Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Na disciplina de Análise Matemática, logo ao início de certos cursos de licenciatura, é usual tratar,
entre outros temas, o da primitivação, que ainda surge aos jovens estudantes como um tema comportando
alguma dificuldade.
Um dos métodos usados na obtenção da primitiva de certas funções é o método de primitivação por
partes, que assenta na inversão da regra de derivação do produto de duas funções. Torna-se, por isso,
fundamental ter presente esta regra, o que se faz com o seguinte
TEOREMA. Seja I um intervalo de R, não vazio nem singular, e sejam f , g : I → R duas funções
diferenciáveis num ponto a∈I. Nestas circunstâncias, o produto das funções, fg , é diferenciável em a∈I,
tendo-se:
( fg ) (a) =
'
f ' (a ) g (a ) + f (a ) g ' (a ). •
Desta propriedade, caminhando no sentido inverso, retira-se a regra de primitivação por partes, que se
apresenta no seguinte
TEOREMA. Sejam f e g funções primitiváveis num intervalo I ⊆ R, não vazio nem singular. Nestas
circunstâncias, o produto das funções f ' g será primitivável em I se e só se o for o produto fg ' , tendo-se:
∫f '
g = fg − ∫ fg ' . •
O método tem como objectivo evitar o cálculo da primitiva que figura no primeiro membro da regra
antes apresentada, por ser o mesmo difícil de efectuar, porventura, mesmo impossível. Contudo, a regra de
primitivação por partes, para poder ser aplicada, necessita que se conheça a primitiva de f ' , bem como a
do produto fg ' .
Apresenta-se a seguir um conjunto razoável de exemplos concretos de utilização desta regra, em geral
retirados de testes ou exames que tiveram lugar em escolas do ensino superior.
∫ ln( x)dx.
Acontece que esta primitiva não é imediata, mas pode ser encontrada através do método de
primitivação por partes, tal como se mostra de seguida. A mesma pode escrever-se na forma:
1
g ( x ) = ln( x ) ⇒ g ' ( x ) = ⋅
x
Aplicando agora a regra de primitivação por partes, virá:
1
∫ ln( x)dx = x ln( x) − ∫ x x dx = x ln( x) − ∫ dx = x ln( x) − x + C
onde C é a constante de integração. •
EXEMPLO. Seja agora achar:
∫ ln( x + 2)dx.
Está-se perante uma primitiva não imediata, mas que pode obter-se através do método de primitivação
por partes, tendo presente que se tem aqui:
f ' ( x) = 1 ⇒ f ( x) = x
1
g ( x ) = ln( x + 2) ⇒ g ' ( x ) =
x+2
vindo, pois, nos termos da regra ora em estudo:
x 2 1
∫ ln( x + 2)dx =x.ln( x + 2) − ∫ x + 2dx = x.ln( x + 2) − ∫ 1 − x + 2 dx = x.ln( x + 2) − ∫ dx + 2∫ x + 2 dx =
ln( x + 2) x
x.ln( x + 2) − x − 2 ln( x + 2) + C = − x + C. •
ln( x + 2) 2
∫ x.cos( x)dx.
Faz-se, neste caso:
f ( x) = x ⇒ f ' ( x) = 1
∫ x. sen( x)dx.
Virá, então:
f ( x) = x ⇒ f ' ( x) = 1
∫x 2
sen( x )dx.
f ( x) = x 2 ⇒ f ' ( x) = 2 x
vindo, pois:
∫x 2
sen( x )dx = − x 2 cos( x ) − 2 ∫ x.cos( x )dx = − x 2 cos( x ) − 2[ x. sen( x ) − cos( x )] + C =
∫ xe dx.x
Tem-se aqui:
f ( x) = x ⇒ f ' ( x) = 1
g ' ( x) = e x ⇒ g( x) = e x
∫ xe x
dx = xe x − ∫ e x dx = xe x − e x + C = ( x − 1)e x + C. •
EXEMPLO. Seja determinar a primitiva:
∫e x
sen( x )dx.
f ' ( x) = e x ⇒ f ( x) = e x
vindo, portanto:
∫e x
sen( x )dx = e x sen( x ) − ∫ e x cos( x )dx.
f ' ( x) = e x ⇒ f ( x) = e x
virá:
∫e x
[ ]
sen( x )dx = e x sen( x ) − e x cos( x ) + ∫ e x sen( x )dx ⇔ 2 ∫ e x sen( x )dx = e x [ sen( x ) − cos( x )] ⇔
1 x
∫e x
sen( x )dx = e [ sen( x ) − cos( x ) ] + C. •
2
EXEMPLO. Pretende obter-se a primitiva:
∫x 2
e x dx.
f ( x) = x 2 f ' ( x) = 2 x
g ' ( x) = e x g( x) = e x
∫x 2
e x dx = x 2 e x − 2 ∫ xe x dx.
