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H1

O ESTADO DE S. PAULO
QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2004 N
a política, 2004 reserva
um grande teste e um
enorme desafio para o go-
Desafios
왘 Pode não ser um espetáculo,
mas uma expansão de 3,5% ou
mais significa o fim da estagna-
verno. O teste serão as primeiras ção. No cenário internacional, os
eleições municipais com o PT no bons ventos ajudam: o crescimen-
poder, cujos resultados vão balizar to dos Estados Unidos pode ser
a avaliação desta administração. quase duas vezes maior do que os
O desafio fica por conta da ques- 3% de 2003. Na Europa, que encer-
tão social, que ainda não apresen- Mercado eufórico com o Brasil ra o ano com expansão de apenas
tou os avanços prometidos na cam- 0,5% – o pior resultado desde a re-
Fome: com os dias contados?
panha eleitoral. Nos últimos 12 cessão de 1993 – o clima também é
meses, ficou evidente o contraste entre a euforia do mercado financei- de otimismo. Bom sinal para os
ro e a dura realidade dos indicadores de desemprego e renda. produtos brasileiros de exporta-
O ano novo traz esperanças de que a economia real comece a viver ção, especialmente os agrícolas,
dias melhores. No ano em que o real completará dez anos, a economia que viveram dias de glória no ano
poderá crescer graças à redução dos juros e ampliação do crédito. 왘 que se encerra.

2003
Festa no campo: safra recorde

Memória
Foi o ano da guerra. Os Esta- 왘 zes foram assassinados. Poli-
dos Unidos mostraram ao mun- ciais e um juiz foram presos.
do que podiam derrubar o dita- Foi um ano de luto para a ex-
dor Saddam Hussein. Mas foi ploração espacial. Os Estados
mais fácil derrubar Saddam do Unidos perderam o ônibus es-
que administrar a situação no pacial Columbia, com sete as-
Iraque, onde acabou sendo víti- tronautas. O Brasil perdeu o
ma de atentado o embaixador terceiro protótipo do foguete
Sergio Vieira de Mello. Atenta- Explosão do VLS em Alcântara VLS e 21 técnicos altamente es-
dos e ataques suicidas se suce- pecializados na Base de Alcân-
deram em várias regiões do Soldado americano em Bagdá tara.
mundo. Bush, vitorioso no Ira- Mas o País brilhou nos espor-
que, tentou o Mapa da Paz no Oriente Médio. Ficou na tentati- tes. Teve sua melhor perfor-
va. A guerra no Iraque mudou as relações entre os países. Só mance em Jogos Pan-America-
não teve o impacto que se previa na economia mundial. nos. Foi campeão mundial no
No Brasil, esperou-se o espetáculo do crescimento econômi- vôlei e viu Daiane dos Santos
co, anunciado para o segundo semestre. Não chegou. Não falta- ganhar a 1.ª medalha de ouro
ram no País violência urbana e escândalos de corrupção. Juí- 왘 da ginástica brasileira no solo.

Daiane dos Santos e a medalha

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H2 - O ESTADO DE S.PAULO
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NACIONAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004

O PRIMEIRO TESTE DO GOVERNO LULA


Eleições municipais, em
outubro, vão avaliar
DESAFIO: AS
atuação do presidente CAMPANHAS
e eficácia de seu governo
NACIONAIS
ANA PAULA SCINOCCA,
CIDA FONTES Tanto o governo como a opo-
e ELIZABETH LOPES sição estão se preparando para
a nacionalização das campa-

O
s maiores desafios políti- nhas municipais, principal-
cos do governo Lula em mente nas capitais e grandes ci-
2004, após a aprovação dades. O presidente do PSDB,
das reformas e a consolidação José Serra, já anunciou que o
do ajuste fiscal, estarão fora do partido levará para as eleições
Congresso. A sociedade vai co- os grandes temas nacionais, co-
brar os resultados da tão anun- mo o desempenho da econo-
ciada recuperação da econo- mia e os investimentos do go-
mia, com crescimento e gera- verno na área social.
ção de empregos, além de inves- Os líderes petistas dizem já
timentos na área social. E o de- esperar por isso e um dos obje-
sempenho do segundo ano da tivos da campanha será fazer a
administração será fundamen- defesa do governo Lula e apos-
tal no primeiro teste eleitoral tar na recuperação econômica.
do governo, com as eleições mu- O deputado Professor Luizi-
nicipais em outubro. nho (PT-SP), um dos vice-líde-
A estratégia do PT é eleger res do governo, acha que, se os
mais de 400 prefeitos para se índices sociais melhorarem, es-
tornar um partido mais robusto pera-se um bom desempenho
e competitivo e se manter no po- eleitoral do PT. “Então para
der em 2006, nas próximas elei- nós não será ruim nacionalizar
ções presidenciais. Por enquan- a campanha”, avalia.
to, na opinião do cientista políti- O presidente do PT, José
co e professor da Universidade Genoino, não gosta de falar
Federal de Minas Gerais em números, mas o objetivo
(UFMG) Fábio Wanderley do PT é eleger 16 prefeitos de
Reis, o partido ainda está em fa- capitais, duplicando a presen-
se de aprendizado. ça do partido nessas cidades.
Reis elogia a atuação ortodo- Nas eleições passadas, o PT
xa na economia, mas adverte elegeu 187 prefeitos, a maio-
que será preciso conciliar essa ria nos grandes centros urba-
preocupação com a agenda so- nos, com estimativa de 12 mi-

Jonne Roriz/AE
cial. Essa é uma marca, lembra lhões de votos. Hoje, o parti-
ele, que levou o partido ao co- do administra 192 cidades.
mando do País. “Agora, o PT Já a idéia dos tucanos é
tem de fazer isso (buscar resul- consolidar a presença nos Es-
tados na macroeconomia) sem Marta comemora chegada do PT à Presidência, em 2002: reeleição da prefeita será estratégica para próxima campanha presidencial tados governados pelo parti-
abandonar o do, seus principais núcleos
que deu mar- ção de José empregos e investir neste ano. nia, com o deputado Luiz Bit- dou na sua base política”, disse políticos, como São Paulo e


ca ao partido.
O grande desa-
O PT tem de
Serra para o Isso se reverteria em votos. “A tencourt, do PMDB.
comando do economia ainda não está com
o deputado Paulo Rocha (PT-
SP). Um tema polêmico é a ree-
Minas. Um dos maiores emba-
tes entre tucanos e petistas se-
fio será o pró- buscar
partido, justa- musculatura suficiente para Reformas – O presidente do leição dos presidentes da Câma- rá em São Paulo. O comando
prio PT man- mente o adver- correr uma maratona”, provo- PT, José Genoino, já está atuan- ra e Senado, que desagrada ao nacional do PT investirá pesa-
ter a fidelida- resultados na
sário de Lula ca o deputado tucano Eduardo do nos bastidores para evitar PT e aos demais partidos. do para desbancar o PSDB,
de aos objeti- economia sem
na sucessão Paes (RJ), certo de que o gover- disputas internas e, em segui- A data do envio das refor- que, em 2000, obteve o maior
vos”, diz. presidencial. no agirá com cautela na econo- da, tentará ampliar a aliança mas trabalhista e sindical é ou- número de prefeituras no Es-
Enquanto o abandonar o que
Uma referên- mia para não pôr em risco a ree- com os partidos aliados. “Se tro tema sem convergência. tado: 179. Para o PT será fun-
PT pretende
se firmar poli-
deu marca ao
cia nacional, leição de Lula em 2006.
Serra pode
houver guerra local, vamos evi- Uma idéia é cuidar da parte sin-
Para enfrentar o PSDB e o tar que respingue na aliança na- dical neste ano, deixando os di-
damental reeleger a prefeita
da capital, Marta Suplicy.
ticamente no partido
dar novo ru- PFL nas urnas e se aproximar cional”, diz ele, ressaltando que reitos trabalhistas para depois. O PSDB ainda não tem um
segundo ano Fábio Wanderley Reis mo ao PSDB, mais do centro político, o PT as alianças só serão discutidas Outra é deixar tudo para 2005. candidato competitivo para
de governo, a a d o t a n d o vai pegar carona no PMDB, de- no primeiro semestre deste ano. Outros projetos, como o mar- enfrentar Marta. Com a recu-
oposição ten- uma conduta tentor da mais poderosa máqui- Paralelamente às alianças co regulatório e lei de falências, sa de Serra, os tucanos deve-
tará mostrar que ainda é alter- mais crítica e consistente. na partidária e que a partir des- eleitorais, o Congresso terá têm interesses na economia, rão sair com um nome vincu-
nativa de poder. Acuado pelo “Mesmo com erros, o gover- te mês deve participar do pri- uma agenda menos traumática mas não geram confrontos in- lado ao governador Geraldo
discurso pró-reformas que teve no Lula ainda é uma alternati- meiro escalão. Poderão ocorrer e trabalhosa em 2004. A discus- ternos. “Será um ano politica- Alckmin. Além disso, devem
de assumir em 2003, o PSDB va melhor do que o retorno do acordos eleitorais como uma do- são da reforma política estará mente melhor e o governo terá buscar uma aliança forte já
promete sair desse embaraço PSDB e PFL ao poder”, diz o lí- bradinha PT/PMDB para a ree- concentrada na Câmara, mas condições de fazer realizações”, no primeiro turno, uma estra-
para assumir um comporta- der do governo na Câmara, Al- leição da prefeita Marta Su- só entrará em vigor em 2006. prevê o vice-líder do governo tégia que será adotada tam-
mento mais oposicionista. En- do Rebelo (PC do B). Ele acha plicy, ou uma chapa do petista “Nada será feito para pôr em na Câmara, Renildo Calheiros bém no interior paulista.
tra o ano revigorado com a elei- que o governo conseguirá gerar Pedro Wilson, prefeito de Goiâ- risco o que o governo consoli- (PC do B-PE). (C.F., A.P.S. e E.L.)

Para a especialista
‘O NOVO NÃO ASSUSTA MAIS’
deral no próximo pleito mu- eleições? dele é muito forte e o Lula está judicar a performance do Estado – O que o eleitor
nicipal? Fátima – A cidade de São muito bem avaliado pessoal- partido? espera de um candidato nas
Fátima Pacheco Jordão, Fátima Pacheco Jordão – Paulo é muito estratégica mente nas pesquisas, mais bem Fátima – Se o candidato eleições de 2004?
o eleitor buscará Vai ser menor do que se pen- porque as forças que se origi- avaliado do que sua própria ad- for escolhido como no passa- Fátima – A ética e a probi-
renovação em 2004 sa. Menor do que o PSDB tem narem desse pleito deverão ministração, com índice de apro- do, às vésperas das eleições, is- dade administrativa ainda
esperança que seja, em ter- pavimentar o caminho das vação em torno dos 70%. Com so será uma tragédia. E pode são imbatíveis. São qualida-

A
s eleições municipais de mos de mau desempenho. E eleições presidenciais de todo esse carisma, a lógica é que influir negativamente. des que nunca saem de pauta.
2004 serão uma das mesmo que vá muito bem, co- 2006. Caso o PT consiga faça um tour pelo País, em O que poderá ocorrer é o foco
mais disputadas dos últi- mo deseja o PT, não será tão manter a performance das apoio a seus candidatos. Apesar Estado – A figura do gover- na questão da Segurança Pú-
mos tempos e as forças que deri- decisivo. O que vai decidir de eleições municipais de 2000 de os assuntos serem locais, se o nador Geraldo Alckmin po- blica (mesmo as políticas do
varem do pleito deverão pavi- fato é a performance dos ou até melhorar o desempe- presidente mantiver os mesmos derá ter alguma influência? setor sendo de responsabilida-
mentar o caminho das próxi- atuais prefeitos e a maneira nho, crescem as condições de índices de Fátima – de dos governo estadual e fe-
mas eleições presidenciais. Um como irão propor o futuro da reeleição do presidente Lula. aprovação, cer- Pode ter um deral).


dos principais palcos será a capi-
tal paulista. O PT joga todas as
cidade. Os problemas locais
são os problemas reais. E os
tamente vai fa-
Estado – E quais as condi- vorecer seu
O que vai peso impor-
tante, sobre- Estado – Além dessas qua-
fichas para garantir a reeleição eleitores querem soluções bas- ções de o PT repetir, no ano partido. decidir de fato tudo porque lidades, o que mais o eleitor
da atual prefeita, Marta Su-
plicy, e a oposição – capitanea-
tantes concretas para a cida-
de onde residem.
que vem, a boa performance
das eleições de 2000? Estado –
é a performance esse governo
tem, na cida-
espera nessas eleições?
Fátima – O eleitorado
da pelo PSDB do governador Fátima – O PT entra com as U m a d a s dos atuais de, o que mos- aposta na renovação. A po-
Geraldo Alckmin – aposta nas
alianças para vencer no maior
Estado – Como a senhora
classifica a proposta do
melhores condições possíveis. apostas do
Não tenha dúvida disso. Caberá PT é a reelei-
prefeitos. Os trar. O PSDB
não está tão
pulação aprendeu muito nes-
se processo e está buscando
colégio eleitoral do País. atual presidente do PSDB, à oposição encontrar, de um la- ção da prefei- problemas locais desvalido. coisas novas. O novo tem
Segundo a socióloga e analis- José Serra, de federalizar o do, as alianças necessárias a esse ta Marta Su- Mas precisa chances nessas eleições e não
ta de pesquisas eleitorais Fáti- debate das eleições munici- embate e, de outro, buscar candi- plicy, na ca- são os ter cautela assusta mais.
ma Pacheco Jordão, apesar da pais? datos que tenham condições de pital paulis- problemas reais com as indefi-
importância do pleito, só um ter- Fátima – Acho que não vai construir alternativas locais. A ta. Qual a nições e bri- Estado – Com base nessa
ço do eleitorado sabe hoje em funcionar. É uma estratégia estratégia que o PT pretende sua análise gas internas. análise, pode-se dizer que o
quem votará para prefeito. “O equivocada. A federalização adotar nesse pleito – de manter do desempenho da prefeita? Outros candidatos da oposi- pleito municipal de 2004 es-
quadro está totalmente indefini- não funciona num pleito mu- as atuais prefeituras que admi- Fátima – A Marta em São ção também podem aparecer. tá totalmente indefinido?
do”, afirma Fátima. De acordo nicipal, pois os debates e os an- nistra e conquistar outras cida- Paulo não está bem avaliada. Pinotti (José Aristodemo, do Fátima – Sem dúvida. Pes-
com ela, uma das novidades nes- seios dos eleitores são muito des estratégicas – está absoluta- Apesar disso, ela tem um esto- PFL) é um deles. Ele aparece quisas recentes indicam que
sas eleições é que, ao lado da ho- localizados. O que se pode fa- mente correta. Foi essa base que que de votos de 20% a 25%, o com 5 a 6 pontos de intenção apenas um terço dos eleito-
nestidade e da probidade admi- zer é um background federali- deu mais estabilidade à candida- que lhe dá boas chances de es- de votos nas pesquisas mais res escolhem espontanea-
nistrativa dos candidatos, a re- zado. Ou seja, utilizar o fede- tura de Lula à Presidência. tar no segundo turno da dispu- recentes. Tuma (senador Ro- mente algum candidato. Em
novação é considerada essen- ral apenas como referência, ta. Portanto, ela é uma candi- meu Tuma, também do PFL) resumo, o quadro está total-
cial. “O novo terá muitas chan- com o objetivo de discutir os Estado – Apesar do mote data muitíssimo forte. tem cerca de 10. Erundina mente indefinido para qual-
ces e não assusta mais”, aposta. problemas locais. local, qual a importância da (Luiza Erundina, do PSB), no- quer candidato. Há tendên-
A seguir, a entrevista. figura do presidente Lula Estado – O fato de o PS- me alternativo, tem entre 12 e cias, é claro, mas muita coi-
Estado – Qual o peso do Estado – Qual a impor- nesse pleito? DB ainda não ter um candi- 17. O jogo não está ganho co- sa pode acontecer até outu-
desempenho do governo fe- tância de São Paulo nessas Fátima – A personalidade dato em São Paulo pode pre- mo o PT pensa. bro. (A.P.S. e E.L.)

FATOS 3 – Lula recomenda austeridade absoluta


aos 34 ministros e secretários nacionais
na primeira reunião ministerial.
nistro da Ciência e Tecnologia, Roberto
Amaral, que afirmou ser favorável ao de-
senvolvimento de tecnologia nuclear pelo
– Morre o comediante Jorge Lafond.
– Dezesseis pessoas morrem em conse-
qüência da chuva em Petrópolis, Rio.
R$ 283,2 bilhões, recorde histórico.
15 – Acusado de ligação com o tráfico, o
deputado Pinheiro Landim (sem partido-
44 mortes em Minas.
21 – BC amplia para 8,5% o teto da infla-
ção de 2003 e realiza primeira interven-
DO ANO 5 – Dois atentados com homens-bomba
palestinos matam 23 pessoas em Tel-
Brasil, até mesmo a da bomba atômica.
– Coréia do Norte anuncia que deixa o
12 – Gustavo Kuerten vence o torneio
ATP Tour de Auckland, na Austrália.
CE) renuncia ao mandato.
16 – O processo de compras e fusões na te-
ção no mercado de câmbio na gestão Mei-
relles. Mas a cotação sobe 2,11%, para R$
Aviv. É o primeiro ataque em Israel des- Tratado de Não-Proliferação Nuclear. – O ex-ditador Leopoldo Galtieri morre lefonia é deflagrado com a confirmação 3,48 – segunda maior do ano.
JANEIRO de novembro de 2001. – Acidente com duas composições do me- aos 76 anos em Buenos Aires. da aquisição da Tele Centro-Oeste Celu- 22 – Copom aumenta a taxa básica de ju-
1 – Luiz Inácio Lula da Silva toma posse 7 – Henrique Meirelles toma posse na pre- trô de Belo Horizonte deixa 77 feridos. 13 – O Bradesco anuncia a compra do lar pela Brasilcel, holding da Portugal Te- ros, a Selic, de 25% para 25,5% ao ano na
como o 36.º presidente da República em sidência do Banco Central. Ele anuncia 10 – A governadora Rosinha Matheus BBV Banco, controlado pelo grupo espa- lecom e Telefônica, por R$ 1,408 bilhão. primeira reunião no governo Lula. É a
festa popular que reuniu mais de 200 mil que seu principal objetivo será trazer a in- (PSB) exonera o presidente do Conselho nhol Bilbao Vizcaya, por R$ 2,63 bilhões. 20 – Líbia é eleita para ocupar a presidên- maior taxa desde maio de 1999.
pessoas em Brasília. Em seu discurso, pe- flação de volta à meta inicialmente previs- de Desenvolvimento Industrial do Rio, 14 – Fiesp anuncia que a indústria paulis- cia da Comissão de Direitos Humanos da – O presidente da França, Jacques Chi-
de o controle das “muitas e legítimas an- ta para o ano, que é de 4% com folga de Rodrigo Silveirinha Corrêa, e afasta três ta encerrou 2002 com queda de 4,44% no Organização das Nações Unidas, sob pro- rac, e o chanceler da Alemanha, Gerhard
siedades sociais”, prometendo atendê-las 2,5 pontos porcentuais (6,5%). fiscais da Receita Estadual, investigados nível de emprego, o que representa perda testos de ONGs, de Israel e dos EUA. Schroeder, declaram em Paris sua oposi-
“no momento justo”. Também tomam 8 – Carlos Alberto Parreira é apresentado por extorsão, lavagem de dinheiro e re- de 69.067 postos de trabalho, mais que o – Acusado de crimes contra a humanida- ção aos planos do presidente dos Estados
posse os 27 governadores. como novo técnico da seleção brasileira. messa de US$ 30 milhões para o exterior. dobro dos 32.437 extintos em 2001. de, o ex-presidente sérvio Milan Milutino- Unidos, George W. Bush, de iniciar uma
– Grupo de cientistas dos EUA e da Fran- 9 – A Agência Internacional de Energia 11 – Entra em vigor o novo Código Civil. – Arrecadação do governo federal so- vic, de 60 anos, entrega-se ao Tribunal Pe- guerra contra o Iraque sem o aval do Con-
ça mapeia o cromossomo 14, que abriga Atômica (AIEA) pede ao Brasil esclareci- – Morre Júlio Botelho, ex-ponta direita mou, em 2002, R$ 243,005 bilhões. Consi- nal Internacional em Haia, Holanda. selho de Segurança da ONU.
genes relacionados a mais de 60 doenças. mento oficial sobre as declarações do mi- da Portuguesa, Fiorentina e Palmeiras. derando-se os efeitos da inflação, atingiu – Em quatro dias, chuvas provocam 23 – Holanda ultrapassa os EUA e se 왘
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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NACIONAL O ESTADO DE S.PAULO - H3

Roberto Castro/AE–1/1/2003
2003/ 2004

O presidente Fernando Henrique recebe Lula, na rampa do Palácio do Planalto, para lhe passar o cargo

Ed Ferreira/AE–20/6/2003

CENAS
E FRASES
Lula cumprimenta George Bush, no salão oval da Casa Branca


Jogar uma galinha é uma ofensa.
Seria como se algum homem
Ed Ferreira/AE–25/9/2003

estivesse falando e se jogasse um veado


Márcio Thomaz Bastos


Berzoini
Apesar da polêmica, Lula visitou Fidel Castro em Cuba errou um
É preciso saber como funciona pênalti, marcou

‘ a caixa-preta desse Poder um gol contra e


que se considera intocável no final foi
Luiz Inácio Lula da Silva
expulso
Walter Pinheiro (PT-BA)
Joédson Alves/AE–16/12/2003
Wilton Junior/AE–19/11/2003


Lula vai demorar um pouco


Meu sonho
para notar que pode muito acabou.
menos do que pensa que pode Sonhei o sonho
Fernando Henrique Cardoso
errado
Em todo o País, idosos esperaram horas na fila para rever benefícios Fernando Gabeira Berzoini em busca de recuperação
Dida Sampaio/AE–26/11/2003
Eduardo Nicolau/AE–6/8/2003

Dida Sampaio/AE–16/5/2003

Heloísa Helena chora na tribuna: ‘Sou uma mulher livre – e a liberdade ofende’
Contra reforma, servidor quebra vidro do Congresso Os processos do ministro Celso de Mello: retrato de uma crise

Grana lavada até eu que sou boba,

‘ quero. Eu não quero


é lavar grana pra ninguém
Norma Regina Emílio Cunha
Ronaldo Bernardi/Zero Hora–27/6/2003

Jonne Roriz/AE–10/12/2003


A luta camponesa abriga hoje 23
milhões de pessoas.
Do outro lado, há 27 mil fazendeiros.
Essa é a disputa
No RS, fazendeiros fazem cavalagada contra desapropriações João Pedro Stédile Sérgio Gomes ou ‘Sombra’ foi denunciado no caso Celso Daniel

왘 torna o país com maior volume de in- 28 – A primeira pesquisa após a posse de mas químicas e biológicas da ONU, Hans 4 – República Federal da Iugoslávia é ex- cou no comando do JB por 52 anos. sultado de dezembro. É a maior inflação
vestimentos diretos no Brasil em 2002: Lula mostra índices de aprovação inédi- Blix, diz que não há evidências capazes tinta. Parlamento aprova a Constituição 10 – Lula anuncia o corte de R$ 14 bi- em janeiro desde o início do Plano Real.
US$ 3,35 bilhões. tos para um presidente no primeiro mês de justificar uma guerra contra o Iraque. do novo Estado de Sérvia e Montenegro. lhões do Orçamento da União de 2003. 14 – Hans Blix informa ao Conselho de
– O 3.º Fórum Social Mundial é aberto de governo. Segundo o levantamento Sen- 5 – O secretário de Estado dos EUA, Co- – Chirac e o presidente da Rússia, Vladi- Segurança da ONU que não encontrou
em Porto Alegre, com críticas ao Fundo sus/CNT, 78,4% da população acredita FEVEREIRO lin Powell, apresenta ao Conselho de Se- mir Putin, lançam documento contra a nenhum indício de que o Iraque possua
Monetário Internacional, ao Banco Mun- que o governo Lula será ótimo ou bom. 1 – O ônibus espacial Columbia explode gurança da ONU o que considera serem guerra ao Iraque. armas de destruição em massa.
dial, à Área de Livre Comércio das Améri- – Desemprego na Grande São Paulo atin- ao reentrar na atmosfera, a mais de 60 “provas irrefutáveis” de que o regime de – Morre aos 82 anos o ator José Lewgoy. – IBGE revela que a agroindústria brasi-
cas (Alca) e à Organização Mundial do giu em 2002 a segunda pior marca dos úl- mil metros, matando sete tripulantes. Saddam Hussein esconde deliberadamen- 11 – EUA anunciam suas propostas para leira cresceu 7,9% em 2002, o melhor de-
Comércio (OMC). Em Davos, na abertu- timos 17 anos. A taxa média anual subiu – Sarney é eleito presidente do Senado. te armas de destruição em massa. a formação da Alca. Sugerem que cerca sempenho em 11 anos. O resultado é bem
ra do 33.º Fórum Econômico Mundial, de 17,6% da População Economicamen- Tomam posse senadores e deputados. 6 – Varig e TAM assinam o protocolo de de 65% das exportações de bens de consu- superior ao da indústria (2,4%).
analistas ortodoxos apóiam a política eco- te Ativa (PEA), em 2001, para 19%. 2 – Presidente da Câmara, João Paulo criação de uma nova companhia aérea, mo e produtos industrializados da Améri- – A ovelha Dolly, primeiro mamífero clo-
nômica conservadora de Lula. – O artista plástico Cícero Dias morre em Cunha (PT-SP) defende urgência na defi- que surgiria a partir da fusão das duas. ca Latina e 56% das de produtos agríco- nado, é sacrificada, seis anos depois do
26 – Lula propõe em Davos a criação de Paris, aos 95 anos. nição do “ritmo de tramitação” das refor- 7 – Governo eleva a meta de superávit pri- las fiquem isentas de taxas quando a Alca seu nascimento, por sofrer de uma doen-
um fundo internacional para combater a 30 – Lula lança o programa Fome Zero. mas previdenciária, tributária e política. mário, de 3,75% do Produto Interno Bru- entrar em vigor, em janeiro de 2005. A ça pulmonar incurável.
miséria e a fome no Terceiro Mundo. – Chuvas fortes causam mais mortes no 3 – Governo dá início, em Guaribas (PI), to (PIB) para 4,25% do PIB. proposta recebe críticas no Brasil. 17 – Em discurso na reabertura dos traba-
27 – O jogador de vôlei Giba é suspenso Sudeste. No Rio, sobe para 35 o número ao projeto-piloto do Fome Zero. 8 – Morre o ex-diretor-executivo do 13 – O IPCA, índice que baliza o regime lhos legislativos, Lula propõe ao Congres-
depois de exame antidoping constatar de mortos e, em Minas, para 45. – Venezuela começa a retomar a rotina Jornal do Brasil Manoel Francisco de metas de inflação, subiu 2,25% em ja- so uma parceria para a aprovação de seis
consumo de maconha. 31 – Chefe da missão de inspetores de ar- depois de 63 dias de greve geral. Nascimento Brito, de 80 anos. Ele fi- neiro, 0,15 ponto porcentual acima do re- reformas estruturais: a da Previdên- 왘
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Produto: ESTADO - ESPECIAL - 4 - 31/12/03 H4 - Composite

H4 - O ESTADO DE S.PAULO
%HermesFileInfo:H-4:20031231:

NACIONAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004

DESAFIO É TORNAR ÁREA SOCIAL EFICAZ Benonias Cardoso/AE


Para especialistas, melhora nos
índices depende de crescimento e mais
EM 2004, NOS
empregos, para que não se repitam os ÍNDICES,
resultados modestos de 2003
JACQUELINE FARID ral do Rio de Janeiro (UFRJ),
POBREZA MUDA
Reinaldo Gonçalves, recomen- Em 2004, o Brasil finalmen-

P
ara não repetir em 2004 da uma estratégia mais clara te terá mais dados sobre sua
os resultados modestos do governo nos investimentos própria pobreza. No início do
de 2003 no campo das na infra-estrutura, como trans- ano, deverá estar concluído,
políticas públicas, o governo de porte e saneamento. Só assim, pelo governo, o trabalho de
Luiz Inácio Lula da Silva terá considera Gonçalves, serão pos- definição de uma medida ofi-
de tornar mais eficiente seus síveis avanços no campo social. cial de pobreza, segundo des-
programas sociais, melhoran- “Há uma falta de estratégia em tacou o presidente do Institu-
do a destinação dos recursos pa- relação à infra-estrutura, o que to Brasileiro de Geografia e
ra projetos como o Fome Zero. torna as coisas sem rumo e com- Estatística (IBGE), Eduardo
A avaliação é feita por econo- promete também as políticas Nunes.
mistas e cientistas políticos, públicas”, afirma ele. Atualmente, a medida da
que apontam pouco ou ne- pobreza brasileira está vincu-
nhum avanço nessa área no pri- Medíocres – Ainda na avalia- lada à renda e a chamada li-
meiro ano de governo. ção de Gonçalves, o limite para nha de pobreza está abaixo
De acordo com eles, a ques- avanços na área social em 2004 de meio salário mínimo. Se-
tão social no País também pas- estará no cenário macroeconô- gundo Nunes, foi criado um
sa por mudanças na política mico. “Para que a política so- grupo de trabalho no primei-
econômica, com mais cresci- cial avance, é preciso renda e ro semestre de 2003, coorde-
mento, geração de empregos e emprego”, anota. “Mas enquan- nado pela Secretaria de Segu-
investimentos na infra-estrutu- to não houver uma mudança rança Alimentar, o IBGE e o
ra, beneficiando diretamente a significativa na política econô- Instituto de Pesquisa Econô-
população de renda mais bai- mica, a previsão é que haverá mica e Aplicada (Ipea), para
xa. “Uma das maiores dificul- resultados cada vez mais me- “trabalhar a definição de li-
dades de direcionar os gastos díocres nas políticas universais, nha de pobreza”.
sociais para os mais pobres é o como educação e saúde.” Nunes explicou que o IB-
poder de barganha daqueles Nesse sentido, o professor pe- GE já apresentou ao grupo re-
que, na verdade, ficam com os de ações como uma “redução sultados da última Pesquisa
recursos”, afirma o cientista po- drástica” dos juros e uma dimi- Nacional de Amostra Domici-
lítico Alberto Almeida, coorde- nuição da meta de superávit liar (Pnad) e divulgará, até o
nador do FGV Opinião (Institu- primário, dando mais fôlego pa- início do ano, os resultados
to de Pesquisa da Fundação Ge- ra investimentos no campo so- da Pesquisa de Orçamento
túlio Vargas). cial. “É tecnicamente incompa- Familiar (POF) 2002/2003.
Os especialistas concordam tível imaginar políticas públi- “De posse da POF, vamos
que educação, emprego, saúde cas com esse superávit primá- construir um conjunto mais
e desigualdade social são desa- rio”, diz ele, referindo-se à me- amplo, rico e detalhado das
fios gigantescos para qualquer ta de 4,5% definida pelo gover- características da pobreza no
administração. Eles também no no início do ano. País”, disse Nunes.
admitem que as O economista A tendência é que essa
dificuldades na da UFRJ avalia “versão definitiva” da linha
área são anterio-
res ao atual go-
verno. Mesmo as-
VALIAÇÃO A
ainda que os pro-
gramas de renda
mínima adminis-
da pobreza deixe de ser ape-
nas monetária – vinculada ao
salário mínimo – para incluir
sim, acham que É QUE, PARA trados pelo go- também informações mais
a situação pode verno, como o subjetivas, já que a pesquisa
ser melhorada AS POLÍTICAS Bolsa Família, da POF acrescentou um ques-
em 2004 se fo- são iniciativas tionamento sobre condições
rem superados PÚBLICAS, positivas, mas de vida que permitem “res-
obstáculos no di- faz algumas res- postas subjetivas”. Nunes res-
recionamento de O ANO DE salvas. Gonçal- salta que a medida oficial de
recursos. ves lembra que pobreza é importante como
“Já existe, nes- 2003 FOI esses projetos te- “instrumento social de con-
se governo e tam- rão de ser avalia- trole das políticas públicas”.
bém no governo PERDIDO dos ao longo do Os Estados Unidos, por exem-
anterior, a clare- próximo ano, pe- Em Acauã (PI), cidade incluída no Fome Zero, família percorre quilômetros para lavar suas roupas plo, dispõem de uma medida
za de que os re- la sua própria ca- oficial da pobreza há 30 anos.
cursos podem ser muito melhor racterística de longo prazo. “Os seguiu avançar pelo volume de rio da Fazenda, o economista e nando muito nesse programa.” Para o ex-secretário de
aplicados, mas o obstáculo é po- programas de renda mínima recursos, que é pífio, e pelo fato professor do Instituto Brasilei- Por isso mesmo, o professor Acompanhamento Econômi-
lítico”, observa Almeida. “A ainda estão começando, a parte de que as instituições do País ro de Mercado de Capitais (Ib- demonstra pouco otimismo co do Ministério da Fazenda,
pressão dos mais ricos, que têm operacional é muito complica- não estão aparelhadas para efe- mec), Cláudio Considera, é ou- quanto ao resultado dessas polí- Cláudio Considera, está mais
lobby poderoso, é muito forte.” da e só daqui a um ano haverá tivar um projeto como esse”, tro que critica o Fome Zero. Se- ticas em 2004. “A impressão é do que na hora de mudar es-
Por isso, entende ele, uma efeitos passíveis de avaliação.” diz o economista. “A avaliação gundo ele, o programa é uma que eles (o governo) vão levar ses critérios. Ele acha que o
maior conscientização e organi- O Fome Zero também está que tenho é que este ano foi per- “mera continuidade” do Bolsa muito tempo ainda para apren- atual governo não tomou ne-
zação dos mais pobres, que le- no grupo das iniciativas bem-in- dido para as políticas públi- Escola. “Nesse caso também der a conduzir as políticas pú- nhuma atitude para distri-
vem a uma exigência de me- tencionadas, na opinião de cas”, critica o professor. não houve avanços e fica uma blicas”, diz Considera. Para buir melhor seus recursos.
lhor distribuição dos recursos, Gonçalves, mas acaba esbarran- sensação desagradável para a ele, mais do que a falta de avan- “Houve um grande sucesso
ajudará a mudar o quadro. do em problemas que, para ele, Patinando – Também cético, população de que as coisas es- ços nessa área em 2003, “houve na política econômica, mas
Já o professor titular de Eco- são básicos. “É um projeto mui- o ex-secretário de Acompanha- tão paradas”, constata o ex-se- alguns recuos importantes” no na área social todas as expec-
nomia da Universidade Fede- to articulado, mas que não con- mento Econômico do Ministé- cretário. “O governo está pati- primeiro ano do atual governo. tativas se frustraram.” (J.F.)

‘POBREZA SÓ SE COMBATE COM CRESCIMENTO’


Ex-presidente do IBGE, impedido a redução da desi- técnicos no governo que podem papel na questão da desigualda- Besserman – O caminho pas- Estado – Qual seria, no mo-
gualdade social? definir essas diferenças concei- de. As crianças devem estar to- sa obrigatoriamente por conces- mento, a política pública
Sérgio Besserman diz Sérgio Besserman – É mui- tuais. Acredito que a política das na escola, com qualidade do são de serviço público e tentati- mais essencial no País?
que o mais importante to importante distinguir com pública adotada para combater ensino, e a cultura deve ser disse- va de atrair a poupança privada Besserman – A mais essen-
é garantir estabilidade qual problema estamos queren- a indigência é a política míni- minada, assim como o acesso ao para os investimentos em infra- cial de todas está sendo tocada:
do lidar. E tem havido muita ma mesmo. No fundo, cadas- microcrédito. Mas não creio que estrutura. Se o projeto é eficiente garantir a estabilidade para

A
s políticas compensató- confusão. Fome é um problema tro, bolsa de alimentação ou bol- essas políticas sejam suficientes. para percorrer esse caminho, que ocorra retomada do cresci-
rias do governo podem localizado no semi-árido e em sa-escola são todos programas Sabemos que os recursos no Bra- não sei dizer. É preciso avançar mento e, depois, dos investi-
ajudar no combate à in- alguns bolsões de pobreza dis- de renda mínima com exigên- sil se perdem no meio do cami- um pouco para saber. mentos. Num segundo plano
digência, mas pobreza só se com- persos pelo Brasil. É um proble- cia de contrapartida. Já a pobre- nho e acabam poderíamos pensar na reforma
bate mesmo com crescimento, ma de 2 milhões a 3 milhões de za você só combate com cresci- indo para Estado – E da legislação trabalhista e em


emprego e redução das desigual-
dades. Esta é a avaliação do eco-
famílias, no máximo. Estamos
falando de 8 a 12 milhões de
mento, emprego e o enfrenta-
mento de uma outra questão
quem tem
mais. É uma
Houve essa vincula-
ção do com-
frentes de trabalho urbanas pa-
ra geração de empregos. Além
nomista Sérgio Besserman Vian- pessoas, talvez até menos. Indi- bem distinta, que é a desigual- ilusão achar melhoria na bate à pobre- disso, investimentos no setor de
na, que presidiu o IBGE entre
1999 e 2003. Nesses quatro
gência é outro problema e a po-
breza, um terceiro fenômeno.
dade. A desigualdade em si é
um imenso problema para o
que isso muda
de cima para
distribuição de za ao cresci-
mento e à ge-
saneamento, com recursos pri-
vados, e isso passa por desfazer
anos, ele acompanhou de perto Então, as políticas públicas são Brasil. Ela foi gerada por sécu- baixo. É preci- bens e serviços ração de em- os nós das concessões no setor.
os avanços e deficiências das po-
líticas públicas brasileiras e não
necessariamente diferentes. los de história, é estrutural. En-
tão o combate à desigualdade
so mudar o
grau de cons-
e estagnação pregos?
Besser- Estado – Como o sr. avalia,
tem dúvida sobre qual é a mais Estado – Mas 8 a 12 mi- passa por desconstruir seus ins- ciência, de cul- na man – A solu- no campo das políticas públi-
importante delas. “O essencial é lhões de pessoas é um núme- trumentos de reprodução, o tura e de mobi- ção da pobre- cas, o primeiro ano de Lula?
garantir a estabilidade para que ro muito expressivo... que é uma tarefa muito difícil. lização do po- distribuição za passa pela Besserman – Sobre desigual-
ocorram o crescimento e, de- Besserman – Com toda cer- Quem transforma essa situação vo. Mas nos úl- de renda geração de dade, nenhuma mudança em re-
pois, os investimentos.” teza e isso merece toda atenção. é o próprio povo mobilizado e timos anos, a emprego e ren- lação ao governo anterior. No
De qualquer forma, ele não Não estou diminuindo o proble- organizado. É através de uma distribuição da, ou seja, caso da indigência, estamos no
acredita que as políticas públi- ma, mas ele não diz respeito a distribuição mais igualitária de de bens e serviços melhorou bas- por macroeconomia. De modo bom caminho, com os progra-
cas sejam suficientes para en- 50 milhões de pessoas. E tem informação e conhecimento, da tante. As crianças estão na esco- geral, acho que o rumo tomado mas de renda mínima. Nesses
frentar a pobreza. “É uma ilu- uma localização regional clara. democracia, que vamos cons- la, o acesso a telefonia melho- está correto, do ponto de vista pontos, o governo Lula come-
são achar que isso muda de ci- truir uma sociedade mais igual. rou. Houve melhoria na distri- do ajuste fiscal. Mas o objetivo çou com alguma confusão. A ex-
ma para baixo. É preciso mu- Estado – Essa confusão de buição de bens e serviços e estag- de redução da vulnerabilidade pectativa geral era que a oposi-
dar o grau de consciência, cultu- conceitos foi inaugurada no Estado – Essa construção nação na distribuição de renda. externa tem de ser perseguido ção estivesse mais preparada pa-
ra e mobilização do povo.” governo Lula? não esbarraria na ineficiência estrategicamente. Temos de ra chegar executando. Mas é ab-
Besserman – Não, acho que de políticas públicas? Estado – O projeto de Par- nos tornar crescentemente solutamente normal que os go-
Estado – Que falhas nas po- houve uma confusão por causa Besserman – As políticas pú- ceria Público-Privada seria mais produtivos e mais compe- vernos que chegam tenham um
líticas públicas do País têm da precipitação. Há excelentes blicas também têm um grande uma solução? titivos para exportar mais. tempo de arrumação. (J.F.)

왘 cia, a tributária, a trabalhista, a políti- – Governo venezuelano e a oposição fir- dente da Fedecámaras, principal entida- tem uma grande vencedora: Norah Jo- shopping e num posto de gasolina. 7,01% do PIB. É o melhor resultado já al-
ca, a agrária e a do sistema financeiro. mam um acordo pelo fim da violência so- de empresarial do país, um dos líderes da nes, vencedora em cinco categorias. 26 – Governo inicia Operação Rio Segu- cançado em janeiro desde 1991.
– Suspeito de liderar esquema que gram- cial e política no país. greve geral de dois meses. 24 – Onda de violência orquestrada pelo ro, que mobiliza 2.500 policiais. Treze fa- 28 – O ex-deputado capixaba José Carlos
peou mais de 300 telefones na Bahia, An- 19 – Copom decide elevar a taxa Selic de – Pelo menos 86 pessoas morrem e mais tráfico espalha o terror em mais de 20 velas e morros são ocupados. Gratz é detido no interior paulista. Gratz
tônio Carlos Magalhães (PFL-BA) renun- 25,5% para 26,5% ao ano. É a maior taxa de 160 ficam feridas em incêndio numa bairros da região metropolitana do Rio. – O risco país e o C-Bond, principal título é acusado de ter comprado votos de parla-
cia à indicação para presidir Comissão de desde maio de 1999. Também aumenta a boate de Rhode Island (EUA). Traficantes ordenam o fechamento do co- da dívida brasileira negociado no exte- mentares para se reeleger presidente da
Constituição e Justiça do Senado. alíquota do depósito compulsório sobre 21 – A Justiça Federal decreta o seqüestro mércio e a destruição de 24 ônibus. Bom- rior, voltam ao nível de junho, quando co- Assembléia do Espírito Santo em 2000.
– O Brasil decide se alinhar de forma cla- os depósitos à vista de 45% para 60%, reti- de bens do presidente da Força Sindical, bas explodem diante de prédios da zona meçou a crise pré-eleitoral.
ra às nações que defendem o desarma- rando R$ 8 bilhões de circulação. Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, acusa- sul e policiais são atacados. 27 – Apontado como responsável pela on- MARÇO
mento do Iraque de forma pacífica. – O estudante marroquino Mounir el Mo- do de improbidade administrativa. – EUA, Grã-Bretanha e Espanha apre- da de violência no Estado, o traficante 1 – Cúpula da Liga Árabe expressa “rejei-
18 – O MST indica 10 dos 20 novos supe- tassadeq, de 28 anos, torna-se o primeiro 22 – Depois de dois dias de reunião na sentam à ONU resolução que condena o Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho ção a qualquer agressão ao Iraque”.
rintendentes do Instituto Nacional de Co- condenado no mundo pelos atentados de Granja do Torto, os 27 governadores e Lu- Iraque por “violações materiais adicio- Beira-Mar, é transferido do Rio para o – Detido Khalid Mohamed, suposto men-
lonização e Reforma Agrária (Incra). 11 de setembro de 2001 nos EUA. Corte la divulgam a Carta de Brasília, no qual nais” das ordens de desarmamento do presídio de Presidente Bernardes (SP). tor dos ataques do 11 de setembro.
– Um incêndio no metrô de Daegu, Co- alemã sentencia o estudante a 15 anos de se comprometem a tratar como prioritá- país aprovadas no últimos 12 anos. – PIB brasileiro cresceu 1,52% em 2002, 4 – FMI anuncia que a segunda revisão
réia do Sul, deixa 134 mortos e 99 desapa- prisão, considerando-o culpado de apoiar rias as reformas da Previdência e tributá- 25 – Tráfico volta a impor o terror no desempenho ligeiramente acima do do acordo com o Brasil foi concluída, o
recidos. O responsável foi um homem a célula local da rede terrorista Al-Qaeda. ria, encaminhando propostas ao Congres- Rio. Ônibus e carros são destruídos, o 1,42% registrado em 2001. que abre caminho para o desembolso de
com problemas mentais, que utilizou 20 – A polícia política do governo vene- so ainda no primeiro semestre. comércio é obrigado a fechar e crimino- – No primeiro mês do governo Lula, o se- uma parcela de US$ 4,6 bilhões, parte do
uma bomba de fabricação caseira. zuelano prende Carlos Fernández, presi- 23 – A 45.ª edição do Grammy Awards sos atiram num supermercado, num tor público registra superávit primário de pacote de ajuda financeira concedido 왘
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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H6 - O ESTADO DE S.PAULO
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ECONOMIA QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004

PAÍS ENTRA NA MELHOR FASE EM 4 ANOS


Governo, economistas e
Epitacio Pessoa/AE-26/09/2003
FHC (austeridade fiscal,
compromisso com inflação
empresários acham baixa e câmbio livre), o risco
que o caminho para o Brasil, que mede a confian-
crescimento está aberto ça dos investidores, despen-
cou do pico de 2.436 para
RITA TAVARES 500 pontos básicos. A recu-
peração da credibilidade,

A
no novo, vida nova pa- aliada ao controle da infla-
ra a economia brasi- ção, permitiu os cortes dos
leira Em 2004. Essa é juros.
a expectativa compartilhada No fim de 2004, os analis-
por governo, oposição, eco- tas prevêem que os juros bá-
nomistas e empresários. A sicos estarão em 14,5%, em-
queda dos juros e as medi- bora alguns mais otimistas,
das de incentivo ao consumo como o economista-chefe do
devem interromper o perío- Banco Credit Suisse First
do de estagnação de 2003 e o Boston, Rodrigo Azevedo,
Brasil pode crescer 3,5% em já fale em 13% e sugira ao
2004, ou até mais que 4%, co- Banco Central que continue
mo apostam alguns, o que a usar a tesoura.
não ocorre desde 2000, quan- Quando se discute qual se-
do o Produto Interno Bruto rá o ritmo desses cortes, a
(PIB) teve alta de 4,4%. LCA Consultores adverte
O secretário de Assuntos que os rumos da economia
Internacionais do Ministé- dos Estados Unidos são fun-
rio da Fazenda, Otaviano damentais para qualquer
Canuto, confirma essa ex- projeção futura.
pectativa positiva. “O ano Embora espere ajustes na
de 2004 é do investimento, economia norte-americana,
que será o fermento que fará a consultoria acredita que
o bolo crescer”, disse, apos- eles só vão aparecer em
tando em um crescimento 2005, para não atrapalhar o
de “pelo menos” 3,5%. projeto de reeleição do presi-
“O ano de 2004 vai ser me- dente George W. Bush. Se
lhor que 2000 porque os efei- ocorrer mudança brusca ou
tos positivos da mudança de um choque externo, o gover-
regime cambial em direção no pode ser obrigado a ele-
ao câmbio flexível já estão var os juros.
maduros hoje para se expres- “Teoricamente, é possível
sarem. Tanto que temos ago- um crescimento uniforme
ra menor volatilidade cam- por alguns anos, desde que
bial e melhor perfil do balan- o País não sofra novos cho-
ço de pagamentos”, avaliou ques internos e externos”,
Canuto, descartando riscos observa o economista Celso
que possam comprometer es- Martone, professor de econo-
sa trajetória. mia da Universidade de São
“O pior já passou”, refor- Paulo (USP). Do contrário,
ça o economista Eduardo a economia voltaria a pati-
Gianetti da Fonseca, aler- nar. Ele lembra que, ao lon-
tando para os riscos do oti- go dos anos 90, a cada 18 me-
mismo exagerado. “Se o ses, o Brasil enfrentou um
País conseguir crescer de choque.
3% a 3,5% com uniformida- Para enfrentar essa fragili-
de, sem oscilações, não está dade externa, em 2004 o Bra-
ruim.” sil ainda contará com um
A média de crescimento do acordo com o Fundo Mone-
Produto Interno Bruto (PIB) tário Internacional (FMI),
nos oito anos do governo de que garantirá um emprésti-
Fernando Henrique Cardoso Às compras: apoiado na melhor oferta de crédito, o consumo verificou alguma recuperação na virada do ano mo ao País caso surja uma
foi de 2,6%, com muitas osci- crise.
lações decorrentes de crises cio de 2003. Em outubro, o fato às previsões atuais dos os juros bateram em 26,5% vembro. As linhas gerais do acor-
externas e internas. Índice de Preços ao Consu- analistas, o governo Lula para enfrentar a crise de des- do prevêem, mais uma vez,
Nesta virada de ano, a midor Amplo (IPCA) foi de conseguirá cumprir a meta confiança dos investidores Tesoura – À medida que o “mais do mesmo”. Ou seja,
produção industrial está 0,29%, praticamente um dé- de inflação fixada para o por causa da governo Lula o Brasil terá de produzir um
crescendo, estimulada pela cimo dos 2,25% de janeiro. ano, de 5,5%, com tolerân- eleição do PT propôs as refor- superávit primário (receitas
recuperação do consumo, es-
te apoiado na melhor oferta
de crédito.
Nas pesquisas que o Banco
Central faz semanalmente
com 80 instituições financei-
cia de 2,5 pontos porcen-
tuais. Será uma façanha,
porque as metas inflacioná-
para a Presi-
dência da Re-
pública, mas a
ISCO R
mas tributária
e da Previdên-
cia e mostrou
governamentais menos des-
pesas, descontados os juros)
de 4,25% em 2004, assim co-
Os indicadores que mos- ras, a expectativa é que o IP- rias dos últimos três anos es- taxa foi reduzi- AINDA É UM que faria “mais mo fez neste ano, o que limi-
tram essa recuperação embu- CA de 2004 seja de 6%. touraram. da para 17% na do mesmo”, tará a capacidade de investi-
tem outra informação vital: O economista-chefe do No novo ano, o declínio reunião do Co- CHOQUE mantendo os pi- mento e de gastos do gover-
a inflação está absolutamen- banco HSBC, Alexandre dos juros deve seguir ritmo mitê de Políti- lares da políti- no Lula.
te sob controle, depois de ter Bassoli, lembra que, se o IP- mais lento que em 2003. No ca Monetária EXTERNO ca econômica
assustado o governo no iní- CA de 2004 corresponder de primeiro trimestre de 2002, (Copom) de no- do governo ■ Colaborou Adriana Fernandes
Mauricio de Souza

DÚVIDA É SE O CRESCIMENTO
VAI ABALAR AS EXPORTAÇÕES
Analistas prevêem de externa, como é a do Brasil. mais fria dos fatos”, alerta
Um dos consensos do mer- uma análise do Banco Safra,
menor saldo comercial cado financeiro para as pro- que sustenta que o saldo da
em razão da alta do jeções de 2004 é o de uma balança deve superar US$ 22
consumo interno queda do saldo da balança bilhões também em 2004.
comercial, em conseqüência Para o Brasil, quanto

O
Plano Real vai come- da recuperação da econo- maior o saldo da balança co-
morar o décimo ani- mia. Com o mercado domés- mercial melhor o resultado
versário em 2004. Pa- tico aquecido, as importa- do balanço de conta corrente
ra o Brasil, trata-se de uma ções aumentariam e as em- (saldo dos compromissos e
proeza, já que antes de sua presas privilegiariam as ven- despesas do País em moeda
adoção, outras quatro moe- das internas. estrangeira).
das saíram de circulação com A maioria das Neste ano, pe-
o fracasso e troca de planos projeções refere- la primeira vez
econômicos. Só o cruzeiro te-
ve vida mais longa, com qua-
se 16 anos de sobrevivência.
se a um superá-
vit de até US$ 18
bilhões, ante
D
ÉFICITS
desde 1993, esse
resultado deve
ser positivo, em
Mas o real já não tem a for- mais de US$ 23 DEVEM até US$ 3 bi-
ça da época de seu nascimen- bilhões de 2003. lhões. Já no ano
to. Em 1994, cada um real Nesse caso, o SER que vem, a ex-
valia um dólar. Nesta vira- câmbio estaria pectativa é de Terminal de carga no Porto de Santos: exportações podem cair e as importações, subir
da de ano, são precisos cerca em R$ 3,20 no MENORES um retorno aos
de três reais para obter um fim de 2004. déficits, em a flutuações e crises econô- cos de choques inesperados combustível”, disse o secretá-
dólar. E, para parte dos em- O presidente mais de US$ 4 micas externas. na economia mundial. rio, ponderando, no entanto,
presários nacionais, a desva- da Associação de Comércio bilhões, segundo pesquisa do Na avaliação do secretário A vantagem, disse ele, é que o desfecho das negocia-
lorização do câmbio deveria Exterior do Brasil, Benedicto Banco Central com mais de de Assuntos Internacionais que, “felizmente”, o comér- ções dependerá da atitude
ser ainda maior, o que garan- Fonseca Moreira, concorda 80 instituições. do Ministério da Fazenda, cio exterior não depende ex- do governo norte-america-
tiria exportações fortes em com essa queda e diz que a Resultado muito melhor, Otaviano Canuto, os desa- clusivamente da conclusão e no, que por sua vez está atre-
2004. economia depende de insu- no entanto, do que os défi- fios maiores para a economia da extensão das negociações lada às eleições presiden-
Um saldo comercial gordo mos importados. “A idéia de cits na faixa dos US$ 24 bi- brasileira vêm justamente do internacionais. “É claro que, ciais nos Estados Unidos.
assegura entrada de dólares, que as exportações cairão por lhões entre os anos de 1999 e front externo: as dificulda- se o processo negociador sur- “Estou sendo realista. Nós
que é fundamental para uma causa da retomada interna 2001, o que indica que o des no âmbito das negocia- preender favoravelmente, não precisamos contar. Se
economia com vulnerabilida- não resiste a uma análise País está menos vulnerável ções internacionais e os ris- acrescentará ainda mais der certo é lucro”. (R.T.)

