tanto pela via judicial quanto admi- nistrativa. Na esfera administrativa, essa defesa é realizada pela administracio publica federal, que possui competéncia por meio do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor —SNDC. Em casos de infracio aos direitos dos consumidores, sio aplicadas sangdes adminis- trativas, previstas nos artigos 55 a 60 do Cédigo de Defesa do Consumidor. Entre as sangGes previstas, encontram-se a pena de multa, apreensio de produto, inutilizagio de produto, cassacio de registro de produto ou servico, proibicao de fabricacio de produto, suspensio de fornecimento de produto ou servigo, suspensio temporsria de atividade, revogacio de concessio ou permissio de uso, interdicio ¢ intervencio administrativa. € iBlibsaidil OiiaiiG € z 5 8 5 & 2 A sancio € aplicada apés 0 procedimento administrativo no qual é analisado 0 caso con- creto € os aspectos legais, tais como a gravidade da infracio e a ocorréncia de reincidéncia. Da Tutela Penal ao Consumidor Vimos que 0 consumidor est protegido na relagao de consumo, podendo exigir repa- ragdo pelos danos sofridos. Da mesma forma, 0 Cédigo de Defesa do Consumidor prevé, ainda, a possibilidade de protegao ao consumidor mediante tutela penal. Os tipos penais estio previstos a par- tir do artigo 61, e nao excluem outros presentes no Cédigo Penal que também trata de infragdes a0 consumo. Saiba Mais: Constituem crimes contra a relagao de consumo, entre aqueles previstos no art. 61 do CDC: Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos nas embalagens, nos invdlucros, recipientes ou publicidade. Pena de detengao de seis meses a dois anos e mutta. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva. Pena de detengao de trés meses a um ano e multa. Impedir ou dificultar 0 acesso do consumidor as informagées que sobre ele constem em cadastro, banco de dados, fichas ¢ registros. Pena de detengao de seis meses a um ano ou mutta. Atividades 1) Quem é 0 empresirio e quais as suas obrigacbes? 2) Diferencie empresa de estabelecimento empresarial. 3 Explique o que é marca, invengao, modelo de utilidade e dese- nho industrial. 4) Explique 0 que significa relago jurfdica de consumo, destan- cando seus elementos. 5) Explique qual o objetivo da Politica Nacional das Relagdes de Consumo e identifique situagdes do cotidiano que derivam de sua instituigdo. Direito Sdcietario Sociedade Empresaria O empresirio pode realizar sua atividade sozinho e arcar com todos os riscos ineren- tes, contudo, visando facilitar 0 seu negécio, pode se associar a outras pessoas, ¢ propor a sociedade empresaria, buscando facilitar 0 seu empreendimento. Assim, a sociedade empresiria pode ser conceituada como sendo a pessoa jurf- dica de direito privado nao estatal, que tem por objeto social a exploracio de atividade empresarial. Sociedade empresaria - E 0 contrato celebrado entre pessoas fisi- cas ou juridicas ou somente entre pessoas fisicas (art. 1.039 Codigo Civil), por meio do qual estas se obrigam reciprocamente a contribui _ com bens ou servicos, para o exercicio de atividade econémica orga- nizada para a produgéo ou circulagao de bens ou servigos. 2 Alguns requisitos sio indispenséveis para a constituigio da sociedade empreséria: + Estatuto ou contrato social; + Agentes capazes (art. 104, Cédigo Civil); * Objeto licito, possivel, determinado ou determinével (art. 104, Cédigo Civil); + Forma prescrita ou nao defesa em lei; (art. 104, Cédigo Civil); * Pluralidade de sdcios; * Capital; + Affectio societatis ou interesse capital, vontade de associar-se; * Participagio dos sécios nos lucros ou prejuizos da empresa. Presentes esses requisitos, a sociedade poderd ser constituida, ¢ registrado o seu ato constitutivo na Junta Comercial ou, quando for 0 caso, a cumulacao com autorizacio esta tal para operar, a sociedade adquirird personalidade juridica e seré tratada como se fosse uma pessoa totalmente desassociada das pessoas de seus s6cios. Importante destacar que 6 empresdria a sociedade que exerce atividade tipica de empre- sério (art. 966) e tem registro na Junta Comercial. As outras sociedades (médicos, advogados, contadores) sio sociedades simples. BiBLiOTECA JERS/Campus Porto Aleare. © Direito Societario Modalidades de Sociedades Empresarias Sociedades Despersonificadas Sao sociedades que, apesar de se constitufrem da unio de pessoas que habitu- almente realizam uma atividade empresarial, nio podem ser consideradas como uma pessoa jurfdica desvencilhada da figura de seus s6cios, no caso, seria a sociedade irregular ou “de fato”, e sociedade em conta de participacio. Sociedades Irregulares ou “de Fato” Também sio tratadas pelo Cédigo Civil e so aquelas que, apesar de preencherem os requisitos préprios das sociedades empresédrias, existem informalmente, sem o registro ade- quado nas Juntas Comerciais. Nao possuem nome empresarial e podemos classificd-las em: + Sociedade irregular: possui ato constitutivo escrito, embora nao registrado. + Sociedade “de fato”: nao possui sequer ato constitutivo escrito. Nestas sociedades a responsabilidade dos sécios é ilimitada, nao possui respon- sabilidade juridica plena da sociedade — a qual recai também sobre 0 patriménio dos sécios —, ou seja, é uma pessoa juridica imperfeita ou também conhecida como quase- pessoa juridica. As pessoas podem demandar contra a empresa ou contra os préprios s6cios, uma vez que estes nao possuem a protecao do seu patriménio que ocorre quando a sociedade é regular. Sociedade em Conta de Participacao A sociedade no possui nome empresarial proprio ¢ as negociag6es sio realizadas em nome préprio da firma ou denominagio do sécio ostensivo. Nao possuem personali- dade juridica, uma vez que ndo podem ser registradas na Junta Comercial. Nesta espécie de sociedade, encontramos dois tipos de sécios: sécio ostensivo, que responde ilimitadamente ¢ todo o débito seré de sua responsabilidade, devendo ser obrigatoriamente um empresirio, sendo que as negociages devem ser realizadas por sett intermédio; s6cio oculto, que pode ou nao ser empresdrio ¢ possui responsabili- dade limitada apenas a importincia de dinheiro posta a disposigéo do sécio ostensivo para aplicacao. Caracteristicas +» Eapenas um contrato para uso interno entre sécios, nio aparecendo perante tercei- ros. Este contrato entre os s6cios no pode ser registrado no Registro de Comércio, mas nada impede que 0 ato constitutivo seja registrado no Titulos e Documentos, para melhor resguardo dos interesses dos contratantes e escla- recimentos a terceiros. * Nio tem nome, capital, nem personalidade juridica. Nio é¢ irregular, pois a lei admite, embora seja des- personalizada e tenha cardter de sociedade secreta. Funcionamento Existira uma conta corrente que é comum aos sécios ostensivos e ocultos, traduzindo monetariamente as operagées realizadas e uma “participagio” — na qual os sécios partici- pam da divisio dos lucros. Ex.: As aplicagdes em fundos realizadas pelos bancos. © banco (sécio ostensivo) tem um contrato com seus clientes (sécios ocultos) para aplicar valores depositados, dividindo com estes os lucros recebidos pela sua participacao. Sociedades Personificadas Os tipos de sociedades empresérias previstos na legislagao brasileira sio: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ages, sociedade de cotas de responsabilidade limitada sociedade por acées. Essas sociedades preenchem todos os requisitos necessérios para a sua constituicio, € so regularmente registradas no Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis. Sociedade em Nome Coletivo Essa sociedade s6 usa firma ou razio social. A regra é a seguinte: pode-se adotar 0 nome de todos os s6cios ligados pela particula &. Permite-se também usar 0 nome de alguns dos sécios ou, de um, seguido da expressio “e Companhia”, por extenso ou abre- viado. Ex.: Antonio Rocha & Cia.; Dias Martins & Cia. Esse tipo societario € pouco utilizado, pois todos os sécios sio empresarios e respon- dem ilimitadamente e solidariamente, independentemente de ter integralizado ou nao sua quota, pela totalidade do débito restante da sociedade. Assim, pode alcangar os bens pessoais dos sécios. A geréncia é atribufda a apenas um sécio. Sociedade em Comandita Simples Esse tipo societério s6 usa firma ou raz4o social, composta pelos nomes apenas dos sécios comanditados ou pelo menos de alguns destes acrescido do complemento & Cia (ou por extenso companhia) A sociedade possui dois tipos de sécios: * Comanditério, aquele que entra com o capital, porém ele nao pode participar da gestio nem ser empregado ou procurador da sociedade; + Comanditado ou “comandante” sera 0 s6cio que contribui com trabalho e capital, seré um empresario necessariamente, responsabilizando-se pela gestio. ‘As responsabilidades serao diferenciadas nesse tipo de sociedade, ¢ os sécios capi- talistas ou comanditarios sio obrigados apenas a complementar suas quotas do capital. Os sécios-gerentes ou comanditados sio solidariamente responsaveis pelo pagamento do total do débito da sociedade. Sociedade em Comandita por Acdes Essa sociedade poderé utilizar denominagio ou firma/razio social, acrescida sempre da expressio comandita por agées. Caso use firma/razio, s6 pode usar 0 nome dos comanditados, sécios diretores ou gerentes. Ex.: André & Cia - Comandita por Acées. € ‘GiiBIBIS6S iidiig Essa sociedade nao é regida pelo Cédigo Civil, mas pela Lei n2 6.404/76 — Lei das S/As. Quanto aos tipos de sécios, adota a mesma nomenclatura e responsabilidades da comandita simples, os s6cios-gerentes ou comanditados so solidariamente respon- siveis pelo pagamento do total do débito, e serio diretores e gerentes, nomeados no estatuto e destituidos por dois tergos dos votos dos sécios, jé os sécios comanditérios, apés integralizadas suas agdes, nao sio respons4veis por mais nada ¢ representam os demais acionistas. Trata-se de sociedade hibrida com caracteristicas de comandita simples e socie- dade andnima, sendo 0 grande diferencial em relacio 4 sociedade em comandita simples, o fato de seu capital social ser dividido em ages, 0 que facilita a entrada a saida de sécios da sociedade. Sociedade Limitada Pelas estatisticas do Departamento Nacional de Registro Comercial - DNRC, é 0 tipo juridico de sociedade mais utilizado no Brasil. Essa sociedade adota firma/razio social ou denominagio, acrescida da palavra limitada/Ltda. Ex: Silva & Medeiros Ltda.; Silva & Cia Ltda.; Silva, Medeiros & Cia Ltda. ou Carro Feliz Lava-Jato Ltda. Trata-se de uma sociedade onde duas ou mais pessoas se unem em interesses comuns, visando ao exercicio da atividade comercial, possuindo responsabilidade limitada ao capital subscrito na socicdade. O principal dever do sécio é o de integra . lizar as quotas que subscreveu; caso contririo, ser4 remisso. € Direito Societario Remisso — sdcio que nao integralizou suas quotas. lade dos sécios Responsabili Todos os sécios sio solidariamente responsaveis, porém essa responsabilidade tem como limite o montante do capital social. A medida que ocorre a integralizacio do capital, a responsabilidade diminui, desaparecendo ao ser totalmente integrali- zado. Depois de complementadas as quotas de cada s6cio, os credores da sociedade nada mais podem exigir de qualquer um deles, no caso de a administragao ter sido exercida dentro da regularidade. Hipéteses em que os sécios respondem de forma subsidiaria e ilimitada com seu patrim6nio pessoal: * DeliberagSes contrarias a lei ou ao contrato social (art. 1.080 do Cédigo Civil). * Sociedade constituida somente por marido e mulher contrariando 0 art. 997 do Cédigo Civil, faculta-se aos conjuges contratar sociedade, entre si ou com tercei- ros, desde que no tenham casado no regime da comunhio universal de bens, ou no da separacio obrigatéria. * Débitos trabalhistas em que o poder judiciério busca a protecio do hipossuficiente/preposto nas rela- es trabalhistas. * Desconsideragio da personalidade juridica — fraude contra credores quando utilizada a autonomia patrimonial da sociedade (art. 50 do Cédigo Civil). * Débitos junto ao INSS, Lei n® 8.620, de 05 de janciro de 1993, artigo 13. * Desconsiderago da personalidade juridica para protegio das relagdes de consumo (Art. 28 do Cédigo de Defesa do Consumidor). * Desconsideracéo da personalidade juridica para ressarcimento integral dos danos causados ao meio ambiente. Lei n® 9.695/98, Art. 42. Administragao da sociedade limitada Anomeagio do administrador da sociedade limitada pode ser efetivada de trés maneiras: * diretamente no contrato social no ato de sua constituigio; * posteriormente, por meio de um aditivo a0 contrato social que passa a ter a mesma natureza da modalidade anterior, sobretudo apés a consolidacio do contrato social; * por ato separado, podendo ser, por exemplo, por meio de ata de reunio ou assembleia dos sécios com o respectivo termo de posse (art. 1.062 do CC). Remuneragio do administrador O sociogerente, além do direito do que the corresponde na parcela de lucros, tem direito também A remuneragio pelo trabalho de administrador. © conselho fiscal que iré fiscalizar a administragio na sociedade limitada teré a sua existéncia facultativa. E um elemento de apoio aos integrantes da sociedade, notadamente na identificagao de eventuais falhas ou desvios de finalidades da administracio. Formas de deliberagao Compete aos sécios decidir sobre os negécios da sociedade, as deliberagdes serio tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. Pode ser por documento escrito, por unanimidade, em reunido, ou em assembleia de sécios (obri- gat6rio para a sociedade que possua mais de dez sécios). Sociedade por Acées S/A ‘Trata-se de uma sociedade de capital social dividida em ages. Sao criadas, em geral, para grandes empreendimentos. Quanto ao nome comercial, elas adotam a denominagao, ou seja, podem usar um nome fantasia seguido da expresso S/A, ou CIA. Excepcionalmente, admite-se o termo CIA no inicio. Admite-se, também, que se utilize o nome de uma pessoa, um sécio funda- dor, ou homenageado seguido das mesmas expressdes. Ex.: Hermes Macedo S/A. € ‘LIB IBI568 iiaiia Uma caracteristica fundamental, que diferencia as socie- dades por agdes (sociedade anénima) das em comandita por agées, é que os seus dirigentes, necessariamente, nao precisam ser sécios da empresa, basta que quem controle a maioria do capi- tal social os indique em assembleia. Os acionistas tém responsabilidade apenas ao capital por eles subscritos, 0 capital social € dividido em fragdes negocidveis, as agdes. As empresas S/A serio sempre empre- sariais e podem ser: * Companhias abertas: serio assim consideradas se os valores mobiliérios de sua emissio estiverem sendo negociados em Bolsas ou no mercado de Balcio. As com- panhias abertas devem ser registradas na Comissio de Valores Mobilidrios (CVM). * Companhias fechadas: Nao possuem registro na CVM, e sio, em sua maior parte, empresas familiares, 0 controle é interno, dos seus s6cios majoritarios. Requisitos Preliminares para a constituicao da S/A: + Subscricao da integralidade das aces. * Integralizagdo (entrada) de pelo menos 10% das acdes quando emitidas em dinheiro. * O valor da entrada deve ser depositado no Banco do Brasil ou em outra instituigio financeira autorizada pela CVM. Capital social E composto da contribuigéo mate- rial prestada pelos acionistas, é composto de agées € difere do patriménio social (ativo e passivo), pois este é instével, enquanto aquele é estével, mas nio imutivel. © capital social das S/As tem a peculiaridade de ser dividido por acdes = fracdes negocidveis que representam um titulo de investimento do sécio que a adquire — conferindo a ele um rol proprio de direitos e deveres a ser fixado conforme a modalidade das ages. Forma das agdes * Nominativas — quando trazem o nome do titular registrados na sociedade. A trans feréncia a um novo acionista devem ser inscritas no Livro de Agées Nominativas. + Escriturais ~ so operacées transferiveis sem certificado emitido pela sociedade, registradas em livro da Comissio de Valores Mobilidrios ou no registro da Bolsa de Valores. Sio um mero langamento contébil, no sendo representadas por um documento ou instrumento. Tipo de acoes * Ordinarias — aquelas que nao conferem a seus titulares a preferéncia sobre dividendos, entretanto, permite 0 direito ao voto e a participacio na adminis- tragio da SA. * Preferenciais — sio aquelas que conferem a seus titulares a preferéncia sobre dividendos, recebendo-os na primeira divisio ou nos reembolsos de capital. Limitam-se a dois tergos do capital. Podem ser privados do direito do voto. * De Gozo ou fruigao — sio as aces de gozo. Decorrem da amortizagio das ages comuns ou preferenciais. S4o os que receberam antecipadamente o valor que Thes caberia em caso de liquidagao da companhia, j4 obtendo o retorno de seu investimento, continuando a usuftuir dos demais direitos de sécio refe- rentes as agdes ordinérias e preferenciais, exceto no caso de reembolso de seu capital. Nao representa o capital social, por isso nao é regulada pela CVM. Além das agées as S/As podem emitir outros titulos visando a obtengio de capital junto ao mercado, os quais podem ou nao se converterem em agies. Titulos emitidos por S/A * Partes beneficiarias: Sio titulos negociéveis sem valor nominal e estranho ao capital social. Conferem direito de crédito eventual que reside na partici- pagio anual dos lucros da sociedade até o limite de 10%. Nao havendo lucro nada receberio. Possuem apenas o direito de fiscalizar a companhia; podem ser atribuidos aos fundadores, acionistas ou a tercciros, como remuneracio de servicos prestados a companhia. + Debéntures: Sio titulos de crédito alienaveis, emitidos pela sociedade ané- hima, no intuito de buscar uma espécie de “empréstimo” junto a poupanga popular. Elas representam uma divida da sociedade (pago em qualquer hipétese) € podem assegurar o direito ao recebimento de juros do principal ¢ participacio no lucro, nas datas nelas estabelecidas. * Bonus ou lista de subscricdo: Sio titulos negocidveis que conferem direito de subscrever ages dentro do limite de aumento do capital social autorizado no estatuto. Tipos de Sécios ou Acionistas Majoritarios: sio os que detém o controle acionirio, por isso séo chamados de controladores. Possnem a maioria das agdes ordinérias nominativas, com direito a voto, gerindo, portanto, a empresa. Entretanto, isso nao significa que sejam aqueles que possuem a maioria do capital, visto que podem ser subscritas até dois tergos do capital social