Ora, já em exemplo anterior se calculou esta primitiva, pelo que, recorrendo a ela, virá:
∫x 2
e x dx = x 2 e x − 2[ xe x − e x ] + C = ( x 2 − 2 x + 1) e x + C. •
EXEMPLO. Seja, desta vez, a primitiva:
∫ x ln( x)dx.
Faz-se, neste caso:
x2
f ' ( x) = x ⇒ f ( x) =
2
1
g ( x ) = ln( x ) ⇒ g ' ( x ) =
x
pelo que se obtém:
1 1 1 1
∫ x ln( x)dx = 2 x 2
ln( x ) −
2 ∫ xdx = x 2 ln( x ) − x 2 + C. •
2 4
EXEMPLO. Pretende obter-se a primitiva:
∫ x. arctg ( x)dx.
Faz-se, neste caso:
x2
f ' ( x) = x ⇒ f ( x) =
2
1
g ( x ) = arctg ( x ) ⇒ g ' ( x ) =
1+ x2
pelo que virá:
1 2 1 x2 1
∫ x. arctg ( x)dx = 2 x arctg( x) − 2 ∫ 1 + x 2 dx = 2 ( x 2 arctg ( x) − x + arctg( x)) + C. •
EXEMPLO. Determinar a primitiva:
∫ arctg ( x )dx.
Tem-se então:
∫ 1. arctg ( x)dx
pelo que, fazendo:
f ' ( x) = 1 ⇒ f ( x) = x
1
g ( x ) = arctg ( x ) ⇒ g ' ( x ) =
1+ x2
virá:
x 1
∫ arctg ( x)dx = x. arctg ( x) − ∫ 1 + x 2 dx = x. arctg ( x ) − ln( 1 + x 2 ) + C. •
2
EXEMPLO. Achar a primitiva:
∫ ln(2 x + 3)dx.
Tendo presente que se tem:
f ' ( x) = 1 ⇒ f ( x) = x
2
g ( x ) = ln( 2 x + 3) ⇒ g ' ( x ) =
2x + 3
vindo, portanto:
2x 3
∫ ln(2 x + 3)dx = x.ln(2 x + 3) − ∫ 2 x + 3 dx = x.ln(2 x + 3) − x + 2 ln 2 x + 3 + C. •
EXEMPLO. Encontrar a primitiva:
∫x e 3 − x2
dx.
1 2
∫x e3 − x2
∫ x ( − 2 x ) e − x dx
2
dx = −
2
devendo, então, fazer-se:
f ( x) = x 2 ⇒ f ' ( x) = 2 x
2 2
g ' ( x ) = −2 xe − x ⇒ g( x) = e − x
daqui vindo:
∫x e3 − x2
dx = −
2[
1 2 − x2 1
]
x e + ∫ ( − 2 x ) e − x dx = − x 2 e − x + e − x + C. •
2
2
2 2
[ ]
EXEMPLO. Calcular a primitiva:
∫ arcsen( x)dx.
Neste caso faz-se:
f ' ( x) = 1 ⇒ f ( x) = x
1
g ( x ) = arcsen( x ) ⇒ g ' ( x ) =
1− x2
pelo que virá:
x 1 − 2x
∫ arcsen( x)dx = x. arcsen( x) − ∫ 1− x 2
dx = x. arcsen( x ) +
2 ∫ 1− x2
dx =
1
x. arcsen( x ) + ( 1 − x 2
) 2 + C = x. arcsen( x ) + 1 − x 2 + C. •
∫x 2
sh( x )dx.
f ( x) = x 2 ⇒ f ' ( x) = 2 x
∫x 2
sh( x )dx = x 2 ch( x ) − 2 ∫ x. ch( x )dx
f ( x) = x ⇒ f ' ( x) = 1
ou seja, finalmente:
∫x 2
[ ]
sh( x )dx = x 2 ch( x ) − 2 x. sh( x ) − ∫ sh( x )dx = x 2 ch( x ) − 2 x. sh( x ) + ch( x ) + C. •