왘 em setembro, de US$ 30 bilhões. ternacionais até 17 de março ou enfrente petróleo de “excelente” qualidade na cos- – Acelino Popó Freitas derrota o mexica- ACM com grampos telefônicos da Bahia. lo sul, ocupando a cidade de Umm Qasr.
– Gaviões da Fiel leva o título de bicam- a guerra. Membros do Conselho de Segu- ta de Sergipe. É a maior descoberta feita no Juan Carlos Ramirez e mantém o títu- 19 – Começa o ataque dos EUA ao Ira- 21 – Chirac rejeita a proposta da Grã-Bre-
peã do carnaval paulistano. rança rejeitam a proposta. pela estatal desde 1996. lo de campeão dos superpenas da Associa- que. Em pronunciamento pela TV, Bush tanha para que a ONU aprove uma reso-
– Morre, aos 60 anos, a cantora Celly 10 – União bloqueia R$ 6 milhões das con- 12 – O primeiro-ministro da Sérvia, Zo- ção Mundial de Boxe (AMB) e da Organi- anuncia o início da guerra e promete vitó- lução que permitiria ao país governar o
Campello, precursora do rock brasileiro. tas de Minas pelo não cumprimento, em ran Djindic, é assassinado. O crime é atri- zação Mundial de Boxe (OMB). ria, mas alerta para o fato de que a luta Iraque ao lado dos EUA. Confirmada a
5 – Beija-Flor vence o carnaval do Rio. 2001, de metas fiscais do acordo de rene- buído a Mikorak Lukovic, ex-policial apa- 17 – Bush, dá, pela TV, ultimato a Sa- poderá ser mais difícil do que o previsto. morte de dois fuzileiros navais america-
– Balança comercial registra superávit de gociação da dívida do Estado. rentemente ligado ao crime organizado. ddam para que deixe o país em 48 horas. Em três operações sucessivas, os EUA nos no Iraque.
US$ 1,123 bilhão. É o melhor resultado 11 – De cada grupo de 100 alunos matricu- 14 – Morre o ator Cyll Farney. A recusa resultará em conflito militar. lançam cerca de 40 mísseis Tomahawk. 22 – Corinthians conquista o título de
para meses de fevereiro desde 1993. lados no ensino fundamental, 41 deixam – O juiz de execução criminal de Presiden- – OMS divulga comunicado classificando – O primeiro-ministro britânico Tony campeão paulista com vitória de 3 a 2 so-
6 – China manifesta apoio à declaração a escola sem completá-lo, revela o docu- te Prudente, José Antonio Machado de ameaça global à saúde a Sars, pneumo- Blair enfrenta crise política um dia de- bre o São Paulo.
feita pela França, Alemanha e Rússia de mento Geografia da Educação Brasileira Dias, de 48 anos, é assassinado numa em- nia surgida na Ásia que já matou 9 pes- pois de ter obtido sinal verde do Parla- 23 – Dez soldados americanos são mortos
oposição a uma guerra contra o Iraque. em 2001, do Ministério da Educação. boscada. Dias era corregedor de presídios soas e contaminou outras 170. mento para levar a Grã-Bretanha à guer- numa emboscada e outros 12 são dados
– Boeing 737-200 da Air Algerie cai pou- – A carga tributária sobre o salário do bra- da região – entre eles o de Presidente Ber- 18 – OMC confirma a decisão que autori- ra conta o Iraque. Nove membros do se- como desaparecidos no Iraque. A TV do
co depois de decolar no sul da Argélia. sileiro é de 41,7%, a segunda maior de nardes, onde estão líderes do Primeiro Co- za o Brasil a retaliar o Canadá em US$ gundo escalão deixam os cargos. Iraque mostra imagens de soldados mor-
Uma das 103 pessoas a bordo sobrevive. um ranking de 26 países, conforme estu- mando da Capital (PCC) e Beira-Mar. 247,8 milhões pelos subsídios concedidos 20 – EUA lançam a segunda bateria de tos, supostamente americanos, e exibe en-
7 – Grã-Bretanha e Estados Unidos pro- do do Instituto Brasileiro de Planejamen- 16 – Wen Jiabao, de 60 anos, é eleito pri- à fabricante de aviões Bombardier. ataques ao Iraque, com 72 mísseis To- trevista com cinco prisioneiros.
põem à ONU que seja dado um ultimato to Tributário. meiro-ministro da China. – Conselho de Ética do Senado abre sindi- mahawk, ao mesmo tempo em que tro- – Chicago vence o Oscar de melhor filme.
a Saddam para que permita inspeções in- – Petrobrás descobre reserva gigante de – Cruzeiro vence o Campeonato Mineiro. cância para apurar o envolvimento de pas vindas do Kuwait invadem o país pe- O prêmio de melhor diretor vai para 왘
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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ECONOMIA O ESTADO DE S.PAULO - H7

2003/ 2004 Reuters

Protesto contra o G-7 na reunião da OMC em Cancun: negociações comerciais mais importantes fracassaram em 2004, incluindo a do Brasil com os Estados Unidos para a formação da Alca

CHANCES DE ACORDO
Brasil também negocia impossível que Washington fa-
ça concessões significativas
com a UE, mas nos temas mais sensíveis para
interesse depende de a América Latina no decorrer
acerto com os EUA de 2004, ano de eleições presi-
denciais nos EUA.
VLADIMIR GOITIA
e REGINA CARDEAL
NA ALCA SÃO LIMITADAS Ricardo Sennes, diretor exe-
cutivo da Prospectiva - Con-
sultoria de Assuntos Interna-

O
Brasil entra em 2004 cionais, acredita que o resulta-
envolvido em duas do de Miami deixou claro que
grandes negociações tes de fechar um pacto no âm- ca poderia tirar a atração do Lacerda não descarta que, ele, é preciso que se defina an- será muito difícil arrancar con-
comerciais. De um lado, a bito da Alca, acredita o presi- mercado ampliado das Améri- dentro da proposta mais restri- tes o que o governo quer para cessões dos Estados Unidos.
aproximação do Mercosul dente da Sociedade Brasileira cas que ajuda a manter a Euro- tiva esboçada em Miami, seja o País. Ele considera um erro Ele afirma, entretanto, que o
com a União Européia (UE), de Estudos de Empresas pa na mesa de negociações fechado um acordo para a Al- conduzir as negociações com Brasil perdeu poder de barga-
e, de outro, a construção da Transnacionais e da Globali- com o Mercosul. ca no prazo previsto inicial- base em ganhos e perdas para nha ao não aceitar negociar os
Área de Livre Comércio das zação Econômica (Sobeet), Embora as negociações no mente, que é janeiro de 2005. setores em particular. “A Alca chamados “temas quentes”.
Américas (Alca). Antônio Corrêa de Lacerda. âmbito da Alca não tenham O acordo seria apenas o início tem de resultar num ganho Para ele, a janela de oportuni-
As duas apontam para des- Isso por conta da tradicional mostrado resul- da trajetória pa- global para o País”, diz. dades ficou totalmente com-
fechos significativamente dife- postura reativa da Europa às tados significati- ra que todos os “O destino do Brasil é ficar prometida. “O País decidiu
rentes. As conversações com
os europeus passaram a ter
perspectivas mais positivas
iniciativas dos EUA no campo
do comércio. “A União Euro-
péia só negociou com o Chile
vos, tanto Go-
mes de Almeida
quanto Lacerda
E
MPRESÁRIO
países cheguem
à tarifa zero
num prazo de
isolado, já que não há nenhum
país com o porte brasileiro pa-
ra contrabalançar o peso dos
não fazer concessões, mas tam-
bém não vai se beneficiar de
nada”, afirma Sennes.
após a definição, no início de depois que este fechou um analisam com QUER 15 a 20 anos, se- EUA nas negociações”, acres- Qualquer um dos acordos,
novembro, em Bruxelas, de acordo comercial com os uma ótica oti- gundo ele. centa. Segundo ele, o México e no entanto, será importante
uma agenda de discussões pa- EUA”, afirma Lacerda. mista os passos POLÍTICA O presidente Canadá já estão integrados à para o Brasil. E os números
ra 2004. Ao contrário, a últi- O diretor-executivo do Insti- que foram da- da Sobeet ressal- esfera dos EUA e o único par- mostram isso. Se a Alca vier
ma reunião formal da Alca, tuto de Estudos para o Desen- dos na reunião INDUSTRIAL ta ainda que é ceiro que pode ser cooptado um dia a ser concretizada, en-
realizada poucos dias depois volvimento Industrial (Iedi), de Miami. importante que pelo Brasil é a Argentina. globará 800 milhões de pes-
em Miami, apresentou poucos Júlio Sérgio Gomes de Almei- O diretor do o Brasil tenha O empresário Roberto Tei- soas, com um PIB de aproxi-
avanços e não deixou expecta- da, tem opinião semelhante. Iedi afirma que Miami “lim- um projeto de política indus- xeira da Costa avalia que fi- madamente US$ 13 trilhões.
tivas promissoras para o ano “A Alca é o carro-chefe”, diz. pou os empecilhos da agenda” trial e submeta as negociações cou muito difícil acreditar em Já o acordo entre o Mercosul
que se inicia. “As negociações do Mercosul e deixou claro que o centro da Alca a este projeto, e não o uma retomada das negocia- e a União Européia significa-
Mesmo assim, o Mercosul com a União Européia vieram das discussões em 2004 será a contrário. ções, mesmo que os 34 países ria cerca de 650 milhões de
tem poucas chances de estabe- a partir da Alca e prosseguem questão do acesso aos merca- “A política industrial não tenham se comprometido a rei- potenciais consumidores e
lecer um canal de livre comér- em função dela”. Por esse ra- dos. “É o que realmente impor- pode ficar na dependência da niciar o diálogo a partir de fe- um PIB de pouco mais de
cio com a União Européia an- ciocínio, o esvaziamento da Al- ta para o comércio”, diz ele. Alca”, afirma Lacerda. Para vereiro. Ele acredita ser quase US$ 9 trilhões.

EUA REFORÇARÃO PODER, DIZ ESPECIALISTA Estado – A Alca e as ne- Estado - Alguns analistas der o espaço conquistado na mero de países integrantes perder no setor industrial. Es-
Para Marcos Jank,
gociações entre o Mercosul e acreditam que as negociações última década, foram atrás da UE é um deles. Outro pro- sa é uma visão errada. Primei-
americanos vão a União Européia (UE) têm com a UE andam a reboque do o bloco econômico sul- blema é a agricultura, porque ro porque não existe mais essa
impor acordos rígidos cronogramas semelhantes. da Alca, o senhor concorda? americano. Tenho a impres- os europeus são muito mais divisão. Embora o grosso das
ao Brasil Qual desses acordos o sr. Jank – Essa negociação é são de que, se a Alca não protecionistas que os norte- nossas exportações venha do
acha que têm maiores chan- tão ambiciosa quanto a da Al- avançar, a UE pode perder americanos. Além disso, o ní- setor agroindustrial, o Brasil é

O
diretor-presidente do ces de se concretizar? ca. Nos anos 90, ocorreram um pouco de interesse vel dos subsídios é três vezes competitivo em outras áreas.
Instituto de Estudos Marcos Jank - Tenho senti- grandes investimentos euro- maior do que nos EUA. Estamos negociando para
do Comércio e Nego- do do governo um entusiasmo peus no Mercosul. À medida Estado – Existe algum abrir mercado para têxteis, cal-
ciações Internacionais (Ico- maior na negociação com a que as empresas européias outro fator para não se che- Estado – Mas os EUA tam- çados, aço e indústria automo-
ne) e um dos especialistas União Européia e, o fato de ha- sentiram que a Alca poderia gar a uma acordo com a UE? bém se recusam a negociar os bilística. Queremos melhorar
em comércio internacional ver uma agenda concreta para avançar mais e, com isso, per- Jank – O aumento do nú- subsídios domésticos. também regras para exportar
mais respeitados do País, os próximos meses, acaba ser- Vidal Cavalcanti/AE Jank – Os americanos pelo aviões. Por isso, é falsa a idéia
Marcos Sawaya Jank, mos- vindo como estímulo. Mas eu, menos dizem de que os vence-
tra grande ceticismo com as particularmente, sou muito céti- que colocaram tu- dores desses pro-
perspectivas para as negocia-
ções comerciais internacio-
nais nas quais o Brasil está
co. Acho que até 2005 não va-
mos ter absolutamente nada,
em nenhuma das três esferas
do em cima da
mesa de negocia-
ção. A priori, eles
OVOS N cessos serão os
agricultores do
interior do País
envolvido. Ele não espera de negociação, que são a Alca, a não retiraram ne- PAÍSES SERÃO e as indústrias
avanços significativos ao lon- negociação entre Mercosul e nhum produto das grandes cida-
go de 2004 e até 2005, quan- UE e a Organização Mundial da Alca. Já os eu- PROBLEMA des estarão per-
do as conversações no âmbi- do Comércio (OMC). Não con- ropeus elimina- didas.
to da Área de Livre Comér- sigo ver um acordo completo e ram uma série de NA UE
cio (Alca) e do Mercosul ambicioso em nenhuma dessas artigos agrícolas, Estado – On-
com a União Européia (UE) três frentes. Quando muito, po- embora estejam de seria o impac-
deveriam estar concluídas. de haver um acordo precário e sinalizando melhorar as suas to maior, então?
Nas Américas, segundo parcial. propostas. Mas com fixação de Jank – As pessoas acredi-
Jank, caminha-se para uma limites e adoção de quotas que, tam que a próxima integração
Alca “a la carte”, na qual os Estado – Essa agenda com em geral, seriam muito peque- terá um impacto terrível sobre
EUA usarão poder para im- a UE não abre maior espaço nas. Eu acredito que não vão o setor industrial. Mas isso
por acordos rígidos a partir para um acordo? oferecer grande coisa. também é falso. Na realidade,
de uma estratégia unilateral Jank – A rigor, os temas o grande impacto já ocorreu.
e cada um fará o que quiser. mais sensíveis também não fo- Estado – Em qual das fren- A tarifa média de importação
“Estamos no longo e penoso ram incluídos. A oferta euro- tes o Brasil ganharia mais? caiu de 55%, em 1987, para cer-
caminho dos acordos bilate- péia vai aparecer só em abril. Jank – Às vezes, ouço pes- ca de 14% hoje. E foi reduzida
rais”, diz Jank nesta entre- Portanto, acho muito difícil che- soas afirmando que o Brasil de forma unilateral. (Vladimir
vista ao Estado. gar a um acordo em 2005. Marcos Jank: “Impacto no setor industrail já ocorreu” vai ganhar na agricultura e Goitia e Regina Cardeal)

왘 Roman Polanski, por O Pianista. vasão do Iraque, com protestos nos EUA, tros de Bagdá. O bombardeio continua. para R$ 240,00 o valor do salário míni- abre caminho para a autonomia do BC. 6 – Tropas americanas atingem, por ter-
– Vasco conquista Campeonato Carioca. Itália e França. Mercado de rua de Bagdá é atingido, cau- mo. O ganho real, descontada a inflação – Às vésperas de completar 100 dias de ra, o centro de Bagdá.
24 – O juiz da 5.ª Vara de Execuções Pe- 27 – Beira-Mar é transferido para a supe- sando a morte de pelo menos 53 pessoas. desde abril de 2002, é de 1,85%. governo, Lula continua com a popularida- – Kimi Raikkonen (McLaren) vence o
nais do Espírito Santo, Alexandre Mar- rintendência da Polícia Federal em Ma- – Rompimento de um reservatório da Ca- de em alta. Pesquisa do Ibope indica que GP do Brasil. A corrida, uma das mais tu-
tins de Castro Filho, é executado com três ceió (AL). taguazes Indústria de Papel, em Catagua- ABRIL 51% dos brasileiros consideram o gover- multuadas da história, foi interrompida
tiros em Vila Velha. – PIB cresceu 1,52% em 2002 e chegou a ses, Minas, causa o vazamento de mais de 1 – De acordo com a OMS, chega a 1.804 no ótimo ou bom, contra 36% de regular na 53.ª volta, após dois acidentes graves.
25 – Polícia do Espírito Santo prende três R$ 1,321 trilhão, segundo o IBGE. Com 20 milhões de litros de produtos químicos o número de casos identificados da Sars e 7% de ruim ou péssimo. 7 – Governo federal anuncia o plano para
acusados de participar do assassinato do isso, o País é ultrapassado pela Coréia do no Rio Pomba. em 22 países, com 62 mortes. – Em iniciativa inédita, Superior Tribu- unificar as polícias no combate ao crime e
juiz. As autoridades acreditam que o cri- Sul e cai para o 12.º posto no ranking das 29 – Quatro soldados americanos mor- 2 – Forças da coalizão anglo-americana nal de Justiça decide abrir processo admi- estabelecer um modelo único de trabalho
me foi encomendado pelo coronel da PM maiores economias do mundo. rem num ataque suicida contra um posto anunciam o rompimento do segundo cin- nistrativo disciplinar contra o ministro Vi- para as Polícias Civil e Militar, com a inte-
Walter Gomes Ferreira, preso sob acusa- – A inflação medida pelo IGP-M fica em de controle perto de Najaf, centro do Ira- turão de defesa, a 30 km de Bagdá. Bom- cente Leal, acusado de vender habeas-cor- gração da PF, da Polícia Rodoviária Fede-
ção de ser um dos líderes do crime organi- 1,53% em março, a menor variação desde que. Em Basra, forças britânicas atacam bardeio dos EUA atinge maternidade da pus a traficantes, e afastá-lo do cargo. ral, do Ministério Público e do Judiciário.
zado no Estado. maio de 2002. edifício no qual se reuniam aliados de Sa- cidade, matando pelo menos 30 pessoas. 3 – Índice de Preços ao Consumidor da 8 – Mais de 100 mil servidores federais fa-
– Polícia prende um dos supostos envolvi- – Medida provisória de Lula libera a ven- ddam. Duzentas pessoas morrem. – Governo Lula consegue a primeira vitó- Fundação Instituto de Pesquisas Econô- zem primeiro protesto do governo Lula.
dos no assassinato do juiz de Prudente. da da safra de soja transgênica. 30 – O médico que identificou o vírus da ria expressiva na Câmara, com a aprova- micas (IPC-Fipe) chega a 0,67% em mar- 9 – A era Saddam chega ao fim 21 dias de-
Todos os indícios apontam para um assas- 28 – Uma semana depois de invadirem o Sars, o italiano Carlo Urbani, morre na ção em primeiro turno do Projeto de ço, na segunda queda consecutiva. pois do início da guerra, com a tomada de
sinato encomendado pelo PCC. Iraque, soldados americanos estão esta- Tailândia, vítima da doença. Emenda Constitucional que permite a re- 4 – Exército americano toma o Aeroporto Bagdá, sem resistência. O paradeiro do
26 – Crescem manifestações contra a in- cionados a pouco mais de 100 quilôme- 31 – Governo decide elevar de R$ 200,00 gulamentação do sistema financeiro e Internacional Saddam Hussein. ex-ditador é ignorado. 왘
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H8 - O ESTADO DE S.PAULO
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ECONOMIA QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004

Espera-se uma grande


EUA VÃO CRESCER ‘UM BRASIL’
Mas persistem fortes ele- ses consecutivos de estatísti- car no ar a hipótese da repeti- três anos e aumento de gastos mais de US$ 600 bilhões pre-
mentos de incerteza no pano- cas indicando a volta da con- ção de um evento semelhante com programas sociais – como visto para 2003, trarão de vol-
expansão do PIB em rama dos próximos meses. fiança dos consumidores. ao 11 de setembro de 2001, o seguro médico federal, apro- ta pressões inflacionárias e
2004, mas ninguém se Ninguém se arrisca, por exem- Motivada por informações com todas as conseqüências ne- vado pelos republicanos por forçará o Federal Reserve
arrisca a apostar em 2005 plo, a falar em crescimento dos serviços de inteligência so- fastas que traria para uma eco- motivos eleitorais – implodi- Board (Fed, o banco central
sustentado em 2005 ou a fazer bre planos terroristas de usar nomia em plena decolagem. ram a disciplina fiscal em Wa- dos EUA) a aumentar os ju-
PAULO SOTERO previsões para os anos mais à aviões de carga O panorama shington. O legado de saldos fis- ros em algum momento. O
Correspondente frente. A decisão do departa- como mísseis de médio prazo é cais deixado pelo governo do de- consenso entre os economis-
mento da Segurança Interna contra alvos nos
P
ANORAMA
mais complica- mocrata Bill Clinton desapare- tas é que isso acontecerá no

W
ASHINGTON – de elevar o alerta de risco con- EUA, a elevação do. Aumento de ceu. Em seu lugar, ressurgiram segundo trimestre de 2004.
Após crescer 3% em tra atentados terroristas antes do alerta pode gastos de defesa os enormes déficits estruturais. Eles prevêem que, no fim do
2003, segundo a mé- do Natal pressionou o dólar e ter refreado o DE MÉDIO ditados pela guer- Afastada a hipótese do au- ano, a taxa de juros de curto
dia das projeções divulgadas aumentou a ansiedade dos lo- ânimo das pes- ra ao terrorismo mento dos impostos, a neces- prazo do Fed, hoje de 1%
em meados de dezembro, a eco- jistas, que já vinham registran- soas de saírem às PRAZO AINDA e pela invasão do sidade de recorrer a emprésti- (seu ponto mais baixo em 45
nomia americana inaugura do resultados desalentadores compras. A deci- Iraque, três cor- mos para financiar esse bura- anos), alcançará 1,75%.
2004 dando sinais francamen- de vendas no varejo em dezem- são serviu tam- É NEBULOSO tes de impostos co negro nas contas públicas, O ex-secretário do Tesouro
te positivos. O Conference bro, a despeito de quatro me- bém para recolo- em menos de mais o déficit comercial de Robert Rubin adverte que es-
Board prevê expansão de até Reuters/John Gress sas projeções são de pouco ou
5,7% do PIB no novo ano. Se a nenhum valor num horizonte
realidade confirmar a expecta- de longo prazo. Arquiteto da
tiva, 2004 trará a mais vigoro- política de disciplina fiscal que
sa expansão do PIB nos Esta- tirou o governo americano da
dos Unidos em duas décadas e disputa por capital com o setor
o país acrescentará algo como privado, e ajudou a impulsio-
um Brasil à sua riqueza nacio- nar a prosperidade dos anos
nal. Mais comedida, a Organi- 90, Rubin disse recentemente
zação para a Cooperação e o que o governo Bush e o Con-
Desenvolvimento Econômico gresso republicano “colocaram
(OCDE) espera crescimento (os EUA) de volta no pântano
de 4,2%, com queda da taxa de dos déficits fiscais de longo pra-
desemprego, de 5,9% apurada zo”. O efeito adverso disso so-
em novembro, para 5,6% em bre as taxas de juros e sobre a
dezembro. O recuo do desem- confiança dos consumidores e
prego esperado pelos econo- dos investidores começará a
mistas deve ser visto, no entan- aparecer tão logo as empresas,
to, sob a perspectiva da perda animadas pelo crescimento da
líquida de 2 milhões de postos economia, voltarem em massa
de trabalho nos últimos 3 anos. ao mercado em busca de capi-
As previsões otimistas ani- tal para seus investimentos.
maram os analistas de investi- Segundo Rubin, as proje-
mentos a apostar na continua- ções econômicas disponíveis
ção das boas notícias no mer- devem ser tomadas com cau-
cado de capitais, com ganhos tela. “A maioria dos que fa-
adicionais no Dow Jones, que zem previsões subestimou sig-
superou 10 mil pontos nas se- nificativamente as futuras
manas finais do ano pela pri- condições fiscais ao projetar
meira vez desde 2001. “Após as condições econômicas à
várias partidas falsas nos últi- frente.” Para ele, os déficits
mos 2 anos, está claro agora fiscais acumulados pela atual
que a maioria, senão todos os administração limitará de for-
setores da economia, está ope- ma substantiva o crescimento
rando com todos os cilin- da economia americana ao
dros”, disse Wyane Ayers, longo da década.
economista-chefe do banco Isso ainda não apresenta
de investimentos FleetBoston um problema imediato para
ao jornal USA Today. “Tudo Bush, que está focalizado, an-
está apontando na direção tes de mais nada, em garantir
certa”, concordou Larry Chi- a reeleição em novembro. A
merine, da Radnor Interna- dramática queda dos juros ba-
tional Consulting. A exemplo rateou o custo financeiro da
de outros 56 economistas, dívida pública do país. Em
dos 60 ouvidos pelo jornal, 2002, o Tesouro gastou US$
Chimerine disse que as ten- 178 milhões, ou 1,7% do PIB,
dência da economia ajudarão nessa rubrica. Isso se compa-
os planos de reeleição do pre- ra a US$ 232 bilhões, ou 3%
sidente George W. Bush. Boas previsões para 2004 fizeram o Dow Jones superar os 10 mil pontos nas últimas semana do ano, pela primeira vez desde 2001 do PIB, em 1995.

EUROPA RESPIRA E JÁ FALA EM EXPANSÃO


Velho continente passou por um período em que o crescimento econômico não superou o 0,5%, mesmo nos países mais ricos
Reuters
fixar crescimento de 1,7% no
REALI JÚNIOR perde consistência e os preços A reestruturação operada
Correspondente novo ano. Essa sensível melho- já não se mantêm no mesmo ní- em 2003 nas grandes empresas
ria se deve, em grande parte, ao vel dos anos 90, apesar de os ju- francesas começa a dar resulta-

P
ARIS – A Europa respi- comércio mundial, cuja acelera- ros estarem num nível 3 vezes dos, pois estão mais rentáveis e
ra aliviada com a chega- ção tem permitido o aumento inferior. O país mantém taxa menos endividadas – ou seja,
da do fim de 2003, um considerável da demanda dos de desemprego de 3% da popu- em condições de relançar seus
ano cujo crescimento econômi- produtos junto às grandes em- lação ativa, bem inferior aos projetos congelados há 3 anos.
co foi quase nulo, oscilando en- presas francesas, italianas, ale- 8% e 9% da Alemanha e Fran- No plano do emprego, não se
tre 0% e 0,2%, escapando por mãs, holandesas e, fora da zona ça. O déficit orçamentário não espera inversão de tendência
muito pouco à recessão – mes- do euro, suíças e britânicas. passa de 1% do PIB, nada a ver antes de meados de 2004. Por
mo nos países tidos como as lo- Após uma fase delicada, obri- com o que se verifica no eixo Pa- enquanto, os salários permane-
comotivas euro- gadas a executar ris-Berlim, onde não mais se res- cem sob forte controle, enquan-
péias, como Ale- planos de reestru- peita o pacto de estabilidade, to esforços serão feitos para re-
manha e França.
2004 promete
mais, graças ao
ELHORA M
turação e a redu-
zir custos, as em-
presas alemãs
após superado o teto de 3% fixa- duzir os custos de produção.
do pela União Européia. Não se espera também grandes
Na França, a tendência pare- resultados da redução de impos-
comércio interna- SE DEVE AO são as que mais ceu se inverter radicalmente tos promovida neste ano, pois
cional. Em mé- parecem ter recu- neste fim de ano. A economia ela será anulada pela alta das
dia, o crescimen- COMÉRCIO perado competiti- escapou à recessão e tem razões taxas fiscais indiretas.
to do Velho Con- vidade semelhan- para esperar mais de 2004. Os Uma inflação a 2% pouco
tinente não foi su- EXTERNO te à dos anos 80, números são encorajadores e, efeito terá sobre o aumento do
perior a 0,5% nes- antes da reunifi- mesmo que a popularidade do poder aquisitivo, estimado em
te ano, o pior re- cação, quando os Símbolo do euro em frente ao BC Europeu: juros podem subir primeiro-ministro Jean Pierre 1,5%. Um dilema da economia
sultado desde a recessão de custos salariais explodiram. A Raffarin sofra as francesa será en-
1993, a mais grave desde o fim reunificação custou 4 milhões capita baixou nos últimos anos. europeus. O alinhamento de sa- conseqüências contrar a fórmu-
da guerra. Apesar disso, a ex- de desempregados, que só ago-
pectativa para o novo ano é ra o país começará a absorver.
bem mais favorável e o conti- Quase todos os países euro-
O exemplo de um país que so-
freu menos com a crise tem si-
do a Espanha. Seu dinamismo
lários sobre preços pode erodir
a competitividade do país. Pare-
ce que chegou a hora de voltar
dos maus resulta-
dos de 2003, a
máquina da eco-
S
ALÁRIOS
la mágica de co-
brir déficits sem
aumentar impos-
nente europeu deve reencon- peus sofrem do mal do desem- será também visível em 2004, a investir. Os grupos empresa- nomia gira em ESTÃO SOB tos, missão quase
trar parte de seu dinamismo an- prego. Só os italianos consegui- mas o crescimento ibérico se de- riais, especialmente alemães e torno de um cres- impossível, di-
terior, ajudado pela retomada ram criar 200 mil empregos, ve ao boom imobiliário, com as franceses, preparam-se para cimento de 2% FORTE zem os economis-
não só dos EUA, como de paí- graças a medida adotadas para vendas ‘dopadas’ por taxas de agir já no início do ano. Esses in- em 2004, contra tas. Uma saída
ses asiáticos, China e Japão. tornar mais flexível o mercado juros baixas, fixadas pelo Ban- vestimentos serão prioritários 0,2% em 2003. CONTROLE seria o governo
As previsões mais recentes, de trabalho. Os dirigentes fran- co Central Europeu, de 2%. na renovação dos parques infor- Os franceses aceitar o desafio
inclusive envolvendo os países ceses estão satisfeitos com as úl- A previsão, a médio prazo, máticos e tecnológicos, evitan- apostam em au- de lançar um pro-
que mais sofreram, têm sido fa- timas estatísticas, que indicam de alta dos juros nos EUA e na do ser distanciados pela concor- mento considerável das expor- cesso de modernização do Esta-
voráveis. O Instituto Nacional que, graças ao relançamento da Europa, poderá estancar em rência internacional. tações, mesmo com a valoriza- do, como fez seu vizinho ale-
de Estatística da França aposta economia mundial, o desempre- parte esse boom imobiliário e o Sem participar da zona do ção do euro preocupando gran- mão em 2002. Mas isso não se-
em crescimento de 2% – o que go não vai superar o teto simbó- próprio dinamismo atual da euro, o Reino Unido prospera des grupos exportadores. Cada rá fácil num ano eleitoral, quan-
corresponde à média européia lico de 10% da população ativa. economia espanhola. Hoje, o en- pelas mesmas razões da Espa- aumento de 5% do valor do eu- do o governo será testado. É
em 2004 –, e acima do previsto Nem a Suíça escapou da crise. dividamento das famílias espa- nha, mas sem a mesma vulnera- ro constitui um corte na expec- preciso ter muita coragem para
pelo governo, mais modesto ao Foi o único país cuja renda per nholas bate todos os recordes bilidade. A bolha imobiliária tativa de crescimento de 0,5%. optar por esse caminho.

왘 10 – Inflação de março medida pelo tradores cubanos de uma balsa com 50 propostas de reforma tributária e previ- a “ocupação estrangeira”. dos EUA e da Grã-Bretanha de terem fal- 25 – Todos os produtos alimentares com
IPCA, do IBGE, fica em 1,23%, 0,34 pon- pessoas são condenados e fuzilados. denciária que serão enviadas ao Congres- 19 – Onze mulheres e uma menina de 5 sificado documentos para ligar o Iraque à mais de 1% de organismos geneticamen-
to porcentual abaixo da registrada em fe- – Federação Internacional de Automobi- so. A proposta do governo para a Previ- anos morrem afogadas em Cabo Frio produção de armas nucleares. te modificados na composição devem in-
vereiro. No ano, o índice acumula 5,13% lismo muda resultado do GP Brasil de dência do serviço público vai além das ex- (RJ), quando a escuna Tona Galea ader- – O dramaturgo, cronista e roteirista dicar ao consumidor no rótulo essa infor-
- o equivalente a 60% da meta de inflação F-1 e dá a vitória ao italiano Giancarlo Fi- pectativas, já que prevê a cobrança de alí- na, a 500 metros da praia. Mauro Rasi, de 54 anos, morre no Rio. mação, segundo decreto publicado no
de todo este ano, de 8,5%. sichella, da Jordan. quota de 11% dos inativos que ganham 20 – Polícia do Espírito Santo prende 24 – O número de brasileiros desocupa- Diário Oficial da União.
– Um dia depois da queda de Bagdá, as 13 – Bush acusa a Síria de ter armas quí- acima de R$ 1.058. Odessi Martins da Silva Junior, o Lombri- dos em seis regiões metropolitanas pesqui- 27 – Eleição na Argentina será definida
principais cidades iraquianas são toma- micas e oferecer abrigo a terroristas e par- – O ABN Amro Real anuncia a compra gão, apontado como autor do disparo que sadas pelo IBGE cresceu de 1,31 milhão no segundo turno, entre dois peronistas: o
das pelo caos, com saques a prédios públi- tidários do regime de Saddam. do Sudameris, 18.º banco brasileiro em matou o juiz Castro Filho. em fevereiro de 2002 para 2,4 milhões em ex-presidente Carlos Menem e o governa-
cos, casas de líderes do regime de Sa- – Canadenses anunciam o seqüenciamen- ativos, por R$ 2,293 bilhões. Com a aquisi- 21 – A cantora americana de jazz Nina Si- fevereiro deste ano. São 1,09 milhão a dor de Santa Cruz, Néstor Kirchner. No
ddam e até hospitais. to do código genético do coronavírus iden- ção, o ABN consolida a posição de quinto mone morre aos 70 anos, na França. mais de desocupados no mercado em ape- primeiro turno, Menem obteve 24,14%
– Bandidos lançam explosivos em um res- tificado como causador da Sars. maior banco privado do País. 22 – O senador Geraldo Mesquita (PSB- nas um ano, um crescimento de 83%. dos votos e Kirchner, 22,04%.
taurante e um laboratório em ruas do Le- 14 – Cientistas divulgam a seqüência com- – O astro do basquete Michael Jordan se AC), relator da sindicância do Conselho – EUA anunciam a prisão de Tarek Aziz, 29 – Petrobrás anuncia a descoberta da
blon, zona sul do Rio. pleta do genoma humano. O grupo já ha- despede das quadras na derrota de seu ti- de Ética que apura o envolvimento de vice-primeiro-ministro de Saddam. maior reserva de gás natural do País,
11 – Bush declara oficialmente que o regi- via anunciado um primeiro rascunho, em me, o Washington Wizards, para o Phila- ACM com grampos telefônicos, recomen- – Coréia do Norte abandona reunião com com 70 bilhões de metros cúbicos, na ba-
me de Saddam acabou, mas a situação de 2000. Quase três anos depois, o quebra-ca- delphia 76ers, por 107 a 87. da abertura de processo de cassação por EUA e China sobre o futuro de seu pro- cia de Santos.
caos nas cidades se intensifica. beça está 99,99% concluído. 18 – Milhares de pessoas tomam as quebra de decoro parlamentar. grama nuclear e confirma que possui ar- 30 – Lula sobe a rampa do Congresso
– Após julgamento sumário, três seqües- 16 – Lula fecha com 27 governadores as ruas de Bagdá para protestar contra – Blix acusa os serviços de inteligência mas atômicas. e entrega os projetos de reforma 왘
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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INTERNACIONAL O ESTADO DE S.PAULO - H9

2003/ 2004

A OUSADA APOSTA QUE ISOLOU OS EUA


Transformado pelo 11/9, Larry Downing/Reuters–15/12/2003 Reuters–14/12/2003 왘 hoje engajados na campanha à
Casa Branca do ex-governador
país decide agir de modo de Vermont Howard Dean, aler-
unilateral e exercer seu tam para o equívoco da imagem
poder sem páreo de líder tosco e tolo controlado
por ideólogos ultraconservadores
PAULO SOTERO de seu gabinete que muitos têm
Correspondente de Bush, dentro e fora dos EUA.
Herdeiro de uma dinastia de

W
ASHINGTON – Ao or- políticos iniciada por seu avô, um
denar a invasão do Ira- ex-senador de Connecticut, e con-
que, em março, o presi- solidada por seu pai, o ex-presi-
dente George W. Bush confir- dente George H. Bush, Bush teve
mou seu desprezo por preceitos sua rápida ascensão facilitada pe-
que guiaram a política externa la tendência de seus adversários a
dos EUA durante mais de meio subestimar sua inteligência e ta-
século e redefiniu as regras de en- lento para a política.
gajamento da única superpotên- “O homem de Midland não é
cia com o restante do mundo. uma figura de fachada de uma
Em palavras e atos, o líder revolução de outros”, escrevem
americano deixou claro que Wa- Daalder e Lindsay. “Ele pode
shington não mais se sentiria limi- ter chegado à Casa Branca sem
tada em suas decisões pela oposi- saber que general mandava no
ção a seus projetos por parte de Paquistão, mas durante seus
países amigos e de aliados tradi- primeiros 30 meses no poder
cionais ou por opiniões majoritá- não foi marionete, e sim quem
rias em organismos internacio- mexeu os cordéis. Ele governou
nais contrárias a seus desígnios. da forma como disse que faria
A força econômica e militar durante a campanha. Buscou
sem precedentes com que o país ativamente o conselho de seus
emergiu da guerra fria seria ago- mais experientes assessores e to-
ra posta a serviço de uma política lerou, se não encorajou, desa-
externa alicerçada no exercício cordos vigorosos entre eles.
do poder e não mais da liderança Quando necessário, impôs-se a
baseada na persuasão. eles. George W. Bush liderou a
Psicologicamente transforma- própria revolução.”
dos pelos devastadores eventos Se a situação no Iraque me-
de 11 de setembro de 2001, os lhorar, a economia firmar-se e
EUA zelariam por sua segurança Bush: se tudo der certo, pode firmar-se como herdeiro de Reagan Saddam detido: feito parece recompensar estratégia americana a taxa de desemprego conti-
menos atrelados a compromissos. Rob Gauthier/Reuters–19/8/2003 Reuters–221/11/2003 nuar a diminuir, essa percep-
Nos últimos meses do ano, o resul- ção mais benigna sobre o líder
tado dessa ousadíssima aposta americano pode ajudá-lo a con-
era uma incógnita. Algumas das solidar-se como herdeiro políti-
vozes mais respeitadas do esta- co não de seu pai, mas do ex-
blishment não disfarçavam seu presidente Ronald Reagan, um
alarme. “Vivemos hoje um para- ex-ator de segunda que passou
doxo entre a posição e o papel dos a vida sendo subestimado, mas
EUA no mundo”, disse no fim de entrou para a história como um
outubro o ex-conselheiro de Segu- líder que desmontou a União
rança Nacional Zbigniew Brze- Soviética e iniciou o mais longo
zinski, falcão democrata e um período de prosperidade da eco-
dos mais respeitados pensadores nomia americana.
da estratégia internacional do Da mesma forma, a imagem
pais no último quarto de século. mais positiva de Bush poderá au-
“O poder mundial dos EUA está mentar o nível de cobrança dos
no zênite, mas o prestígio político americanos e acabar funcionan-
global do país está no nadir.” do contra ele. É, provavelmente,
Brzezinski ofereceu duas possí- o que acontecerá se a captura de
veis explicações para o fenôme- Saddam deixar de produzir o ar-
no. O choque e o pavor que o 11/9 refecimento da resistência à ocu-
causou nos americanos levaram pação, esperado por Washing-
os mais altos funcionários do go- ton. Nessas circunstâncias, a con-
verno a adotar “uma visão para- tinuação dos ataques contra sol-
nóica do mundo”, resumida na dados e a complexidade e os cus-
afirmação que Bush fez em dis- tos da operação de estabilização e
curso ao Congresso em janeiro de reconstrução do Iraque podem
2002, “os que não estão com os convencer os americanos de que
EUA estão contra nós” – e, por ex- Bush colocou o país num beco
clusão, com os terroristas. cuja única saída é retirar-se o
A crise de credibilidade, o isola- quanto antes do Iraque e deixar
mento político internacional da que a maioria xiita do sul, a mino-
superpotência e falhas de inteli- ria sunita da região de Bagdá que
gência sem paralelo na história dominou o país na era Saddam e
do país “são compensados por os separatistas curdos do norte se
uma demagogia extremista que entendam. Neste cenário, os espe-
enfatiza os piores cenários para cialistas prevêem que a libertação
estimular o medo, o que, por sua do Iraque seria seguida por uma
vez, induz uma visão dicotômica Atentado contra ONU em Bagdá: Vieira de Mello entre os mortos Destroços do consulado britânico em Istambul, alvo de atentado devastadora guerra civil.
e simplista da realidade do mun- O caos econômico que perma-
do”, explicou o ex-conselheiro do
ex-presidente Jimmy Carter.
ORIENTE MÉDIO AMÉRICA LATINA UNIÃO EUROPÉIA TERRORISMO nece nove meses depois da remo-
ção da ditadura baathista pelas
Em dezembro, dois aconteci-
mentos – a captura do ex-ditador O sonho de paz Esfria ainda mais Expandindo-se, Cenas de horror forças americanas e a incapacida-
de demonstrada até agora pela
iraquiano Saddam Hussein e a de- administração ocupante de resta-
cisão do líder da Líbia, Muamar adiado de novo relação com EUA mas com tropeços não têm trégua belecer um nível mínimo de nor-
Kadafi, de desmantelar seus pro- malidade da vida no Iraque são
gramas de armas nucleares, quí- JERUSALÉM – Três anos WASHINGTON – Se o 11 MADRI – Reiteradas vezes se WASHINGTON – A luta ilustrados diariamente pelas filas
micas e biológicas – pareceram re- e meio após o início da segun- de setembro de 2001 relegou a disse que a União Européia é contra o terrorismo lançada pe- quilométricas nos postos de gaso-
compensar a agressiva estratégia da Intifada (resistência à ocu- América Latina ao último lugar um “gigante econômico, mas los EUA após os atentados de lina num país que já foi o segun-
de Bush e reforçaram a simpatia pação israelense dos territórios na agenda de Washington, a um anão político”. Esta opinião 11 de setembro de 2001 fez com do maior produtor de petróleo do
dos americanos por seu presiden- palestinos), as duas partes se oposição generalizada à guerra popular adquiriu especial rele- que muitos países temessem so- mundo.
te e suas políticas. entrincheiraram politicamen- contra o Iraque deteriorou as re- vância durante a guerra no Ira- frer atentados por seu apoio à A separação física entre ocu-
Respaldado por essas boas notí- te. Apesar de terem sido lança- lações e criou um mal-estar visí- que, que dividiu os atuais 15 Casa Branca. Mas apenas a Tur- pantes e ocupados em Bagdá e a
cias e pelos sinais de uma vigoro- das novas iniciativas de paz, as vel no governo Bush. Entre os membros em dois grupos quase quia e a Grã-Bretanha foram al- tensão que persiste entre os dois
sa retomada da economia, Bush paralisadas negociações entre poucos que apoiaram Washing- irreconciliáveis: o eixo mais euro- vos de retaliações. Quatro aten- lados reforça previsões pessimis-
começa 2004 com motivos para as duas partes giram em torno ton estão a Colômbia, que rece- peísta, Paris-Berlim, e a frente tados a bomba – contra duas si- tas sobre as chances de monta-
estar confiante na reeleição, possi- do plano internacional conhe- be ajuda bilionária para comba- euroatlântica, representada pelo nagogas, um banco britânico e o gem de um governo iraquiano mi-
velmente por vitória esmagadora cido como “mapa da estrada”, ter o tráfico e a guerrilha, e al- trio Londres- Roma-Madri. consulado da Grã-Bretanha – nimamente legítimo e viável.
sobre qualquer dos dez postulan- cuja aplicação já está um ano guns países da América Cen- A falta de consenso também fi- deixaram 61 mortos em novem- Tudo isso indica que, a médio
tes da candidatura do Partido De- atrasada. O conflito deveria tral que negociam um tratado cou patente durante a cúpula de bro em Istambul. e longo prazo, a transformação
mocrata, nas eleições de novem- terminar, segundo previa o pla- de livre comércio com os EUA. Bruxelas, em dezembro, quando Membros da Al-Qaeda e do que Bush completou na política
bro. As últimas sondagens de opi- no, com a criação de um Esta- A Casa Branca se indignou deveria ser votada a Constitui- movimento afegão Taleban, de- externa americana em 2003 au-
nião apontavam tendência de al- do palestino até o fim de 2005. com o que qualificou de “falta ção da UE, um texto necessário posto em 2001, intensificaram gura menos a transformadora vi-
ta em todos os índices de aprova- Hoje Israel impulsiona a de lealdade”, apesar de os fun- para garantir a funcionalidade seus ataques contra as forças de são de democracia e paz no Ira-
ção do líder republicano. construção de um muro na cionários encarregados da polí- da união ampliada – mais dez paz no Afeganistão. No Iraque, que, de que se fala na Casa Bran-
A determinação com que Bush fronteira com a Cisjordânia e, tica americana para a América membros em 2004. Espanha e são lançados ataques diários ca e no Pentágono, do que conse-
levou adiante sua revolução con- apesar de o plano de paz proi- Latina negarem que as relações Polônia impediram a aprova- contra as tropas da coalizão. No qüências potencialmente calami-
servadora da política externa dos bir novos assentamentos, fo- estejam deterioradas. “Pela pri- ção, ao rejeitar um novo sistema entanto, o atentado mais mar- tosas para o país ocupado e para
EUA e as enormes implicações ram ampliadas as colônias nos meira vez em décadas, não se de voto no Conselho reconhecen- cante foi o lançado em agosto o já abalado prestígio dos EUA
potenciais da mudança já ani- territórios ocupados. Do lado via um antiamericanismo na do o peso demográfico dos paí- contra o escritório da ONU em no mundo. Considerando, po-
mam o reexame da própria figu- palestino, os atentados suici- América Latina como o de ago- ses membros. Os dois casos au- Bagdá, que deixou 22 mortos, rém, o período que falta para a
ra do presidente. No livro Ameri- das continuam. ra. É importante tentar reparar mentam a sensação de que se a entre eles o brasileiro Sérgio eleição de 2 de novembro, que co-
ca Unbound, publicado em de- Desde o início desta Intifa- as relações”, disse Peter UE não consegue por ordem na Vieira de Mello, enviado pela or- manda os cálculos de Bush e de
zembro, Ivo H. Daalder e James da, morreram 2.753 palestinos Hakim, presidente do Diálogo casa com 15 membros, com 25 a ganização ao Iraque para aju- seus assessores, 2004 começa co-
M. Lindsay, ex-conselheiros do e 859 israelenses. Interamericano. situação será muito pior. dar o país. mo um ano promissor para o lí-
ex-presidente Bill Clinton 왘 der americano.

왘 tributária e da Previdência. 5 – A Polícia Federal indicia os empresá- de Ética que pode terminar com a expul- Chechênia deixa 14 mortos. anos, jornal Corriere della Sera publica a 25 – Primeiro-ministro israelense Ariel
– Morre o ex-vice-presidente e ex-gover- rios Alexandre Martins e Reinaldo Pitta, são da senadora Heloísa Helena (AL) e 15 – Petrobrás anuncia lucro recorde de confirmação de autoridade do Vaticano Sharon aprova o “Mapa da Estrada”, pla-
nador de Minas Aureliano Chaves. procuradores do atacante Ronaldo, por dos deputados João Batista Araújo, o Ba- R$ 5,545 bilhões no primeiro trimestre. O de que o papa sofre do mal de Parkinson. no de paz que deve levar à criação de um
– Mediadores apresentam às lideranças is- sonegação e lavagem de dinheiro no in- bá (PA), e Luciana Genro (RS). Os três vo- resultado representa aumento de 540% 19 – STF abre inquérito para investigar o Estado palestino em 2005.
raelense e palestina o “roteiro para a quérito que investiga o envio de US$ 33,4 taram contra a taxação de servidores ina- em relação ao mesmo período de 2002. envolvimento de ACM nas escutas telefô- – Kirchner toma posse na Argentina.
paz”, para pôr fim a mais de 31 meses de milhões por servidores para a Suíça. tivos na reforma da Previdência. – Ministros do STF decidem abrir proces- nicas ilegais feitas na Bahia. – Elefante, de Gus Van Sant, vence a Pal-
violência e estabelecer um Estado palesti- 6 – Senado rejeita recurso que permitia a – Quarenta e uma pessoas morrem e 110 so criminal contra ACM. A decisão aca- 21 – Terremoto mata quase 2 mil pessoas ma de Ouro do Festival de Cannes.
no. O plano, apoiado pelos EUA, é respal- abertura de processo de cassação de ficam feridas em ataque a alvos russos na tou denúncia apresentada pelo Ministé- na Argélia. – O brasileiro Gil de Ferran vence as 500
dado por um raro consenso global. ACM por quebra de decoro parlamentar. Chechênia, no qual foi utilizado cami- rio Público Federal, que acusa ACM de – OMS aprova acordo para controle do ta- Milhas de Indianápolis (EUA). O Brasil
– Bush nomeia o diplomata Paul Bremer nhão com 1,3 tonelada de explosivos. crime de injúria contra o deputado fede- bagismo. Trata-se do primeiro tratado in- dominou o pódio: Hélio Castro Neves che-
MAIO administrador civil para o Iraque. – Acusada de seqüestrar dois bebês, entre ral Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). ternacional no campo da saúde, que obri- gou em 2.º lugar e Tony Kanaan em 3º.
1 – Bush anuncia o fim dos combates no 8 – Governo conclui acordo com o eles Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedri- 16 – Arqueólogos encontram na Holanda ga signatários a restringirem o comércio, 26 – A PF indicia o ex-presidente Fernan-
Iraque. PMDB para ampliar base no Congresso. nho, e criá-los como filhos, Vilma Mar- navio que compunha uma frota armada propaganda e distribuição de cigarros. do Collor, seu irmão Leopoldo e outras
2 – Índia e Paquistão restabelecem rela- – Judiciário inicia lobby contra o atrela- tins Borges é presa em Goiânia. romana há 18 séculos. 22 – EUA e Grã-Bretanha recebem pode- 14 pessoas pela negociação do Dossiê
ções diplomáticas. mento dos salários dos juízes estaduais 14 – Menem anuncia sua desistência da – Respaldado por índices de aprovação res extraordinários para dirigir o Iraque Cayman. O documento falso acusava o
3 – Morre o ator Wilson Vianna, de 75 aos rendimentos dos governadores, como disputa presidencial, dando a vitória a de 65% a 70%, Bush anuncia formalmen- depois que o Conselho de Segurança da ex-presidente Fernando Henrique Cardo-
anos, que viveu o Capitão Aza, persona- prevê a reforma da Previdência. Néstor Kirchner. te sua candidatura à reeleição. ONU aprova o fim a 13 anos de sanções so, seus ministros José Serra (Saúde) e
gem de seriado de TV nos anos 60 e 70. 12 – PT abre processo na sua Comissão – O segundo atentado em 48 horas na 18 – No dia em que João Paulo II faz 83 econômicas contra o país. Sérgio Motta (Comunicações) e o ex- 왘
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H10 - O ESTADO DE S.PAULO


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INTERNACIONAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004
Reuters–9/4/2003 Goran Tomasevic/Reuters–9/4/2003 Reuters–9/4/2003

Na seqüência, marines derrubam estátua de Saddam em Bagdá

GUERRA FAZ SURGIR MUNDO INÉDITO


Mais importante ropa, ao Oriente Médio, mas dá, ele é o oposto de um “isola- nal, ampliando a doutrina da Adolf Hitler. um pouco de autoridade desde
também à Indonésia, ao Cana- cionista”. Mas, ao deixar a “ingerência humanitária” for- Mas logo caímos na conta de que a tonitruante guerra de
acontecimento do ano, dá, à América Latina... ONU fora do jogo, os países de- jada pelo francês Bernard Kou- que essa “polícia universal” é Bagdá se transformou em cala-
a invasão do Iraque Nos Estados Unidos, o reina- mocráticos e os amigos que chner (fundador dos Médicos inaplicável, porque são inúme- midade? De forma alguma,
afeta todo o planeta do de Bush abala os dogmas: não o aprovam Sem Fronteiras). ros esses tiranos em atividade. pois a própria ONU reduziu
ele vira as costas (até agora pe- (França, Alema- Bush acredita E, depois, quem decidirá que sua presença depois do ignóbil
GILLES LAPOUGE
Correspondente
lo menos) e adota este “isola-
cionismo” que outrora consti-
tuía o receio dos europeus. E,
nha), ele mostra
que seu “inter-
vencionismo” é
B
IN LADEN
que os EUA têm
o “direito” de ig-
norar a sobera-
um país está submetido à barbá-
rie? Ou que ele constitui um ris-
co, uma ameaça aos outros? A
matança de seus representan-
tes em Bagdá, incluindo a mor-
te do brasileiro Sérgio Vieira de
MUDA POLÍTICA
P
ARIS – De tempos em então, será Bush o homem que ditado apenas nia de uma na- não ser que se recorra a uma en- Mello. Contudo, recentemente,
tempos, termina a guer- reconhece que os EUA têm de- pela preocupa- ção quando esta tidade universalista, a ONU. os EUA moderaram um pouco
ra do Iraque. A primeira veres para com o mundo? Sim, ção em garantir EXTERNA está nas garras Sim, mas Washington blo- o seu tom em relação à ONU.
vez foi no dia 7 de abril, quan- com toda a certeza, mas de ou administrar a de um tirano. queou a ação da ONU porque Eles precisaram dela para enco-
do os soldados americanos to- uma maneira inédita. Efetiva- “hegemonia” DOS EUA Seria difícil era preciso agir depressa: Sa- rajar países democráticos a en-
maram Bagdá, A segunda foi mente, se ele se intromete, não dos EUA sobre o não aprovar essa ddam tinha armas de destrui- viar tropas ao Iraque a fim de
no dia 1.º de maio, quando é tanto para debater com os ou- mundo inteiro – generosidade: os ção em massa que poderiam ser aliviar os soldados americanos.
George W. Bush envergou seu tros mas para impor sua visão, um ancestral da globalização. países democráticos teriam evi- postas em operação dentro de Será que essa atitude mais
belo uniforme militar para a visão da América. De acordo com sua visão, tado um inferno, se tivessem 40 minutos. Esse foi um dia fu- flexível de Washington terá
pousar sobre o convés do porta- No caso do Iraque, sua linha Bush retifica os sacrossantos podido uma operação de “inge- nesto para a ONU. seu efeito e a ONU reconquista-
aviões Abraham Lincoln e api- é clara: ao levar o fogo a Bag- princípios do direito internacio- rência humanitária” contra Será que ONU reconquistará rá sua dignidade? Isso é duvido-
tar o fim do jogo. so, principalmente tendo em

FOSSO ENTRE EUROPA E EUA FICOU MAIOR


O terceiro fim da guerra do vista que o sucesso de Bush
Iraque teve lugar quando os sol- com a captura de Saddam po-
dados americanos encontraram derá animar os elementos neo-
um buraco de onde retiraram E a guerra teve um realidade não era bem “o fim da confusão provocada por Sa- que ela não conseguiu dar ao conservadores mais exagera-
Saddam Hussein. O chato é que efeito colateral: rachou história”, mas sim o domínio da ddam Hussein, tomar o cami- conflito israelense-palestino a dos a voltar ao antigo desprezo
a guerra é estúpida. Ela não che- história por parte da América. nho da felicidade traçada pelo atenção e a imparcialidade ne- contra a ONU.
gou nem mesmo a entender que em duas a União Com certeza, hoje em dia, dez Ocidente, acabar com todos os cessárias. O mesmo se poderia dizer
estava terminada. Nem mesmo Européia anos depois da Guerra do Golfo, sistemas despóticos, em resumo, Ariel Sharon é útil demais a em relação a aqueles que Do-
a captura de Saddam lhe abriu a teoria do fim da história (ge- voltar a ser povos decentes. O uma América em dificuldade pa- nald Rumsfeld qualificou de

P
os olhos: ela continua a celebrar ARIS – Além das reações nial, quando foi forjada em 1806 “bem” é tão contagioso quanto ra que os EUA possam reclamar “velhos europeus” (sobretudo
suas núpcias macabras psicológicas, restam algu- pelo filosofo alemão Hegel e já o “mal”. Camuflada sob essa contra ele quando amontoa in- a França e Alemanha).
Uma coisa é certa: quer já te- mas feridas muito fortes. rançosa e surrada quando foi re- guerra do Iraque, haveria uma transigências e provocações. Te- No tocante a essas relações
nha acabado ou não, essa guer- Os americanos se vingam, por copiada por Fukuyama), está de- pedagogia do “bem”. O bom mi- ria ele podido construir um mu- entre os EUA e a Europa, en-
ra já fez nascer um mundo iné- exemplo, privando a França sacreditada em razão da ascen- cróbio da democracia iria infec- ro se os EUA não estivessem hip- contramos aqui um esquema se-
dito, uma geografia sem prece- dos benefícios da reconstrução são do islamismo há dez anos. tar toda a região controlada por notizados por outras urgências? melhante ao que acabamos de
dentes, uma América enigmáti- iraquiana. A França não ate- Mas, como os homens sempre ditadores sórdidos e religiosos Não se pode esquecer que o descrever entre Washington e
ca, uma Europa diferente, uma nuou em nada as suas críticas precisam de uma teoria, os ame- histéricos. Até mesmo o conflito próprio Iraque, embora livre de a ONU, mas com alguns traços
Ásia em ebulição. E também no- contra a Casa Branca. Ela se ricanos substituíram a do fim da entre israelenses e palestinos te- uma tirania cruel, da tortura, e ainda mais ásperos.
vos sistemas de relações entre ateve às suas teses com uma história por outra teoria: a de sa- ria solução pacífica. dos assassinatos de Estado, não A resistência contra guerra,
nações, talvez uma transforma- energia ainda maior do que em muel Huntington sobre o “cho- O programa é fascinante. A estava muito influenciado, sob o orquestrada por Paris, lançou
ção do direito internacional. outros pontos. O governo de que de culturas”, às vezes masca- Europa foi a primeira a se inco- regime laico do tirano, pela fana- os dirigentes americanos e o
Avaliar essas metamorfoses Jacques Chirac acumula fracas- rada como “volta da cruzada”. modar. Não é impressionante tismo religioso. Hoje, existe o re- povo americano num verdadei-
não seria tarefa para um sim- sos sobre fracassos. Apenas a Cruzada? Choque de cultu- um povo árabe seduzindo outros ceio de que, nesse pútrido bura- ro acesso de raiva. A intensida-
ples artigo e certamente deman- política externa francesa tem ras? Bush e seus assessores evi- povos árabes? Entretanto, muito co, nesse vazio deixado pelo de- de dessa raiva, como o da furio-
daria nova revisão dentro de al- um pouco de brilho. tam pronunciar essas palavras, recentemente, pode-se constatar saparecimento do déspota, des- sa reação francesa, ultrapassa-
gum tempo, porque o vulcão Mas um dos efeitos mais de- mas seus atos pa- que a teoria dos varios religiosos mais assassinos ram toda medida. Nesse pon-
iraquiano continua sua erup- testáveis deste ano de guerra foi recem muitas ve- neoconservado- tenham instalado seu domínio to, chegamos a suspeitar que a
ção e suas lavas estão sempre
candentes.
Um primeiro fato constatado
uma ampliação ainda maior do
fosso entre a América e a Euro-
pa. Aqui, não se trata apenas
zes inspirados
nas opiniões de
Huntington. Eles
M ÁQUINA
res de Washing-
ton não era assim
tão utópica. Um
no Iraque, aproveitando-se da si-
tuação de calamidade e depres-
são em que se encontra mergu-
guerra do Iraque permitiu que
alguns sentimentos profun-
dos, mas proibidos – sentimen-
é que a guerra do Iraque é apro- da França. Para muitos euro- insinuam que DO TERROR dos mais infames lhado. A todas as centrais do ter- tos não expressos, não confes-
vada por alguns, detestada por peus, os Estados Unidos “tira- existe uma vertigi- terroristas dos úl- ror (Afeganistão, Síria, Arábia sados – viessem à tona.
outros, mas todos a descrevem ram a máscara” e agora esta- nosa divisão do GALVANIZADA timos 20 anos, o Saudita...) acrescenta-se agora E quais são esses sentimen-
como a “o principal aconteci- mos descobrindo o seu rosto ver- mundo entre coronel líbio Mua- outra inédita central: o Iraque. tos? Por um lado, a irritação
mento do ano”. “Pesquisa sobre dadeiro e inquietante: ávidos de uma esfera oci- POR INVASÃO mar Kadafi não Esses fanáticos, serão eles anti- exasperada dos americanos
um desastre: o Iraque” – é o títu- açambarcar todas as riquezas dental e democrá- apenas renun- gos assassinos (os de Saddam...), diante desses franceses que tu-
lo de Le Nouvel Observateur. A do mundo (petróleo, aço, etc.), tica, por um lado ciou às armas nu- ou do Hezbollah, os discípulos do sabem, que são pérfidos, que
capa da revista L’Express traz a represadores do restante da hu- e, por outro, essas regiões incer- cleares, como também parece de- de Bin Laden? No fundo, pouco dão lições de moral o tempo to-
foto de Bush e anuncia: “O ho- manidade, decididos a semear tas que vão da Síria ao Afeganis- terminado a colaborar com os importa se Bin Laden está ou do, que não entendem nada de
mem que estragou nosso ano.” a borrasca na terra inteira, con- tão e abrigam poderes teocráti- EUA na busca dos terroristas. não no comando, se Saddam economia, são nulos em tudo e
Mais complicado, o historia- tanto que a hegemonia america- cos, monárquicos, despóticos, ar- Para a França, é uma piada for- Hussein não está mais em liber- continuam a deambular sob os
dor Jacques Julliard escreve: na seja favorecida. caicos, irânicos ou sanguinários. midável vinda dele responder a dade. Isso são apenas detalhes: a sois apagados de seu século 17...
“A maior vitória de Osama Bin Um país que inveja as glórias De acordo com Washington, Bush e Blair. Para o mundo, é a máquina do terror foi montada, Quanto aos fraceses, eles se
Laden não é o ataque contra as da antiga Roma, quando esta os soldados americanos entra- esperança de ver a corrente do colocada em ação, galvanizada sentiram livres para demons-
torres gêmeas de Nova York e realizou a “pax romana”, tendo ram no Iraque para expurgar o bem propagar-se. pela guerra dos soldados ameri- trar o seu desprezo por esses
seus 3 mil mortos. Sua maior vi- dominado todas as regiões não Oriente Médio desses miasmas Melhor, no entanto, não can- canos e ela continua por si mes- caubóis, esses americanos incul-
tória é o novo rumo da política bárbaras de seu tempo e con- antidemocráticos e tirânicos. Os tar vitória antes do tempo. Em ma. Ela mata por si mesma. tos e primitivos. (Essa lógica
americana.” Todos esses vere- quistado um período de trégua membros do estreito círculo de primeiro lugar, Kadafi não é Enfim, é uma outra zona que francesa não se sente incomo-
dictos, quer emanem dos que na história. Bush (Rumsfeld, Dick Cheney, um homem confiável. Em segui- saiu mal da aventura iraquiana. dada pelo fato de que os ameri-
apóiam a guerra, quer dos que a Para estes europeus, os Esta- Condoleezza Rice, William Kris- da, o terreno de onde saem os Coxa, com ferimentos generali- canos produzem os melhores
rejeitam, têm uma coisa em co- dos Unidos gostariam de concre- tol, etc.) nos catequizaram: essa terroristas não é mais o Magreb zados, uma venda sobre os olhos romances há cem anos, o me-
mum: a aventura de Bagdá não tizar com George W. Bush filho “tempestade” americana sobre o norte-africano faz muito tempo. e com vontade de vomitar, assim lhor cinema, a música mais di-
interessa a um país apenas, ou a o sonho messiânico do Bush pai Iraque iria aterrorizar todos os É a vasta zona que vai da Ará- é a Europa segundo o Iraque. A fundida. Quando se diz isso aos
uma única zona do globo, mas depois da primeira guerra do Ira- povos e levá-los ao caminho reto. bia ao Paquistão. E, por enquan- luta entre os velhos europeus e franceses, eles sacodem a cabe-
ao mundo todo. que: organizar esse fim da histó- Os governos asiáticos muçul- to, ao menos, a argamassa da os americanos dividiu a Europa ça e continuam resmungando:
O que fazem os soldados ame- ria, imaginado na época pelo filó- manos iriam fazer aliança com paz no Iraque concentrou de tal – e sua instituição, a União Euro- “os americanos são incultos e
ricanos interessa aos EUA, à Eu- sofo Francis Fukuyama que, na a democracia, rechaçar toda a forma a diplomacia americana péia – em dois . (G.L.) ponto final!”)

