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INTRODUÇÃO À ECONOMIA

NOGAMI,Otto, PASSOS, Carlos Roberto


Martins,Princípios de Economia,São Paulo, Pioneira
Thomson Learning, 2001;
ECONOMIA
TROSTER,Roberto Luis, MORCILLO, Francisco
Mochón.Introdução à Economia, São Paulo, Makron
Books, 1999
SIQUEIRA, Nilza S., Apostila de Economia, S.P.,2004

:
VICTOR, Luiz S., Apostila de Economia, S.P.,2004
BIBLIOGRAFIA
1
APOSTILA DE ECONOMIA

1. INTRODUÇÃO
A economia é um processo sistêmico com o qual convivemos. Como na Teoria de Sistemas cada fator
influencia e é influenciado numa atividade de ação e reação, que sinergicamente se modificam
provocando resultados, que podem ser positivos ou negativos. Freqüentemente nos deparamos com
fatores, tais como: inflação, desemprego, pobreza, governo, globalização, ecologia, etc.
Reclamamos, propomos soluções, discutimos, mas nem sempre conhecemos e entendemos os fatos que
movimentam a economia. Esse é um dos principais motivos pelos quais devemos estudar economia, pois
o seu estudo aprofundado nos ajudará a formar opiniões sobre os grandes problemas de nossos tempos.
As ciências sociais estudam a organização e funcionamento da Sociedade, a economia caracteriza-se
como uma ciência social, pois, ocupa-se com o comportamento humano e estuda como as pessoas e
organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços.
Compete à economia estudar os problemas que causam ansiedade aos povos, como: inflação,
distribuição de renda, desemprego, etc. e o que faz o governo para gerenciar e conviver com esses
problemas e conflitos que afligem a humanidade.
A economia preocupa-se também em estudar os fenômenos a forma como contorná-los e gerenciá-los
com alguma previsão. Para tanto, o funcionamento do sistema econômico determina a criação de teorias
que possam analisar todos os fatores que causam distúrbios aos países e encontrar os mecanismos
necessários ao gerenciamento e controle dos mesmos, buscando assim o equilíbrio social.

2. CONCEITOS BÁSICOS
A Economia é uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos
produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e
grupos da sociedade, para satisfazer necessidades humanas.
Etimologicamente falando, a palavra vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei), que representa a
administração de uma residência. Ampliando-se o sentido, a administração das coisas do Estado,
referindo-se sempre à economia estável, ou a uma pessoa econômica, que sabe administrar com
proficiência todos os seus recursos. Identificando, a escassez, o excesso na produção e comercialização
de bens, que são abundantes em algumas regiões gerando divisas para os povos.

ESCASSEZ
A escassez é objeto de estudo da economia e, fato econômico central de qualquer sociedade, já que nem
sempre as forças produtivas são suficientes para atender todas as necessidades da população.
Em alguns países ela pode não ser muito acentuada, como nos Estados Unidos e Suécia, sendo
fundamental e destrutiva em países como a Somália e a Etiópia. Na forma como os governos conduzem
a escassez, pode estar a resposta da felicidade social, ou da submissão subserviente dos países. É verdade
que nem sempre os países podem, ou tem condições de produzir tudo que necessitam. As condições
geográficas e climáticas determinam a fertilidade do solo e a abundância na produção de matérias
primas, ou bens de consumo. O efeito sinergético bem administrado pode minimizar a escassez relativa
dos países e o intercâmbio internacional, a importação regional, poderá representar fontes de
abastecimento e redução da escassez, alem de alavancar receitas de divisas.
A Lei da Escassez consiste em satisfazer necessidades ilimitadas empregando recursos escassos.

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NECESSIDADES
Embora não se possa ter uma definição objetiva, este termo pode ser definido como sendo uma sensação
de falta, que pode representar certo mal-estar. As necessidades podem ser classificadas em individuais e
coletivas.
P r o d u ç ã o
As necessidades individuais são subdivididas em absolutas e coletivas. As coletivas são àquelas sentidas
por todos os seres humanos, e as relativas que variam de pessoa para pessoa e são influenciadas por
fatores como: hábitos de comportamento, valores, costumes sociais, etc.
. I
As necessidades coletivas são as sentidas por um grupo de seres humanos. São desejos básicos tais
n
como: saúde, segurança, saneamento, etc. Geralmente, estas necessidades são atendidas por programas
de ação executada pelo Estado e não individualmente.
v
Tanto as necessidades individuais como as coletivas, variam de acordo com a sociedade, pois são
e
influenciadas por elementos como padrão cultural do grupo, clima, disponibilidade de recursos.
s R
PROBLEMAS t ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS e
• O que eiquanto produzir? n
• Como produzir? Eficiência produtiva
• m produzir? Trabalhadores, capitalistas, proprietários de terra, agricultura ou d
Para quem indústria,
mercado interno ou externo.
e a
O QUE E QUANTO n PRODUZIR?
Já que não se pode produzir tudo o que a população deseja, a sociedade deve escolher entre as várias
t bens e serviços serão produzidos e em que quantidades.
alternativas, quais
Devemos produziro mais automóveis que roupas? Mais roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e
quanto de alimentos?

COMO PRODUZIR?
Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhidos será
C o n s u m o
produzido. Normalmente os bens podem ser obtidos mediante diferentes combinações de recursos e
técnicas. Nesse sentido deve-se optar pela técnica que resulte no menor custo por unidade de produto
obtido.

PARA QUEM PRODUZIR?


Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira decisão
fundamental: quem irá receber esses bens e serviços?
Sabemos que a produção total de bens e serviços deverá ser distribuída entre os diferentes indivíduos que
compõem a sociedade. De que maneira essa distribuição ocorrerá? Será que todas as pessoas receberão a
mesma quantidade de bens e serviços? Ou será que a distribuição de bens e serviços será feita segundo a
contribuição de cada um à produção? Ou a cada um segundo sua necessidade?

ATIVIDADE ECONÔMICA
Conjunto de esforços realizados pelos seres humanos para produzir os bens e os serviços capazes de
satisfazerem as suas necessidades.A extensão das necessidades a serem satisfeitas, os recursos e
tecnologias disponíveis são fatores determinantes para a Atividade Econômica de qualquer sociedade.

AGENTES ECONÔMICOS

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São pessoas de natureza física ou jurídica que, através de suas ações, contribuem para o funcionamento
do sistema econômico. São eles:
 As famílias (unidades familiares);
 As empresas (ou unidades produtivas);
 O governo.

As famílias incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de


consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços objetivando o atendimento de suas
necessidades de consumo. Por outro lado, as famílias na qualidade de proprietárias dos recursos
produtivos, fornecem às empresas os diversos fatores de produção: Trabalho, terra, capital e capacidade
empresarial.
As empresas são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços.
O governo, por sua vez, inclui todas as organizações, que direta ou indiretamente, estão sob o controle
do Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais.

RECURSOS PRODUTIVOS

FATORES DE PRODUÇÃO: São os recursos empregados pelo homem para produção de bens e
serviços. Compreendem o trabalho humano, o capital e os recursos naturais.
TRABALHO: Contribuição do ser humano, na produção, em forma de atividade física e mental;
CAPITAL: Conjunto de máquinas, equipamentos e ferramentas que concorrem para a produção de bens
e serviços.
RECURSOS NATURAIS: Elementos da natureza tais como: água, terra, minerais, etc.
COMPETÊNCIA EMPRESARIAL: A forma como administrador conduz sua organização, assumindo
os lucros ou prejuízos advindos.
COMPETÊNCIA TECNOLÓGICA: a disponibilidade de recursos tecnológicos como vantagem
competitiva.

BENS E SERVICOS
BENS: São mercadorias que resultam da produção econômica e que direta ou indiretamente satisfazem
as necessidades humanas.
Segundo seu caráter podem ser livres ou econômicos:
BENS LIVRES: são aqueles que existem em abundância no universo, tais como o ar, o sol.
BENS ECONÔMICOS: são mais escassos, já que dependem do esforço humano para consegui-los, sua
característica básica é o preço.
Segundo sua natureza os bens econômicos podem ser materiais e imateriais (serviços).
Os bens materiais podem ser classificados em bens de capital e de consumo:
BENS DE CAPITAL: São os que aumentam a eficiência do trabalho humano, são utilizados para
produção de outros bens, mas não passam por processo de transformação.
BENS DE CONSUMO: São os bens destinados ao atendimento direto das necessidades humanas.
Podem ser classificados em bens duráveis (permitem uso prolongado) e não-duráveis (acabam com o
tempo).

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Os bens de consumo e de capital segundo sua função podem ser considerados como bens Intermediários
e finais:
BENS INTERMEDIÁRIOS: São os bens utilizados na produção de outros bens. São aqueles que passam
processo de transformação.
BENS FINAIS: já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo.

SISTEMA ECONÔMICO
Reunião dos diversos fatores de produção que participam da produção bens e serviços que satisfazem as
necessidades da sociedade. É a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma
sociedade, sendo um sistema particular de organização da produção, distribuição e consumo de todos os
bens e serviços que as pessoas utilizam na busca de melhor padrão de vida e bem estar.

COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO


SETOR PRIMÁRIO: Atividades que utilizam os recursos naturais, sem ocasionar transformações
substanciais em seus produtos (agrícolas, pecuários, extrativistas, minerais, vegetais ou animais).
SETOR SECUNDÁRIO: É composto por unidades produtoras dedicadas às atividades industriais,
através dos quais são transformados. Utilizam o fator capital sob a forma de máquinas e equipamentos.
SETOR TERCIÁRIO: Campo de atividades cujo produto não é tangível. Congrega vasta gama de
serviços (transportes, escolas, justiça, bancos, etc.).

FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO


FLUXO REAL OU DO PRODUTO: é formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico.
FLUXO NOMINAL OU MONETÁRIO: é formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem
durante o processo produtivo, também denominado renda.

FLUXOS E ESTOQUES.
Geralmente em economia, tratamos de coisas que podem ser mensuradas.
Definiremos como mensurável qualquer medida capaz de variar.
As variáveis de fluxo são medidas dentro de intervalos de tempo. As variáveis de estoque, por sua vez,
são medidas em pontos ou momentos específicos do tempo.

Você ganha R$ 1.000,00 por mês. (variáveis de fluxo)


Em 30.07.2000, você possuía R$ 400,00 (variáveis de estoque).

MERCADO
A oferta e a demanda da economia são consideradas as duas funções mais importantes de um sistema
econômico. Formando o mercado que é onde convergem as forças da procura e da oferta para que se
estabeleça o preço.
O mercado é formado pelos fluxos real e monetário, isto é pela oferta e a demanda da economia. O
conceito de mercado não considera apenas o lugar físico onde estão localizadas as pessoas. Em um
sentido mais amplo mercado refere-se a todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico,
tanto de bens de consumo, intermediários e de capital, sintetizando a essência do sistema econômico, em
que as necessidades são satisfeitas através da venda e da compra de mercadorias e serviços,
independente do espaço geográfico.

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Fluxo Real da Economia
Mercado de bens e serviços

Demanda Oferta

Família Empresas

Oferta Demanda

Mercado de Fatores de Produção

Fluxo Monetário da Economia


Pagamentos dos bens e serviços

Família Empresas

Remuneração dos fatores de produção


Unindo os fluxos real e monetário da economia temos o chamado fluxo circular de renda.

Fluxo Circular de Renda


Pagamentos dos bens e serviços
Demanda de bens e
serviços Oferta de bens e
serviços

Família Como produzir Empresas

Oferta de serviços Demanda de serviços


dos fatores de dos fatores de
produção Para quem produzir produção

Pagamento dos fatores de produção


- - - - Fluxo monetário
------- Fluxo real (bens e serviços)

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Diagrama do Fluxo Circular

Receita Consumo
Mercado de
Venda de bens bens e serviços
Compra de
e serviços bens e
serviços
Bens e serviços
Bens e serviços
públicos e subsídios
públicos e subsídios
Firmas Govern Indivíduo
o s
Taxas e Taxas e
impostos impostos

Insumos de Trabalho,
produção Mercado de terra, capital
fatores de
Salários, aluguéis, produção Renda
lucro

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SISTEMA ECONÔMICO E TROCA
Cada indivíduo possui habilidades e recursos diferentes dos demais e deseja consumir bens
diversificados. Daí a existência do intercâmbio onde ambas as partes saem ganhando, pois torna possível
a especialização e a divisão do trabalho, e esta contribui para que se atinja a eficiência econômica.
Troca significa uma transação em que dois indivíduos permutam bens entre si. Transferem o produto que
têm em excesso e adquirem produtos de que necessitam.