em aces preferenciais (sem direito a voto) nas sociedades anénimas. Minoritarios: poderao ter agées ordindrias (de forma minoritéria, mesmo com direito a voto) e preferenciais. € SiiBISISOS CiisiiG 3 & 2 a Orgaos Identificam-se, nessas sociedades, quatro grandes Orgios que veremos a seguir: Assembleia Geral * Ordindria — a AGO € obrigatéria, e deve ocorrer pelo menos uma vez durante 0 exercicio, deve ser realizada durante os quatro primeiros meses do ano e tratara dos assuntos relativos a administracio da sociedade. + Extraordinaria - a AGE é convocada sempre que necessiria, por exemplo, para reforma do Estatuto. Conselho de Administragao B obrigatério nas S/A de capital aberto. Trata da direcdo geral da empresa. E composto por, no minimo, trés membros, eleitos pela AG. Os conselheiros deverdo ser acionistas da empresa ¢ nao podem ser pessoas juridicas. Diretoria Eleita pelo conselho de administragao ou pela AG e composta de, no minimo, dois membros, que poderao ou nio ser acionistas da empresa. A gestio da diretoria € de trés anos, permitida a reeleigao. Os membros do conselho de administragio, até o maximo de um tergo, poderdo fazer parte da diretoria. Conselho Fiscal Compée-se de, no minimo, trés e, no maximo, cinco membros, acionistas ou nao. Sua fungio é fiscalizar a administragio da empresa. Eleito pela assembleia geral, a sua existéncia € obrigatéria, mas seu funcionamento é facultativo. Pode ser convocado por um décimo dos acionistas com direito a voto ou 5% de acionistas sem direito a voto. Formagao das Sociedades Origem: as sociedades por ages podem se originar de: + Transformagao — quando uma sociedade passa de uma forma para outra, alterando sua estrutura. Ex.: uma LTDA. passa para uma S/A. * Incorporagao — quando uma sociedade incorpora outra, sucedendo-a nos direitos ¢ obrigagées. Ex.: A incorpora B, dali em diante fica apenas A. * Fuso ~ quando diversas sociedades se unem formando outra inédita. Ex: A + B+ C=D. * Ciséo — que é 0 processo contrario da fusio, e ocorre quando uma empresa gera outras. Ex.: A divide-se em C e D. * Consércio — é uma unio de empresas que visa constituir um capital social mais abrangente. Normalmente, trata-se da adesio tempordria de varias empresas para compra de determinado bem, ou prestagao de determinado servico. Ex.: consrcio de empreiteiras para a construgdo de uma estrada. * Sociedades coligadas — que sio sociedades com sécios comuns interligadas a um mesmo grupo. Poderd haver dependéncia econdmica ou nao entre elas; havendo, existirio as sociedades controladoras ¢ controladas. A controladora é a que tém maioria do capital, e as demais, as controladas. * Grupo de sociedades - que sio as sociedades de sociedades, que apesar de se manterem independentes, unem recursos e esforcos para a realizaco de objetivos comuns. Faléncia Quando 0 empresirio tem frustrada a sua atividade e as dividas sio maiores que © patriménio social utilizado para a realizagio do seu empreendimento, est4 carac~ terizado o estado falimentar. Assim, a faléncia 6 um processo no qual os bens da sociedade empresfria sio apurados e vendidos, e 0 produto arrecadado é destinado a saldar as suas dividas. Desta maneira, podemos conceituar a faléncia como um processo de execugio coletiva, em que todos os bens da sociedade empresdria em estado falimentar sao arre- cadados para uma venda judicial forgada, com a distribuiggo proporcional do produto da venda entre todos os seus credores. O pedido de faléncia pode ser requerido pelo proprio empresério, neste caso deno- mina-se de autofaléncia, ou pelos credores da sociedade, visto que deve versar sobre: Impontualidade — Ocorre quando um titulo de crédito no é saldado pelo empresério na data do vencimento. Prética de atos de faléncia — Os quais se caracterizam nas seguintes situagdes: * Ocmpresério, ao ser executado em processo judicial, néo paga, néo deposita a importéncia ou néo nomeia bens a penhora dentro do prazo legal. * O empresério procede a liquidagio precipitada, ou langa mo de meios ruinosos ou fraudulentos para realizar pagamentos. + Oempresério convoca credores ¢ Ihes propée dilatagio, remissio de créditos ou cessao de bens. * Oempresério realiza, ou por atos inequivocos, tenta realizar, com fito de ten- tar retardar pagamentos ou fraudar credores, negécio simulado, ou alienagao de parte ou totalidade de seu ativo a terceiros, credores ou nao. * O empresério transfere a terceiros 0 seu estabelecimento sem consentimento de todos os credores. Isto s6 € possivel se ficar com bens suficientes para solver 0 seu passivo. + Ocmpresério dé garantia real a algum credor sem ficar com bens livres e desem- baracados no valor equivalente as suas dividas, ou tenta essa pritica, revelada por atos inequivocos. * Oempresario, ao ausentar-se, nao deixa representante habilitado para administrar 0 negécio, com recursos suficientes para pagar os credores. Abandona o estabele- cimento, oculta-se ou tenta ocultar-se, deixando furtivamente o seu domicilio. BIBLIOTECA {eBCianaeuse Gare: Cc isi588 Sis € Direlto Societario Apenas o empresério regular pode pedir autofaléncia, ja 0 empresario irregular ou de fato pode falir desde que a faléncia seja solicitada por terceiros. No sistema brasileiro nem todas as empresas esto sujcitas ao regime falimentar devido a sua natureza: * Seguradoras: sofrem intervencio da SUSEP; + Empresa de capitalizagao: liquidacio por um interventor nomeado pelo Ministério da Fazenda. (Ex.: Batt da Felicidade). * Instituigdes financeiras: liquidacdo ¢ intervengio decretada pelo Banco Central. Sendo invigvel a liquidacdo, poderd ser decretada a faléncia. * Sociedade de economia mista: a participacao publica impede a decretacio de sua faléncia. + Empresa publica — Art. 29, inc. I, Lei n® 11.101. Universalidade do Juizo juiz que processa a faléncia passa a ser 0 tinico capaz de decidir questées rela~ tivas 4 empresa falida. Na linguagem jurfdica, diz-se que ele ser4 0 juizo universal da faléncia ¢ deve decidir as quest6es que envolvam o falido, inclusive as de credores particulares do sécio solidério. Porém, algumas agdes nfo se sujeitam a essa universalidade do juizo: + Execucées fiscais em curso ¢ ajuizadas antes ou posteriormente 3 declaracio de faléncia. * Ages trabalhistas, que devem ser ajuizadas ¢ decididas, inicialmente, pela justica do trabalho e depois entdo habilitadas no juizo da faléncia. Com a decretagio da faléncia os bens e direitos da empresa falida sio reunidos e constituem a Massa Falida que é 0 acervo ativo e passivo de bens e interesses do falido. £ quase uma pessoa juridica e tem capacidade processual ativa e passiva (€ um ente despersonalizado). A massa falida por sua vez passa a ser administrada ¢ representada pelo admi- nistrador judicial, 0 qual € nomeado pelo juiz ¢ tem a prerrogativa de administrar 0 acervo de bens da sociedade em estado falimentar. Efeitos da declaragao de falénci * Ocorre o vencimento antecipado de todos os titulos em nome do empresario. * Ficam suspensas todas as agGes/execucées individuais. * Ojuizo da faléncia passa a ser 0 unico juizo universal. * O falido perde a administragao dos seus bens, que passa ao administrador judicial. Classificacao dos Créditos Apés realizada a venda dos bens da sociedade empresfria em faléncia, procede-se a0 pagamento dos seus credores, pagando-se uma classe, depois a outra, ¢ assim sucessiva- mente, até o esgotamento dos recursos. Pela ordem estabelecida na Lei n° 11.101/2005, temos a seguinte sequéncia: * Encargos da massa: sio considerados como encargos da massa falida as cus- tas judiciais, os seguros ¢ as despesas com a administragao da propria massa falida € 0 salério do administrador. * Dividas da massa: custas pagas pelo credor que requerew a faléncia ¢ as obrigagdes de atos vilidos praticados pelo administrador provenientes de enriquecimento indevido da massa. ° Créditos trabalhistas: sio as indenizagées por acidentes de trabalho ¢ outros créditos trabalhistas. * Créditos com direito real de garantia: aqueles que possuem como garan- tia um bem da massa falida como a hipoteca de garantia sobre bem imével, ou a garantia sobre bens méveis penhorados, ou a garantia sobre valor de alu- guéis de iméveis da massa falida no caso a anticrese (direito real sobre coisa alheia). * Créditos fiscais e parafiscais: nesta ordem: Unido, Estados, DF e munici- pios, além das respectivas autarquias. * Créditos com privilégios especiais: sio decorrentes de expressa dis- posicao legal, citamos o aluguel do prédio e méveis do falido, honorérios advocaticios. * Créditos com privilégio geral: as debéntures € institutos ou caixa de aposentadorias. * Créditos quirograférios: nao possuem nenhum privilégio. Sao as dividas com fornecedores. Extingao da Faléncia Terminada a liquidacgao, o administrador presta contas junto ao juizo a que o designou ¢ tem sua remuneracio arbitrada. O juiz, entdo, profere a sentenca de encer- ramento da faléncia. O credor, nao satisfeito, pode pedir uma certidao da quantia em aberto para uma futura execugio. Extincado das Obrigagées do Falido A sentenga de extingio de obrigagdes (sem crime falimentar) ocorre com: paga- mento/novacio dos créditos com garantia real, ou 0 rateio de mais de 40% do passivo (antes do encerramento) sendo facultado 0 depésito para complementar. é ‘Gil IaISOS OiiSiIG o Direito Societario Recuperacao Judicial Beneficio que 0 empresario devedor em estado pré-falimentar solicita em juizo, apresentando um plano para a superacio das dificuldades financeiras, a fim de evitar per- das mais radicais para os credores, mantendo-se a empresa economicamente vidvel. Hipéteses * Pode ser requerida diretamente — pelo empresirio (art. 48 da Lei n® 11.101/05). * Ou no prazo de defesa em pedido de faléncia. (art. 52 da Lei n8 11.101/05). Requisitos * Atividade empresarial hd mais de dois anos. * Requisitos do artigo 48 da Lei n? 11.101/2005. Lei ne 11.101/2005 Art. 48. Podera requerer recuperacao judicial o devedor que, no momento do pedido, exerga regularmente suas atividades ha mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: |—ndo ser falido e, se 0 foi, estejam declaradas extintas, por sentenca transitada em julgado, as responsabilidades dai decorrentes; Il - nao ter, ha menos de 5 (cinco) anos, obtido concesséo de recuperagao judicial; Ill — nao ter, ha menos de 8 (oito) anos, obtido concessao de recuperacao judi- cial com base no plano especial de que trata a Segao V deste Capitulo; 'V ~ nao ter sido condenado ou nao ter, como administrador ou socio controla- dor, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Paragrafo unico. A recuperagao judicial também podera ser requerida pelo cén- juge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sdcio remanescente. Fases da Recuperacao Judicial A recuperacio judicial pode ser dividida nas seguintes fases definidas na lei: 1-Pedido. II - Deferimento ou indeferimento. III - Nomeacio de administrador ~ os titulares da empresa continuam nas suas fangées, mas podem ser substituidos por gestores judiciais. IV — Plano de recuperacio. O devedor tem 60 dias para apresentar plano de recuperagéo que pode conter: o prolongamento de prazos, alienagao de filiais, aumento de capital, mudanga de dirigentes, mudanga da estrutura da empresa e qualquer outra medida que busque sanear as finangas da empresa. Se o plano for impugnado, pode ser convocada uma assembleia de credores para a alteragao do plano. VW V- Intimacio do plano ~ prazo de trinta dias para impugnar, VI Prazo de dois anos para cumprir o plano Vencido o prazo ¢ cumpridas as obrigagbes, o juiz declara por sentenga 0 encerramento da recuperagio judicial. Declaracao da Faléncia Durante o processamento da recuperacio a faléncia pode ser declarada nos seguiintes casos: Por deliberacao da assembleia de credores. Nao apresentacio do plano, no prazo legal. Rejeicao do plano pela assembleia. Descumprimento de obrigagio em dois anos contados da concessio da recuperacio. Pedido de faléncia de credor nao sujeito a recuperacio. Pratica de ato de faléncia. Desisténcia do pedido de recuperagio. Fornecedores que continuam fornecendo durante a recuperagio judicial podem usufruir de privilégios. No caso de faléncia, seus créditos possuirio antecedéncia de pagamento em relacio aos demais créditos. J4 os débitos fiscais podem ser parcelados se a Fazenda Publica concordar. As microempresas poderdo optar pelo plano geral acima des- crito ou por um plano especial que englobara apenas os créditos quirografarios. idades Defina sociedade empresaria. Diferencie sociedade personificada de sociedade desperso- nificada. Pesquise um contrato social de uma sociedade empresdria limitada e localize os elementos vistos em aula. 4) Indique algumas sociedades anénimas famosas e explique por que sao grandes empreendimentos. 5) Diferencie transformagéo, fusdo, ciso e incorporagéo de empresas. 6) Defina faléncia. 7) Defina recuperagdo judicial. € ‘iiBiaIS6S GiiaiiG ow Titulos de Crédito e Contrato Mercantil oe ° Titulos de Crédito.e Contrato Mercanti Titulos de Crédito A atividade empresarial poderd autorizar que 0 empresério antecipe a riqueza pro- duzida fazendo que ela circule antes mesmo do seu recebimento. Em outras palavras, 0 empresério podera negociar pagamentos que s6 vio ocorre no futuro, denominados de crédito, e desta forma obterem mais recursos para a atividade da empresa. Assim, os titulos de crédito sio utilizados para essa finalidade e podem ser conceitua- dos como: -Documento necessdrio para o exercicio do direito literal e _ auldniumiy rele mericionado, sendo que a sua apresentagao sem- pre vai ser necessaria p para ¢ obtencao do direito ali representado, no caso 0 direito de crédito. Caracteristicas dos Titulos de Crédito * Cartularidade: obrigatoriamente, os titulos de crédito necessitam ser repro- duzidos em uma cirtula (documento). Os titulos de crédito sio documentos de apresentagdo, ou seja, aquele que os possuir necessita apresenté-los para o devido pagamento. * Literalidade: s6 tem validade nos titulos de crédito 0 que esta efetivamente inserido na cértula. Possui finalidade de garantir maior seguranca nas relagdes cambidrias, j4 que o devedor saberé quanto ¢ quando ir pagar (obrigacio) ¢ 0 credor sabera quanto e quando ir receber (direito). * Autonomia: as obrigacées constantes em um titulo de crédito sio auténomas entre si, ou seja, se houver um vicio em alguma relagio o titulo nao podera ser prejudicado, tendo validade em beneficio de terceiros de boa-fé. * Abstragdo: as relagées cambidrias so abstratas, ou seja, uma vez emitido um titulo, ele desprende-se da sua origem (relagio fundamental), ou do contrato que 0 deu origem. Classificagado dos Titulos de Crédito Analisando-se sua estrutura, os titulos de crédito podem assumir a feigao de ordem de pagamento ou promessa de pagamento. Ordem de Pagamento Nos titulos que contém ordem de pagamento, a obrigagio deverd ser cumprida por terceiros, Alguns exemplos sio o cheque ea letra de cimbio. Na ordem de pagamento, podemos identificar a presenga de trés personagens cambiérios. ‘Vejamos quem sao esses personagens no caso do cheque: * Emitente: € a pessoa que assina o cheque, dando, assim, a ordem de pagamento. Observe que no cheque vem escrito: “pague por este cheque a quantia de 20x”. ‘Temos, entio, uma ordem ao banco que pode ser traduzida nos seguintes termos Banco, pague por este cheque a quantia de 20x. * Sacado: é 0 banco, ou seja, a pessoa juridica que deve cumprir a ordem de paga- mento expressa no cheque. E do banco que serd retirado (sacado) o valor escrito no titulo de crédito. * Tomador ou beneficiario: é a pessoa que se beneficia da ordem de pagamento. E quem recebe o valor expresso no cheque. Promessa de Pagamento Nos titulos que contém promessa de pagamento, a obrigagio deverd ser cumprida pelo préprio emitente ¢ nfo por terceiros, por exemplo, a nota promisséria. Observe que na nota promisséria nao vem escrito pague, mas pagarei. O verbo esta na primeira pessoa do singular (eu pagarei). Na promessa de pagamento, podemos identificar a presenga de, apenas, dois perso- nagens cambidrios: + Emitente: é a pessoa que emite a promessa de pagamento em nome préprio, isto é, na primeira pessoa do singular (eu pagarei). O emitente ¢ o devedor da obrigagio. © Beneficiério: é a pessoa que se beneficia da promessa de pagamento. E 0 credor do titulo. Modalidades de Circulacao O principal objetivo € a circulagio que se opera por meio de transferéncia do titulo para outro titular. * Titulo nominativo: € aquele cujo nome do beneficiério consta no registro do emitente. Trata-se, portanto, do titulo emitido em nome de pessoa determinada. * Nominativo “a ordem”: também traz no seu contexto o nome do beneficidrio, sempre constando a expressio: “Pague-se a xxx ou a sua ordem”, Circula por meio do endosso (meio de transferéncia e garantia do titulo), sendo firmado pelo portador do titulo. + Titulo ao portador: é aquele que circula com muita facilidade, transferindo-se de pessoa para pessoa pela simples entrega do titulo. Nao consta deste titulo 0 nome da pessoa beneficiada. Por isso, 0 seu portador ¢, presumivelmente, seu proprictario. Ex.: cheque ao portador. 