왘 governador Mário Covas de terem abre caminho para um referendo sobre o 5 – Maurício Corrêa toma posse como grama de Erradicação do Trabalho Infan- que o uso das substâncias foi intencional. – Seleção brasileira é eliminada da Copa
US$ 300 milhões em contas no Caribe. mandato de Hugo Chávez. presidente do Supremo e faz duras críti- til, Agente Jovem e Auxílio-Gás) num 16 – Brasil assina a Convenção Interna- das Confederações ao empatar com a
– Aos 45 anos, Oscar Schmidt oficializa cas à reforma da Previdência, que prevê a único projeto social. cional de Controle do Tabaco. Turquia em 2 a 2 na França.
no Rio o fim de sua carreira no basquete. JUNHO redução dos salários e o fim da aposenta- – Dados da Síntese de Indicadores So- 18 – Copom reduz juros básicos pela pri- 24 – Previdência registra o maior déficit
27 – O secretário-geral da ONU, Kofi An- 2 – Carga tributária quebra novo recorde doria integral dos juízes. ciais do IBGE mostram que 54,3% da po- meira vez na gestão Lula, cortando a taxa da história. Em maio, as contas tiveram
nan, nomeia o diplomata brasileiro Sér- histórico. De acordo com levantamento – Blix divulga seu último relatório sem pulação ocupada não contribui para a Selic de 26,5% para 26% ao ano. Apesar balanço negativo de R$ 1,7 bilhão.
gio Vieira de Mello para o cargo de repre- do Instituto Brasileiro de Planejamento chegar a conclusões sobre a existência de Previdência Social. da pressão política, os juros continuam – Dois ataques deixam seis soldados britâ-
sentante especial da entidade no Iraque. Tributário, 41,2% do PIB foram compro- armas químicas no Iraque. – O ator americano Gregory Peck morre, no nível mais alto desde maio de 1999. nicos mortos e oito feridos no Iraque. É a
28 – A Agência Nacional de Vigilância Sa- metidos com o pagamento de impostos 11 – Na maior manifestação contra o go- aos 87 anos, em Los Angeles. 20 – Lula e Bush anunciam na Casa Bran- maior baixa das forças de ocupação des-
nitária (Anvisa) interdita o laboratório no primeiro trimestre, 5,56% a mais que verno desde a posse de Lula, 20 mil servi- – O músico Itamar Assumpção, de 53 ca, a decisão de estreitar relações entre os de a declaração do fim da guerra.
Enila sob suspeita de que um de seus pro- no mesmo período de 2002. dores fazem marcha em Brasília para pro- anos, morre em São Paulo. dois países, “com vistas à promoção da 25 – Dados do Instituto Nacional de Pes-
dutos, o contraste Celobar, tenha causa- – Presos os empresários Alexandre Mar- testar contra a reforma da Previdência. 13 – FMI aprova desembolso de US$ 9,3 cooperação hemisférica e global”. quisas Espaciais (Inpe) mostram que o
do a morte de 13 pessoas. tins e Reinaldo Pitta. – Cruzeiro derrota o Flamengo por 3 a 1 e bilhões para o Brasil, na terceira revisão 23 – China ocupa o primeiro lugar entre desmatamento na Amazônia em 2002 foi
29 – O Índice Geral de Preços do Merca- 4 – Os chefes de governo de Israel, Ariel conquista o título da Copa do Brasil. de acordo de US$ 32,4 bilhões. os países que mais atraíram investimen- o maior desde 1995. A área desmatada
do (IGP-M) fechou maio em -0,26%, se- Sharon, e da Autoridade Palestina (AP), 12 – A Câmara de Política Social decide – Fundação Oswaldo Cruz anuncia que o tos estrangeiros em todo o mundo em chegou a 25.500 quilômetros quadrados.
gundo a Fundação Getúlio Vargas. Trata- Mahmud Abbas, comprometem-se, sob a fundir os programas de transferência de lote do Celobar suspeito de ter causado a 2002, segundo a OCDE. A China recebeu 26 – FGV apurou deflação de 1% no
se da primeira deflação em 47 meses. mediação de Bush, a pôr em marcha o renda do governo (Bolsa-Escola, Bolsa- morte de 22 pessoas apresenta 14% de US$ 52,7 bilhões. O Brasil, com US$ 19,2 IGP-M em junho, maior queda desde
– Governo e oposição assinam pacto que Mapa da Estrada. Alimentação, Cartão-Alimentação, Pro- sais de bário tóxicos. O resultado indica bilhões, passa da 12.ª para a 9.ª posição. junho de 1989, quando o índice co- 왘
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


%HermesFileInfo:H-11:20031231:

GERAL O ESTADO DE S.PAULO - H11

2003/ 2004

PROVÃO CONTINUA, MAS PERDE FORÇA


MEC ampliou sistema Kin Cheung/Reuters

de avaliação do ensino
superior, no qual exame
será apenas uma parte
RENATA CAFARDO

E
le começou o ano desa-
creditado, foi tão critica-
do quanto defendido
exaustivamente ao longo dos
meses e no fim de 2003 o Pro-
vão mudou. Por meio de medi-
da provisória, o ministro da
Educação, Cristovam Buarque,
tirou o brilho da maior estrela
da gestão Paulo Renato Souza.
O sistema de avaliação do ensi-
no superior continuará com
provas para os alunos, mas elas
serão apenas parte de um pro-
cesso amplo.
O medidor se chamará ago-
ra Índice de Desenvolvimento
do Ensino Superior (Ides), que
resultará da combinação de
quatro indicadores: ensino,
aprendizagem, capacidade ins-
titucional e responsabilidade
social. Em vez das notas de A
a E, o exame classificará cur-
sos em bem avaliados, interme-
diários e não-satisfatórios.
Em julho, uma comissão no-
meada pelo Ministério da Edu-
cação (MEC) começou a estu-
dar as mudanças. Seguiram-se
audiências públicas e debates e,
em setembro, a conclusão foi en-
tregue ao ministro. A forma fi-
nal do sistema só foi divulgada
este mês. Agora, os cursos que
forem considerados não satisfa-
tórios terão de assinar um ter-
mo de compromisso para corri-
gir falhas. Os cursos passarão
por avaliações a cada três anos,
num sistema de rodízio. A pro-
va será no fim do primeiro ano
e ao término do curso. Só have- Novo vírus
rá obrigatoriedade para todos
nas áreas com poucos alunos. A síndrome respiratória coronavírus, começou na deixar mais de 8 mil pessoas milhões de pessoas a usarem agora trabalham em uma
Mas não só o Provão chamou aguda severa (Sars) pôs o província chinesa de Cantão, no doentes e causar 774 mortes em máscaras cirúrgicas, como vacina contra o vírus, que teria
a atenção no MEC em 2003. O mundo em alerta no primeiro fim de 2002, e se espalhou mais de 20 países. A doença forma de reduzir o contágio. No passado de animais para o
chefe da casa acabou ganhando semestre. A epidemia, causada rapidamente pelo globo. Só foi causou prejuízos gigantescos às Brasil, foram registrados apenas homem. Um caso suspeito foi
o apelido de semeador de uto- por um novo tipo de controlada em julho, depois de economias asiáticas e obrigou três casos suspeitos. Cientistas registrado na China, no dia 27
pias, pela quantidade – e princi- Rodrigo Lobo/JC Imagem Reuters
palmente pela excessiva criativi-
dade – de suas idéias. Durante
os 12 meses, Cristovam sugeriu
que novelas exibissem galãs al-
fabetizadores, propôs descon-
tos em supermercados para
mães de bons alunos e defen-
deu a troca de parcelas da dívi-
da externa por investimento
em educação. “Lanço muitas
idéias, querendo que todas pe-
guem”, disse. Para alguns edu-
cadores, o falatório mostrou
um ministro ainda sem rumos.

USP GANHA
FORMA NA
ZONA LESTE
Os planos vêm desde 2001,
mas este ano a Universidade
de São Paulo (USP) definiu o
lugar onde será construído Cicatriz do tráfico Astro preso
seu campus na zona leste da ci-
dade. A nova unidade no Par- As denúncias de tráfico de órgãos Sul. Foram indiciadas 28 pessoas: 11 O popstar Michael Jackson foi preso Michael pagou fiança de US$ 3 milhões
que Estadual do Tietê, perto foram confirmadas no Brasil. Em foram presas. A PF acredita que mais em 20 de novembro, acusado de abusar e foi liberado. Ele responde a nove
da Rodovia Ayrton Senna, re- dezembro, a Polícia Federal descobriu de 30 pessoas venderam um rim por até sexualmente de um garoto de 12 anos. acusações: sete por abuso sexual e duas
cebeu também uma verba ex- quadrilha que aliciava pessoas no US$ 10 mil. Acima, dois acusados Acima, a foto do registro na delegacia do por “uso de agente intoxicante (álcool)
tra de R$ 48,3 milhões na vota- Recife para venda de rins na África do mostram cicatrizes da operação Condado de Santa Bárbara, Califórnia. com intenção de cometer delitos”
ção do Orçamento 2003.
Foram anunciados ainda es- Divulgação
te ano os cursos que serão ofe-
recidos. Pelo estatuto da USP
não podem ser dados os mes-
mos cursos em duas unidades
GLOBO DIZ ADEUS A SEU PRESIDENTE que passou a vida acreditando oficinas do jornal A Noite, de
Roberto Marinho
na mesma cidade. Não haverá no Brasil. Como dizia o nosso seu pai, Irineu Marinho. Em se-
na zona leste, portanto, Direi- morreu em agosto, aos amigo Carlito Maia, tem gente te décadas de trabalho empresa-
to, Medicina ou Engenharia. 98 anos, após um que vem ao mundo a passeio, rial e jornalístico, ergueu um
As cerca de 1.500 vagas serão edema pulmonar tem gente que vem ao mundo a império de mais de 15 mil fun-
dispersas entre áreas como Po- serviço. Roberto Marinho foi cionários e faturamento de cer-

D
líticas Públicas, Enfermagem ono da mais importan- um homem que veio ao mundo ca de US$ 2 bilhões.
Geriátrica, Marketing, Turis- te emissora de TV do a serviço”, declarou o presiden- Seus herdeiros são filhos do
mo, Gestão Ambiental, entre País e uma das cinco te Lula, que decretou luto ofi- primeiro casamento. Roberto
outras. As aulas serão prefe- maiores do mundo, o empresá- cial de três dias. Irineu, que supervisionava a te-
rencialmente à noite. rio Roberto Marinho morreu Cerca de 1.800 pessoas fo- levisão, assumiu o cargo do pai
As obras estão marcadas pa- aos 98 anos, no dia 6 de agosto. ram ao velório, no salão princi- como presidente das Organiza-
ra começar no início de 2004, Ele estava em casa, no Cosme pal do Cosme Velho, incluindo ções Globo. João Roberto conti-
quando a universidade come- Velho, zona sul do Rio, quando artistas, políticos e empresários nuou como vice-presidente de
mora seus 70 anos. O campus sofreu um edema pulmonar, do mais alto escalão. O sepulta- Relações Institucionais e presi-
leste – que deve ter ainda um provocado por trombose. Foi in- mento ocorreu no Cemitério dente do Conselho Editorial do
complexo esportivo disponí- ternado no Hospital Samarita- São João Baptista, em Botafo- grupo. E José Roberto, como vi-
vel também para a comunida- no e morreu durante uma cirur- go. Considerado por muitos ce-presidente de Responsabili-
de – vai iniciar suas ativida- gia para retirada de um coágu- um dos homens mais podero- dade Social, coordenando a
des apenas em janeiro de lo do pulmão. sos do Brasil, Roberto Marinho Fundação Roberto Marinho.
2005. (R.C.) Jornalista deixou império de US$ 2 bilhões e 15 mil funcionários “O Brasil perde um homem começou com paginador nas (Herton Escobar)

왘 meçou a ser calculado. gens a Foe, a França derrota Camarões – Forças israelenses retiram-se de Belém, no de 2 anos é o único sobrevivente. blicos, proposta que atende às reivindica- 13 – Seleção brasileira masculina conquis-
– Congresso aprova Lei de Diretrizes Or- por 1 a 0 e conquista o bicampeonato da devolvendo o poder à Autoridade Palesti- 7 – O Brasil foi o país que mais subiu, do ções do Judiciário. ta em Madri pela terceira vez o título da
çamentárias de 2003, que reafirma o com- Copa das Confederações. na após sete meses. 69.º para o 65.º posto, no ranking do Índi- – O IPCA, que serve de base para a meta Liga Mundial de Vôlei ao derrotar Sérvia
promisso com um superávit primário de – Morre aos 96 anos a atriz Katherine He- 3 – O Índice de Preços ao Consumidor ce de Desenvolvimento Humano (IDH) de inflação do governo, registra deflação e Montenegro por 3 sets a 2.
4,25% do PIB pelos próximos três anos. pburn, vencedora de quatro Oscars. (IPC) da Fipe registra deflação de 0,16% da ONU. Os itens que mais contribuíram de 0,15% em junho. É a primeira varia- 15 – Coréia do Norte anuncia que já tem
– Combates entre forças rebeldes e o go- em São Paulo no mês de junho, primeira para isso foram longevidade e educação. ção negativa desde novembro de 1998. plutônio suficiente para fabricar pelo me-
verno deixam pelo menos 300 mortos na JULHO taxa negativa desde 2000. – O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) es- – Ricardo Teixeira é reeleito para o quin- nos seis bombas atômicas.
Libéria, na África. 1 – Por 8 votos a 4, senadores do PT afas- – EUA oferecem recompensa de US$ 25 colhe o Rio como candidato do País a se- to mandato à frente da Confederação 18 – Depois de dois anos e sete meses pre-
– Suprema Corte dos EUA libera, em ter- tam Heloísa Helena da bancada. milhões por informações que levem à pri- de dos Jogos Olímpicos de 2012. Brasileira de Futebol (CBF). so na Polícia Federal, em São Paulo, o
mos legais, homossexualismo nos 13 Esta- – Pesquisa CNI/Ibope registra queda no são de Saddam. No caso de Uday e 8 – Funcionalismo federal pára em protes- 11 – Bush culpa a Agência Central de Inte- juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto
dos em que a prática ainda era proibida. nível de aprovação do governo Lula de Qusay, filhos de Saddam, a recompensa to contra a reforma da Previdência. Cer- ligência (CIA) por ter acusado o Iraque, consegue no STJ direito à prisão domici-
– O jogador de Camarões Marc Vivien 75% em março para 70% em junho. chega a US$ 15 milhões. ca de 45% dos 880 mil servidores cruza- em janeiro, de tentar comprar urânio do liar. Nicolau responde a processo sob acu-
Foe, de 28 anos, morre de aneurisma cere- 2 – Em encontro histórico com os princi- 4 – Morre o cantor Barry White. ram os braços. Níger para uso no seu programa nuclear. sação de desvio de recursos da obra do Fó-
bral após desmaiar durante a semifinal pais dirigentes do MST no Planalto, Lula 5 – Duas militantes chechenas matam 16 9 – Líderes da base aliada fecham com – O principal líder dos sem-terra no Pon- rum Trabalhista de São Paulo.
da Copa das Confederações, em Paris. adverte que a onda de saques e invasões pessoas ao detonar explosivos amarrados Maurício Corrêa e o ministro-chefe da tal do Paranapanema, José Rainha Jú- 19 – Cerca de mil famílias de sem-teto in-
27 – Morre em São Paulo, aos 74 anos, o prejudica a reforma agrária. ao corpo durante show em Moscou. Casa Civil, José Dirceu, acordo que visa nior, de 43 anos, é preso em Teodoro Sam- vadem terreno da Volkswagen em São
cineasta Walter Hugo Khouri. – O Santos é derrotado pelo Boca Juniors – Boeing 737 da Sudan Airways cai a manter na reforma da Previdência a paio (SP). Ele responde a vários proces- Bernardo do Campo, no ABC.
29 – Em partida marcada pelas homena- por 3 a 1 na final da Copa Libertadores. com 116 pessoas a bordo. Um meni- aposentadoria integral dos servidores pú- sos por invasão de propriedades rurais. – O cientista britânico David Kelly se 왘
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H12 - O ESTADO DE S.PAULO


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GERAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004

TRAGÉDIA EM ALCÂNTARA: 21 MORTOS Ed Ferreira/AE – 25/8/2003


Explosão frustra
terceira tentativa de TRANSGÊNICOS
lançar o foguete VLS
brasileiro
E POLÊMICA NO
HERTON ESCOBAR CONGRESSO
Governo libera 2 safras

O
ano foi de luto para a ex-
ploração espacial. Além de soja modificada,
da explosão do ônibus es- mas não define
pacial Columbia, nos EUA, o lei de biossegurança
desastre com o terceiro protóti-

B
po do foguete VLS, em 22 de riga de ministros, decla-
agosto, lançou uma nuvem so- rações do Vaticano, ca-
bre o programa espacial brasilei- minhões barrados, pes-
ro. Vinte e um funcionários do quisas paralisadas e duas safras
Instituto de Aeronáutica e Espa- de semente transgênica contra-
ço morreram quando um dos bandeada autorizadas por medi-
motores do primeiro estágio foi da provisória. 2003 foi o ano
acidentalmente acionado, trans- mais polêmico dos organismos
formando a torre da Base de Al- geneticamente modificados
cântara, no Maranhão, em uma (OGMs) no Brasil. Havia a ex-
fogueira de 3.000º C. pectativa de que a questão seria
O acidente ocorreu três dias resolvida com o projeto de lei de
antes do lançamento. Seria a biossegurança, enviado ao Con-
terceira tentativa de enviar o gresso em outubro. Mas o regi-
Veículo Lançador de Satélites me de urgência, que exigia vota-
(VLS) ao espaço. As duas ante- ção até o fim do ano, foi retira-
riores, em 1997 e 1999, fracassa- do no início de dezembro.
ram. Os foguetes apresentaram O ano foi marcado pela dispu-
falhas e tiveram de ser destruí- ta entre os Ministérios do Meio
dos em pleno vôo. Ambiente, contrário aos trans-
Uma comissão de militares, gênicos, e o da Agricultura, fa-
técnicos e parentes das vítimas vorável aos OGMs. Mesmo a
foi criada para investigar o aci- criação de uma comissão inter-
dente. Tudo indica que o motor ministerial, em fevereiro, não
foi acionado por uma corrente produziu consenso sobre ques-
elétrica de dentro do foguete, tões como a competência da Co-
cuja origem ainda não foi deter- missão Técnica Nacional de
minada. O relatório final, após Biossegurança (CTNBio). A bri-
quatro adiamentos, deve ser di- ga continuou no Tribunal Re-
vulgado no início do ano. A torre de lançamento do VLS, na Base de Alcântara: após acionamento do foguete, estrutura foi tomada por fogo de 3.000º C gional Federal de Brasília, onde
Reuters/Nasa – 1.º/2/2003 corre o processo sobre o parecer

O COLUMBIA da CTNBio em favor da soja ge-


neticamente modificada.
O plantio ilegal tornou-se evi-
AOS PEDAÇOS dente, principalmente no Rio
Grande do Sul. Com uma safra
E 7 MORTES de soja transgênica avaliada
em R$ 1 bilhão, o governo edi-
A Nasa, agência espacial tou a Medida Provisória 113,
americana, sofreu sua maior autorizando sua comercializa-
tragédia desde a explosão da ção para consumo humano e
Challenger, em 1986. Sete astro- animal. Com a MP 131, repetiu
nautas – seis americanos e um o processo para a safra
israelense – morreram quando 2003/2004. Para fins de rotula-
o ônibus espacial Columbia se gem, reduziu a tolerância de
despedaçou sobre o Estado do transgênicos nos alimentos de
Texas, em 1.º de fevereiro. A 4% para 1% e regulamentou o
causa não poderia parecer mais licenciamento de pesquisas
simplória: um pedaço de espu- com OGMs, mas as regras fo-
ma que se soltou de um dos tan- ram consideradas impraticá-
ques de combustível e atingiu a veis pelos cientistas, muitos dos
borda da asa esquerda durante quais continuaram com suas
o lançamento, 15 dias antes. pesquisas paralisadas.
O impacto abriu um buraco Em outubro, o Paraná apro-
numa das placas protetoras de vou lei proibindo os plantio, im-
cerâmica da nave, permitindo portação e comercialização de
que um gás superquente pene- transgênicos no Estado até
trasse na asa durante a reentra- 2006. Centenas de caminhões
da da atmosfera. O Columbia com soja de outros Estados a ca-
viajava a 20 mil quilômetros minho do Porto de Paranaguá
por hora, a 60 mil metros de alti- foram barrados na fronteira pa-
tude, com 4 toneladas de experi- ra ser inspecionados. No início
mentos científicos a bordo. de dezembro, o Supremo Tribu-
Os destroços foram recolhi- nal Federal julgou a lei inconsti-
dos e uma comissão foi criada tucional.
para apurar o acidente. A inves- Para apimentar a polêmica,
tigação, concluída em agosto, o Vaticano fez pronunciamen-
culpou a cultura de autoprote- tos favoráveis aos transgênicos.
ção da Nasa e sua relutância Já a Monsanto, dona da paten-
em enfrentar questões relativas te sobre a soja transgênica, dis-
à segurança. Os vôos dos três se que assume a responsabilida-
ônibus espaciais restantes fo- de sobre a segurança do produ-
ram suspensos pelo menos até to, mas deixou claro que cobra-
setembro de 2004. (H.E.) Destroços da nave Columbia deixaram rastros de fumaça sobre o Texas: tripulação era formada por seis americanos e um israelense rá royalties sobre ele. (H.E.)

Marte nunca
esteve tão próximo
Reuters/Nasa

CÂMARA APROVA LEI DA MATA ATLÂNTICA


Projeto seguiu para o ção. Já os senadores alegam carente de embasamento cientí-
Marte passou “de raspão” que não houve tempo suficiente fico. O levantamento, realizado
pela Terra em 27 de agosto. Os Senado em regime de para estudar o tema. Os 11 ao longo de 11 meses e por mais
dois planetas ficaram a urgência, mas votação anos de tramitação custaram de 200 especialistas, em parce-
55.758.005 quilômetros um do acabou adiada ao bioma mais de 10 mil quilô- ria com ONGs, servirá de base
outro – a maior aproximação metros de desmatamentos, se- para projetos de preservação da

D
dos últimos 60 mil anos. No epois de 11 anos de tra- gundo a SOS Mata Atlântica e biodiversidade. Das 395 espé-
mundo inteiro se pôde admirar mitação, o projeto de lei o Instituto Nacional de Pesqui- cies consideradas ameaçadas,
o brilho avermelhado do da mata atlântica, para sas Espaciais (Inpe). mais de 80 (78 delas na mata
planeta, facilmente perceptível regulamentar a ocupação e a Reduzida a pouco mais de atlântica) estão “criticamente
durante várias semanas. Os preservação da floresta, foi 7% da sua cobertura original, a em perigo”, o que significa que
cientistas aproveitaram a aprovado por unanimidade pe- mata atlântica é um dos ecossis- têm 50% de chance de desapare-
proximidade das órbitas para los deputados. Quando tudo pa- temas mais ameaçados do pla- cer nos próximos 10 anos.
enviar missões ao planeta recia resolvido, o projeto che- neta. Grande parte das espécies Na Amazônia, estudo do
vermelho, em busca de gou ao Senado e foi engaveta- ameaçadas de extinção incluí- Inpe indicou que, em 2002, a flo-
vestígios de água e vida. A do. O texto deveria ter sido vota- das na nova lista do Ibama, di- resta perdeu 25.500 quilôme-
primeira a decolar, em junho, do ainda em dezembro, mas o vulgada este ano, existem ali – e tros quadrados – o maior índice
foi a sonda Beagle 2, da pedido de urgência foi retirado muitas delas são endêmicas do de desmatamento desde 1995.
Agência Espacial Européia, no último minuto e não houve bioma. No País, 70% dos verte- Em novembro, o governo apre-
que chegou a Marte no dia de acordo para retomar a pauta. brados ameaçados do Brasil es- sentou um ambicioso plano pa-
Natal. Depois vieram os robôs Segundo ambientalistas, o tão na mata atlântica e 37% de- ra conter a destruição na re-
Spirit e Opportunity, da Nasa, problema seria a possibilidade les são endêmicos. gião. Uma das metas é o orde-
que deverão pousar no de proprietários exigirem gran- A nova relação do Ibama é namento territorial, com cadas-
planeta em janeiro. des indenizações pela desapro- uma atualização da lista de tro de terras e criação de unida-
priação de terras para preserva- 1989, considerada incompleta e des de conservação. (H.E.)

왘 suicida e aprofunda a controvérsia so- ra explicar depósitos feitos numa conta ção da capacidade instalada das empre- é de bronze, conquistada pela equipe femi- 13 – Câmara conclui votação em primei- no Canadá. Houve caos na cidade, com
bre a manipulação de informes de inteli- aberta em nome de sua mulher, Sylvia, sas ficou em 78,7%. nina de ginástica artística. ro turno da reforma da Previdência, de- moradores assustados pensando que se
gência para justificar a guerra no Iraque. no banco Crédit Agrícole no valor de € – Principal destaque do atletismo brasilei- – Morre o violonista e compositor Pauli- pois que o governo faz concessões à oposi- tratava de um atentado terrorista.
22 – Forças americanas matam os dois fi- 1,738 milhão (R$ 5,6 milhões). ro, Maurren Maggi, número 1 do ranking nho Nogueira. ção. Foi fechado acordo para diminuir de – O ministro das Relações Exteriores, Cel-
lhos de Saddam, Uday e Qusay, na cida- – Morre o ator Rogério Cardoso. internacional do salto em distância, é fla- 6 – O empresário Roberto Marinho, presi- 50% para 30% o redutor que incidirá so- so Amorim, anuncia que o Brasil não acei-
de de Mossul, norte do país. 25 – A queda do salário real dos trabalha- grada no exame antidoping após prova dente das Organizações Globo, morre, bre a parcela das pensões do funcionalis- ta a proposta conjunta da União Euro-
23 – Copom reduz a taxa Selic de 26% pa- dores levou o INSS a registrar, no primei- do Troféu Brasil, em junho, no Rio. aos 98 anos, no Rio. mo que superarem o teto de R$ 2,4 mil. péia e dos EUA sobre as negociações agrí-
ra 24,5% ao ano. ro semestre do ano, déficit de R$ 9,6 bi- 30 – Rainha é condenado a 2 anos e 8 me- 7 – Um veículo-bomba explode em frente – A queda da renda, o desemprego e os ju- colas com países em desenvolvimento no
– Taxa de desemprego no País sobe de lhões, o maior de sua história. ses de detenção, por porte ilegal de arma. da Embaixada da Jordânia em Bagdá ros altos produzem estragos no setor vare- âmbito da OMC. Pela proposta, países
12,8% em maio para 13% em junho, se- 27 – Morre aos 100 anos o ator Bob Hope, 31 – Vaticano lança documento contra a matando 11 pessoas e ferindo 65. jista. Segundo o IBGE, houve queda de com grande superávit comercial, como o
gundo o IBGE. O índice é o maior desde rei da comédia americana. legalização das uniões de homossexuais. 8 – BC reduz de 60% para 45% a alíquota 5,57% nas vendas no primeiro semestre Brasil, não teriam tratamento especial, re-
outubro de 2001, quando o instituto alte- 28 – Lula recria a Superintendência do do recolhimento compulsório sobre depó- na comparação com igual período de servado apenas aos países mais pobres.
rou a forma do levantamento. Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), AGOSTO sitos à vista dos bancos. 2002. É o pior desempenho desde que a – Governo francês já admite a morte de
– O repórter fotográfico Luiz Antônio da extinta em 2001 por causa de denúncias 2 – Maurren Maggi é suspensa preventi- 10 – Popó derrota o argentino Jorge Bar- pesquisa teve início, em 2001. pelo menos 3 mil pessoas em decorrência
Costa, o La Costa, morre após ter sido ba- de corrupção. vamente pela Associação Internacional rios por nocaute no 12.º e último round e 14 – Nova York é surpreendida por um de uma onda de calor.
leado no terreno da Volks no ABC. 29 – O número de máquinas paradas na das Federações de Atletismo por doping. mantém o título mundial. blecaute que atinge também partes dos – Rebeldes que fazem cerco de dois meses
24 – Paulo Maluf é detido em Paris e fica indústria paulista bateu recorde em ju- – A primeira medalha do Brasil nos Jo- 11 – O presidente da Libéria, Charles Estados de Michigan, Ohio, Pensilvânia e à capital da Libéria, Monróvia, retiram-
quase 7 horas sob custódia da Justiça pa- nho. Segundo a Fiesp, o nível de utiliza- gos Pan-Americanos de Santo Domingo Taylor, renuncia ao cargo. New Jersey, além de Toronto e Ottawa, se enquanto cerca de 200 marines dos 왘
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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CIDADES O ESTADO DE S.PAULO - H13

2003/ 2004

Policiais viram
O CRIME ATACA POLÍCIA E JUÍZES
Fabio Motta/AE – 25/2/2003
gação sobre a autoria do dispa-
ro, que deixou a jovem tetraplé-
alvo no Rio e em gica, levou dois meses.
São Paulo; dois juízes Em São Paulo, o caso mais
são assassinados chocante foi o de dois rapazes
obrigados a pular de uma com-
IURI PITTA posição da Companhia Paulis-
ta de Trens Metropolitanos por

O
País viveu momentos três skinheads. Dois estão pre-
em que praticamente fi- sos. Cleiton da Silva Leite, de
cou refém da violência 20 anos, não resistiu aos feri-
em 2003. Nas duas maiores ci- mentos e morreu. O amigo, Flá-
dades brasileiras, o retrato mais vio Augusto de Nascimento
agressivo da falência da segu- Cordeiro, de 16 anos, teve o bra-
rança pública se mostrou em ço direito amputado.
ondas de ataques ordenadas pe-
lo crime organizado. Delega- Farsa – Não bastasse esse cli-
cias e bases da Polícia Militar ma de apreensão, chegou-se ao
(PM) foram metralhadas, o co- ponto de o programa Domingo
mércio fechou em vários bair- Legal, de Gugu Liberato, forjar
ros do Rio e de São Paulo, ôni- uma entrevista com integrantes
bus e carros foram destruídos. do Primeiro Comando da Capi-
Em uma das ações mais ousa- tal (PCC). A farsa foi descober-
das, criminosos assassinaram ta e Gugu, indiciado pelo Minis-
em 14 de março o juiz-correge- tério Público.
dor Antônio José Machado Em outubro, a violência che-
Dias, de 48 anos, responsável gou perto da família do presi-
por presídios da região de Presi- dente Luiz Inácio Lula da Sil-
dente Prudente, incluindo a uni- va. Um dos seguranças do filho
dade de segurança máxima de de Lula foi morto numa tentati-
Presidente Bernardes, onde es- va de assalto, em Santo André.
tão presos alguns dos bandidos No mês seguinte, foi a vez de
mais perigosos do País. No Es- São Paulo viver sob ondas de
pírito Santo, outro juiz, Alexan- violência. O PCC atacou bases
dre Martins de Castro Filho, foi da PM e da Guarda Civil Muni-
assassinado em Vila Velha, 11 cipal. No primeiro dia, dois poli-
dias depois, também a mando Ônibus incendiado na Estrada Velha da Pavuna, zona norte do Rio: tráfico de drogas iniciou ações durante quatro dias de fevereiro ciais morreram. Para o gover-
do crime organizado. no, os ataques foram o “último
A afronta ao Estado havia co- ficante Luiz Fernando da Cos- nomeando o marido, Anthony fevereiro, com a prisão do se- anos, evitavam que a filha saís- suspiro” da facção.
meçado no mês anterior. Uma ta, o Fernandinho Beira-Mar, Garotinho, em 24 de abril. qüestrador Pedro Ciechanovicz se só. Na primeira vez em que Assustada, a população quer
onda de violência ordenada pe- suspeito de ordenar os ataques, Em São Paulo, entre erros e e a libertação do empresário ela tomou o metrô sozinha, em soluções. Depois do assassinato
lo tráfico de drogas assustou o foi transferido de Bangu 1 para acertos, policiais acabaram en- João Bertin, 82 anos. Ele ficou 26 de março, ocorreu o pior: Ga- dos jovens Liana Friedenbach e
Rio. Logo no primeiro dia, 24 Presidente Bernardes. O trafi- volvidos em histórias mal expli- 155 dias em cativeiro, o mais briela foi atingida no peito por Felipe Caffé, que teria sido co-
de fevereiro, mais de 20 bairros cante ainda “viajaria” outras cadas. O Estado revelou, em longo seqüestro do Estado. uma bala perdida, durante um mandado por um menor, foi re-
registraram ocorrências e 37 vezes: para a superintendência agosto, o sumiço de dólares fal- assalto. tomada a polêmica sobre a re-
ônibus foram queimados ou de- da Polícia Federal em Maceió e sos apreendidos com um trafi- Entrevista – Casos assim se- Dois meses depois, outra ba- dução da maioridade penal.
predados. A polícia deteve 31 novamente para Bernardes. cante de drogas em 1987. A Jus- guiram chocando o País. Ativi- la perdida feriu a universitária Por ora, o governo sancionou o
suspeitos, mas as ações prosse- O tráfico retomou ondas de tiça havia autorizado o uso do dades corriqueiras, como to- Luciana Gonçalves de Novaes, Estatuto do Desarmamento. A
guiram por mais quatro dias. violência no fim de março e em US$ 1,85 milhão, mas o para- mar um trem ou um metrô ou de 19 anos, no campus da Uni- lei prevê um referendo popular
O governo estadual chegou a abril. Com isso, a governadora deiro de US$ 585 mil ainda está ir à faculdade, acabaram em versidade Estácio de Sá. Ela foi em 2005, em que os brasileiros
mobilizar 2.500 policiais numa Rosinha Matheus trocou o se- sob investigação. tragédia. No Rio, os pais de Ga- atingida em um tiroteio entre vão dizer se querem ou não proi-
operação de emergência. O tra- cretário da Segurança Pública, Um dos acertos ocorreu em briela do Prado Ribeiro, de 14 policiais e traficantes. A investi- bir a venda de armas de fogo.

J.F.Diorio/AE–22/11/2003
VIOLÊNCIA Otávio Magalhães/AE – 14/9/2003
Liana e Felipe
A notícia do
desaparecimento de Liana
Friedenbach, de 16 anos, e
Felipe Caffé, de 19, que
tinham ido acampar num sítio
abandonado em Embu-Guaçu,
havia comovido a opinião
pública. Quando os corpos
foram achados, a comoção deu
lugar à indignação. Quatro
maiores e um menor
confessaram o crime. Em 22
de novembro, os pais das
vítimas organizaram uma
passeata com 5 mil pessoas em
que pediram a redução da
maioridade penal. Um dia
antes, o rabino Henry Sobel
disse ao ‘Estado’ ser a favor da
pena de morte. Voltou atrás.
Estava sob forte emoção
Divulgação

Chan Kim Chang


O comerciante Chan Kim foi encontrado ferido dois dias amigos protestaram. Sete
Chang, chinês naturalizado depois. Em 4 de setembro, agentes e o ex-diretor do
brasileiro, pretendia embarcar acabou morrendo. Os agentes presídio foram indiciados pelo
para os EUA com US$ 30 mil, penitenciários negaram ter crime. A polêmica chegou à
em 25 de agosto. Não declarou agredido Chang e disseram que cúpula do governo e provocou a
à Receita e foi preso no Rio. ele se machucara sozinho, num saída do secretário de Direitos
Levado ao Presídio Ary Franco, “acesso de fúria”. Parentes e Humanos João Luiz Pinaud
Reuters Epitácio Pessoa/AE – 19/8/2003
Casal Staheli Schincariol
O executivo da Shell Zera Em três meses, a polícia
Todd Staheli estava no País descobriu e prendeu a
havia três meses. Vivia com a quadrilha de sete pessoas que
mulher, Michelle, e os três planejou o assalto ao
filhos num condomínio na empresário José Nelson
Barra da Tijuca, no Rio. Em 30 Schincariol. Ele foi morto em
de novembro, Staheli foi 19 de agosto com três tiros, ao
encontrado morto, deitado na reagir a um assalto na
cama do casal. A mulher estava garagem de sua casa, em Itu.
ao lado, gravemente ferida, e Mas antes de desvendar o
morreu quatro dias depois. Um crime, a polícia cometeu uma
mistério de repercussão série de falhas na ação que
internacional que ainda intriga incluiu a invasão da casa do
a polícia. A arma do crime não garçom Valdinei Sabino da
foi encontrada e as Silva e sua prisão. A mãe
investigações pouco garantia que estava com o
avançaram, mais de um mês filho na hora do crime. Silva
depois. São tantas dúvidas que passou 16 dias na cadeia
chegaram a confundir o injustamente. Agora, espera a
secretário da Segurança, investigação sobre a tortura a
Anthony Garotinho, e fazê-lo que diz ter sido submetido,
voltar atrás em declarações depois de preso

왘 EUA chegam para apoiar força de mingo. O País obteve 122 medalhas (28 que ainda sobreviveu por algumas horas semanas que o próprio Shanab havia con- nato Mundial em Anaheim (EUA) com 15,17%. Pelo projeto, o salário mínimo po-
paz composta por soldados nigerianos. de ouro, 40 de prata e 54 de bronze), que- sob os escombros. vencido seu grupo a declarar. um salto inovador: o duplo twist carpado. derá ter reajuste de até 14% em 2004.
– ONU aprova resolução reconhecendo o brando o recorde estabelecido em Winni- – Suicida palestino vestido como judeu or- – EUA anunciam a prisão de Ali Hassan 25 – Vilma Borges é condenada a 8 anos e 29 – América Móvil, dona da Claro, anun-
Conselho de Governo Iraquiano. peg, em 1999. todoxo detona explosivos num ônibus al-Majid, o temido primo de Saddam co- 8 meses de prisão, em regime semi-aber- cia a compra da BCP, operadora da
– Exército israelense mata Mohammad 18 – Governo e rebeldes liberianos assi- que voltava do Muro das Lamentações, nhecido como Ali Químico. to, pelo seqüestro de Pedrinho, parto su- Grande São Paulo, por US$ 625 milhões.
Seder, líder do braço armado do grupo pa- nam acordo para pôr fim a três anos de em Jerusalém. Pelo menos 20 pessoas – Senado da Argentina aprova a anula- posto e falsificação de documentos. 30 – Morre o ator Charles Bronson.
lestino Jihad Islâmica. guerra, após uma ofensiva de mais de morreram e mais de 100 ficaram feridas. ção de duas leis que anistiaram milhares 26 – Com a execução de soldado numa
15 – Líbia entrega carta ao Conselho de dois meses que levou à deposição do presi- – Preso o vice-presidente de Saddam, de acusados de crimes contra a humani- emboscada em Bagdá, sobe para 140 o nú- SETEMBRO
Segurança da ONU assumindo a respon- dente Charles Taylor e deixou mais de Taha Uassin Ramadan. dade durante a ditadura militar. mero de militares dos EUA mortos desde 1 – Executiva Nacional do PT suspende,
sabilidade pelo atentado de Lockerbie mil mortos. – Dono da Cervejaria Schincariol, José 22 – A explosão do Veículo Lançador de que Bush deu a guerra por encerrada. por 60 dias, oito deputados que não segui-
(1988) e renunciando ao terrorismo. 19 – Pelo menos 20 pessoas, entre elas o di- Nelson Schincariol, é morto em Itu (SP). Satélites (VLS) durante uma simulação 27 – Reforma da Previdência é aprovada ram a orientação do partido na votação
16 – Morre o poeta Haroldo de Campos. plomata brasileiro Sérgio Vieira de 20 – Copom surpreende o mercado e re- de lançamento na Base de Alcântara, no em segundo turno na Câmara. da reforma da Previdência.
– O ex-ditador de Uganda Idi Amin Da- Mello, morrem em um ataque sem prece- duz a taxa Selic de 24,5% para 22% ao Maranhão, provoca a morte de 21 pes- 28 – O primeiro Orçamento feito pelo go- – Israel congela relações diplomáticas
da, responsável pela morte de dezenas de dentes ao edifício-sede da ONU em Bag- ano, a menor desde outubro de 2002. soas. O VLS estava sendo preparado pa- verno Lula mantém o aperto fiscal, com a com a AP, declara guerra ao Hamas e rea-
milhares de pessoas nos anos 70, morre dá. Cerca de cem pessoas ficaram feridas. 21 – Um dos principais líderes políticos ra o seu terceiro vôo da base de Alcânta- previsão de que a União invista R$ 7,8 bi- liza ataque que mata um dos líderes do
em um hospital da Arábia Saudita. Um militante suicida deixou um cami- do Hamas, Ismail Abu Shanab, é morto ra, após duas tentativas malsucedidas. lhões em 2004. A proposta contém a pro- grupo, Khader al-Huseri.
17 – Brasil termina em 4.º lugar na classifi- nhão-bomba perto da parte do prédio on- por israelenses em Gaza. Extremistas 24 – Daiane dos Santos vence medalha jeção de aumento de 3,5% do PIB, infla- 4 – O comerciante chinês naturalizado
cação geral da competição de Santo Do- de ficava o escritório de Vieira de Mello, anunciaram o fim da frágil trégua de sete de ouro na ginástica de solo no Campeo- ção de 5,5% e taxa básica de juros de brasileiro Chan Kim Chang morre no 왘
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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H14 - O ESTADO DE S.PAULO


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CIDADES QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

Sergio Castro/AE – 1.º/8/2003


2003/ 2004 Vidal Cavalcante/AE Epitacio Pessoa/AE – 10/8/2003

Favre, Marta, Marisa e Lula na inauguração do primeiro CEU Visita do enxadrista Anatoly Karpov à unidade Cidade Tiradentes Marta no CEU Sapopemba: megaestrutura em áreas periféricas

MARTA INVESTE DE OLHO NAS URNAS


Para reverter desgaste, ge. A prefeita preci-
Celso Junior/AE – 4/2/2003
왘 CEU, em Guaiana-
Celso Junior/AE – 19/5/2003

sou de ajuda e o so- ses, com a presença


prefeita petista corro não tardou. de Lula e do ministro
construiu escolas e Num evento no Me- da Educação, Cristo-
mudou o transporte morial da América vam Buarque, Marta
Latina, Marta viu o iniciou a série de
IURI PITTA presidente Lula ani- grandes eventos em
má-la a “não ceder” cada uma das 17 uni-

A
prefeita Marta Suplicy e lançá-la candidata dades. Passaram por
(PT) começou a segun- à reeleição. Era o se- lá convidados ilus-
da metade do mandato gundo dia de mais tres: desde personali-
desgastada. Motivos não falta- uma greve de moto- dades mundiais, co-
ram: taxas recém-criadas, au- ristas. Em discurso, mo a presidente da
mento de passagem de ônibus Lula anunciou: “Ga- Finlândia, Tarja Ha-
(o segundo da gestão) e proble- nhei tudo em 2002 e lonen, e o prêmio No-
mas nos serviços de saúde. A quero ganhar com a bel de Economia Jose-
carta tirada da manga para re- Marta em 2004.” ph Stiglitz, a celebri-
verter a queda nos índices de O apoio do presi- dades nacionais, co-
aprovação não podia ter nome dente deu ânimo à mo o empresário Oli-
mais adequado. Com a inaugu- prefeita, mas foi em vier Anquier e a apre-
ração de 17 Centros Educacio- 19 de maio que Mar- sentadora Adriane
nais Unificados (CEUs), Marta ta obteve a maior vi- Galisteu.
aproveitou os holofotes para tória nos transpor- Com outra festa, a
mostrar o grande feito da ges- tes. Às 7 horas daque- dos 450 anos de São
tão e melhorar as perspectivas la segunda-feira, pri- Paulo, em 25 de janei-
para as eleições de outubro. meiro dia útil em ro, Marta espera re-
Além de administrar o peso que mudanças no sis- forçar sua marca.
de novos tributos, Marta come- tema entravam em Uma série de inter-
çou o ano perdendo parte da vigor, a Polícia Fede- venções, principal-
equipe para o governo federal. ral (PF) dava ordem mente no centro, vai
A eleição de Luiz Inácio Lula de prisão ao então marcar o aniversário
da Silva fez a petista abrir mão presidente do Sindi- da cidade. E a festa
de nomes que a acompanha- cato dos Motoristas que coroou a retoma-
vam desde 2001. Ao todo, qua- e Cobradores de Ôni- da de dias menos tu-
tro secretários e o presidente da bus, Edivaldo Santia- multuados na gestão
Anhembi trocaram o Palácio go. Mais dez direto- Greves de ônibus foram o maior problema do início do ano Prisão de Edivaldo Santiago pela PF: trunfo para a petista veio em 20 de setem-
das Indústrias por Brasília. res foram presos no Eduardo Nicolau/AE – 20/9/2003 bro: Marta se casou
Outra substituição no secreta- mesmo dia e outros integrantes com Luiz Favre, seu namorado
riado, ainda em janeiro, foi inu- da entidade se entregaram à PF desde 2001.
sitada. E justamente na pasta ao longo da semana.
que Marta considera prioritá- Enquanto Edivaldo ficou pre- Críticas – Nem tudo, porém, é
ria. O educador Nélio Bizzo, o so, os problemas no transporte tranqüilo. No início do ano,
terceiro a ocupar a Secretaria deixaram de ser paralisações e Marta foi surpreendida várias
da Educação desde 2001, pediu se concentraram no sistema em vezes por vaias de populares e,
demissão menos de uma sema- si. Aos poucos, foram adotadas por vezes, de claques armadas
na depois de assumir o cargo. mudanças que levarão à conso- especialmente para isso. Mas
No mês seguinte, lidação no novo em agosto, nas comemorações
a saída de Eduar- modelo, prometi- do centenário da Faculdade de
do Jorge, da Saú-
de, expôs os pro-
blemas de indica-
ESTA DOS F
da para 2004.
Em comum, a re-
clamação dos
Direito do Largo de São Fran-
cisco, sofreu a maior agressão
desde que assumiu o cargo: um
ções de vereado- 450 ANOS passageiros de jovem arremessou uma galinha
res para cargos falta de informa- preta contra a prefeita.
no Executivo. SERÁ UM ções, como na Para 2004, a petista tem pela
inauguração do frente a festa dos 450 anos, a
Ônibus – Longe MARCO Passa-Rápido aplicação propriamente dita do
dos bastidores po- que liga o centro, novo sistema de ônibus e mais
líticos, o tormen- a Lapa e Piritu- quatro CEUs. Fôlego não vai
to de Marta eram as constantes ba. Para o próximo ano, Marta faltar. Além de contar com
greves de motoristas de ônibus promete mais substitutos dos duas linhas de financiamento
e a ineficiência do sistema. O atuais corredores exclusivos de importantes, R$ 493 milhões
descontentamento era geral: ônibus. do BNDES para transportes e
trabalhadores de braços cruza- US$ 100,4 milhões do BID pa-
dos, empresários ameaçando CEUs – No segundo semestre, ra o centro, Marta tem o estímu-
boicotar a licitação e passagei- a prefeita começou a deixar sua lo que nenhum político deixa
ros insatisfeitos. marca na Prefeitura. Com a de aproveitar: a avaliação das
Em abril, a crise atingiu o au- inauguração do primeiro 왘 Depois de dois anos de namoro, Marta e Favre casaram-se em um sítio no interior de São Paulo urnas, em outubro.

Paulo Liebert/AE – 23/7/2003

A VIOLÊNCIA E O ção das Nações Unidas lios em 16.433 favelas cadas-


(ONU) divulgou um dado tradas. Ou seja, o número po-

DÉFICIT HABITACIONAL
alarmante: o número de ho- de ser maior.
mens e mulheres vivendo em Uma das táticas do gover-
condições precárias pode do- no para combater o déficit, es-
No mundo, problema Uma semana depois do cri- brar em 30 anos. Hoje, 1 bi- timado em mais de 6 milhões
me, dois homens foram pre- lhão de pessoas, cerca de um de casas, foi a criação do Mi-
atinge 1 bilhão de sos pela polícia. Um ficou in- sexto da população mundial, nistério das Cidades. A Caixa
pessoas e pode dobrar ternado em estado grave, de- vivem em fave- Econômica Fe-
em 30 anos, diz a ONU pois de ferido em tiroteio com las, cortiços, pa- deral remode-
policiais. O outro confessou o lafitas ou submo-
RASIL TEM
lou programas
B
O
problema é secular. As homicídio e contou que, após radias. A ONU de financia-
soluções tardam a che- a quadrilha roubar um posto tem desde 2000 mento para be-
gar e, em 2003, a falta de gasolina, queria levar o uma força-tare- 2,3 MILHÕES neficiar um nú-
de moradia acabou parando equipamento dos fotógrafos fa criada para mero maior de
nas páginas policiais. Foi num que faziam reportagens sobre tratar exclusiva- DE CASAS famílias de bai-
acampamento de 6 mil sem-te- a ocupação, para evitar “fil- mente do déficit xa renda, que
to, em São Bernardo do Cam- magens” do crime. A polícia habitacional no EM FAVELAS representam a
po, que bandidos entraram e chegou a deter um terceiro in- Sem-teto levantam faixa de solidariedade à família de La Costa mundo, cuja me- maior parte do
tentaram levar o equipamento tegrante, de 16 anos, mas ele ta é reduzi-lo em problema. Em
do repórter fotográfico Luís foi liberado pela Justiça por País, tão preocupante quanto nal é grave no mundo todo e 100 milhões de pessoas. 2004, o desafio será ampliar o
Antônio da Costa. La Costa, co- falta de provas. o da violência. Especialistas viver sem o mínimo de condi- No Brasil, o Instituto Brasi- atendimento e conseguir algu-
mo era conhecido, morreu em O noticiário policial aca- brasileiros e de órgãos interna- ções é uma das primeiras por- leiro de Geografia e Estatísti- ma redução nessa estatística
23 de julho, atingido por um ti- bou desviando a atenção so- cionais são unânimes em di- tas de entrada para o crime. ca (IBGE) registrou a existên- e no número de ocupações em
ro no peito. bre o déficit da habitação no zer que o problema habitacio- Em outubro, a Organiza- cia de 2,3 milhões de domicí- áreas urbanas. (I.P.)