AS TROCAS E O DINHEIRO
As limitações das trocas de bens e serviços desaparecem com a intervenção do dinheiro. Antes do
surgimento do dinheiro, as trocas ocorriam através do escambo que era a troca de mercadorias por
mercadorias, entretanto esta troca só ocorreria se houvesse a coincidência de necessidades.
Dinheiro pode ser considerado como todo meio de pagamento aceito que pode ser permutado por bens e
serviços.

3. FRONTEIRAS DAS POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO.


A curva das possibilidades de produção indica as quantidades máximas de bens e serviços que podem ser
produzidos em uma economia, quando todos fatores de produção disponíveis estão empregados.
Demonstra como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que
terá que decidir entre as alternativas de produção.
Consideremos inicialmente uma fazenda com uma determinada extensão de terra, um conjunto de
instalações, máquinas e equipamentos e um número fixo de trabalhadores, e que o proprietário dessa
fazenda possua qualificações técnicas que lhe permitam dedicar-se a qualquer tipo de atividade agrícola.
Ao decidir o que e como produzir, o fazendeiro estará decidindo a maneira pela qual os recursos
produtivos serão distribuídos entre as várias combinações possíveis. Quanta terra será destinada à
pastagem? E à produção de soja? Será conveniente utilizar parte da área destinada à lavoura de soja para
o plantio de milho? Porque não incluir também a cultura de arroz? De que modo os empregados serão
utilizados nas várias atividades?
Como a análise simultânea de tais problemas é bastante complicada vamos simplificar, supondo que
nessa fazenda só se produzem dois tipos de bens: milho e soja.
Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar o milho, não haverá área disponível para o plantio de
soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à cultura de soja, utilizando-se de toda sua
propriedade para este fim, não poderá plantar milho. Estamos diante de duas opções extremas. Existirá é
claro, solução alternativa intermediária, com a utilização de parte das terras para o plantio de soja,
ficando a fração restante para a cultura de milho. As várias possibilidades de produção podem ser
ilustradas através de um exemplo numérico.

POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO EM
UMA FAZENDA
Alternativa Soja / kg. milho / kg.
A 0 8000
B 1000 7500
C 2000 6500
D 3000 5000

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E 4000 3000
F 5000 0
Suponhamos, então, que o fazendeiro decida utilizar toda a sua propriedade no cultivo de milho. Nesse
caso, será possível produzir no máximo 8000 quilos de milho e nenhuma quantidade de soja. No outro
extremo, imaginemos que todos os recursos, (terra, trabalhadores, etc. sejam investidos na produção de
soja. Nesse caso o volume máximo a ser produzido seria de 5000 quilos, enquanto que a produção de
milho seria zero (alternativa F). O quadro 1 nos fornece uma escala numérica, com algumas
possibilidades intermediárias (B,C,D,E) que refletem a disposição do produtor de optar pela produção
conjunta de ambos os bens).
Devemos observar que na hipótese de plena utilização das áreas destinadas à cultura do milho. Logo,
reduz-se a produção do milho em benefício da lavoura de soja (figura 1).
Vamos a seguir representar graficamente a escala de possibilidades de produção entre milho e soja.

Possibilidades de Produção de uma Fazenda

8000 A
7500 B
H
6500 C

5000 D
G

3000 E

0 1 2 3 4 5 Soja (por 1000 quilos)

O ponto A indica uma situação em que toda a terra está sendo utilizada na produção de milho. Nesse
caso, a produção de soja é zero. O ponto F indica o outro extremo, ou seja, quando toda a terra é usada
exclusivamente para plantar soja; logo, a produção de milho é nula. Os pontos B,C,D,E indicam
possíveis combinações intermediárias ao alcance do produtor ha hipótese de a terra ( e demais recursos)
estar sendo plenamente utilizada.
Podemos, agora, unir os pontos A até F. A linha resultante denomina-se “curva de possibilidade de
produção”.(Ou fronteira de possibilidades de produção) e nos mostra todas as combinações possíveis
entre o milho e soja que podem ser estabelecidas, quando todos os recursos disponíveis estão sendo
utilizados ( significando estar havendo pleno emprego de recursos).

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EFICIÊNCIA PRODUTIVA
No exemplo anterior, a fazenda estará funcionando de maneira eficiente sempre que ao aumentarmos a
produção de um bem for necessário reduzir a produção de outro bem.
Assim, teremos eficiência produtiva somente se estivermos situados sobre a fronteira (ao longo da linha
AF), onde aumentos na produção de soja deverão vir, necessariamente, acompanhados de diminuições
na produção de milho.
Imaginemos então, que a fazenda esteja operando no ponto D. Nesse ponto são produzidos 5000 quilos
de milho e 3000 quilos de soja. Se o fazendeiro optasse por um aumento na produção de soja, a fazenda
poderia passar a operar, por exemplo, no ponto E, onde seriam produzidos 4000 quilos de soja.
Entretanto, esse aumento de produção (de 3000 para 4000 quilos) só seria possível se parte dos recursos
(como, por exemplo, parte das terras), anteriormente destinados à produção de milho fossem desviados
para a produção de soja. Conseqüentemente haveria uma diminuição na produção de milho, de 5000 para
3000 quilos.

CUSTO DE OPORTUNIDADE
Acabamos de verificar que se a fazenda estiver usando eficientemente seus recursos (o que indica uma
situação de pleno emprego) um aumento na produção de soja somente ocorrerá mediante uma
diminuição na produção de milho. Assim, o custo de um produto poderá ser expresso em termos da
quantidade sacrificada do outro.
“Custo de oportunidade expressão utilizada para exprimir os custos em termos de alternativas
sacrificadas. Ex. se estivermos no ponto C da curva (6500 quilos de milho e 2000 quilos de soja) e
quisermos passar para o ponto D, aumentando a produção de soja para 3000 quilos esse aumento só será
conseguido mediante o sacrifício de 1500 quilos de milho. O “custo de oportunidade” desses 1000 quilos
adicionais de soja será dado pelos 1500 quilos de milho a serem sacrificados.
Seguindo essa linha de raciocínio, o custo de oportunidade de se aumentar a produção de soja de 3000
para 4000 quilos (passagem do ponto D para o ponto E da curva de possibilidades de produção) será de
2000 quilos de milho.
Sintetizando, para que tenhamos a ocorrência de custo de oportunidade é preciso não só que os recursos
sejam limitados, mas que estejam sendo plenamente utilizados.

DESEMPREGO
Pode acontecer, muitas vezes, que a fazenda esteja produzindo abaixo de suas possibilidades. Isso pode
ocorrer porque os recursos produtivos estão ociosos.
Terras inativas, trabalhadores desocupados. Essa situação é representada pelo ponto G no interior da
curva. Nesta hipótese, a produção de milho ou a de soja ou ambas podem ser aumentadas até alcançar a
curva simplesmente utilizando o serviço dos fatores ociosos.
Assim fazendo podemos, por exemplo, podemos passar do ponto G para o ponto C (com a mesma
produção de soja e uma quantidade maior de milho), ou do ponto G para o ponto C (com a mesma
quantidade de milho e uma produção maior de soja) ou então do ponto G para o ponto D, quando então
teremos uma produção maior de ambos os bens.
Em contraposição, pontos situados além da curva tais como o ponto H são inatingíveis, uma vez que
envolvem uma combinação de milho e soja, que a fazenda, dada os seus recursos e tecnologia
disponível, não podem produzir. Conclui-se, portanto, que pontos situados além da fronteira só poderão

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ser alcançados mediante aumento na disponibilidade dos fatores de produção (incorporação de novas
terras, por exemplo) e/ou mediante uma evolução tecnológica (a introdução de sementes melhoradas, por
exemplo) que permita um aumento nas possibilidades de produção com os mesmos recursos produtivos.
A CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO DE UMA SOCIEDADE.
Como vimos até agora, o cenário é uma fazenda com apenas dois produtos e que dispõe de certa dotação
de fatores e um certo nível tecnológico, produzindo uma determinada curva de possibilidades de
produção.
O que veremos agora é o dilema da escolha, em relação ao Sistema econômico, em essência, semelhante
ao do proprietário da fazenda. O que ocorre na sociedade é que os recursos são quase sempre muito
escassos e serão distribuídos entre as inúmeras possibilidades de produção de bens. A decisão de escolha
fará a diferença entre uma economia desenvolvida e uma economia problemática.

4. MICRO E MACROECONOMIA
A economia pode ser analisada por meio de duas vertentes fundamentais: a micro e a macroeconomia.
Estas duas formas de analisar a economia refletem as características específicas e gerais da ciência
econômica, tornando-se importantes ferramentas para compreender o sistema econômico.

A MICROECONOMIA como o próprio nome diz, estuda mercados específicos e comportamentos


individuais. Por exemplo, a microeconomia estuda a formação dos preços no mercado, o funcionamento
das empresas enquanto unidades individuais, a oferta e a procura de bens e serviços, o papel dos
consumidores e os vários tipos de organização de mercados, tais como o monopólio, oligopólio e o livre
mercado, entre outros pontos.
Em outras palavras, a análise microeconômica procura explicar como se formam os preços dos fatores de
produção e dos bens e serviços, como funciona o mercado, qual a reação dos consumidores diante de
determinadas questões. Além disso, é um instrumental para estabelecer políticas estratégicas nas
empresas e até nos governos.
Por exemplo, em nível das empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões:
política de preços das empresas, previsão de custo de produção, decisão sobre produção, avaliação e
elaboração de projetos de investimentos, previsão de demanda e de faturamento, localização das
empresas, etc.
Em nível do governo, a teoria microeconômica pode contribuir nas seguintes tomadas de decisões:
Por exemplo, os impactos dos impostos em mercados específicos, sobre política de subsídios, fixação de
preços mínimos na agricultura, impactos do controle de preços e das tarifas e preços públicos em
determinadas regiões, etc.

MACROECONOMIA
A macroeconomia estuda os grandes agregados do País, as grandes contas, tais como o Produto Interno
Bruto (PIB), a renda per capita, o nível de preços, o emprego e o desemprego, o estoque de moedas da
economia, as taxas de juros, o câmbio e o balanço de pagamentos, etc. A abordagem macroeconômica
tem a vantagem de estabelecer relações entre os grandes agregados da economia, permitindo maior
compreensão do conjunto.

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5. TIPOS DE ECONOMIA
ECONOMIA DE MERCADO
Modelo econômico segundo o qual, com exceção de determinadas atividades consideradas próprias do
estado (como a defesa nacional, a promulgação de leis e a manutenção da ordem pública), todas as
demais atividades e as transações econômicas dependem da livre iniciativa das pessoas, para alcançar
seus objetivos econômicos da forma considerada a mais apropriada, sem a intervenção do governo.

VANTAGENS DA ECONOMIA DE MERCADO


 A economia de mercado funciona com alto grau de eficiência e de liberdade econômica;
 Os agentes econômicos atuam guiados pelos seus próprios interesses;
 O sistema de preços estimula os produtores a fabricar os bens que o público deseja.
 Os preços induzem os produtores a se comportarem de forma correta, procurando alcançar seus
objetivos;
 O mercado motiva os indivíduos a utilizarem cuidadosamente os bens e recursos escassos
através do equilíbrio dos preços.

LIMITAÇÕES DA ECONOMIA DE MERCADO


 A renda não se distribui de forma eqüitativa. A renda se reparte em função da propriedade dos
recursos e dos salários vigentes;
 Existem falhas no mercado, e este, deixa de alcançar a eficiência econômica;
 Alcança-se a eficiência econômica quando a sociedade não pode aumentar a quantidade
produzida de um dos bens sem reduzir a do outro.

O MERCADO FALHA PORQUE...