3 9 & a 8 3 g = a 8 g € Titulos de Crédito e Contrato Mercantil Categorias dos Titulos de Crédito * Titulo préprios: sio aqueles que efetivamente encerram uma operacio de crédito. Ex.: letras de cambio (LC) e notas promissérias (NP). Existe, neste caso, uma ordem (LC) ¢ uma promessa (NP) de pagamento de uma importancia certa para uma pessoa determinada ou a sua ordem. * Titulos impréprios: sio aqueles que encerram operacio de crédito, mas preenchidos 0 seus requisitos circulam normalmente com todas as suas garantias. Ex.: cheque. O cheque, depois de emitido, s6 sera pago se houver suficiente provisio de fundos. Sao titulos bastante aceitos j4 que possuem garantias quando circulam. * Titulos de legitimagao: sio titulos que nio dio ao seu portador um direito de crédito propriamente dito, mas 0 de receber a prestacio de um servigo ou de uma coisa. Por serem de compensacio futura, absorvem muitas qualidades dos titulos de crédito. Ex.: bilhetes de espetaculo, passagens. + Titulos de participagao: garantem ao seu portador o direito de participacio. O por- tador terd direito de fiscalizar a companhia, participando nos resultados financeiros ¢ demais direitos inerentes, possuindo aceitagio na bolsa de valores. Ex.: ages das S/A. Natureza dos Titulos de Crédito * Abstratos: sio titulos dos quais ndo necesita revelar a origem, desprendendo-se do negécio fundamental que os originou. Ex.: nota promisséria e letra de cambio. © Causais: possuem uma causa anterior, ou seja, existem em fungdo de uma relagio fun- damental que os originou. Para sua emissio, 6 necessdrio ter havido uma relacdo comercial e prazo para sua concretizagio (vendas ou prestagio de servigo). Ex.: duplicata. Principais Atos Cambiarios As atos cambiérios a seguir, em regra, dizem respeito aos principais titulos de crédito: letra de cambio, nota promisséria, duplicatas ¢ cheques, mas muitas vezes sao utilizados em outros documentos representativos de crédito. Saque E 0 ato cambiirio que tem por objetivo a criagio de um titulo de crédito. Saque é sin6nimo de emis: 10. Aceite E 0 ato cambiério pelo qual 0 sacado reconhece a validade da ordem de pagamento. O aceite somente € utilizado no caso de ordem de pagamento a prazo. Constitui-se em uma assinatura do sacado na prépria letra (anverso), admitindo-se também no verso, desde que contenha a expressio “aceito”. O aceitante € 0 devedor principal do titulo. Em havendo recusa ao aceite, tal situag4o acarreta o vencimento antecipado do titulo. Assim, poderd o beneficiario cobrar o titulo diretamente em face do sacador. * Aceite parcial: neste caso, o sacado aceita pagar apenas parte do titulo. * Aceite modificado ou limitado: 0 sacado aceita a ordem de pagamento, s6 que alterando uma das condigées do titulo, Ex: alterar o lugar do pagamento. Protesto Ea apresentacio piiblica do titulo para seu devido pagamento que prova a falta do aceite. © sacado, neste caso, serd intimado para comparecer em cartorio a fim de aceitar o titulo. Prazos No protesto por falta de aceite, o portador deverd entregar o titulo em cartério até 0 fim do prazo de apresentagdo ou no dia seguinte ao término do prazo, se 0 titulo foi apresentado no tiltimo dia ¢ 0 sacado solicitou 0 prazo de respiro (para letra de cambio). No protesto por falta de pagamento, o credor deveré entregar o titulo em cart6- rio em um dos dias iiteis seguintes aquele em que for pagavel ou no 1? dia titil apés 0 vencimento. Nao sendo obedecidos os prazos, o portador do titulo perderd o direito de cobrar crédito contra os coobrigados do titulo (sacador, endossante e seus respectivos avalistas), permanecendo 0 direito apenas contra o devedor principal e seus avalistas. Endosso £0 ato cambifrio no qual se opera a transferéncia do crédito representado no titulo “3 ordem”. Endossante ou endossador é 0 sujeito ativo do ato cambifrio e 0 endossatario é 0 sujeito passivo, 0 credor. Em regra, nao hé limite para o ntimero de endossos, quanto mais endossos, maior a garantia do titulo. Espécies de endosso * Endosso em branco E aquele em que o endossante nao identifica a pessoa do endossatario. O endosso em branco consiste na assinatura do endossante, fazendo com que o titulo nominal passe a circular como se fosse titulo ao portador. Esse endosso deve ser conferido no verso do titulo. + Endosso em preto E aquele em que 0 endossante identifica expressamente 0 nome do endossatério. Esse endosso pode ser conferido na frente (face ou anverso) ou atras (dorso ou verso) do titulo. Ex.: Pague-se a “Fulano de Tal”. + Endosso parcial E um tipo de endosso nulo no direito cambiario. + Endosso condicional E aquele vinculado a uma determinada condi¢éo, Nao € nulo, e sim ineficaz, porque a lei considera como nao escrito. * Endosso mandato E aquele em que o endossante nio transfere a titularidade da cartula, mas apenas legitima a posse da letra. Ex.: Banco que cobra o titulo. € fiiBsioW OSHS 8 oi4pID OP Soin € Titulos de Crédito e Contrato Mercantil * — Endosso caucao O crédito nao se transfere para o endossatdrio, que ¢ investido __ Credor pignoraticio: na qualidade de credor pignoraticio do endossante, ou seja, — Lredor que tem um bem beneficiério de uma garantia real sob a quantia em dinheiro, — ¢m#enhado como garantie, Esse tipo de endosso é onerado por um penhor. + Endosso sem garantia Nao vincula o endossante na qualidade de coobrigado. Essa cléusula necessita ser expressa desobrigando o endossante. . Endosso péstumo E aquele realizado apés o protesto. Nesse caso, produzird efeitos civis de uma cessio ordinéria de crédito, passando o portador a ter o direito de exigit dos demais coobrigados a divida. Com relacio a responsabilidade: havendo 0 endosso anterior ao protesto, 0 endos- sante estar4 investido nos dois efeitos do endosso: o de transferir a titularidade da cartula ¢ 0 de garantir 0 pagamento do titulo na qualidade de coobrigado. Aval E 0 ato cambidrio pelo qual um terceiro, denominado avalista, garante o pagamento do titulo de crédito. Avalista Ea pessoa que presta o aval. Para isso, basta a sua assinatura, em geral, na frente do titulo. Devemos destacar que 0 avalista assume responsabilidade solidaria pelo paga- mento da obrigacio. Isso significa que, se 0 titulo nao for pago no dia do vencimento, 0 credor poderd cobré-lo diretamente do avalista, se assim 0 desejar. Avalizado 0 devedor que se beneficia do aval, tendo sua divida garantida perante o credor. Se o avalizado nao pagar 0 titulo, o avalista tera de fazé-lo. A lei assegura, entretanto, ao avalista, © direito de cobrar, posteriormente, 0 avalizado. O avalista tem que ser capaz, porém se, posteriormente, descobrir que ele nio era capaz na época, no hd invalidagio do aval em respeito ao principio da autonomia das obrigagées. A garantia do avalista pode ser por todo 0 pagamento ou apenas por parte dele. Oaval deve ser dado por escrito, no verso ou anverso do titulo, ou ainda, em uma folha anexa ao titulo (no caso de LC) chamada de prolongamento, devendo constar a expresso “Bom para Aval” ou qualquer outra semelhante, seguindo-se 0 nome do avalista, Natureza juridica do aval FE uma garantia propria dos titulos cambisrios ¢ a eles equiparados, que nao se con- funde com as demais garantias dadas no direito comum (penhor, hipoteca, fianga). Algumas pessoas consideram 0 aval como uma fianga, entretanto, sio titulos distintos, pois a fianga se caracteriza como contrato acessério de garantia. Titulos de Crédito em Espécie Letra de Cambio A letra de cambio € uma ordem de pagamento, a vista ou a prazo. Constitui-se numa ordem dada por escrito a uma pessoa para que pague a um beneficidrio indicado, ou a ordem deste, uma determinada quantia. Sua existéncia nfo est condicionada a um contrato, mas a um ato unilateral da vontade do subscritor, sendo um documento formal, literal, abstrato ¢ com obrigagio auténoma. Funcao da Letra de Cambio Possui a fungao de papel moeda, destinada a efetuar o transporte facil de valores de um lugar para outro, sem os perigos e as dificuldades do transporte real, facilitando, assim, a efetivagio de transagdes comerciais. A letra de cambio € aceita internacionalmente. Forma da Letra de Cambio Nao hé uma forma especial de preenchimento, em geral, materializa-se da seguinte forma: Aos (dia/més/ano) pagar V.S. pela presente letra de cambio ao Sr. xx ou & sua ordem a quantia de R$ xx em moeda corrente do pais, no lugar xx, data e assinatura. E, abaixo, 0 nome do sacado, com o endereco, podendo ser emitida de forma manuscrita, ou impressa. O contetido da letra de cambio deverd ficar restrito apenas a uma face do papel, nao se permitindo no verso, o qual é destinado para circulagio por meio de endosso. Requisitos + Adenominagio letra de cambio escrita no texto do documento. + Aquantia que deve ser paga: havendo diividas entre o valor inserido por extenso ¢ 0 valor inserido por algarismos, prevaleceré 0 inserido por extenso. * — Onome do sacado, a pessoa que deve pagar o titulo. O sacado nio possui nenhuma obri- gacdo para com o portador dele enquanto nao inserir sua assinatura, tornando-se aceitante. Enquanto nio inserida a assinatura, a obrigacdo é garantida pelos demais coobrigados (endos- santes e avalistas) Nota Promissoria ‘A nota promiss6ria € uma promessa de pagamento pela qual o emitente (devedor) se compromete diretamente com o beneficidrio (credor) a pagar-Ihe certa quantia em dinheiro. Sendo promessa de pagamento, a nota promisséria envolve apenas dois personagens cambidrios: 0 emitente, que é a pessoa que emite a nota promisséria, na qualidade de devedor do titulo, ¢ o beneficidrio, que é a pessoa que se beneficia da nota promisséria, na qualidade de credor do titulo. € IRUESIEW OVeAVUGD 8 ONPDID Sp SoMa iC Titulos de Crédito e Contrato Mercanti A nota promiss6ria é um documento formal, devendo, por esta razio, obedecer a diver- sos requisitos estabelecidos pela Lei Este ¢ Portador/Favorecido (No... 010T ‘Vencimento,.04... de... MAO......de 2009 valor «R$ 200,00 A 9s. quetro las do.més.de malo de 2005 apr Bi port. dreavade NOTA PROMISSORIA 1... ALBERTO LIMA sows CPFICNPY nnn 4 444-49 unsure sure Duzentos Reais x. ¥.X. XXX. KKK, os oe eee ee Pagtoel em. SAQP AMID. ncn ROBERTO LMA Sto Paul, 29 de Abrl de 2005 copes .398.333.933-49 - Pua das res, 33 ds sas . aan acces CEPT Este é o Emitente/Davedor Esta é a Data da Emissdo * Adenominagio nota promisséria escrita no texto do documento. * Apromessa pura e simples de pagar determinada quantia. * A data do vencimento (pagamento). * O nome do beneficiério ow a ordem de quem deve ser paga. Nao se admite nota pro- missoria ao portador. * O lugar onde o pagamento deve ser realizado. * Adata em que a nota promisséria foi emitida. * Aassinatura do emitente ou subscritor (€ o devedor principal). Nio existe na nota promisséria o aceite, em razio da existéncia da assinatura do proprio emitente no titulo. Caso nao conste na nota promisséria a data ¢ local de pagamento ela sera um titulo pagavel A vista no local do saque. Cheque O cheque é uma ordem incondicional de pagamento & vista, de certa quantia em dinheiro, dada com base em suficiente provisio de fundos ou decorrente de contrato de abertura de cré- dito disponiveis em banco ou institui¢ao financeira equiparada. Curitiba 01. maio 2010 “elo Pao Segundo ‘Conta desde 05 do Agosto de 1006 500.000.0000 17225456663323, As partes envolvidas sio: + Emitente: € a pessoa que da a ordem de pagamento para o sacado, apés verificacio dos fundos. E 0 devedor principal. * Sacadi nao tem, em nenhuma hipétese, qualquer obrigagéo cambial. + Beneficiério: é a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida pelo sacador. Requisitos Formais Agente capaz, cuja vontade foi livremente expressa, sem qualquer vicio. Mate: * A denominagio “cheque”, inscrita no préprio texto. * Aordem ineondicional de pagar uma quantia determinada. + Onome do banco/instituigo que deve pagar (sacado). + Aindicagio da data ¢ higar de emissio. + Aindicacdo do lugar do pagamento. + Aassinatura do emitente ou a de seu mandatério com poderes especiais. ipos de Cheque Cheque cruzado: Possibilita a iden em conta, O cruzamento pode ser: * Geral: Dois tracos paralelos no anverso, * Especial: Entre os tracos, figura o nome do Banco. Cheque visado: é aquele garantido pelo banco sacado durante certo periodo. Cheque Administrativo: ¢ aquele sacado pelo banco contra um de seus estabelecimentos. Duplicata DADO, DADO &CIALLTDA, | S8E BRN SINSIIES ——QUPLICATA 4 7 ua “A, 10 - Jardin Ip8 | tin rset. A duplicata € 0 titulo de crédito | Ss5 paulo Cepia! Cee eo a0 emitido com base em obrigagio prove- banco ou instituigao financeira a ele equiparada. O sacado de um cheque icagio do credor € s6 poderé ser pago via depésito ¢ niente de compra e venda comercial ou oe Se eee aa a ; venom Prestagio de certos servicos. o7ses | ré-485,07 | 007585-8 ]04-05-1999 ‘A duplicata € titulo de modelo vin- gt | === = Inuwaioyy cIeAuGg 9 o3ip9ID op SoiMiL culado e 0 comerciante que a adotar deve FE | 2 Hine eae ODOT manter um livro de registro de duplica~ [fl |] Ceri Crmioinn stra etd s0 tas. A duplicata deve ser de uma tinica [fp |] §]] tonnes” —— fatura, H | iscetanrstswss xe mies TTEEI2S" Quatrocentos e Otentae Cinco Reals e Sete Centovos: sm 03/04) (Gnade € Titulos de Crédito e Contrato Mercantil Requisitos Essenciais © Adenominagio duplicata, a data de sua emissio ¢ 0 ntimero de ordem, © Ontimero da fatura. ® Adata do vencimento ou a declaracio de ser duplicata 3 vista. * Onome ¢ o domicilio do vendedor e do comprador. © Aimportincia a pagar, em algarismos e por extenso. * Apraga de pagamento. © Acléusula ordem * — Adeclaracio do recebimento de sua exatidao e da obrigacao de pagé-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial. * Aassinatura do emitente. A duplicata é um titulo causal, pois somente pode representar crédito decorrente de determinada causa. A emissio ¢ aceite de duplicata simulada € crime pela Lei n® 8137/90. Duplicata Simulada A duplicata € um titulo cuja existéncia depende de um contrato de compra ¢ venda comercial ou de prestagdo de servigo, também de natureza comercial. Em outras palavras, toda duplicata deve corresponder a uma efetiva venda de bens ou prestagao de servigos. A emissio de duplicatas que ndo tenham como origem essas atividades € considerada infragdo penal. Trata-se da chamada “duplicata fria” ou duplicata simulada. Contrato Mercanti Teoria Geral dos Contratos Nio € possivel determinar a origem do contrato, no direito antigo ¢ nas suas legisla bes jé existe mengao ao contrato, na biblia, o contrato ¢ identificado pela palavra alianga. Podemos conceituar 0 contrato com: Negécio juridico pelo meio do qual as partes, visando atingir determinados interesses, convergem as suas vontades criando uma obrigacao principal (dar, fazer e nao fazer) e obrigagdes acessérias. Vigora no Brasil a forma livre, salvo nos casos em que a lei determinar expressamente, por exemplo, os arts. 107 e 108 do Cédigo Civil determinam que a compra e venda de imé- veis seré por escritura piblica. O contrato é a parte imaterial ¢ nao precisa estar formalizado, bastando que as partes tenham conhecimento de suas obrigagées, visto que na maioria das negociagées nio existe a necessidade de as cliusulas estarem redigidas. Quando necessario, 0 con- trato serd materializado no instrumento contratual, sendo este o documento que trard as normas que valerao entre as partes. O instrumento contratual nao possui um padrao estabelecido pela lei, uma vez que, em geral, possufra: © um preambulo, que traz a identificagdo das partes contratantes; + cum contexto, parte onde as cléusulas so estabelecidas. Principios Gerais dos Contratos Como mencionamos, a forma dos contratos é livre, porém cle deve obedecer a alguns requisitos intrinsecos que devem ser respeitados quando da sua elaboracio, denominados pela doutrina como princfpios gerais dos contratos, sio eles: * Autonomia da vontade — E 0 nticleo do contrato e representa o consentimento das partes, que devem ter total liberdade para contratar ¢ estipular as cléusulas. * Forga obrigatéria (pacta sunt servanda) — O contrato € obrigatério e, uma vez celebrado, faz lei entre as partes. Esse principio foi relativizado pela teoria da imprevisdo, posto que 0 contrato nao é obrigatério se a situagdo das partes se alte- rar durante a execucio do contrato. Ex.: contrato indexado pela variagdo cambial, vindo a ocorrer a disparada do valor. * Relatividade dos efeitos dos contratos — Um contrato em regra sé gera efeitos entre as partes, Os efeitos no atingem terceiros. * Fungio social do contrato - O contrato em relagdo a sociedade gera efeitos, os quais devem respeitar as normas sociais. Pode ser definido como a ética fora do contrato, posto que as partes devem respeitar a coletividade. * Boa-fé objetiva — Consiste em uma regra de natureza ética interna do contrato € de exigibilidade juridica que cria obrigagées acessérias ¢ paralelas aos princi pios de protecio, estabelecendo outros deveres entre as partes, como deveres de informacio, protecio ¢ lealdade entre si Formacao e Extin¢ao dos Contratos A celebragio do contrato se inicia com a proposta que consiste no ato pelo qual o propo nente expe as ideias ¢ as obrigagdes a serem estabelecidas, s6 ter validade se for conhecida pela outra parte. A parte que recebe a proposta pode acaté-la, concordando com o estabelecido, ou modificar os seus termos encaminhando uma contraproposta ao proponente. © contrato poderé ser extinto ou pelo seu cumprimento ou pelo seu descumprimento, Cumprimento Ocorreré quando 0 seu objeto foi prestado ou quando o tempo estabelecido para o seu cumprimento for esgotado. «A IRUBDIaWW OVEILUOD 9 O4pSID ap SOINAL © Titulos de Crédito e Contrato Mercanti Nao cumprimento Situagdes em que ocorre o descumprimento pelas partes ou modificagao dos ele- mentos do contrato que leva a sua extingao. Nesses casos, poderd ocorrer: * Resilicéo — Quando hé o desfazimento de um contrato por simples manifestagao de vontade de uma ou de ambas as partes. “Nao di mais”. O documento de resiligao, se firmado por ambas as partes, € denominado de distrato ¢ se firmado somente por uma das partes, € denominada de dendincia, que deve ser antecedida de aviso prévio. * Resolugao — Modo de extincio do contrato, em virtude do inadimplemento de uma das partes, geralmente vem expresso no contrato. * Resciso — Extingo do contrato quando ocorre lesio ou estado de perigo. Cuidado, muitos utilizam o termo resciséo como sinénimo de resolucao. Contratos em Espécie Apesar de vigorar a forma livre de contrato, alguns modelos foram muito utilizados, ca partir de sua repeticao, a legislacio passou a regulamenté-los, algumas regras passaram a ser aplicadas. Compra e venda — Trata-se de um neg6cio juridico bilateral, pelo qual o vendedor trans- fere a propriedade de uma coisa mével ou imével a0 comprador, mediante pagamento de um prego (art. 481 do Cédigo Civil). Permuta — Nesse contrato, existe a obrigagdo de dar uma coisa em contraposigao a entrega de outra. Coisa por coisa em ver de coisa por dinheiro, como na compra venda. Empréstimo — E o contrato pelo qual uma das partes entrega 4 outra um bem, com a obrigagio de restitui-lo. Se o empréstimo for de bem infungivel, seré denominado de comodato. Se dispuser sobre bem fungivel, sera denominado de miétuo. Mandato — Pelo contrato de mandato, nos termos do art, 653 do Cédigo Civil, alguém, denominado mandatério, recebe poderes de outrem, denominado mandante, para, em nome deste, praticar atos ou administrar interesses. Prestacao de servico — Constitui prestagio de servigo toda espécie de servigo ou trabalho Hicito, material ou imaterial contratado mediante retribuigio que nao constitua relagio de trabalho ¢ nem fornecimento de mercadorias e servigos a0 consumidor. Vamos conhecer a seguir alguns