왘 Hospital Salgado Filho, Rio. Chang – O presidente do Conselho Legislativo foi cassado o ex-senador Luiz Estevão. 40,093 milhões de telefones móveis, cerca 23 pessoas nos EUA. de R$ 319 milhões no Orçamento da
foi encontrado ferido e inconsciente nu- Palestino, Ahmed Korei, é indicado o no- – Diolinda Alves de Souza, mulher de Jo- de 1 milhão acima do total de fixos. 21 – Funcionários do FMI denunciam União para se ajustar às novas previsões
ma cela do presídio Ary Franco. Ele ha- vo primeiro-ministro da AP. sé Rainha, é presa em Teodoro Sampaio – Morre, aos 71 anos, o cantor de música que Arafat desviou para a Suíça US$ 900 de receita e reduz para 0,98% a projeção
via sido detido um dia antes no Aeropor- – O apresentador Gugu Liberato exibe no (SP). Ela foi condenada a 2 anos e 8 me- country Johnny Cash. milhões de fundos públicos. de crescimento do PIB.
to Tom Jobim por agentes federais quan- Domingo Legal, do SBT, entrevista com ses de cadeia por formação de quadrilha. 14 – Seleção brasileira feminina de vôlei 22 – O representante comercial dos EUA, – Ibama decreta alerta vermelho em qua-
do tentava embarcar para os EUA com falsos membros do PCC. Os encapuzados 11 – A ministra das Relações Exteriores conquista o Campeonato Mundial. Robert Zoellick, culpa o Brasil pelo fra- tro unidades de conservação por causa de
US$ 30 mil não declarados à Receita. entrevistados são atores que ganharam da Suécia, Anna Lindh, morre um dia 17 – Copom reduz a Selic de 22% para casso das negociações na última reunião incêndios: Serra da Canastra (MG), Par-
5 – Morre o locutor Gontijo Theodoro, a R$ 500,00 para participar do programa. após ter sido esfaqueada num shopping. 20% ao ano. de cúpula da OMC. que Estadual do Jalapão (TO), Parque
voz do Repórter Esso. 10 – Um dia depois de deixar de pagar 12 – Conselho de Segurança das ONU le- – STF conclui que quem propaga idéias 23 – Em discurso na abertura da 58.ª ses- Nacional da Chapada dos Veadeiros
6 – Presos seis agentes penitenciários indi- uma dívida de US$ 2,9 bilhões, Argenti- vanta oficialmente as sanções econômi- discriminatórias contra judeus comete cri- são da Assembléia-Geral da ONU, Lula (GO) e Parque de Ilha Grande (PR).
ciados no inquérito sobre a tortura e mor- na anuncia “virtual acordo” com o FMI. cas impostas à Líbia por sua responsabili- me de racismo. A posição foi tomada no propõe a criação de um Comitê Mundial 24 – Câmara aprova em segundo turno a
te do comerciante Chan Kim Chang. – STF rejeita abertura de processo con- dade no atentado de Lockerbie, que ma- julgamento de um pedido de habeas-cor- de Combate à Fome. reforma tributária.
– Mahmud Abbas apresenta sua renún- tra ACM, o deputado José Roberto Ar- tou 270 pessoas. O país aceitou pagar pus para o editor gaúcho Siegfried – Dois anteprojetos de lei divulgados pelo 25 – Após muita relutância, o presidente
cia ao presidente Yasser Arafat, depois ruda (PFL-DF) e a ex-diretora do Servi- US$ 2,7 bilhões às famílias das vítimas. Ellwanger, acusado de divulgar livros governo retiram poder das agências regu- em exercício, José Alencar, assina a medi-
de semanas de crise política. ço de Processamento de Dados do Sena- – O número de celulares no País ultrapas- com conteúdo anti-semita. ladoras e dão ao Estado o comando das da provisória que libera o plantio de soja
7 – Seleção brasileira vence a Colômbia, do Regina Borges. Eles foram acusa- sa o de telefones fixos em serviço, segun- 19 – Justiça Federal proíbe a exibição do concessões e dos contratos dos serviços transgênica na safra 2003/04.
em Barranquilla, por 2 a 1, na estréia das dos de ter violado, em 2000, o painel do a Agência Nacional de Telecomunica- programa Domingo Legal, do SBT. públicos e privados. – STJ concede habeas-corpus a Alexan-
Eliminatórias da Copa do Mundo. eletrônico do Senado na sessão na qual ções (Anatel). Eram, ao fim de agosto, – O furacão Isabel causa a morte de – Governo anuncia o bloqueio adicional dre Martins e Reinaldo Pitta. 왘
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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CIDADES O ESTADO DE S.PAULO - H15

2003/ 2004

Franco da Rocha e UAI


MAIS 365 DIAS DE CRISE NA FEBEM Eduardo Nicolau/AE – 13/3/2003
fazer motins ou reféns. Dias de-
pois, o complexo foi agitado
do Brás fizeram o setor por três rebeliões em menos de
ser o mais complicado 24 horas e a Justiça voltou a exi-
da gestão Alckmin gir o seu fechamento. O Estado
transferiu 244 internos para

F
oi o ano da pressão na presídios e novamente entrou
Fundação Estadual do em conflito com a Justiça.
Bem-Estar do Menor (Fe-
bem). Se a palavra descreve o UAI – Não foi só Franco da Ro-
estado de internos sob um regi- cha – cuja construção era con-
me que obtém pouco sucesso na testada desde o início das obras
ressocialização dos jovens, tam- e teve a última das unidades
bém é o motivo das principais problemáticas, a 31, fechada
medidas anunciadas para o ór- neste fim de ano – que enfren-
gão em 2003, quase sempre pre- tou problemas. A Unidade de
cedidas por uma ordem judi- Atendimento Inicial (UAI) do
cial. Por isso, o governador Ge- Brás, com capacidade para 62
raldo Alckmin, ao fazer um ba- internos, abrigava mais de 600.
lanço do primeiro ano do atual Novamente, a Justiça pressio-
mandato, reconheceu que a fun- nou o Estado a cumprir essa lo-
dação foi o setor mais complica- tação. Só assim a Febem ini-
do da gestão. ciou a transferência dos jovens
A fundação começou o ano para outras unidades.
em que completou três décadas A situação na UAI era tão
com troca de presidente: saiu grave que a relatora da Organi-
Maria Luiza Granado, ligada zações das Nações Unidas
ao secretário de Segurança Pú- (ONU) Asma Jahangir chegou
blica, Saulo Abreu, que já presi- a ser proibida de visitá-la. De-
diu a Febem, e entrou o promo- pois, a Febem voltou atrás.
tor Paulo Sérgio de Oliveira e “Horrível, horrível, horrível”,
Costa. Ainda vigorava a senten- disse a paquistanesa Asma, ao
ça judicial que determinava o terminar a inspeção na UAI.
fechamento de Franco da Ro- O governo passou então a
cha até 18 de março e pesavam buscar parcerias com empre-
as denúncias contra funcioná- sas para capacitar parte dos
rios, acusados de abusos e adolescentes. Cerca de 700 jo-
maus-tratos contra internos. vens terminaram o ano traba-
No segundo dia à frente da Flagrante em Franco da Rocha: em 13 de março, a reportagem do ‘Estado’ viu internos fumando cigarro que parecia feito de maconha lhando, fato comemorado pelo
Febem, Oliveira enfrentou a pri- secretário da Educação, Ga-
meira rebelião. Em 16 de janei- vestigava uma quadrilha de mo- grou dois funcionários abrindo a primeira das várias polêmi- nha no complexo. Um mês de- briel Chalita. Alckmin prome-
ro, 34 funcionários foram afas- nitores que incentivavam rebe- as celas dos internos. cas sobre o Estatuto da Criança pois, em 12 de abril, a crise che- teu para 2004 o início de uma
tados. Uma semana depois, Al- liões para receber mais horas ex- Enquanto a Febem se torna- e do Adolescente (ECA) ao lon- gou ao auge: Batoré – de volta a nova Febem, com unidades me-
ckmin prometeu fechar o Com- tras, também pressionou por va uma constante no noticiário, go do ano. Enquanto o governo Franco da Rocha e com quem nores e trabalho de ressociali-
plexo de Franco da Rocha an- mudanças. No começo de feve- ganhou força entre os jovens a defendeu medidas mais duras Alckmin chegou a conversar no zação efetivo. Para a socieda-
tes de 2004 começar, promessa reiro, os primeiros sete funcio- imagem de Fábio Paulino, o Ba- contra jovens infratores, espe- mês anterior, numa visita sur- de, pressionada pela rotina da
repetida em outras vezes, du- nários responsabilizados por ir- toré, acusado de uma série de cialistas dizem que a Febem é presa à unidade –, Edvaldo Jo- violência, uma solução para a
rante o ano. regularidades foram demitidos crimes. Suspeito de liderar rebe- que deve cumprir o ECA. sé de Araújo Lima, o Baiani- Febem seria um dos primeiros
da fundação. Dias depois, o sis- liões em Franco da Rocha, Ba- Em 13 de março, o Estado nho, e Weberson de Paula Li- passos para diminuir o proble-
Rebeliões – O Ministério Pú- tema interno de vídeo da unida- toré foi transferido para o Presí- flagrou internos fumando um ma, o Edinho, lideraram a fuga ma da segurança, ainda que
blico Estadual (MPE), que in- de 31 de Franco da Rocha fla- dio de Taubaté, desencadeando cigarro que parecia de maco- em massa de 121 internos, sem apenas em parte. (Iuri Pitta)
Tasso Marcelo/AE – 19/4/2003 Fabio Motta/AE – 3/4/2003

Tona Galea Cataguazes


A irresponsabilidade levou o da costa, matando 15 pessoas. mostraram irregularidades na Cerca de 1,2 bilhão de dejetos Cataguases (MG), em 29 de matando peixes e deixando 600
Tona Galea, embarcação mal O naufrágio ocorreu em 19 de reforma do barco e operação tóxicos vazaram após romper um março. A maré tóxica mil pessoas sem abastecimento
adaptada para virar uma abril em Cabo Frio, no litoral do passeio, além de falta de dique da Cataguazes Indústria de contaminou as bacias dos Rios em oito municípios. Minas, Rio e
escuna, a adernar a 500 metros do Rio. As investigações fiscalização do poder público Papel, no município de Pomba e Paraíba do Sul (foto), Espírito Santo foram atingidos

UM NOVO CÓDIGO CIVIL PROTEÇÃO A IDOSOS


Novo texto, que O texto começou a ser ela- samento e dos direitos de Após sete anos de 6 meses até 3 anos de detenção. de, Humberto Costa, que pe-
borado em 1969 mas só foi união entre homossexuais. O O estatuto garante atendi- diu o veto do presidente Lula.
entrou em vigor em aprovado pelo Congresso em tema não foi abordado, frus- tramitação, estatuto mento preferencial no Sistema Ele considerou o artigo “re-
janeiro, atualizou setembro de 2001. Como não trando juristas e entidades ci- entra em vigor Único de Saúde e oferta de re- dundante”, já que a Lei dos
anterior de 1916 podia deixar de ser, entrou vis. Pelo novo código, mãe sol- amanhã médios gratuitos para a tercei- Planos de Saúde proíbe reajus-
em vigor cercado de críticas teira tem de ser tratada tam- ra idade, especialmente os de te por mudança de faixa etária

O A
s direitos civis no Brasil de juristas, que já o considera- bém como chefe de família e a aprovação do Estatuto uso contínuo. Para os maiores para quem tem mais de 60
ganharam uma neces- ram ultrapassado. Em ape- maioridade civil passa de 21 do Idoso, após sete de 65 anos, ficou definida a gra- anos e seja associado há pelo
sária atualização no iní- nas uma semana, 88 projetos para 18 anos. anos de tramitação, foi tuidade nos transportes coleti- menos 10 anos. “Não vou ve-
cio do ano. Em janeiro, come- estavam em tramitação para Os juros por atraso dos con- motivo de comemoração para vos públicos e desconto de pelo tar nada”, disse depois o presi-
çou a vigorar o novo Código alterar partes da lei. domínios caíram de 20% pa- os mais velhos e de desentendi- menos 50% nos ingressos para dente. “E quem achar que não
Civil. O anterior era de 1916. O maior efeito das mudan- ra 2% ou até mesmo 1%, des- mentos entre o presidente da eventos esportivos e culturais, está bom, que mande outro
A nova legislação pôs fim a ças foi sobre a família. O texto de que não haja acordo ante- República e o ministro da Saú- além de acesso preferencial a projeto para o Congresso.”
conceitos ultrapassados – co- regularizou o casamento religio- rior. Além disso, as garagens de. Sancionado em outubro, o esses locais. Além disso, quem A aprovação do artigo aca-
mo o homem poder anular o so com efeito civil e aboliu a ex- deixaram de ser exclusivas texto estabeleceu direitos para não conseguir garantir a subsis- bou criando confusão na área
casamento, se a mulher não pressão “filho legítimo”, pas- para os moradores de um pré- pessoas maiores de 60 anos, as- tência terá direito a um salário da saúde, porque os planos
for virgem –, permitiu mudan- sando o natural e o adotivo a te- dio, já que o código permite sim como penalidades para mínimo – direito que antes só passaram a ser subordinados a
ça no regime de bens durante rem o mesmo tratamento. Tam- que o condômino a alugue a aqueles que as destratarem. As valia após os 67 anos. duas legislações e três regras
o casamento e determinou que bém permitiu que o marido use terceiros. Também pune com penas podem chegar a 12 anos A grande polêmica recaiu so- diferentes para contratos anti-
marido e mulher sejam herdei- o sobrenome da mulher e vice- multas de até dez vezes sobre para quem expor pessoas ido- bre o artigo que proíbe os pla- gos e novos. Com a redução da
ros em igualdade de posição versa, assim como a mulher o valor da contribuição men- sas a perigo de vida, submeten- nos de saúde de reajustarem as idade máxima para reajuste,
com os filhos. Reuniu ainda di- mantenha o nome do ex-mari- sal o morador de um edifício do-as a condições desumanas mensalidades de pessoas com teme-se que as mensalidades
versas leis e jurisprudência so- do após a separação. E o ho- que perturbar seus vizinhos. ou privando-as de cuidados in- mais de 60 anos. O limite antes passem a ser aumentadas
bre temas do dia-a-dia, que fo- mem passa a ter direito de rece- Caso haja reincidência, o in- dispensáveis. Parentes que era 70 anos. Às vésperas da san- mais cedo, prejudicando os as-
ram se transformando em prá- ber pensão da ex-mulher. frator pode ser obrigado a abandonarem os idosos em asi- ção do projeto, a mudança foi sociados mais novos. O estatu-
tica ao longo dos anos. Ficou faltando tratar do ca- deixar o imóvel. los poderão ser condenados a criticada pelo ministro da Saú- to entra em vigor amanhã.

왘 – Tribunal islâmico da Nigéria anula cerca de R$ 1 bilhão, para uma popula- portante na redução da porcentagem de de o Nobel de Química aos americanos 10 – O brasileiro ganha cada vez menos, pilotada pelo astronauta Yang Liwei, no-
a pena de morte imposta a Amina Lawal, ção de 17,4 milhões de pessoas. Em 2000, pobres – pessoas de famílias cuja renda Peter Agre, de 54 anos, e Roderick Ma- segundo o IBGE. Na média nacional, o vo herói nacional, permaneceu 21 horas
de 31 anos, acusada de adultério por ter chegou a R$ 1 trilhão para 169,6 milhões per capita é inferior a R$ 75,50 – de cKinnon, de 47. Eles explicaram como a rendimento em 2002 ficou 12,3% abaixo na órbita terrestre.
dado à luz uma menina depois de se di- de brasileiros. O brasileiro passou a viver 40,08% em 1991 para 32,75% em 2000. célula regula a entrada e saída de substân- do de 1996. – O aumento do número de desemprega-
vorciar do segundo marido. muito mais: uma pessoa que nascia em – O sul-africano J.M. Coetzee vence o Prê- cias através de sua membrana. – A advogada iraniana Shirin Ebadi, ati- dos faz esgotar o dinheiro reservado para
28 – Maior apagão em dez anos na Itália 1900 viveria, em média, 33,6 anos. Em mio Nobel de Literatura. – O americano Robert Engle e o galês Cli- vista dos direitos humanos, conquista o o seguro-desemprego em 2003. Os R$ 5,7
deixa 57 milhões sem eletricidade. 2000, a expectativa pulou para 68,6 anos. 6 – O químico americano Paul Lauterbur, ve Granger ganham o Nobel de Econo- Prêmio Nobel da Paz de 2003. bilhões autorizados pelo Orçamento só
– O arcebispo do Rio, d. Eusébio Oscar 30 – Maurren Maggi é oficialmente sus- de 74 anos, e o físico britânico Peter Mans- mia por terem criado novos métodos de 12 – O piloto alemão Michael Schuma- são suficientes para pagar benefícios até o
Scheid, é nomeado cardeal pelo papa. pensa por dois anos. field, de 69, são contemplados com o prê- análise de séries históricas de dados eco- cher, da Ferrari, sagra-se o maior vence- início de novembro.
– O cineasta Elia Kazan, um dos mais im- mio Nobel de Medicina de 2003 pelo de- nômicos. dor da história da Fórmula 1 ao conquis- 16 – EUA conseguem que seu projeto de
portantes e influentes diretores da histó- OUTUBRO senvolvimento dos exames de ressonân- 9 – O recém-empossado primeiro-minis- tar o sexto título no Japão, superando o resolução para o Iraque seja aprovado
ria de Hollywood e da Broadway, morre 1 – Lula sanciona o Estatuto do Idoso. cia magnética. tro da AP, Ahmed Korei, apresenta seu argentino Juan Manuel Fangio. por unanimidade pelos 15 membros do
em sua casa, em Nova York, aos 94 anos. 2 – Atlas do Desenvolvimento Humano 7 – Os russos Vitaly Ginzburg e Alexei pedido de renúncia a Arafat. A razão se- 14 – O deputado Fernando Gabeira (RJ) Conselho de Segurança da ONU. O texto
29 – O Brasil multiplicou por 100 sua ri- mostra que a melhora da qualidade de vi- Abrikosov e o americano Anthony Leg- ria sua irritação com a resistência do Con- anuncia oficialmente da tribuna da Câ- reafirma a soberania e integridade territo-
queza e aumentou 10 vezes a população da no Brasil, na última década, foi impul- gett dividem o Nobel de Física por seu tra- selho Legislativo em aprovar o gabinete. mara sua saída do PT e faz pesadas críti- rial do Iraque.
no século passado, de acordo com a publi- sionada pelo aumento do número de ma- balho na área de física quântica sobre su- – Levantamento mostra que a onda de ca- cas ao governo petista. 17 – Depois de uma semana de violen-
cação Estatísticas do Século 20, lançada trículas no ensino fundamental. Os pro- percondutividade e superfluidez. lor que atingiu a Europa matou 35 mil 15 – China completa com sucesso sua pri- tos distúrbios que deixaram 74 mor-
pelo IBGE. Em 1900, o PIB equivalia a gramas sociais também tiveram papel im- 8 – A Academia Real de Ciências conce- pessoas, 14 mil delas na França. meira missão espacial tripulada. A nave tos, o presidente da Bolívia, Gon- 왘
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H16 - O ESTADO DE S.PAULO


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ESPORTES QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

Eliana Aponte/Reuters–7/9/2003 Ernesto Rodrigues/AE–10/9/2003


2003/ 2004 Eduardo Nicolau/AE–16/11/2003

Kaká (E) marcou na estréia das Eliminatórias Ronaldinho Gaúcho garantiu resultado magro de 1 a 0 diante do Equador Rivaldo tirou o Brasil do sufoco, no empate de 1 a 1 com o Peru, em Lima
Marcos Brindicci/Reuters - 19/12/2003

EMOÇÃO, TENSÃO E TÍTULOS


A seleção iniciou em 2003 a Colômbia (2 a 1, em Barranquil- superado por Colômbia e Tur- no caminho do Brasil também
caminhada para a Copa da Ale- la) e Equador (1 a 0, em Ma- quia. O País foi representado na na decisão do Mundial sub-20,
manha, em 2006. O Brasil preci- naus), o time dirigido por Car- Copa Ouro, na América do Nor- nos Emirados Árabes Unidos.
sa submeter-se à fase prévia do los Alberto Parreira suou para te, pelo time sub-23, e chegou à fi- A competição inicialmente esta-
torneio, porque pela primeira empatar com o Peru (1 a 1, em nal, contra o México (perdeu por va prevista para março, mas foi
vez a Fifa quebrou a tradição de Lima) e com o Uruguai (3 a 3, 1 a 0, no Estádio Azteca). Ainda transferida para dezembro por
garantir ao último vencedor va- em Curitiba). Por isso, fechou o assim, o Brasil fechou o ano co- conta da guerra no Iraque. Ou-
ga para o Mundial seguinte. O ano em 3.º lugar, atrás de Para- mo líder do ranking da Fifa. tra vez, os meninos brasileiros
sistema de disputa para apontar guai (seu próximo adversário, Alegrias não faltaram nas ca- venceram – por 1 a 0, gol de Fer-
os quatro representantes da em março) e Argentina. tegorias de base. A seleção nandinho –, conquistaram o te-
América do Sul prevê confron- O Brasil não entusiasmou tam- sub-17 conquistou o título mun- tracampeonato e fizeram a fes-
tos de todos contra todos, em ida bém na Copa das Confedera- dial, em agosto, na Finlândia, ta no Estádio de Abu Dabi.
e volta, e por contos corridos. ções, em junho, na França. O trei- com vitória de 1 a 0 sobre a Es- No Mundial feminino, nos
Para variar, a arrancada não nador levou um time desfalcado, panha, na final, em Helsinque, EUA, o Brasil chegou às quar-
foi das mais espetaculares. De- sem as principais estrelas, e não com gol de Leonardo. tas-de-final, quando perdeu pa-
pois das vitórias iniciais sobre passou da primeira fase, ao ser A ‘Fúria Espanhola’ esteve ra a Suécia por 2 a 1. Nos Emirados, a seleção sub-20 conquistou o tetracampeonato

Paulo Fonseca/AE –7/12/2003


OS PALESTRAS CAMPEÕES Celso Junior/AE–29/11/2003

Cruzeiro, time quase perfeito Palmeiras, a volta por cima


No primeiro Campeonato Luxemburgo e com o meia Alex chegou a 102 gols. Em Foi um caminho tortuoso, Paulista pelo arquiinimigo ponto de equilíbrio na Série B
Brasileiro disputado no sistema em forma excepcional, liderou o compensação, rivais no princípio cheio de Corinthians. Depois, ao levar nacional. A campanha foi
de pontos corridos, em turno e torneio praticamente de ponta a tradicionais como Vasco, desconfianças, mas, no fim, surra histórica do Vitória no impecável, tanto que terminou
returno, o Cruzeiro (na origem, ponta. Teve o Santos como sua Fluminense, Corinthians, glorioso. O Palmeiras, Palestra Itália (7 a 2) que o em 1.º lugar as três fases da
Palestra Itália) mostrou como a sombra, quase até o fim, mas Grêmio decepcionaram. Fiasco rebaixado para a Segunda tirou da Copa do Brasil. Com competição. A torcida fez sua
regularidade e a eficiência manteve folga suficiente para maior mesmo só o de Bahia e Divisão, por ter ficado em 23.º a temporada em andamento, o parte, ao lotar estádios muitas
podem ser premiadas e levam à não se sentir ameaçado. Depois Fortaleza, penúltimo e último lugar no Campeonato técnico Jair Picerni mudou vezes, e viu despontar talentos
consagração do melhor. A de 46 partidas, o novo campeão colocados, respectivamente, e Brasileiro em 2002, começou praticamente todo o time, deu como os de Vágner, Edmílson,
equipe mineira, sob o comando brasileiro cravou a marca rebaixados para a Segunda o ano sem entusiasmar. chance a novos jogadores e Diego Souza, que podem
do técnico Vanderlei histórica de 100 pontos e Divisão em 2004. Primeiro, ao ser eliminado no aos poucos foi encontrando o brilhar na Série A em 2004.
Divulgação–8/1/2003

ATENAS, CENTRO DO CALENDÁRIO INTENSO


ESPORTE EM 2004 À ESPERA DO FUTEBOL
A XXVIII edição dos Jogos das obras das instalações O futebol terá calendário Nos primeiros meses de
Olímpicos de Atenas, de 13 a olímpicas, a infra-estrutura carregado para o Brasil em 2004 também começa o Cam-
29 de agosto, promete ser o de transporte são fatores que 2004 – no âmbito doméstico e peonato Brasileiro, com 24
principal fato do esporte mun- preocupam os dirigentes inter- em termos internacionais. A concorrentes e pela segunda
dial em 2004. Reunindo atle- nacionais. O Athoc garante programação começa já no sá- vez consecutiva em pontos
tas de todo o mundo em 28 es- que tudo estará pronto a tem- bado, dia 3, com a abertura corridos, em turno e returno.
portes, os Jogos voltam à Gré- po e que funcionará bem. da Taça São Paulo de Futebol Desta vez, os 4 últimos serão
cia, onde surgiram. Atenas re- O Brasil, que não ganhou Júnior. A competição é tradi- rebaixados, mas só 2 subi-
cebeu os primeiros Jogos da medalha de ouro nos Jogos de cional e há décadas inaugura rão. Isso significa que, em
Era Moderna, em 1896, e o es- Sydney, em 2000, ainda não o calendário nacional com a 2005, haverá 22 times na Sé-
tádio Panathinaiko, usado há conhece o tamanho da delega- missão de revelar talentos. rie A. No segundo semestre,
107 anos, será a sede das pro- ção que levará à Grécia. Cada Na seqüência, vêm os cam- 12 times brasileiros estarão
vas de arco e flecha e da che- modalidade tem um processo peonatos estaduais. Em São na 3.ª edição da Copa Sul-
gada da maratona. O arremes- de seleção e o Comitê Olímpi- Estádio Olímpico: palco da Paulo, 21 equipes duelam pe- Americana.
so do peso será em Olímpia, o co Brasileiro fecha o grupo primeira Olimpíada da era moderna lo título. No primeiro semes- Não faltarão compromis-
local dos Jogos da Antiguida- em maio. Alguns esportes já e local de várias finais em 2004 tre, ainda, há mais dois tor- sos para a seleção. Em janei-
de, em 776 a.C. A Olimpíada asseguraram vagas e plane- neios de peso, disputados ro, o time sub-23 tentará ga-
será realizada numa “escala jam a campanha olímpica, co- res de até 23 anos, e duas va- tação têm atletas com índi- concomitantemente. O pri- rantir, no Chile, o direito de
mais humana”, segundo a mo o basquete feminino, o gas para a América do Sul. A ces, mas ainda podem ver as meiro é a Copa do Brasil, no disputar o ouro Olímpico, nos
presidente do Comitê Organi- handebol e o vôlei – tanto o fe- seleção feminina disputa se- delegações aumentadas, se ou- sistema de eliminação dire- Jogos de Atenas. A equipe
zador dos Jogos de Atenas minino como o masculino. letiva entre países da Améri- tros fizerem as marcas estabe- ta. O segundo é a Taça Liber- principal, sob o comando do
(Athoc), a grega Giana Ange- Dentre os esportes coleti- ca do Sul (data e local serão lecidas pelas federações inter- tadores da América, que terá técnico Carlos Alberto Parrei-
lopoulos-Daskalaki. vos, o futebol, com subsedes definidos). nacionais para cada prova. Cruzeiro, Santos, São Paulo, ra, terá mais partidas na ca-
Se Atenas é patrimônio ar- em Creta, Patras, Thessaloni- Também têm vagas confir- Há modalidades, como boxe, Coritiba e São Caetano co- minhada para o a Copa de
quitetônico, cultural e históri- ki e Volos, terá Pré-Olímpi- madas judô (nove pesos), ci- canoagem, esgrima, que de- mo representantes do País. 2006. Sem contar amistosos,
co da Humanidade, a organi- cos. O torneio masculino se- clismo (estrada e mountain bi- pendem de ranking e seleti- O Santos ficou em segundo no meio do ano o time penta-
zação grega, o cumprimento rá entre os dias 7 e 25 de ja- ke), ginástica artística e rítmi- vas marcadas para os primei- lugar, em 2003, ao perder a campeão do mundo joga a Co-
dos prazos para a conclusão neiro, no Chile, com jogado- ca e hipismo. Atletismo e na- ros meses de 2004. final para o Boca Juniors. pa América, no Peru.

왘 zalo Sánchez de Lozada, renuncia. – Irã concorda em suspender seu progra- 27 – O Bank of America compra o Fleet- presários acusados de integrar um esque- ram disparados mais de 300 tiros, dois carros e postos policiais. Um soldado da
19 – Cerca de 300 mil pessoas lotam a pra- ma de enriquecimento de urânio. Boston Financial por US$ 47 bilhões, ma de venda de sentenças. Três juízes fe- PMs morreram e outros seis policiais e PM ficou ferido num dos atentados e um
ça de São Pedro e locais próximos para as- 22 – Copom reduz a Selic de 20% para criando o segundo maior banco do mun- derais também são denunciados, com ba- dois guardas municipais ficaram feridos. criminoso foi morto ao atacar uma base
sistir à cerimônia de beatificação de Ma- 19% ao ano. do, com mais de US$ 933 bilhões em ati- se em apurações da Operação Anaconda. – O superávit da balança comercial acu- da Guarda Metropolitana.
dre Teresa de Calcutá. 23 – A partir de 1.º de janeiro, o Brasil vai vos, só superado pelo Citigroup. 31 – Silveirinha e outros 21 réus são con- mulado no ano chega a US$ 20,3 bilhões, – Gugu Liberato é denunciado por crime
20 – Lula lança a unificação dos progra- ocupar, por dois anos, uma cadeira do – O governador Roberto Requião sancio- denados a penas somadas de mais de 240 melhor resultado de todos os tempos. de ameaça e por dois crimes de imprensa
mas sociais do governo, chamada de Bol- Conselho de Segurança da ONU. na lei que veta produtos transgênicos no anos de prisão no processo sobre o envio – Diolinda Alves de Souza tem sua prisão pela falsa entrevista com dois supostos in-
sa-Família. A meta é beneficiar 11 mi- 24 – Três Concordes mergulham sobre o Paraná. de dólares para a Suíça. revogada pela Justiça. tegrantes do PCC. A acusação sujeita Gu-
lhões de famílias até 2006. Aeroporto de Heathrow, em Londres, en- 28 – José Rainha tem sua prisão preventi- 4 – O Ministério Público Federal pede a gu a pena de 1 ano e 1 mês a 5 anos de pri-
– EUA registraram no ano fiscal de 2003, cerrando de forma espetacular a era das va revogada pelo STJ. O líder sem-terra NOVEMBRO quebra do sigilo bancário e fiscal de todos são, além de multa.
encerrado em setembro, o maior déficit viagens supersônicas. Sai de cena o avião permanece na cadeia, em virtude de ou- 2 – Dezesseis soldados morrem e 20 ficam os acusados de integrar a organização cri- – Primeira mulher a entrar para Acade-
orçamentário de sua história, de US$ que foi uma maravilha tecnológica, mas tras duas condenações. feridos na queda de um helicóptero ameri- minosa envolvida em tráfico de influên- mia Brasileira de Letras, a escritora cea-
374,22 bilhões. um fiasco comercial. 30 – Economia dos EUA cresce 7,2% no cano, aparentemente atingido por mís- cia, corrupção e venda de sentenças judi- rense Rachel de Queiroz morre aos 93
21 – A avaliação positiva da administra- 26 – O subsecretário de Defesa dos EUA, terceiro trimestre, acima do esperado pe- seis, perto da cidade iraquiana de Faluja. ciais em São Paulo. A devassa inclui dele- anos, vítima de enfarte do miocárdio.
ção Lula tem a maior queda desde o iní- Paul Wolfowitz, sai ileso de ataque come- los analistas. 3 – Em menos de 30 horas, a Polícia Mili- gados e agentes da Polícia Federal, advo- 5 – O ministro da Fazenda, Antônio Pa-
cio do governo, segundo pesquisa CNT/ tido contra o Hotel Al-Rashid, em Bagdá. – PF mobiliza cem agentes e prende oito tar e a Guarda Civil Metropolitana de gados, empresários e três juízes federais. locci, anuncia os termos do novo acordo
Sensus: diminui de 48,3% em agosto para – Gustavo Kuerten vence o torneio ATP pessoas em São Paulo, entre elas um dele- São Paulo são alvo de 10 atentados atri- – Apesar de uma megablitz da PM na do Brasil com o FMI. O País terá direito a
41,6% em outubro. Tour de São Petersburgo. gado, um agente federal, advogados e em- buídos ao PCC. Nos ataques, em que fo- Grande São Paulo, PCC volta a atacar sacar até US$ 14 bilhões. 왘
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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ESPORTES O ESTADO DE S.PAULO - H17

Jonne Roriz/AE–6/8/2003
2003/ 2004 Issei Kato/Reuters–12/10/2003

Seis vezes campeão

UMA CHUVA DE MEDALHAS Jonne Roriz/AE–15/8/2003


Michael Schumacher não
obteve o título de campeão da
Fórmula 1 com a mesma folga
de temporadas anteriores. E
Ferrari seria ameaçado pelo
novo regulamento. Mas o
andamento da temporada foi
colocando tudo no lugar. A
O Brasil obteve a melhor per- rá a sede dos Jogos de 2007. nas primeiras provas de 2003 – regularidade levou Schumacher
formance em sua história nos Jo- Em São Domingos, o desta- com o quarto lugar da ao hexacampeonato e a superar
gos Pan-Americanos. O País le- que foi a despedida, com ouro, Austrália, o sexto na Malásia e o recorde do argentino Juan
vou para São Domingos 429 atle- do tenista Fernando Meligeni. a batida na corrida do Brasil – Manoel Fangio, cinco vezes
tas e trouxe 122 medalhas – 28 Ele venceu o chileno Marcelo parecia que o piloto alemão da campeão do mundo.
de ouro, 40 de prata e 54 de bron- Rios, de virada, pela primeira e Helvio Romero/AE–1/8/2003
ze, que lhe valeram o 4.º lugar. única vez na carreira. E ainda
Os Estados Unidos, mesmo sem pelos dois ouros das seleções de
o time principal – temiam pro- handebol, masculina e feminina
blemas com a organização –, fo- (e a vaga olímpica), o ouro do
ram os campeões (118 medalhas basquete masculino e a boa cam-
de ouro), seguidos por Cuba (71) panha de esportes individuais
e Canadá (29). como atletismo (com duplo ouro
Uma enorme bandeira com o de Hudson de Souza) e natação
Pão de Açúcar, cartão-postal do (com Gustavo Borges chegando
Rio, foi estendida no gramado a 19 medalhas em quatro edi-
do Estádio Olímpico, na festa de ções do Pan). A fraca campanha
encerramento do Pan. O Rio se- do vôlei foi o ponto negativo.
Jonne Roriz/AE–9/8/2003

Ano do doping
Num ano marcado por de Paris e está suspensa, desde
escândalos de doping em todo o agosto. Maurren espera
mundo, Maurren Higa Maggi, julgamento no Brasil e depois
estrela do atletismo brasileiro, na Associação Internacional de
teve resultado positivo para a Federações de Atletismo (Iaaf).
substância proibida Clostebol. Ela alega que o resultado
Especialista no salto em positivo foi causado pelo uso de
distância, ela ficou fora do pomada cicatrizante, depois de
Pan-Americano e do Mundial sessão de depilação a laser.
Washington Alves/COB–5/8/2003 Robert Galbraith/Reuters–24/8/2003

Bruno Domingos/Reuters–6/9/2003

Uma centena
de títulos
O iatista Robert Scheidt
teve um ano especial, apesar
da frustração pela derrota na
briga pelo heptacampeonato
Mundial. Scheidt, dono de
uma medalha de ouro e uma
de prata (conquistadas nas
Olimpíadas de 1996 e 2000,
respectivamente), e de seis
títulos mundiais, ganhou o
100.º título na carreira em
2003 – 85 deles são da classe No caminho olímpico Salto para a glória
Laser, sua especialidade. O O campeão olímpico e jogador. O Brasil foi o time também foi o campeão Daiane dos Santos, de 1,45 m e as mãos nos joelhos) e de grau
velejador, tricampeão mundial Giovane, de 33 anos, campeão e se classificou para da Liga Mundial. A seleção e 40 quilos, ganhou a 1.ª medalha máximo de dificuldade. O salto
pan-americano nos Jogos de teve ano especial na seleção os Jogos de Atenas. A seleção feminina, com a mudança de de ouro da ginástica brasileira no agora se chama Dos Santos,
São Domingos, chegou à de vôlei. Recuperou o lugar de seguiu no topo, apesar do técnico e a volta das atletas solo, no Mundial de Anahein em sua homenagem. Daiane
marca centenária ao vencer a titular e terminou a Copa do resultado no Pan-Americano “rebeldes”, conquistou sua (EUA). Com salto inédito, o fechou 2003 com mais uma
Semana Pré-Olímpica de Mundo do Japão, em (foi bronze, após perder para vaga olímpica com o segundo duplo twist carpado (dois mortais medalha de ouro, na Copa do
Atenas, no segundo semestre. dezembro, como melhor a Venezuela na semifinal). O lugar na Copa do Mundo. com o tronco próximo às pernas Mundo de Stuttgart.

왘 7 – O juiz federal João Carlos da Ro- lhões de dólares. Só a UE poderá impor seus 50 anos de história. No acumulado ca batiza o salto duplo twist carpado cria- bloco fecharem acordos bilaterais. 24 – O procurador-geral da República,
cha Mattos é preso, acusado de ser men- retaliações de US$ 2,2 bilhões. No caso de janeiro a setembro, o lucro da estatal do por Daiane dos Santos. A acrobacia ga- – A 6.ª edição do Exame Nacional de En- Claudio Fonteles, denuncia no STF o de-
tor de esquema de venda de sentenças re- do Brasil, a barreira ao aço significou pre- soma R$ 14,774 bilhões – aumento de nha o nome de Dos Santos. sino Médio (Enem) mostra desempenho putado Jader Barbalho (PMDB-PA) por
velado na Operação Anaconda. juízo de US$ 350 milhões. 180,4% na comparação com 2002. – O cantor Michael Jackson tem sua pri- regular dos estudantes. A nota média na desvio de dinheiro público na desapro-
8 – PCC realiza seis novos ataques a pos- – Polícia acha corpos dos namorados Feli- 15 – Dois carros-bomba explodem quase são decretada na Califórnia por “múlti- prova objetiva foi de 49,55 e na redação, priação de fazenda, em 1988.
tos e bases policiais na Grande São Paulo, pe Caffé, de 19 anos, e Liana Friedenba- simultaneamente em Istambul, matando plas acusações de abuso sexual de me- de 55,36, numa escala de zero a 100. – Pelo menos 36 alunos morrem e 246 fi-
Baixada Santista e no interior. ch, de 16, que tinham ido acampar em Ju- 23 pessoas e ferindo mais de 270. Um gru- nor”. Os advogados negociam a apresen- – Michael Jackson se entrega à polícia e é cam feridos em conseqüência de um in-
– Terroristas dirigindo veículo policial quitiba, Grande São Paulo, em 31 de ou- po islâmico turco e a Al-Qaeda assumem tação à polícia de Michael. posto em liberdade após pagar fiança de cêndio num alojamento para estudantes
roubado invadem complexo residencial tubro. O mentor do crime é R.A.A.C., de responsabilidade pelos atentados. 20 – Dois atentados contra interesses bri- US$ 3 milhões. da Universidade Patrice Lumumba, em
em Riad, Arábia Saudita, e explodem o 16 anos. O crime reabre o debate sobre a 16 – Seleção brasileira empata com o Pe- tânicos em Istambul, na Turquia, deixam 22 – Palmeiras vence o Sport por 2 a 1 e Moscou. O brasileiro Fernando Ivan Os-
carro. Dezessete pessoas morrem e 122 fi- redução da maioridade penal. ru por 1 a 1, pelas eliminatórias da Copa. 27 mortos e 400 feridos. O grupo radical garante o título da série B e o retorno à trowski escapa pulando do 5.º andar.
cam feridas. Autoridades atribuem o 12 – Caminhão-bomba explode diante de 18 – O C-Bond, principal título da dívida Frente dos Combatentes Islâmicos do primeira divisão do futebol brasileiro. O – Rodovia Transamazônica é bloqueada
atentado à Al-Qaeda. base militar no sul do Iraque, matando pe- externa brasileira, registra alta de 0,75% Grande Oriente reivindica a autoria dos Botafogo fica com a outra vaga. por madeireiros no Pará em protesto con-
10 – OMC condena as sobretaxas de 8% a lo menos 18 italianos e 9 iraquianos. Mais e atinge 95,25% do seu valor de face, re- ataques em parceria com a Al-Qaeda. 23 – Pressionado por três semanas de ma- tra a fiscalização do Ibama.
30% impostas pelos EUA sobre o aço ex- de 80 pessoas ficam feridas. corde histórico. – Representantes das 34 nações que vão nifestações contra supostas fraudes nas 25 – C-Bond bate sexto recorde consecuti-
portado por 22 países em março do ano – Por decisão do STF, José Rainha deixa 19 – Copom reduz a taxa Selic de 19% pa- compor a Alca aprovam em Miami pro- eleições parlamentares na Geórgia, vo. O título é negociado por 96,938 centa-
passado. Os EUA terão de eliminar as ta- a prisão, após 123 dias. ra 17,5% ao ano. posta negociada entre Brasil e EUA, Eduard Shevardnadze renuncia, pondo vos por dólar. Risco país recua 0,18%.
rifas ou ficarão sujeitos a sanções de bi- 13 – Petrobrás anuncia o maior lucro dos – A Federação Internacional de Ginásti- que abre a possibilidade de os países do fim a 12 anos de governo. – Índia e Paquistão iniciam o primei- 왘
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H18 - O ESTADO DE S.PAULO


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CADERNO 2 QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

2003/ 2004
Rubinho Guimarães/AE

GILBERTO GIL
DÁ VISIBILIDADE
AO MINISTÉRIO
Mas sua proposição mais ambiciosa,
a de ampliar o acesso da população aos
bens de consumo culturais, hoje restritos à
elite, é ainda uma promessa a ser cumprida
do Estadual de Cultura, siste-
JOTABÊ MEDEIROS
ma que poderá carrear R$

O
ano que passou, além 100 milhões anuais para o se-
de trazer como dado tor. O governo do Estado não
novo na cena da políti- tem uma dotação regular de
ca cultural a figura do cantor verbas para a área.
Gilberto Gil, como ministro Os deputados não vota-
da Cultura, também foi um ram, o fundo não foi aprova-
ano de ampla mobilização e do, mas a mobilização foi
ativismo da classe artística. exemplar: de Ruth Escobar
Gil, é unânime, deu visibilida- a Regina Duarte, de Fábio
de ao ministério, valendo-se Assunção a José Celso Mar-
de sua notoriedade artística. tinez Corrêa, de Jairo Mat-
Com Gil, os artistas senti- tos a Hugo Possolo: todos os
rem-se à vontade para reivin- artistas estavam lá, unidos
dicar. Reunidos em fóruns no para pedir um mecanismo
País todo, do Rio Grande do adequado e realista para o
Sul ao Piauí, do Amazonas a fomento da cultura. Para pe-
Santa Catarina, os artistas dir continuidade nas políti-
pleitearam como nunca este cas, sem paternalismo e com
ano e por diversas causas. E uma consciência social.
foram razoavelmente bem-su- Com uma característica
cedidos em quase todas elas. menos partidarizada, menos
Mas é em 2004 que a bola po- ideologizada e mais pragmáti-
derá entrar finalmente no gol. ca, as novas frentes de ação
Os artistas pediram mais dos artistas aproximam-se de O ministro em seu gabinete, durante entrevista exclusiva ao ‘Estado’, em
verbas para o Ministério da uma conquista histórica. setembro: emprestando prestígio a uma pasta historicamente subestimada
Cultura. Ganharam: o orça- Acostumados à divisão no
mento do MinC vai para R$ momento das campanhas elei-
160 milhões (crescimento de torais – uns abraçam um par-
70%) e as leis de incentivo tido, outros abraçam outros
crescerão 150% em 2004, che- no Horário Eleitoral Gratui-
gando a R$ 400 milhões o va- to –, os artistas parecem ter
DESTAQUES, REVELAÇÕES, PERDAS Divulgação Epitácio Pessoa/AE
lor destinado à renúncia fis- descoberto que sua causa é co-
cal. A meta, no entanto, se- mum, e não tem sigla.
gundo apregoa o próprio mi- Não foi um ano só de deba-
nistro Gil, é chegar a 1% do tes, no entanto. O anúncio,
orçamento federal (atualmen- também em dezembro, da Vencedor
te, está beirando 0,4%). criação do Museu Congo- do Prêmio
Pediram a não extinção nhas, em Minas Gerais, com- Visa deste
das leis estaduais baseadas plexo numa área de 3,7 mil ano, o
na renúncia fis- metros quadra- compositor
cal, que esta- dos que reunirá Chico
vam sendo lima-
das pela Refor-
ma Tributária.
IERAM V
o Centro de Re-
ferência do Bar-
roco Mineiro e o
Saraiva
lançou o CD
‘Trégua’,
Perderam na MAIS VERBAS, núcleo de estu- com selo da
Câmara Fede- dos da pedra-sa- gravadora
ral, mas tive- MAIS APOIO E bão, mostra que Eldorado
ram êxito no Se- a iniciativa pri-
nado e as leis fo- UMA MAIOR vada também
ram mantidas. voltou a inves- A mostra ‘Guerreiros de Xi’an Ernesto Rodrigues/AE
Pediram uma MOBILIZAÇÃO tir no crescimen- – Tesouros da Cidade Proibida’
política cinema- to cultural do despertou a curiosidade do
tográfica forte e DA CLASSE País: um banco Paulo Liebert/AE público com preciosidades
com atenção a e uma compa- arqueológicas da China
todos os setores ARTÍSTICA nhia de aço in-
do processo, da vestiram R$ 3 Otávio Magalhães/AE – 9/7/93
pré-produção à milhões cada
finalização, da exibição à co- na construção do prédio, que
mercialização. Também tive- terá projeto do premiado ar-
ram certo êxito e os concur- quiteto português Álvaro Si-
sos anunciados este final de za e plano curatorial do mu-
ano, da Secretaria das Artes seólogo Emanoel Araújo.
Audiovisuais e da Petrobrás, A construção de “âncoras”
mostrando essa nova face da urbanísticas e culturais tem
política estatal, com seleção se mostrado um grande cami-
descentralizada e criteriosa. nho para a recuperação de re-
“Estamos nos preparando giões do País, como aconte-
para uma primavera de lança- ceu com o centro cultural Dra-
mentos. Serão mais de 150 tí- gão do Mar, em Fortaleza, ou Primeira mulher a ser eleita Maria Rita lotou as casas onde
tulos, com a geração direta mesmo no Recife Velho e no para a Academia Brasileira cantou, foi ao topo das paradas
de nada menos do que 3.202 Pelourinho. Ou com a cidade de Letras, Rachel de Queiroz com disco e DVD, projetou
empregos, a partir de um in- de Bilbao, na Espanha, e seu O maestro alemão Kurt Masur fez Michael Dalder/Reuters morreu de enfarte enquanto autores novos e, grávida,
vestimento de R$ 20,7 mi- Museu Guggenheim. série de concertos no Brasil, com a dormia, no dia 4 de novembro assumiu posto de musa da MPB
lhões”, prevê o ministro Gil- “O Ministério da Cultura Sinfônica Brasileira, no Rio, e a Divulgação
berto Gil. Gil fala de produ- tem clareza do principal desa- Osesp, em São Paulo, onde
ção, mas é fato que de 30 a fio que a realidade brasileira também deu curso de regência
40 filmes nacionais chega- impõe: ampliar o acesso da po-
rão às telas no novo ano. pulação brasileira à produção Walter Craveiro/Divulgação
O resultado dessa movi- e à fruição de bens e valores
mentação toda foi um ama- culturais, como forma de uni-
durecimento visível do setor. versalizar o direito à expres-
O futuro deverá mostrar se são cultural, que constitui um Obra de
esse amadurecimento será dos aspectos vitais do que cha- Lygia Pape,
mesmo traduzido em uma mamos cidadania”, diz o mi- destaque da
nova relação entre o poder nistro Gilberto Gil. Atenden- 4.ª Bienal do
público e a cultura no País. do a esse diagnóstico, Gil so- Mercosul, em
“Não se trata de pedir nha criar um Sistema Nacio- Porto Alegre,
uma política pública para nal de Cultura, para integrar que teve
beneficiar a classe artística, as políticas de todo o País. E visitação
mas toda a sociedade”, bra- amadurecer a proposta de recorde, de
dou o dramaturgo e diretor construir 20 Bases de Apoio mais de um
Luiz Carlos Moreira, na As- à Cultura (BACs), previstas milhão de
sembléia Legislativa de São para serem edificadas nas pe- pessoas
Paulo, em dezembro. riferias das grandes cidades.
Moreira era o porta-voz de Para que Gil tenha êxito, é
centenas de artistas que lota- preciso que uma nova menta- Paraty realizou sua primeira Pelo envolvimento com os
vam as galerias da assem- lidade suprapartidária surja. feira literária internacional marginalizados, J.M. Coetzee
bléia paulista, pedindo a É o desafio da política cultu- em julho, reunindo grandes foi o segundo sul-africano a
aprovação imediata do Fun- ral no ano que começa. nomes como Hanif Kureishi ganhar um Nobel de Literatura

왘 ro cessar-fogo total após 14 anos de 29 – Daiane dos Santos conquista a inédi- da sua história: 97,4% do valor de face. – Só 3,47% da população tem curso supe- da pelos sete jurados por 6 votos a 1. – População reprova desempenho de Lu-
combates na Caxemira. ta medalha de ouro em exercícios de solo – Expectativa média de vida do brasileiro rior, de acordo com pesquisa do IBGE. – Atentado a bomba em trem que seguia la na área social. Em pesquisa CNT/Sen-
– Só em 2003, 5 milhões de casos de aids na Copa do Mundo, na Alemanha. ao nascer chega a 71 anos, de acordo com – Governo anuncia pacote de medidas para a Chechênia mata 41 pessoas. sus, 84% dos entrevistados afirmam que
foram registrados no mundo, recorde his- 30 – Militares dos EUA matam 46 pes- estimativa do IBGE. que vai ampliar os desembolsos do BN- – Bomba explode nos arredores de uma a violência aumentou; para 70%, o desem-
tórico. A infecção nunca matou tanto: são soas em Samarra, norte do Iraque. – Balança comercial fecha novembro DES em R$ 7 bilhões em 2004. mesquita de Bagdá, causando a morte de prego piorou em relação a 2002; 62% acre-
previstas 3 milhões de mortes. – Cruzeiro é de campeão brasileiro. com superávit de US$ 1,7 bilhão. É o me- – Euro é negociado a US$ 1,2091, maior dois civis e um soldado americano, um ditam que a pobreza cresceu no País. Mes-
26 – Senado aprova em primeiro turno o – Seleção masculina de vôlei vence a Co- lhor resultado para o mês segundo a série cotação desde sua criação, em 1999. dia antes da visita ao Iraque do secretário mo assim, o índice de aprovação do presi-
texto básico da reforma da Previdência. pa do Mundo. histórica do BC, iniciada em 1959. Com 4 – Bush anuncia a retirada das sobreta- de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld. dente continua alto: 69,9%.
– PF prende o ex-governador de Roraima – Alto executivo da Shell, o americano To- isso, a balança acumula superávit de US$ xas às importações de aço. 8 – Governo anuncia pacote contra a lava- 10 – PF prende 39 policiais acusados de li-
Neudo Campos e mais 40 pessoas, entre dd Staheli é assassinado em casa, no Rio. 22,07 bilhões. – Morre Michelle Staheli. gem de dinheiro que facilita o acesso de berar contrabando mediante o pagamen-
ex-deputados e servidores, acusados de Sua mulher, Michelle, é internada em es- – Depois de dois anos de negociações se- 5 – Ministério Público Estadual acusa o autoridades a dados protegidos pelos sigi- to de propina em Foz do Iguaçu (PR).
envolvimento num esquema de fraude tado grave. cretas, representantes civis da Palestina e empresário Sérgio Gomes da Silva, o So- los bancário e fiscal. – Senado aprova o Estatuto do Desarma-
que desviou entre R$ 320 milhões e R$ 1 de Israel lançam na Suíça um plano de bra, de ter sido o mandante do assassina- – Risco Brasil cai para 480 pontos, nível mento, tornando mais rígidas as normas
bilhão da folha de pagamento do Estado. DEZEMBRO paz alternativo para o Oriente Médio, a to do ex-prefeito de Santo André Celso mais baixo desde 1998, influenciado pela para fabricação, registro, uso e transporte
– AIEA adota resolução condenando o 1 – Risco país fecha em 494 pontos, abai- Iniciativa de Genebra. Daniel, em 2002. alta do C-Bond, cotado a 98,12% do valor de armas de fogo.
Irã por ter escondido nos últimos 18 anos xo da barreira dos 500 pontos pela pri- 2 – Câmara aprova projeto que prorroga – Acusada de co-autoria intelectual de face. Bovespa atinge 20.888 pontos, ní- – Bovespa bate novo recorde, fechando o
informações sobre seu programa nuclear. meira vez desde 8 de maio de 1998. a alíquota de 27,5% do Imposto de Renda na castração e morte de crianças no vel mais alto desde a criação da Bolsa pregão em 21.259 pontos
27 – Bush faz visita-surpresa ao Iraque. C-Bond é negociado pela maior cotação da pessoa física. Pará, Valentina de Andrade é absolvi- paulista, há 36 anos. 11 – Justiça acata denúncia do 왘
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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CADERNO 2 O ESTADO DE S.PAULO - H19

2003/ 2004

CINEMA DO BRASIL: O SUCESSO CONTINUA Mais de cem novos projetos estão


Marlene Bergamo/Divulgação
to da retomada do cinema, a to), mais um infantil. “Sendo
empresa saiu em busca de proje- otimista, acho que vamos es-
em andamento, revitalizando o tos já filmados ou em fase final trear entre 15 a 20 filmes.”
mercado cinematográfico brasileiro, de filmagem, para exibir neste Ainda para 2004 há projetos
que neste ano contou com 30 estréias ano. “Neste lote veio Deus É para desenhos animados, docu-
Brasileiro, O Homem Que Co- mentários e make for TV. “Es-
SÍLVIA HERRERA to fácil perder o mercado”, ga- piava e Caminho das Nuvens. te último gênero pode ser ótimo
rante Rodrigues. Cada filme tem uma história e para testar algumas idéias, tam-

A
magia da telona não se Um dos responsáveis direto cada um deles tinha um atrati- bém para gerar emprego e des-
perdeu no 3.º milênio; de tanto sucesso é o diretor ar- vo, uma razão para participar- cobrir novos talentos.” A Globo
ao contrário, tomou no- tístico Daniel Filho, que soube mos”, conta Rodrigues. Mas pa- Filmes promete olhar com cari-
vo fôlego e fez os brasileiros saí- escolher com quem se associar. ra 2004 a história é outra. “Nos- nho para as três possibilidades.
rem de casa para conferir os “A virtude é ter um conjunto sa missão daqui “O desenho ani-
lançamentos nacionais. A quali- de projetos com temáticas dis- para frente é mado é desejo an-
dade dos roteiros e da tecnolo-
gia conquistaram o público.
Neste ano, 20 milhões de brasi-
tintas. Não ficamos calcados
em um só tipo de filme, que foi
uma evolução fundamental. Te-
mais firme no
propósito de par-
ticipar mais, va-
D
ESENHOS
tigo da Globo pa-
ra ajudar a desen-
volver o merca-
leiros foram assistir aos filmes mos a Xuxa fazendo os mes- mos entrar em E FILMES PARA do interno, seja
nacionais. E, entre as 30 es- mos 2 milhões de sempre, Cida- filmes em que a para longa ou pa-
tréias brasileiras do ano, as três de de Deus (direção de Fernan- gente de fato A TV ESTÃO ra série de TV.
mais vistas – Carandiru, Lisbe- do Meirelles) fazendo 4 milhões possa contribuir Até hoje não tive-
la e o Prisioneiro e Os Normais e pouco, e uma comédia român- ‘Carandiru’, de Hector Babenco: uma das maiores bilheterias do ano mais porque os NOS PLANOS mos nenhum pro-
– são da Globo Filmes, núcleo tica como Lisbela (de Guel Ar- Divulgação filmes em que jeto concreto
independente da Rede Globo raes) fazendo 3 milhões e pou- entramos de fa- com os produto-
que já pode ser chamada de co”, destaca Rodrigues. to com a co-produção tiveram res, mas agora já posso adian-
Hollywood brasileira. “Este ca- resultados melhores”, destaca tar que estão aparecendo algu-
minho da colheita fantástica de Monopólio – Os filmes com o o executivo. mas propostas. O problema é o
2003 é resultado do investimen- carimbo da Globo Filmes caí- A Globo Filmes não quer ser tempo para produzir: enquanto
to em vários projetos há quatro ram no gosto do público. Por confundida com a emissora de um filme você realiza entre qua-
e cinco anos. E em 2004 ainda causa desse sucesso e por ser a TV. “Não vamos mais nos asso- tro a seis semanas, um desenho
vai haver muitos projetos desta produtora das Organizações ciar a projetos que nos vejam animado demora dois anos”,
safra”, destaca Carlos Eduardo Globo, alguns cineastas, como apenas como um bureau de di- compara. Já os documentários
Rodrigues, diretor da Globo Fil- Ruy Guerra e Walter Salles, já vulgação. Existem alguns dire- viriam para fomentar o cinema
mes. Para 2004, a empresa co- vieram a público defender a te- tores que não conhecem a nos- regional e o made TV, as produ-
meça a investir em documentá- se de que a Globo Filmes esta- sa forma de trabalho. Pensam ções mais em conta.
rios, desenhos animados e tam- ria criando um monopólio. assim – ‘quero fazer o filme que O executivo destaca que, ape-
bém em filmes “Monopólio de eu quero fazer e usar a mídia sar do clima de otimismo, há
com orçamentos quê?”, indaga que eles têm para divulgar’. Is- outros problemas que tiram o
menores (made
for TV).
Os primeiros
ESTE N
Rodrigues. Ele
explica que dos
30 filmes lança-
to não é uma parceria ou um de- sono de muitos cineastas. A es-
senvolvimento conjunto. Isto é trutura financeira é muito frá-
um formato de trabalho com o gil, muito calcada nas distribui-
sinais da retoma- ANO, PÚBLICO dos neste ano, qual não queremos trabalhar doras estrangeiras e nas esta-
da começaram a apenas 10 são ‘Lisbela e o Prisioneiro’: diversificação de gêneros como fórmula mais”, avisa. “Se o princípio tais. “Se um desses dois braços,
ser observados CHEGOU A da Globo, que Divulgação for não trocar, deve existir no por algum motivo, não funcio-
em 2000, quando detém 92% da mercado alguém que trabalhe nar bem, não vamos chegar aos
estrearam 24 fil- 20 MILHÕES audiência. “Sei desta maneira.” mesmos números de 2003.”
mes, vistos por que há mais de A Globo Filmes descarta
7.207.654 pes- cem projetos Estréias – Mas o fantasma que qualquer estratégia para con-
soas, número 25% superior ao rondando por aí, então não te- ronda o prédio no Jardim Botâ- quistar o mercado externo.
do ano anterior. De lá para cá, mos este monopólio. O proble- nico, no Rio, é o outro. “A per- “Saiu um quadro na Screen In-
os números só cresceram, emba- ma é que o público está referen- gunta é: será que em 2004 va- ternational (revista de cinema)
lados por Cidade de Deus e Ca- dando nossos filmes. Pode ser o mos repetir o sucesso de mostrando que é mínima a pe-
randiru. Neste ano o cinema na- monopólio do gosto do públi- 2003?”, indaga Rodrigues. “Se netração de filmes no mercado
cional só tem a comemorar. Se- co”, argumenta. E completa: tudo der certo, externo, com ex-
gundo dados da Secretaria do “O crescimento da Globo Fil- há uma probabili- ceção dos ameri-
Audiovisual, 20% dos lança- mes não foi por um monopólio,
mentos no cinema foram brasi- mas por profissionalismo.”
leiros. Não se via nada igual Rodrigues explica que a Glo-
dade de se che-
gar perto. Temos
Sandy & Jr., que
G
LOBO
canos. Acho difí-
cil chegar ao
mercado estran-
desde a época de ouro dos anos bo Filmes é uma produtora e estreou agora, FILMES REBATE geiro, principal-
70, quando foi lançado Dona não participa do processo de tem Xuxa e tem mente pela dife-
Flor e Seus Dois Maridos, ain- captação de filmes. Ele explica Renato Aragão. ACUSAÇÃO DE rença cultural, é
da o filme mais visto, com que Fernando Meirelles conse- O problema é uma luta com-
10.735.305 espectadores. guiu captar cerca de 20% do to- que o Brasil tem MONOPÓLIO plicada. A essên-
Antenada nas tendências tal do filme apenas e bancou o ‘Os Normais’ na tela grande: sucesso deve levar a projetos similares pouca salas – é re- cia é o seguinte:
mercadológicas, a Rede Globo resto do bolso. “A Xuxa, com gra fixa do jogo e o filme tem de
decidiu co-produzir os projetos ou sem a Globo Filmes, vende. massa nos EUA, por que não in- nal e não temos nenhum tipo não vai se resolver no curto pra- fazer sucesso no seu país de ori-
tupiniquins e criou há cinco Ela tem uma estrutura própria vestiriam aqui? Fazemos isso de incentivo fiscal, enquanto os zo. Mas temos filmes parrudos gem.” Ao contrário do que ocor-
anos a Globo Filmes. Na época, para vender as cotas de patrocí- para dar uma ‘educada’ no mer- distribuidores estrangeiros têm. para estrear, como Olga, Cazu- re nos EUA, onde as produto-
um estudo identificou que a bi- nio.” O diretor observa tam- cado brasileiro.” Acho que o governo poderia es- za e Redentor. Tem o próprio ras faturam alto com o merca-
lheteria nacional poderia do- bém que os anúncios nos inter- Segundo a Lei do Audiovi- timular mais para que surjam a Dona da História (novo filme de do de home vídeo e exibição na
brar em três anos. A empresa valos do Jornal Nacional na vés- sual, uma rede de TV pode ser RedeTV Filmes, a Record Fil- Daniel Filho), que deve ser TV, por aqui a receita, pelo me-
apostou no mercado futuro e co- pera das estréias são pagos pelo co-produtora do filme e deter mes, o SBT Filmes.” igual ou melhor que A Parti- nos da Globo Filmes, vem prati-
meçou a faturar. Dos 3% de distribuidor, não é um brinde no máximo 49% das ações do Em 2002, a Globo Filmes re- lha.” Além desses, estão nos pla- camente da exibição no cine-
participação no mercado dos da Globo como muitos pensam empreendimento. E Rodrigues cebeu um volume muito gran- nos da empresa filmar O Coro- ma. “Vem um pouco também
primeiros anos, agora a Globo nem é vendido a “preço de ba- não vê a hora de as emissoras de de roteiros. “Sempre leio to- nel e o Lobisomem, outro longa do home vídeo, que está cres-
Filmes detém 21%. “É uma res- nana”. “Acreditamos que se os entrarem no mercado. “Somos dos”, afirma Daniel Filho. Mas, na linha de Os Normais (que de- cendo, mas a TV ainda não tem
ponsabilidade pesada, e é mui- distribuidores investem em uma empresa de capital nacio- para aproveitar o bom momen- morou três anos para ficar pron- participação relevante.”