 Existem mercados em que a concorrência é imperfeita, em função do aparecimento de
monopólios e oligopólios e práticas de comércio desleal, como o “dumping”;
 Efeitos externos, como a contaminação de rios pelas indústrias, prejudicando o agricultor que se
utiliza de suas águas;
 Existem bens públicos que distorcem o mercado, como a defesa nacional e outros, sendo que
muitos indivíduos são excluídos desses benefícios, já que a quantidade é insuficiente;
 A publicidade que muitas vezes manipula o desejo dos consumidores, criando necessidades
artificiais.

ECONOMIA CENTRALIZADA
Este tipo de economia é caracterizado por forte regulamentação e planificação por parte do Estado nos
países comunistas. A queda dos sistemas comunistas nos países do Leste Europeu, em 1989, e na União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991, serviu como argumento para demonstrar o

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fracasso do sistema de planificação centralizada ou do projeto comunista, bem como a sua
inviabilização.
O sistema de economia centralizada parte de uma crítica aos mecanismos de economia de mercado,
argumentando que seu funcionamento leva ao desemprego, crises e desperdício de recursos. O
planejamento central pretende evitar esses males, processando grande quantidade de informação para
definir a alocação dos recursos, isto é, o que produzir? Como produzir? Para quem produzir?
A centralização da economia se baseia em três pontos fundamentais: O papel do poder central; o
funcionamento das empresas e o crescimento da burocracia.
 O papel do poder central;
A agência de planejamento distribui as tarefas e os meios de produção, tanto materiais como
financeiros e direciona a produção às diversas fábricas. Os gerentes se tornam ineficientes porque
tomam decisões erradas, como pedir recursos ao poder central acima de suas necessidades.
 O funcionamento das empresas;
As empresas não baseiam sua atuação no cálculo econômico, isto é, na maximização dos lucros ou
minimização dos custos, e sim na realização de metas;
Os objetivos eram quantitativos e posteriormente as metas passaram a atribuir um valor, o qual era
sempre alto, não incentivando a minimização de custos;
As empresas não podem “quebrar”, são socialmente úteis, ainda que deficitárias, quando isso
acontece à agência transfere valores solucionando os problemas.
 O crescimento da burocracia.
O funcionamento das empresas requer a existência de um enorme aparato administrativo para
exercer um controle perfeito, o que aumenta a burocracia.
A falta de informações válidas e de incentivos efetivos que guiassem o sistema até a eficiência
econômica foi à razão fundamental do fracasso da economia centralizada, fazendo surgir a
Perestroika.

PERESTROIKA
Processo de reforma fiscal e de reestruturação da sociedade adotado pelas autoridades soviéticas. A volta
ao mercado buscando alcançar a eficiência econômica baseou-se em três pontos fundamentais: O
abandono do sistema de planejamento; a mudança do sistema de propriedade e a introdução progressiva
do mercado.
 O abandono do sistema de planejamento
Para passar do planejamento centralizado para um sistema de economia de mercado, é necessário um
planejamento indicativo e concreto na determinação de certas tarefas estratégicas, deixando que a
iniciativa privada tome a maior parte das decisões.
 A mudança do sistema de propriedade
Dado que o Estado detém a propriedade da maioria dos meios de produção, existem somente duas
opções: um sistema de propriedade privada ou um sistema de autogestão, isto é, um sistema no qual
os trabalhadores participem de forma direta nas tarefas de gestão das empresas.
 Introdução progressiva do mercado.
O objetivo deve ser o funcionamento das empresas segundo critérios de eficiência econômica,
minimizando custos. Para tanto foi preciso liberar dois elementos fundamentais: os preços e os
mercados dos fatores.

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A liberação dos preços provocou inflação, pois existia grande demanda insatisfeita e a liberação dos
mercados de fatores, em especial o do trabalho, cria desemprego pois o governo deixa de garantir
renda mínima a todos.

ECONOMIA MISTA
Sistema econômico no qual participam tanto o setor privado como o setor público.
Vimos anteriormente dois sistemas antagônicos: Economia de mercado e centralizada. Em muitas
situações os países podem adotar posições típicas, adotando medidas intermediárias para melhor
administrar o Estado. Têm sido freqüentes em países como a Suécia, França e Inglaterra, as práticas
socialistas, nacionalizando indústrias chaves, buscando melhorar a distribuição de renda e a assistência
médica gratuita. Esse tipo de atividade chama-se economia mista.
Em uma economia mista, o setor público colabora com a iniciativa privada nas respostas às perguntas
sobre o que, como e para quem produzir para a sociedade;
O Estado brasileiro promove ações para coordenar a atuação certos setores, como o elétrico e siderúrgico
e desenvolver indústrias de alta tecnologia. Busca melhorar a distribuição de renda e os serviços sociais,
que ainda são incipientes no Brasil.

6. MICROECONOMIA
A teoria micro econômica pode ser dividida nos seguintes eixos fundamentais: Análise da demanda, que
envolve a teoria do consumidor (análise da demanda individual) e a Teoria da Demanda no Mercado.
Análise da oferta, que envolve a oferta de um bem por parte das empresas, levando em conta o processo
de produção e os custos de produção.
Análise das estruturas de mercado, que envolve a livre concorrência, os oligopólios e os monopólios.
Teoria do equilíbrio geral: Trata-se de verificar se o comportamento de cada agente econômico pode
conduzir a uma posição de equilíbrio do mercado.

DEMANDA
Demanda ou procura é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam
adquirir, em um determinado período de tempo. A demanda não representa a compra efetivamente, mas
a intenção de compra dos bens e serviços a determinados preços.
Variáveis que afetam a demanda
 Riqueza (e sua distribuição)
 Renda (e sua distribuição)
 Preço do bem
 Preço dos outros bens
 Fatores climáticos e sazonais
 Propaganda
 Hábitos, gostos, preferências dos consumidores
 Expectativas sobre o futuro
 Facilidades de crédito (disponibilidade, tx. juros, prazos)

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Curva de Demanda
Preço do
Bem(R$)

80

60

40

20 0 5 10 15 20
Quantidade adquirida do bem
Esta curva representa o efeito do preço de um bem sobre a quantidade do bem que
os consumidores estão dispostos a comprar e não a compra efetiva (ceteris paribus).
Como o preço e a quantidade demandada têm relação negativa, a curva de demanda se
inclina para baixo.

Lei Geral da Demanda: a quantidade demandada de um bem ou serviço varia na relação inversa de seu
preço, ceteris paribus.
Esta relação inversa se dá pela ocorrência dos chamados efeitos substituição e renda, que agem
conjuntamente (efeito preço total).
Efeito substituição: o preço do bem diminui em relação aos concorrentes, provocando um aumento da
quantidade demandada.
Efeito renda: a queda de preço do bem aumenta o poder aquisitivo do consumidor, possibilitando um
aumento na quantidade demandada do bem.

OFERTA
Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores desejam vender, em função dos
preços, em um determinado período.

15
A oferta pode ser afetada pela quantidade ofertada do bem, preço do bem, preço dos fatores e insumos de
produção (matéria-prima, mão-de-obra, etc.), preço de outros bens substitutos na produção, tecnologia,
objetivos e metas de empresário.

Análise da Oferta de Mercado


Preço do
Bem (R$)
OFERTA
80

60

40

20

0 5 10 15
Quantidade ofertada do bem.

Lei Geral da Oferta


A oferta de um produto qualquer varia na razão direta na variação do seu preço, mantidas constantes as
demais variáveis.
Essa relação entre quantidade ofertada e preço possui um limite mínimo, definido pelos custos de
produção e um limite máximo caracterizado pelo pleno emprego dos fatores.

EQUILÍBRIO DE MERCADO
O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela demanda. O equilíbrio
se encontra onde as curvas de oferta e de demanda se cruzam. Ao preço de equilíbrio, a quantidade
oferecida é igual à quantidade demandada (quantidade de equilíbrio).

Lei da Oferta e da Procura


O preço de qualquer bem se ajusta de forma a equilibrar a oferta e a demanda desse bem (Mecanismo de
Preço), ou seja, consumidores e empresas, sem qualquer interferência do governo, tendem a encontrar
sozinhos uma posição de equilíbrio, mediante o mecanismo de preços.

16
O Equilíbrio de Mercado
(Oferta e Demanda) de um Bem ou Serviço

Preço do
Bem

Oferta
Equilíbrio

80

60
Demanda
40

20

0 5 10 15 20
Quantidade do Bem.

O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela
demanda.
O equilíbrio se encontra onde as curvas de oferta e de demanda se cruzam. Ao preço de
equilíbrio, a quantidade oferecida é igual a quantidade demandada (quantidade de
equilíbrio).).

ESTRUTURAS DE MERCADO
As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais:
 Número de empresas produtoras no mercado;
 Diferenciação do produto;
 Existência de barreiras à entrada de novas empresas.

No mercado de bens e serviços as formas de mercado existentes são as seguintes:

17
 Concorrência pura ou perfeita
 Monopólio
 Concorrência monopolística ou imperfeita
 Oligopólio

CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA


Neste tipo de mercado há um grande número de vendedores (empresas) e compradores (consumidores),
de forma que um agente isolado não tem condições de afetar os níveis de oferta do mercado e,
conseqüentemente o preço de equilíbrio. É um mercado atomizado onde devem prevalecer as seguintes
premissas:
 Produtos homogêneos; Não existem diferenças entre os produtos ofertados pelas empresas
concorrentes.
 Não existem barreiras para o ingresso e saída do mercado, tanto de compradores, como de
vendedores.
 Transparência do mercado: todas as informações sobre lucros, preços, etc. são conhecidas por todos
os participantes do mercado.

No mercado de concorrência perfeita, a longo prazo, não existem lucros extras ou extraordinários (onde
as receitas superam os custos), existem a penas os lucros normais, que representam a remuneração
implícita do empresário (custo de oportunidade). No longo prazo quando a receita total se iguala ao
custo total, o lucro extraordinário é zero, pois mesmo que existam lucros normais, já que nos custos
totais estão incluídos os custos implícitos.
Cabe dizer que, na realidade, não há o mercado tipicamente de concorrência perfeita, sendo que o
mercado de hortifrutigranjeiros o exemplo mais próximo.

MONOPÓLIO
As três características principais de um mercado que opera em monopólio são:
 Uma única empresa produtora do bem ou serviço;
 Não há produtos substitutos próximos;
 Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.

As barreiras para entrada de novas empresas neste mercado podem ocorrer das seguintes formas:
Monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias características, exige um
elevado montante de investimentos. A empresa monopolista já estabelecida tem condições de operar a
baixos custos, tornando difícil que alguma outra empresa consiga oferecer o produto a preços
equivalentes, que praticamente inviabiliza a entrada de novos concorrentes;
Proteção de patentes: direito único de produzir o bem;
Controle sobre o fornecimento de matérias-primas-chaves: Ex. controle das minas de bauxita pelas
empresas produtoras de alumínio (Alcoa – EUA);
Elevado volume de capital e alta capacitação tecnológica;

18
Tradição no mercado.
Uma categoria diferenciada de monopólio é o monopólio estatal ou institucional em setores considerados
estratégicos ou de segurança nacional (energia, comunicação, petróleo).

CONCORRÊNCIA MONPOLÍSTICA OU CONCORRÊNCIA IMPERFEITA


As características principais desta estrutura de mercado são:
 Muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço;
 Cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos;
 Margem de manobra para fixação de preços não muito ampla, uma vez que existem produtos
substitutos no mercado.
Neste tipo de mercado não há barreiras a entrada de novas empresas e a diferenciação dos produtos
ocorre através de características físicas, embalagem, promoção de vendas, atendimento pós-venda etc.

OLIGOPÓLIO
Esta estrutura de mercado pode ser definida de duas formas:
 Oligopólio concentrado: pequeno número de empresas no setor, como por exemplo, a indústria
automobilística;
 Oligopólio competitivo: pequeno número de empresas domina um setor com muitas empresas, como
por exemplo: Nestlé e Parmalat no setor de alimentos, Ambev e Coca Cola no setor de bebidas,
Carrefour e Páo-de-Açucar no setor de supermercados.

No oligopólio, as quantidades ofertadas e os preços são fixados através de conluios ou cartéis.