diferentes contratos. Contratos Mercantis em Espécie Compra e Venda Mercantil Compra e Venda, como ja vimos anteriormente, trata de um negécio juridico bilateral pelo qual o vendedor transfere a propriedade de uma coisa mével ou imével a0 comprador, mediante pagamento de um preco. Nos contratos de compra ¢ venda em geral, tradicionalmente, sio relacionados trés elementos: 0 bem que pode ser mével ¢ imével; 0 prego que necesita ser certo ¢ deter- minado; ¢ 0 consentimento entre as partes, que atribui 0 cardter obrigat6rio ao contrato, © que ocorre quando as partes acordarem em relagdo ao objeto ¢ ao prego. Quanto ao contrato de compra ¢ venda mercantil, podemos dizer que além desses elementos outras caracterfsticas especificas devem ser identificadas para agregar o cardter mereantil a0 negécio juridico: 0 comprador pode revender a coisa comprada ou locé-la visando o lucro; neste tipo de contrato o comprador, pelo menos, deve ser empresirio. Clausulas inconterms Normas determinadas pela Camara de Comércio Internacional — com relagio ao preco da compra e venda e mercantil, tanto o valor do bem adquirido quanto as despesas esto incluidas no prego, que as vezes podem ficar por conta do comprador. Entre as cldusulas mais famosas que determinam a responsabilidade sobre as despesas podemos destacar: * FCA (Free Carrier) - Significa que caberdo ao vendedor todas as despesas até a entrega das mercadorias na empresa transportadora indicada pelo comprador; ° FAS (Free Alongside Ship) ~ Significa que caberio ao vendedor as despesas do transporte até determinado porto indicado pelo comprador ¢, a partir dali, as demais despesas correrao por conta do comprador; + FOB (Free on Board) — Significa que caberao ao vendedor as despesas do trans- porte até determinado navio indicado pelo comprador e, a partir dali, as demais despesas correrio por conta do comprador. Locacao Comercial Contrato de Locacao - £ 0 contrato consensual pelo qual 0 proprietério/locador, mediante o recebimento de um valor periédico pago pelo locatério, obriga-se a ceder 0 uso de um bem por tempo determinado. © contrato de locagdo comercial possui como peculiaridades que o diferenciam da locacao residencial: 0 fato de que bem seré utilizado para atividade empresarial, e; poder estar sujeito 4 aco renovatéria de locacio vista anteriormente. O direito de renovagdo compuls6ria poderd ser exercido pelos cessionarios ou suces- sores do locatario, no caso de sublocagio total do imével, o direito 4 renovacio somente podera ser exercido pelo sublocatario, pessoa esta que subloca o imével de um locatério. Mandato e Comissao Mercantil Mandato mercantil E 0 contrato pelo qual 0 mandatério pratica atos comerciais por ordem expressa ¢ em nome e€ por conta do mandante a titulo oneroso, visto que a remunera¢io ocorre pela realizacao da atividade, objeto do mandato. € iivuediaw o¥eAUOD 6 oxIpsi9 op SOindiL Titulos de Crédito e Contrato Mercantil , ine Comissao mercantil Eo contrato pelo qual um empresério (comissério) realiza negécios mercantis em nome préprio, mas por conta de outra pessoa (comitente) €, para isso, recebe uma comissio. Em face de 0 comissério agir em nome proprio, ele assume a res~ ponsabilidade perante terceiros, arcando com sua insolvéncia, 0 que o diferencia do mandato mercantil; * Cléusula del credere — Pela presente cléusula, determina-se que © risco relativo 4 insolvéncia de terceiro, no caso 0 comissdrio, ser4 dividido entre ele ¢ o contratado, trazendo ambos a solida~ riedade do contrato retirando os riscos da operagdo em relacdo 20 comitente, Representagao Comercial Auténoma E 0 contrato pelo qual um representante obtém pedidos de com- pra ¢ venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas por outras pessoas (representados) dentro de uma regio delimitada. O contrato é regulado pela Lei n® 4.886/65. Art. 12 da Lei n® 4.86/65. Exerce a representagdo comercial aut6Gnoma a pessoa juridica ou a pessoa fisica, sem relagéo de emprego, que desempenha, em carater nao eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediagao para a realizagao de negécios mercantis, agenciando propostas ou pedidos para transmiti-los aos representados, praticando ou nao atos relacionados com a execugao dos negécios. WV * Vinculo empregaticio ~ A atividade do representante é uma ati- vidade auténoma: de tal modo, nao ha vinculo empregaticio entre representado ¢ representante. Um exemplo excelente, por ser bastante conhecido, é 0 dos representantes comerciais de medica~ mentos que visitam profissionais de satide e clinicas para vender 0s produtos dos laborat6rios que representam. » Area de atuagio — O representante atua em uma regiio delimi- tada que deve estar expressa no contrato de representagio, além disso, deve estar estabelecida a exclusividade ou nio do repre- sentante, caso o contrato seja omisso em relagio a esta tiltima, presume-se que o representante € exclusivo, o que impede que o representado negocie mercadorias nesta 4rea, sem a participagio do representante, devendo obrigatoriamente pagar as comissées que lhe sao devidas. Art. 31 da Lei n° 4.886/1965. Prevendo o contrato de representacao a exclusividade de zona ou zonas, ou quando este for omisso, fara jus o representante a comissao pelos negécios ai realizados, ainda que diretamente pelo representado ou por intermédio de terceiros. Concessao Mercantil £ © contrato pelo qual o concessiondrio obriga-se a comercializar, com ou sem exclusividade, os produtos fabricados pelo concedente. Apenas foi regulamentada a concessio mercantil de veiculos automotores terres- tres. O contrato é regulado pela Lei n° 6.729/79. © objeto do contrato de concessio mercantil € composto pela comercializagio de veiculos automotores, prestagio de assisténcia téc- nica, além do uso da marca do concedente como identificagio. Além da exclusividade de distribuigao, existe a exclusividade de atuacao em determinada regiao, a fim de amortizar os investimentos realizados pela concessionéria. Arrendamento Mercantil E um contrato mercantil complexo, haja vista sua natureza resultante da fusio de outros contratos. Embora se trate de uma locacio, permeada pela consignagio de promessa de compra, também contém um financiamento, criando uma associacio entre essas figuras. E definido pela Lei n? 6.099/74 no parégrafo tinico do artigo primeiro: Art. 12 Considera-se arrendamento mercantil a ope- racdo realizada entre pessoas juridicas, que tenham por objeto o arrendamento de bens adquiridos a ter- ceiros pela arrendadora, para fins de uso proprio da arrendataria e nao atendam as especificagées desta. A A citada lei teve alguns de seus dispositivos alterados pela Lei n® 7123/83. Com a nova lei, é permitida a participacio de pessoas fisicas no contrato, como elucida seu artigo primeiro: Art. 12 Considera-se arrendamento mercantil, para efeitos da lei, 0 negécio juridico realizado entre pes- soas juridicas, na qualidade de arrendadora, e pessoa fisica ou juridica, na qualidade de arrendataria e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificagdes da arren- dataria e para uso prdprio desta. e BIBLIOTECA iWUBSIdW OWeAAUOD 3 ONPSID Sp SOMA, € Titulos de Crédito e Contrato Mercantil Assim, leasing é um contrato pelo qual o arrendatério, desejando utilizar determinado imével ou equipamento, consegue que uma instituigao financeira o adquira, ¢ depois o alugue por um prazo deter- minado, tendo o interessado ainda, ao final do contrato, trés opg6es: a devolucao do bem; a renovacao do contrato ou; a compra do bem pelo preco residual fixado no momento inicial do contrato. Modalidades de leasing As espécies existentes de leasing so: o leasing financeiro, o leasing operacional, 0 leasing imobilidrio € o leasing-back. Contudo, essa classi- ficacdo no esgota as possibilidades existentes, haja vista a evolucao dos institutos juridicos, bem como a do setor empresarial. + Leasing financeiro — © vinculo obrigacional estabelece-se entre uma instituigdo financeira ¢ uma pessoa fisica ou juridica. Constitui a modalidade de arrendamento mercantil mais comum nos negécios juridicos brasileiros, sendo chamado também de “leasing puro”. A empresa de leasing (arrendadora), a pedido se seu cliente, adquire o bem por ele escolhido ¢ transfere-Ihe a posse durante determinado perfodo, mediante o pagamento de uma contraprestagio. © leasing financeiro caracteriza-se pela inexisténcia de um residuo expressivo, para 0 exercicio de compra, 0 arrendatério desembolsa uma importincia de pequeno valor, devendo a soma das prestag6es correspondentes 2 locagéo ser suficiente para a recuperago do custo do bem e 0 retorno do investimento da arrendadora. * Leasing operacional - Também denominado renting, 0 residuo a ser pago pela arrendatéria, no momento da operagao de com- pra, tende a ser expressivo. Trata-se de uma locagdo na qual a arrendadora compromete-se a prestar servigos de manutengio da coisa arrendada, pelo perfodo em que vigorar 0 contrato. A rescisao do contrato pode ocorrer a qualquer tempo pelo arren- datério, desde que ele o faga mediante aviso prévio. Caracteristica dessa modalidade contratual € que o valor pago pelo arrendatério serve como pagamento do prego do bem, caso sua opgio seja adquiri-lo, fendmeno esse nao presente na locacio. * Leasing imobiliério — E aquele que tém como objeto bens iméveis, podendo esses serem iméveis jé edificados, bem como terrenos com a finalidade de construcio. * Leasing-back — constitui espécie de leasing no qual uma empresa, que detenha propriedade de um bem, vende-o a outra empresa que, adquirindo-o, arrenda-o a vendedora. Uma das peculiarida- des dessa espécie de arrendamento é que cla s6 pode ser realizada entre pessoas juridicas. Obrigacées das partes O arrendamento mercantil é dotado de prestagdes para ambas as partes. * Obrigagdes do arrendador: a aquisigio dos bens a serem arrendados (escolhidos pelo arrendatério), bem como a entrega desses ao interessado para seu uso ¢ goz0; aceitar a opgio do arrendatario ao final do contrato, ou seja, renovar 0 contrato, receber o bem restituido ou, ainda, vender o bem mediante 0 pagamento do preco residual. * Obrigacao do arrendatario: pagar as prestagdes da maneira que foi ajustada, manter os bens arrendados, ¢, ao final do con- trato, se ndo quiser compré-los, suportar os encargos ¢ pagar a0 arrendador todas as prestagdes que completariam o cumpri- mento integral da obrigacio de rescindir 0 contrato antes da data estipulada como vencimento. Contratos Bancarios Sao contratos nos quais uma das partes € um banco ou uma ins- tituigio financeira. As principais modalidades de contrato bancério tipicos sao: * Depésito bancario — E o principal contrato bancdrio no qual © cliente entrega determinada quantia em dinheiro 2 instituicio financeira, para que ela 0 guarde e a restitua quando for solici- tado pelo cliente. * Mituo bancario — Contrato em que a instituicao financeira empresta determinada quantia em dinheiro ao mutuério, que se obriga a restituir 0 valor emprestado com os juros ¢ os demais encargos contratados. * Alienagao fiducidria — E 0 contrato acessério atrelado ao miituo, no qual o mutudrio-fiduciante aliena a propriedade de um bem ao mutuante-fiducidrio. O fiducidrio ter4 apenas a propriedade resoliivel ¢ a posse indireta do bem em questio, enquanto o fiduciante ter a posse direta do bem, sendo regu- lado pelo Decreto-Lei n° 911/69. Quando o fiduciante no paga as parcelas do miituo, o fiducidrio podera ingressar com agio de busca ¢ apreensao, podendo, inclusive, pleitear concessio de liminar sem oitiva (ouvir) do fiduciante. * Desconto bancério — Contrato em que a institui¢io finan- ceira antecipa o valor de um crédito contra terceiro ao cliente ¢, em virtude disso, desconta determinada taxa de juros. No desconto bancério, se o titulo nao for pago, 0 banco tem direito de retorno contra o cliente. * Abertura de crédito - Contrato pelo qual a institui¢io finan- ceira disponibiliza ao correntista determinada quantia em dinheiro (limite ou conta garantia) para que ele possa utilizé-la. € TaUESIBWN SieAUCS 8 OiipaiD Bp Som, Franquia ‘Trata-se de um contrato pelo qual o franqueador cede ao franqueado o direito de uso da marca ou patente, da tecnologia empregada, da distribuicio, com exclusividade total ou parcial, de produtos ou servicos e da organizacio empresarial (know-how). A franquia é regulada pela Lei n° 8.955/94 Art. 2° - Franquia empresarial é 0 sistema pelo qual um franqueador cede ao fran- queado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuigéo exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou servi- gos e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantacao e administragéo de negécio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remunera- go direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vinculo empregaticio. WV Faturizagcao £0 contrato pelo qual o faturizador adquire direitos decorrentes do faturamento (com- pra e venda de mercadorias ou prestagio de servicos) do faturizado, por meio da cesso de créditos, ou seja, o faturizador adquire os tftulos de crédito do faturizado, visto que, em ambos 05 casos, o faturizado responde pela existéncia da divida e nao pela garantia da obrigagio. Modalidades ) * Conventional factoring - O faturizador paga a vista pela cessio dos créditos do Titulos de Crédito e Contrato Mercantil faturizado, descontando do valor pago, os juros de antecipagio de recursos, pro- porcionalmente ao tempo que falta para o seu vencimento (desagio). Esse desconto justifica-se, pois o faturizador esté assumindo 0 risco do negécio. * Maturity factoring — O faturizado apenas pagar o prego da cessio de créditos ao fatu- rizado, apés ter recebido 0 pagamento dos créditos pelos devedores. Nesse caso, a remuneragao do faturizador é uma comissio, uma vez que nao hé juros pelo adianta~ mento dos pagamentos, nao assumides, portanto, 0 risco de inadimpléncia. Atividades 1) Diferencie ordem de pagamento de promessa de pagamento, destacando seus elementos caracterizadores. 2) Defina aceite, protesto, endosso e aval. é 3) Defina letra de cambio, nota promissoria, cheque e duplicata. 4) Indique e explique os principios gerais dos contratos. 5) Indique e explique as modalidades de contratos apresenta- das em aula. Direito Tributario 1 © Estado, para realizar as suas finalidades, necessita de recursos financeiros. A obten- io destes recursos é regulada por um conjunto de normas que determina a atuagio do agente ptiblico desde a obtengao do recurso até a forma de como ele seré gasto. O conjunto destas normas denominamos de direito financeiro. Em suma, podemos afirmar que o direito finan- ceiro regulari a chamada atividade financeira do Estado, que consiste no conjunto de atos praticados pela Administracdo Publica na obtengao, na gestio e na aplicagao dos recursos financeiros de que necesita para atingir seus fins. Modalidades e Receitas Receitas Piiblicas Origindrias ~ Sio as que decorrem da exploracio dos bens piblicos, como locagées, vendas ¢ administragio de monopélios. Receitas Puiblicas Derivadas — Derivam do patriménio dos particulares. O Estado aufere receita do patriménio dos individuos, em razdo da ordem politica ou determinagio legal. ‘Como os tributos sio majoritarios, as receitas derivadas também sao denominadas de “receitas tributérias”. Portanto, 0 campo de atuacio do dircito tributério é regular a obtengio de recursos piiblicos derivados do patriménio particular. Direito Constitucional Tributario Os fundamentos bisicos do direito tributério estio na Constituigao Federal, a qual traz os princfpios que norteiam todo o sistema tributdrio nacional, as garantias dos cidadaos frente 0 poder de tributar, a divisdo da competéncia tributaria e a partilha das receitas. Dessa forma, a doutrina entende que, no Brasil, possuimos um direito constitucional tibutério. € Tibutario 1. Tributo O conceito de tributo est definido na nossa legislagio no artigo 3° do Cédigo ‘Tributério Nacional (CTN), como sendo toda prestacio pecunidria compulséria, em moeda ou cujo valor que nela se possa exprimir, que nio constitua sangio de ato ilicito, institufda cm lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Decompondo o conccito, podemos encontrar que o tributo & * Pecunidrio — O tributo s6 poderd ser pago em moeda. Esta é a regra, mas pode- mos encontrar em relagao a determinados tributos a possibilidade de dagio em pagamentos de iméveis, em que o tributo é saldado com a entrega de um deter- minado imével destinado ao fisco 0 qual dé a quitagio o tributo exigido. * Compulsério — Ideia com a qual o tributo é uma prestacio obrigatéria, abstraida a vontade das partes que vao ocupar os polos ativo ¢ passivo da obrigagdo tributéria. * Nao constitui sangao ~ O que afasta da nogio de tributo que o contribuinte esteja descumprindo a lei, pelo contrério, tributo é um dever de todo brasileiro que se encontra sob a protegio do estado-nacio, e uma vez pago poderé o cidadio usufruir das protecdes e dos servicos oferecidos pela Federacao. * Instituido mediante lei — O tributo sé pode ser instituido mediante lei devi- damente votada pelos representantes do povo, manifestando a vontade da coletividade. * Natureza vinculada — A conduta do administrador que ird fiscalizar ¢ cobrar 0s tributos ndo deixa margem para discricionariedade, ou seja, nao existe escolha. Deparando-se com a existéncia do tributo, ele deve ser cobrado e fiscalizado sob pena de responsabilizacio do funcionério puiblico que nao o observar. Principios Constitucionais Tributarios Sao normas, explicitas ou implicitas, na Constituigdo Federal que balizam ou limitam © poder de tributar do Estado, podem ser encontrados na sua maioria no artigo 150 da CF. Principio da Legalidade Os tributos nao poderao ser instituidos ou majorados, sendo por meio de lei (art. 150, ine. I da CF/88). A funcao desse principio é fazer com que os tributos sé sejam autorizados pelos representantes do povo, assim é 0 voto que legitima o Poder Legislativo a criar e modificar leis no campo tributério. Excegées aparentes ao principio da legalidade Alguns tributos podem ser majorados por meio de Decreto do Poder Executivo (IPI, imposto de importacio, imposto de exportagio e IOF), nos termos do § 12 do art. 153 da CF/88. Isso constitui aparente excecao ao principio da legalidade, visto que a faculdade de alterar aliquotas sera exercida “atendidas as condic6es ¢ os limites estabelecidos em lei”. Efeito extra fiscal Essa aparente excegao existe em fungao da