Doane Gregory/Reuters Fabrizio Bensch/Reuters Larry Downing/Reuters Claudio Papi/Reuters

TELAS
PERDEM
GRANDES
NOMES
Katharine Hepburn, a grande dama Elia Kazan, morto em setembro: Bob Hope, que fez a América rir: Alberto Sordi: adeus, em fevereiro,
da sétima arte: morte em junho clássicos como ‘Sindicato de Ladrões’ calou-se em julho, aos 100 anos ao ícone da comédia italiana
Alexandra Winkler/Reuters Reuters Raimundo Valentim/AE Ari Vicentini/AE

Leni Riefenstahl: em setembro, fim de tantas polêmicas Charles Bronson: herói de ação morreu em agosto País perdeu o talento de José Lewgoy em fevereiro Walter Khouri, símbolo do cinema paulista: agosto

왘 MPE e processa Sombra por homi- são do marroquino Abdelghani Mzoudi, e dos deputados João Fortes (SE), Babá ano de governo e diz que “o tempo de Espanha e sagra-se campeã mundial. 26 – Presidente paquistanês Pervez
cídio triplamente qualificado no caso acusado de envolvimento nos atentados (PA) e Luciana Genro (RS). incerteza passou”. 23 – Taxa de desemprego caiu de 12,9% Musharraf escapa de atentado suicida
Celso Daniel. de 11 de setembro. – Campeonato Brasileiro termina com o – Promotor apresenta nove acusações for- em outubro para 12,2% em novembro, no que deixa 14 mortos e 46 feridos.
– Com vendas projetadas de US$ 1,85 bi- 13 – Saddam é preso na área rural de Al- rebaixamento de Bahia e Fortaleza. mais a Michael Jackson no processo por primeiro recuo do ano. – Explosão em campo de gás natural pro-
lhão em 2003, Brasil se torna o maior ex- Daour, a poucos quilômetros de sua cida- 16 – Bush diz que iraquianos vão decidir abuso sexual. – Justiça determina que Beira-Mar seja voca a morte de 193 pessoas na China.
portador mundial de frango. de natal, Tikrit. Ele estava escondido no futuro de Saddam. 20 – Tribunal Regional Federal de São retirado do regime de isolamento no presí- – Agência Espacial Européia perde conta-
– STF suspende vigência da lei paranaen- terreno de um pequeno armazém, num – FMI anuncia acordo com o País que pre- Paulo decide processar por formação de dio de Presidente Bernardes. to com a sonda Beagle 2, que deveria ter
se que baniu os transgênicos no Estado. buraco coberto por lixo e tijolos no qual vê a concessão de linha de crédito no va- quadrilha os juízes João Carlos da Rocha – Senado aprova aumento da alíquota da pousado em Marte.
12 – Sombra tem a prisão decretada e se cabia apenas uma pessoa. O ex-ditador ti- lor de US$ 6,6 bilhões. Mattos, Casem e Ali Mazloum, investiga- Contribuição para o Financiamento da 27 – Terremoto devasta a cidade histórica
entrega à polícia. nha dois fuzis e uma pistola, mas não es- 17 – Governo edita MP que substitui o dos na Operação Anaconda. Seguridade Social (Cofins) de 3% para de Bam, no Irã. O número de mortos é es-
– Governo anuncia novo modelo para o boçou resistência. Imagens divulgadas pe- Provão pelo Sistema Nacional de Avalia- – Pela primeira vez desde 1992 o País fe- até 7,6%. timado em 25 mil.
setor elétrico. Um dos objetivos é conter a los EUA mostram Saddam abatido, com ção e Progresso do Ensino Superior. chará o ano com superávit nas transações – Bovespa bate novo recorde histórico e – Pesquisa do IBGE revela que metade
“explosão tarifária”. barba e cabelos compridos. 18 – Copom reduz a Selic de 17,5% para correntes. Até novembro, o saldo positivo fecha pregão em 21.630 pontos. da população ganha até R$ 300,00.
– Senado aprova reforma da Previdência, – Antes do anúncio da prisão do ex-dita- 16,5% ao ano. Taxa é a menor desde abril é de US$ 3,8 bilhões. 24 – Parmalat pede concordata na Itália, – Morre o ator britânico Alan Bates.
a primeira do governo Lula. Também dor, ataque com carro-bomba a delegacia de 2001. – Ameaças da Al-Qaeda fazem EUA en- quatro dias depois da revelação de um 29 – Justiça mantém regime de isolamen-
aprova, em primeira votação, texto da re- mata 21 pessoas a 80 km de Bagdá. – EUA comemoram os 100 anos do pri- trarem em alerta contra possibilidade de rombo de € 3,9 bilhões no balancete. to de Beira-Mar em Bernardes.
forma tributária. – Diretório Nacional do PT aprova a ex- meiro vôo de avião dos irmãos Wright. novo ataque terrorista. – EUA registram primeiro caso do mal – Saddam confessa ter US$ 40 bilhões em
– Justiça alemã suspende a ordem de pri- pulsão da senadora Heloísa Helena (AL) 19 – Lula faz balanço do primeiro – Seleção brasileira de futebol sub-20 bate da vaca louca. contas em vários países.
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2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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H20 - O ESTADO DE S.PAULO


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TELEJORNAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

Reproduçao SBT
2003/ 2004 Sebastião Moreira/AE

Gugu pede desculpas ao público no sofá de Hebe Reprodução Rede Bandeirantes Cena foi reprisada à exaustão na RedeTV!, Record e Band

A TV E A ARTE DE FRAUDAR
CRISTINA PADIGLIONE cursa sobre a elaboração de um bem mais que a multa aplicada Casagrande, o produtor Amil-
código de auto-regulamentação ao SBT pelo Ministério das Co- ton Tadeu dos Santos, e os ato-

N
ão foi em 2003 que a te- para a TV, sem êxito algum. municações (R$ 1.792,53). res Antonio Rodrigues da Silva
levisão se descobriu ta- Foi no 7 de setembro que o Em novembro, a juíza da 2.ª e Vagner Faustino da Silva, que
lentosa na arte de frau- Domingo Legal levou ao ar a tal Vara Criminal de Osasco, Iza- receberam, cada um, R$ 150 pa-
dar o que exibe. Mas foi a pri- entrevista com supostos mem- bel Islanda de Castro, mandou ra interpretar os “bandidos”.
meira vez que isso serviu de mo- bros da facção criminosa Pri- a polícia indiciar formalmente Mas fraude na TV não foi ex-
tivo para tirar um programa do meiro Comando da Capital, o Gugu Liberato, que já tinha si- clusividade de Gugu em 2003.
ar na TV brasileira. A decisão PCC. Encapuza- do denunciado O mesmo cachê (R$ 150) teria
da juíza Leila Paiva, da 10.ª Va- dos, dois atores pelo Ministério sido pago a figurantes dispos-
ra Cível Federal de São Paulo,
de suspender uma edição do Do-
mingo Legal em punição à ence-
ameaçaram de
morte autorida-
des e personalida-
D
ENÚNCIAS
Público por
ameaça e dois cri-
mes de impren-
tos a fazer papel de cônjuge traí-
do nos telebarracos de Márcia
Goldschmidt, na Band. Assim
nação de uma entrevista com su- des públicas. Em TAMBÉM sa. Também fo- como Gugu, ela sustenta que O ranking das boas intenções
postos criminosos, foi chamada 21 de setembro, o ram denuncia- não sabia de nada, e chegou a Disposta a expor os pesquisas e divulgar suas boas
pelo Ministro da Justiça, Már- programa foi sus- ATINGIRAM A dos o chefe de re- se desculpar no ar pelo episó- anunciantes que bancam intenções, recebeu cerca de 12
cio Thomaz Bastos, de “censu- penso – com pre- portagem, Wag- dio, falso, da mulher que dizia programas considerados de mil denúncias no ano todo –
ra”. Em contrapartida, faz anos juízo comercial BAND ner Maffesoli, o ter tido um romance com o pró- baixa qualidade pelo público, a número modesto comparado a
que o Ministério da Justiça dis- de R$ 1 milhão – repórter Rogério prio filho. campanha Quem Financia a 1 ponto de audiência, que
Baixaria é Contra a equivale a 49 mil domicílios só
Rafael Neddermeyer/AE Ed Ferreira/AE Cidadania, da Comissão de na Grande São Paulo. A
Direitos Humanos da Câmara novela ‘Kubanacan’ lidera o
dos Deputados, completou um mais recente resultado do
ano, a passos lentos. Sem ranking de queixas, que tem
recursos para promover balanços bimestrais.
Epitácio Pessoa/AE

Luta aos ‘raqueteiros’: Lula O Estatuto do Idoso ganha apoio dos


‘contracena’ com Helena Ranaldi e atores Oswaldo Louzada e
Dan Stulbach no Palácio do Planalto Carmem Silva no Congresso Nacional

E A FICÇÃO SE MISTUROU À VIDA REAL Tasso Marcelo/AE


Difícil saber quem tirou mais
proveito de quem, mas o resul-
tado da vida real que virou no-
vela, e vice-versa, desta feita,
foi saudável. Em fevereiro, ao
anunciar a estréia de Mulheres Na dança dos índices
Apaixonadas, o autor Manoel Após concordar em abrir Ainda há divergências nos
Carlos mencionou que explora- mão de qualquer participação argumentos que poderiam
ria o descaso dos brasileiros no Datanexus, instituto de explicar a distância entre os
com seus velhos. Este seria o pesquisa de audiência no qual índices aferidos pelos dois
merchandising social do folhe- investiu mais de R$ 4 milhões, institutos, mas o primeiro
tim. Faltou dizer que o assunto Silvio Santos viu nascer em passo – evitar a dependência de
não seria o único do gênero no agosto, enfim, um concorrente um único parâmetro de
enredo e que Mulheres Apaixo- para o Ibope nesse terreno. audiência – está dado.
nadas iria superar todas as no- Monica Zarattini/AE
velas já feitas até hoje no núme- A televisão
ro de ações de cidadania.
Até o Congresso Nacional se do Boni
animou em levar adiante o Es- Desde 1997, quando deixou o
tatuto do Idoso, em maio, com poder executivo da Globo, o
as presenças de Oswaldo Louza- nome de José Bonifácio de
da e Carmem Silva. Orgulho- Oliveira Sobrinho, o Boni,
sos de seus papéis como Leopol- nunca saiu de foco. Mas foi só
do e Flora na novela, os atores em 2003 que ele voltou de fato à
aceitaram o convite vindo de cena, com a inauguração de sua
Brasília para acompanhar a vo- própria rede de TV, a
tação do Estatuto na Comissão Vanguarda. São duas estações,
de Constituição e Justiça. em Taubaté e São José dos
Em agosto, quem parou para Campos, que abrangem, juntas,
“contracenar” com atores da 46 municípios. Retransmitem a
mesma trama foi o próprio programação da Globo, mas
Luiz Inácio Lula da Silva. “Mu- têm mais espaço local que as
lheres, uni-vos contra os raque- Vanessa Gerbelli e Tony Ramos na cena que ganhou platéia ao vivo e repercussão internacional demais afiliadas para emplacar
teiros”, chegou a brincar o presi- Otávio Magalhães suas próprias apostas.
dente, durante a cerimônia de Divulgação
posse do Conselho Nacional
dos Direitos das Mulheres e do
lançamento do Programa de
Combate à violência contra a
Mulher. Escoltando os atores
Dan Stulbach e Helena Ranal-
di, Lula se referia às surras de
raquete que a personagem dela,
Raquel, levava dele na ficção.
Quem não apreciou de todo
o enredo de Mulheres Apaixo-
nadas foi a indústria do turismo
do Rio, que se manifestou con-
tra o fato de Fernanda, papel
de Vanessa Gerbelli, morrer co-
mo vítima de bala perdida nas
ruas do Leblon. Argumentou-
se que a cena traria danos ao tu-
rismo, já que as novelas da Glo-
bo são vistas no mundo todo.
O autor não cedeu. Criou até
uma passeata pelo desarma- Na linha do ‘antes e depois’
mento. Era para ser só mais Contrariando as previsões de caso do ‘Queer Eye for the
uma seqüência de ficção, mas que os reality shows estavam com Straight Guy’, exibido aqui pelo
também ganhou proporções de seus dias contados, o mundo canal Sony, em que cinco gays
vida real, com a adesão de auto- Morte por bala perdida da novela motivou passeata de verdade continua a prestigiar esses transformam os gostos de um
ridades e do público, que ali fez pelo desarmamento, com apoio de familiares de vítimas reais e programas, agora sob a tendência hetero, por meio de dicas de
figuração voluntária. (C.P.) adesão de políticos: cenas vistas no folhetim e nos jornais de fabricar transformações. É o decoração, figurino e culinária.
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X1
O ESTADO DE S. PAULO

O GOVERNO
UM ANO DE LULA
APRENDIZ

Joédson Alves/AE

Lula: um ano com inflação sob controle e superávit comercial, mas à custa de pesados efeitos colaterais, como queda na renda e aumento do desemprego

N
o seu primeiro ano de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
agradou adversários e dividiu seguidores. A política econômica conserva-
dora liquidou a turbulência financeira, ao custo de recessão e desemprego.
Há, porém, sinais de retomada em 2004. Na política social, Lula não preencheu as
expectativas que historicamente carrega. Na reforma agrária, desapontou tanto o
MST, aliado radical de longa data, quanto agricultores e pecuaristas. A reforma
tributária ficou capenga e a política externa foi polêmica. Mas o governo teve ener-
gia política para aprovar uma reforma da Previdência que o PT já lutou para im-
pedir. Seu compromisso, Lula deixou claro, não é com posições do passado.

No poder, Guerra Na economia, Volta do


PT convive contra a fome a dura investimento
mal com continua arrumação é o desafio
as críticas longe do fim da casa da vez
Pág. 6 Pág. 7 Pág. 13 Pág. 15

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X2 - O ESTADO DE S.PAULO
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ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

PT faz lifting em seu


PRÁTICA CONTRARIA DISCURSO até porque não tem maioria no
Congresso, mas não está frag-
programa, mantém política mentado. “Quando assumimos,
econômica que criticou e encontramos um buraco muito
desanda na área social maior do que imaginávamos. Ti-
vemos de fazer algumas conces-
JOÃO BOSCO RABELLO sões, mas sem desfigurar o nosso
e VERA ROSA programa”, diz.
Na prática, no entanto, o parti-

O
governo do PT vai bem do enfrenta uma crise de identi-
onde ele é menos PT: a dade por causa da metamorfose
política econômica. E exibida em seus 23 anos. De uma
vai mal onde ele é mais PT: as trajetória que foi do sisudo João
políticas sociais. Em seu primei- Ferrador – símbolo dos metalúr-
ro ano de mandato, Lula acer- gicos do ABC, nos anos 80 – ao
tou onde não inovou, submeten- sorridente Lulinha Paz e Amor
do-se ao receituário vigente, que de 2002, o PT passou por uma
historicamente criticou. E onde verdadeira recauchutagem.
quis inovar – na área social e na Cumpriu o mesmo percurso dos
política externa – colheu críticas partidos forjados na oposição
e insucessos. quando chegam ao poder.
O resultado é que se indispôs
com a facção mais ortodoxa de Figurino – Com a bênção de
sua base – a esquerda – e colheu seus companheiros, Lula vestiu o
elogios no segmento que mais te- figurino de centro ainda como
mia sua gestão: o mercado fi- candidato e desbastou o discurso
nanceiro. O governo chega a ideológico. Depois que a esperan-
seu primeiro aniversário com ça venceu o medo, slogan da cam-
um perfil ideológico bem dife- panha petista, a palavra da vez é
rente daquele que projetava ao paciência para o crescimento.
tempo da posse. No programa de governo, o
Longe do espetáculo do cresci- PT estipulou metas ambiciosas:
mento previsto há seis meses, o criar 10 milhões de empregos em
governo Lula completa um ano quatro anos e dobrar o valor do
com inflação sob controle e supe- salário mínimo no mesmo perío-
rávit comercial, mas à custa de do. Para que esse objetivo come-
pesados efeitos colaterais, como çasse a sair do papel já em 2003,
queda na renda e aumento do de- o PIB teria de crescer, em média,
semprego. O pífio resultado do 5% ao ano.
Produto Interno Bruto (PIB), a Mas a tesourada já desfez a
perda de postos de trabalho e as aritmética eleitoral: o Plano Plu-
trapalhadas na área social con- rianual de Investimentos (PPA)
trastam com o alentado progra- agora prevê 8 milhões de empre-
ma de governo petista, Um Bra- gos até 2007, ou seja, num prazo
sil para Todos, que destacava a ainda maior e após o término do
vocação do País para crescer 7% governo Lula. Até aqui, o tão fa-
ao ano, com patamar mínimo de lado programa Primeiro Empre-
5%. Mais: puxava o social como go é uma peça de marketing.
“eixo” do desenvolvimento. Responsável pelo cálculo da
“Não há processo sustentável e meta dos 10 milhões de empre-
duradouro de desenvolvimento se gos, o economista Antônio Pra-
não enfrentarmos essa questão da do diz que o cenário encontrado

Joedson Alves/AE
distribuição de renda”, afirma o foi “totalmente adverso” para co-
ministro da Fazenda, Antônio Pa- meçar a atender os compromis-
locci Filho. Documento reservado sos de campanha logo em 2003.
da Fazenda, obtido pelo Estado, “Na situação em que recebe-
garante que o governo criará, em mos a economia não havia pos-
2004, “mecanismos permanentes José Dirceu: alguns acordos para aprovação de reformas foram costurados até mesmo sem o conhecimento do presidente sibilidade de promover uma po-
de monitoramento (...) dos progra- lítica ativa de geração de empre-
mas sociais em andamento, a fim gos”, afirma Prado, o executivo

A REPÚBLICA DE DIRCEU
de avaliar a eficácia do gasto pú- de Palocci na coordenação do
blico na redução da pobreza e da programa de Lula. “Uma coisa
desigualdade de renda”. é querer construir uma casa e
“Aumentar em 10% a distri- outra é chegar lá e ver que a ca-
buição de renda seria equivalen- TÂNIA MONTEIRO dade em que fez um balanço de gabinete tivera na gestão ante- mo pelas nomeações dos prin- sa pegou fogo.”
te a crescer 3% durante 25 anos. seu primeiro ano no governo, só rior. Assuntos que eram vincu- cipais cargos de assessoramen-
Este é o nosso maior desafio”, BRASÍLIA – O ministro- reforçaram o poder de Dirceu. lados ao gabinete militar passa- to superior DAS 6, 5 e 4, que Surto – O incêndio, no caso, foi
constata Palocci. chefe da Casa Civil, José Dir- Lula confessou que não conhe- ram para a Casa Civil. antes eram assinados pelo pre- provocado pelo surto inflacioná-
Uma resolução política apro- ceu, é o personagem mais em- ce os acordos do ministro-chefe sidente. Todas as avaliações rio – não previsto com ênfase na
vada recentemente pela cúpula blemático do governo. Seu po- da Casa Civil que levaram à MP – Foi o próprio Dirceu de nomeações também estão campanha. “Quando a Carta ao
do PT propõe que o governo defi- der é tanto que passou a ser in- aprovação das reformas – ou se- quem tomou as providências sob seu completo controle. Povo Brasileiro foi escrita, a preo-
na uma “agenda concreta” para formalmente chamado de pri- ja, a autonomia do chefe da Ca- para legitimar administrativa- O gabinete de Dirceu é o cupação maior era com o estran-
tratar da chamada microecono- meiro-ministro. O tratamento sa Civil é a maior de que se tem mente o poder que tinha politi- mais procurado do Planalto, gulamento externo e a fuga de ca-
mia, gerar empregos e promover não é descabido: com Lula no notícia na história brasileira. camente. É de- m e s m o pitais”, conta Prado, numa refe-
a inclusão social. Diz o texto que papel de chanceler, em cons- “Já agradeci ao presidente a le a alteração quando o rência ao documento lançado


falta ao Palácio do Planalto “tra-
duzir”, de forma prática, o proje-
tantes viagens ao exterior, Dir-
ceu ganhou carta branca para
lembrança que eu não mereço”,
afirmou ele, assegurando que
da medida
provisória que
Vou dividir presidente
está em Bra-
em junho de 2002 para tranqüili-
zar o mercado financeiro. Nele,
to estratégico previsto em sua negociar os acordos políticos e não faz nenhum acordo contra fez a Casa Ci- o poder: sília. Ele de- Lula se comprometia a honrar
plataforma. orientar as ações administrati-
vas, num formato que lembra
o presidente. Durante discurso,
Lula chegou a lembrar que ele é
vil ter prece-
dência sobre
uma parte dica duas
tardes da se-
os contratos e a cumprir as me-
tas de superávit primário. A épo-
Escanteio – O ministro-chefe o sistema parlamentarista. considerado o “homem mau do os ministérios, vai ficar mana a par- ca era de forte turbulência na
da Casa Civil, José Dirceu, resu-
me assim a nova etapa do gover-
Embora rejeite o epíteto,
Dirceu se diverte com a fama
governo”, numa referência à
sua rigidez na condução dos
que antes era
da pasta da
com o Zé, lamentares e
chega a rece-
economia.
O PT fez o dever de casa e ago-
no: “Temos de ser progressistas de todo-poderoso. “Vou divi- acordos e no controle interno Justiça. Dir- outra com o ber 40 num ra tenta se livrar da recessão.
dentro do conservadorismo.”
Em outras palavras, a equipe pe-
dir o poder: uma parte vai fi-
car com o Zé, outra com o Dir-
exercido sobre os ministérios.
De fato, não há um assunto
ceu se senta
ao lado do pre-
Dirceu dia. Quando
Lula está fo-
“Não tem mágica: ou a econo-
mia cresce ou não se combate o
tista não pretende jogar para es- ceu”, brincou, ao rejeitar a di- de governo que não passe pelo sidente da Re- Ministro da Casa Civil, ra do País, desemprego”, insiste o ministro
José Dirceu
canteio instrumentos clássicos visão de tarefas no Gabinete crivo do ministro. Todas as câ- pública, auxi- todas as deci- do Trabalho, Jacques Wagner.
do ajuste, como metas de superá- Civil proposta por parlamen- maras temáticas ficam sob sua liando o presi- sões são dire- Para o economista Fernando
vit primário e de inflação. “Mas tares. Em pé de igualdade no coordenação. A coordenação dente em todas as reuniões, e cionadas para o seu gabinete. Cardim de Carvalho, professor
terá uma agenda de desenvolvi- círculo do poder, estão apenas política do governo, antes atri- tem precedência sempre. Responsável por grande titular da Universidade Federal
mento mais ousada”, assegura o seu colega da Fazenda, Antô- buição da Secretaria-Geral, As nomeações de DAS (Dire- parte dos acordos firmados pe- do Rio de Janeiro (UFRJ), Lula
presidente do PT, José Genoino. nio Palocci, e o quase invisível também é sua. Sua estrutura ção de Assessoramento Supe- lo então candidato Lula, Dir- precisa deixar claro que suas es-
O Planalto comemora agora a Luiz Gushiken. Costuma-se ocupa a maioria das salas do rior) e outros cargos de impor- ceu só se viu desautorizado colhas são irreversíveis. “Das
aprovação das reformas tributá- ouvir nos bastidores que só quatro andar do Planalto. Até o tância do governo, antes prerro- uma vez. Foi na primeira ver- duas uma: ou o presidente faz
ria e da Previdência no Congres- eles discutem com Dirceu: os ministro-chefe da Casa Militar, gativa da Secretaria-Geral, pas- são do acordo para inserir o uma autocrítica e renega de uma
so, uma iniciativa que também demais obedecem. general Jorge Armando Félix, saram para a Casa Civil. Dir- PMDB no bloco governista, re- vez por todas o ideário do PT ou
foi do governo Fernando Henri- Os elogios de Lula, na soleni- perdeu o espaço e o poder que o ceu ficou responsável até mes- cusada por Lula. adota um conjunto de reformas
que, frustrada pela oposição do institucionais, como a indepen-
próprio PT. O partido jamais en- dência do Banco Central, para
goliu o discurso de que era neces- se nos meandros do marketing e lias até o fim do mandato, em provocaram um racha no PT. cam o cumprimento de bandei- impedir o governo de voltar
sário taxar servidores públicos da burocracia. Na reforma agrá- 2006, e fixou como meta conce- Além da expulsão de quatro par- ras históricas empoeiradas, co- atrás em seus compromissos”, ar-
aposentados. “Mas, em política, ria, Lula tenta se equilibrar entre der crédito fundiário para outras lamentares – a senadora Heloísa mo a que pregava “Fora FMI”. gumenta Carvalho.
não podemos nos referenciar em dois pólos: de um lado, seus com- 130 mil. “Até aqui foi uma tragé- Helena (AL) e os deputados Mesmo entre os moderados há De qualquer forma, a autono-
posições que defendemos no pas- promissos com os movimentos so- dia”, define o coordenador do João Batista Araújo, o Babá certo desconforto com o lifting mia operacional do Banco Cen-
sado”, alega hoje o ministro da ciais no campo; de outro, a res- Movimento dos Sem-Terra (PA), Luciana Genro (RS) e do partido. “Quem está no gover- tral é a próxima batalha do go-
Previdência, Ricardo Berzoini. ponsabilidade de não comprome- (MST), João Pedro Stédile. “O João Fontes (SE) –, o partido no e no PT não deve achar que es- verno e também dentro do PT.
“O PT também pregava a estati- ter um dos setores mais próspe- governo prometeu assentar 60 perdeu alguns intelectuais filia- tá tudo bem, mas fazer uma aná- Motivo: enfrenta um turbilhão
zação do sistema financeiro.” ros da economia, o agronegócio. mil famílias neste ano e vamos dos desde a fundação, como Car- lise crítica deste ano de aprendi- de resistências em todas as fac-
Na área social, dois estandar- O presidente valeu-se de seu terminar 2003 com 15 mil, sendo los Nélson Coutinho e Francisco zado”, observa o senador Flávio ções internas. “Estou disposto a
tes petistas – o combate à fome e capital político pessoal para con- metade da gestão anterior.” de Oliveira. Arns (PT-PR). marcar hora, local e armas para
a reforma agrária – ainda deixam ter o MST. Em novembro, anun- O fiasco no campo social e a Outros tantos insatisfeitos que No diagnóstico de Genoino, o discutir esse assunto no PT”,
a desejar. O Fome Zero perdeu- ciou que assentará 400 mil famí- ortodoxia na área econômica ficaram, porém, ainda reivindi- PT vive “um momento difícil”, brinca Palocci. Quem viver verá.

CENAS DO GOVERNO LULA Roberto Castro/AE

24 de julho: 9 de agosto:
Marisa e Lula (centro)
Lula em disputa
Concórdia jogada
(SC), com durante
chapéus que pelada na
receberam de Granja do
agricultores Torto
Ed Ferreira/AE

Apr

8 de agosto: presidente “toca” violino


em inauguração de escola municipal
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X3

O GOVERNO APRENDIZ

Por uma ‘nova geografia’


DIPLOMACIA DE RISCO no exterior do desafio interno
do governo, que ainda não an-
em que os emergentes gariou resultados práticos.
sejam respeitados, País
dá passos ousados Venezuela – No início do go-
verno, a premissa do protago-
DENISE CHRISPIM MARIN nismo natural do Brasil deu sus-
tentação a atitudes atabalhoa-

B
RASÍLIA – O presiden- das da diplomacia presiden-
te Luiz Inácio Lula da cial. Antes de sua posse, Lula
Silva imprimiu um rit- ensaiou uma interferência em
mo ansioso e ambicioso à sua questões internas da vizinhan-
política externa e, com improvi- ça ao enviar seu assessor espe-
sos em seus discursos e giros in- cial para Assuntos Internacio-
ternacionais, gerou mais polê- nais, Marco Aurélio Garcia, a
mica interna que discussões e uma Venezuela mergulhada no
impactos além das fronteiras conflito entre o governo Hugo
do Brasil. Seus críticos mais se- Chávez e a oposição. A confu-
veros acreditam que suas inicia- são acabou consertada pelo Ita-
tivas, com raros exemplos subs- maraty, que propôs a criação
tantivos, não passam de uma do Grupo de Amigos da Vene-
retórica ideologizada, que mes- zuela, com um perfil moderado
cla elementos da política inde- e subordinado ao secretariado-
pendente de Jânio Quadros e geral da Organização dos Esta-
do general Ernesto Geisel. Os dos Americanos (OEA), e ain-
mais afáveis avaliam que as ati- da “convidou” os Estados Uni-
tudes tomadas pelo Palácio do dos para o integrarem.
Planalto e o Itamaraty são ex- “A intenção de manter uma
tremamente ousadas e positi- política proativa e de esforçar-
vas. Embora considerem que se em direção a um protagonis-
ainda não é possível calcular os mo é positiva. Também parece
benefícios e os riscos dessas boa a idéia da estratégia Sul-

Roberto Castro/AE
ações, ressaltam que, na sua po- Sul, como um instrumento pa-
lítica internacional, o País an- ra que os países em desenvolvi-
da “no fio da navalha”. mento ganhem força e partici-
Desde que tomou posse, em pação na formulação das novas
1.º de janeiro, Lula manteve um regras mundiais”, disse Valla-
discurso enfático sobre a priori- dão. “O nó central é saber se es-
dade de seu governo à relação O chanceler Celso Amorim, empenhado em revitalizar a estratégia Sul-Sul, de alinhamento contra as premissas do Primeiro Mundo sa política traz consigo a ambi-
do Brasil com a ção de construir
Argentina, como um pólo de po-
base para o forta- der de confronta-
lecimento do ção com o mun-
Mercosul. Mas do rico.”
orientou sua polí- Em sintonia, o
tica para a cons- professor Gilber-
trução do que ba- to Dupas, do Ins-
tizou de a “nova tituto de Estudos
geografia políti- Avançados da
ca e comercial pa- Universidade de
ra o mundo”. São Paulo, acre-
Apresentada pe- dita que a boa re-
lo próprio Lula lação entre Bra-
como uma via pa- sil e Argentina
ra a inclusão dos ao longo de 2003
países subdesen- deveu-se princi-
volvidos nos palmente à debi-
Dida Sampaio/AE

Dida Sampaio/AE

grandes debates lidade da econo-


internacionais – mia do vizinho.
não como instru- Com a perspecti-
mento de con- va de recupera-
frontação com os Lula com o líder da Líbia, Muammar Kadafi: para especialistas, contato perigoso Presidente, ao lado da primeira-dama, Marisa: esboço do novo mapa-múndi ção argentina
Estados Unidos, em 2004 e as dú-
a União Européia e o Japão –, a vidas sobre o vôo da galinha da
idéia ressoa como o resgate da economia brasileira, Dupas an-
fracassada estratégia Sul-Sul, tevê o início de um novo perío-
de alinhamento contra as pre- do de turbulência na célula cen-
missas do Primeiro Mundo. tral da política externa.
Com base nessa estratégia, o Dupas acredita que a políti-
governo expandiu as ambições ca externa de Lula ainda não
de integração física e comercial causou danos graves nas rela-
além das fronteiras do Merco- ções do Brasil com os EUA por-
sul, com o objetivo de abarcar que os americanos estão concen-
os demais países sul-america- trados no combate ao terroris-
nos em uma rede de comerciali- mo e no conflito com o Iraque.
zação mais ativa e de criar um Nesse sentido, os discursos afia-
anteparo político para a fase dos do presidente contra a polí-
conclusiva das negociações da tica externa americana e sua
Dida Sampaio/AE
Ed Ferreira/AE

Área de Livre Comércio das motivação em aliar-se, de for-


Américas (Alca). Como contra- ma escancarada, aos países de-
partida, apresentou-se como senvolvidos que vêm resistindo
uma “liderança generosa” e es- às ações unilaterais de Wa-
palhou promessas de linhas de Ao lado de Fidel Castro: avarias à imagem de Lula não são visíveis Na Síria, com presidente Bashar al-Assad: prioridade é comercial shington seriam atitudes, no mí-
financiamento do Banco Nacio- nimo, perigosas. “O risco de
nal para o Desenvolvimento às vésperas da reunião ministe- Sul será levada pelo próprio mércio e no investimento recí- nal foram montados sobre um apontar o dedo para o leão é
Econômico e Social (BNDES) rial da Organização Mundial Lula à Índia, à China e, quem proco, esse empreendimento conceito de elevada auto-esti- perder a mão”, advertiu.
aos países da região e de respei- do Comércio (OMC), em se- sabe, à Rússia, fato que poderá traz o risco de converter-se em ma – se não sobre uma visão Ele ainda chama a atenção
to às assimetrias. tembro, em Cancún. Exitosa, consolidar sua idéia de unir es- uma sessão de loas a regimes de messiânica da contribuição que para a seguinte dúvida: a retóri-
Até dezembro, essa política a experiência tornou-se o sas economias emergentes de exceção. o presidente Lula pretende dei- ca de Lula servirá como instru-
havia impulsionado o acordo exemplo mais concreto da cos- relevância no cenário interna- “Prestigiar regimes ditato- xar para o mundo. Nessa base mento para aumentar o seu po-
de livre comércio entre o Merco- tura desse novo mapa-múndi. cional em um Grupo dos Cin- riais é particularmente perigo- está assentada sua convicção der de barganha ou sua política
sul e o Peru e preparado terre- Mas ainda se mostra suscetível co (G-5). Com isso, em princí- so para um país como o Brasil, de que o Brasil tem de assumir externa está no limite da pru-
no para a possível implementa- a escapar do plano pragmático pio, o esboço do novo mapa- que tem uma imagem no exte- a liderança da América do Sul dência? Para o professor, trata-
ção dos acertos semelhantes para o da ideologização, avi- múndi do presidente estaria rior de democra- e também do res- se de uma questão difícil de res-
com a Venezuela, a Colômbia e sam os críticos. concluído. Lula, entretanto, cia consolidada e tante do mundo ponder neste momento, em que
o Equador em meados de 2004. Da mesma forma, o Itamara- igualmente recomendou à sua garantidora das
Em um segundo movimento da ty insistiu na queda-de-braço equipe prosseguir com todas as instituições da re-
remoçada estratégia Sul-Sul, com os Estados Unidos em tor- iniciativas adotadas em 2003 e gião”, disse o pro-
RASIL SE
subdesenvolvido o Brasil passou por várias zo-
e pobre, sem ne- nas de risco sem avarias visí-
nhuma modéstia veis – como as viagens presiden-
B
Lula embrenhou-se em um ro- no de um novo modelo para a aprofundá-las. fessor Alfredo MOSTRA COMO “colonizada”. ciais a Cuba, à Síria e à Líbia,
teiro por cinco países da África, negociação da Alca. Ganhou a Nessa linha enquadra-se a Valladão, da Cá- A estratégia nas quais não foi solicitada ne-
entre os quais três de língua por- parada, com o consenso sobre o proposta de realização de uma tedra Mercosul ‘LIDERANÇA Sul-Sul está inse- nhuma moderação aos gover-
tuguesa. O terceiro traço do ma- formato da “Alca Light” em no- reunião de cúpula esdrúxula. do Instituto Na- rida nesse princí- nantes, e a montagem do G-20.
pa-múndi imaginado por Lula vembro, em Miami. Mesmo Envolverá os chefes de Estado cional de Ciên- GENEROSA’ pio, assim como “Por enquanto, Lula conta
seguiu na direção do Oriente com os acordos com sua vizi- da América do Sul – região que, cias Políticas a atual campa- com um estoque de tolerân-
Médio, onde se meteu em uma nhança sul-americana, a diplo- nas últimas duas décadas, des- (Sciences-Po), de nha do governo cia, no plano internacional.
polêmica visita a cinco países, macia não conseguiu dissipar o dobrou-se em favor da redemo- Paris. “O País perderia, com em favor de uma cadeira per- Ele ainda é visto como um lí-
entre os quais a Síria e a Líbia. alto risco de o Brasil acabar iso- cratização e do fortalecimento certeza, suas chances de atuar manente para o Brasil no Con- der que promete adotar uma
lado e com acesso limitado de de suas instituições – e dos paí- como mediador de crises.” selho de Segurança da ONU. política de combate à exclu-
Light – Em paralelo a essas seus bens e serviços ao merca- ses árabes – na sua maioria, regi- Também se enquadram no ce- são social mesmo mantendo a
iniciativas, o Itamaraty resol- do americano. mes ditatoriais, pouco sensíveis Messiânica – Indiscutivel- nário os repetidos discursos de ortodoxia na sua política eco-
veu construir uma aliança Para 2004, o governo preten- à prioridade que se dá, no Oci- mente, os diferentes tabuleiros Lula em favor de um fundo nômica. Mantém um governo
com outros 21 países exporta- de partir para a prospecção de dente, a questões de direitos hu- explorados pelo novo governo mundial de combate à pobreza popular, mas ainda não popu-
dores e importadores agrícolas novos aliados. A estratégia Sul- manos. Mesmo focada no co- brasileiro na órbita internacio- – uma transposição para o pla- lista”, afirmou.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA

‘ ‘ ‘
Na área social, vou dar A política externa é Este ano foi de transição,
nota 5 para o nono ano do muito boa. A gente tem difícil, com duas reformas
governo FHC, com forte esperança de que as coisas essenciais. Isso nos dá a
esperança que o governo Lula melhorem no próximo ano. partir de 2004 esperança de
comece a cumprir no próximo Não vou dar nota porque desenvolvimento, com o
NOTA ano as promessas feitas NOTA não sou de dar nota NOTA social em primeiro lugar e
na campanha para ninguém a cultura incluída no social
5 Siro Darlan, juiz da 1.ª Vara da
Infância e Juventude do Rio - Oscar Niemeyer,
arquiteto 7 Bete Mendes,
atriz
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X4 - O ESTADO DE S.PAULO
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ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

Dida Sampaio/AE
Deputados da base aliada comemoram, em setembro, a aprovação da reforma tributária em primeiro turno: as prometidas mudanças estruturais foram esvaziadas pelo lobby dos governadores

REFORMAS CHEGAM PEDINDO OUTRAS da antes por causa de uma deci- imediatamente em vigor. dade da Cofins, apresentadas co desempenho da economia e Por outro lado, a idéia de fa-
Com alma de tucano, novas
são do Supremo Tribunal Fede- As prometidas mudanças es- como grandes incentivos ao se- pelo reajuste das aposentado- zer justiça social por meio de
regras para a Previdência e ral contrária à medida, combati- truturais, como a reformulação tor produtivo, concluem um rias do INSS, deveriam encer- uma reformulação profunda
tributária ficam muito da na época pelo PT. A atual re- do ICMS e o fim da guerra fis- processo iniciado na gestão rar 2003 com um buraco duas no IR parece cada vez mais dis-
aquém do que se prometeu forma previdenciária também cal, foram amenizadas pelo lob- FHC. E, no caso da Cofins, a vezes maior do que o de dois tante da agenda do governo.
conseguiu quebrar a paridade by dos governadores e só de- proposta de anos atrás. Além de resistir à eficácia de
SÉRGIO GOBETTI entre os proventos de servido- vem ser concluídas em 2004, pa- adoção da con- Vários ana- uma alíquota de 35% sobre os


res ativos e inativos, uma das ra entrar em vigor em 2005. A tribuição so- Realizamos listas já apon- grandes salários, o comando da

B
RASÍLIA – O governo normas constitucionais mais ca- instituição do Imposto sobre freu intensa tam a necessi- Receita é contrário a rever al-
Lula chega ao fim de seu ras aos sindicatos do funciona- Valor Adicionado (IVA) foi crítica pelos uma grande dade de uma guns dispositivos criados na ges-
primeiro ano comemo- lismo ligados à CUT. transformada apenas em uma reflexos que te- nova reforma, tão anterior e muito criticados
rando a aprovação das refor- No campo tributário, o gover- meta a ser perseguida até 2007. ria sobre a car- obra política. capaz de con- pelos petistas, como o direito de
mas previdenciária e tributária no teve de abrir mão de grande Segundo o líder do governo ga tributária. Votar a reforma trolar o cres- as empresas deduzirem do cál-
no Congresso, mas muito pou- parte das mudanças que tinha no Senado, Aloizio Mercadante cente peso dos culo de seu imposto o chamado
co dessa vitória pode ser atribuí- a “cara do PT” – como a pro- (PT-SP), a divisão da reforma Receita – As num quadro benefícios pre- “juros sobre capital próprio”.
do à plataforma ou às promes-
sas de campanha do PT. Gran-
gressividade dos impostos so-
bre heranças e transmissão de
em três etapas foi justamente o
que viabilizou sua aprovação.
duas refor-
mas devem re-
de debilidade videnciários e
assistenciais.
Um dos poucos avanços em
termos de justiça tributária assi-
de parte das mudanças promo- bens imóveis, além de uma re- “Realizamos uma grande obra forçar a recei- fiscal é complexo Um estudo do nalados pela reforma é a redu-
vidas no sistema de aposentado- formulação mais profunda do política, porque votar uma re- ta da União Aloizio Mercadante Ministério da ção do ICMS sobre produtos da
ria dos servidores e do sistema Imposto de Renda – para conse- forma destas em um quadro de em R$ 13,2 bi- Fazenda che- cesta básica, medicamentos e
tributário apenas repete ou con- guir aprovar a reforma. Do tex- debilidade fiscal como o atual é lhões já em ga a sugerir energia elétrica de baixo consu-
solida a agenda do governo Fer- to enviado ao Congresso, ape- extremamente complexo.” 2004 e propiciar uma redução uma ampla reforma nos gastos mo. Mas essa medida já é apli-
nando Henrique Cardoso. nas três medidas fiscais – a pror- Outras medidas adotadas no lenta e gradual do déficit previ- sociais, focalizando as despesas cada por vários Estados e sua
A cobrança de contribuição rogação da CPMF e da DRU e âmbito da reforma constitucio- denciário do setor público. As prioritariamente em progra- uniformização ainda depende
previdenciária dos servidores a repartição da Cide com Esta- nal, como a desoneração das ex- contas do setor privado, em mas que atendam às classes de confirmação na Câmara e
públicos só não foi implementa- dos e municípios – entrarão portações e o fim da cumulativi- compensação, afetadas pelo fra- mais baixas. de uma longa regulamentação.

UMA FAXINA
do Palácio do Planalto, foram
aprovados. O primeiro, rela-
cionado à lavagem de dinhei-
ro, cria o Cadastro Único de
Correntistas. Outro é o Estatu-

COMPLICADA
to do Desarmamento, que
proíbe a venda de armas e con-
cessão de portes – o texto origi-
nal, no entanto, recebeu vá-
Para dar à PF status de FBI, Bastos iniciou depuração de quadros rias emendas que não agrada-
ram ao governo.
EDSON LUIZ da de sentenças na Justiça Fe- tificar sinais exteriores de rique- O terceiro projeto recebeu
e FAUSTO MACEDO deral em São Paulo, deixou o za. Todo o programa será de- críticas de vários setores, pelo
ministro orgulhoso, segundo senvolvido em 2004. fato de criar o Regime Disci-

O
primeiro passo do mi- suas palavras. A operação man- plinar Diferenciado (RDD),
nistro Márcio Tho- dou um magistrado para a ca- Pesquisas – Thomaz Bastos que coloca prisioneiros de alta
maz Bastos (Justiça) deia – outros dois foram afasta- destaca que seu ministério mu- periculosidade por até um
rumo à construção de uma Po- dos sumariamente das funções dou os critérios para a libera- ano em presídios de seguran-
lícia Federal com jeito de FBI – e expôs o tamanho das trapa- ção de recursos destinados à ça máxima.
foi dado à custa de ações para lhadas na própria PF, desmas- área de segurança. “Não somos Apesar do anúncio de ad-
Rafael Neddermeyer/AE

depuração dos quadros da cor- carando agentes de graduação uma tesouraria, para ter recur- missão de novos policiais fede-
poração. Quando assumiu o modesta e delegados do alto es- sos é necessário apresentar pro- rais, as três turmas formadas
cargo, em 2 de janeiro, Tho- calão que foram jetos”, adverte o em 2003 são herança da admi-
maz Bastos declarou publica- parar na prisão. ministro, que re- nistração Fernando Henrique
mente que pretendia fazer da
PF de Lula uma polícia igual
à dos americanos, uma força
Anaconda à
parte, o pacote
contra lavagem
O PERAÇÃO
passou este ano
US$ 187 milhões
para Estados e
Cardoso – os concursos e pro-
cesso de seleção foram realiza-
dos no governo anterior. O pri-
inteligente, ágil, dedicada ao de dinheiro discu- ANACONDA municípios, so- Thomaz Bastos: “Para ter recursos é necessário apresentar projetos” meiro concurso público para
contribuinte e livre do fardo tido por 60 técni- ma pequena com- a PF, no governo Lula – com
da corrupção que pesa sobre cos e autoridades PÔS JUIZ parada aos pro- Bastos que acabou sendo lança- res, havia contratado a ex-mu- previsão de ampliação em
parte do aparelho policial. do governo Lula, blemas vividos da por iniciativa dos governado- lher, e também a atual, para 70% dos quadros da corpora-
A promessa do ministro, nos primeiros NA CADEIA atualmente pelo res do Sudeste. “Nunca tive- coordenação de pesquisas da ção –, só será feito a partir de
ele próprio reconhece, está dias de dezem- País. mos integração e parceria co- Pasta da Justiça. março. Até lá, o Ministério da
longe de ser cumprida. A PF bro, talvez seja a O ministro mo agora”, avalia. Justiça terá de encontrar bons
preserva estilo e limitações de marca registrada do ministro também se empenhou para al- No segundo semestre, o mi- Concurso – Mas se os planos argumentos para sensibilizar
outros tempos. Thomaz Bas- da Justiça na área de seguran- cançar a unificação das ações nistro debelou ao seu estilo, de combate à violência come- a área econômica que deixou
tos considera, no entanto, ani- ça pública. As 13 medidas de combate à violência por com discrição e firmeza, a çam a sair do papel e dos gabi- a instituição sob pesado cons-
madores os primeiros resulta- anunciadas por ele vão atingir meio do Sistema Único de Segu- ameaça de uma crise interna, netes do Executivo, no Congres- trangimento, com o corte de li-
dos de sua cruzada. A Ana- desde as altas movimentações rança Pública (Susp) e os Gabi- quando descobriu que o então so as coisas andam devagar. nhas de telefone e interrupção
conda, superinvestigação so- bancárias até os servidores pú- netes de Gestão Integradas secretário nacional de Seguran- Durante 2003, apenas três pro- de abastecimento de água por
bre suposto esquema de ven- blicos, que serão obrigados a jus- (GGI) – uma idéia de Thomaz ça Pública, Luiz Eduardo Soa- jetos importantes, de autoria falta de pagamento.

CENAS DO GOVERNO LULA


Dida Sampaio/AE
Joédson Alves/AE

Reuters

Ed Ferreira/AE
Ed Ferreira/AE

Reuters

Companheira de todas as horas, Marisa Letícia desfila elegância


das cerimônias aos passeios informais com o marido presidente
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X5

O GOVERNO APRENDIZ

Com acusações de falta


UMA CRISE CALCULADA bim. Ex-deputado federal pelo
PMDB gaúcho, ministro da
de transparência, Lula Justiça no governo de Fernan-
forçou caminho para a do Henrique Cardoso e amigo
reforma da Judiciário de vários integrantes do primei-
ro escalão do governo, Jobim é
MARIÂNGELA GALLUCCI favorável à criação de um ór-
e EDSON LUIZ gão de controle externo do Judi-
ciário, integrado, inclusive, por

B
RASÍLIA – Ao custo de cidadãos. A expectativa é de
uma crise política calcu- que ele não deverá oferecer re-
lada, o presidente Luiz sistências aos projetos do gover-
Inácio Lula da Silva abriu cami- no Lula para o Judiciário. O Pa-
nho a fórceps para a reforma lácio do Planalto também se
do Poder Judiciário, ao acusá- aproxima do ministro Edson
lo de manter uma “caixa-pre- Vidigal, que em 2004 irá presi-
ta” e instalar no Ministério da dir o Superior Tribunal de Jus-
Justiça uma secretaria de Refor- tiça (STJ), e que defende as
ma do Judiciário. A reação foi mesmas posições de Jobim.
tão barulhenta quanto inútil: o
presidente do Supremo Tribu- Bombeiro – O governo preten-
nal Federal (STF), Maurício de fazer a reforma do Judiciá-
Corrêa, termina seu mandato rio nos quatro anos de Lula. Pa-
no começo de 2004 sem conse- ra isso, atua como bombeiro du-
guir evitar seu desgaste pessoal rante as crises o ministro da Jus-
e do Poder Judiciário, apesar tiça, Márcio Thomaz Bastos,
do apoio de toda a corporação. que também tem o papel de arti-
A crise começou em abril, com culador das reformas dentro do
as declarações Executivo. “Precisamos de
de Lula, agra- uma reforma radical do Judi-


vou-se com os Temos uma ciário. Há divergências, mas is-

Dida Sampaio/AE
escândalos re- so faz parte do ciclo da demo-
gistrados no relação cracia”, afirmou o ministro,
âmbito do Ju- pouco depois de sua posse,
diciário ao lon- amigável com quando anunciou que a refor-
go do ano e só todos e não ma seria o carro-forte de sua
foi atenuada Corrêa e Lula: crise entre os dois começou em abril, quando o presidente acusou o Judiciário de manter uma caixa-preta pasta. “Temos uma relação
em novembro queremos ferir amigável com todos e não que-
quando o pre-
sidente da Re-
a autonomia
ciário com o com a reforma previdenciária, entre Lula e Corrêa aumentou, cer no dia indicado e outra data
objetivo de re- associações de juízes e de pro- criando dificuldades institucio- ficou de ser marcada. Até hoje,
remos ferir a autonomia do Ju-
diciário. Longe disso.”
pública con- do Judiciário
formar o Exe- motores aprovaram a convoca- nais para os dois Poderes. No não houve uma reunião formal. A idéia é relacionar todos os
cordou em en- Márcio Thomaz Bastos cutivo. A res- ção de uma greve inédita de desfile de 7 de Setembro, por Mas no fim de novembro o cli- pontos convergentes entre os
contrar-se posta a essa uma semana em agosto para exemplo, os dois dividiram o ma tenso entre Executivo e Ju- Poderes para levar a reforma o
com o presi- nova provoca- protestar. Pressionado, o gover- mesmo palanque e não se cum- diciário começou a dissipar. Foi mais rápido ao Congresso. “O
dente do STF, reunião ainda ção veio no mês seguinte. No no resolveu ceder em alguns primentaram, mas já tinham durante uma cerimônia de cria- que for divergência, deve ser
por acontecer. discurso de posse de Corrêa na pontos, garantindo, por exem- sido colocados estrategicamen- ção de varas trabalhistas e fede- discutido depois”, avalia Vidi-
A criação da secretaria da re- presidência do STF, Lula teve plo, aposentadoria integral pa- te à distância pelo cerimonial rais que os presidentes dos dois gal, acompanhando o mesmo
forma do Judiciário, em maio, de escutar calado uma série de ra os atuais servidores. A greve da Presidência. Poderes voltaram a se falar. pensamento de Bastos, que
foi recebida pelos juízes como críticas ao projeto de reforma foi cancelada e a popularidade Em outubro, tentando que- Por causa dos problemas de criou a secretaria de reforma
uma interferência na soberania previdenciária que propunha de Corrêa subiu na magistratu- brar o gelo, Corrêa convidou relacionamento e da troca de do Judiciário para colher infor-
do Poder Judiciário. Chegou-se mudanças no Judiciário. A par- ra, depois de representar um pa- Lula para discutir no STF a re- comando no STF, marcada pa- mações e sugestões que possam
a alegar que a medida poderia tir daí, o relacionamento tor- pel em que mesclou discursos forma do Judiciário e dos códi- ra maio, o governo tem optado ser encaixadas no pacote prepa-
ser comparada à instituição de nou-se mais azedo. de juiz e de sindicalista. gos de processo. O presidente por dialogar com o futuro presi- rado pelo Executivo para ser le-
um órgão semelhante no Judi- Diante de prováveis perdas Nos meses seguintes, o fosso disse que não podia compare- dente do Supremo, Nelson Jo- vado ao Legislativo.