Normalmente as empresas discutem suas estruturas de custos, embora o mesmo não ocorra em relação a
sua estratégia de produção e de marketing. Existe uma empresa líder, que via de regra, fixa o preço,
respeitando as estruturas de custos das demais, e há as empresas satélites que seguem as regras ditadas
pelas líderes, modelo este chamado de liderança de preços (Ex. Ind. de bebidas).
Também se tem o oligopólio com produtos diferenciados (indústria automobilística) e com produtos
homogêneos (alumínio e cimento).

ESTRUTURAS DE MERCADO – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

CARACTERÍSTICAS No. DE PRODUTO CONTROLE DE INGRESSO


EMPRESAS PREÇOS
Concorrência Muito grande Homogêneo Rigidez Sem
Perfeita barreiras
Monopólio Só há uma Sem substitutos Empresa Há barreiras
empresa próximos com poder para as novas

19
Oligopólio Homogêneo ou Poder com Há barreiras
Pequeno
diferenciado interdependência para as novas
Concorrência Pouca Sem
Grande Diferenciado
monopolística margem de barreiras
manobra

CARTEL: Associação entre empresas do mesmo ramo de produção com objetivo de dominar o mercado
e disciplinar a concorrência. As partes entram em acordo sobre o preço, que é uniformizado geralmente
em nível alto, e quotas de produção são fixadas para as empresas membro.

CLUSTER: Local onde são comercializados produtos de atividades semelhantes.

DUMPING: Prática que consiste em vender produtos a preços inferiores aos custos com a finalidade de
eliminar concorrentes e ou ganhar maiores fatias de mercado.

PRODUÇÃO E CUSTOS
Produção: processo que combina e transforma os fatores de produção adquiridos pela empresa, visando
criar bens ou serviços que serão ofertados no mercado. Este conceito refere-se aos bens físicos e
materiais e também a serviços.

Métodos de Produção
Através do processo de produção diferentes insumos ou fatores de produção são combinados de forma a
produzir o bem ou serviço final. A forma como ocorre esta combinação é chamado de método de
produção.
A escolha do método ou processo de produção depende de sua eficiência, que pode ser enfocada pelo
ponto de vista técnico ou tecnológico ou pelo ponto de vista econômico.
A eficiência técnica ou tecnológica ocorre quando, um método em comparação a outros métodos, utiliza
menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente de produto.
A eficiência econômica está associada ao método de produção mais barato, isto é, quando comparado a
outros métodos apresenta menor custo de produção.

Função Produção
A função produção é definida como uma relação que mostra a quantidade física do obtida do produto a
partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção em determinado período de tempo.
O conceito de função produção pode responder de que forma ou em que proporção são combinados os
fatores de produção para se obter o produto. A função produção admite que os empresários estejam
utilizando a maneira mais eficiente de combinar os fatores de produção e conseqüentemente obtendo a
maior quantidade produzida do produto.

FATORES FIXOS E FATORES VARIÁVEIS DE PRODUÇÃO.

20
Fatores de produção variáveis: são aqueles cujas quantidades utilizadas variam quando varia o volume
de produção. Para que se aumente a produção, são necessários mais trabalhadores e maiores quantidades
de matérias-primas.
Fatores de produção fixos: são aqueles que permanecem imutáveis, isto é, que não variam quando o
produto varia.

ANÁLISE DE CURTO E LONGO PRAZO


A análise microeconômica considera dois tipos de relações entre quantidade produzida e a quantidade
utilizada de fatores, a situação de curto prazo e longo prazo.
Curto Prazo
Quando na função de produção, alguns fatores são considerados fixos e outros variáveis, denomina-se
uma situação de curto prazo. Definindo-se curto prazo como o período de tempo onde pelo menos um
fator de produção se mantém fixo.

Longo Prazo
A situação de longo prazo ocorre quando todos os fatores da função produção são considerados
variáveis.

Produto Total (PT) – É a quantidade total produzida, em determinado período de tempo.


PT = Q

Produto Médio (PME) – É a relação entre o nível do produto e a quantidade do fator de produção, em
determinado período de tempo.

PME = PT
Fator de produção

Produto Marginal (PMg)– É a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade
de fator de produção, em determinado período de tempo. É o acréscimo na quantidade produzida,
resultante do acréscimo de uma unidade a mais de determinado fator de produção.

PMg = Variação PT
Variação do Fator de Produção
Exemplo:

Produto Total, Médio e Marginal


K N PT PMe = PT/N PMg = /\PT / /\N
10 0 0
10 1 3 3,0 3
10 2 8 4,0 5
10 3 12 4,0 4
10 4 15 3,8 3
10 5 17 3,4 2
10 6 17 2,8 0
21
10 7 16 2,3 -1
10 8 13 1,6 -3
Onde: K = fator capital
N = fator trabalho

LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES


A lei dos rendimentos decrescentes refere-se ao curto prazo, quando pelo menos um fator de produção permanece
fixo. Quando se aumenta a quantidade de um fator de produção em iguais incrementos por unidade de tempo,
enquanto a quantidade dos demais fatores permanece fixa, a produção aumentará, porém os acréscimos resultantes
do produto se tornarão cada vez menores e continuando o acréscimo na quantidade do fator variável, a produção
atingirá um ponto de máximo e a partir daí, poderá, então decrescer.

CUSTOS DE PRODUÇÃO
O custo total de produção pode ser definido como o total das despesas realizadas pela empresa com a
utilização da combinação mais econômica dos fatores, através da qual é obtida determinada quantidade
do produto, ou seja, é a despesas do empresário com a aquisição dos fatores de produção necessários ao
desenvolvimento de suas atividades.
Os custos totais de produção (CT) podem ser divididos em: Custos variáveis totais (CVT) e Custos fixos
totais (CF).
CT = CVT + CFT

Os Custos fixos totais (CFT) equivalem à parcela dos custos totais que independem da produção. São
decorrentes dos gastos com fatores fixos de produção, que contabilmente podem ser chamados de custos
indiretos.

Os Custos variáveis totais (CVT) são representados pelas parcelas dos custos totais que depende da
produção e por conseqüência se alteram com a variação do volume de produção e que na contabilidade
privada são chamados de custos diretos.
O custo total de produção pode ser calculado, conforme exemplo do quadro abaixo:
Onde:
- Fator trabalho custa R$ 2, 00 a unidade;
- Fator capital é adquirido a R$ 3,00 a unidade.

CUSTO DE PRODUÇÃO
Q K N CT
4 5 6 27
5 6 7 32
6 7 8 37
7 8 9 42

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O empresário precisa vender seus produtos para arcar com os custos e através das suas vendas obtêm sua
Receita, que também pode ser definida como a quantidade produzida de um bem ou serviço,
multiplicada pelo preço de mercado do bem. Exemplificando através do quadro a seguir:
Onde: O preço de venda = R$ 8,00.

RECEITA DO EMPRESÁRIO
Q K N CT R
4 5 6 27 32
5 6 7 32 40
6 7 8 37 48
7 8 9 42 56

A partir dos elementos apresentados, pode-se examinar o que estimula o empresário a produzir, que é o
elemento denominado lucro.
O lucro total do empresário pode ser definido como a diferença entre os custos totais de produção e a
receita do empresário, sendo que, o empresário tende a produzir somente quando sua receita for maior
que seu custo. Exemplo:

LUCRO DO EMPRESÁRIO
Q K N CT R LT
4 5 6 27 32 5
5 6 7 32 40 8
6 7 8 37 48 11
7 8 9 42 56 14

Custos Totais de curto e longo prazo


Os Custos totais de curto prazo são caracterizados pelo fato de serem compostos por parcelas de custos
fixos e de custos variáveis.
Os Custos totais de longo prazo são formados unicamente por custos variáveis, não existindo fatores
fixos a longo prazo.
Economias de escala
Redução do custo ou custo médio da produção através do aumento do produto total, permitindo a produção em
massa. Por exemplo, quando se imprime um livro, é preciso enfrentar altos custos fixos para comprar os
equipamentos, mas quando estes funcionam com pleno rendimento, o custo da impressão de cada livro é mais ou
menos uniforme. Para estas economias ocorram, geralmente, faz-se necessário à realização de investimento inicial.
Além de economias de escala, denominadas internas, existem economias de escala externas, também chamadas de
externalidades positivas, produzidas quando se cria um novo bem ou serviço que favoreça a venda de outro. Por
exemplo, quando se cria uma revista comercial que oferece serviços de publicidade gratuita às empresas, ou onde a
publicidade se realiza através da difusão de artigos sobre elas.

23
MACROECONOMIA

John Maynard Keynes (1883-1946), nasceu na Inglaterra, estudou em Cambridge, considerado o mais célebre
economista da primeira metade do século XX, pioneiro da macroeconomia. Seus princípios foram:
 Existe uma importante relação entre a renda nacional e os níveis de emprego. Os determinantes diretos da
renda e do emprego são os gastos com consumo e investimento;
 Quando o gasto em consumo e investimento é insuficiente para manter o pleno emprego, o Estado deve
aumentar o fluxo de renda por meio de gastos financeiros por déficit orçamentário;
 O sistema de mercado livre ou laissez faire ficou antiquado e que o Estado deve fomentar o pleno
emprego.

A macroeconomia estuda o conjunto de consumidores e empresa de uma mesma sociedade,


determinando os fatores que influenciam o nível total da renda e do produto no sistema econômico.
Analisa o comportamento de grande agregados econômicos tais como: renda e produto nacional; nível
geral de preços; emprego e desemprego, estoque de moedas e taxas de juros, balança de pagamentos e
taxas de juros.

METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA


 Pleno emprego de recursos
 Estabilidade de preços
 Distribuição de renda socialmente justa
 Crescimento econômico

ALTO NÍVEL DE EMPREGO


A questão do desemprego, que eclodiu principalmente a partir dos anos 30, permitiu um aprofundamento
da análise macroeconômica, com o objetivo de fazer a economia recuperar o nível de emprego potencial.
Antes da crise mundial dos anos 30, a questão do desemprego não era preocupação de economistas dos
países capitalistas. O pensamento liberal era predominante, acreditava-se que os mercados eram guiados
por uma “mão invisível” sem a interferência do Estado, e que conduziriam a economia ao pleno emprego
de seus recursos.
Entretanto, desde a revolução industrial (final do século XVIII) até o início do Século XX, o mundo
funcionava mais ou menos assim. Mas, com a evolução da economia mundial que trouxe novas variáveis
como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, grupos econômicos, e o desenvolvimento do mercado
de capitais e do comércio internacional. A ausência de políticas macroeconômica levou a quebra da
bolsa de Nova York em 1929, gerando desemprego em todo os países do mundo ocidental nos anos
seguintes.
Destacou-se então a contribuição de Keynes com A Teoria do emprego, do juro e da moeda (1936),
estabelecendo-se as bases da moderna Teoria Macroeconômica, e da intervenção do Estado na economia
de mercado, podendo-se dizer que, praticamente Keynes, inaugurou uma questão da Macroeconomia que
perdura até os dias atuais, que é o grau de intervenção do Estado na economia e em que medida ele deve
ser produtor de bens e serviços.

24
ESTABILIDADE DE PREÇOS
O aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços é definido como inflação.
Em países industrializados o problema central é o do desemprego, já em países que estão em
desenvolvimento o foco mais importante é o da análise da inflação. Entretanto, pode-se dizer que uma
inflação baixa é inerente aos ajustes de uma sociedade em crescimento, mesmos nos países
desenvolvidos, quanto maior o nível de atividade econômica, mais os recursos produtivos tendem a ficar
no limite de sua utilização, gerando tensões inflacionárias.
Surge daí a necessidade de políticas econômicas que tenham por objetivo a estabilidade do
comportamento econômico.

DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA DE RENDA


O Brasil cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e parte da década de 70, período chamado de
“milagre econômico”, onde se considerou a chamada “Teoria do Bolo”, primeiro crescer para depois
repartir a renda. A posição dos governos era de que certo grau de concentração de renda era inerente ao
desenvolvimento do capitalismo, que traz transformações estruturais como êxodo rural, com
trabalhadores de baixa qualificação, etc.