particularidade de alguns tributos de regu- lar ou de possibilitar a regulagdo da economia ¢ do mercado. O efeito de estimular ou reprimir comportamentos promovendo, assim, indiretamente, fins outros que nao aqueles relacionados a tributagio. O Estado poderé, mediante a alteracao das aliquotas dos impostos de importacio, exportacio, IPI e IOF (art. 150 § 12), regular a falta ou escassez de produtos, incentivar a produgio ou, ainda, controlar a quantidade de moeda circulante como meca- nismo de controle da inflacio. Principio da Anterioridade E vedado cobrar tributos no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (art. 150, inc. III, alineas “b” e “c”). Anterioridade anual e nonagesimal — Inicialmente, esse principio afirmava que apenas deveria ser respeitado o exercicio financeiro para a modificacao e criagio dos tribu- tos, contudo, 0 principio foi revigorado com a Emenda Constitucional 42 que acrescentou aalinea “c’, assim, além da anualidade, o Estado deve respeitar 0 prazo de noventa dias, ou nonagesimal entre a criagio do tributo ea sua cobranga, evitando que tributos sejam aumen- tados no final de ano e cobrados no inicio do exercicio seguinte. Sao excegdes ao principio da anterioridade os impostos que tem efeito extrafiscal, em virtude do carter urgente que as medidas necessitem: impostos de importagio, exportacio, IPT e IOF (art. 150 § 19); Além desses, podemos citar como excegées ao prinefpio da anterioridade: * Empréstimo compulsério instituido para atender As despesas extraordinérias, decorrentes de calamidade, de guerra externa ou sua iminéncia (art. 148, inc. I); * Contribuigdes sociais (art. 195, ine. I), as quais esto submetidas 3 regra prevista no § 68 do art. 195, ow seja, apenas a anterioridade nonagesimal (noventa dias); * O imposto extraordinario de guerra (art. 154, inc. II). Principio da Irretroatividade Alli tributéria néo pode retroagir, isto é, nao pode ser aplicada em relacio a fatos gera~ dores ocorridos antes do inicio de sua vigéncia (art. 150, inc. III, alinea “a” da CF/88). Excegées ao principio da irretroatividade A lei poder ser aplicada em relagao a fatos geradores ocorridos antes de sua vigéncia se as penalidades previstas na nova lei forem mais favoraveis ao contribuinte/infrator (art. 106 do CTN). Principio da Igualdade A lei no poderd instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situagio equivalente, proibida qualquer distingdo em razdo de ocupagio profissional ou fangio exercida (art. 150, inc. II da CF). Logo, poder4 tratar diferentemente aos desiguais na exata proporcio das desigualdades observados os seguintes requisitos: razoabilidade da discriminacio, baseada em diferengas efetivas; existéncia de objetivo que justifique a discriminagio; nexo légico entre o objetivo perseguido que permitiré alcangé-lo. € ‘TP ojieingil Siisiia € Direito Tributario 1 Principio da Capacidade Contributiva Sempre que posstvel, os impostos ter4o cardter pessoal e serdo graduados segundo a capacidade econémica do contribuinte. Proporgio entre a capacidade de contribuir a exigéncia fiscal (art. 145, § 19). Principio do Nao Confisco Veda 0 confisco no ambito tributario, Est atrelado ao principio da capacidade contributiva, impedindo que o tributo absorva parcela expressiva da renda ou do patrim6nio dos contribuintes, sendo constatado, principalmente, pelo exame da aliquota e base de calculo (art. 150, inc. IV). Principio da Liberdade de Trafego Os tributos nao poderio ser utilizados como limitadores do livre transito de pessoas ou bens dentro do territério nacional (art. 150, inc. V), ressalvada a cobranga de pedégio pela uti- lizagio de vias pitblicas. Veda-se, pois, a criagio de auténticas barreiras fiscais entre estados ou municipios. Principio da Nao Cumulatividade O valor tributério efetivamente devido é aquele que resulta da compensagéo entre os tributos incidentes nas operacGes/servicos praticados pelo contribuinte, com as anteriores aquisigdes de bens e servicos, em determinado periodo. Aplica-se em $ relagio a0 ICMS (art. 155 § 2° 1) e IPI (art. 153 § 38, inc. II). Evita o denominado “efeito cascata” na tributacio. Fontes Tributarias Como vimos no direito, as fontes so os instrumentos que criam a norma juridica e, consequentemente, os mecanismos de regulamentagao. O direito tributario, como sendo um ramo do direito pablico, por forca do principio da legalidade, tem como principal fonte a lei, visto que os costumes nao criam regras de conduta nesses ramos do direito. Constituicao Federal © direito tributério brasileiro esta inteiramente estruturado na Constituigéo a qual contém, além da estrutura bisica do Estado ¢ forma de governo, a sistemética tributéria — principalmente no que concerne as competéncias, aos tipos de tributo, aos limites ao poder de tributar e A repartigio de receitas. Emendas a Constituigéo A Constituigio é modificada pela Emenda Constitucional. Este importante mecanismo serve para atualizar a nossa Carta Magna e isso ocorre para que ela nao se transforme em um diploma juridico estético que nio corresponda 4 conjuntura ¢ 4 vontade popular. No que diz respeito 20 direito tributério brasileiro com toda a sua estrutura na Constituigio, a Emenda Constitucional ¢ muito importante para trazer modificagées tributérias. Lei Complementar A Lei Complementar objetiva explicitar a norma constitucional de eficécia limitada, caracterizando-se como lei nacional, que serve de fundamento a legislacio federal, estadual e municipal. Em relagio ao direito tributdrio, a Lei Complementar trata, principalmente, das matérias previstas no art. 146, 148, 154, 155, inc. XII e 195 § 4° da CF/88. Cédigo Tributario Nacional © Cédigo Tributario Nacional (CTN) foi recepcionado pela Constituigao Federal de 1988, como lei complementar, ¢ os dispositivos nele previstos, que nfo estavam em consonancia com 0 novo texto constitucional promulgado em 05 de agosto de 1988, nao foram recepcionados. Lei Ordinaria A lei é a principal fonte do direito tributério, sendo que o art. 97 do CTN institui que somente a lei pode estabelecer a instituigao de tributos ou a sua extingao, a majoragdo ou reducio, a definicao do fato gerador, a fixacio da aliquota e da base de célculo. Medida Provisoria Em caso de relevincia e de urgéncia, o Presidente de Repiblica poder adotar Medidas Provisérias com forca de lei (art. 62 da CF/88). As Medidas Provis6rias perderdo a eficécia, desde a edicio, caso nao forem convertidas em lei. Tratados Internacionais Sao celebrados pelo Presidente da Reptiblica, ou seus auxiliares, ¢ esto sujeitas ao refe- rendo do Congreso Nacional (art. 49, inc. I ¢ 84, inc. VIII da CF/88). Os tratados em matéria tributéria, via de regra, dispdem sobre a eliminagio de direitos alfandegérios ou visam evitar a bitributagao da renda e esto previstos no art. 98 do CTN. Decretos Legislativos Sio utilizados para aprovar os tratados internacionais celebrados pelo nosso pais. Convénios Os estados tém competéncia para celebrar convénios para dispor sobre concessio de isengdes € beneficios fiscais relativos ao ICMS (art. 155, inc. XII, alfnea “g” da CF/88), nos termos da Lei Complementar n® 24/75. Decretos, Regulamentos e Atos Administrativos Esses atos oriundos do Poder Executivo tém como objetivo regrar a aplicacao de lei a qual institui tributos, de forma especifica, tendo como limite os estritos termos da lei, dando condigées de executoriedade a ela. Conforme dispée 0 art. 99 do CTN, 0 contetido € 0 alcance dos decretos restringem-se aos das leis em fungio das quais sejam expedidos. é€ 7 OlietnaU Sia ¢ Direito Tributario 4. Espécies de Tributes * Impostos ~ Conforme definigio do art. 16 do CTN, “6 0 tributo cuja obrigagio tem por fato gerador uma situagio independente de qualquer atividade estatal especifica relativa a0 contribuinte”. Para exigir imposto de um individuo, nao € necessério que o Estado Ihe preste algo determinado. Ex.: IR, IPI, ICMS. * Taxas ~ Sio tributos em que o fato gerador representa uma atuacio estatal espect- fica, referente a0 contribuinte, © que pode consistir: no exercicio regular do poder de policia ou na prestagio ou disposigio de servigo piblico especifico ¢ divisivel a0 contribuinte (CF art. 145, inc. I e CTN art. 77). Ex.: taxa de emissio de passaporte, taxa de emissio de alvard. Taxa de Policia O poder de policia “consiste na atividade da administragio piiblica, que, limitando ou disciplinando dircito, interesse ou liberdade, regula a pritica de ato ou abstengio de fato, em razao de interesse priblico concernente & seguranga, 3 higiene, ordem, aos costumes, A disciplina da producio ¢ do mercado, ao exercicio de atividades econémicas dependentes de concesséo ou autorizagio do Poder Piiblico, 4 tranquilidade ptiblica ou ao respeito 4 propriedade e aos direitos individuais ou coletivos” (art. 78 CTN). O Estado “policia” a atuacio do individuo e, por isso, cobra a taxa, Ex.: porte de arma, passaporte, licenga para construir, alvard, taxa do IBAMA — Lei n? 10.165/2000. Taxa de Servico Taxa que tem por fato gerador a atuacio estatal, consistente na execucio de um servigo piblico, especifico e divisivel, efetivamente prestado ou posto a disposi¢o do contribuinte (art. 145, ine. II da CF). O art. 79 do CTN explicita 0 conceito. Ex.; custas judiciais, coleta de lixo. Coleta defo Contribuicao de Melhoria A contribuigio de melhoria (art. 145, inc. III da CF) é um tributo cobrado quando da realizagio de uma obra piblica, da qual decorra, para os proprictérios de iméveis adjacentes, uma valorizagio (ou melhoria) de sua propriedade. Obra piblica Empréstimo Compulsério A Constituigio prevé a possibilidade da instituicio de empréstimos compulsérios pela Unio em duas situagdes: + Despesas extraordindrias, decorrentes de calamidade publica e de guerra externa efetiva, ou eminente (art. 148, ine. I da CF); + Investimento pablico de cardter urgente e relevante interesse nacional, observado o princi- pio da anterioridade (art. 148, inc. 11). Contribuicdes Especiais (art. 149 da CF) Sao tributos destinados ao financiamento de gastos especificos, sobrevindo no contexto de intervengao do Estado nos campos social ¢ econdmico, sempre no cumprimento dos ditames da politica de governo. De Intervencao no Dominio Econémico Destinam-se a instrumentar a atuacio da Unio no dominio econdmico, financiando 0s encargos pertinentes. Ex.: Contribuigio para o Instituto Brasileiro do Café (IBC) e para o Instituto do Agticar € do Alcool (IAA). De Interesse de Categorias Profissionais Destinam-se ao custeio das atividades das instituig6es fiscalizadoras ¢ representativas de categorias profissionais, que exercem fungGes de interesse ptiblico. Ex.: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Conselho Regional de Medicina (CRM). € 7 OjieIngiiL GiisiiG Direito Tributério 4 C ~ De Seguridade Social ou Apenas Sociais Visam custear o financiamento da seguridade social e sao utilizadas como instrumento de atuagdo no campo social Ex.: Contribuigéo para o INSS, PIS, COFINS, CSLL. Competéncia Tributaria A competéncia tributéria € a aptidio para criar, por meio de lei, os tributos, de acordo com o previsto na Constituigio, bem como a competéncia para aumenté-los, isenté-los, diminuf-los. Partilha de receitas € a distribuigao entre a Unio, os estados ¢ os municipios das receitas dos impostos. Caracteristicas * Privativa — cada ente federal tem seus préprios tributos. * Imprescritivel — nao esta submetida a prazo para ser validamente exercitada. Ex.: impostos sobre grandes fortunas. * Exercicio facultative - a pessoa politica é livre para criar ou nao o tributo — excegao ICMS que é de exercicio obrigatério. * Vedada a ampliacao — nao pode ir além das raias constitucionais, sO é possivel alargamento por forga constitucional, admite por emenda. * Irrenunciavel — a criagdo ou nao do tributo é facultativa, mas a renuncia ao tributo é vedada. * Indelegavel — 0 ente federal nao pode delegar a prerrogativa de criar a lei que institui o tributo, posto que apenas aqueles dotado de poder legislativo 6 que poderé criar tributos. Uniao A unio tem a competéncia para criar taxas federais, impostos e contribuigées de melhoria. * Taxas ~ Poderao ser cobradas tendo em vista o poder de policia ou os servigos prestados aos contribuintes ou postos 3 sua disposicio, no ambito das respectivas atribuig6es da entidade. * Contribuicdes de melhoria ~ Poderio ser cobradas dos proprietérios de iméveis beneficiados por obras pablicas, no Ambito das respectivas atribuigées. * Impostos — sio impostos federais: II —Imposto de Importagio. IE - Imposto de Exportacio. IR = Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza. IPI — Imposto sobre Produtos Industrializados. IOF — Imposto sobre Operac6es Financeiras. ITR —Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Impostos extraordindrios de guerra. Novos impostos, pelo exercicio da competéncia residual. Estados Os Estados possuem competéncia para instituir taxas estaduais, impostos e contribuicdes de melhoria. Sio impostos estaduais: + ICMS ~ Imposto sobre Circulagio de Mercadorias e sobre prestagdes de servicos de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicacio. + ITCMD — Imposto sobre a Transmissio “Causa Mortis” e Doagio, de quaisquer bens ou direitos. * IPVA-Imposto sobre a Propriedade de Veiculos Automotores. Municipios Os municipios possuem competéncia para cobrar taxas municipais, impostos ¢ contribui- es de melhoria. So impostos municipais: + IPTU -Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana, * ITBI-Imposto sobre Transmissio de Bens Iméveis, “inter vivos” a qualquer titulo, por ato oneroso. * ISS —Imposto sobre Servicos de qualquer natureza. Distrito Federal O Distrito Federal é também unidade federada e nao apresenta divisio em municipios. Ele mostra configuracio prépria ¢ tem direito aos impostos estaduais e municipais. Pode instituir taxas e contribuig6es de melhoria. Atividades 1) Qual 6 0 campo de atuagao do direito tributario? Qual é 0 conceito legal de tributo? Comente e explique trés principios constitucionais tributarios. 4) Qual a importancia da Constituicdo para o direito tributario? 5) Defina imposto, taxas, contribuigao de melhoria e empréstimo. compulsério. 6) Estabeleca a competéncia tributéria de unido, estado e municipios. BIBLIC IFRS/Campus Porto A € *F ojieinalil SiiaiiG passivo tem o dever de prestar dinheiro ao Estado, ou de fazer, nao fazer ou tolerar algo no interesse da fiscalizagio de tributos ¢ 0 Estado tem o direito de estabelecer contra o particular um crédito. E a relacao jurfdica na qual o sujeito Fato Gerador (Art. 114) E uma situagio definida em lei como necesséria ¢ suficiente 4 sua ocorréncia. E um fato que, uma vez, ocorrido, enseja o nascimento da obrigacio tributéria. Sujeitos da Obrigacao Tributa Fato gerador e hipétese de incidéncia — A hipétese de incidéncia é a simples descricéo, simples previsio. Por sua vez, 0 fato a concretizacio da hipétese, 6 0 acontecimento do que fora previsto. Momento da ocorréncia do fato gerador — (art. 116 do CTN), negécios Juridicos condicionais — (contrato sujeito a uma condicio): se suspensiva: quando ocorrer 0 evento previsto como condigio; se resolutiva: desde a prética do ato. Desconsideragao de atos ou negécios juridicos — A norma que visa combater a elisio (supressio) fiscal (art. 116 § Unico, com redagao da LC 104/2001). Atos ilicitos e tributagao — (art. 118 do CTN) tais atos, desde que configurem fatos getadores de tributos, dio nascimento 4 obrigagio tributéria, independentemente da ilicitude deles. Sujeito Ativo — (art. 119 do CTN) Ea pessoa juridica de direito piiblico, titular da com- peténcia para exigir o seu cumprimento. Sujeito Passivo — E a pessoa natural ou juridica, obrigada ao seu cumprimento (art. 121 do CTN). Contribuinte e responsavel — (art.121 § Unico do CTN) Contribuinte quando tenha relacio pessoal ¢ direta com o fato gerador. Responsavel quando, sem ser contribuinte, sem relacio pessoal e direta com o fato gerador, sua obrigagio de pagar decorre de dispo- sitivo expresso em lei. Solidariedade — Ea ocorréncia de mais de um credor ou mais de um devedor, na mesma relagio obrigacional, cada qual com direito ou obrigacio da divida toda. Para o Direito Tributério importa a solidariedade passiva, a qual ndo comporta beneficio de ordem (0 direito 4 observincia de uma ordem, de uma sequéncia, quanto a cobranga da divida). (art. 124. § Unico, CTN). Convengées particulares — Impossibilidade de serem opostas contra a Fazenda Publica (art. 123 CTN). Exemplo: Contrato de locagao determinando que o inquilino pague o IPTU. Tal disposi- Ao nao tem qualquer efeito no Ambito da administracao pu eis que para efeitos tributérios a legislago considera contribuinte © proprietario do imével. Capacidade Tributaria Passiva Capacidade tributéria passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; Il - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privacio ou limitagio do exercicio de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administragio direta de seus bens ou negécios; III - de estar a pessoa juridica regularmente constituida, bastando que configure uma unidade econémica ou profissional. Domicilio Tributario E 0 local onde a obrigacao deverd ser cumprida. Em relagio ao domicilio, deverao ser observadas as seguintes regras: Existem tributos (IPYICMS) cuja legislacao especifica exclui a faculdade de escolha; Nos demais tributos vigora a liberdade de escolha; Alliberdade de escolha nao pode impedir ou dificultar a fiscalizagao; Ocorrendo a hipétese de dificuldade de fiscalizagao, 0 domicilio poderd ser recusado e ser aquele do lugar da situagio dos bens ou da ocorréncia dos atos ou fatos que deram origem a obrigacio. = ae = cos Credito Tributario E 0 vinculo juridico, de natureza obri- gacional, por forca do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do individuo, contribuinte ou responsavel (sujeito passivo), 0 pagamento do tributo. A constituigdo do crédito tributério se dé por meio do lancamento. Z silvia oiisiia | € o 2 3 = 8 Legislacao Aplicavel ao Lancamento * No que diz respeito 4 parte substancial (alfquota, base de cdlculo e fato gerador) —a legislagéo vigente quando da ocorréncia do fato gerador; * Em relagio as penalidades — a lei mais favordvel ao sujeito passivo; © Quanto aos aspectos formais/procedimentais — a lei em vigor na data do langamento. Modalidades de Lancamento * De oficio — feito por iniciativa da autoridade administrativa, independentemente de qualquer