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Vasco Graa Moura

a sombria beleza do tema da


estao e da morte
a sombria beleza do tema
da estao e da morte, diz o Kundera algures.
nesta imagem desenha-se um olival perdido
de surdas tonalidades, atrs do cais de onde
se despenhou algum, alguma forma
afita e trgica, vinda do fundo sbito de uma
paisagem to modesta, sob as vozes
de quem chega e quem parte, ou simplesmente foi ali para olhar
outros seres de passagem, outros rasos destinos sem anjo para o
remorso.
h fores, dirs, algumas fores diurnas, confantes,
que outras mos ho-de dispor na jarra, relembrada
junto parede branca, mas essas so um tnue
sopro de acaso, ou um fulgor antecipando outra nudez.
quando a luz j se tornou mais hmida e quase musical,
e atravs da folhagem a harpa do desgaste estremeceu,
e passaram as horas e passaram,
pesadas, contadas, divididas, j no di
a beleza de algum que vai partir, a sombria beleza
da sua ocultao intransmissvel, uma brisa leve misturar-se-
ao cheiro de leo, aos acenos afectuosos, aos
rudos do tema da estao. tudo. noite o olival
ser uma massa negra de clareiras adiadas,
atrs do cais sem ningum e sem tempo, como sempre acontece
nas pequenas estaes de uma provncia da alma.

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