CRESCIMENTO ECONÔMICO
Crescimento econômico significa aumento da capacidade produtiva da economia, isto é, aumento da
produção de bens e serviços do país.
Mesmos em quadro de desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional por meio
de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva, entretanto há um limite para este
crescimento e para que se aumente à produção com os recursos disponíveis. Além deste limite faz-se
necessário: aumento de recursos disponíveis ou avanço tecnológico.
Um aumento do crescimento econômico em um país não necessariamente significa que ele está tendo
melhoria no seu padrão de vida, isto só ocorre se juntamente com o aumento da renda per capta, houver
uma melhora nos indicadores sociais (pobreza, desemprego, meio ambiente, moradia, etc.). O que
significará que além de crescimento o país também estar tendo desenvolvimento econômico.

INSTRUMENTOS DE POLÍTICAS MACROECONÔMICAS.

POLÍTICA FISCAL
Refere-se aos instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos e controle de suas
despesas, respectivamente política tributária e de gastos. Além disso, a política fiscal também é utilizada
para inibir ou estimular gastos do setor privado em consumo e investimento.

POLÍTICA MONETÁRIA
Refere-se à atuação do governo em relação à quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros.
Tendo como instrumentos para tanto: Emissões, reservas compulsórias, compra e venda de títulos
públicos, redescontos (empréstimos do Banco Central aos Bancos Comerciais) e regulação sobre crédito
e taxa de juros.

25
POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL
Atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. Onde a política de câmbio refere-se
ao controle do Governo sobre a taxa de câmbio (câmbio fixo; flutuante, etc.). E a política comercial diz
respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou estímulo ou não às importações, sejam fiscais
(crédito-prêmio ICMS e IPI, etc.), creditícios (taxas de juros subsidiadas), e por estabelecimento de cotas
(via tarifas e barreiras quantitativas sobre importações), etc.

POLÍTICA DE RENDAS
Refere-se ao controle de preços e salários, através do controle e congelamento de preços.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.

CRESCIMENTO ECONÔMICO: Crescimento contínuo da Renda per capita ao longo do tempo.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: Conceito qualitativo. Ocorre quando há melhoria nos


indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde,
nutrição, educação e moradia) .

O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)


 O que é o PIB: é um indicador que expressa monetariamente o conjunto da produção de bens e
serviços de um País num determinado período. Geralmente, o PIB é divulgado anualmente, tanto em
termos monetários quanto na variação. Por exemplo, o PIB brasileiro de 1997 foi de US$ 800 bilhões,
ou seja, a soma de uma infinidade de atividades, que podem ir desde o corte de cabelos até a
produção de bananas ou de avião é somada e então encontramos o PIB. Esta conta é comparada com
o resultado do ano anterior e assim temos a variação de um ano para o outro. Por exemplo, o PIB de
1997 cresceu cerca de 3% a mais que no ano de 1996.

 O que é a renda per capita: Este indicador é encontrado a partir da divisão do PIB do País pelo
conjunto da população. Por exemplo, se o PIB em 1997 foi de US$ 800 e a população brasileira no
mesmo ano era estimada em 150 milhões de habitantes (880 : 150 = US$ 5.333) podemos concluir
que a renda per capita brasileira é de mais de US$ 5 mil.
No entanto, a renda per capita, em países com grandes desigualdades sociais, torna-se uma peça de
ficção, pois se misturam grandezas desiguais, ou melhor, a renda de um mendigo e de milhares é
igualada, o que evidentemente não corresponde à realidade.

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

26
 O Brasil possui uma das piores distribuições de renda do planeta, fruto da má remuneração da força
de trabalho, das altas taxas de lucro e de juros praticados na economia e da apropriação da
produtividade do trabalho pelos setores do capital. Esta distribuição de renda é incompatível com as
condições de oitava economia industrial do mundo.
 Alguns dados são importantes para aferirmos esse processo de distribuição de renda. Vejamos a
distribuição funcional da renda (entre capital e trabalho): entre 1949 e 1988 os trabalhadores
diminuíram dramaticamente sua participação na renda enquanto o capital aumentou na mesma
proporção.
 Esse processo de distribuição da renda pode ser aferido mais didaticamente, quando avaliamos a
distribuição pessoal da renda, segmentada em classes de rendimento. Por exemplo: os 10% mais
ricos e os 10% mais pobres e assim sucessivamente.
 Pela leitura da tabela veremos que os 10% mais ricos da população brasileira possuem um percentual
correspondente a 48,1% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres possuem menos de 1%
desta mesma renda.
 Mas o dado mais dramático pode ser aferido verificando-se que o segmento representado por 1% dos
mais ricos possui mais renda que os 50% mais pobres.
 Ainda pela tabela podemos dizer que, desde a década de 60, 80% da população vem diminuindo sua
participação na renda enquanto os 20% mais ricos vem aumentando.

ENDIVIDAMENTO EXTERNO
A dívida externa brasileira, em 1964, correspondia à cerca de US$ 3,4 bilhões, e até 1967 essa quantia
não variou muito – US$ 3,4 bilhões. Nesta época os credores, em sua grande maioria, eram instituições
internacionais de crédito e não bancos privados.
A partir desse período o mercado internacional de crédito começa a modificar-se radical até consolidar,
na década de 70, a privatização do crédito internacional. Internamente, é desenvolvida uma política
deliberada de endividamento externo, tanto que a dívida externa brasileira passa de US$ 3,9 bilhões em
1968 para US$ 13,1 bilhões em 1973, período do “milagre econômico”. Esse endividamento processo
numa conjuntura internacional de créditos abundantes, com juros relativamente baixos.
A conjuntura de abundância de créditos e juros baixos continuou entre 1974 e 1978, especialmente em
função dos petrodólares. A dívida externa brasileira saltou de US$ 13,1 para 52,2 bilhões em 1978,
fechando os anos 80 com US$ 120 bilhões. Atualmente a dívida externa está por volta de US$ 250
bilhões.
Com o aumento das taxas de juros internacionais no final da década de 70 até a segunda metade da
década de 80, praticamente todos os países devedores entram em crise financeira, especialmente a partir
da moratória mexicana, em função da impossibilidade de pagar os serviços da dívida nos moldes
estabelecidos pelos credores internacionais.
A crise dos países devedores faz com que os banqueiros internacionais, em aliança com o governo
americano, acionem o fundo Monetário Internacional para ajustar as economias devedoras, de forma
reunir condições para pagar o serviço da dívida.
O ajuste realizado pelo FMI implicou na desvalorização da moeda, no corte dos gastos públicos e no
arrocho salarial. Esses mecanismos desorganizaram a economia brasileira, levaram-na à recessão, à
estagnação econômica, ao desemprego, ampliando as desigualdades e a miséria.

27
A partir do ajustamento realizado pelo País, sob o jugo do FMI, o Brasil transferiu, só de juros, mais de
US$ 100 bilhões na década de 80, drenando da economia nacional um volume de recursos que daria para
resolver grande parte dos nossos problemas internos.

INFLAÇÃO
Inflação: Aumento contínuo e generalizado no nível de preços.
Inflação de DEMANDA: Excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. Ocorre
principalmente quando a economia estiver em pleno emprego.
Inflação de OFERTA. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos insumos
aumentam e são repassados aos preços dos produtos. Está associada, também, ao monopólio e
oligopólio (de certas empresas) que conseguem elevar seus lucros acima da elevação dos custos de
produção.
Inércia Inflacionária – Provoca a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre
repassados aos preços correntes.

7. O PLANO REAL E A CONJUNTURA BRASILEIRA


O Plano Real pode ser caracterizado como uma política de estabilização da moeda, com vistas a derrotar
a inflação, portanto estabilizar os preços e a moeda. Neste sentido, o Plano Real pode ser considerado de
êxito, pois conseguiu jogar a inflação para níveis muito baixos, considerado os padrões anteriores.
No entanto, o Plano Real visou apenas à estabilização da moeda, mas não estabeleceu em seu escopo
nenhum mecanismo para resolver os problemas estruturais da economia brasileira, como o Plano
Cruzado, por exemplo, que acoplou a estabilização a um plano de desenvolvimento industrial, agrícola,
com desenvolvimento e distribuição de renda.
Por isso mesmo, o Plano Real tem uma enorme fragilidade estrutural, tendo em vista que está prisioneiro
das vicissitudes do mercado financeiro internacional, ou seja, a crise asiática vem demonstrando
claramente que essa estratégia deixou o Brasil refém dos humores dos especuladores internacionais.
Em termos práticos o Plano Real está baseado em três âncoras básicas: a âncora cambial, a âncora de
juros e a âncora do arrocho salarial. Qualquer dessas três âncoras, ao entrar em crise, tem o poder de
contaminar o conjunto do plano.

 A âncora cambial: Esta âncora significa o atrelamento do real ao dólar, de forma a que a moeda
brasileira mantenha uma paridade em relação à moeda americana, acima do seu poder efetivo de
compra.
Isso implica em dois importantes fenômenos: a) como a moeda brasileira está sobrevalorizada,
as exportações apresentam grande dificuldade. b) em contrapartida, as importações são
facilitadas, tendo em vista que os produtos externos se tornam mais baratos que os nacionais.
Resultam desse processo dois novos fenômenos; a) Com as facilidades das importações, o
governo tem em mãos um extraordinário instrumento para evitar que os preços subam
internamente, o que garante a estabilidade; b) em contrapartida, ao importar mais que exportar o
Brasil acumula seguidamente um déficit comercial, que é coberto pela entrada de recursos
externos.

28
 A âncora da taxa de juros: Esse mecanismo nos leva a uma segunda discussão. Como o
governo necessita de recursos para cobrir o déficit comercial (e outros), eleva as taxas de juros à
estratosfera para estimular a vinda dos capitais externos.
Nesse particular o Brasil, logo após a crise asiática, elevou a taxa de juros a 35%, a mais alta do
mundo. Posteriormente, esse percentual foi baixando e atualmente está por volta de 20%, ainda
uma das mais altas do mundo.
Ora, como o capital e, especialmente, o capital especulativo fareja valorização, este decide vir ao
Brasil em função dos elevados ganhos proporcionados pelas taxas de juros elevadas. Ressalte-se
que este tipo de capital que vem para especulação não cria um parafuso e ainda se apropria de
uma parcela substancial da riqueza produzida no País.
No entanto, este capital, ao poder entrar e sair à hora que bem entende, deixa o Brasil
extremamente frágil em relação à conjuntura internacional. Na crise asiática, quando o pânico
tomou conta do mercado financeiro internacional, o Brasil gastou, num só dia, US$ 8 bilhões de
suas reservas para não entrar em bancarrota. Ou seja, ao sentir a crise o capital volátil bateu em
retirada e o governo teve que queimar reservas e duplicar a taxa de juros, com graves prejuízos
para a nação.
Mas a conseqüência mais grave desse processo é o fato de que o governo, para bancar esse jogo
especulativo, é obrigado a ampliar a dívida interna e, conseqüentemente, montante de juros a
serem pagos ao capital especulativo. Para se ter uma idéia, nos últimos três anos de Plano Real o
governo pagou só de juros, por conta da dívida interna, US$ 120 bilhões. Para este ano a conta
de juros é de US$ 50 bilhões.
Como se sabe, esse dinheiro que vai para o pagamento dos juros está faltando para a saúde,
educação, habitação, saneamento, etc.
 A âncora salarial: Em função do Plano Real, o governo vem procurando de todas as formas
criar um ambiente propício para a depreciação do valor de compra dos salários, sob o argumento
de que com a estabilização os trabalhadores ganharam e que, portanto, não se justifica o apetite
por reajustes salariais. Além disso, a conjuntura de estagnação econômica deixa os sindicatos na
defensiva e também cria um ambiente propício a que empresários endureçam nas negociações
salariais.
O resultado desse processo é que a grande maioria dos reajustes salariais da área privada foi feita
abaixo da inflação, segundo constatação do Dieese. Além disso, os funcionários públicos
passaram quase três anos e meio sem reajuste salarial, coisa que nem a ditadura ousou fazer.
Junte-se a esse processo ainda o fato de os trabalhadores terem perdido bastante com a
conversão dos salários no início do Plano Real.
Esta depreciação dos salários é uma espécie de prêmio que o governo dá aos empresários, como
forma de compensar eventuais perdas com exportações ou necessidades de aumento de preços.
Mas, contraditoriamente, o resultado global dessa depreciação do valor da força de trabalho é o
encolhimento do mercado interno e novas dificuldades para a dinâmica da economia brasileira.