colaboragio do sujeito passivo. Ex.: 0 IPTU ¢ 0 IPVA. * Por declaragio — E feito em face de declaragio prestada pelo contribuinte ou por terceiro, quanto a matéria de fato indispensavel a sua efetivagio (art. 147 CTN). Ex.: IReITR. ° Por homologagao - E feito aos tributos cuja legislacdo atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem o prévio exame da autoridade administrativa (art. 150 CTN). EX.: ICMS, IPI, CSLL. imunidade e Isencao A imunidade consiste na exclusao de competéncia da Unido, dos estados, do distrito federal e dos municipios para instituir tributos relativos a determinados atos, fatos ¢ pessoas, expressamente previstas na Constituicdo Federal. Objetiva preservar da tribu- taco valores considerados como de superior interesse nacional. Asencio tributaria decorre de lei e de acordo com 0 art. 175, do Cédigo Tributario Nacional — CTN é definida como forma de exclusao legal do crédito tributdrio. Eo ins- tituto concedido de forma geral ou especifica, mediante lei, afastando a tributacio que seria exigida do sujeito passivo. A isencao deverd ser solicitada pelo sujeito passivo ¢ nao pode ser concedida pelo administrador paiblico caso nao haja provocagio Modalidades de Imunidade Imunidade Reciproca (art. 150, inc. VI, alfnea “a”) ‘A Unio, os Estados ¢ os Municfpios no poderao cobrar impostos sobre o patriménio, renda e servicos, uns dos outros, abrangendo as atividades das préprias pessoas politicas de direito puiblico. Imunidade dos Templos (art. 150, ine. VI, alinea “b”) ‘As atividades religiosas podem ser exercidas sem a exigéncia de impostos. Visa preservar a liberdade de culto. Imunidade dos Partidos Politicos, suas Fundag¢oées, Sindicatos, Instituigao de Educagao e de Assisténcia Social (art. 150, inc. VI, alfnea “c”) Essas pessoas juridicas néo sofrerao a exigéncia dos impostos sobre patriménio, renda ou servicos, se nao tiverem finalidade lucrativa ¢ atenderem aos requisitos da lei, que, neste caso, segundo entendimento doutrinario € 0 art. 14 do CTN, cuja redacio foi modificada pela LC. n® 104/2001, no sentido de impedir que as pessoas juridicas referidas distribuam qualquer parcela de seu patriménio ou de suas rendas, a qualquer titulo. imunidade dos Livros, Jornais, Periédicos e Papel Respectivo (art. 150, inc. VI, alinea “d”) Objetiva proteger a divulgacao de ideias, os conhecimentos ¢ a livre expressio do pensamento. Mediante a desoneracao de impostos, torna-se mais facilitada a confecgio ¢ a distribuicio, independentemente do contetido de cada publicacio. Imunidade e Contribui¢gdes Sociais (art. 195 § 72) ‘A Constituigao estabelece que sio isentas de contribuigao para a seguridade social as entidades beneficentes de assisténcia social que atendam 3s exigéncias estabelecidas em lei. This exigéncias, segundo entendimento doutrinério, seriam Aquelas previstas no art. 14 do CTN, considerando a nova redagio dada pela LC n® 104/2001. Imunidades Especificas IPI - sobre produtos exportados (art. 153, § 32, ine. ITI). ie. rderio ICMS ~ sobre mercadorias exportadas (art. 155, inc. X, alinea “a”). pare cultura. ITR - sobre pequenas glebas rurais (art. 153, § 49 e Lei n® 9.393/96). ITBI - transmissio de bens ou direitos incorporados ao pattiménio de pessoa juridica (art. 156, § 28, ine. 1) € € oiieinGiit OiaiiG Cc Direito Tributario 2 Suspensao e Extincao Tributaria Suspensao da Exigibilidade do Crédito Tributario O crédito tributério, uma vez constituido, é exigivel, pois 0 sujeito ativo pode compelir 0 sujeito passivo a satisfaz¢-lo por meios legais. Todavia, existem determinadas circunstancias legais que suspendem essa exigibilidade (art. 151 CTN), isto €, enquanto se verificar, 0 sujeito ativo esté impedido de exigir o crédito tributirio. Moratoria Moratéria significa prorrogagao, concedida pelo credor ao devedor, do prazo para pagamento da divida, de uma s6 vez ou parceladamente. Depésito O sujeito passivo pode depositar o valor do crédito tributério, quando entender como sendo indevido, optando por discutir sua exigibilidade administrativa ou judicialmente. Nao € necesséria autorizacao judicial para tanto. Findado o processo (administrativo ou judicial), se a decisio for favoravel ao contribuinte, o montante depositado ser4 levantado por ele, a0 contrério, o montante depositado ser convertido em renda do sujeito passivo. Reciamacoes e Recursos Administrativos ‘As impugnagées e os recursos administrativos, enquanto nao julgados, impedem o sujeito passivo de exigir 0 crédito contestado. * Medida liminar em mandado de seguranca ~ O mandado de seguranga € um processo pelo qual os cidadaos buscam protegio de direito liquido e certo, lesado ou ameacado por ato de autoridade administrativa. Tal aio 6 muito utilizada no direito tributirio, sempre que uma lei inconstitucional determinar a exigéncia de um tributo ¢ sempre que a autoridade fiscal comete uma ilegalidade. Nesse proceso, € possivel requerer a concessio de uma liminar (antecipacio da decisao final) se os argumentos forem plausiveis e se existir risco de prejuizos em vista da demora natural para juga mento do processo. © Concesséo de liminar em qualquer espécie de ago judicial (LC 104/2001) — Nos dias de hoje, qualquer acio judicial poder antecipar os efeitos da sentenga. Isso possibilita ao juizo, por meio de pedido liminar, suspender a exigibilidade do crédito tributério caso estejam presentes o risco de dano irreparével ao contribuinte. * Parcelamento ~ O contribuinte pode propor o parcelamento do débito quando este estiver previsto na lei tributéria, ou seja, previsto como no caso de Programacio de Recuperacio Fiscal (REFIS), assim, em vigor um parcelamento, a exigibilidade do crédito encontra-se suspensa. Extingao Tributaria £ 0 desaparecimento do crédito tributério. Como nas obrigacées, em geral, sua forma mais comum de extingdo € 0 pagamento, que significa a satisfacdo do direito credit6rio (direito a determinado crédito ¢ titulos representativos deste direito).. Hipoteses de Extingao do Crédito Tributario Pagamento ~ Principal meio de extingio do crédito tributério. Na hipétese de paga~ mento indevido, resta a0 contribuinte a possibilidade de buscar a restituigdo por meio da agio de repetigio de indébito (arts. 165 ¢ 166 do CTN). Compensagao — Tendo o contribuinte crédito contra 0 sujeito ative, decor- rente de pagamento indevido, é possivel extinguir o crédito tributério mediante a compensagio com tais valores a rece- ber (Lei n® 8.383, art. 66 ¢ art. 170 do CTN). Se o direito 4 compensagio for decorrente de decisio judicial, cle nio poderd ser usufruido antes do transito em julgado (art. 170 - A - LC 104/2001). Transagao ~ (art. 171 do CTN) ~ Negociacio visando extingao do crédito tri- butério, é 0 acordo visando por fim ao crédito tributério. Remissao ou anistia — (art. 172 do CTN) ~ Perdio do crédito tributério, deve ser concedido por meio de lei. Decadéncia — (art. 173 do CTN) — Ea extingao do direito de constituir 0 crédito tributario em visto do transcurso do tempo (cinco anos). Prescrigao ~ (art. 174 do CTN) - Ea perda do direito de agio em relagio a cobranca do crédito tributério (cinco anos). Conversao do depésito em renda - 0 valor depositado para suspendera exigibilidade (art. 151, inc. Ill do CTN), quando ocon- tribuinte perde o processo é convertido em renda, extinguindo o crédito tributirio. Pagamento antecipado e homologacio — Nos tributos submetidos ao langa- mento por homologagio (ICMS, IPI, COFINS) o contribuinte apura o montante devido ¢ faz o recolhimento. (art. 150 § 4° do CTN). A homologagio ocorre quando a autoridade administrativa ratifica o agir do contribuinte (expressa) ou em vista do transcurso do tempo sem que a autoridade tenha ratificado (técita). Consignagao em pagamento - Quando existe discussio em relagio ao montante devido, 0 sujeito passivo consigna o valor judicialmente (art. 164 do CTN) e se vencer © processo o valor consignado é considerado como pagamento, extinguindo 0 crédito tributario. Decisio administrativa — A decisio administrativa definitiva e favorével a0 con- tribuinte extingue 0 crédito tributério, nio podendo mais ser discutido na justica. Discussio acerca do recurso hierérquico. Decisao judicial - A decisio judicial definitiva ¢ favoravel ao contribuinte extin- gue o crédito tributério. Dagao em pagamento de bens iméveis — A regra é que os tributos devem ser pagos em moeda corrente, contudo a legislagdo permite que iméveis sejam utiliza- dos para a quitacio de diversos tributos, ocorrendo a transferéncia do imével ¢ a consequente quitagdo do valor, o tributo ser extinto. @ OubInGiL ONSiIG € Direito Tributario 2 Divida Ativa Depois de definitivamente constituido 0 crédito tributirio ¢ transcorrido 0 prazo para pagamento pelo sujeito passivo ocorre a inscrigao dele em divida ativa. A inscricio em divida ativa nao ¢ ato de constituicao do credito tributério, isso ocorre por meio do langamento. Para que ocorra a inscrigio em divida ativa, pressupée-se que 0 crédito tributirio esteja regular e definitivamente constituido e, ainda, que se tenha esgotado o prazo fixado para seu pagamento. Mesmo depois de inscrito, o crédito tributério continua a render juros de mora. A fluéncia desses, todavia, nao exclui a liquidez do crédito (CTN, art. 201). Do mesmo modo, a corregio monetéria nao chega a ser um acréscimo, mas simplesmente uma forma de manter o valor efetivo do crédito. Situagio diversa, porém, é a da multa. $6 a penalidade regularmente aplicada pode ser cobrada, e, portanto, a aplicacao regular da multa € pressuposto para a inscrigao do crédito respectivo. Depois da inscricao, nao se pode acrescentar ao crédito qualquer garantia a titulo de multa, ainda que simplesmente morat6ria, assim: * — Ocorre — Depois que o Poder Publico verificou que est4 na hora do contribuinte pagar, porque se esgotaram todos os tramites possiveis. - art. 201 do CTN * — Conceito - art. 201 do CTN: constitui divida ativa tributaria a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartigéo administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisao final proferida em processo regular. Para os efeitos desse artigo, a fluéncia de juros de mora nao exclui a liquidez do crédito. * Divida ativa significa o crédito que o fisco tem o direito de exigir. * 0 fisco unilateralmente confecciona seu titulo de crédito para cobrar seu devedor. * No livro préprio (Livro de Registro da Divida Publica) ele faz o termo de ins- crigéo de divida ativa. * Do livro, extrai-se uma certidao. - Essa certidao sera um titulo executivo extrajudicial no qual o Poder Publico cobrara do contribuinte por meio de uma agao executiva (regulada pela Lei n? 6.830/80 — Lei de Execugao Fiscal) seu crédito. VW Processo Administrativo Fiscal A expressio Processo Administrativo Fiscal (PAF) pode ser usada em sentido amplo ¢ em sentido restrito. * Sentido amplo: designa o conjunto de atos administrativos tendentes ao reconhe- cimento, pela autoridade competente, de uma situagio jurfdica pertinente a relacio fisco-contribuinte. * Sentido estrito, designa a espécie de processo administrativo, destinada & determinacio e exigéncia do crédito tributério Decreto-Lei n® 70.235/72. Compondo um processo, no sentido anteriormente indicado, a atividade administrativa desenvolvida pela autoridade da administragio tributiria € sempre vinculada, aplicando-se os princfpios ¢ as determinagées previstas em lei, Uma vez realizado o fato gerador, 0 Estado devers realizar o langamento para constituir crédito tributario. Constituido o crédito tributério, o contribuinte pode optar por duas possibilidades, dentro do prazo de 30 dias deverd pagar o crédito tri- butério, ou no mesmo prazo interpor recurso administrativo contra a constituigio do referido crédito, neste caso, inicia-se 0 processo administrativo fiscal. Hugo de Brito Machado (professor, advogado e especialista em direito tributario) ensina que é necessaria a instituigao de um processo administrativo fiscal, desti- nado a regular a pratica dos atos da administragao e do contribuinte no que se pode chamar acertamento da rela- Ao tributdria. A atividade que se desenvolve no ambito do processo administrativo fiscal é, do ponto de vista formal ou orginico, de natureza administrativa, embora o seu contexido seja, em alguns casos, de natureza jurisdicional. Acabando 0 processo de fiscalizagio, o fiscal emitir um termo de encerra- mento de fiscalizacio mencionando que nao encontrou irregularidades na empresa ou emitiré um auto de infragao, cobrando os tributos que julga serem devidos. ‘A partir do momento da lavratura do auto de infragio, a empresa deve efetuar a defesa administrativa de fato e de direito, anexando provas com o objetivo de reverter a cobranga dos tributos. O processo de defesa administrativa pode ser elaborado pelo contador ou qualquer outro profissional, nio havendo a exigéncia de um advogado. O contribuinte, se no tiver a sua pretensio atendida na esfera administrativa, poder recorrer ao Poder Judiciério na tentativa de anular a exigéncia fiscal. Um processo de defesa administrativa, considerando as trés instincias, tem uma estimativa de duragio de 3 a 5 anos; no Judicidrio a estimativa é de mais 4 a5 anos. Sao 7 a 10 anos de espera, podendo ocorrer no meio um REFIS/PAES ¢ ainda alguns juristas estio pedindo a isonomia constitucional (igualdade) para com os parcelamentos dos 6rgios piblicos com a Unio que é de 240 meses. Resumindo, se 0 contador, por ocasiao do langamento contébil, levantar todas as provas necessdrias (mesmo cm assuntos controversos pela fiscalizagio) poderd administrar com sobra todos os aspectos de tributagio da empresa. Ne F olieinaiil CiiaiiG Veja a seguir o esquema que representa 0 Processo Administrativo Fiscal (PAF). PAF | 30 DIAS Delegado i | 30 DIAS Conselho de Contribuintes H Se divergente 15 DIAS de pasigao a dominantes Camara Especial ie Atividades Defina obrigagao tributaria. a 2 3) 4 5) Defina fato gerador de hipdtese de incidéncia. Direito Tibutério 2 Diferencie contribuinte de responsavel tributario. Defina langamento tributario. Indique e explique as modalidades de lancamento. 6) 7) Diferencie imunidade de isengao. Indique e explique duas modalidades de suspensao do crédito tributario. 8) Indique e explique duas modalidades de extingao do crédito tributario. 9) Explique prescrig&o e decadéncia no ambito tributario. 10) Descreva o procedimento de inscrigao em divida ativa. Direito do-Trabalho 1 Historia do Direito do Trabalho No inicio, a hist6ria do trabalho esteve ligada ao terror. Era admitido ao senhor aplicar torturas ¢ mutilagées aos seus traba- Ihadores. A primeira civilizacdo de que temos noticia que tratou acerca do trabalho foram os sumérios hé mais de cinco mil anos. Naquela época, 0 trabalhador era visto como escravo, quase sempre estrangeiro capturado nas guerras, ¢ sua vida era vista como uma mercadoria. Na Grécia Classica, 0 trabalho bragal era considerado desonroso. Os gregos foram transformados em escravos em Roma e tornaram-se professores, fildsofos ¢ conselheiros do Império, o que acarretou grande desenvolvimento cultural da civilizagio Romana. Os escravos faziam parte da familia Romana e eram enterrados na mesma sepultura da familia, ¢ nos dias de festa era proibido fazé-los trabalhar. Em determinado momento, a escravidio afastou-se do seu significado politico e visava apenas ao interesse econémico. Podemos perceber essa alteragéo de comporta- mento ao analisarmos os mercados de escravos, no qual os escravos ram tratados como verdadeiros objetos, de propriedade de seus patrées, que podiam ser vendidos ou troca- dos conforme a vontade do seu senhor. Com © feudalismo surgiu um sistema intermedidrio entre escravidio e trabalho livre. © trabalhador rural era vinculado a terra e efetuava pagamento ao senhor feudal para ter a sua protegio, pagamento que se dava por meio de cultivo nao remunerado das terras do senhor. Com o surgimento das primeiras formas de comércio, 0 de Oficio: trabalho rural perdeu um pouco de espaco. Aos poucos com Aetna dos ateséos. a evolugio da mercancia, surgiram as primeiras vilas ¢ os artesées. Essa nova forma de trabalho consistia em uma arte que Ihe causava orgulho, ¢ aqueles que desempenha- vam as mesmas atividades reuniam-se nas chamadas Corporagées de Oficio, primeira forma de organizagao dos artesios. g & 3 Fa 3 5 7) Direito do Trabalho 4. As Corporagées de Oficio eram organizadas da seguinte forma: Mestres: autorizados a explorar economicamente a atividade. Exerciam tarefas de diregéo e defesa dos interesses da classe. Companheiros ou oficiais: trabalhador remunerado das oficinas, para passar a mestre e trabalhar por conta propria devia realizar uma “obra-prima’, trabalho de alto grau de dificuldade. Aprendizes: jovens entregues aos mestres por suas fami- lias para aprender um oficio. Apés o aprendizado, tornavam-se companheiros. O Trabalho e a Revolucao Industrial Com a Revolucio Industrial, as corporagdes de oficio foram transformadas em fabricas com producdo em larga escala. Podemos dizer que esse foi o perfodo mais critico da hist6ria do trabalho. Em razio da substituicio da forca bracal pelas maquinas, gerou-se desemprego. Com a grande oferta de mio de obra, os salérios oferecidos passaram a ser mais baixos. Nessa época, nao havia nenhum controle estatal. Exigia-se trabalho além dos limites humanos, inclusive era utilizada mio de obra de criangas de até 6 anos, e jornadas de 14a 15 horas, e com a chegada da iluminacao a gis, a jornada passou a ser de 18 horas disrias. Em razio disso, grande parte dos trabalhadores morava na propria fibrica, ¢ o salério apenas os impedia de no morrer de fome Atividade Faga uma comparagao entre como era exercido o trabalho na época da Revolugao Industrial e como o trabalho é exercido nos dias de hoje. Quais foram os direitos e as garantias herda- dos pelos trabalhadores da atualidade? Direito do Trabalho E neste cenario que surgem as ideias socialistas de Karl Marx, intelectual e filésofo alemio, fundador da doutrina comunista moderna. Com a Revolugio Soviética de 1917, ganham forca os movimentos sindicais operarios, tendo inclusive a Igreja se manifestando sobre as questées do trabalho. O Estado rompe a sua inércia ¢ comeca a intervir no trabalho promulgando as primeiras leis de protec. Em sintese, surge 0 direito do trabalho. Curiosidade: O dia 12 de maio ficou conhecido como o Dia do Trabalho para home- nagear os mortos no incidente de 01/05/1889, em Chicago, EUA. Houve um confronto entre policiais