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Lógica e Práticas Discursivas Jornalísticas

Profa. Rosana Lima Soares

Sobre Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas

“Repita uma mentira tantas vezes quantas forem necessárias, até que um dia ela se
torna verdade”. A frase de Frank Abgnale Jr., o maior trapaceiro da história dos EUA,
interpretado por Leonardo di Caprio em Prenda-me se for capaz (Steven Spielberg,
EUA, 2002), bem poderia ter saído do filme Peixe Grande e suas Histórias
Maravilhosas.

Último filme do controverso diretor Tim Burton (O Planeta dos Macacos, 2001 e A
Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, 1999, entre outros), Peixe Grande é pura delicadeza.
Um pai à beira da morte, um filho que tem urgência de conhecer seu pai. A temática
lembra o também brilhante filme canadense Invasões Bárbaras (Denys Arcand, 2003),
mas a abordagem é bastante original.

O pai, Edward Bloom (Albert Finnes/Ewan Mc Gregor), tinha enorme prazer em


repetir as histórias de sua juventude que, incrementadas com uma boa dose de
imaginação, cativavam a todos. O filho, Will (Billy Crudup), que quando criança ouvia
com curiosidade as histórias do pai antes de dormir, hoje está farto delas. A ruptura
acontece quando o pai rouba a cena em sua festa de casamento: a festa que deveria ser
sua. Anos mais tarde, a pedido da mãe, Will vai ao encontro do pai bastante doente, e
pede que ele lhe conte a verdade.

Will começa pelo caminho errado. A verdade de seu pai é essa: as histórias que ele
conta. O real não existe sem o discurso. Somente quando resolve abrir seu coração e
embarcar nessas “histórias de pescador”, finalmente é capaz de conhecer um pouco mais
sobre seu pai.

Para gostar do filme é preciso abrir-se a ele, deixar-se levar, por todas as narrativas
fantasiosas, mundos povoados de gigantes e anões, irmãs siamesas, uma bruxa capaz de
predizer a morte de alguém; uma vila acessível a poucos, onde a grama é mais verde e
todos andam descalços e há festas e danças todas as noites; um peixe gigante, que
crescia mais e mais porque ninguém era capaz de pegá-lo. Uma grande mentira, que
crescia mais e mais a cada vez que se contava, escondende e revelando pequenas
verdades das vidas de cada um de nós.

Contar histórias é e sempre foi um rito que une as gerações. Uma das formas mais
primitivas de costurar o tecido social. À beira da morte, Edward Bloom pede para que
seu filho lhe conte a parte da história que ele nunca tinha inventado: como é que ele
morre; como a história termina. Will a princípio não consegue articular uma palavra,
mas logo presenteia seu pai com uma despedida digna de um peixe grande.

Janaína Castilho Marcoantonio


No USP 3096577

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