AS RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS


As diferenças climáticas, geográficas, os fatores edáficos, não são os mesmos nos países. Enquanto
alguns são dotados de boa terra, outros são dotados de mão-de-obra especializada, ou de capital, em
função dessas diferenças os custos de produção variam de país para país.
As relações internacionais existem porque as necessidades humanas nem sempre podem ser
satisfeitas no país. A partir da combinação desses fatores que surge a divisão internacional do
trabalho, a especialização das nações.

29
A seguir temos uma visão panorâmica de alguns fatores que impelem as economias nacionais a se
inserirem na Divisão Internacional do Trabalho:
 a necessidade de complementação de oferta e demanda nacional: troca de produtos nacionais por
produtos com diferenças naturais e econômicas existentes em diversos países.
Ex.:a escassez de recursos naturais: os países importam produtos semi-elaborados (ex.: lingote
de aço) ou mesmo produtos finais, como alimentos que são produtos escassos em seu país.
Ex.: o Japão que não possui solos férteis nem jazidos minerais e o Império Britânico com
escassez de terras férteis são obrigados, até hoje, a importar grande quantidade de alimentos e
matérias-primas naturais;
 o tamanho do mercado nacional: devido ao avanço tecnológico e as necessidades técnicas de
maiores escalas de produção que a demanda interna, ele se torna especializado e exporta boa
parte dessa produção;
 o desenvolvimento econômico nacional: ao requerer para a economia nacional um grande
acúmulo de capital, exigindo assim grandes importações de equipamentos financiados com as
exportações, empréstimos ou investimentos estrangeiros;
 a integração econômica regional: maior inter-relacionamento com meio para que os países
membros atinjam maior grau de desenvolvimento econômico, ganhou maior destaque com a
instituição do Mercado Comum Europeu (MCE), em 1957, integrado por Alemanha Ocidental,
Holanda, Bélgica, Luxemburgo, França e Itália, ao quais incorporaram outros 9 países entre
1957 e 1995.
Tal integração pode variar de acordo com os objetivos explícitos nos principais Tratados de
Integração:
Tratado de Roma, em 1957, institui o MCE prevê completa integração econômica e
possivelmente política;
EFTA (Associação Européia de Livre Comércio): liderada e instituída pela Inglaterra naquela
época perdeu a maior parte de seus membros que se integralizaram ao MCE. Trata-se apenas de
liberalização do comércio entre seus membros;
Comecon (Conselho de Assistência Econômica Mútua): criado em 1949, compreendia a
cooperação econômica entre todos os países socialistas, terminou em 1991, com a desintegração
do bloco socialista;
Tratado de Montevidéu: compreendendo todos os países da América do Sul (exclusive Guianas)
e o México, em 1960, instituindo a Alalc- Associação Latino-Americana de Livre Comércio,
com objetivos mais modestos que o MCE , mesmo assim em 1980 foi substituída pela Aladi, que
além da liberação comercial prevê acordos setoriais de integração;
Com a Terceira Revolução Industrial, constituíram outros blocos, como: a Nafta (Associação
Norte-Americana de Livre Comércio) formada pelos EUA, Canadá e México, a Asean
(Associação das Nações do Sudeste Asiático) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e
Paraguai) este com a ambiciosa pretensão de construir um mercado comum.
A necessidade de expansão do sistema capitalista internacional, que procura assegurar a
conquista de novos mercados e suprimento de matéria-prima; produtos em regiões que pagam
baixos salários; "paraísos fiscais e cambiais"(as plataformas de exportação, ZPEs, portos livres,
etc.)
A busca de melhor aplicação e remuneração para o capital constitui-se (desde meados do séc.
XIX) no determinante maior da internacionalização das relações econômicas.
Assim, já na época do mercantilismo (XVI e XVIII) dá-se notável expansão do capitalismo
comercial, com a Revolução Industrial, ingressou na fase do capitalismo industrial (XVIII e

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XIX). Atinge o caráter imperialista-colonialista em fins do séc. XIX, após as 2 Guerras Mundiais
e da crise de 1929, readquiriu seu vigor e causou impacto de sua presença em todos os países
capitalistas. A Inglaterra teve o domínio até a Primeira Guerra Mundial, substituída pelos EUA.
ADAM SMITH E AS VANTAGENS ABSOLUTAS
Adam Smith foi considerado o pai da economia. Das suas observações sobre a causa das
riquezas das nações, publicou em 1776 o livro a Riqueza das Nações, em que admitia a não
intervenção do Estado na Economia afirmando que “A mão invisível do mercado não só designa
as tarefas, mas também dirige as pessoas na escolha da profissão, fazendo com que se leve em
conta as necessidades sociais. Admitia que os países deveriam se especializar nas tarefas que
têm mais competências, chamando isso de vantagens absolutas.
Vantagem absoluta: Condição (geralmente é criada pela especialização), em que determinado
produto ou serviço podem ser ofertados com preços de custo inferiores aos dos concorrentes.

DAVI RICARDO E A LEI DOS CUSTOS COMPARATIVOS


David Ricardo nasceu em Londres, estudou na Holanda, preparando-se para os negócios da
corretora de valores de seu pai. Interveio na bolsa de valores e aos 19 anos amealhou grande
fortuna. Atraído pelo livro a Riqueza das nações, de Adam Smith, dedicou-se à economia.
Deslocou o centro de gravidade da produção para a distribuição, sua melhor contribuição foi a
teoria do valor-preço comparativo, como justificativa do comércio internacional.
A Lei do Custo Comparativo, demonstrava os benefícios advindos de uma especialização
internacional na composição dos commodities do comércio internacional. Este foi o principal
argumento do Livre Comércio, aplicado pela Inglaterra, durante o século XIX, exportando
manufaturas e importando matérias primas.

AS RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS E O TERCEIRO MUNDO


Com a Revolução Industrial, a Inglaterra, passou a dedicar-se a produção de manufaturas somente, sem
base agrícola, passou a importar maior parte de alimentos e matérias-primas. Com o aumento da
produção em massa interna (manufaturas) e parte substancial da demanda interna (alimentos e matérias-
primas), exigiu-se maior parte de suas trocas internacionais.
No início, esse comércio se fazia por meio de companhias inglesas que se instalavam nos territórios
estrangeiros, com o objetivo primeiro de efetuar exportações e importações, e de dar a esses fluxos
segurança e continuidade. Com o avanço industrial de outros países – Alemanha e Bélgica -,
estabelecendo idêntico esquema internacional de trocas, surge uma ameaça concreta ao Império
Britânico, porque esses países procuravam penetrar em territórios já “conquistados comercialmente”
pelos britânicos. Os titulares de tais empresas reivindicam então à Coroa proteção para seus
empreendimentos, em termos de uma ação mais energética do governo inglês em relação aos governos
de tais territórios.
A Inglaterra, apoiada então nos seus interesses industriais, e diante da ameaça dos parceiros do jogo
internacional, concedia “proteção” a essas companhias, firmando tratados com povos nativos, criando
postos de “missionários” ou simplesmente conquistando de fato o território, que passava então ao caráter
de colônia. Essa política de colonialismo foi adotada pelos demais países, e teve seu início próximo à
metade do século XIX, fazendo que ingleses, franceses, alemães, belgas e italianos “loteassem” o
território africano e grande parte da Ásia. Pela mesma época, esses mesmos “representantes da
civilização ocidental” conquistaram a Indochina e ocuparam finalmente a China.
Com essas conquistas, é imposta pelos países "centrais" uma política de trocas comerciais aos países da
"periferia", sendo assim, os países periféricos têm seu crescimento atrelado a demanda interna de
31
produtos primários, qualquer oscilação nos preços desses bens ou oscilação da atividade dos países
centrais reflete-se imediatamente na renda e no emprego da periferia.
Por outro lado, com o interesse voltado para a continuidade do fluxo de comércio, os países centrais
passaram a exportar capitais, aplicando-os no exterior com objetivo de financiar a produção, criar uma
infra-estrutura de transporte e comunicações, financiar dívidas, etc.
Esse esquema vigora até fins de 1929, a grande crise econômica mundial interrompe a demanda
internacional de produtos primários, desorganizando a oferta internacional de manufaturas e provocando
grande queda de preços. A periferia então exporta menos e conseqüentemente importa menos também,
obrigando alguns países a ingressarem num processo de industrialização substituidora de importações, os
mais bem sucedidos, são Brasil, Argentina e México, que implantaram um parque industrial para
produzir os bens que antes eram importados. Ex.: tecidos.
A medida que avança o processo, a produção industrial é obrigada a poupar escassas divisas (deixando
de importar bens de consumo), necessárias para importar os insumos e bens de capital que não produzem
internamente. Ex.:
Assim, as importações vão sofrendo mudanças estruturais, perdendo importância os bens de consumo e
aumentando a dos intermediários e de capital, as compras "supérfluas" são eliminadas e o desequilíbrio
externo se torna crônico, gerando pressões inflacionarias na economia.
Na exportação os produtos básicos (matéria-prima e semimanufaturados) permanecem a preços altos,
mas para a Argentina, Brasil e México os manufaturados (industrializados) passam a 50%.
Em 1960, a América Latina exportava petróleo, café e cobre, tornando o país dependente, devido a essa
demanda internacional, o preço dos produtos cai e obriga esses países a lançar mão de empréstimos e
financiamentos estrangeiros para sanar o déficit do balanço de pagamentos e suplementar a formação de
capitais do país.
Como esse déficit passa a ter caráter crônico, sem grandes exportações, os países vêem se obrigados não
só a protelar pagamentos de empréstimos anteriores, mas também a tomar novos empréstimos para
satisfazer as necessidades impostas pelo crescimento da economia e "rolar" os débitos ainda não pagos
no exterior.
Aumentando a dívida externa do país, comprometendo a curto e em longo prazo sua capacidade de
pagamento e de importar.
A vinda e permanência do capital internacional é necessária para complementar nossos investimentos,
financiamentos, acesso a novas tecnologias, etc. e conseqüentemente no aumento de nossa dependência
externa, pelos seguintes fatos:
 pelo serviço da dívida externa, que compromete a capacidade de pagamentos e torna a economia
dependente de negociações protelatórias;
 pelas remessas de lucros e de direitos de patentes, que transfere para o exterior parte importante
da capacidade de importar , diminuindo o montante da renda interna;
 pela introdução de novas técnicas e processos produtivos, reduzindo o grau de liberdade das
políticas de emprego;
 dependência via investimento estrangeiro, o surgimento de grandes empresas filiais de unidades
produtoras, que monopolizam ou detêm grande parte da produção interna ficando a exportação
de produtos manufaturados condicionados às decisões das matrizes estrangeiras;
 os grandes movimentos de capital de curto prazo (capital "motel") desestabilizam o mercado de
câmbio com movimentos abruptos de fuga ou de entrada, podendo gerar crises profundas.

32
DOTAÇÃO DE FATORES E A MODERNA TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

O MODELO DE HECKSCHER – OHLIN.