e grevistas, tendo sido arremes- sada uma bomba que matou manifestantes e policiais. Os oito lideres grevistas foram presos, sendo sete condenados a morte e um & prisao perpétua. O Trabalho no Século XX Foi a partir do século XX que os trabalhadores tiveram as maiores conquistas em termos de protecio © garantia para exercicio do trabalho. Entre as principais protegées podemos citar: © Sistema sindical livre; * Limitagao da jornada de trabalho; * Concessio de perfodos de repouso; * Salério minimo; * Protecio contra despedida arbitréria; Instalagio de previdéncia social com amparo na doenga ¢ na velhice. iras lels Constituigdes no mundo que inclufram a protegao as pri trabalhistas: * Constituigdo Mexicana de 1917 * Constituigaéo da Republica de Weimar - Alemanha, 1919 * Carta Del Lavoro — Italia, 1927 Conceito de Direito do Trabalho Ramo da ciéncia juridica que regula a relagio de emprego ¢ as situagdes conexas, bem como a aplicagao das medidas de protegio ao trabalhador. Origem do Direito do Trabalho no Brasi Inicialmente, 0 direito do trabalho era tratado como uma matéria de direito civil ¢ direito comercial, sendo definido como uma locagio de servigos, ou seja, era considerado um tema de direito privado. Com a evolugio das relagdes de trabalho, e 0 advento da Consolidagio das Leis do Trabalho (CLT), passou a ser considerado um direito ptiblico ¢, modernamente, os estudiosos do direito passaram a consideré-lo um direito social. € F oijjeaely op oiisiig Fontes do Direito do Trabalho ‘Como jé vimos, fontes do direito sio as formas como as regras juridicas nas- cem e se materializam no mundo real. Assim, o direito do trabalho materializa-se por meio das suas fontes que sao: * As leis, que em matéria de direito do trabalho sio de competéncia exclu- siva da Unio. As principais leis aplicaveis so a Constituigio Federal ¢ a Consolidacio das Leis Trabalhistas (CLT); * Sentengas Normativas — decises dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) em dissidios coletivos; * Convengées e Acordos Coletivos; + Contrato Coletivo de Trabalho — pacto coletivo em nivel superior entre as conféderagées, abrangendo todos os trabalhadores do pais; + Regulamento de empresas; + Usos e costumes; * Contrato de trabalho; + Jurisprudéncias; + Doutrina; + Principios gerais de direito; + Direito comparado; + Analogia; + Equidade. Com relagio a hierarquia entre as normas do dircito do trabalho, a doutrina é undnime em afirmar que seré superior a norma que apresentar maiores vantagens ao trabalhador. re 5 = e 8 3 2 2 a Principios do Direito do Trabalho O direito do trabalho possui varios princfpios que norteiam a sua aplica~ go a0 caso concreto. A aplicagéo desses princfpios subsidiariamente as demais normas possuli previsio expressa no art. 8° da CLT. Classificamos os prinefpios do direito do trabalho da seguinte forma: Principios que Visam a Protegdo do Trabalhador * In diibio pro operirio — Na dtivida, aplica-se a regra mais favorivel ao trabalhador. Aplicagio da norma mais favordvel - Havendo conflitos de normas, ser4 aplicada a que for mais favoravel ao trabalhador. Manutengao da condigao mais benéfica ~ Nao se pode reduzir ow afastar uma vanta~ gem jé concedida ao trabalhador, respeito aos direitos adquiridos. Principio da irrenunciabilidade dos Direitos Os direitos do trabalhador nio podem ser objeto de remincia ou transacio, pois so normas de ordem piiblica. Saiba Mais: O artigo 8° da CLT dispde que o direito do trabalho contém normas de ordem publica, ou seja, 6 de interesse fundamentalmente ptiblico que © proprio trabalhador nao possa abrir mao desses direitos em qualquer tipo de negociagao fora do Ambito de protegao da CLT. Principio da Primazia da Realidade Da maior enfoque aos fatos do que as determinagdes constantes em contrato. Ou seja, importa o que ocorre na pritica, mais do que aquilo que as partes tenham pactuado ou aquilo que conste em documentos, formulérios, etc. Significa que, em caso de discordancia entre ‘0 que ocorre na pritica ¢ o que esta em documentos ou acordos, deve-se dar a0 que sucede nos fatos. Pi cipio da Continuidade da Relagado de Emprego Em no havendo expressa previsdo contratual de prazo determinado para duragio do contrato de trabalho, presume-se que foi firmado por prazo indeterminado. Principio da Intangibilidade Salarial Assegura a irredutibilidade salarial, garantindo que 0 trabalhador receba seu salério de forma estavel, sem participar dos riscos da atividade econdmica. € F oijieaeiy Op viisiia C ot 2 & & 8 Contrato de Trabalho e Relacao de Emprego Hé contrato de trabalho sempre que uma pessoa fisica se obrigar a realizar atos, exe~ cutar obras ou prestar servicos para outra pessoa fisica ou juridica e sob dependéncia desta, durante um periodo determinado ou indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneracio. Teorias do Contrato do Trabalho Sao duas as teorias para definir a natureza juridica do contrato de trabalho, sio elas: Contratualismo Considera a relacio entre empregado e empregador um contrato. O seu fundamento reside na tese de que a vontade das partes é a causa insubstitufvel e tinica que pode constituir © vinculo juridico. Anticontratualismo Ao contrério da teoria anterior, sustenta que a empresa é uma instituigio, na qual hé uma situagio estatutéria e no contratual. E 0 estatuto da empresa que prevé as condigdes de trabalho prestadas sob a autoridade do empregador, que é detentor do poder discipli- nar, A Lei Brasileira no art. 442 da CLT define a relacio entre empregado e empregador como um contrato, mas afirma que 0 contrato corresponde a uma relagdo de emprego. Classificac¢ao do Contrato de Trabalho O contrato de trabalho pode ser classificado: Quanto a Forma Verbal ou escrito, a relagio juridica pode ser formada pelo ajuste expresso escrito, pelo ajuste expresso verbal ou pelo ajuste ticito. Quanto 4 Duracao Hé contratos por prazo indeterminado e contratos por prazo determinado (CLT, art. 443). A diferenca entre ambos reside na sua formacio, ou seja, se as partes ajustaram ow nao 0 seu termo final. Em tendo sido ajustado o termo final, 0 contrato serd por prazo determinado. A forma geral e mais comum € 0 contrato por prazo indeterminado. Espécies de Contrato de Trabalho Sio virias as espécies de contrato de trabalho, estudaremos a seguir os mais importantes e mais utilizados no direito brasileiro. Contrato de Trabalho Individual Eo acordo, ticito ou expresso, formado entre empregador e empregado, para a prestagio de servico pessoal, contendo os elementos que caracterizam relagio de emprego. Contrato de Trabalho Coletivo E acordo de cardter normativo, formado por uma ou mais empresas com entidades sindicais, representativas dos empregados de determinadas categorias, visando a autocom- posicao de seus conflitos coletivos. Contrato de Trabalho de Equipe # aquele firmado entre a empresa e um conjunto de empregados, representados por um chefe, de modo que o empregador nio tem sobre os trabalhadores do grupo os mes- mos direitos que teria sobre cada individuo (no caso de contrato individual), diminuindo, assim, a responsabilidade da empresa. E forma contratual nao prevista expressamente na legislacao trabalhista brasileira, mas aceita pela doutrina e pela jurisprudéncia. Um exem- plo de contrato de equipe ¢ aquele formado por maestro e integrantes de uma orquestra ou de uma equipe de garcons que atendem a um evento. Contrato de Trabalho e Contrato de Sociedade No contrato de trabalho, existe sempre troca de prestagdes entre 0 empregado ¢ 0 empregador, sendo 0 primeiro subordinado ao segundo. No contrato de sociedade, ha trabalho comum e também a intengdo comum dos sdcios de compartilharem lucros e assu- mirem as perdas ¢ os riscos do empreendimento (afféctio societatis), inexistindo, além disso, qualquer vinculo de subordinagio entre os sécios. Contrato de Trabalho e Contrato de Empreitada No contrato de trabalho, existe vinculo juridico de subordinagao, sendo o empregado supervisionado pelo empregador, seu objeto é fandamentalmente 0 trabalho subordi- nado. No contrato de empreitada, a execucio do trabalho nio é dirigida nem fiscalizada de modo continuo pelo contratante, seu objeto € o resultado do trabalho. Contrato de Trabalho e Contrato de Mandato ‘Tanto em um como em outro existem vinculos de subordinacio juridica a quem remunera 0 servico, no entanto, o vinculo de subordinagio é mais acentuado no contrato de trabalho. O contrato de mandato permite maior autonomia ao mandatério. Assim, a principal distingio entre um e outro est no grau de subordinagio entre empregador e empregado. Nao Esquecal! O contrato de trabalho é contrato de direito privado, consensual, sinalagmatico (obrigagdes reciprocas), comutativo, de trato sucessivo, oneroso. € F Sijieaeiy op oijaiig DishedoTinbethe 2 | Empregado e Empregador Empregado Empregado € a pessoa fisica que presta pessoalmente a outrem servigos nao eventuais, subordinados e assalariados Considera-se empregado toda pessoa fisica que prestar servigos de natureza nao eventual a empregador, sob dependéncia deste e mediante salario. (CL, art. 3%) WV Sio requisitos legais do conceito de empregado: + Pessoa fisica — empregado é pessoa fisica ¢ natural; * Continuidade ~ empregado é um trabalhador no eventual; * Subordinacdo ~ empregado é um trabalhador cuja atividade € exercida sob dependéncia; * Salario ~ empregado € um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo servigo que presta, recebe uma retribuicéo; * Pessoalidade — empregado é um trabalhador que presta pessoalmente os servigos. Hé doutrina que entende que o trabalhador auténomo € quem trabalha por conta propria ¢ subordinado € quem trabalha por conta alheia. Outros sustentam que a distin- ao sera efetuada verificando-se quem suporta os riscos da atividade, e, se os riscos forem suportados pelo trabalhador, ele sera auténomo. Como vimos, hé importante diferenca entre empregado e trabalhador auténomo. © elemento fundamental que os distingue € a subordinagio. O empregado € trabalhador subordinado, enquanto que o auténomo trabalha sem subordinagio. Trabalhador Eventual £ importante, também, diferenciarmos empregado de trabalhador eventual. Para explicar essa diferenca, existem trés teorias: Teoria do Evento Segundo a qual, eventual € 0 trabalhador admitido numa empresa para determinado evento, os fins da empresa. Nesse caso, 0 trabalhador eventual € quem vai desenvolver os servigos nio coincidentes com os seus fins normais. Como exemplo podemos citar um pedreiro que constréi um muro para a empresa que 0 contrata. Teoria da Descontinuidade Segundo a qual, eventual € 0 trabalhador ocasional, esporédico, que trabalha de vez em quando. O exemplo que cabe, ainda € o do pedreiro que constréi o muro. Teo! cacao Segundo a qual, eventual € trabalhador que nao se fixa a uma fonte de trabalho, a sua fixagao juridica. Como no exemplo do pedreiro que constréi o muro, nada o impede de construir para outros também. Assim, terminada a construgio do muro, o trabalhador nao est4 obrigado a continuat prestando servigos para quem o contratou de forma eventual. Trabalhador Avulso Sao caracterfsticas do trabalho avulso a intermediacao do sindicato do trabalhador na colocaco da mio de obra, a curta duragdo do servico prestado a um beneficiado ¢ a remuneracao paga basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato; pela CE/88, art. 72, inc. XXXIV, foi igualado ao trabalhador com vinculo empregaticio Como exemplo podemos citar os folguistas ou feristas que sdo contratados exclusiva- mente para cobrir as folgas ou férias de outros empregados. Trabalhador Temporario © trabalho temporério é aquele prestado por pessoa fisica a uma empresa, para atender a necessidade transit6ria de substituigdo de seu pessoal regular e permanente ou acréscimo extraordindrio de servicos (art. 22, da Lei n® 6.019/74); completa-se com outro conceito da mesma lei (art. 42), que diz: "compreende-se como empresa de trabalho tem- porério a pessoa fisica ou juridica urbana, cuja atividade consiste em colocar 3 disposigio de outras empresas, temporariamente, trabalhadores devidamente qualificados, por elas remunerados ¢ assistidos." Empregador Por sua vez, 0 conceito de empregador est descrito no art. 2° da CLT que dispoe que empregador € 0 ente, dotado ou nao de personalidade juridica, com ou sem fim lucrativo, que tiver empregado. Observe que 0 conceito nao limita a possibilidade do empregador ser um grupo de empresas, e, neste caso, havera responsabilidade solidaria dos grupos de empresas com relacio A protecio aos direitos do trabalhador. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade juridica prépria, estiverem sob a direcéo, controle ou administragio de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer atividade econémica, serio, para os efeitos da relacio de emprego, solidariamente responsaveis a empresa principal e cada uma das subor- dinadas, conforme disposto no art. 28, § 2° da CLT. Sucessao de Empresas © contrato de trabalho € pessoal em relagio ao empregado, mas nao € personalissimo em relagao ao empregador, assim a mudanga na estrutura juridica e a sucessio de empresas, em quaisquer uma de suas formas, em nada afeta 0 contrato de trabalho, ficando preservados 08 direitos dos trabalhadores. Tal fato ocorre no caso de sucessio de empresas em face do principio da continuidade do contrato de trabalho. © *Poujedell Op olisiia € Direito do Trabalho 4 A sucessio de empresas gera os seguintes efeitos nos contratos de trabalho: © subrroga-seo novo proprietarioem todasas obrigacées do primeiro, desenvolvendo-se normalmente 0 contrato de trabalho, sem qualquer prejuizo para 0 trabalhador; * acontagem do tempo de servigo nao é interrompida; * as obrigaces trabalhistas vencidas & época anterior a sucesso, mas ainda no cum- pridas, sio exigiveis; * as sentengas judiciais podem ser executadas, desde que nao prescritas, respondendo o sucessor, por seus efeitos. Poderes O empregador possui ao seu dispor varios poderes em relagao ao empregado ¢ ao con trato de trabalho, vejamos: * Poder de direcao —E a faculdade atribuida ao empregador de determinar 0 modo como a atividade do empregado deve ser exercida, em decorréncia do contrato de trabalho firmado pelas partes. * Poder de organizagao — Consiste na ordenacio das atividades do empregado, inserindo-as no conjunto das atividades da produgio, visando 4 obtengio dos obje- tivos econémicos e sociais da empresa. * Poder de controle — Direito de o empregador fiscalizar as atividades profissionais dos seus empregados, uma vez que efetua o pagamento do salério. * Poder disciplinar — Direito de o empregador impor sangées disciplinares a0 empre- gado, de forma convencional (previstas em convengio coletiva) ou estatutéria (previstas no regulamento da empresa), subordinadas 3 forma legal. No direito brasileiro as penalidades que podem ser aplicadas sao a adverténcia verbal ou escrita, a suspensao disciplinar, verbal ou escrita que, em regra é de um a cinco dias, sendo que nao pode ser superior a trinta dias e a demiss4o por justa causa. No caso especifico do atleta profissional 6 ainda passfvel de multa. Atividades 4) Comente os trés princfpios do direito do trabalho. 2) Defina contrato de trabalho. 3) Comente a definigaéo de empregado. 4) Defina empregador. Do Contrato de Trabalho e suas Alteracoes Da Possibilidade de Alteragao do Contrato Durante a relagio de trabalho entre empregado e empregador, € possivel ajustes das con- dices originariamente pactuadas pelas partes, por meio de alteracdes no contrato de trabalho. Esses ajustes serdo expressos ou ticitos, ¢ os ajustes expressos podem ser firmados por escrito ou verbalmente. Nao podemos esquecer, ainda, que 0 contato de trabalho pode ser informal, ou seja, sem nenhum ajuste prévio entre trabalhador e empregador, sendo que, mesmo nestas hipéteses, € possivel alteracio do contrato de trabalho. © empregado, quando admitido de forma expressa, ser por prazo indeterminado ou deter- minado (CLT, art, 443). A regra geral é pelo prazo indeterminado, ou seja, silenciando as partes sobre a duragio do contrato, presume-se que € por prazo indeterminado. © © contrato de experiéncia é aquele que oportuniza a0 empregador, durante certo tempo, verificar as aptidées do empregado, tendoem vista a sua contratagio, ou nao, por prazo indeterminado. Z oiieasiT Op ois Havendo contratagio de empregado, & obrigatério o registro na Carteira de Trabalho Previdéncia Social - CTPS. O registro em CTPS € a prova da existéncia do contrato de trabalho ¢ das condigdes em que foi pactuado. ‘Tanto nas relagées de emprego verbalmente ajustadas como naquelas em que hé contrato escrito, haver4, além do contrato com as cléusulas combinadas, o registro em CTPS. O registro € obrigatério ¢ nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a cartcira, visto que o empregador deve realizar as anotagées no prazo legal de 48 horas, devol- vendo-a em seguida a0 empregado, conforme previséo expressa do art. 29 da CLT. € Direito do Trabalho 2 As anotacGes realizadas na CTPS geram presungao relativa quanto existéncia da relacio de emprego e serio efetuadas pelo empregador, salvo as referentes a dependentes do portador para fins previdencidrios, que serdo feitas pelo INSS, bem como as de acidentes de trabalho (arts. 20 e 30, CLT). Ali obriga o empregador a efetuar 0 registro de todo empre- gado em fichas, livros ou sistema eletrénico (CLT, art. 41). O registro tem a natureza de prova do contrato. E documento do empregador, prestando-se para esclarecimentos solicitados pela fiscalizagao trabalhista exercida pela Delegacia Regional do Trabalho. Principios As alteragGes das condigées de trabalho sao regidas por princfpios que estudaremos a seguir: * Principio legal da imodificabilidade: nos contratos individuais de trabalho, s6 € licita a alteracao das respectivas condi¢ées por miituo consentimento e, ainda assim, desde que nao resultem, direta ou indiretamente, prejuizos ao empregado, sob pena de nulidade da cléusula que vier infringir desta garantia (art. 468, CLT). * Principio doutrindrio do jus variandi: € 0 direito do empregador, em casos excep- cionais, de alterar, por imposicio e unilateralmente, as condigbes de trabalho dos seus empregados com relagio a funcdo, ao salério ¢ local da prestacao do servico. Suspensao e Interrup¢ao Além das alteragdes das condigées inicialmente pactuadas entre empregado e traba- Ihador, o contrato de trabalho também pode ser suspenso ou interrompido a