APRENDENDO A SER VIDRAÇA


deu em tamanho para a cober- ra e passou a fotografar os fotó- manual que as cartas de gover-
Partido convive mal
tura da viagem do presidente grafos. Um repórter perguntou- nantes aos jornais devem ter co-
com críticas e denúncias Lula ao Oriente Médio. lhe como era estar do “outro la- mo objetivo corrigir um erro de
e criou um esquema Os atritos tornaram-se corri- do” da câmera. O presidente informação ou responder a críti-
fechado de comunicação queiros. Até simples informa- respondeu, mas o gravador do ca ou infâmia: “Erros de infor-
ções – como a agenda de minis- repórter já estava no chão após mação sempre devem ser corri-
JOÃO DOMINGOS tros e do presidente – dão moti- um tranco do próprio Kotscho. gidos, mesmo os de pequena im-
e TÂNIA MONTEIRO vo a discórdias. Ao contrário de “Com relação ao tapa na portância. Críticas nascidas de
secretários de Imprensa de go- mão do repórter, isso aconte- discordâncias ideológicas ou

B
RASÍLIA – Estilingue vernos anteriores, que faziam ceu. Estávamos chegando de doutrinárias ou de mera vonta-
por 22 anos, o PT atirou tudo para facilitar a convivên- balsa a Itinga, no Vale do Jequi- de de agredir não devem ser
pedras como ninguém. cia com os meios de comunica- tinhonha. Era um sistema de se- contestadas.” Patrulhamento e
Vidraça há um ano, convive ção credenciados no Planalto, a gurança complicado. De repen- interferência numa opinião ja-
mal com as críticas. Especialis- Secretaria de Imprensa não te, no meio da multidão, surgiu mais devem ocorrer.
tas na difusão de denúncias pe- tem pressa em resolver pendên- uma mão com gravador. Afas-
la imprensa, os petistas ator- cias que surgem no dia-a-dia. tei a mão e disse: agora não”, re- Briefings – Outro problema é
mentaram a vida dos governos Na gestão Sarney, a sala do lata Kotscho. “Isso tudo que o porta-voz da Presidência, An-
passados com o vazamento de então secretário de Imprensa, aconteceu é muito desagradá- dré Singer. Nos governos passa-
informações as mais confiden- Fernando Cesar Mesquita, era vel. Foi um primeiro ano de dos e no início deste o porta-voz
ciais. Calouros no trato da cor- aberta ao público, embora fosse uma adaptação muito difícil pa- falava quase diariamente com
rupção dentro de casa, passa- o primeiro governo civil após o ra a imprensa e para mim. No jornalistas. Em janeiro, Singer
ram a ver um inimigo potencial regime militar e a estrutura ad- ano que vem espero que as coi- falou 14 vezes com a imprensa.
em cada jornalista. Por isso, o ministrativa ainda estivesse sas possam melhorar. Eu não No mês passado, apenas 6. A ex-
governo adotou um formato de contaminada pela síndrome do vou fazer mais isso”, promete. plicação foi que Lula não teve
comunicação fechado, centrali- sigilo de informação. Ana Tava- O Comitê de Imprensa do espaço na agenda para conver-
zado em alguns funcionários. res, assessora do ex-presidente Planalto, criado para o diálogo sar com seu porta-voz.
Nesse contex- Fernando Henri- formal com a Se- Já foram fei-
to, fortaleceu a que, não deixava cretaria de Im- tas várias tentati-
Radiobrás e privi-
legiou-a com
acesso exclusivo
OTSCHO K
telefonema sem
resposta, mesmo
quando o acom-
prensa, autodis-
solveu-se por ser
inútil. Na linha
C
OMITÊ DE
vas para melho-
rar a relação en-
tre governo e im-
NÃO ADMITE IMPRENSA DO
Joédson Alves/AE

aos eventos e am- panhava fora do adotada em toda prensa. Três me-
bientes que têm a País. Ana tinha a estrutura do go- ses depois do iní-
presença do pre- QUE REPÓRTER cuidado especial verno, de concen- PLANALTO FOI cio do governo, o
sidente e, histori- com os que a pro- tração das infor- relacionamento
camente, sempre ABORDE LULA curavam ou via- mações, a secre- DISSOLVIDO já era tão ruim
foram abertos a javam com o pre- Lula tira foto de fotógrafos no Itamaraty: vida difícil para jornalistas taria foi amplia- que o Sindicato
jornalistas cre- sidente. Articula- da. Criou uma re- dos Jornalistas
denciados. Com isso, tenta esta- va entrevistas coletivas nas em- tapa nas mãos de um repórter que não podia, porque aquilo dação que mantém o site www. do Distrito Federal enviou à Se-
belecer um noticiário padrão, baixadas ou hotéis. Esclarecia que, gravador em punho, “ou- era um templo. Mais tarde, ela info.planalto.gov.br e reproduz cretaria de Imprensa um abai-
distribuindo em sua rede gratui- pontos obscuros, convidava edi- sou” fazer perguntas a Lula. insistiu. Eu me aproximei e dis- a agenda oficial do presidente. xo-assinado, “Manifesto pela
ta imagens e textos com enfo- tores para almoços de trabalho. No Oriente Médio, Kotscho se: saia daqui. Você está sendo Todas as assessorias de co- Liberdade de Informar”. Apon-
que de interesse oficial. chamou duas vezes uma repór- cafajeste. No dia anterior, a municação foram enquadradas tava sérios entraves de setores
O processo é extensivo à co- Tapa – Avesso a celular e com- ter do Estado de “cafajeste” e mesma repórter fora barrada na orientação central. A Secre- do governo à liberdade de infor-
bertura de áreas e assuntos fora putador, o secretário de Comu- mandou-a calar a boca porque por seguranças ao tentar se taria de Comunicação e Gestão mação, afirmava que ministros
da esfera oficial, como cultura, nicação, Ricardo Kotscho, cole- comentara com o presidente so- aproximar do presidente quan- Estratégica criou o Serviço de proibiam a divulgação de suas
esporte, lazer. No início do mês, ciona desentendimentos. Não bre a beleza da mesquita onde do não podia”, diz Kotscho. Pronta Resposta, para que toda agendas e havia nos ministérios
o site da Radiobrás na internet admite que repórter credencia- estavam. “Realmente chamei a Seus auxiliares ligam para os informação de jornais conside- e palácios bloqueio de informa-
(www.radiobras.gov.br) dedi- do aborde o presidente, mesmo repórter de cafajeste. A repór- jornalistas antes de cerimônias rada infundada seja rebatida ções até a respeito de encon-
cou espaço nobre ao polêmico quando Lula favorece e permi- ter passou pelos seguranças e se para reiterar a “regra” que proí- na hora. Existe até um manual tros, debates e processos que
procurador da República Luiz te a abordagem. Mais duro que aproximou do Lula. Disse que be perguntas. Num dia de bom para orientar funcionários a co- sempre foram acompanhados
Francisco de Souza, que só per- um agente da segurança, já deu faria uma pergunta. Respondi humor, Lula pegou uma câme- mo responder a jornais. Diz o sem problemas pela imprensa.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


Superou as Dou nota 10 ao primeiro Nota zero, porque não

‘ expectativas. Foi bom e

NOTA
surpreendente,
tranqüilizando
o mercado, com o

8
controle da inflação,
do câmbio
Carlos Alberto Parreira, técnico da
seleção brasileira de futebol
‘ ano do governo Lula,
porque ele é maravilhoso,
torço muito por ele e desejo
que 2004 seja um ano de
NOTA

10
muitas realizações para
ele e todos nós
Emilinha Borba,
cantora
NOTA
existe menos 1, pela
política econômica e as
reformas. Mas dou nota 3 pela
boa intenção que há na alma

0
e no coração de algumas
personalidades do governo
Heloísa Helena,
senadora
Produto: ESTADO - BR - 6 - 31/12/03 X6 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 6 - 31/12/03 X6 - Composite

X6 - O ESTADO DE S.PAULO
%HermesFileInfo:X-6:20031231:

ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

OPOSIÇÃO LIGHT COM DIAS CONTADOS Tucanos e pefelistas, que ajudaram realidade, ela não é irresponsá-
vel”, afirma Virgílio.
Planalto a aprovar as reformas da Com a aprovação das refor-
Previdência e tributária, prometem mas, o compromisso dos tuca-
jogo duro daqui para a frente nos com o Planalto acaba. Essa
liberdade coincide com a eleição
EUGÊNIA LOPES tendência é que as alas coman- do ex-senador José Serra para
dadas pelo presidente do parti- comandar o PSDB. Candidato

B
RASÍLIA – As eleições do, senador Jorge Bornhausen derrotado à Presidência, Serra
municipais de 2004 vão (SC), e pelo senador Antonio já assumiu a direção do partido
pôr um ponto final na Carlos Magalhães (PFL-BA) fazendo críticas contundentes
lua-de-mel de parte da oposi- acabem unificando o discurso, ao governo Lula, principalmen-
ção com o governo de Luiz Iná- em 2004, contra o governo por te na condução da economia.
cio Lula da Silva. Pelo menos é causa das eleições municipais.
o que apostam líderes dos prin- Ambos têm como inimigos em Construtiva – Apesar de ga-
cipais partidos de oposição: o seus Estados o PT e, opor-se ao rantirem que farão uma oposi-
PSDB e o PFL. Os tucanos e os Planalto, será uma questão de ção mais aguerrida ao governo,
pefelistas, que este ano tinham sobrevivência política. tanto pefelistas quanto tucanos
compromissos com as reformas prometem se comportar de for-
da Previdência e tributária e Divisão – Situação bem dife- ma responsável. Querem dei-
ajudaram o Palácio do Planal- rente da deste ano quando o xar claro que são bem diferen-
to, prometem agora fazer uma PFL expôs claramente sua divi- tes do PT, que não ajudou o go-
oposição mais aguerrida ao go- são interna na votação das re- verno de Fernando Henrique
verno de Lula no ano que vem. formas da Previdência e tributá- Cardoso a aprovar projetos e re-
Afinal, seus candidatos serão ria. A corrente de Bornhausen formas constitucionais. “Não
concorrentes diretos na disputa ficou em franca oposição ao Pla- será uma oposição destrutiva,
com o PT pelas mais de cinco nalto, votando contra o gover- mas será uma oposição fiscali-
mil prefeituras do País. no. Na reforma tributária, mes- zadora”, resume Agripino
“A eleição mo depois de Maia. Segundo ele, o PFL vai se
municipal se- um amplo dedicar em 2004 a mostrar à so-


rá um miracu-
loso bálsamo
A eleição será
acordo entre
todos os parti-
ciedade que o governo não cum-
pre suas promessas, como aca-
porque ficará um miraculoso
dos, três sena- bar com o desemprego e melho-
claro que o
PT é nosso ad-
bálsamo porque
dores do PFL
– Marco Ma-
rar a segurança pública. Tam-
bém fará “uma vigilância per-
versário em to- ficará claro que o
ciel (PE), José manente” no campo da ética,
da parte. E aí
o fígado vai fa-
PT é nosso
Jorge (PE),
além de Bor-
cobrando ações rápidas e efica-
zes do governo e do PT para ex-
lar mais alto e adversário. E aí o
nhausen – in- plicar episódios como o da mi-
o namoro de sistiram em se nistra da Assistência e Promo-
parte do PFL fígado vai falar
posicionar ção Social, Benedita da Silva,
com o PT ter- mais alto
contra a pro- que viajou para o exterior com
minará com posta. recursos públicos para partici-
José Agripino Maia
as eleições”, Já a ala do par de um culto evangélico.
diz o líder do PFL liderada Cobranças semelhantes se-
PFL no Senado, José Agripino por ACM esteve praticamente rão feitas pelos tucanos, que
Maia (RN). todo o tempo ao lado do governo também prometem não deixar
“A tendência é a oposição ser Lula. Ajudou o governo com vo- em paz o governo quando o as-
mais dura em 2004 e a tendên- tos e articulações políticas. sunto for ética e emprego. “A
cia é que fique mais acirrada “Acho que o PFL vai esticar a opinião pública deu este ano de
com as eleições. Todos os defei- corda o ano que vem e continua- graça para o governo e o PT.

Dida Sampaio/AE
tos do governo virão à tona rá nesse posicionamento de ser Houve até complacência”, diz
com eleições”, observa o ex-go- contra tudo”, aposta a senadora Tasso. “No ano que vem, o go-
vernador e senador Tasso Je- Roseana Sarney (PFL-MA), alia- verno não terá desculpas para
reissati (PSDB-CE). “O PSDB da do presidente Lula desde as não deslanchar seus projetos. A
vai ter menos momentos em eleições de 2002. “Mas em tudo oposição vai recrudescer na me-
que votará com o governo no aquilo que for para ajudar o Bra- Bornhausen, Virgílio e Agripino: com aprovação das reformas, compromisso com Planalto acaba dida em que os governo terá
ano que vem”, afirma o líder tu- sil nós vamos estar juntos com o mais erros. Temos muito a criti-
cano no Senado, Arthur Virgí- governo”, completa a senadora, dividindo este ano durante a vo- formas de Lula. De um lado, fi- compromissos com os governa- car neste governo”, afirma Vir-
lio Neto (AM). que também terá de enfrentar o tação das reformas. Mas a divi- caram os parlamentares liga- dores, que se posicionaram con- gílio, que no início do ano, ao as-
O PFL, que passa por um sé- PT no Maranhão na disputa mu- são foi mais por conta da conve- dos aos governadores, que vota- tra o Planalto. “Alguns dizem sumir o mandato de senador,
rio racha interno, deverá ficar nicipal do ano que vem. niência dos governadores que, ram a favor das reformas. De que a oposição é pouco combati- prometeu dar “o pior” de si pa-
mais unido no ano que vem. A O PSDB também acabou se desde o início, apoiaram as re- outro, os tucanos sem muitos va. Mas isso não é verdade. Na ra combater o governo.

AOS DESILUDIDOS, A PORTA DE SAÍDA


Da empolgação à
decepção foi questão de
Câmara para pronunciar o dis-
curso do sonho perdido. Hoje, POUCOS
meses, e muitos petistas já
ele admite que o governo até
evoluiu um pouco na política FALAM EM
entram 2004 fora do PT externa, mas no geral, ressalta
o deputado, o balanço conti- DEIXAR O PT
SILVIO BRESSAN nua o mesmo de outubro.
“Nas políticas sociais, no sa- Se o sonho é ruim, a realida-

P
ara alguns petistas, de- neamento, na educação, no de pode ser pior. Apesar de to-
siludidos com os ru- meio ambiente, não se acres- das as críticas ao governo,
mos do governo Lula, centou nada”, afirma o ex-pe- poucos falam em sair do PT,
2003 foi o primeiro e último tista. A saída dos radicais, no um partido organizado e cada
ano no poder. Na definição seu entender, foi outro erro. vez mais poderoso. Mesmo os
usada pelo deputado Fernan- “São atitudes baseadas no cen- descontentes, como o filósofo
Joedson Alves/AE

do Gabeira, em outubro, ao tralismo democrático soviético Emir Sader, e até alguns que
sair do partido, este foi o ano do início do século”, compara. já saíram, a exemplo do depu-
em que o sonho acabou. Em- Já na avaliação de Milton tado Fernando Gabeira, consi-
polgados com o que conside- Temer, o equívoco maior dos deram que este pode não ser o
ravam uma oportunidade his- “sonhadores” foi achar que Lu- melhor caminho. “O melhor
tórica para o partido pôr em la quisesse reproduzir um no- Gabeira, na saída do Planalto: “Não adianta querer sonhar o mesmo sonho em outro partido” lugar para mudar o País e o
prática seus discursos na opo- vo modelo de PT ainda é dentro do parti-
sição, eles ficaram decepcio- socialismo. contro, defen- contraditório entre a política tar”, afirma. do”, avalia Sader, que não pre-


nados com as semelhanças
entre o governo Lula e o de
“Mas concluí
que, no fun-
Acabou.
dendo o supe- econômica conservadora, a Outro eleitor cético de Lula é
rávit primá- política externa soberana e as o presidente do Tribunal Supe-
tende rasgar sua carteirinha
tão cedo. “Não adianta querer
Fernando Henrique Cardo- do, Lula que- No PT, não
rio de 4,25% demandas sociais não atendi- rior do Trabalho (TST), Fran- sonhar o mesmo sonho em ou-
so. A continuidade da políti-
ca econômica, a agenda de re-
ria copiar o
(Jacques) Chi-
há outro
e a autono- das”, resume.
mia para o
cisco Fausto, que em julho, no
Também sem tantos sonhos, auge da crise entre Executivo e
tro partido”, diz Gabeira.
Por isso mesmo, Sader insis-
formas e a falta de resultados rac”, afirma. sonho a ser
Banco Cen- o jornalista e historiador Jacob Judiciário, admitiu ter votado te em permanecer na trinchei-
na área social, além das ares- “É um gover- tral. “Com es- Gorender não deixa de criticar nele: “Fui vítima de um estelio- ra. “Ainda temos muita luta
tas abertas no meio ambiente no de política sonhado
sa perspecti- o primeiro ano do governo Lu- nato eleitoral.” Embora hoje se pela frente.”
e nos direitos humanos, fo- externa avan- Milton Temer va, qualquer la. Autor do consagrado Com- mostre menos enfático, Fausto Na opinião de Gabeira, que
ram completadas com a ex- çada e de polí- sonho fica li- bate nas Trevas, que conta a vê grandes mudanças entre as ainda está sem legenda, os pe-
pulsão, em dezembro, dos tica econômi- quidado.” história e o drama dos grupos promessas de Lula e seu desem- tistas precisam primeiro com-
parlamentares radicais. ca neoliberal, um modelo que A política econômica e a ex- guerrilheiros durante a ditadu- penho até agora. “Houve uma preender tudo o que houve
“Acabou”, resumiu o ex-de- o próprio Chirac não hesita pulsão dos dissidentes tam- ra militar, Gorender se diz um mudança muito radical”, afir- com o partido em seus 24
putado Milton Temer (RJ), em qualificar de direita.” A úl- bém deixou o filósofo Emir cético sobre o comportamento ma. “Mas ainda acho que esta- anos de existência. “É preciso
um dos que resolveram aban- tima esperança, diz o ex-parla- Sader, diretor do Laboratório do governo na área dos direi- mos na fase de plantar.” E o so- reavaliar tudo e pensar para a
donar o partido após as ex- mentar, foi liquidada com a de- de PolíticaS Públicas da Uerj tos humanos. “Acho que o go- nho dos petistas? O juiz acha frente, em como se faz um par-
pulsões. “No PT, não há ou- cisão do diretório em expulsar e petista de carteirinha, ain- verno Lula está ganhando tem- melhor esperar pela fase da co- tido novo compatível com a so-
tro sonho a ser sonhado.” os radicais e o discurso que o da mais cético quanto ao futu- po e não acho que vá fazer lheita. “Não sei se ela vai che- ciedade atual”, afirma. “Não
É o que já achava Gabeira, ministro da Fazenda, Antônio ro do governo Lula. “No míni- qualquer coisa, porque quer gar mesmo, mas quem sabe adianta mais reproduzir algo
quando subiu na tribuna da Palocci, fez nesse mesmo en- mo, trata-se de um governo evitar atritos com a área mili- 2003 não foi só um pesadelo?” que já ficou lá atrás.” (S.B.)

CENAS DO GOVERNO LULA


Dida Sampaio/AE

Benedita, Marisa
com Lula: Letícia
gastos em faz carinho
três viagens em Lula:
complicam elogios à
vida da mulher são
Joédson Alves/AE

ministra da freqüentes
Assistência e nos
Tasso Marcelo/AE

Promoção discursos do
Social presidente

Babá, Heloísa Helena, Luciana Genro e João Fontes: dor de cabeça no Congresso
Produto: ESTADO - BR - 7 - 31/12/03 X7 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 7 - 31/12/03 X7 - Composite

QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


%HermesFileInfo:X-7:20031231:

ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X7

O GOVERNO APRENDIZ

UMA GUERRA AINDA LONGE DO FIM


Lula conclamou País nuou praticamente igual. “O
efeito da transferência de renda
para tentar vencer a sobre a família é aumento do
fome, mas resultados bem-estar, pois há mais recur-
em 2003 foram fracos sos, mas não muda estrutural-
mente logo. O que muda mes-
LUCIANA NUNES LEAL mo, no futuro, é a criança se
educar melhor”, diz Sônia, que

R
IO – Às vésperas do se- se confessa cética em relação ao
gundo turno da campa- futuro. “Sou pessimista porque

Fotos: Alexandre Belem/AE


nha, o então candidato o crescimento espontâneo da
do PT, Luiz Inácio Lula da Sil- economia também é concentra-
va, anunciava: “Meu primeiro dor de renda. Gera empregos,
ano de governo terá o selo so- mas muito qualificados.”
cial do combate à fome. A úni- Para ela, o problema dos pro-
ca guerra que pretendo travar é gramas sociais não é a falta de
contra a fome e em favor do em- recursos, mas como fazê-los
prego.” Elegeu-se e, no dia da chegar aos mais pobres. O ca-
posse, conclamou o País a fazer Marise Santana: sem queixas, a não ser o medo de morar longe José de Fontes: “Aqui não vou ser roubado como na palafita” dastramento, por exemplo, “é
da erradicação uma complica-
da fome “uma ção”, mas não há
causa nacional”. outra forma de
Foi o presiden- focalizar o aten-
te quem transfor- dimento aos po-
mou a área so- bres. “A concep-
cial na maior ex- ção geral é sim-
pectativa de seu ples, mas o fim
governo. Ao fim da linha é compli-
de um ano, po- cado. O governo
rém, ela virou a chega e diz que
grande promessa descobriu a pól-
para 2004. Um vora sem fuma-
passo importan- ça, mas vê que os
te foi dado em ou- problemas são os
tubro, com o lan- mesmos”, diz.
çamento do Bol- O ministro Jo-
sa-Família, que sé Graziano (Se-
unifica quatro gurança Alimen-
programas de tar) concorda
transferência de que a questão do
renda e tem R$ cadastramento é
5,3 bilhões reser- complicada. Ele
vados para 2004. estima que meta-
Esta é a grande de das famílias
aposta do gover- miseráveis do
no, embora ain- País não está no
da tenha proble- cadastro do go-
mas sérios, como verno e, portan-
o cadastro dos be- to, não é benefi-
neficiários. O fes- ciária de progra-
tejado programa mas de transfe-
Fome Zero tam- rência de renda.
bém tem anun- Brasília Teimosa, de onde foram tiradas as palafitas: daqui a cerca de um ano, moradores deverão ter suas casas de alvenaria Ele faz um “ba-
ciado avanços, depois de um co- lanço extremamente favorá-
meço cheio de desencontros. vel” da área social neste primei-

ADEUS ÀS PALAFITAS
“Na área social, o primeiro ro ano, mesmo apontando co-
semestre foi muito confuso”, mo ponto fraco as dificuldades
avalia a economista Sônia Ro- de registro dos pobres, “uma he-
cha, coordenadora de projetos rança” de governos anteriores.
do Instituto Brasileiro de Eco- Brasília Teimosa, onde pela prefeitura. Daqui a um da pelas construções. “Das ou- lidando-se como área de resis- “Tem muita gente extrema-
nomia, da Fundação Getúlio ano, todos irão para suas casas tras vezes nada era feito na tência popular. mente pobre fora do cadastro,
Vargas (FGV). “Foi lançado o Lula levou os ministros de alvenaria, com dois quartos, área, que voltava a ser invadida José Francisco Figueiredo especialmente nas grandes cida-
Fome Zero, mas a população para mostrar a miséria, sala e cozinha, que serão cons- pelas palafitas.” de Fontes, de 41 anos, soltei- des. Herdamos isso. Nossa prio-
são sabia o que era política pú- começa a mudar truídas no Cordeiro, na zona ro, destacou que em Brasília ridade não foi fazer recadastra-
blica e o que era mobilização da oeste da cidade. Longe do ideal – Mesmo li- Teimosa tem amigos que o mento ou ampliação de cadas-
sociedade. As pessoas começa- ÂNGELA LACERDA A mudança é resultado do vres dos problemas enfrentados ajudam nas necessidades e o tro, mas unificar os vários ca-
ram a doar coisas que não se sa- compromisso assumido pelo nas palafitas e com a perspecti- mar: “Quando a coisa aperta, dastros que já havia”, afirmou

R
bia para onde iam”, conta. En- ECIFE – Nadjaíra presidente Luiz Inácio Lula da va da casa própria, muitos de- a gente pesca um peixe, um o ministro. “Estamos terminan-
quanto isso, a parte de transfe- Claudino da Silva, 43 Silva, que visitou o local no dia monstram insatisfação. Uns re- marisco, dá para ir levando.” do o ano com uma grande con-
rência direta de renda começou anos, três filhos, mo- 10 de janeiro, acompanhado de clamam que R$ 151 é pouco pa- Ele ainda reclama do valor do quista, que é a unificação dos
nas pequenas cidades do semi- rou durante 13 anos em uma todo o seu ministério para que ra pagar um aluguel. Muitos es- auxílio-moradia. Alugou uma programas de transferência de
árido sem formato definido. palafita no bairro de Brasília os auxiliares diretos conheces- tão frustrados moradia de renda. Vai dar ao governo um
Hoje, as transferências de Teimosa, na Praia do Pina, no sem a miséria e a tivessem co- porque irão mo- dois vãos por controle e uma amplitude ja-
renda estão a cargo do Bolsa-
Família, coordenado pela soció-
loga Ana Fonseca e ligado dire-
Recife. O medo a acompa-
nhou durante todo esse perío-
do, e sua moradia de madeira
mo referência para o seu traba-
lho. Lula encampou o projeto
“Recife sem Palafitas”, do pre-
rar longe de Bra-
sília Teimosa, on-
de construíram
A
UXÍLIO DE
R$ 150, mas
passou a pagar
água e luz, o
mais vistos e, frente à dispersão
dos programas que nós tínha-
mos, é uma grande vitória.”
tamente à Presidência. O Fome cedeu três vezes à ressaca do feito João Paulo (PT), compro- suas vidas. Ro- R$ 151 É que não aconte-
Zero, do Ministério Extraordi- mar. Ela também teve televi- metendo-se a financiar a cons- sângela da Silva cia na palafita. Ações – Em 2004, ele terá R$
nário da Segurança Alimentar, são, bujão, rádio e objetos pes- trução das novas moradias. A Leite, de 20 anos, POUCO, “Lá a gente pu- 400 milhões para o Fome Zero.
é responsável por dez ações, soais roubados por causa da prefeitura é responsável pela não sabe como se- xava uma gam- “No total, temos um leque de
que vão da agricultura familiar vulnerabilidade do barraco reurbanização da orla. O proje- rá quando se mu- RECLAMAM biarra de um 50 ações dispersas por 15 minis-
à construção de cisternas e par- suspenso. Convivia com ni- to inclui recuperação de muro dar com o mari- poste.” térios. Nosso papel sempre foi
ceria com empresas privadas. nhos de ratos, baratas e escor- de contenção do mar, engorda do André, que é MUITAS DAS Com as no- de articular, coordenar e depois
piões, não tinha água encana- da praia, avenida beira-mar pescador. “Ele vas despesas, o devolver a ação para seu lugar
Novo – Para outro pesquisador da e a área era usada como com ciclovia, pista de skate, vai perder dinhei- 560 FAMÍLIAS pouco dinheiro devido”, diz Graziano, negan-
da pobreza na FGV, Marcelo abrigo de vendedores de maco- playground, equipamentos pa- ro com transpor- conseguido do que sua pasta tenha sido es-
Néri, não se deve esperar de- nha e marginais. “Eu já nem ra a prática de ginástica e ba- te e tempo para BENEFICIADAS com um biscate vaziada pelo Bolsa-Família.
mais do Fome Zero. “O progra- sabia mais o que era dormir di- nheiros públicos. vir para cá.” tornou-se ain- “Havia uma grande expectati-
ma tem algumas vantagens, se reito”, afirmou ela, contente A intervenção pública vai im- Marise de Oli- da mais insufi- va com o Fome Zero, as pes-
deixar que faça o que é sua voca- por ter, há três meses, deixado pedir que as palafitas voltem a veira Santana, 31 anos, cinco fi- ciente. Ele admite, porém, soas queriam participar e esse
ção, mobilizar a sociedade. Este essa realidade para trás, com se instalar no local, para alívio lhos, marido desempregado, que está mais tranqüilo. “Não desejo de participação não era
é um dado novo”, diz. “Este la- outras 560 famílias que vi- dos 36 mil habitantes do bairro alugou um vão por R$ 100 para corro mais o risco de acordar bem cobrança. Mas foi lida por
do participativo tem um gene viam nas palafitas, ocupando que já atestam a redução da in- que sobrasse um pouco de di- com o barraco arriando e aqui setores da imprensa e da oposi-
de Josué de Castro, de Betinho, 1.300 metros de praia. segurança e da marginalidade nheiro para o sustento. Acostu- não vou ser roubado como na ção como uma cobrança.”
contando com um excelente ho- As habitações foram des- na área. “Tinha tiroteio e boca mada ao desconforto, não se palafita.” Com 2 mil comitês funcio-
mem de marketing que é o Du- truídas. A maior parte dos de fumo, por conta da gente de queixa. Ela não esconde, po- “Mesmo ruim, é bom”, resu- nando em todo o País, Grazia-
da Mendonça e um garoto-pro- seus moradores, como Nadjaí- fora que se abrigava debaixo rém, o temor de se mudar para me Nadjaíra, definindo a mu- no espera que em 2004 o poder
paganda que é o próprio Lula.” ra, ainda está vivendo em Bra- das palafitas”, afirmou a líder longe. Ela nasceu em Brasília dança. “Ter a casa própria vai público seja capaz de enfren-
Néri elogia o governo, inde- sília Teimosa, em vãos aluga- comunitária Tânia Cristina Ri- Teimosa, comunidade que sur- valer a pena os sacrifícios que tar a burocracia e tornar as ini-
pendentemente das polêmicas, dos com o auxílio-moradia de beiro, contando que esta foi a giu em 1957 e resistiu a inúme- a gente vai ter pela frente”, ciativas sociais mais ágeis. Em
por ter começado com as aten- R$151 mensais patrocinados quarta vez que a orla foi invadi- ras tentativas de despejo, conso- completa Marise. 2003, o Bolsa-Família chegou
ções voltadas para o social. “A a 3,6 milhões de famílias. Até
grande vantagem de Lula foi o fim do governo Lula, preten-
não perder tempo”, avalia. “O Já Sônia acha que não é o mo- “O ideal seria continuar com ou 35% da população, e indica rência de renda é crucial para de alcançar 11 milhões. “Um
governo Fernando Henrique mento de estender benefícios a as famílias com crianças até que a faixa etária mais atingida resolver a emergência, mas tem primeiro ano é mais difícil pe-
lançou o programa Alvorada famílias sem crianças. Na ges- que todas estivessem atendi- é a de zero a 4 anos: 54% do to- pouco efeito sobre um dos maio- la falta de infra-estrutura, gen-
em 2001 e 2002. Foi um pouco tão FHC, os principais progra- das”, afirma Sônia. “Ter a esco- tal de crianças nessa faixa de res males do País: a desigualda- te capacitada, treinada. De-
tardio.” Ele explica que a idéia mas eram ligados à matrícula la como ancoragem, com os pro- idade são pobres. Dos 5 aos 9 de, com extrema concentração pois de um ano em contato
era iniciar o Bolsa-Família em de filhos na escola ou à freqüên- fessores como facilitadores, fa- anos, são 50%. De 10 a 14, 45%. de renda. Estudo de Sônia so- com a máquina, aprendemos
abril e só foi possível fazê-lo em cia aos postos de saúde. O Bol- zendo o cadastro, é importante, bre efeitos do Plano Real mos- muito”, diz Graziano. “Va-
outubro. “Mas foi melhor fazer sa-Família prevê R$ 50 por fa- o acompanhamento é mais fá- Desigualdade – Uma consta- tra que houve redução nos po- mos encontrar caminhos para
com mais calma. É injusto criti- mília. Para cada filho são acres- cil.” Pesquisa feita por ela esti- tação comum aos pesquisado- bres, de 44% para 35% da popu- fazer que as ações andem mais
car o governo neste ponto.” cidos R$ 15, no limite de R$ 45. ma em 54,4 milhões os pobres, res da pobreza é que a transfe- lação, mas a desigualdade conti- depressa.”

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


O primeiro ano do O governo Lula tem feito Não gostei do aperto da

‘ governo foi mil vezes


melhor do que eu esperava.
Ele é um homem verdadeiro,
passa confiança. Só espero
NOTA que consiga implementar o
Fome Zero com força total
10 Carmen Mayrink Veiga,
socialite
‘ esforço para preparar o
futuro. Mas a Segurança
ficou de fora. Desestabilizou
a Secretaria Nacional de
NOTA Segurança ao demitir Luiz

6
Eduardo Soares
Carlos Santiago, pai de Gabriela Maia,
morta aos 14 anos num assalto ao metrô
‘ classe média.
Com os impostos que
tivemos que pagar,
ninguém teve dinheiro para
NOTA investir e o trabalho

3 ficou escasso
Nana Caymmi,
cantora
Produto: ESTADO - BR - 8 - 31/12/03 X8 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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X8 - O ESTADO DE S.PAULO
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ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

BISPOS ELOGIAM, MAS COBRAM


Igreja espera que,
em 2004, governo
‘NADA MUDOU
saia do discurso ATÉ AGORA’, DIZ
para a prática
DOM IRINEU
JOSÉ MARIA MAYRINK
Há quatro anos as torneiras

A
inda impressionados estão secas na pequena Caetés,
com a boa performance onde Lula nasceu, quando a ci-
do presidente em Itaici, dade pertencia ao município de
onde falou sobre seu programa Garanhuns, no sertão pernam-
na assembléia geral do episco- bucano. Como faz tempo que
pado, na noite de 1.º de maio, não chove forte e o reservatório
os bispos são unânimes em elo- secou, o abastecimento depen-
giar a conduta e as boas inten- de de caminhões-pipa.
ções de Luiz Inácio Lula da Sil- “O povo achou que, apesar
va. Mas, feita essa ressalva, to- da seca, ia ter água com a elei-
dos cobram medidas mais con- ção de um conterrâneo para
cretas do governo, pois acham presidente, mas nada mudou
que está na hora de ele cumprir até agora”, disse o bispo de Ga-
as promessas de campanha. ranhuns, dom Irineu Roque
A cobrança começa por dom Scherer, apreensivo com as con-
Geraldo Majella Agnelo, presi- seqüências da seca na região.
dente da Conferência Nacional Nas visitas pastorais a Cae-
dos Bispos do Brasil (CNBB) tés, uma das 25 paróquias da
(leia entrevista ao lado), que exi- diocese, dom Irineu fica admi-
ge pressa nas reformas, com ên- rado com a fé e a esperança do
fase para a agrária. A questão povo – 5.508 habitantes na

Ana Nascimento/ABR
da terra, a fome, o desemprego área urbana e 18.629 no cam-
e a violência são os principais po, segundo o censo de 2000.
problemas que, na opinião dos “Apesar de todo o sofrimento
bispos, independentemente de da seca, as pessoas ainda con-
tendência ideológica, vão desa- fiam em Lula e o PT continua
fiar o governo em 2004. em alta”, afirma o bispo. Gaú-
“Lula perderá credibilidade, Lula, na assembléia geral do episcopado, em maio: para a CNBB, está na hora de o presidente cumprir as promessas de campanha cho de Cerro Largo, com passa-
se não retomar o crescimento gem pelo Paraná, ele chegou
econômico, que foi inexpressivo ao Nordeste em 1998.

CNBB PEDE PRESSA NA REFORMA


em 2003”, adverte dom Demé- “A situação está muito gra-
trio Valentini, bispo de Jales ve, porque a água acabou de
(SP) e membro da Comissão vez, após 4 anos de racionamen-
Episcopal de Pastoral para o to”, informa o secretário muni-
Serviço da Caridade, da Justi- O presidente da CNBB, car- contudo, que suas ações ainda investigação de qualquer suspei- simplifica os diagnósticos e só cipal de Agricultura, Luciválter
ça e da Paz, da CNBB. Dom deal Geraldo Majella Agnelo, não têm sido tão fortes quanto ta de ações danosas ao bem pú- mostra a solução que propõe. Santana Bernardo, confirman-
Demétrio ressalta a seriedade e cobra pressa de Lula na con- seus propósitos. Já poderia ter blico estão trazendo maior den- do a situação de calamidade de
a transparência como qualida- dução das reformas, especial- realizado bem mais no campo sidade ética para a sociedade. Estado – O governo omi- Caetés, que é administrada pe-
des “inegáveis” do governo, elo- mente a agrária. “É a mais im- das políticas sociais, se tivesse tiu-se em alguma área que lo PT. Com a seca prolongada,
gia a política externa e diz com- portante reforma que o gover- contido com mais rigor a voraci- Estado – Qual é a avaliação exige urgência ou demora a os agricultores perderam 90%
preender que Lula tenha opta- no pode fazer, porque atinge dade dos credores e renegocia- da Igreja sobre o Fome Zero? atacar algum problema? da produção de milho, feijão e
do inicialmente pelo choque de as raízes da injustiça social.” do as condições de pagamento Agnelo – À Igreja cabe a mo- Agnelo – Sim, em duas mandioca, calcula o secretário.
credibilidade, para recuperar o Arcebispo de Salvador e pri- dos juros da dívida. A “dívida bilização das pessoas e grupos, áreas muito sensíveis. A refor-
controle monetário e de despe- maz do Brasil, ele elogia nesta social” tem prioridade sobre sensibilizando a sociedade para ma agrária, que a meu ver Confiança – Apesar de tudo,
sas. Mas lamenta que a conten- entrevista ao Estado o empe- qualquer dívida financeira. o problema e debatendo os me- tem prioridade maior do que diz dom Irineu, Lula inspira
ção tenha sido feita com prejuí- nho do governo em combater lhores caminhos para sua solu- as da Previdência e tributária, confiança, porque “sabe des-
zo de programas sociais. a corrupção e manifesta a es- Estado – Como analisa o de- ção. Ao Estado cabem a formu- e a promoção de um debate complicar a linguagem e falar
É essa também a opinião do perança de que em 2004 Lula sempenho do governo em rela- lação e a execução de políticas nacional sobre como encami- de uma maneira que o povo en-
bispo de São Félix (MT), dom leve adiante suas reformas. ção à reforma agrária? públicas que assegurem a todo nhar uma negociação sobera- tende”. O problema, é que ele
Pedro Casaldáliga, um repre- Agnelo – A reforma agrária cidadão e cida- na da dívida “tem um discurso bonito, que
sentante da esquerda no episco- Estado – Como o sr. avalia é, a meu ver, a mais importante dã a seguran- pública, que encanta e convence, mas o PT


pado. “Entende-se que houves-
se necessidade de Lula se voltar
o desempenho de Lula?
Geraldo Majella Agnelo –
que este governo pode fazer,
porque é a que mais fundo atin-
ça alimentar e
nutricional.
A reforma precisará ser
feita.
não engrena”. Conseqüência: o
governo promete, mas as coisas
para o exterior, pela preocupa- Lula continua gozando de ge as raízes da injustiça social Nem um nem agrária é a não acontecem. “O programa
ção de salvar a situação econô-
mica do País, mas no segundo
enorme prestígio popular. Is-
so significa que está correspon-
em nosso país. Ela precisa ser
ampla e capaz de quebrar a es-
outro pode se
contentar
mais importante, Estado –
O que o sr.
Fome Zero, por exemplo, deve-
ria ser mais arrojado”, diz o bis-
ano é preciso olhar para dentro dendo à expectativa do eleito- pinha dorsal dessa estrutura in- com distribui- porque é a que espera do po, após criticar a distribuição
e enfrentar questões como a re- rado. É preciso considerar que justa, que é a concentração da ção de alimen- governo? de bolsas-alimentação de R$
forma agrária, o desemprego e sua biografia é emblemática e propriedade fundiária. Não se tos. O gover- mais fundo atinge Agnelo – 50. Caetés, onde a renda fami-
a renda interna”, diz. Para ele,
a violência no campo é fruto de
a novidade de um operário no
Planalto está carregada de
trata de intensificar a política
de assentamentos, mas de mu-
no deve ultra-
passar logo a
as raízes da Nossa expec-
tativa é que
liar per capita é de R$ 55,8, dis-
tribui 337 bolsas. “A Igreja tem
problemas não resolvidos. “A grande poder simbólico. Mes- dar prioridades: o agronegócio fase das ações injustiça social Lula, fiel à colaborado em nível nacional,
reforma agrária é uma dívida mo que muita gente não enten- para exportação deve ser o com- emergenciais D. Geraldo Majella Agnelo sua origem mas acho que não é essa a solu-
de cinco séculos”, adverte. da as decisões do governo, con- plemento natural da agricultu- e implemen- pobre e à bio- ção definitiva, pois quem rece-
Para o bispo de Jundiaí (SP), fia em Lula por causa de seu ra familiar, e não o carro-chefe tar os progra- grafia mar- be o dinheiro na mão perde o
dom Amaury Castanho, os re- passado. Por isso, espera que da política agrícola. O MST mas previstos no Fome Zero. cada pela “nobre luta pela jus- gosto de plantar e colher.”
sultados do primeiro ano de go- mude os rumos políticos do tem posição firme em defesa do tiça social”, assuma corajosa- Para mostrar que essa ajuda
verno não correspondem às ex- Brasil assim que as condições Programa Nacional de Refor- Estado – O governo cami- mente o programa de refor- pode aquecer a economia local,
pectativas criadas por projetos econômicas forem favoráveis. ma Agrária, e merece respeito. nhou bem nas reformas? mas que tire o Brasil de sua po- mas é pouca diante da penúria
que, em sua opinião, coincidem Agnelo – Não. Sem entrar no sição subalterna diante do ca- geral, ele falou de Itaíba, tam-
com as propostas da CNBB. Estado – As ações do go- Estado – O governo faz o mérito das reformas, critico seu pital financeiro, e realize o de- bém em sua diocese, onde 2 mil
“O crescimento quase zero do verno para enfrentar proble- bastante contra a corrupção? ritmo de urgência. A sociedade sejo popular que o conduziu à famílias se cadastraram e só
Produto Interno Bruto (PIB) e mas sociais são suficientes? Agnelo – É um dos pontos deveria ter tido mais condições Presidência: um governo de 444 recebem bolsa. “O povo pas-
o desemprego são problemas sé- Agnelo – Não há dúvida de mais positivos do governo Lula. de debater as questões, a partir transição para outro modelo sa fome, mas fica feliz quando
rios que Lula enfrenta no plano que Lula enfatiza, em seu pro- A atuação do Ministério da Jus- de um leque de informações se- socioeconômico, com base no vem o caminhão-pipa”, disse.
doméstico”, observa dom grama de governo e nos dis- tiça, a nomeação do novo procu- guras, de modo a formar uma desenvolvimento sustentável,
Amaury, um representante da cursos, a prioridade à solução rador-geral da República e a fir- verdadeira opinião pública. O na democracia e na redistri- Violência – Garanhuns e Ca-
linha mais moderada do episco- dos problemas sociais. Penso, meza do Ministério Público na governo usou o marketing que buição da riqueza. (J.M.M.) ruaru, as cidades maiores da re-
pado que não esconde o entu- gião, têm problemas de violên-
siasmo provo- cia, com homicídios e tráfico de
cado pela visi- messas feitas dom José Carlos de Lima Vaz, cente. Outro problema no Pará política para o Nordeste. “Não drogas. “São conseqüência de


ta do presiden-
te a Itaici.
Talvez a
no dia da pos-
se”, observa.
a Igreja deve reconhecer o esfor-
ço do governo em combater a
é a precariedade das rodovias
federais. “Estão uma vergonha,
quero atrapalhar a caminhada
de ninguém”, diz, alegando que
uma situação de pobreza que
deve ser enfrentada, mesmo sa-
situação tenha
“Espero corrupção e o empenho de Lula mas ninguém parece se preocu- precisa ter conhecimento mais bendo que a seca não acaba.”
Guinada – que haja uma em enfrentar o problema da fo- par com as estradas.” profundo da situação para opi- Dom Irineu atribui à “indús-
Amigo de Lu- piorado para
guinada em me. Mas adverte que a solução nar. “Sou muito ligado ao Lula tria da seca, que explora os po-
la, que consi- muita gente, em
2004, pois o definitiva é o emprego. “O pro- Positivo – Outro arcebispo da e me encontro com ele de vez bres”, o sofrimento do Nordeste.
dera sincero e povo não po- grama Fome Zero é pontual, Amazônia, dom Moacyr Gre- em quando, mas não é em tudo “Garanhuns tem 40 poços aber-
capaz, dom relação às
de mais espe- não é mudança de estrutura.” chi, de Porto Velho (RO), faz que a gente concorda.” Dom tos com dinheiro do governo que
Paulo Evaris-
to Arns, arce-
promessas feitas
rar”, reforça o
bispo de Blu-
“O povo continua a ter espe-
rança no presidente, um ho-
um balanço positivo. “Lula me
surpreendeu pela capacidade
Marcelo tem divergências sobre
os rumos da Superintendência
estão desativados, e a água conti-
nua sendo distribuída em cami-
bispo emérito no dia da posse
menau (SC), mem digno, correto e idealista, de ser presidente e, no contato para o Desenvolvimento do nhões-pipa.” Por que não abrir
(aposentado) D. Paulo Evaristo Arns dom Angélico mas, por enquanto, temos visto com países e organismos inter- Nordeste, a extinta Sudene que mais poços artesianos, se a terra
de São Paulo, Sândalo Ber- muito pouco na Amazônia”, nacionais, sabe por onde cami- o governo promete reativar. só precisa de irrigação para pro-
é duro na ava- nardino, ba- diz o arcebispo de Belém (PA), nhar.” Ele não espera demais No campo moral, a Igreja dis- duzir? O bispo lembra a colabo-
liação do governo. “Foi um ano tendo nas mesmas teclas – refor- dom Vicente Zico. Sem respon- do governo, mas aposta em al- corda da política de combate à ração da Igreja, por meio da Ca-
indiferente, pois o governo não ma agrária, emprego e poder sabilizar diretamente Lula, pois guns pontos. A começar pela re- aids. “A questão em torno da ritas, entidade internacional de
progrediu nem regrediu em na- aquisitivo. “Não estou propon- acha que o problema é também forma agrária, que “deveria ser propaganda de preservativos se solidariedade, que financia a ins-
da”, avalia o cardeal, acrescen- do radicalismo, mas alertando estadual e municipal, ele adver- acelerada”. Também aponta o originou num setor do Ministé- talação de 1 milhão de cisternas
tando que, como confia em Lu- para o contraste entre opulên- te para o agravamento da vio- desemprego e as reformas polí- rio da Saúde, sem envolver o go- no sertão. (J.M.M.)
la, espera que em 2004 ele seja cia e miséria”, diz. Ele aplaude lência nas cidades e no campo. ticas como principais desafios. verno enquanto tal”, ressalva
mais realista e não apenas um a política externa, mas critica a “Fome Zero? Se está funcio- O arcebispo da Paraíba, dom dom Agnelo. A CNBB protes-
homem de discurso. “Talvez a “subserviência” do País aos nando em outras regiões, aqui Marcelo Pinto Carvalheira, que tou em dezembro contra a di-
situação tenha piorado para banqueiros internacionais. ainda estamos esperando pelo trabalha há mais de 30 anos na vulgação de um vídeo sobre o
muita gente, em relação às pro- Para o bispo de Petrópolis, programa”, queixa-se dom Vi- região, prefere não falar sobre a uso da camisinha.

CENAS DO GOVERNO LULA


Evelson de Freitas/AE
Roberto Castro/AE
Joédson Alves/AE

Joédson Alves/AE
Dida Sampaio/AE

O presidente Lula, em momentos de


informalidade: de astro de rock a skatista
Produto: ESTADO - BR - 9 - 31/12/03 X9 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 9 - 31/12/03 X9 - Composite

QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


%HermesFileInfo:X-9:20031231:

ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X9

O GOVERNO APRENDIZ
Rafael Neddermeyer/AE

Integrantes do MST, na chegada a Brasília, após marcha em novembro: de acordo com levantamento da Comissão Pastoral da Terra, há tempos não se via tantos conflitos no campo como em 2003

ENTRE O PRAGMATISMO E O SONHO


Agronegócio, alvo de De tudo que se exportou nes- milhões de toneladas – o que re- tonelada por hectare para 2,83 bem-sucedidos do agronegócio, aumento da demanda, ele pode-
te ano, 42% saiu do agronegó- presenta um salto de 120,9% t/ha, numa variação de 88,3%. são sustentados pela agricultu- rá dar conta do recado, segun-
críticas do PT e do MST, cio, num total de quase US$ 30 em relação ao que se produzia ra familiar. “No Brasil não há do Rodrigues.
vira peça fundamental para bilhões, de acordo com o Institu- no início da década passada. Frangos – O outro ponto a des- oposição entre agricultura fami- Todas essas informações fo-
política econômica de Lula to de Pesquisas Econômicas No meio dessas estatísticas, tacar é que o agronegócio no liar e agronegócio”, disse ele. ram alardeadas durante o ano
Aplicadas (Ipea). Do total de há dois pontos que chamam a Brasil não é só uma atividade Essas informações batem de e esquentaram o debate com a
ROLDÃO ARRUDA brasileiros em- atenção. A pri- de grandes produtores. Em re- frente com a idéia bem assenta- seguinte questão: por que inves-
pregados, meira é que o cente entrevista ao Estado, o da entre os defensores da refor- tir na reforma, como querem os


No Brasil
A
questão da reforma 37% estão liga- salto na pro- pesquisador Ricardo Abramo- ma de que o modelo agrícola sem-terra, quando o atual mo-
agrária voltou à cena po- dos ao agrone- dução de vay, professor titular da Facul- brasileiro é caracterizado pelo delo está dando certo?
lítica com mais força em
2003. E não podia ser diferente.
gócio.
Para onde
não há grãos se deve
sobretudo à
dade de Economia e Adminis-
tração da USP (FEA-USP), es-
atraso. Hoje, além de empurrar
negócios no exterior, o campo Instável – O MST tem uma res-
Luiz Inácio Lula da Silva sem- quer que se oposição entre melhoria da tudioso da agricultura familiar, tem condições de abastecer de posta pronta para rebater cada
pre foi entusiasta da redistribui- apontem os in- produtivida- lembrou que as exportações de alimentos a mesa de todos os argumento a favor do agronegó-
ção de terras e sua ascensão ao dicadores, os agricultura de. Ainda de frango, um dos ramos mais brasileiros. Mesmo se houver cio. Fala-se que os bons núme-
cargo de presidente da Repúbli-
ca reacendeu tanto as esperan-
números sur-
preendem.
familiar e acordo com
números cita-
ros devem ser creditados mais
aos investimentos públicos, ge-
ças do Movimento dos Sem- No dia 10, ao agronegócio dos por Rodri- nerosamente despejados nas
Terra (MST) quanto os temores falar sobre o Ricardo Abromavay, gues, enquan- mãos de grandes produtores
de quem discorda dos métodos agronegócio professor da FEA-USP to a área plan- desde os anos 70, do que às ini-
dessa organização. na Comissão tada com ciativas dos empresários agríco-
De acordo com o principal de Política Ru- grãos passou las; que no País ainda convi-
pensador e estrategista do ral da Câmara dos Deputados, de 37,8 milhões de hectares em vem lado a lado propriedades
MST, João Pedro Stédile, a vitó- o ministro Roberto Rodrigues, 1990-1991 para 45,2 milhões modernas e latifúndios atrasa-
ria de Lula abriu uma oportuni- da Agricultura, disse que a pro- em 2003-2004, numa variação dos e improdutivos; que o mode-
dade histórica de redemocrati- dução de grãos na safra de 19,6%, a produtividade no lo baseado na exportação de
zação da terra. Ele repetiu du- 2003-2004 deve chegar a 127,7 mesmo período passou de 1,5 grãos é frágil, porque depende
rante o ano todo que a socieda- de cotações instáveis no merca-
de brasileira não pode virar as do internacional; e que a produ-
costas para essa janela no tem- ção de alimentos consumidos
po, como já teria feito em ou-
tras três ocasiões – no fim do pe-
ríodo escravocrata, no início da
SOB O BONÉ, no mercado interno, como o fei-
jão, avança num ritmo lento e
inferior ao do crescimento da

AMBIGÜIDADES
industrialização nos anos 30 e população.
na crise política que resultou no De maneira geral o MST não
golpe militar de 1964. se deteve tanto na crítica direta
Animados por essa crença, o ao agronegócio e ao atraso no
MST e outras organizações so- O comportamento do presi- várias vezes pelo PT de derru- campo. Seus líderes e outros de-
ciais intensificaram suas ações dente Luiz Inácio Lula da Sil- bar a medida provisória que coí- fensores da mudança do mode-
e elevaram o tom da reivindica- va diante do debate da refor- be as invasões de terras no País. lo, como o ex-deputado federal
ção desde o dia da posse de Lu- ma foi ambíguo. Em discur- Em segundo, fez tão poucos as- Plínio de Arruda Sampaio, con-
la. Há tempos não se via tantos sos, ele reafirmou sempre o sentamentos que o programa vidado por Lula para elaborar
conflitos no campo como em propósito de uma reforma am- de campanha, que prometia o Plano Nacional de Reforma
2003, de acordo com levanta- pla e ao mesmo tempo de qua- “medidas de alcance profun- Agrária, preferiram empurrar
mentos da Comissão Pastoral lidade – numa constante críti- do” diante da existência de “4 a discussão para outro eixo, in-
Dida Sampaio/AE

da Terra (CPT), que desde ca ao seu antecessor, que teria milhões de famílias de trabalha- sistindo na tese de que a refor-
1985 coleta números sobre as- se preocupado apenas em dis- dores rurais sem-terra”, ficou ma é a solução mais barata, rá-
sassinatos, invasões, despejos, tribuir lotes. parecendo peça de retórica. pida e eficiente para um proble-
acampamentos, confrontos. No início de julho, ao rece- No primeiro semestre o go- ma que vai além do campo – o
Em São Paulo, o número de ber no Planalto os 27 coorde- verno prometeu que seriam as- Lula põe na cabeça 2 bonés de movimentos de sem-terra: polêmica da grande massa de desempre-
acampados saltou de 4 mil no nadores nacionais do MST, sentadas 60 mil famílias em gados urbanos.
fim de 2002 para 13 mil em no- mostrou-se muito à vontade, 2003 – um número muito bai- são do presidente do Incra, entidades do aparato legal do Essas idéias provocam arre-
vembro deste ano, conforme o como se estivesse entre velhos xo, segundo o MST, que deseja- Marcelo Rezende. Originário MST – que não existe oficial- pios do outro lado. Na opinião
Instituto Nacional de Coloniza- amigos. Foi quando pôs na ca- va uma solução imediata para dos quadros da CPT e simpáti- mente. Também melhorou o de Xico Graziano, estudioso da
ção e Reforma Agrária (Incra). beça por alguns instantes o bo- as 180 mil famílias que esta- co ao MST, de onde tirou no- fornecimento de cestas bási- questão agrária, ex-presidente
No País todo seriam 219 mil. né vermelho do riam acampadas mes para dirigir superintendên- cas para os acampados – o do Incra e destacado porta-voz
movimento – fa- no País. No se- cias regionais do Incra, ele che- que favorece o recrutamento do ponto de vista dos ruralistas,
Ironia – Mas a animação do
MST esbarrou numa espécie de
ironia histórica. A tão esperada
to que empol-
gou os sem-ter-
ra e provocou
N
ÚMEROS
gundo semestre
a meta baixou pa-
ra 30 mil e em no-
gou ao poder com um discurso
de tom mais radical que o dese-
jado. E caiu.
de novas pessoas.
Enfim, Lula ainda não dei-
xou claro até onde irá. Ao mes-
fazer reforma com desemprega-
dos que não conhecem os ofí-
cios da vida no campo é a mes-
vitória do presidente favorável protestos dos MOSTRAM vembro o Incra mo tempo em que reafirma os ma coisa que jogar fora dinhei-
à reforma agrária coincidiu ruralistas, teme- patinava para Recursos – O MST, porém, laços com o MST, mostra en- ro público.
com um momento de ouro do rosos de que o BAIXO atingir a marca não ficou totalmente na berlin- tusiasmo com o agronegócio. O debate deve adentrar 2004
modelo agrícola que os sem-ter- gesto servisse de 25 mil. da. Ao mesmo tempo em que Dias atrás, ao fazer o balanço com a temperatura ainda mais
ra criticam. O chamado agrone- de estímulo pa- DESEMPENHO O descompas- manteve a MP contra invasões, do primeiro ano de governo, alta, uma vez que o governo pre-
gócio, a face mais visível desse ra atos ilegais so entre intenção o governo pôs abaixo as restri- elogiou o ministro da Agricul- tende pôr em execução o Plano
modelo, é uma peça fundamen- como a invasão e gesto também ções impostas por Fernando tura, Roberto Rodrigues, cha- Nacional de Reforma. Embora
tal na política econômica do go- de propriedades. apareceu na análise dos gastos. Henrique Cardoso para o repas- mando-o de de “mascate agrí- já tenha sido desbastado (a pro-
verno Lula – assim como foi no Para além do discurso e dos Do total disposto no Orçamen- se de recursos públicos para a cola”, numa referência a seus posta original de Sampaio pre-
governo anterior. É um dos atos simbólicos, porém, a prá- to de 2003 para a reforma, o go- Associação Nacional de Coope- esforços para ampliar a pauta via o assentamento de 1 milhão
principais responsáveis pelo su- tica do governo, não foi entu- verno só usou 25% até a primei- ração Agrícola (Anca) e a Con- de exportações. Miguel Ros- de famílias e o governo baixou
cesso da balança comercial do siasmante para os sem-terra. ra quinzena de dezembro. federação das Cooperativas de setto, do Desenvolvimento para 400 mil) o texto do docu-
País, o que significa mais divi- Em primeiro lugar, Lula re- Outro sinal de que o governo Reforma Agrária do Brasil Agrário, responsável pela re- mento não pára de provocar po-
sas, mais dólares em caixa, cuou do propósito reafirmado não andaria rápido foi a demis- (Concrab), as duas principais forma, foi esquecido. (R.A.) lêmicas desde que veio a públi-
mais confiança no exterior. co, em novembro.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