Teoria das Vantagens Comparativas – Críticas:
• A teoria tem uma visão estática do processo econômico, supondo que os custos de produção de um
bem num país sejam constantes no tempo, significando dizer que, se um país tem vantagens
produtivas hoje, estas permanecerão para sempre;
• A experiência tem mostrado que, com o tempo, os países alteram suas dotações de fatores e seu
padrão tecnológico e, portanto, suas capacidades produtivas;
• A teoria pressupõe a existência de uma concorrência perfeita, isto é não sofrerão nunca alterações,
entrarão novos concorrentes ou não sairão novos concorrentes;
• O modelo de David Ricardo se baseia na teoria clássica do valor – que os custos de produção são
determinados unicamente pela quantidade de trabalho nela incorporada. Desprezando assim os custos
de outros fatores, como terra, capital e tecnologia. Mais ainda trata o trabalho como fator homogêneo,
esquecendo-se que este apresenta diferentes qualificações e, portanto diferentes produtividades e
custos. É claro que o desenvolvimento tecnológico acaba igualando de alguma forma e em alguns
setores o nível de produtividade (indústria automobilística, eletrodomésticos, etc.), porém a
concorrência acirrada desperta a criatividade das empresas em buscar outras ferramentas de
competitividade, tornando assim os mercados completamente heterogêneos em sua competição.
Por essas e outras, a verdade é que o livre comércio proposto pelos economistas clássicos, tendo
David Ricardo à frente, não representa a realidade atual do comércio internacional. Assim, de
qualquer forma os países sempre se protegem contra a concorrência externa, principalmente naqueles
setores em que não são suficientemente competitivos.
Devido a estas críticas, surgiu uma nova teoria explicativa das relações econômicas internacionais,
denominadas: moderna teoria do comércio internacional, e desenvolvida pelos economistas suecos
Elie Heckscher e Bertil Ohlin, e desde os anos 30, representa a principal teoria ortodoxa do comércio
internacional.
Essa nova teoria parte do principio de que o comércio internacional decorre das diferenças de custos
existentes entre os países. Porém ao invés de explicar as diferença de custo em termos apenas do
trabalho, os dois economistas introduziram no estudo o fator capital, reconhecendo que as diferenças
de custo são dadas pela soma dos custos dos diversos fatores empregados em sua produção.
A partir da constatação de que os diversos fatores não estão disponíveis (em quantidade e qualidade)
igualmente entre os países, os autores argumentaram que, num dado país, o fator relativamente
escasso terá uma produtividade marginal* mais elevada e, portanto, uma remuneração ou preço mais
elevado que em outro país onde este fator seja mais abundante.

_______________________________________________________________

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* produtividade marginal de um fator é o acréscimo na produção total decorrente do emprego de mais uma unidade deste
fator. É importante observar que, se fosse possível uma perfeita mobilidade dos fatores entre os países, o fator mais
abundante emigraria para o país onde fosse mais escasso. Com esta emigração, ocorreria uma redução da oferta do fator
onde, antes era abundante, enquanto, no país para o qual emigrou, sua oferta aumentaria. A continuação deste processo
levaria, fatalmente a uma equalização das produtividades marginais e dos preços nos dois países.
Na prática, no entanto, esta mobilidade não existe, pelo menos com tanta facilidade e o resultado é a manutenção, por longo
período, das diferenças de produtividade entre os países, o que acarretaria diferenças de custos e de preços que justificam a
especialização e o comércio internacional.

O TEOREMA HECKSCHER-OHLIN
O modelo padrão Heckscher-Ohlin se baseia no seguinte: Um país tem uma vantagem comparativa na
mercadoria que utiliza intensivamente seu fator abundante.
A partir dessa afirmativa, a conclusão da teoria moderna de comércio internacional torna-se óbvia:
“os países devem se especializar na produção daqueles bens produzidos por fatores
comparativamente abundantes nas suas economias.”
Assim, se um determinado país é abundante em mão-de-obra (têxtil, calçados e agricultura, por
exemplo), enquanto o país cujo fator abundante fosse o capital, deveria se especializar naquelas
indústrias intensivas em capital e tecnologia.
Um aspecto importante a observar, relativamente a essas abordagens analíticas de comércio
internacional, é o seguinte: apesar de aparentemente óbvias, todas essas teorias têm recebido críticas
severas. Uma delas diz que ao seguir essas teorias, os países subdesenvolvidos estarão fadados para
sempre a exportarem produtos primários, basicamente bens agrícolas – e os bens de indústrias
tradicionais (têxtil, couros, etc.) intensivos em trabalho e a importarem sempre os produtos
manufaturados e de alta tecnologia.
Na visão desses críticos, a teoria das vantagens comparativas e a moderna teoria são abordagens estáticas
e não dinâmicas, argumentando que, dependendo do esforço de investimentos empreendido pelos países,
sua dotação de fatores pode se alterar com o passar do tempo. Foi em decorrência dessas críticas que os
países em desenvolvimento embarcaram nas décadas de 40, 50 e 60, no chamado “processo de
substituição de importações” que possibilitou uma rápida industrialização desses países.

AS NOVAS TEORIAS DE VERNON E LINDER


Tudo que já foi dito permite concluir que o pensamento predominante, desde Adam Smith (metade do
século XVIII) até Hecksher-Ohlin (primeira metade do século XX) era de que o comércio internacional
trazia benefícios recíprocos para os países e que as trocas externas eram determinadas pela diferença e
diversidade estruturais de recursos entre os países. Esta crença, no entanto, foi objeto de críticas a partir
da década de 50, notadamente nos anos 60 e 70. Dentre as várias abordagens teóricas que subsidiaram
essas críticas, duas merecem destaques: a de S. Linder e Vernon.

A ABORDAGEM DE LINDER
As bases e conclusões das teorias de comércio internacional, centradas na abundância relativa de fatores
e nas diferenças de uso dos mesmos foram revistas a partir da evidência de que os fluxos de comércio
mais intensos e de valores mais expressivos não ocorriam entre os países com diversidade e diferenças
acentuadas na dotação de recursos. Ao contrário ocorriam justamente entre os países que apresentavam
semelhantes níveis médios de renda e semelhantes estruturas internas de demanda agregada.
Como expoente desta nova abordagem, Linder mostrou que o comércio exterior é uma extensão para
fora do país, suas atividades econômicas desenvolvidas internamente. Na verdade, a intensidade dos

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fluxos de comércio entre os países é derivada dos esforços dos empresários no sentido de estender os
padrões da procura ou demanda interna para além das fronteiras do próprio país.
Assim, a decisão dos empresários de produzir determinado bem é fortemente motivada pela percepção
de que existem necessidades não atendidas dentro de seu próprio país, representando então
possibilidades de ganhos visíveis. Mais adiante esses empresários percebem que a experiência deu certo
e visualizam então, possibilidade de internacionalizar a venda de seus produtos. Isso proporcionará ainda
ganhos maiores. E quanto menor o país de origem tanto maior a probabilidade de as exportações
aumentarem sua participação na oferta agregada.
Há que observar ainda que os países importadores daqueles bens, ao verificarem o crescimento das
importações, tomarem decisões protecionistas visando à substituição de importações. E é justamente
nessa transmissão de capacidades de produção entre os países que surgem os ganhos mais expressivos do
comércio internacional.

A ABORDAGEM DE VERNON
Uma outra abordagem teórica desenvolvida na mesma época e com pressupostos semelhantes aos de
Linder foi a de Vernon que correlacionou os fluxos de comércio e os investimentos internacionais à
teoria do ciclo de vida dos produtos. Por essa visão, um país inovador, industrialmente avançado,
desenvolve determinado produto, atendendo tanto à procura interna quanto à externa. As exportações, no
entanto, só se mantêm dinâmicas nas fases de introdução e de maturação do produto. Porém, com o
tempo ocorre à estabilização da procura, em conseqüência, a produção interna declina, por duas razões
básicas: As forças internas de produção já estarão concentradas e direcionadas para outros produtos
novos; e, os países para os quais se realizavam exportações tornaram-se produtores e também
exportadores.
Dessa forma a exemplo da concepção de Linder, no modelo de Vernon, as inovações se antecipam aos
mercados. Na verdade pode-se concluir que os ganhos decorrentes dessas cadeias de transmissão de
novos padrões de procura e de oferta seriam, mais que as vantagens recíprocas preconizadas pelas
abordagens clássicas, os benefícios efetivos das redes mundiais de intercâmbio econômico-comercial.
A despeito das vantagens acima preconizadas, algumas críticas aos modelos em discussão apontam para
os seguintes fatos:
 A existência de um intenso e crescente comércio entre países que apresentam dotações de
recursos bastante semelhantes, como é o caso dos países da Europa Ocidental. Pela teoria de
Heckscher-Ohlin, esse comércio deveria ser pequeno, sendo mais adequado para o comércio
com estruturas produtivas diferentes, como entre os países industrializados e os produtores de
bens primário-agrícolas; e;
 A grande troca de produtos bastante similares entre países, como por exemplo, a exportações de
carros alemães para a França e vice-versa o que, em princípio, contraria a teoria de Hecksher-
Ohlin.

Entretanto surgiram diversos argumentos que procuraram explicar esses aparentes paradoxos, mostrando
que o comércio de produtos industrializados é influenciado pelos seguintes fatores principais:
 Economias de escala – que em resumo, quer dizer que à medida que a escala de
produção aumenta, os custos se reduzem e, com isso, os países se beneficiam como o comércio
e, por conseqüência o bem estar dos consumidores com preços menores.
 À medida que aumenta a renda “per capita” vai se elevando, os consumidores vão
diversificando e sofisticando seus gostos.

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O ciclo do produto – baseada na teoria de Vernon, esta tese argumenta que os produtos novos
são desenvolvidos e produzidos primeiramente numa economia mais industrializada (Estados
Unidos) por exemplo. Isso é explicado porque nessa economia a renda é alta e,
conseqüentemente, a demanda é maior, a mão-de-obra é mais qualificada, etc. Uma vez que o
produto se tornou de consumo geral dentro do país, começa-se a busca externa por novos
mercados consumidores. Posteriormente essa produção é transferida para os países menos
desenvolvidos, porém agora já em condições de produzi-lo, enquanto no país de origem estão
surgindo novos e mais sofisticados produtos para atenderem a demanda interna, também cada
vez mais exigente.

14. A GLOBALIZAÇÃO E AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS


A globalização já existia, desde quando os piratas e o capital mercantil cruzaram "os sete mares", hoje
serve de argumento para "explicar" e "justificar" atitudes irresponsáveis praticadas e defendidas pelas
elites e governos da maioria dos países.
A globalização financeira: que resultou da desmedida e pouco controlada expansão financeira
internacional, graças a:
 modernas telecomunicações;
 saída de grandes bancos e empresas mundiais de seus países de origem em busca de "paraísos"
fiscais ou "ninhos de ganho fácil, temporário e especulativo";
 abertura de comportas pelos Estados nacionais, facilitando o livre trânsito de capitais de curto
prazo ("capital motel").
A globalização produtiva: que consiste na reestruturação (econômica, técnica, administrativa, comercial
e financeira) que as empresas transnacionais vêm fazendo, promovendo a nova divisão internacional do
trabalho.
Ex.: a empresa automotriz "A” não mais produz o automóvel por inteiro no país P1 (ou não mais ali
adquire todas as partes): faz o motor em P2, partes eletrônicas em P3, compra os pneus em P4, a
estamparia em P1, o câmbio em P5; monta o veículo em P1 e P2, produzindo o "carro mundial" e, agora
sim, globalizando de fato suas vendas. Assim P1, deixa de produzir a maior parte dos componentes do
veículo, gera menos emprego em função de seus objetivos: menos custos de trabalho, vantagens
comparativas, financeiras e fiscais, etc.
Em certos casos para dar algum equilíbrio às contas externas do setor em um país, geram exportações(ou
importações) de partes e peças para "equilibrar" suas importações (ou exportações do veículo acabado);
é o que elas fazem no Mercosul, viabilizando esse mercado artificial. Assim, enquanto a comercialização
do automóvel se dá de forma mundial (globalizada), a produção só é realizada em um número pequeno
de países.
A globalização é fruto, em grande parte, da intromissão tecnológica da Terceira Revolução Industrial,
acelerada pela expansão da acumulação financeira que ocorre desde meados da década de 1970, muito
acima e adiante da acumulação produtiva.
Por outro lado, a Terceira Revolução Industrial , entre outros, causou e tem causado os seguintes efeitos,
a maioria dos quais são perversos para os países subdesenvolvidos:
 destrói mais empregos do que cria;
 substitui muitos insumos tradicionais (como aço bruto, cobre, algodão) por modernos (fibra
ótica, novas ligas metálicas, sintéticas);
 induz as empresas transnacionais a uma violenta reconcentração de capital, convertendo-as em
“gigantes”, com enorme grau de monopolização e autonomia em suas atitudes dentro de cada
país subdesenvolvido onde se instalam.
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Sendo assim, podemos dizer que:
A globalização produtiva é restrita a alguns países com condições mínimas para a produção industrial
mais complexa. Ex.: Brasil, Argentina e México.
A modernidade produtiva (financeira e ideológica) causa alto desemprego, eliminação de várias
atividades produtivas etc., agravando toda a sociedade. Mesmo nos países desenvolvidos há milhões de
desempregados, ou seja, aumenta a produção, mas diminui os empregos.
As elites e seus representantes no governo, pouco afetam, comprando carros japoneses, vinhos e queijos
importados ou com férias em Miami.
No Brasil vemos a elevação de desemprego, do subemprego, da precarização das relações do trabalho,
da quebradeira das pequenas e médias empresas e das privatizações e fusões da nossa industria. Ex.:
Cofap e Metal Lever.
Podemos destacar ainda:
 a falsa idéia de que com a abertura, as empresas se tornariam mais competitivas e eficientes, o
que vemos não é bem assim:
 nações de pequeno e médio tamanho (países subdesenvolvidos) atingiram baixo grau de
industrialização, exportam produtos manufaturados e tendo pouco ou nada de especialização ou
eficiência competitiva industrial ante as nações desenvolvidas;
 países desenvolvidos de tamanho pequeno ou médio, além de industrializados, contêm estruturas
especializadas em exportações, competindo eficientemente com os países desenvolvidos de
grande porte;
 países de grande mercado e desenvolvidos possuem experiência em exportações diversificadas
como aviões e equipamentos de grande porte (EUA) e eletrônicos (Japão);
 países subdesenvolvidos de mercado interno médio, apresentam diversidade, mas com poucas
especializações competitivas em tecnologia avançada. Especializa-se na produção de bens que
usam mão-de-obra barata e recursos naturais para produzir insumos básicos ou produtos
agroindustriais, de alto consumo energético ou poluidores do meio ambiente.
Dessa forma, é uma ilusão pensar no “rápido poder transformador” de modernização e competitividade
ao mundo subdesenvolvido.
Então nossa alternativa é “ganhar tempo”, fazendo as reformas estruturais necessárias e reestruturação
produtiva gradativamente. O Brasil foi o “último rebelde”, na América Latina, a aceitar com Collor em
1991 e aprofundada por Fernando Henrique Cardoso à partir de `1993 a imposição das políticas
neoliberais que ainda dita: a abertura de nossa economia à competição, redução de tarifas e
desregulamentação da entrada e saída do capital estrangeiro.