critério. Suspensio do contrato de trabalho: é a paralisacio temporaria dos principais efeitos do contrato em razio de um fato juridicamente relevante, sem romper o vinculo empregaticio entre as partes. Sao exemplos de suspensao de contrato de trabalho: 0 mandato sindical; a aposenta~ doria por invalidez; o servigo militar obrigatério; crise econdmica; dentre outros. Interrupcao do contrato de trabalho: é a paralisagio durante a qual a empresa paga salérios e conta o tempo de servico do empregado. Jornada de Trabalho Jornada normal de trabalho € 0 tempo durante o qual o empregado presta servigo ou permanece a disposicdo do empregador, com habitualidade, excetuadas as horas extras. Nos termos da CF/8, art. 72, ine. XIII, sua duracio deve ser de até 8 horas didrias, € 44 semanais. No caso de empregados que trabalhem cm turnos ininterruptos de reveza~ mento, a jornada deverd ser de 6 horas, no caso de turnos que se sucedem, substituindo-se sempre no mesmo ponto de trabalho, salvo negociacio coletiva. © tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para seu retorno nao € computado na jornada de trabalho, salvo se for local de dificil acesso ou nao servido por transporte piiblico e 0 empregador fornecer a condugio (art. 58, § 2° da CLT), é a chamada jornada in itinere. Classificagao da Jornada de Trabalho Quanto a Duragao * ordinaria ou normal — desenvolve-se dentro dos limites estabelecidos pelas nor- mas jurfdicas; * extraordinéria ou suplementar — ultrapassa os limites normais; © limitada — quando hé termo final para sua prestagio; * ilimitada — quando a lei nao fixa um termo final; * continua — quando corrida, sem intervalos; * descontinua ~ se hi intervalos; * intermitente — quando com sucessivas paralisagées. Quanto ao Periodo * — diurna (entre 5 e 22 horas); * noturna (entre 22 horas de um dia ¢ 5 do outro) - teré remuneragio acrescida de, no mfnimo, 20% sobre a hora diurna. A hora do trabalho noturno ser4 computada como de 52 minutos ¢ 30 segundos; * mista: quando a jornada engloba tanto perfodo diurno quanto noturno. Pode ocor- rer, também, em casos de turnos de revezamento semanal ou quinzenal. Outras Classificagoes * quanto A condic’o pessoal do trabalhador: em se tratando de mulheres, de homens, de menores, de adultos a jornada de trabalho poderd ser diferenciada, respeitando a capacidade de cada trabalhador. quanto a profissdo: determinadas fungées possuem jornadas diferenciadas em razio de suas especialidades, visto que estio expressamente definidas em lei, sio elas: advo- gado, bancério, telefonista, professor, jornalista e médicos; * quanto A remuneragdo: a jornada é com ou sem acréscimo salarial; * quanto a rigidez do hordrio: hi jornadas inflexiveis ¢ flexiveis; estas tiltimas nao sio previstas pela lei brasileira; porém a lei ndo impede que sejam praticadas; sio jornadas nas quais os empregados nao tem horério fixo para iniciar ou terminar 0 trabalho. Havendo prestagio de servigo além da jornada legalmente estabelecida, o trabalhador teré direito ao pagamento das horas extras trabalhadas além da sua jornada. A forma de pagamento ¢ 0 seu cabimento sao fixadas por lei, convencio coletiva, sentenga normativa ou contrato individual de trabalho. € ¢ suieaell Op OIG ) do Trabalho 2 Em vez do pagamento de horas extras, é possivel que se a adote o sistema de compensagéo de horas. Esse sistema consiste na distribuicao das horas de uma jornada por outra ou outras jornadas diérias do quadrimestre (Lei n® 9601/98); com o sistema de compensagio, o empre- gado fard até 2 horas prorrogadas por dia, conforme disposto no art. 59, § 2° da CLT. Vocé Sabia? A redugo da jornada com diminui¢aéo proporcional do trabalho 6 licita e admitida pela CF/88 e ocorrera mediante negociacao das partes. Intervalos Durante a jornada de trabalho, estéo previstos intervalos para descanso ¢ alimentagio do trabalhador, esses intervalos podem ser: * Intervalos Interjornada: entre duas jornadas deve haver intervalo minimo de 11 horas. A jurisprudéncia assegura 0 direito 4 remuneragio como extraordi- nirias das horas decorrentes da inobservancia desse intervalo pela absorgéo do descanso semanal, vale dizer que os empregados tém o direito as 24 horas do repouso semanal acrescido das 11 horas do intervalo entre duas jornadas, uma vez que este € 0 intervalo minimo entre duas jornadas. * Intervalo Intrajornada: em qualquer trabalho continuo cuja duragio exceda a seis horas, € obrigatéria a concessio de um intervalo para descanso ou alimenta- cio, o qual ser4, no minimo, de uma hora, néo podendo exceder duas horas, salvo acordo escrito ou contrato coletivo de trabalho. Se a jornada nao exceder a seis horas, seré obrigatério um intervalo de 15 minutos quando a duracio ultrapassar quatro horas. Os intcrvalos de descanso nio serio compu- tados na duragao do trabalho. Turnos de Revezamento Quando a jornada é prestada em turnos de revezamento, os trabalhadores urbanos € rurais tém garantido 0 direito a jornada de 6 seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociagdo coletiva (art. 72 inc. XIV da CF). E possivel que, mesmo apés 0 término da jornada de trabalho seja necessario que © trabalhador permaneca de sobreaviso como no caso dos profissionais de satide, por exemplo, Sobreaviso é a permanéncia do trabalhador em sua prépria casa, aguardando a qualquer momento 0 chamado para o servigo. As horas de sobreaviso serio contadas a razio de um terco da hora normal (art. 244, § 2° da CLT). Repouso Semanal Remunerado £ a folga a que tem direito o empregado, apés determinado ntimero de dias ou horas de trabalho por semana. Trata-se de medida de cardter social, higiénico ¢ recreativo, visando a recuperacio fisica e mental do trabalhador. Essa folga € paga pelo empregador e, em principio, © perfodo deve ser de 24 horas consecutivas, que deverao coincidir, preferencialmente, no todo ‘ow em parte, com o domingo. Salario, Remuneragao e Férias Salétio é 0 pagamento realizado diretamente pelo empregador para o empregado, como retribuicio pelo seu trabalho. Esse termo possui origem na palavra salariunt, pagamento realizado aos legiondrios romanos, ¢ possui o significado de valor pago aos soldados para comprar sal. Salario e Remuneragao Salério é 0 conjunto de percepgdes econdmicas devidas pelo empregador ao empregado, no s6 como contraprestagio do trabalho, mas também pelos periodos em que estiver 3 dispo- sigio daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupgées do contrato de trabalho ou por forca de lei. Nao tem natureza salarial as indenizag6es, a participagio nos Iucros, os beneficios ¢ as complementagées previdencisrias € os direitos intelectuais. O salério nao inchui as gorjetas, os direitos intelectuais, ¢ as gratificagdes nao habituais. Assim, conforme conceito descrito no art. 457, caput da CLT: REMUNERAGAO : SALARIO + GORJETAS + DIREITOS + GRATIFICAGOES W Sistemas de Pagamento O salério pode ser pago de varias formas ¢ considerar varias condig6es. Por isso, foram instituidos os sistemas de pagamento, sio eles: * Salério por tempo: é aquele pago em fingio do tempo no qual o trabalho foi pres~ tado ou o empregado permaneceu a disposicao do empregador, ou seja, a hora, 0 dia, a semana, a quinzena ¢ o més, excepcionalmente um tempo maior. * Salério por producao: é aquele calculado com base no néimero de unidades produzi- das pelo empregado. Cada unidade é retribuida com um valor fixado pelo empregador, antecipadamente. © pagamento € efetuado calculando-se o total das unidades mul- tiplicado pelo valor unitério. O salério por producio € recebido, por exemplo, pela quantidade de roupas confeccionadas ou pela quantidade de cana-de-agticar cortada. + Salario por tarefa: é aquele pago com base na producio do empregado; 0 empregado ganha um acréscimo no preco da tarefa ou € dispensado, quando cumpre as tarefas do dia, do restante da jornada. Na maioria das vezes esse salirios € misto, sendo que 0 empregado recebe por unidade de tempo e por producio. Protegao ao Salario ACLT dispés normas de protecio ao salério, que estudaremos a seguir: + Irredutibilidade: 0 salirio somente pode ser reduzido por convengio ou acordo coletivo; * Inalterabilidade: tanto na forma como no modo de pagamento, o salério pode ser modificado, desde que com o miituo consentimento, e sem prejuizo ao empregado; * Intagibilidade: somente sio permitidos os descontos expressamente previstos em lei. Quaisquer outros descontos dependem de autorizacio do empregado. (@ 2 ouijedeil Op oiidiia ‘Vejam quais sio os descontos de salirio previstos em lei: Adiantamentos, faltas injustificadas, reparagao por danos dolosos (com a intencao de causar dano), reparagao por dano culposo desde que haja permis- sao do empregado, contribuigées previdencidrias e sindicais, imposto de renda retido na fonte, prestagéo de alimentos, multa criminal, dividas do Sistema Financeiro de Habitagao, desconto do aviso prévio nao cumprido, estorno de comissao ja paga, dividas do INSS em relagao a beneficios pagos indevida- mente, adiantamento de parcela do décimo terceiro salario em contrato extinto antes de vinte de dezembro, por justa causa. WV © Tsonomia: os trabalhadores que exercem a mesma fungio ¢ posstiem as mesmas qua~ lificagdes devem receber 0 mesmo salério. Sdo requisitos da equiparacao salarial o exercicio da mesma fungao, na mesma localidade, tempo de funcéo néo maior a dois anos, mesma produtividade e mesma perteigao técnica. * Impenhorabilidade: salvo para pagamento de prestacio alimenticia 0 salério é abso- lutamente impenhorével. Férias As férias correspondem ao perfodo do contrato de trabalho em que 0 empregado no presta servigos, com o fim de restaurar suas energias. Durante esse periodo, o trabalhador recebe remuneragio do empregador. As férias sio individuais e esse direito pode ser concedido a apenas um empregado ow a alguns empregados simultaneamente. Quando as férias forem concedidas a todos os empregados, ao mesmo tempo, as férias serdo coletivas. * Férias Coletivas — Normalmente as férias coletivas coincidem com o final do ano, Natal e Ano Novo e, em muitos casos, quando h4 uma diminuigio na sua produgéo, por exemplo, o setor de produgio entra em férias coletivas em virtude de poucas vendas, mantendo 0 trabalho normal nos demais setores ou departamentos da empresa. Em caso de férias coletivas, a CLT exige a prévia comunicagio 4 Delegacia Regional do Trabalho e ao sindicato dos trabalhadores, com a antecedéncia minima de 15 dias, informando as datas de inicio e de fim das férias coletivas, como também aos estabelecimentos ou setores atingidos pela medida (art. 139, § 22). Periodo Aquisitivo — Para que o empregado tenha direito as férias, hé necessi- dade de cumprir um periodo denominado periodo aquisitivo. No momento em que 0 empregado € admitido na empresa, comega a contar o perfodo aquisitivo, e somente apés 12 meses de vigéncia do contrato de trabalho, é que cle teré direito as férias (CLT, art. 130). Direito do Trabalho 2 O cumprimento do perfodo aquisitivo constitui condigdo para a concessao das férias ao trabalhador. Completado 0 perfodo aquisitivo, que € de 12 meses, o empregador ter4 de conceder as férias nos 12 meses subsequentes, periodo denominado periodo concessivo. Aconcessio das férias é ato exclusivo do empregador, independendo de pedido ou con- cordancia do empregado. E 0 empregador que determinarS a data da concessio das férias do empregado, da forma que melhor atenda aos interesses da empresa. © empregado, salvo as excegdes dos pardgrafos 19 ¢ 28 do art. 36 da CLT, nao tem direito de escolha da data em que usufruiré suas férias. A duragio de {érias também depende da assiduidade do empregado, softendo diminui- gio na proporgio das suas faltas injustificadas. O periodo de férias € computado como tempo de servigo do empregado na empresa, para todos os efeitos. Pagamento de Férias Sempre que as férias forem concedidas fora do prazo, isto é, apés 0 perfodo conces- sivo, 0 empregador estaré obrigado a pagé-las em dobro. Em regra, as férias devem ser concedidas de uma sé vez, em um tnico periodo. Somente em casos excepcionais é possivel o fracionamento em dois perfodos, um dos quais nao poderd ser inferior a 10 dias. (CLT, art. 134, § 19) Allei permite a conversio de um terco do perfodo de férias em pagamento em dinheiro, quando haverd a reducio do ntimero de dias de férias e 0 proporcional aumento no ganho do empregado. O abono de férias, que corresponde a um tergo do salério, deverd ser requerido até 15 dias antes do término do periodo aquisitivo (CLT, art. 143, § 12). Feérias vencidas so aquelas cujo periodo aquisitivo j4 foi completado e que nao foram ainda concedidas a0 empregado. O art. 146 da CLT dispde que em caso de cessagio do con- trato de trabalho, qualquer que seja a sua causa, as férias vencidas sero devidas a0 empregado de forma simples ou em dobro. Portanto, as férias vencidas sio devidas em todas as hipéteses de dispensa: com justa causa, sem justa causa, no pedido de demissao, e ainda no término do contrato a prazo determinado (com duragio superior a um ano). Direito Coletivo e Direito de Greve Direito Coletivo Como vimos, o Estado intervém nas relagdes entre empregador e empregado ¢ nas negociagées coletivas de trabalho. Por isso, trata-se de direito coletivo. Podem ser usadas as denominagées direito coletivo ou direito sindical. O sindicato tem poder normativo (principal fungao do sindicato). O sindicato nao € 0 tinico representante dos trabalhadores, por isso é um direito coletivo (os préprios trabalhadores se organizam, sem o sindicato). No Brasil, a estrutura sindical de hoje é a mesma que Getiilio Vargas implantou, ou seja, temos um sindicato tinico. Getiilio Vargas chamou a si os sindicatos, em troca de garantia das receitas, salirio minimo, jornada de trabalho. BIBLIOTECA aver AU are € 7 oujeaeil 6p diiaiia a é $ 2 6 Sistema Confederativo A Constituicao Federal de 1988 preservou 0 Sistema Confederativo, possibilitando a cria- Gio das seguintes entidades: sindicatos, federagdes e confederacdes, que possuem hierarquia entre si. Os sindicatos sio associagées de base e, em razao da sua maior proximidade com os tra- balhadores posstti papel mais atuante na negociacio coletiva, As federacées, por stia vez, so as associagdes de segundo graus. A federacéo pode ser criada por um sindicato e atuam, em regra, no territério de tim Estado Federado da Reptiblica. As confederacées situam-se no terceiro grau da organizacio sindical, sendo sua esfera de atuacio nacional coordenando as federagées e sindicatos do seu setor. Sindicato O sindicato é uma das espécies do género associagio, ou seja, é uma associagio que tem por fim a protecao dos interesses profissionais ou econdmicos do grupo que o constitui Fungées do Sindicato + Representativa: representa a categoria (art 82, inc. III da CF), podendo agir como substituto processual em alguns casos. + Regulamentar ou normativa: principio da autonomia privada coletiva, o grupo tem o poder de regulamentar seus interesses por meio da negociacio coletiva. + Econémica: arrecadacio de recursos para ter condigées de atuar nos interesses da categoria. + Assistencial (social): controle social, aliada A fangio de colaboracio. * Politica: intermediagio entre trabalhador e empregador ¢ estado. © Etica: para coibir priticas desleais de trabalho e preservar 0 equilibrio dos custos sociais. Contribuicado Sindical A contribuigéo sindical é compuls6ria, ou seja, obrigatéria, ¢ destina-se ao financiamento das atividades sociais. Sio pagas pelas empresas ¢ pelos profissionais liberais. A negociagio coletiva esta prevista pelo Decreto n® 21.761/32, que deu aos sindicatos legitimidade para negociar, além de conceder diretamente aos empregados ¢ empregadores a mesma legi- timagio. O procedimento das negociagdes pode ser tragado pelos estatutos deliberados em assembleia dos interessados, sendo compativel com o principio constitucional de 1988, dando interferéncia ou intervengio do Poder Pablico na organizagio sindical. Direito de Greve Evolucao Historica A greve surgiu apés a Revolugio Industrial, na qual surgiram trés movimentos: * Periodo da proibicdo: a greve € proibida. E crime contra o Estado, tipo de conspira- cio (crime de coalizao), pois juntavam muitas pessoas. * Periodo de tolerancia: o Estado nao pune o empregado como criminoso. * Periodo de reconhecimento: o Estado reconhece a greve ¢ a vé como um direito do trabalhador. Conceito Greve é um ato formal condicionado & aprovagio do sindicato mediante assembleia que acarreta a paralisagdo dos servigos ¢ a suspenséo do contrato de trabalho posstiindo como causa © interesse dos trabalhadores. E um movimento que tem por finalidade a reivindicagio e a obtengio de melhores condigées de trabalho ou o cumprimento das obrigagées assumidas pelo empregador em decorréncia das normas juridicas ou do préprio contrato de trabalho, definidas expressamente mediante indicagio formulada pelos empregados ao empregador. Quem deflagra é 0 grupo representado pelo sindicato ou nomeado por assembleia de trabalhadores mediante quorum previsto no estatuto (Lei n° 7783/89). O objetivo final da greve é a combinagio de vontades ou interesses, a intengio dos tra- balhadores de se unirem numa agio conjunta de pressio visando & realizagio direta de uma pretensio. E um procedimento usual, legal, estatutério ou convencional a ser seguido desde a proclamacio da greve até seu término. E normal um periodo de preparagio para a greve, a deliberagio pelos interessados, uum aviso prévio ao empregador e uma comunicacio a érgios do Estado. Durante a paralisacio, hé garantias e deveres atribuidos aos grevistas. Protecao ao Direito de Greve Sio direitos dos grevistas e do empregador durante o perfodo de greve: * Grevistas: realizar piquete, arrecadacio de fundos ¢ utilizagio de meios de comunicagio. + Empregador: colocar outros trabalhadores no lugar dos grevistas em algumas ocasiGes, principalmente em caso de ordem judicial no cumprida para retor- nar ao trabalho, Aquele que nao quiser participar da greve nio pode ser forcado a aderi-la, pois € proibido intimidar e impedir que as equipes mantenham o funcionamento das atividades essenciais. Atividades E possivel a dispensa de empregado com contrato de trabalho ‘suspenso ou interrompido? Indique as formas de pagamento de salario. Defina férias, Comente sobre o papel dos sindicatos frente ao exercicio do direito de greve. € eZ oieqell Op oiisiig

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