Dou 7, mais pelo esforço Entendo pouco de política, Ele (Lula) só fez arar a

‘ do Lula do que pelo


governo. O projeto, as idéias e
a vontade do Lula são
grandes demais, mas alguns
NOTA auxiliares não executam,

7
empurram com a barriga
Frei Chico,
irmão
‘ mas creio que a situação
está melhorando. O povo tem
muitas necessidades e estou
certo de que o governo vai
NOTA fazer de tudo para ajudar

7
a resolver os problemas
Ronaldo,
jogador da seleção brasileira
‘ terra. Dou nota 6. Em
2003 vivemos muitas

NOTA

6
frustrações.
Acredito que, em 2004,
Lula vai fazer o plantio
para começar a colher
Francisco Fausto,
presidente do TST
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ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

‘O QUE ESTÁ HAVENDO DE NOVO É ANTIGO’


FHC critica volta do mas de impacto. É coisa de regi-
me militar. Tenho medo de que
modelo Geisel, que o Fome Zero seja mais impacto
enfatiza mais o Estado do que realidade. Acho que hou-
que a sociedade ve certa descontinuidade, por
causa da imensa quantidade de
PAULO SOTERO novos programas anunciados.
Correspondente Mas ainda é cedo para julgar.
Acho correto terem feito o ca-

W
ASHINGTON – Um dastro único. Já tínhamos co-
ano depois de deixar meçado, com o cartão magnéti-
o poder, o ex-presi- co. É bom que haja um controle
dente Fernando Henrique Car- unificado. Mas acho que o Bra-
doso se dispôs a fazer sua pri- sil não tem alternativa a não ser
meira análise detalhada do go- fortalecer as instituições locais.
verno do sucessor. Em entrevis-
ta ao Estado, na véspera de em- Estado – Qual é o efeito da
barcar com Ruth para São Pau- descontinuidade na execução
lo, para os feriados de fim de de programas sociais?
ano, ele avaliou vários aspectos FHC – É a perda de velocida-
do governo petista e deixou im- de. Demora para ganhar o im-
plícita uma crítica que provavel- pulso necessário para esses pro-
mente surpreenderá muitos gramas mostrarem efeito. Por
dos que celebraram a ascensão exemplo, está aparecendo ago-
de Luiz Inácio Lula da Silva co- ra, com mais clareza, o que fize-
mo um triunfo da esquerda. mos em educação. Acusavam
Para FHC, a marca do novo meu governo de não fazer nada
governo tem sido a da continui- e só olhar para o mercado. Ou-
dade. Mas, nas áreas em que tro dia vi o ministro Palocci di-
tem tentado mudar, as políticas zer que a diferença do atual go-
propostas não representam um verno em relação ao meu é que,

Fotos: Paulo Sotero/AE


avanço, mas uma volta ao pas- agora, estão cortando despesas
sado do “desenvolvimentismo para valer. Ele disse isso com
estatal” que o regime direitista alegria. Eu diria com tristeza.
dos militares aplicou, com os re-
sultados conhecidos. “Há a vol- Estado – Na educação, o go-
ta de um sentimento parecido verno quer esvaziar o provão.
com o tipo de política que foi FHC – Sou contra. O provão
proposta na época do general FHC: “Eu tive mais dificuldades com o FMI, no começo, do que Lula. Não por causa do Lula ou de mim, mas por causa da situação” foi uma luta importante, que a
Geisel, a valorização de um mo- sociedade comprou.
delo que põe mais ênfase no Es- za o que penso. O que está ha- Estado – Parece haver con- Miami foi dizer: não vamos bri- um lado dos EUA, o da prospe-
tado do que na sociedade.” vendo de novo é antigo. Há a tinuidade também na relação gar. Houve uma acomodação ridade. Mas não gostamos do es- Estado – Há diferenças en-
Ruth e Fernando Henrique volta de um sentimento pareci- com os EUA, no qual o sr. in- conveniente para os dois lados. pírito americano, como o consi- tre a sua política de reforma
alugam desde outubro um apar- do com o tipo de política que foi vestiu bastante. Para surpre- deramos. E ultimamente a polí- agrária e a de Lula?
tamento em Washington, de on- proposta na época do general sa de muitos, George Bush, Estado – O sr. vê risco, para tica americana acentuou o lado FHC – O problema agrário
de vão com freqüência ao John Geisel, a valorização de um mo- que é talvez o presidente mais o Brasil, nessa acomodação? negativo. O Brasil gostaria de no Brasil foi muito politizado.
W. Hughes Center, na Bibliote- delo que põe mais ênfase no Es- direitista que os EUA já teve, FHC – O risco que vejo é ser mais europeu. Na verdade, O MST e o PT convenceram a
ca do Congresso. Ele trabalha tado do que na sociedade. Dife- e Lula, que é o mais esquerdis- que, se os EUA forem avançan- não seremos nem europeus sociedade de que o Brasil depen-
num livro sobre seu governo. rente da tendência anterior do ta da história do Brasil, esta- do em negociações bilaterais nem americanos. Temos identi- dia da reforma agrária, isso no
Em fevereiro, pretende voltar PT, que tinha visão mais inter- beleceram diálogo cordial. com outros países, com base no dade nacional e força própria. momento em que estava haven-
para São Paulo, para cuidar do nacionalista e de esquerda. O FHC – Uma coisa são as rela- cardápio, vamos ficar isolados. do uma revo-
Instituto Fernando Henrique que vemos é uma tendência de ções pessoais, podem ser melho- E poderemos ter os EUA como Estado – lução agríco-


Cardoso. “Acho que um ex-pre- volta ao passado, a um desen- res ou piores. Aparentemente, nosso concorrente na América Lula procla- Não gosto de la, em que o
sidente com a
minha expe-
volvimentis-
mo estatal. Is-
há uma química boa entre Lula
e Bush, como havia entre mim
do Sul. O Brasil é hoje um ex-
portador de manufaturas –
ma a lideran-
ça do Brasil
programas de agronegócio
estava se ex-
impacto. É coisa


riência pode Algumas so é diferente e Clinton. Não sei qual é o grau 50% das nossas exportações na América pandindo. O
ter uma vida
ativa de inte- pessoas, do que eu esta-
va fazendo.
efetivo dessa química. Isso só
Lula e Bush podem dizer.
são de manufaturados, basica-
mente para a América Latina e
do Sul, mas
críticos di-
de regime militar. futuro do Bra-
sil não depen-
lectual e de ci- inclusive no PT, os EUA. Se os nossos vizinhos zem que o de- Tenho medo de dia da refor-
dadão”, expli- Estado – O Estado – A política dos EUA derem vantagens de acesso aos bate da Alca ma agrária,
cou. Os princi- achavam que eles sr. acha que em relação ao Brasil mudou? EUA, vamos competir com os deixará claro que o Fome Zero mas o futuro
pais trechos tinham um o governo es- FHC – Não. Na transição, o manufaturados americanos. Es- que o País po- seja mais de muita gen-
da entrevista: tá empenha- governo americano apoiou o go- sas negociações não são fáceis. de acabar te dependia
modelo novo. Não do na volta à verno Lula. O Fundo Monetá- sem ter a impacto que de ter terra. É
Estado – O
sr. disse que vi até agora política de
Estado forte?
rio Internacional, no qual os
EUA têm grande influência, te-
Estado – Há riscos na estra-
tégia de comércio exterior?
quem liderar.
FHC – Dis-
realidade uma questão
social impor-
vê continuida- esse modelo FHC – ve atitude absolutamente positi- FHC – Precisamos pergun- se e repito: nosso maior risco ho- tante. Não havia e nós criamos
de no gover- Não, até por- va. Também aí não houve mu- tar quais serão nossos parceiros je é o de isolamento. Não em pa- um programa para financiar a
no Lula. Para que não conse- dança. Eu tive mais dificulda- daqui a 20, 30 anos. Será que lavras. Palavra é fácil. Em coi- pequena agricultura. Tenho a
o PSDB, o primeiro ano do guiria. Essas idéias de Estado des com o FMI, no começo, do não estamos nos arriscando a jo- sas concretas. Preocupa-me a sensação de que o contingente
PT foi um fracasso. forte não são mais plenamente que Lula. Não por causa do Lu- gar uma carta de isolamento? baixa taxa de investimentos. de pessoas que precisa de terra
Fernando Henrique Cardo- realizáveis, porque o contexto la ou de mim, mas por causa da Isso não é um jogo de respostas Nós conseguimos aumentar a e sabe trabalhar na terra está es-
so – Todos os governos fazem não permite. Agora, a tentativa situação. Nós construímos uma fáceis. Decisões que estão se to- taxa de investimentos de 13% gotado. Começa a haver outro
mudanças. A profundidade va- de ir por esse caminho é diferen- situação boa. mando agora para 18%, 19% do PIB. Agora problema: é gente pobre em bus-
ria, e depende de momentos his- te do que eu estava fazendo. A herança é terão efeitos caiu e está em 13%, 14%. 2003 ca da terra como um bem, uma
tóricos. Getúlio Vargas criou Não estou dizendo se é melhor boa. É tão boa mais tarde. É foi muito ruim. E há queda do propriedade, um valor.
uma base que expressou um ou pior. Isso, a história dirá. que essas orga- uma discus- investimento interno. Atrair in-
momento. No governo de Jusce- Mas digo que existe no governo nizações to- são de interes- vestimentos não se resolve só Estado – O novo governo
lino Kubitschek, o Brasil se de- uma visão do que foi, no Brasil, das ficaram se nacional com confiança. É preciso ter po- pode inovar nessa área?
mocratizou e começou a ter liga- uma prática nacional estatista, contentes de que nunca ti- líticas práticas, o que significa FHC – O que há a fazer é con-
ção com a globalização. Os mili- muito mais do que uma visão não ter havi- vemos. Con- criar condição de continuidade. solidar o que existe. Fui força-
tares, sobretudo no período Gei- do sonho socialista que inspi- do mudanças. vém a nós ou do, pelo momento político, pela
sel, montaram outro modelo. rou o PT. As questões chama- não a aliança Estado – Lula está sendo pressão, a assentar muito de-
Penso que o Plano Real marcou das de esquerda não estão colo- Estado – mais profun- criticado pelo que ele e outros pressa, para evitar o aumento
o início de um novo momento. cadas. As que estão postas gi- As negocia- d a com os criticaram no sr.: a freqüên- das invasões e o caos no campo.
Quando falo em continuidade, ram no eixo do nacional-estatis- ções da Alca EUA? É preci- cia das viagens ao exterior. Imagino que as invasões, ago-
é a isso que me refiro. Não es- mo, inclusive algumas que lem- são o grande so que o Brasil FHC – No mundo de hoje, os ra, tenham diminuído.
tou falando sobre a continuida- bram o Brasil Grande, que vem desafio do re- pense mais so- presidentes são obrigados a via-
de do que eu, como presidente, dos regimes militares. lacionamen- bre o que acon- jar. Primeiro, há muitos encon- Estado – O senhor tem


fiz. Algumas pessoas, inclusive
no próprio PT, achavam que Estado – Para fazer o con-
to entre os
dois países.
Existe uma tecerá daqui a
20, 30 anos.
tros de cúpula que viraram roti-
na. O errado foi eles (PT) terem
mantido contato com Lula?
FHC – Estivemos juntos al-
eles tinham um modelo novo. traste com seu governo, usa- O sr. as teria visão do que foi me atacado tanto sem ter no- gumas vezes. Tenho uma rela-
Eu não vi até agora esse mode-
lo. O que estou dizendo, ao fa-
se o argumento de que o de
Lula quer o desenvolvimento.
conduzido de
forma dife-
uma prática Estado – O
que dificulta
ção disso. Outro dia o assessor
internacional do Lula (Marco
ção sincera de amizade, admira-
ção pelo Lula. Torço por ele.
lar em continuidade, é que não FHC – Mas qual é o governo rente do go- nacional estatista, o exame da Aurélio Garcia) disse que a dife- Acho que Lula tem feito das tri-
houve uma ruptura. E não
acho isso mau. Não falo em con-
que não quer o desenvolvimen-
to? O problema não é de querer,
verno Lula?
FHC – Difi-
muito mais do que idéia de apro-
fundamento
rença é que eu fazia viagens pa-
ra ter vantagem pessoal e nas
pas coração nas circunstâncias,
para fazer frente às promessas
tinuidade no sentido de que es- é de como fazer. Isso não depen- cilmente. Os a visão do sonho com os EUA? viagens do Lula a vantagem é e expectativas que ele e seu par-
tão fazendo as mesmas coisas,
da mesma maneira. Acho que
de apenas da vontade do gover-
no, mas de circunstâncias. O go-
americanos
não querem fa-
socialista que É o medo? É
o antiameri-
para o Brasil. Relacionamento
internacional, como pessoa, eu
tido criaram. Acho que tem agi-
do com responsabilidade nas
em alguns setores estão até pio- verno Lula pegou um quadro in- zer duas coi- inspirou o PT canismo? já tinha antes de ser presidente. questões nacionais. Querem me
rando. Portanto, não há incom- ternacional mais favorável do sas que eu con- FHC – É o jogar contra o Lula. Não quero,
patibilidade entre o que eu dis- que o do meu período. As crises siderei condi- medo. O antia- Estado – Como avalia o de- mas não vou deixar de me pro-
se e o que meu partido diz. financeiras diminuíram. O Bra- ções necessárias à nossa partici- mericanismo, no Brasil, não é sempenho dos programas so- nunciar e dizer o que, como pes-
sil vive um boom exportador, pação: mudar a maneira como forte. Existe nas elites econômi- ciais, como o Fome Zero? soa, cidadão, como homem do
Estado – Por que sua cons- que é o resultado da mudança usam o antidumping e mexer cas e intelectuais. Na popula- FHC – Não tenho os dados. PSDB, tenho o direito e até o de-
tatação de que há continuida- cambial. A reversão das contas na questão dos subsídios à agri- ção não, porque é uma realida- Achei, desde o início, que havia ver de dizer. Acho que chegou a
de provoca reação do PT? externas aconteceu há dois cultura. Diante do impasse, de- de muito distante. O medo é o um apelo forte no Fome Zero, época de maturidade. Não pre-
FHC – Não vejo razão para anos. A expansão da agricultu- ram, agora, uma volta por cima fator mais forte. E os EUA são mas faltava conteúdo ao apelo. cisam mais ficar nervosos quan-
isso. É falta de maturidade his- ra também foi montada há al- e resolveram fazer um cardápio tão fortes e têm agido nesses úl- do digo que não houve ruptura.
tórica. Não estou criticando, es- gum tempo. O que estamos ven- com múltiplas escolhas. Aí não timos anos de uma forma tão Estado – Houve mais baru- Nem devem querer que a gente
tou dizendo que não houve rup- do são os resultados. Aí tam- há enfrentamento. A decisão unilateral, tão arrogante, que se lho do que execução efetiva? cale a boca. Maturidade impli-
tura. Vou dizer com mais clare- bém não vejo ruptura. que Brasil e EUA tomaram em justifica o medo. Gostamos de FHC – Não gosto de progra- ca respeitar a opinião do outro.

CENAS DO GOVERNO LULA


Fotos: Ed Ferreira/AE

15 de julho: um guarda real esquece a primeira-dama, Marisa Letícia, no Rolls-Royce, em Madri; o rei Juan Carlos vai resgatá-la
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QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X11

O GOVERNO APRENDIZ

Economia não cresceu


A ARRUMAÇÃO DA CASA
em 2003: mal necessário, MUNDO
para defensores de Lula;
decepção, para os críticos AJUDOU
FERNANDO DANTAS EM 2003
A
o final do primeiro ano O mundo ajudou o presi-
do governo Luiz Inácio dente Luiz Inácio Lula da
Lula da Silva, o temor, Silva no seu primeiro ano de
vivido em 2002, de que o presi- mandato. Mesmo não cres-
dente petista fizesse uma ges- cendo, a economia brasileira
tão econômica populista e ir- se estabilizou, e, para isto, a
responsável, e levasse o País contribuição do cenário in-
ao colapso, está tão enterrado ternacional favorável foi fun-
que parece quase surreal. No damental.
entanto, há menos de um ano Os Estados Unidos volta-
e meio, quando o dólar bateu ram a crescer, injetando âni-
em R$ 4 e o risco Brasil supe- mo e demanda na economia
rou 2.400 pontos, era exata- global, o que estimulou as ex-
mente aquele medo que movia portações do Brasil. Por ou-
os mercados e premiava a es- tro lado, a retomada ameri-
perteza dos especuladores. cana não foi explosiva a pon-
A política macroeconômica to de levar o Federal Reser-
de Lula controlou a crise, bai- ve (Fed, banco central do
xando o risco Brasil para me- país) a subir os baixíssimos
nos de 500, e estabilizando o juros básicos, de 1% ao ano.
dólar em torno de R$ 2,90. Em Neste ambiente de baixos
reação ao fim da turbulência, juros internacionais, os capi-
e à possibilidade de a econo- tais globais buscam mais re-
mia voltar a crescer em 2004, torno, e fluem para investi-
o índice da Bolsa de São Paulo mentos mais arriscados e
(Ibovespa) atingiu nível recor- rentáveis nos países emer-
de no final do ano, subindo gentes, como o Brasil. O País
mais de 150% desde o pior mo- também está sendo beneficia-
mento, em outubro de 2002. do pelo crescimento espeta-
Apesar dos indicadores fi- cular da China e de outras
nanceiros positivos, houve economias asiáticas, que es-
uma profunda decepção por tá puxando as exportações
parte daqueles que esperavam brasileiras de ferro, aço, pro-
que Lula, dando conseqüência dutos agropecuários e maté-
a anos de pregação do PT con- rias-primas em geral.
tra o neoliberalismo, o arrocho O cenário internacional ró-
monetário e a visão fiscalista seo, porém, tem bases frá-
da economia, fosse baixar os geis, por causa dos enormes
juros, retomar os gastos e in- déficits fiscal e externo dos
vestimentos públicos e (supon- Estados Unidos. A grande
do que funcionasse) botar a maioria das previsões para
economia para crescer imedia- 2004 é positiva, mas os ana-
tamente. listas frisam que há riscos e
Na verdade, Henrique Mei- incertezas pairando sobre a
relles, presidente do Banco economia global. “Parece
Central (BC), elevou inicial- que estamos voltando a um
mente os juros básicos (Selic) período de calma mundial,
de 25% ao ano para 26,5%, e o mas a situação está no míni-
ministro da Fazenda, Antonio mo esquisita”, comenta An-
Palocci, ampliou o superávit drei Spacov, economista-che-
primário (exclui pagamento fe do Unibanco.
de juros) de 3,9% para 4,25% E, além dos Estados Uni-
do PIB. 2003 acabou sendo dos, há outras incertezas no
um ano duríssimo para a eco- cenário: a sustentabilidade
nomia, e vai fechar com cresci- do ritmo vertiginoso de cres-
mento próximo a zero, alto de- cimento da China, o perene
semprego e forte queda na ren- marasmo das economias ja-
Eduardo Nicolau/AE

da real dos trabalhadores. ponesa e européia, o risco de


“Do ponto de vista da políti- grandes atentados terroris-
ca econômica, este primeiro tas e turbulências geopolíti-
ano foi de continuidade, com cas, uma eventual disparada
desemprego em alta e salário dos preços do petróleo etc.
em baixa”, diz Paulo Pereira (F.D.)
da Silva, o Paulinho, presiden- BM&F, em São Paulo: apesar da retração econômica, risco Brasil em queda e estabilização levaram euforia ao mercado financeiro
te da Força
Sindical. nos na solvência ve aspectos positivos da políti- presas e consumidores.
Para os SINAIS DE CONFIANÇA do setor público. ca econômica do governo ante- O piso dos juros reais, que
muitos defen- O crescimento rior, como os aprofundou. “O iniciou 2003 na faixa de 18%
sores de Pa- Desempenho de alguns indicadores de mercado, em 2003 da relação entre importante no governo Lula ao ano, caiu para menos de
locci, porém, 1.446 Risco país (em número de pontos) Dólar (em R$) a dívida pública foi não só o cuidado com a 9,5% em dezembro. Em 2000,
o desempe- 31/12/02 e o PIB foi mais questão fiscal do curto prazo, quando a economia cresceu
nho pífio da 3,530 3,553 ou menos estan- mas também com equilíbrio 4,4%, o piso não caiu jamais
economia em 1.328 cado em 2003, no longo prazo”, diz o econo- abaixo de 10%. Agora, já se
3,515
2003 foi o pre- 1.178 embora perma- mista José Alexandre Scheink- prevê que ele chegue a 8% ao
ço a ser pago 3,313 neça em nível man, da Universidade de Prin- longo de 2004, ou a até menos.
para debelar 1.044 muito alto. ceton, referindo-se à reforma É a perspectiva desta queda
a turbulência da Previdência do setor públi- inédita dos juros reais, combi-
iniciada em 801 788 3,030 Juros – A recu- co. Também foram elogiadas nada com diversos indicado-
2,980 2,986
2002, que pro- 822 799 694 2,926 2,903 peração da con- a manutenção do superávit pri- res da recuperação da ativida-
2,965
vocou um cor- 705 529 2,905 fiança, combina- mário de 4,25% de econômica
609 468 2,837 2,850
te abrupto da com o nível do PIB para no fim de 2003,
J
31/ 28/ 31/ 30/ 30/ 30/ 31/ 29/ 30/ 31/ 28/ 30/ 2/ 3/ 5/ 1/ 2/ 2/ 1/ 1/ 1/ 1/ 3/ 1/ 30/
dos fluxos ex- Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Dez.
mais desvalori- 2004 e 2005, e a que alimenta o
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
ternos de capi- zado do real sua obtenção, URO REAL otimismo em re-
tal e temores ( c o m p a r a d o em 2003, via cor- lação a 2004.
de um calote Inflação (IPCA) – em % Bovespa (em número de pontos) 22.236 com o período te de despesas, e ESTÁ CAINDO A animação
da dívida pú- 2,47 20.183 anterior à crise não de aumento começa a chegar
blica e cam- de 2002), levou de impostos. PARA NÍVEIS às empresas, de-
bial do País. à estabilização No último tri- pois da dureza
17.982
A crise em do dólar e à que- mestre do ano INÉDITOS de 2003. “O acer-
2002 foi atri- 1,37 1,38 16.010 da do risco Bra- passado, com a to macroeconô-
buída por 1,46 15.174 sil. Assim, foi inflação sob con- mico tem efeito
muitos ao fa- 0,99 0,82 11.268 13.421 criado o ambien- trole e o setor externo em equi- direto e imediato na nossa ati-
voritismo do 31/12/02 12.556 13.571 te propício à re- líbrio, puxado pelo surpreen- vidade”, observa Paul Altit, vi-
0,37
PT na eleição 10.941 13.291 dução da Selic dente crescimento das exporta- ce-presidente de Finanças e
presidencial, 0,04 0,39 11.273 de 26,5% para ções e do saldo comercial, co- Relações com Investidores da
0 0,18
combinado -0,06 10.280 16,5%, de junho meçou a ser vislumbrada a pos- Brasken, o maior grupo petro-
com o históri- 31/ 28/ 31/ 30/ 30/ 30/ 31/ 29/ 30/ 31/ 28/ 30/ a dezembro, an- sibilidade de uma queda dos químico da América Latina.
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
co do partido tecipada pela juros reais para níveis jamais Por outro lado, muitos de-
de contesta- Fonte: mercado queda dos juros experimentados no período fensores da gestão macroeco-
ção à política de mercado. Fiel posterior ao Plano Real. O cha- nômica de Lula têm críticas às
econômica ortodoxa. Isto, é verno e do setor privado. nário causado pela alta do dó- à ortodoxia, o governo reno- mado “juro real” é o piso dos ditas questões “microeconômi-
claro, numa situação de vulne- Na visão favorável ao Lula lar. Já a política fiscal aperta- vou o acordo com o Fundo Mo- juros de mercado descontados cas”, como regulação, infra-es-
rabilidade do País, causada pe- presidente, o sacrifício dos ju- da foi considerada crucial pa- netário Internacional (FMI). da inflação, acima do qual se trutura, modelo energético, es-
la grande dívida pública e pelo ros altos foi um mal necessário ra restabelecer a confiança dos Os admiradores de Palocci movem todas as taxas efetiva- tímulo aos investimentos etc.
endividamento externo do go- para combater o surto inflacio- investidores externos e inter- acham que Lula não só mante- mente pagas pela massa de em- (ver páginas 15 e 17).

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


Foi só parte de uma Este primeiro ano foi de O governo Lula

‘ longa caminhada, mas


trouxe ânimo e
credibilidade para
avançarmos em direção à
NOTA recuperação dos
indicadores sociais
7 Marcio Cypriano,
presidente do Bradesco
continuidade. Esperamos
que o Lula passeie menos
no próximo ano e cuide
mais de fazer o País voltar
NOTA

4
a crescer e ter
empregos
Paulo Pereira da Silva,
presidente da Força Sindical
‘7,5
surpreendeu. Afastou
a inflação e diminuiu o

NOTA
risco Brasil. Foi
pragmático e
determinado. Mas
excedeu-se nos ajustes
Horácio Lafer Piva,
presidente da Fiesp
Produto: ESTADO - BR - 12 - 31/12/03 X12 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 12 - 31/12/03 X12 - Composite

X12 - O ESTADO DE S.PAULO


%HermesFileInfo:X-12:20031231:

ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

Desafio em 2004
O ANO DA VIRADA EXTERNA América Latina da consultoria
Idea Global. Em 2003, as impor-
será combinar contas tações cresceram, mas menos de
externas saudáveis com 2%. O valor é baixo porque as
PIB em alta compras externas vinham de
uma base muito deprimida – caí-
PATRÍCIA CAMPOS MELLO ram 15% em 2002, em relação
ao ano anterior.

O
Brasil prepara-se para Para que o saldo comercial
enfrentar um grande de- não encolha com o salto das im-
safio – combinar ajuste portações, é importante incenti-
externo com economia em cresci- var as exportações. As vendas ex-
mento. Em 2003, o País debelou ternas vão encerrar 2003 com
a vulnerabilidade externa e deve crescimento de
encerrar o ano com um superá- mais de 20% em
vit de cerca de US$ 3,8 bilhões
na conta corrente, seu melhor re-
sultado desde 1992. As glórias
PRECISO
relação ao ano
passado. Novos
mercados, moe-
É
do desempenho vão para o sur- AUMENTAR da competitiva,
preendente resultado da balan- boom do agrone-
ça comercial, que termina o ano CORRENTE DE gócio, valoriza-
com superávit acima de 24,5 bi- ção das commodi-
lhões. Trata-se, porém, de um su- COMÉRCIO ties e aumento da
perávit que dependeu de impor- participação da
tações praticamente no mesmo China foram al-
nível de 2002, o que em parte foi guns dos fatores que colabora-
causado pelo crescimento quase ram para o crescimento. Mas es-
nulo da economia em 2003. se ritmo será difícil de manter.
No ano que vem, o Produto In- Analistas prevêem aumento de

Robson Fernandjes/AE
terno Bruto (PIB) volta aos ei- 3% a 9% nas exportações.
xos e deve crescer, segundo a O Brasil deve voltar a ter défi-
maior parte da projeções, de 3% cit em conta corrente no ano que
a 4%, elevando também as im- vem, projetado em US$ 4,6 bi-
portações. Será que com isso o lhões pelo Banco Central. O su-
País voltará a seu ciclo de “stop- perávit das transações correntes
and-go”, com aumento da vulne- deste ano foi uma adaptação for-
rabilidade externa obrigando o Com a ajuda de produtos agropecuários, como a soja, as exportações brasileiras cresceram mais de 20% em 2003, para US$ 73 bilhões çada que o País teve de fazer à es-
governo a, mais uma vez, elevar cassez de financiamento exter-
a taxa de juros e brecar a ativida- desencadeada pelos juros mais “Não se pode comparar o Bra- importações de 10% a 20%. O de comércio – importações mais no, que secou depois dos atenta-
de econômica? baixos. Com o dólar em alta, a sil superavitário com o País de que é saudável, uma vez que in- exportações – é a fórmula para dos de 11 de setembro e durante
“O ajuste que fizemos vai dei- inflação subia de novo e o gover- três anos atrás, quando tinha sumos importados são necessá- manter o ajuste em uma econo- a transição política.
xar o crescimento potencial me- no era obrigado a elevar os ju- déficits em conta corrente de rios para aumentar a capacida- mia aquecida. “No ano que vem, Neste ano, com os juros inter-
nos dependente do balanço de ros, brecando a economia. Daí mais de US$ 20 bilhões. Hoje de de produção e também para acredito que conseguiremos ter nacionais muito baixos e o au-
pagamentos”, aposta Andrei o “stop-and-go”. “Mas agora é podemos reduzir os juros sem garantir as exportações. um aumento na corrente de co- mento da liquidez, houve uma
Spacov, economista do Uniban- diferente, o BC vem reduzindo temer desvalorização cambial Mas o equilíbrio é tênue e não mércio com crescimento de 19% volta dos empréstimos externos.
co. O País saiu de um déficit (em os juros e a moeda não está se tão grande.” se pode sacrificar o superávit co- nas importações e 10% nas ex- Mas os investimentos estrangei-
conta corrente) de US$ 24 bi- desvalorizando. Pelo contrário, Com a volta do crescimento, mercial dos últimos dois anos. portações”, diz Ricardo Amo- ros diretos, de US$ 16 bilhões
lhões em 2000 para um superá- o real está em alta”, diz Spacov. analistas prevêem aumento nas Conseguir aumentar a corrente rim, chefe de Pesquisa para a em 2002, neste ano minguaram
vit de US$ 3,8 bi- para cerca de
lhões. No passa- US$ 9 bilhões.
do, explica Spa-
cov, todas as ve-
CORREÇÃO DE RUMOS “A turbulên-
cia de 2002 ba-
zes que o Brasil teu no fluxo de
começava a cres- O superávit gigante investimentos
Saldo da balança comercial Saldo da conta-corrente
cer, batia em deste ano”, diz
(em US$ bilhões) (em US$ bilhões)
um problema
de balanço de 25 24,5 Os fatores que impulsionaram
10
Antônio Corrêa
de Lacerda, pre-
as exportações
pagamentos. A
economia se ex- 5 3,8 sidente da So-
beet. Ele prevê
20 As vendas para a Argentina
pandia, e aí vi- -0,6 um fluxo de
nha uma explo- 19,0 se recuperaram, crescendo 0
US$ 13 bilhões
são nas importa- 15 13,4 90% em 2004.
10,7 13,5 -5
ções, que torna-
A China se tornou o -3,8 -4,6 Mesmo as-
va o País vulne- 10 -10 sim, o Brasil
rável de novo. segundo parceiro comercial não vai poder
Além disso, 5 do Brasil -15 abrir mão de
toda vez que o polpudos supe-
governo redu- O País conquistou novos -20 rávits comer-
zia os juros, a 0 mercados, como Oriente ciais e mais
economia se -25 -24,4 uma vez ceder à
Médio e Leste Europeu
reaquecia, mas -5
tentação de de-
aí o câmbio se -8,4 O preço internacional de -30 pender da pou-
desvalorizava – commodities como soja e aço pança externa.
para enfrentar -10 -35 -34,9 “Estamos con-
a fuga de capi- subiu denados a gerar
90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03* 04* 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03* 04*
tais externos pa- A safra agrícola foi recorde superávits de
ra outros países US$ 20 bi-
*Previsão Fonte: Banco Central
mais rentáveis, lhões”, diz ele.

No primeiro ano de
O PT SE RENDE AO FMI
posição do Fundo, mas por deci- sofisticação da imprensa e do mo diz a vice-diretora gerente versar com vocês”. Bem mais de te, o formato do novo progra-
são do próprio governo de Luiz mercado financeiro”, disse. “Se do FMI, Anne Krueger: o FMI 20 minutos depois, o secretário ma foi anunciado. Nos dias se-
governo, Lula acertou um Inácio Lula da Silva. o governo fizer alguma besteira, tem acordo com diversos países do Tesouro Nacional, Joaquim guintes, interlocutores da área
acordo ‘preventivo’ de Mudou o Fundo ou mudou o isso se reflete nos prêmios de ris- governados por partidos de cen- Levy, acompanhado pelo chefe política se dedicaram a espa-
US$ 14 bi com o Fundo PT? “Mudou o Brasil”, respon- co, na taxa de câmbio, nas expec- tro-esquerda. da missão do FMI que se encon- lhar a versão de que Levy teria
deu o presidente nacional do tativas dos agentes econômicos e Isso não im- trava no País, anunciado a renovação por
LU AIKO OTTA PT, José Genoíno. A mesma ava- nas manchetes dos jornais.” pediu, porém, Jorge Már- conta própria, atropelando até


liação é feita pelo ex-ministro da Então, o governo do PT foi ao que o tema (O acordo) é quez-Ruarte, o presidente. Intencionalmen-

B
RASÍLIA – O Partido Fazenda Mailson da Nóbrega, Fundo. “Tínhamos um progra- FMI provocas- parou no tér- te ou não, criou-se uma blinda-
dos Trabalhadores, que
durante anos pregou a
sócio da Tendências Consulto-
ria Integrada. “O PT mudou
ma de US$ 30 bilhões e não se
pode sair de um acordo desse ta-
se ruído den-
tro do governo
uma espécie reo para infor-
mar à impren-
gem para as autoridades petis-
tas do governo. Para o registro
ruptura com o Fundo Monetá- muito, para sorte deles e do Bra- manho sem um certo colchão pa- na hora de tor- de seguro, sa oficialmen- da história, fica que a renova-
rio Internacional (FMI), termi- sil.” ra, diante de uma turbulência ex- nar oficial a de- te, pela primei- ção do acordo foi anunciada
nou seu primeiro ano no co- Mailson acha que a decisão de terna, não ameaçar a nova fase cisão de nego- que é bom ra vez, que o por Levy, um técnico herdado
mando do País fechando um
novo acordo com a satanizada
renovar com o FMI viria do go-
verno do PT ou de qualquer ou-
de crescimento”, justificou Ge-
noíno, repetindo um argumento
ciar um pro-
grama para
que não Brasil ia sim
renovar seu
do governo passado.
Desde janeiro, quando per-
instituição, no valor de US$ 14 tro nas atuais circunstâncias. do ministro da Fazenda, Antô- 2004. No final se use programa guntado sobre a relação do Bra-
bilhões, que valerá para o ano Mais do que uma decisão progra- nio Palocci. “É uma espécie de da manhã do José Genoíno, com o FMI. Al- sil com o FMI, Palocci tomava
de 2004. É fato que o acordo mática, o novo acordo com o seguro, que é bom que não se dia 4 de no- presidente do PT gumas horas o cuidado de manter aberta a
não foi assinado para socorrer Fundo é, acredita ele, resultado use.” vembro, Paloc- depois, o presi- porta para um novo programa,
um país à beira do abismo, co- de um processo de amadureci- O presidente do PT afirma ci chegou ao dente Lula, mas dava a entender que, no
mo nas experiências passadas. mento institucional em torno da que não há nenhum desconforto Ministério da Fazenda, vindo de que se encontrava na África do que dependesse de sua vonta-
No entanto, o arrocho nos gas- política econômica nacional. com isso. O ministro Palocci lem- uma reunião do Planalto, e avi- Sul, desautorizou a informação, de, o acordo não seria prorroga-
tos públicos, principal alvo das “Gerou-se uma rotina de infor- bra que o relacionamento do sou aos repórteres que estavam dizendo que nada seria decidido do. “É cumprir o contrato (en-
críticas aos programas com o mações, o Brasil se integrou ao Brasil com o FMI é o de sócio e na porta: “Daqui uns 20 minu- na sua ausência do País. tão em vigor) e boa noite, obri-
FMI, continuará. Não por im- mundo globalizado, houve uma independe de partidos. O mes- tos, o Joaquim desce para con- No entanto, já no dia seguin- gado”, disse ele, em janeiro.

CENAS DO GOVERNO LULA Ed Ferreira/AE

Presidente Lula,
Lula visita com o
modelo governador
de casa Zeca do PT
popular em (MS), dirige
Rondonópolis colheitadeira
(MT), com num
o governador assentamento
Reuters

Blairo em Ponta
Ed Ferreira/AE

Maggi Porã
Lula e o governador Geraldo Alckmin
na festa dos 50 anos da VW no Brasil
Produto: ESTADO - BR - 13 - 31/12/03 X13 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 13 - 31/12/03 X13 - Composite

QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


%HermesFileInfo:X-13:20031231:

ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X13

O GOVERNO APRENDIZ

Fábio Motta/AE
Com o desemprego nas alturas, um concurso público para a vaga de gari no Rio de Janeiro atraiu mais de 15 mil candidatos, provocou tumulto e a polícia precisou ser chamada

RECESSÃO, A OUTRA FACE DO AJUSTE


Custo foi alto para o brasileiro comum,
PIB X PRODUÇÃO INDUSTRIAL
mas empresários vêem oportunidade de
retomada, se governo fizer o seu papel
para estimular os investimentos
Crescimento em relação ao ano anterior (em %) RECORDE PARA
6,64

ESQUECER
PIB
MÁRCIA DE CHIARA não haverá gargalos para essa Produção industrial
expansão da atividade, ao me-

A
estabilização da econo- nos no primeiro semestre de MARCELO REHDER Pereira, gerente da pesquisa
mia em 2003 custou ca- 2004. Após esse período, no en- 4,36 4,31 mensal de emprego do IBGE.
ro para os brasileiros, tanto, as restrições na capacida- O desemprego promete ba- Explica-se: a queda na renda
com férias coletivas fora de hora de produtiva, compensadas via ter todos os recordes no pri- e o aumento do desemprego le-
nas indústrias, níveis recordes aumento de preço ou de impor- 2,45 3,62 meiro ano do governo Lula. vam mais pessoas de uma
de desemprego e queda na ren- tação, podem aparecer, a menos Na Região Metropolitana de mesma família a procurar tra-
da real. que se estimule investimento. 1,58 São Paulo, a taxa média balho, para reforçar a renda
Os números do Produto Inter- Para muitos empresários e 1,93 anual, pesquisada pela Funda- familiar. Isto aumenta a taxa
no Bruto (PIB) do primeiro se- analistas, a retomada sustentá- 0,79 1,31 0,17 ção Sistema Estadual de Aná- de desemprego, porque repre-
mestre, apurados pelo Instituto vel do crescimento da econono- lise de Dados (Seade) e o De- senta mais desocupados em re-
Brasileiro de Geografia e Estatís- mia em 2004 está nas mãos do 0 partamento Intersindical de lação à PEA. Como essas pes-
tica (IBGE), confirmaram o que próprio governo. Nesta visão, o -0,65 -0,47 Estatísticas e Estudos Sócio- soas geralmente só obtêm ocu-
tecnicamente se configura uma deslanche da economia de for- 1999 2000 2001 2002 2003* 2004* Econômicos (Dieese), deve su- pação no mercado informal,
recessão. Por dois trimestres ma consistente no próximo ano perar até a de 1999, ano da de baixíssima remuneração, o
consecutivos o indicador fechou dependerá da concretização das *Expectativa média do mercado, coletada pelo Banco Central desvalorização do real. De ja- rendimento médio volta a
em queda na comparação com o reformas tributária e previden- neiro a outubro de 2003, a mé- cair, num círculo vicioso. Me-
período imediatamente ante- ciária, além do estímulo ao in- DESEMPREGO X RENDIMENTO dia estava em 20,1% da Popu- tade dos trabalhadores não
rior. No primeiro trimestre des- vestimento por meio da conti- lação Economicamente Ativa tem carteira assinada.
te ano, o PIB recuou 0,8% ante nuidade da queda dos juros e de Em % (PEA). Em 1999, o índice mé- As prioridades de política
o último de 2002 e, no segundo regras mais claras, especialmen- 13,0 Rendimento médio real* 13,0 12,9 980,00
dio foi de 19,3% – o maior des- econômica no primeiro ano
trimestre, a retração foi de 1,2% te no setor de infra-estrutura. Taxa de desemprego** de 1985, quando se iniciou a de governo passaram longe de
ante o primeiro trimestre. Al- O empresário Abílio Diniz, 960,00 pesquisa (ver tabela). ações para a retomada do em-
gum alívio ocor- presidente do 12,5 “O ano está sendo um de- prego e da renda. Medidas al-
reu no terceiro tri- Conselho de Ad- 940,00 sastre para o mercado de tra- tamente recessivas foram to-
mestre com cres-
cimento do PIB
de 0,4%.
ARA Grupo Pão de P
ministração do

Açúcar, diz que a


12,0
12,1
12,2
920,00
900,00
balho”, diz o ex-diretor-técni- madas em boa parte de 2003,
co do Dieese Sérgio Mendon- para evitar uma explosão in-
ça, que acaba de assumir a Se- flacionária. O PIB no ano pra-
Apesar de o ABÍLIO DINIZ, recuperação da cretaria de Recursos Huma- ticamente não deve crescer.
PIB, a medida de economia não se- 880,00 nos do Ministé- A reação da
11,5
todas as riquezas RETOMADA rá uma bolha na 860,00 rio do Planeja- economia esbo-
produzidas no
País, ter ficado
praticamente es-
NÃO SERÁ
medida em que
os juros conti-
nuem caindo e
11,0 10,9 840,00
mento. Ele diz
que o baixo cres-
cimento da eco-
R ENDA
çada neste fim
de ano abre es-
paço para a re-
820,00
tagnado em BOLHA, SE que a venda a cré- nomia limita a MÉDIA CAIU dução do de-
2003, a política dito cresça. 10,5 10,5 800,00 geração de pos- semprego, mas
monetária aperta- JURO SEGUIR Já o presidente Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. tos de trabalho 13% ATÉ esse processo só
da e o ajuste nas da Federação do 2002 2003 a um nível insu- deverá ganhar
contas públicas CAINDO Comércio do Es- *Habitual das pessoas ocupadas ficiente para NOVEMBRO fôlego dentro
são considerados tado de São Pau- **Nas regiões metropolitantas de SP, RJ, BH, PA, Salvador e Recife/IBGE derrubar o de- de seis meses.
fundamentais pa- lo (Fecomercio semprego. Há 2 “Normalmen-
ra o arranque da atividade. SP), Abram Szajman, vincula o nhar eleições.” ta da recuperação da renda real, milhões de desocupados na te, há uma defasagem entre o
“2003 não foi perdido, foi um crescimento sustentado ao inves- “A retomada só será ‘vôo da estimada entre 5% e 6%, espe- Região Metropolitana de São reaquecimento e a decisão de
ano de ajuste”, afirma o coorde- timento, tanto privado como pú- galinha’ (curto e baixo) se o go- cialmente por causa da reposi- Paulo – 1 em cada 5 trabalha- contratar”, diz Antônio Car-
nador do Núcleo de Bancos de blico. Por enquanto, ele diz, não verno não der a partida para es- ção da inflação passada por índi- dores. los Borges, diretor da Federa-
Dados Especiais do Instituto há evidências de que os investi- timular o investimento”, diz o ce bem superior à perspectiva Nas média das 6 regiões me- ção do Comércio do Estado
Brasileiro de Economia (Ibre) mentos estejam ocorrendo. economista-chefe da LCA Con- de inflação futura. O pilar que tropolitanas pesquisadas pelo de São Paulo. Ganhos de efi-
da Fundação Getúlio Vargas, O presidente da Câmara sultores, Luís Suzigan. Ele pon- continua fragilizado é o do inves- Instituto Brasileiro de Geogra- ciência e produtividade duran-
Aloísio Campelo Jr. Ele observa Americana de Comércio de São dera que a retomada está sendo timento. fia e Estatística (IBGE) – Reci- te a retração podem atrasar as
que a credibilidade do País foi re- Paulo (Amcham-SP) e do Con- mais lenta do que a esperada Neste aspecto, o pesquisador fe, Salvador, Rio de Janeiro, contratações, até a certeza de
cuperada com o controle da in- selho de Administração da Di- por causa do baque na renda da Fundação Instituto de Pes- São Paulo, Belo Horizonte e que a retomada não é bolha.
flação e das contas públicas. xie-Toga, a maior indústria de real, que acumula perda de 20% quisas Econômicas (Fipe), He- Porto Alegre –, o desemprego Para Mendonça, o mercado
Para Campelo Jr. ainda não é embalagens plásticas da Améri- em relação a três anos atrás. ron do Carmo, acredita que ha- se manteve em torno do nível de trabalho pode dar sinal de
possível afirmar se a tímida re- ca Latina, Sérgio Haberfeld, Para Suzigan, dois dos três in- ja espaço para que o governo se- recorde de 13% desde agosto, melhora a partir de maio, ao
cuperação da atividade esboça- acha que a retomada consisten- gredientes que sustentam a eco- ja o indutor do investimento. só caindo um pouco, para fim da fase sazonalmente
da nos indicadores, neste final te está começando, e acredita nomia estão com desempenho “Existe a possibilidade de que o 12,2%, em novembro. O rendi- ruim para o emprego: “O pro-
de ano, é sustentável ou se se tra- que esse movimento deverá ser garantido em 2004. As exporta- governo reduza o custeio e invis- mento real médio dos traba- cesso pode ser mais intenso se
ta apenas de uma bolha. “A pa- mantido no ano que vem. “Co- ções vão continuar indo bem ta esses recursos.” Ele ressalta lhadores caiu 13% entre no- diminuir o ritmo de queda da
lavra-chave daqui para frente é mo 2004 será um ano eleitoral e graças ao crescimento da econo- que a continuidade na queda vembro de 2002 e 2003. renda, porque isto abre uma
o aumento do investimento”, o partido do governo quer ga- mia mundial e à conquista de dos juros e a ampliação do crédi- “É como uma bola de ne- janela para a retomada do em-
ele diz. Mantido o lento ritmo de nhar mil prefeituras, ele deverá novos mercados. O consumo to poderão garantir o crescimen- ve”, compara Cimar Azeredo prego no setor de serviços”.
recuperação, ele acredita que acelerar a economia para ga- também deve melhorar por con- to entre 3,5% e 5%.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA

‘ ‘
O governo construiu uma O Brasil era um avião O primeiro ano do
sólida base para o
desenvolvimento.
Reconquistamos nossa
credibilidade, controlamos a
NOTA inflação. Empresário não

-
deve dar nota ao governo
Abílio Diniz, presidente do conselho de
administração do Pão de Açúcar
NOTA
que estava caindo.
Conseguiram estabilizar
o vôo, porém em baixa
altitude. Por isso, está

5
consumindo tanto
combustível, imposto
Guilherme Afif Domingos,
presidente da Associação Comercial de SP
‘ NOTA

8
governo foi
pragmático: ele deixou o
discurso eleitoral e
operou bem a política e a
economia. Isso é o
fundamental
Heron do Carmo,
economista da Fipe
Produto: ESTADO - BR - 14 - 31/12/03 X14 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
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X14 - O ESTADO DE S.PAULO


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ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

Aperto fiscal e monetário


A RECEITA DO DOUTOR PALOCCI palhar boatos sobre um “Pla-
no B”, que marcaria a adoção
sem precedentes rende ao de políticas mais agressivas pa-
ministro as glórias e as ra o crescimento. Mais recente-
críticas pelo ajuste mente, o presidente do Sena-
do, José Sarney (PMDB-AP),
LU AIKO OTTA defendeu que o Brasil deveria
pagar menos juros sobre a dívi-

B
RASÍLIA – Olhar a si- da externa. O fantasma do ca-
tuação da economia ao lote voltou a assombrar os
final de 2003 e compa- agentes de mercado. Com um
rá-la com o quadro de doze me- recado de Palocci, o assunto
ses atrás confirma: o ataque morreu.
de nervos pré-eleitoral foi de- No geral, o tiroteio não pro-
belado, à custa de doses maci- duziu nada além de barulho.
ças de ortodoxia econômica No início do ano, Palocci rece-
prescritas pelo doutor Anto- beu em seu gabinete um grupo
nio Palocci Filho. Ao aplicar o de empresários assustados
tratamento, ele recebeu elo- com as declarações desencon-
gios de inimigos históricos da tradas. “É bom ir se acostu-
esquerda brasileira, como o mando”, avisou. “O PT é pura
empresariado e o Fundo Mone- emoção.”
tário Internacional. Pela mes- Em alguns momentos, po-
ma razão, foi alvo de uma sa- rém, o clima realmente pesou.
raivada de críticas principal- Palocci saiu do sério quando
mente de seus companheiros seu colega das Comunicações,
de partido e de seus colegas de Miro Teixeira, pôs em dúvida
governo. A opção do presiden- o cumprimento dos contratos
te Luiz Inácio Lula da Silva, das concessionárias de telefo-
porém, foi clara. nia fixa. Miro achou o reajuste
O ministro da Fazenda, An- exagerado e ameaçou levar a
tonio Palocci, termina o ano questão à Justiça. Para um
tendo consolidada sua posição País que lutava para recupe-

Paulo Pinto/AE
na tríade de homens fortes do rar sua credibilidade diante do
governo, ao lado do ministro- investidor externo, a atitude
chefe da Casa Civil, José Dir- de Miro ia na direção oposta.
ceu, e do ministro-chefe da Se- O pior momento, porém,
cretaria de Comunicação de Otimismo no discurso do ministro: ‘2004 será um ano de crescimento e geração de emprego, em que se abre uma oportunidade histórica’ ocorreu em agosto. Pela pri-
Governo e Ges- meira vez, circu-
tão Estratégica, capaz. O esto- Discutiu-se, então, no chama- de governo. Em tempos de do Desenvolvi- laram boatos so-
Luiz Gushiken.
Melhor ainda
que o posto de
UROS E J
que, garantem do núcleo duro do governo, o guerra no Iraque, ficou popu- mento, Luiz Fer-
seus assessores, que fazer: um ajuste profundo lar também em Brasília a ex- nando Furlan,
é inacreditavel- e de curta duração ou um tra- pressão “fogo amigo”, aquele expressou preo-
ALOCCI A
bre a demissão
de Palocci, que
estaria envolvi-
P
destaque é po- CÂMBIO NA mente grande. tamento mais brando que de- que causa baixas dentro das cupações quan- EMPRESÁRIOS: do numa dispu-
der afirmar, Diz seu secretá- mandaria mais tempo. próprias linhas. to ao desempe- ta de espaço
com todas as le- MIRA DO rio de Assuntos Venceu a opção pela dure- O vice-presidente, José nho das exporta- ‘O PT É PURA com José Dir-
tras: “ 2004 será Internacionais, za, e o que se seguiu todos sa- Alencar, não deixou escapar ções. O líder do ceu. O chefe da
um ano de cresci- ‘FOGO AMIGO’ Otaviano Canu- bem: aperto brutal nos gastos nenhuma oportunidade para governo no Sena- EMOÇÃO’ Casa Civil esta-
mento e geração to: “É a pessoa e taxas de juros persistente- criticar as altas taxas de juros. do, Aloízio Mer- ria pressionan-
de emprego, em com maior taxa mente elevadas. A atividade Ataques ao aperto monetário cadante (PT- do pela flexibili-
que se abre uma oportunidade de inteligência emocional que econômica mergulhou e o de- também partiram do Ministé- SP) foi mais longe: ameaçou zação da política econômica.
histórica nova.” É o que Paloc- conheço.” semprego cresceu. De tão pare- rio do Planejamento. Tampou- dar “declarações bombásti- Ao final do primeiro ano do go-
ci vem repetindo nas últimas No final de 2002, quando as- cido com seu antecessor, Pe- co foi poupado outro pilar da cas” para fazer o dólar subir. verno Lula, queria ter algo
semanas. sumiu o posto de coordenador dro Malan, Palocci passou a macroeconomia brasileira, o “É meu instrumento heterodo- mais a mostrar além da estabi-
Chegar a esse ponto, porém, da transição, Palocci encon- ser chamado de “Malocci”. câmbio flutuante. Quando o xo.” lização macroeconômica. Os
exigiu o máximo de tranqüili- trou a economia num estado Pior que a piada foram os ata- dólar estacionou na cotação Os descontentes com a polí- rumores foram negados e o as-
dade e bom humor que ele foi mais grave do que o esperado. ques dos colegas de partido e perto de R$ 3,00, o ministro tica econômica passaram a es- sunto morreu.

MEIRELLES E AS LADEIRA ABAIXO

DECISÕES ARRISCADAS 30
29,12 29,19 Juros de 1 ano – evolução semanal (% ao ano)
Taxa Selic (% ao ano)
Presidente do BC
28
enfrenta resistências à
sua nomeação e impõe 26,50
26,00
política monetária dura 26
25,64 25,50
FERNANDO DANTAS
25,00 25,54

R
IO – A escolha de Hen- 24 24,50
rique Meirelles, ex-al- 24,10
to dirigente global do 23,54
BankBoston, para a presidên- 21,84
cia do Banco Central (BC), 22
confirmou a idéia de que exe- 22,00
cutivos de destaque são sujei-
tos que sabem tomar decisões 21,01
arriscadas em momentos difí- 20
ceis, e sair-se bem. Meirelles 20,00
acabara de se eleger deputa- 19,00
do federal por Goiás, pelo PS- 19,00
18 17,50
DB, e teve de renunciar à Câ-
mara para assumir o BC. 17,90
17,69
No início da sua gestão, ele- 16,50
vou a Selic, o juro básico, de 16
Mônica Zarattini/AE

25% para 26,5%, nível manti- 16,00


do até junho, em uma política
15,84
duríssima para conter a dispa-
rada das expectativas inflacio- 14
nárias, na esteira da megades- Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
valorização cambial de 2002. Meirelles: Senador Mercadante foi padrinho da sua indicação
No segundo
semestre, Mei- Inácio Lula da luta confiança do mercado fi- verno de que o casamento en- croeconômico específico para Meirelles não ganhou a au-
relles reduziu ra-
pidamente a Se-
lic, até 16,5%, e
ROMESSA P
Silva, à hipóte- nanceiro e dos investidores in-
se da manter no ternacionais.
cargo o presti- A tentativa de convencer
tre os dois seria feliz.
Na presidência do BC, Mei-
relles pegou pela proa o pior
tocar a política monetária.
Com total apoio de Palocci
e colaboração de Fraga, Mei-
tonomia operacional do BC,
prometida por Palocci, em
2003, e talvez não a obtenha
o ano fechou DE giado Armínio Pedro Bodin, amigo e ex-cole- repique inflacionário desde relles herdou a antiga cúpula em 2004. Na prática, porém,
com inflação Fraga, último ga de BC de Fraga, a aceitar 1995, com o IPCA anualiza- do BC, e, seguro no exercício trabalhou com independên-
controlada e oti- AUTONOMIA presidente do o convite (nunca tornado pú- do do último trimestre de da liderança, soube fazê-la cia informal, garantida por
mismo quanto BC de Fernan- blico) para a presidência do 2002 batendo em 29%. Sua trabalhar com afinco para re- Palocci. Outro mérito da sua
ao crescimento FOI ADIADA do Henrique, BC fracassou. Outras sonda- nomeação desagradou tanto verter a difícil situação que gestão foi melhorar o perfil
em 2004. era preciso ar- gens do PT junto a banquei- aos petistas tradicionais, inco- ele encontrara. Aos poucos, da dívida pública, reduzindo
A nomeação ranjar um subs- ros e economistas ortodoxos modados com a presença de substituiu os diretores herda- a dolarização. Na conta de
de Meirelles, em dezembro de tituto à altura. Antônio Paloc- foram elegantemente escan- um banqueiro internacional dos por técnicos de perfil pa- pontos duvidosos, está a dure-
2002, pôs fim a um dos impas- ci, já indicado ministro da Fa- teadas. A solução acabou vin- tucano na equipe econômica, recido: sólida formação eco- za talvez excessiva da política
ses mais aflitivos da transição zenda, e defensor interno de do do senador Aloísio Merca- quanto a parte do mercado, nômica e matemática, orienta- monetária em 2003: o PIB de-
de governo. Com a rejeição fi- Fraga, deixou claro que o no- dante (PT-SP), que conven- que via em Meirelles um polí- ção ortodoxa e sintonia com o ve fechar o ano com cresci-
nal do presidente eleito, Luiz vo nome teria de ser de abso- ceu o amigo Meirelles e o go- tico sem o conhecimento ma- mercado financeiro. mento próximo a zero.