15. NEOLIBERALISMO
O Consenso de Washington: em novembro de 1989 reuniram-se nos EUA técnicos do governo americano,
funcionários de entidades internacionais, acadêmicos e especialistas latino-americanos para avaliar as
políticas de ajustes realizadas na América Latina.
As conclusões dessa reunião ficaram conhecidas como Consenso de Washington. Houve um amplo
consenso sobre o êxito das reformas realizadas na América Latina, à exceção do Brasil.
Na verdade, o receituário ortodoxo já vinha sendo implementado no mundo desde a eleição de Reagan-
Tatcher. Foi o chamado período monetarista.

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Com o Consenso de Washington, entra-se na fase chamada de neoliberal, ou seja, uma fase marcada pela
ofensiva geral contra o Estado, os direitos sociais e garantias dos trabalhadores, sob a égide do livre
mercado e da iniciativa privada.
Alia-se a esse processo uma intensa campanha nos órgãos de comunicação procurando-se fazer crer que
quem não concorda com esta nova ordem é ortodoxo, contra a modernidade, etc.
Vive-se atualmente a fase do fundamentalismo do mercado.
Os principais postulados teóricos do neoliberalismo:
 O livre mercado como regulador das relações econômicas e sociais do mundo (Antes o Estado
tinha grande poder de regulação sócio-econômica).
 A iniciativa privada como operadora por excelência do sistema.
 A retirada do Estado da economia, mediante a passagem do patrimônio público para o setor
privado, além da desregulamentação.

Os argumentos dos neoliberais:


 A mão invisível do mercado e o poder regulador da livre competição.
 Quanto mais mercado, mais bem estar social.
 A saudável desigualdade como instrumento da liberdade do cidadão e da dinamização da
economia.

O neoliberalismo e o Estado:
 O Estado destrói a liberdade do cidadão e inibe a livre iniciativa.
 A regulamentação inibe a vitalidade da concorrência, da qual depende toda sociedade.
 O Estado deve se desfazer do seu patrimônio e passá-lo para a iniciativa privada, que é mais
eficiente.
 A rede de proteção social do Estado (saúde, educação e seguridade social) leva a indolência e à
falta de iniciativa dos cidadãos.
 O Estado deve ser mínimo, no sentido de garantir apenas a propriedade, os contratos e a defesa do
País contra agressão externo - este último item está ficando fora da agenda.

O neoliberalismo e os sindicatos:
 Os sindicatos formam um monopólio nocivo à livre concorrência da mão-de-obra. Portanto, é um
monopólio que deve ser combatido.
 As reivindicações e conquistas salariais estão corroendo as bases da acumulação capitalista.
 As pressões sindicais para aumento dos gastos públicos em áreas sociais inibem o investimento
privado.
 A diminuição dos impostos para os ricos é salutar, pois favorece o investimento empresarial.
 A prática política dos neoliberais:
 A desregulamentação do mercado de trabalho e suas conseqüências.

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 A liberalização do comércio exterior: vantagens efêmeras para o consumidor e desvantagem para
a sociedade.
 A redução dos gastos sociais e o aumento das carências
 Que significa privatizar a saúde, educação e previdência?
 que significa a liberdade dos preços e a livre concorrência?
 A redução da carga fiscal para os ricos leva a mais investimento?
 Desregramento financeiro e orgia especulativa.

Como opera a pressão econômica e política do sistema mundial do neoliberalismo?


 Os organismos de pressão: FMI, BIRD, Conselho de Segurança da ONU.
 Elites nativas ligadas ao capital financeiro internacional.
 A batalha ideológica e os meios de comunicação: o controle da difusão de notícias no mundo e no
Brasil.
 A busca da adesão unilateral ao neoliberalismo
 Neoliberalismo e a questão da democracia
 A ofensiva contra o movimento operário
 A cooptação dos setores da esquerda
 O neoliberalismo e a barbárie social.

16. AS EMPRESAS TRANSNACIONAIS


O sistema capitalista e seu centro dinâmico: as empresas transnacionais (aqui no Brasil conhecidas
como multinacionais), funcionam como destacamentos avançados do sistema capitalista central na busca
da valorização do capital. Uma espécie de maestro da grande orquestra do capital mundial.
Possuem uma estratégia mundial de atuação: nos campos produtivos, comerciais, de gestão e
tecnológicos.
Objetivo central da internacionalização da produção: aproveitar-se das melhores disponibilidades
nacionais, em termos de matéria-prima e mão-de-obra, para alavancar a taxa de lucro.
Existem atualmente 37 mil multinacionais no mundo (segundo o Centro das Nações Unidas para Estudo
das Transnacionais). No entanto, as que contam realmente são as 100 maiores, que concentram 1/3 do
investimento externo; possuem ativos no valor de US$ 3,2 trilhões, sendo 40% fora dos países de
origem.
Dentre as 100 maiores, 25/30 dominam efetivamente o mundo dos negócios. O patrimônio dessas
empresas é maior que o PIB da grande maioria das nações do mundo, o que por si só já é suficiente para
dar uma idéia do enorme poder de barganha que têm junto às nações.
Nas atuais condições da globalização, um novo fenômeno surgiu no processo de gestão dessas empresas:
a tensão entre as diretorias produtiva e financeira para ver quem produz mais lucros. A pressão dos
fundos de pensão e dos seguradores em busca da valorização do capita.

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A Concentração na área da tecnologia:
 Em 1988, os países da OCDE gastaram com Pesquisa e Desenvolvimento US$ 288 bilhões.
 Deste total, os EUA participaram com 48,4%; CEE, 27,7%; Japão, 17,9%; outros países, 6%.
 Nos EUA, mais de 50% da pesquisa tecnológica é financiada pelos 20 maiores grupos
econômicos.

17. O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DA MOEDA


O que é moeda? Segundo Leontieff, economista russo, Prêmio Nobel de Economia em 1973, “ moeda é
a mercadoria que serve de equivalente geral para todas as mercadorias”
Seu papel é de fundamental importância dentro do sistema econômico, pois se a deixarmos flutuar
livremente as conseqüências para a economia seriam imprevisíveis.
Dinheiro: é tudo o que serve como meio de troca, no sentido de que é amplamente aceito como meio de
pagamento. Portanto, não se pode confundir moeda com dinheiro. Moeda é uma das modalidades de
dinheiro utilizadas nas trocas.

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA

Podem ser divididas em seis estágios ou fases:


 Era da troca de mercadorias;
 Era da mercadoria moeda;
 Era da moeda metálica;
 Era da moeda papel;
 Moeda fiduciária (ou papel-moeda); e,
 Moeda bancária ou escritural

 Era da troca de mercadorias


Nas mais primitivas das culturas a economia funcionava à base do escambo, que era a troca
simples de mercadoria por mercadoria. O inconveniente é que precisaria haver coincidência de
interesses nas trocas, o que sempre inviabilizava as transações.

 Era da mercadoria moeda


Em função da dificuldade de se praticar o escambo, os indivíduos passam a eleger um único
produto como referencial de trocas, que tivesse algum valor e fosse aceita por todos, para tanto
deveria ser rara o bastante para que tivesse valor. Assim vários produtos foram utilizados como
moedas nos diversos países desde cobre, gado, cereais até escravos. O gado foi o mais utilizado e
deu origem a diversos termos como pecuária (gado), pecuniário (dinheiro), pecúnia (dinheiro),
cápita (cabeça); capitale (capital, riqueza).

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 Era da moeda metálica
De modo geral, para que uma mercadoria possa ser utilizada como moeda ela deve ter várias
qualidades, dentre as quais destacamos: Durabilidade; Divisibilidade; Homogeneidade;
Facilidade de manuseio.

 Era da moeda metálica


A moeda metálica satisfez todos os quesitos exigidos. Depois de várias tentativas de metais o
ouro e a prata foram os metais preferidos, porém apesar das vantagens apresentadas existia um
inconveniente, o transporte em longas distâncias em função de seu peso e volume suscitava riscos
de assalto.

 Era da moeda-papel
Para resolver os problemas das moedas metálicas os comerciantes passaram a depositar seus
valores nas chamadas “casas de custódia” ou “ourives” (fabricantes de jóias derivadas do ouro e
prata). Estes emitiam certificados de depósito representativos desses valores, que seriam trocados
novamente por moedas metálicas. Estabeleceu-se assim a moeda totalmente lastreada.

 Era do papel-moeda (ou fiduciária)


Com o passar do tempo as casas de custódia perceberam que os detentores dos certificados não
faziam a reconversão ao mesmo tempo, assim as casas de custódia passaram a emitir certificados
sem lastro em metal, dando origem à moeda fiduciária (fidúcia significa confiança) ou papel
moeda. Esta Moeda entretanto passou a ser emitida por particulares o que levou o sistema à ruína.
O Estado assume o mecanismo das emissões e passa a controlá-la. Hoje a moeda fiduciária não
tem mais lastro ouro ou prata sendo assim totalmente inconversível pelo metal.

 Moeda Bancária
Com a evolução do sistema bancário surgiu a moeda bancária ou escritural. Ela é representada
pelos depósitos à vista e a curto prazo nos bancos, que passam a movimentar esses recursos por
cheques ou ordens de pagamento. É escritural porque diz respeito aos lançamentos a débito e
crédito nas contas correntes dos bancos.

FUNÇÕES DA MOEDA:
INSTRUMENTO DE TROCA: pela sua funcionalidade permitiu que a economia como um todo
aumentasse sua eficiência, fazendo com que bens e serviços ficassem disponíveis para os
indivíduos.

MEDIDA DE VALOR: função essencial já que tem por finalidade medir o valor dos bens e
serviços de uma economia. Se essa função não existisse não poderíamos calcular a contabilidade
social, o nível de produto e de renda, volume de consumo, poupança e investimento.

RESERVA DE VALOR: a moeda torna-se um elemento de entesouramento, de estoque de


riqueza, quando é retirada de circulação. Entretanto, o entesouramento só é compensador se a
moeda não tiver seu valor corroído pela inflação.

PAGAMENTO DIFERIDO: quando as operações se fazem a crédito, o produto é entregue ao


comprador sem pagamento imediato, deixando expresso o valor do pagamento futuro.

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