CENAS DO GOVERNO LULA J.F. Diório/AE

Palocci com Palocci com


a diretora- o presidente
gerente da Bovespa,
do FMI, Raymundo
Anne Magliano
Sebastião Moreira/AE

Krueger: Filho:
elogios e confiança e
aval à gestão adesão do
Dida Sampaio/AE

econômica setor
do PT financeiro
Palocci e o presidente da Fiesp,
Horácio Piva: apoio com restrições
Produto: ESTADO - BR - 15 - 31/12/03 X15 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 15 - 31/12/03 X15 - Composite

QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


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ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X15

O GOVERNO APRENDIZ

INVESTIMENTO, O DESAFIO DA VEZ


Receita para crescer no
longo prazo: agenda
‘microeconômica’, queda
de juros reais, ou os dois?
FERNANDO DANTAS

U
ma das condições cru-
ciais para a retomada
sustentável do cresci-
mento econômico em ritmo
mais forte no Brasil é o aumen-
to dos investimentos. Desde o
início da década de 90, a taxa
de investimentos brasileira têm
girado em torno de 20% do
PIB, e em 2003 deve cair para
algo em torno de18%. Para mui-
tos economistas, a taxa de inves-
timentos tem de subir uns cinco
pontos porcentuais do PIB, no
mínimo, se o Brasil quiser sus-
tentar um crescimento mais ro-
busto no longo prazo.
“Para que o Brasil cresça 6%
ou 7%, num ano bom, em vez
de crescer 3% ou 4%, e para
que cresça 2% num ano ruim,
em vez de zero, a taxa de investi-
mentos tem de subir para 25%
do PIB”, diz José Alexandre
Scheinkman, economista da
Universidade de Princeton.
Outra preocupação é com a
queda dos investimentos dire-
tos estrangeiros, que desaba-
ram de US$ 30 bilhões anuais,

Agliberto Lima/AE
em 1999 e 2000, para pouco
mais de US$ 9,2 bilhões em
2003. As projeções do mercado
não superam US$ 15 bilhões ao
ano até pelo menos 2006.
Para uma corrente de econo- Fábrica de papel da Klabin no Paraná: como muitas empresas, planos de investimentos estão ligados à exportação, por causa do baixo crescimento do mercado interno
mistas, a recupe-
ração dos investi-


mentos depende TORNEIRA FECHADA Para que o Brasil cresça 6% ou
da chamada
“agenda microe-
7%, num ano bom, em vez de
conômica”, refe- Taxa de investimentos Investimentos estrangeiros diretos crescer 3% ou 4%, a taxa de
(% do PIB) (Líquidos/em US$ bilhões)
rente a temas co-
mo regulação, 30,5
investimentos tem de subir
mercado de tra- 19,4 para 25% do PIB
balho, sistema ju- 24,7 José A. Sheinkman, economista de Princeton
rídico etc. A lista
de pendências
14,8


18,8 14,2
microeconômi-
cas é longa: Justi- 18,7
14,1
12,1 A mudança na Cofins vai reduzir
9,2
ça inoperante e em 40% nossa lucratividade; não
protelatória, in-
certeza sobre con- 18,4
poderemos manter o ritmo de
tratos, excesso de 2001* 2002* 2003** 2004** 2000 2001 2002 2003*** 2004*** 2005*** 2006*** investimentos
burocracia para Stephane Engelhard, do grupo hoteleiro Accor
abrir empresas, *Dados do Ipea **Projeções do Ipea ***Média das projeções do mercado, coletada pelo Banco Central
confusão regula-
tória nos setores de infra-estru- sustentam que o principal fator
tura, encargos trabalhistas mui- de inibição dos investimentos
to altos, número gigantesco de no Brasil é o nível altíssimo dos
ações na Justiça do Trabalho, juros reais. Se isto for verdade,
dificuldade para executar ga- é uma boa notícia, já que os ju-
rantias de crédito etc. ros reais estão caindo, e em
Nesta área, ao contrário da 2004 podem descer a níveis iné-
gestão macroeconômica, o go- ditos após o Plano Real.
verno Lula colheu mais críticas “A principal causa do investi-
do que aplausos no seu primei- mento baixo é o juro real eleva-
ro ano, por parte dos setores li- do, assim como no passado era
berais e pró-mercado. O minis- a hiperinflação. Se o juro real
tro da Fazenda, Antonio Paloc- cair para 8%, vai haver uma re-
ci, vem dizendo que quer priori- tomada do investimento”, diz
zar agora os temas microeconô- Andrei Spacov, economista-
micos. O fato, porém, é que es- chefe do Unibanco.
tas questões transcendem o nú- De fato, as empresas, na ho-
cleo de poder da Fazenda, e ra de investir, parecem basica-
muitas das críticas dirigem-se mente preocupadas com o au-
justamente a problemas surgi- mento da demanda por seus
dos em outros ministérios. produtos. Em setores exporta-
O projeto de mudar as agên- dores, como celulose e siderur-
cias reguladoras foi visto como gia, há investimentos pesados.
uma tentativa de enfraquecer a A Klabin, fabricante de papel,
sua autonomia. O ministro das tem seus planos de investimen-
Telecomunicações, Miro Teixei- tos voltados à exportação, em-
ra, estimulou os usuários a con- bora venda bem mais no Brasil.
Robson Fernandjes/AE

testar na Justiça um aumento Para os negócios direciona-


das tarifas de te- dos ao mercado brasileiro, o
lefonia fixa. O ín- crescimento da economia é o
dice previsto nos
contratos foi tro-
cado liminarmen-
M 2003, E motor fundamental. Paul Altit,
vice-presidente da petroquími-
ca Braskem, nota que a empre-
te, por outro me- INVESTIMENTO Fábrica da Ford no ABC: queda contínua dos juros reais pode deflagrar novo ciclo de consumo e investimentos sa tem um programa de investi-
nor. Fernando mentos entre US$ 100 milhões
Xavier, presiden- CAIU PARA modelo energéti- e Tecnologia, diz: “Nada do nou alvo de críticas por empre- quetes de refeição, e emprega e US$ 150 milhões por ano, em
te da Telefônica co, que está sen- que escutei nesta área me dei- sas do setor de serviços, ao ele- 27 mil pessoas. 2003 e 2004, e que “a partir de
– um dos grupos PERTO DE 18% do questionado xou animado; além daquele ba- var de 3% para 7,6% a alíquota Num dos poucos avanços da 2005 deve subir”. A retomada
externos que como estatizante rulho bobo sobre a bomba atô- da Cofins, contribuição trans- agenda microeconômica em da economia, segundo Altit, é a
mais investiram e centralizador, e mica, houve a questão mais sé- formada em tributo sobre o va- 2003, o governo avançou na tra- motivação básica para investir.
no Brasil nos últimos anos –, porque esvaziaria as atribui- ria da proposta de descentrali- lor agregado a partir de 2004. mitação da nova Lei de Falên- Jáder Piccin, diretor da Boa-
disse que a empresa deixou de ções da Agência Nacional de zação da ciência e tecnologia, “Esta mudança vai reduzir nos- cias no Congresso, que reforça vistense, empresa de balas e
faturar cerca de R$ 300 mi- Energia Elétrica (Aneel). quando é sabido que todos os sa lucratividade em 40%, e não os direitos dos credores e agili- confeitos de Erechim (RS), diz
lhões pela troca de índices. A política científica e tecnoló- países que se tornaram impor- vamos poder manter o ritmo de za a recuperação ou liquidação que a decisão sobre um novo in-
Outro alvo de críticas foi a gica é considerada pífia por tantes nesta área o fizeram atra- investimentos”, diz Stephane de empresas em dificuldade. vestimento de R$ 6 milhões de-
ministra de Minas e Energia, muitos observadores. Scheink- vés da formação de centros de Engelhard, diretor-financeiro Apesar de todo o falatório pende de “uma sinalização
Dilma Roussef. Ela demorou man, em crítica direta a Rober- excelência”. do grupo Accor no Brasil, que em torno de da agenda microe- mais forte de crescimento inter-
um ano para gestar um novo to Amaral, ministro da Ciência A reforma tributária se tor- atua no setor hoteleiro e de tí- conômica, alguns economistas no da economia”.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


O governo conseguiu

‘ ‘
Minha avaliação é O governo Lula, neste
conter a inflação, positiva na política primeiro ano,
que é o pior câncer. E a internacional e no foi um governo médio,
redução dos juros está sendo controle da situação com a cabeça
feita com o pé no chão, econômica. Mas ficamos no freezer e
NOTA para não prejudicar NOTA com o desemprego e a NOTA os pés no forno
essa conquista queda de renda
10 Walter Wieland,
presidente da GM do Brasil 7,5 Luiz Marinho,
presidente da CUT 6,5 David Zylbersztajn,
consultor e ex-diretor da Agência
Nacional do Petróleo
Produto: ESTADO - BR - 16 - 31/12/03 X16 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 16 - 31/12/03 X16 - Composite

X16 - O ESTADO DE S.PAULO


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ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

‘CRESCIMENTO SERÁ
Sem resolver o déficit do
DESAPONTADOR’ quinas, treinamento e tecnolo-
gia, estão financiando o go-
setor público, País está verno. Se tudo correr bem, te-
condenado a uma vida remos um crescimento mode-
medíocre, diz Giannetti rado de 3% a 4% ao ano. Sem
resolver as questões mais pro-
MARIANA BARBOSA fundas, o potencial de cresci-
mento é muito baixo.

A
pós uma dolorosa cirur-
gia e um longo ano de Estado – É mais do que o
convalescença, a econo- País cresceu ao ano, em mé-
mia brasileira terá alta em dia, na última década.
2004. Porém, sem um ambiente Giannetti – É melhor do
favorável aos investimentos e que a média do real para cá,
sem resolver questões estrutu- que foi de 2,4%, mais vai ser
rais como o déficit do setor pú- muito desapontador desco-
blico, o País estará condenado a brir que, no melhor cenário,
um crescimento medíocre, de sem nenhuma turbulência, o
4% ao ano no máximo. Assim país cresce apenas moderada-
acredita o economista Eduardo mente. Com a população cres-
Giannetti da Fonseca. PhD pe- cendo 1,5%, 4% é baixo.
la Universidade de Cambridge
e professor do Ibmec, ele elogia Estado – Insuficiente para
a ortodoxia macroeconômica resolver o desemprego.
do governo Lula, mas é cético Giannetti – A falta de cresci-
quanto a sua manutenção ao mento é apenas parte do proble-
longo do mandato. “A tenta- ma. O desemprego no Brasil,
ção de acelerar o crescimento em qualquer momento do ciclo
para maximizar as chances econômico, não seria tão alto se
de reeleição será forte.” A se- tivéssemos um mercado de tra-
guir, os principais trechos da balho mais flexível e mais con-
entrevista. fiável. Os países mais protegi-
dos da Europa despedem me-
Estado – Como o senhor nos na recessão, mas também
avalia a política econômica contratam menos na alta. Nós
no 1º ano do governo? temos uma combinação perver-
Eduardo Giannetti da sa do modelo europeu com o
Fonseca – Na política econô- americano, que é mais flexível.
mica estrito senso (política Na informalidade, não temos
monetária e fiscal de curto direitos nem proteção. Na eco-
prazo), o veredicto é clara- nomia formal, que está cada
mente favorável. O governo vez menor, temos uma estrutu-
venceu ao conter a ameaça ra ossificada e senil.
de aceleração inflacionária e
reverter o jogo das expectati- Estado – A reforma traba-
vas. Se alguma crítica puder lhista poderia minimizar o im-
ser feita é de excesso de pru- pacto do baixo crescimento?
dência, um pequeno erro de Giannetti – A reforma pode
dosagem, mas isso é natural ter um impacto positivo no cur-
para um governo que precisa- to prazo. A incerteza que paira
va construir credibilidade. hoje sobre o contrato de traba-
lho é o pior inimigo do trabalha-
Estado – E qual a sua ava- dor brasileiro. Somos recordis-
liação sobre as reformas es- ta mundial em ações trabalhis-
truturais aprovadas? tas. Os empresários relutam o
Giannetti – A proposta de quanto podem antes de abrir
reforma da previdência foi um flanco que pode lhes custar
ousada e sobreviveu à nego- caro depois.
ciação. Traz um ganho impor-
tante nas finanças públicas Estado – O que precisa pa-
que pode chegar a 0,5% do ra ter crescimento alto e sus-
PIB. Já a tributária foi um tentado?
fracasso. O que era para ser Giannetti – Precisa aumen-
uma reforma para melhorar tar os investimentos em capital
a eficiência e diminuir a infor- físico e humano, em pesquisa e
malidade acabou se tornando desenvolvimento. Para isso, o
Evelson de Freitas/AE

mais uma rodada na disputa setor privado precisa poder


entre União, Estados e muni- usar o que poupa para investir
cípios e que deverá resultar na sua própria capacidade de
em aumento da carga tributá- produção. É preciso também
ria. Isso pode comprometer a uma ação contundente do Esta-
meta de superávit primário. do para gerar conhecimento e
Sem resolver o nó fiscal, nos- suas aplicações técnicas. Preci-
so potencial de crescimento fi- Para o economista Eduardo Giannetti, incertezas nos marcos regulatórios dos setores de infra-estrutura inibem investimentos samos ainda de um ambiente
cará muito limitado. institucional favorável ao em-
ções objetivas para que o País te- com o câmbio, deixando a expansão apostando que a se- preendedorismo. No Brasil, um
Estado – O fato de o PT Estado – O País está pre- nha um crescimento acelerado, desvalorização para depois gunda metade do segundo empreendedor pode ver seu ne-
ter ganho em poucos Esta- parado para crescer? com queda do desemprego e alí- da reeleição. mandato de FHC iria repetir gócio suceder ou naufragar por
dos na última eleição pode Giannetti – A economia vio das tensões sociais. Aí vai o padrão de 2000. Aí tivemos causa de uma mudança na le-
explicar a dificuldade em foi para a UTI no final do chegar a hora da verdade do Estado – A redução dos ju- o apagão, que comprometeu gislação tributária.
aprovar a reforma tributá- ano passado: estresse total, PT. Na segunda metade do ros não será suficiente para um ano de crescimento.
ria? risco, câmbio, tudo à beira do mandato, o estímulo da reelei- a retomada? Estado –
Giannetti – Não. Creio precipício. Fizeram uma ci- ção vai estar funcionando Giannetti – Política mone- Estado – Como as re-


que é porque não tinham
uma proposta e não soube-
rurgia dolorosa e o País pas-
sou 2003 em convalescença.
nos hormônios dos governan-
tes. A tentação de artificial-
tária não gera crescimento,
mas ciclos. Há um limite pa-
Quais são os
entraves pa-
O desemprego centes mu-
danças nos
ram como fazer. A reforma Em 2004, o paciente terá alta mente acelerar o crescimento ra o estímulo da demanda ra o cresci- no Brasil não marcos regu-
era tecnica-
mente ruim e
e voltará à vi-
da normal.
para maximizar as chances
de reeleição será forte. Não
que é a capacidade instalada.
Se a demanda atropelar a
mento sus-
tentado?
seria tão alto latórios po-
dem afetar
se tivéssemos


politicamen- Assim como o No início vai descarto uma guinada popu- oferta, teremos ou inflação Giannetti os investi-
te mal resolvi-
da. Mas essa PT mudou o ser gostoso.
Mas ele irá se
lista. ou desequilíbrio no balanço
de pagamentos. Aí o cresci-
– A poupan-
ça do setor
um mercado mentos?
Giannetti
tentativa fra- discurso a 6 meses deparar com Estado – O senhor não es- mento é interrompido. privado está de trabalho – Não há
tá convencido da ortodoxia
cassada de re-
forma tribu- da eleição para
uma vida me-
díocre, com deste governo? Estado – Temos margem
sendo gasta
para finan- mais uma defini-
ção sobre o
tária revelou chegar ao poder, um cresci- Giannetti – A conversão para crescer 4%, 4,5% em ciar o gasto flexível marco regula-
como a ques- mento desa- para a ortodoxia é muito re- 2004? do setor pú- tório do setor
tão fiscal, no pode mudar pontador. cente. Assim como o PT mu- Giannetti – Nos primeiros blico. Esta- elétrico, está
fundo, é um
problema de para se manter Estado –
dou o discurso a seis meses
da eleição para chegar ao po-
trimestres de 2004 a econo-
mia vai simplesmente voltar
mos falando de um Estado
que arrecada 37% do PIB,
tudo ainda muito vago, nem
sobre o papel das agências re-
disputa por no poder Não haverá der, com o mesmo desprendi- a normalidade. Vai parecer gasta 5% do PIB a mais do guladoras. A impressão que
receitas entre espetáculo? mento pode mudar para se formidável. O cenário que se que arrecada e cuja capacida- se tem é de que o governo
União, Esta- Giannetti manter no poder. Em qual- desenha para 2004 é muito de de investimento é mínima. quer preservar um poder dis-
dos e municípios. Temos um – Não teremos um processo quer país democrático existe parecido com 2000. Cresce- Isso prejudica em caráter cricionário muito grande em
federalismo truncado em que de crescimento continuo que o ciclo econômico eleitoral e mos 4,5%, a relação dívida/ muito profundo o potencial relação a todos os setores de
não há uma clara definição dê ânimo e alento. Passada a políticos tendem a manipular PIB ficou estável, o câmbio de crescimento da economia. infra-estrutura. Isso não aju-
das atribuições e competên- recuperação cíclica, tenho a im- instrumentos para permane- não se depreciou e a meta de Os recursos das empresas e da a criar um ambiente ade-
cias tributárias dos três níveis pressão de que o governo imagi- cerem mais tempo no poder. inflação foi cumprida. Mui- das famílias, que poderiam es- quado para atrair investimen-
de governo. na que vai construir as condi- Fernando Henrique fez isso tas empresas investiram em tar sendo investidos em má- tos.

CENAS DO GOVERNO LULA Dida Sampaio/AE

Lula e Agrados
Aécio para todos:
Neves Lula visita
andam de feira de
Evelson de Freitas/AE

balsa em pecuária em
Itinga, Campo
Minas: Grande, no
Marcio Fernandes/AE

vendendo Mato
o Fome Grosso do
Zero Sul
De volta à fábrica: presidente
cumprimenta operários em Mauá, SP
Produto: ESTADO - BR - 17 - 31/12/03 X17 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 17 - 31/12/03 X17 - Composite

QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


%HermesFileInfo:X-17:20031231:

ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X17

O GOVERNO APRENDIZ

NA INFRA-ESTRUTURA, INCERTEZAS
Investimento paralisado milhões de linhas em estoque.
A universalização do serviço
e falta de estabilidade na foi barrada pela má distribui-
regulamentação podem ção de renda.
impedir retomada Em outubro, o diretor-geral
da Telefônica São Paulo, Ma-
IRANY TEREZA noel Amorim, criticou a ausên-
e RENATO CRUZ cia de uma política pública pa-
ra telecomunicações. “Não

H
ouve pouco avanço no existe uma visão precisa de fu-
setor de infra-estrutu- turo, que esteja à altura dos re-
ra durante o primeiro cursos que existem para serem
ano de governo. A falta de in- investidos”, explicou Amorim.
vestimentos em energia e trans- “Existem recursos abundantes
porte pode ser um gargalo à re- no mundo para onde tem vi-
tomada do crescimento econô- são. Estamos ficando para
mico. No setor elétrico, houve trás.”
suspensão de todos os novos Para a analista Juliana
projetos. O modelo regulatório, Abreu, da Pyramid Research,
inicialmente previsto para ju- as divergências entre o ministé-
nho, foi adiado sucessivamente rio e a Anatel tiveram um im-
até sair por Medida Provisória pacto negativo no mercado,
em dezembro, sob uma saraiva- pois aumentaram a incerteza
da de críticas, e ainda depende no cenário regulatório. Segun-
de aprovação do Congresso. do ela, o governo precisaria de-
Nas telecomunicações, os de- senhar um plano para o setor
sentendimentos entre o Minis- nos próximos cinco anos, como
tério das Comunicações e a foi feito à época da privatiza-
Agência Nacional de Teleco- ção.
municações (Anatel) deixaram “É necessário articular um
os investidores preocupados. plano, sinalizando como o mer-
No saneamento, área de infra- cado vai crescer e se expandir”,
estrutura mais carente de inves- explicou Juliana. Ela destacou,
timento, o chamado marco re- porém, que as metas precisam
gulatório ainda está para ser ser realistas. O grande desafio
definido. Precisam ser criadas para a política de telecomuni-
as regras para a participação cações seria ampliar a universa-
da iniciativa privada, com o ob- lização, levando telefonia para
jetivo de fazer frente a uma ne- consumidores de baixa renda,
cessidade de investimento de e, ao mesmo tempo, propor ser-
R$ 178 bilhões até 2020. viços que sejam viáveis do pon-
Em outubro, o ministro do to de vista das operadoras.
Planejamento, Guido Mante-
ga, apresentou o projeto do go- Saúde – No saneamento, exis-
verno para as parcerias públi- te muito a ser feito. Apesar de o
co-privadas em investimentos Instituto Brasileiro de Geogra-
do setor público, mas a comple- fia e Estatística (IBGE) ter
xidade do assunto e váriasdúvi- apontado que 68,1% das resi-
das dos investidores indicam dências brasileiras tinham sa-
que o esquema pode demorar a neamento no ano passado, se
decolar. forem levadas em conta as liga-
O setor de eletricidade não ções à rede geral de esgoto, o
espera grandes investimentos porcentual cai para 46,4%, me-
em 2004, apontado como “de nos que a telefonia.
adaptação”. A retomada, na “É um problema de saúde
melhor das hipóteses, virá so- pública”, disse o diretor do De-
mente em 2005. A Câmara Bra- partamento de Meio Ambiente
Paulo Liebert/AE

sileira de Investidores de Ener- e Energia do Instituto de Enge-


gia Elétrica (CBIEE), órgão nharia, João Eduardo Caval-
que congrega os 15 principais canti. “Existem estudos apon-
investidores privados no País, tando que, a cada R$ 1 investi-
nacionais e estrangeiros, calcu- do em saneamento, o governo
la em R$ 20 bilhões anuais a ne- Demora do governo na definição das regras para o setor de energia levou à paralisação dos investimentos em novos projetos economizaria R$ 4 na saúde.”
cessidade de aplicação de re- O próprio Mi-
cursos em geração, transmis- Para ela, a retomada ficará trutura, o de- nistério das Cida-
são e distribuição de energia pa-
ra garantir um crescimento de
adiada em dois anos. O setor, sempenho do
intensivo em capital, somente governo este
GARGALOS DO CRESCIMENTO des calcula que o
setor precisaria
3,4% do Produto Interno Bru- no longo prazo dá retorno ao in- ano certamen- Situação dos setores de infra-estrutura de investimentos
to (PIB) ao ano. Pelo menos R$ vestimento. E não há como ga- te foi decep- de R$ 9 bilhões
11 bilhões viriam da iniciativa rantir que os empreendedores cionante”, re- Setor Energia Telecomunicações Saneamento por ano. Mesmo
privada, que este ano se restrin- afugentados este ano retornem sume Júlio assim, o orça-
giu a iniciativas marginais. no próximo, quando as novas Sérgio Gomes mento deste ano
normas estão ainda em análise de Almeida, Regulamentação Medida Provisória Lei Geral de Vários projetos de destinou somen-
Paralisação – “O agravamen- e com possibilidade de mudan- diretor-execu- 144 (2003) Telecomunicações (1997) lei no Congresso te R$ 350 mi-
to da insegurança regulatória ça. tivo do Institu- lhões para o sa-
provocou uma paralisia genera- Goret argumenta que as in- to de Estudos Necessidade anual R$ 20 R$ 8,9 R$ 9 neamento, soma-
lizada”, diz Claudio Sales, pre- certezas para 2004 não se resu- para o Desen- de investimento bilhões bilhões* bilhões dos a R$ 1,4 bi-
sidente do CBIEE. Ele não ar- mem aos investidores mas, volvimento In- lhão da Caixa
risca uma cifra para os investi- principalmente, aos financiado- dustrial (Ie- Econômica Fede-
mentos de 2003 ainda, mas as- res dos projetos. “A grande per- di), organiza- Deficiências Para os investidores, o Questionamento do É preciso definir ral, recursos libe-
segura que as gunta é: o se- ção empresa- governo tem excesso de governo ao modelo regras para o rados somente
empresas “li- tor será capaz rial que tem poder e falta segurança preocupa investidor investimento em novembro.


mitaram-se a
realizar o mí-
Na parte
de atrair fi- contribuído
nanciamen- com órgãos
para projetos de longo
prazo
privado “O investimento
em saneamento
nimo, em pro- relativa à
to? O contra- do governo poderia criar mi-
jetos já em an-
damento e
infra-estrutura, o
to de compra no forneci-
e venda de mento de estu- População atendida 96% 61,6% 68,1%
lhões de empre-
gos, principal-
que não po- desempenho do
energia terá dos e diagnós- * Previsão para 2004 Fontes: Empresas, IBGE e Abinee
mente para mão-
diam ser inter- peso suficien- ticos do setor. de-obra pouco
rompidos”. A governo foi
te para servir Destacan- MAIS CELULARES qualificada”, des-
organização decepcionante
d e g a r a n - do a baixa ta- 46,0 tacou Cavalcan-
Evolução dos telefones Fixo Celulares
representa os tia?”, indaga. xa de investi- 38,8 ti.
Júlio Sérgio Gomes de móveis e fixos em serviço 37,4
TALK END

1 2 3

grupos res- Almeida, diretor-executivo Ela lembra m e n t o d o 4

7
5

8
6

9
Existem vá-
(em milhões)
* 0 #

ponsáveis por do Iedi que o setor elé- País, que este 30,9 rios projetos de
61% da distri- trico vem ad- ano deve ser 24,9 34,9 39,3 lei no Congresso
buição de ministrando pouco supe- 28,7 com o objetivo re-
energia de todo o País e 28% graves crises desde 1993, quan- rior a 17%, Al- 20,3 23,2 gularizar o sa-
da geração, como AES, Iber- do era totalmente estatal e rece- meida aponta neamento. O en-
drola, EDF, VBC, entre ou- beu aporte de US$ 28 bilhões como princi- 15,0 viado pelo gover-
tros. do Tesouro para cobrir a ciran- pal motivo pa- 7,4 *Previsão no prevê parce-
A chefe do Centro de Ener- da de inadimplência que se es- ra uma aplica- 1998 1999 2000 2001 2002 2003* rias entre o po-
gia do Ibre, da Fundação Getú- palhou por todas as compa- ção de recur- Fonte: Anatel der público e a
lio Vargas, Goret Paulo, con- nhias. sos tão fraca a iniciativa priva-
corda com a avaliação de que Ao contrário das telecomuni- infra-estrutura. “É um proble- comunicações, o ano foi marca- uma decisão definitiva sobre o da, com contratos de conces-
2003 foi um ano perdido em re- cações, regidas por uma lei es- ma qualitativo e quantitativo. do por uma série de conflitos assunto. são de 20 a 30 anos, e uso de
lação aos empreendimentos pecífica, o modelo elétrico lan- Para um crescimento sustentá- entre o governo e a Anatel. No O destaque, tanto em cresci- bancos oficiais e instituições in-
em energia elétrica: “Este foi çado há dez dias pelo governo vel, necessitaríamos de uma ta- principal deles, em julho, o mi- mento quanto em investimen- ternacionais. Nesta discussão,
um ano de total paralisação se reporta a mais de 50 leis dife- xa de investimento entre 22% e nistro das Comunicações, Miro tos, foi a telefonia móvel. O nú- a maior polêmica diz respeito à
das decisões de investimentos. rentes e a mais de 500 resolu- 25%. Mas o País, que tem em- Teixeira, discordou do reajuste mero de celulares ultrapassou titularidade: se o responsável
Novos projetos foram adiados ções da Agência Nacional de presas ultramodernas, perde de telefonia fixa homologado o total de linhas fixas em servi- pelo setor é o município ou o go-
ou mesmo cancelados e os gas- Energia Elétrica (Aneel), como competitividade em logística.” pela Anatel e incentivou os con- ço. A base de telefones fixos fi- verno estadual. O marco regu-
tos se resumiram à manuten- chama a atenção a analista. sumidores a questioná-lo na cou praticamente estagnada, latório para o setor ficou para o
ção do sistema.” “Na parte relativa à infra-es- Desentendimento – Nas tele- Justiça, que ainda não deu apesar de existirem cerca de 10 ano que vem.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


Está sendo feito Na política econômica, No que teve de

‘ NOTA
exatamente o que foi
proposto no programa
governamental. O governo
superou a situação de crise do
início do ano. Mas eu

-
prefiro não dar nota
Roberto Setubal,
presidente do Banco Itaú
‘ NOTA

6
o governo Lula
acertou no atacado,
mas lamentavelmente
o consumo
no varejo
foi esquecido
Arthur Sendas,
presidente do Grupo Sendas
‘ continuação do governo
anterior, foi até mais à frente,
como no ajuste fiscal. Onde
criou expectativa de que ia
NOTA

8
inovar, como na área
social, ficou devendo
Salomão Quadros,
economista da FGV
Produto: ESTADO - BR - 18 - 31/12/03 X18 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 18 - 31/12/03 X18 - Composite

X18 - O ESTADO DE S.PAULO


%HermesFileInfo:X-18:20031231:

ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ
CARLOS FRANCO mais rápida e eficaz as ques-
tões ambientais. Mas acho

O
presidente da Compa- normal que o governo leve
nhia Vale do Rio Doce um certo tempo para discu-
(CVRD), Roger Ag- tir estas questões. Elas são
nelli, passa 12 horas por dia complexas e há muitos pon-
fazendo contas e tomando de- tos e interesses contraditó-
cisões com impacto nos resul- rios. A demora, porém, pas-
tados da companhia. A Vale sa a ser positiva quando se
faturou, entre janeiro e setem- tem a certeza de que o gover-
bro, R$ 7,4 bilhões, com lucro no está tentando acertar e
líquido de R$ 3,7 bilhões no não criar novos proble-
período, ante R$ 502 milhões mas.
de janeiro a setembro de
2002. Na ponta do lápis, esse Estado – A Vale tem proje-
economista formado pela tos na área de energia. O
Fundação Armando Álvares modelo do setor elétrico foi
Penteado em 1981, que, an- motivo de polêmica, o se-
tes, passou pelas cadeiras do nhor o aprova?
tradicional Colégio Rio Bran- Agnelli – O mais importan-
co, diz que o saldo do primei- te é que, agora, temos um mo-
ro ano do governo petista de delo. Um ponto de partida pa-
Luiz Inácio Lula da Silva é ra discutir, o que antes não
positivo, tanto quanto o da havia. É natural que ocorram
companhia. críticas, mas o mais importan-
Na sua avaliação, o gover- te é que agora temos um mar-
no Lula encerra 2003 “com co, um ponto de partida até
um enorme ganho de credibi- para avaliar as críticas e os

Fotos: Ed Ferreira/AE - 25/6/2003


lidade ao executar políticas acertos, procurando contri-
interna e externa que irão buir para que o governo acer-
abrir caminho para o desen- te ao regulamentar o setor.
volvimento e o crescimento
de forma sustentada”. Estado – E as reformas?
Na conta favorável ao go- O que falta para manter es-
verno, Agnelli destaca a apro- se clima de otimismo, de
vação das reformas da Previ- queda do risco Brasil?
dência e tributária, a estabili- Agnelli – Passou a reforma
dade das regras cambiais, a da Previdência, a tributária,
redução das taxas de juros e o Roger Agnelli, presidente da Companhia Vale do Rio Doce: governo encerra seu primeiro ano com um enorme ganho de credibilidade agora a trabalhista está vindo
controle da inflação. E o em- aí e já se começa a falar da re-

‘VANTAGEM DE LULA
prego e os compromissos so- forma política. O importante
ciais de Lula em campanha? é que o governo está encaran-
“Sem uma política rigorosa do os problemas de frente,
de combate à inflação e con- não está jogando esses proble-
trole dos gastos, qualquer ga- mas para debaixo do tapete.

É SABER OUVIR’
nho correria o risco de se per- Eles estão aí. É com a refor-
der rapidamente”, diz, apos- ma trabalhista que você terá
tando que, a partir de agora, como criar novos empregos.
o emprego poderá surgir de É com a reforma política que
forma sustentada, assim co- você consolidará ainda mais
mo o crescimento. “Aposto a democracia. No conjunto,
em crescimento de 3% a 4% No balanço do presidente da Vale, Roger Agnelli, todas são essenciais para a
do PIB (Produto Interno Bru-
to) em 2004. É um ano que po- 1.º ano do governo Lula é uma surpresa positiva percepção do Brasil, tanto
aqui como no exterior. Ago-
de surpreender, favoravel- ra, não há dúvidas de que o
mente.” regulamentações. Há contra- a manter esse clima de otimis- vestir? tos são sólidos. Por isso, os in- emprego é um desafio enor-
O economista, de 44 anos, dições. Mas ninguém parece mo. Elas (as reformas) abrem Agnelli – O projeto da Va- vestimentos externos estão me, a ser enfrentado com
entrou para os quadros do ter dúvidas de que o governo caminho para a continuidade le, que deve investir US$ 6 bi- voltando, os juros caindo. To- mais velocidade, assim como
Bradesco ao concluir a facul- Lula foi uma surpresa positi- desse ambiente positivo. E tu- lhões nos próximos quatro do o empresariado tem uma os investimentos em infra-es-
dade e assumiu o comando va. Por isso, os mercados rea- do isso se completa com a re- anos, é chegar em 2010 ao se- perspectiva muito boa para trutura.
da Vale em maio de 2000, em- giram rápida e positivamente dução dos juros em função leto grupo das três maiores 2004. Se para alguns Lula era
presa na qual a Bradesco Par- a seus atos de governo, todos justamente desse clima de empresas diversificadas de o fim do Brasil, isso não ter Estado – Os projetos de
ticipações (Bradespar) é o pautados no respeito à lei e confiança no governo, das mineração do mundo, ao la- acontecido já é um ganho Parcerias Público-Privadas
maior acionista individual. aos contratos. Se olharmos suas atitudes firmes na con- do de BHP Billington e An- enorme para o País e para a (PPP) seriam uma alternati-
Palmeirense, Agnelli fez car- para trás e virmos o Lula e o dução macroeconômica. glo American. Hoje, estamos sociedade. Ninguém duvida va para criar novos empre-
reira no Bradesco, onde Láza- PT, muitos poderiam não Além disso, o governo Lula entre as cinco maiores mine- que o emprego é um desafio, e gos e, ao mesmo tempo, so-
ro Brandão o apelidou de acreditar no que estão vendo soube dar a importância devi- radoras e continuaremos in- muitos esperam um emprego lucionar problemas de infra-
“menino do café”, por partici- hoje. Havia quem imaginava da e ter o cuidado necessário vestindo para sermos uma nas filas, mas sem uma estru- estrutura?
par de reu- que o Brasil para que a inflação não reto- empresa brasileira e glo- tura macroeconômica defini- Agnelli – As parcerias são
niões de dire- fosse acabar. masse o fôlego. Ela já foi do- bal. da, forte, você não teria como uma alternativa. Mas é preci-


toria do ban-
co quando
A democracia Que os con-
tratos não
mada. É isso que motiva os in-
vestimentos e cria essa clima Estado – O senhor está
criar condições para a criação
de empregos de forma susten-
so ter projetos. O custo de ca-
pital é fundamental, mas
ainda era está fossem ser de confiança. no comando de uma das tada. Seria o mesmo que em- não é o essencial. O que se
muito jovem
e ter se torna-
fortalecida. A respeitados,
que a dívida Estado – A Vale investiu
maiores empresas de mine-
ração do mundo e está feliz
pregar hoje para demitir ama-
nhã. Não tenho dúvidas de
tem que ter para que os inves-
timentos em infra-estrutura
do o mais no- Constituição, interna e ex- quanto este ano? e surpreso positivamente que este é um problema a ser saiam do papel é estabilida-
vo diretor da terna não fos- Agnelli – De janeiro a se- com o governo Lula. Mas se- enfrentado, de preferência de de regras. É a visão de lon-
instituição fi- respeitada. O se honrada. tembro, foram US$ 1,5 bilhão rá que ele não frustrou com urgência. Mas é preciso go prazo que faz com que os
nanceira se- novo governo O Brasil, no e vamos en- aqueles tra- entender que, hoje, estamos investimentos nessa áreas
diada na Ci- entanto, não cerrar o ano balhadores muito melhores e muito mais ocorram. É preciso também
respeita


dade de acabou. Me- com investi- Temos de a quem pro- confiantes no futuro do que es- que o governo tire rapida-
Deus, em
Osasco, aos
as leis lhorou. Hoje,
eu diria sem
mento de
US$ 2 bi- aplaudir o
meteu cresci-
mento e em-
távamos no final do ano pas-
sado, antes da posse de Lula.
mente todos os entraves da
frente para que esses proje-
38 anos. e os contratos medo de er- lhões, que vai
governo Lula, prego neste tos venham a se realizar. Se
Para Ag- rar, que há se manter em primeiro Estado – Apesar desse oti- você tiver bons projetos,
nelli, os inves-
timentos da Vale de janeiro a
muito mais
credibilidade e confiança no
2004 e em
2005, dentro
que foi de muita ano de gover-
no, durante
mismo, o senhor mesmo diz
que ainda há problemas a
num ambiente macroeconô-
mico estável, com regras está-
setembro, totalizando US$ ar. Melhor ainda: há uma for- do nosso pro- responsabilidade, a campanha serem enfrentados. veis, o dinheiro rende. Os em-
1,5 bilhão, e as exportações,
somando US$ 2,7 bilhões, são
te expectativa de que podere-
mos e vamos crescer nos pró-
jeto de globa-
lização, de
muito rigor eleitoral?
Agnelli –
Agnelli –
Existem al-
pregos são
criados e, de-
neste


o melhor exemplo de que “Lu-
la trouxe confiança a investi-
ximos anos. Eu não tenho
também a menor dúvida de
maior presen-
ça no merca-
Sem uma po-
lítica rigoro-
guns proble-
mas de regu-
O problema pois, manti-
dos. O pro-
dores e ao mercado”. Ele pre- que o clima de confiança con- do mundial. primeiro ano sa de contro- lamentação, em muitos blema em
vê encerrar o ano com investi- tinuará sustentando o cresci- Este é mais le da inflação ajustes que muitos casos
mento de US$ 2 bilhões, que mento no próximo e nos pró- um sinal de e dos gastos, devem ser fei- casos não é de di-
deve se repetir em 2004 e
2005. Na semana do Natal,
ximos anos. que Lula trouxe confiança a
investidores e ao mercado
qualquer ganho em crescimen-
to e emprego correria o risco
tos. A vanta-
gem, repito,
não é de nheiro, mas
de estabilida-
ele comemorava o fato de a Estado – A que o senhor porque temos tido boa aceita- de se perder rapidamente. é que esse go- dinheiro, de de regras.
Vale estar cotada nas Bolsas
a US$ 21 bilhões, a cotação
atribui esta confiança?
Agnelli – Há um clima de
ção no mercado externo, não
há desconfiança em relação
Não se sustentaria, como vi-
mos acontecer várias vezes no
verno escu-
ta. Acho que
mas de Precisamos
ter simplifi-
mais alta em 61 anos de histó- responsabilidade fiscal e polí- ao Brasil. É certo que corre- passado. Nós estamos muito a sociedade, estabilidade cação nas re-
ria da empresa que nasceu es- tica. Há uma preocupação mos um risco enorme em in- melhores que estávamos há incluindo as gras. O pro-
tatal na era Vargas e foi priva- por parte do governo de bus- vestir naquele momento de 12 meses. Temos que aplau- empresas, de regras blema da
tizada no governo Fernando car o acerto em todas as início de um novo governo, dir o governo Lula, que foi de tem partici- energia, por
Henrique Cardoso. áreas. Há mais ainda, em rela- mas hoje podemos encerrar o muita responsabilidade, mui- pado mais exemplo,
ção ao passado: a grande van- ano com a certeza de que os to rigor neste primeiro ano. do que no passado. E o gover- não afeta apenas o setor de
Estado – Como o senhor tagem do diálogo. O presiden- investimentos foram corretos Foi certamente um ano duro no tem ciência dos proble- mineração, mas diversas e di-
avalia o primeiro ano do go- te Lula sabe ouvir. Ele é sensí- e estão dando resultado. Ou- porque foi exigida uma atitu- mas a serem enfrentados em ferentes cadeias produtivas.
verno de Luiz Inácio Lula vel aos pleitos da sociedade, e tras empresas estão investin- de dura. O País estava numa áreas como meio ambiente, O governo precisa atacar a
da Silva? Ele o surpreen- fala com clareza o que pensa do e vão investir ainda mais situação muito complicada. energia e transporte. A área questão do meio ambiente,
deu? e o que acha. Não há, ao con- daqui para frente porque o cli- Você tinha que optar: ou olha- de transportes, por exemplo, senão teremos problemas em
Roger Agnelli – Se olhar- trário do que muitos temiam, ma de credibilidade deve con- va para o longo prazo ou olha- estava completamente aban- breve, já enfrentamos um
mos o que significa a eleição surpresa. As reformas da Pre- tinuar a existir. A Vale, por va para o curto prazo. A visão donada. Existe hoje um défi- apagão. A sorte é que, tenho
de Lula, veremos o quanto foi vidência e tributária, por exemplo, continuará investin- de longo prazo exigia a estabi- cit enorme em transporte e o certeza, o governo Lula está
positiva. A democracia está exemplo, foram apresentada do, apostando no seu cresci- lidade das regras, do câmbio País para crescer precisa re- muito consciente e determi-
fortalecida. A Constituição, pelo governo com rapidez e mento e no do País. flutuante, o respeito e manu- solver esse problema. No ca- nado a corrigir esses proble-
respeitada. O novo governo votadas pelo Congresso no tenção dos contratos. Resulta- so da energia, os problemas mas. Até porque sabe que is-
respeita as leis e os contratos. mesmo ano. E outras refor- Estado – Isso quer dizer do: a parte macroeconômica não são menos graves. É pre- so irá se traduzir em empre-
Há ainda muito a fazer, falta mas deverão vir, o que ajuda que a Vale continuará a in- está muito bem. Os fundamen- ciso solucionar de forma gos, em crescimento.

CENAS DO GOVERNO LULA Dida Sampaio/AE

O presidente Presente dos


inspeciona brasileiros
um leitão no Líbano, o
assado em bolo é
feira cortado por
agrícola Lula com
Dida Sampaio/AE

em uma espada,
Chapecó, num hotel
Santa em São
Ed Ferreira/AE

Catarina Paulo
Lula oferece brinde de chopp em
desfile na Oktoberfest, em Blumenau
Produto: ESTADO - BR - 19 - 31/12/03 X19 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 19 - 31/12/03 X19 - Composite

QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003


%HermesFileInfo:X-19:20031231:

ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - X19

O GOVERNO APRENDIZ

A INDÚSTRIA À ESPERA DE POLÍTICA


Setor vai contar apenas não for, nossa margem de erro
nas escolhas será enorme”, res-
com medidas específicas ponde Arbix aos que acusam o
para desfazer gargalos e governo de lentidão.
atrair investimentos
Abertura – Aumentar ou redu-
SUELY CALDAS zir o grau de abertura comer-
cial não está nos planos do go-

R
IO – Quem apostou que verno Lula. Se no governo pas-
o governo Lula agisse sado, Pedro Malan e Armínio
em radical oposição à Fraga defendiam a idéia de
falta de ação do governo FHC abrir mais a economia e redu-
e praticasse uma política indus- zir tarifas de importação como
trial intervencionista, detalha- instrumento de política, o go-
da e abrangente, com incenti- verno Lula admite interven-
vos previamente definidos e ções pontuais, como a redução
crédito abundante, perdeu tarifária para bens de capital.
aposta e esperança. Em seu pri- Mas medidas genéricas nessa
meiro ano de gestão, o governo direção só no âmbito dos países
do PT conseguiu produzir ape- do Mercosul, o que não está na
nas duas iniciativas: uma práti- ordem do dia hoje. Prioridade
ca – a polêmica redução do Im- decidida há em relação à ações
posto sobre Produtos Industria- de incentivo à ciência, pesquisa
lizados (IPI) para a indústria e desenvolvimento tecnológico.
automobilística, que dividiu o “Em inovação tecnológica sim,
governo – e outra teórica – o do- há incentivos e linhas de crédi-
cumento “Diretrizes de políti- to para projetos. E não só para
ca industrial, tecnológica e de universidades, também para
comércio exterior”, divulgado empresas”, avisa Arbix.
em novembro, depois de suces- Com exceção da conduta

Epitácio Pessoa/AE
sivos adiamentos. agressiva do ministro do Desen-
A não ser medidas pontuais volvimento, Luiz Fernando
para atrair o investimento e Furlan, viajando pelo exterior
desfazer gargalos, sobretudo em missões comerciais, pouco
nos quatro setores eleitos como ou nada aconteceu de novo no
prioritários (bens de capital, comércio exterior. Em 2003 as
fármacos e medicamentos, se- Documento divulgado pelo governo elegeu como prioritários os setores de bens de capital, fármacos, semicondutores e software exportações foram impulsiona-
micondutores das muito mais pela recessão
e software), os entre eles o tu- planeja a política industrial do tismo nas ações de governo, se- zação de máquinas e equipa- da economia e o cambio favorá-


industriais
brasileiros
Tem gente
cano José Ser- governo Lula.
ra e o senador
letividade na escolha dos seto- mentos nos setores agrícola
res industriais e não preconcei- (Moderfrota) e industrial (Mo-
vel do que por novas medidas
de incentivo. Não é propósito
não devem es-
perar por ins-
esperando que o
petista Aloi- O que será – “Tem gente espe- to na adoção de incentivos – dermaq) e medidas para atrair
zio Mercadan- rando que o Estado abra a tor- sempre pontuais e temporários empresas estrangeiras para
do governo Lula fazer do Ban-
co Nacional de Desenvolvimen-
trumentos de Estado abra a
te. Não tive- neirinha do dinheiro. Isto é po- – quando o governo julgar ne- produzirem no Brasil. Novas to Econômico e Social (BN-
política, como ram em 2003, lítica do passado e não vai acon- cessário, como aconteceu com ações podem ser decididas, DES) um Eximbank, para prio-
proteção tari- torneirinha do
não terão em tecer neste governo. Não have- o acordo automotivo. mas o governo não vai estender rizar o crédito para exporta-
fária, crédito
favorecido ou
dinheiro. Isto
2004, nem no rá incentivo irrestrito. A políti- Antigo companheiro de Pa- políticas públicas para todos os
decorrer do ca industrial será pragmática, locci no grupo radical de es- setores industriais, como ocor-
ções, como queria o ex-minis-
tro Sérgio Amaral. Na política
renúncia fis- não vai acontecer
governo intei- seletiva e sem preconceitos”, querda Liberdade e Luta (Libe- reu nos governos militares. cambial prevaleceu a posição
cal, vistos pe- Glauco Arbix, ro. A receita é responde o presidente do Insti- lu) e hoje coordenador da políti- “Depois de 20 anos sem polí- do Ministério da Fazenda e do
la equipe de presidente do Ipea investir em tuto de Pesquisa Econômica ca industrial de Lula, o sociólo- tica industrial, o Estado não po- Banco Central de não forçar
Lula como tecnologia, ga- Aplicada (Ipea), Glauco Arbix, go Glauco Arbix afirma que o de ser o único responsável. Só desvalorizações do real para
“benesses do nhar eficiên- a decepcionados empresários e governo vai ajudar no cresci- empresários de cultura atrasa- ajudar as vendas externas. E a
passado”. Tampouco devem cia e aumentar produtividade economistas que esperavam mento da produção industrial da querem o Estado mandan- melhor prova de que isto teria
contar com intervenções do para garantir bons lucros. É o ações concretas e viram no do- em 2004 desfazendo gargalos do em tudo. Não é nossa inten- sido desnecessário é o megasu-
Banco Central para socorrer o que aconselham o ministro da cumento sobre diretrizes “um na exportação e no marco regu- ção. A política industrial tem perávit da balança comercial
dólar e as exportações, como Fazenda, Antonio Palocci, e o tímido guia de intenções”. Se- latório, com programas de cré- de ser definida em debate públi- de 2003, que vai fechar o ano
propõem alguns economistas, núcleo técnico que concebe e gundo Arbix, haverá pragma- dito para estimular a moderni- co com a sociedade. Se assim acima de US$ 24,5 bilhões.

O NOVO E

Novas regras
incentivam
POLÊMIC0 empresas
de maior
risco e
BNDES desincentivam
as de menor
Lessa compra brigas ao tentar trazer Gustavo Loyola,
de volta o desenvolvimentismo ex-presidente do BC

FERNANDO DANTAS tatizante. Também chamou a


atenção a disposição da nova di- Agora, a
R
IO – A maior exceção reção do banco de financiar em-
à continuidade da polí- presas de países vizinhos, como análise é
tica econômica, entre Venezuela e Argentina. feita de uma só
Rafael Neddermeyer/AE

o governo de Fernando Henri- Na verdade, porém, algumas


que Cardoso e o de Luiz Iná- das medidas de maior impacto vez, na entrada
cio Lula da Silva, foi o Banco
Nacional de Desenvolvimen-
tomadas por Lessa estão liga-
das ao funcionamento interno
(do pedido de
to Econômico e Social (BN- do BNDES. Um dos seus princi- crédito)
DES). O novo presidente do pais objetivos foi o de desativar Maurício Borges Lemos,
BNDES, Carlos Lessa, iniciou as características de ‘banco de diretor do BNDES
uma mudança drástica na ins- investimentos’ assumidas pela Nova diretoria, chefiada por Lessa, pretendeu simplificar a máquina, mas operações desaceleraram
tituição, e sua atuação ao lon- instituição du-
go de 2003 foi um foco cons- rante a déca- cadas”, criticou o consultor Gus- trutura burocrática excessiva- meados do segundo semestre.


tante de polêmicas dentro e fo-
ra do governo.
da de 90. Na-
quela feição,
Peguei uma estrutura tavo Loyola, ex-presidente do mente inchada e a recompactei.
Banco Central (BC). Fiz isso em seis semanas e sem
Os críticos atribuíram a desa-
celeração dos financiamentos
Dois casos, particularmen- que acompa- burocrática e Os efeitos das mudanças de gastar um tostão. A reforma an- à turbulência que as constan-
te, jogaram o BNDES nos ho-
lofotes da mídia e do público
nhou a partici-
pação do BN-
inchada e recompactei, Lessa, até agora, têm sido confu- terior custou R$ 8 milhões ao
sos. Por um lado, a visão de polí- BNDES”, afirmou Lessa ao Es-
tes mudanças nas chefias e na
estrutura de cargos teria pro-
durante 2003. O primeiro foi a DES na priva- sem gastar tica industrial do novo BNDES tado, em março. vocado. A atual diretoria de-
inadimplência, junto ao BN-
DES, da empresa de energia
tização, o ban-
co procurava
um tostão não se encaixa com a orientação Maurício Borges Lemos,
geral de Lula (ver reportagem atual diretor de Planejamento,
fende-se apontando a retoma-
da do ritmo de liberações no fi-
norte-americana AES, que ha- alocar seus Carlos Lessa, presidente do BNDES acima). Por outro, o estilo abrup- explicou na época que a refor- nal do ano, e observando que
via, no governo anterior, toma- empréstimos to e agressivo de Lessa e seus au- ma de Gros tinha estabelecido a estagnação do PIB em 2003
do um crédito de US$ 1,3 bi- subsidiados para os projetos vimentista e de política indus- xiliares funciona como um am- duas análises de risco para as reduziu a demanda por finan-
lhão para comprar a Eletro- mais seguros e rentáveis. E, ao trial setorial. Uma das medidas plificador de conflitos. demandas de crédito: no mo- ciamentos.
paulo (o acordo final entre o mesmo tempo, abstinha-se de mais polêmicas de Lessa foi a A primeira grande iniciativa mento em que o pedido entrava Outro foco de polêmica foi
banco e a AES só foi fechado um papel ativo de planejar o de- mudança das políticas operacio- de Lessa foi uma reforma admi- no banco, e, posteriormente, a queda de braço entre o BN-
na última sexta-feira). O se- senvolvimento nacional. nais do BNDES, que flexibilizou nistrativa, em março, para des- nas áreas de produtos do banco: DES e o Tesouro nacional so-
gundo caso foi a aquisição pe- No lugar do banco de investi- a relação entre o risco da empre- fazer as mudanças introduzidas “Agora a análise é feita de uma bre uma possível capitaliza-
lo BNDES, em novembro, de mentos, Lessa está tentando re- sa cliente e o custo do crédito, pelo ex-presidente do banco, só vez, na entrada”. ção do banco. A solução final
8,5% do capital da Valepar, criar o ‘banco de desenvolvi- uniformizando o chamado Francisco Gros, em 2001. Na re- Apesar da aparente simplifi- foram alterações contábeis
controladora da Vale do Rio mento’, caracterizado pela in- ‘spread de risco’. “É um incenti- forma de 2003, o número de cação, o BNDES andou em que permitirão ao BNDES au-
Doce, por R$ 1,5 bilhão. A terferência na estratégia das vo às empresas de maior risco, e áreas do BNDES foi reduzido marcha lenta nas aprovações e mentar sua capacidade de fi-
operação foi criticada como es- empresas, numa ótica desenvol- um desincentivo às menos arris- de 25 para 12. “Peguei uma es- liberações de empréstimos até nanciamento em 2004.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA


Foi uma boa surpresa Foi um ano de


Pelo equilíbrio

NOTA
a condução
da política econômica,
mas me preocupo
com o lado

7
executivo
da presidência
Manoel Horácio da Silva,
presidente do Banco Fator
‘ macroeconômico, o
governo merece nota 8,
mas foi um ano
NOTA

6
perdido para
o setor de energia
Adriano Pires,
consultor da área de energia
‘ NOTA
recomposição de
expectativas: arrumaram
a casa, recuperaram a
credibilidade. Agora

7
começa a fase de
favorecer o crescimento
Abram Szajman,
presidente da Federação do Comércio de SP
Produto: ESTADO - BR - 20 - 31/12/03 X20 - Composite
2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 100% PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR
Produto: ESTADO - BR - 20 - 31/12/03 X20 - Composite

X20 - O ESTADO DE S.PAULO


%HermesFileInfo:X-20:20031231:

ESPECIAL QUARTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2003

O GOVERNO APRENDIZ

ESPELHO, ESPELHO MEU


Nós estamos


Temos
trabalhado construindo, nesses
aqui como 11 meses, um Brasil
jamais se em que o preconceito
trabalhou não está sendo jogado
nesta embaixo do tapete,
República, mas está sendo
nem na extirpado da nossa
República sociedade
Velha, nem
na República
Nova


Nossa política externa,
soberana, ativa e criativa,
está à altura dos maiores


As coisas valores do Brasil.
estavam tão As linhas de crédito
difíceis que o povo internacionais foram
falou: está inteiramente restabelecidas.
precisando de O real se fortaleceu.
um presidente Reduzimos e dominamos
pernambucano a inflação
para tomar a
Presidência da
República


Eu acho que
poucas vezes


Nós estamos em os homens
um porto seguro. públicos deste
O iceberg do Titanic país
já foi afastado e, trabalharam
pelo fato de o com tanta
presidente ser dedicação e
metalúrgico, com tanta
a gente soldou bem vontade de
todos os buracos por fazer
onde entrava água o melhor

Eu acho que nós já

‘ ‘
conseguimos, Deito a cabeça no
em seis meses, do travesseiro e durmo o
ponto de vista de sono justo, daqueles que
política internacional, têm a consciência limpa
aquilo que muitos do dever cumprido.
estudaram a vida Não fizemos mais
inteira e não porque não tínhamos
conseguiram fazer condições de
fazer mais

OS NÚMEROS DE LULA LÁ

236 56 194 26 2 3 , 6 milhões


pelo
discursos e medidas provisórias leis sancionadas projetos de lei enviados
propostas de emenda
íl ia s a tendidas ília
mentos fam Fam
pronuncia editadas (4,6 por mês) constitucional enviadas a Bolsa-
Program

185 7 945.351
dias fora d
68 no exte
São Paulo
e Brasília:
rior, 70 em
e 47 em 51 20 ternacion
ais participações em
4
visitas ao Congre
empregos criados
no mercado formal
ades viagens nacionais viagens in enterros e velórios
sso
outras cid (até novembro)

6 5 3.100 10 22
reuniões ministeriais autoridad
es contund
idas cisternas construíd
no semi-árido
as
churrascos para
ministros Estad
22os visita
dos chefes d
e Estado
visitaram
o País

3.500 1.500 1.227


57
bonés ganhos
presentes recebidos
até novembro
89.000
cartas recebidas no
livros rece
até novem
bidos
800
CDs receb
municípios aten
pelo Programa
Fome Zero
didos

idos até
Planalto até novembro bro
novembro
ArtEstado/Carlinhos/Glauco Lara

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