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HIDROTERAPIA

PROFA. MAHYRA MOTA

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HISTÓRICO

Por volta de 500 a.C. a civilização grega já não via mais a água do ponto de vista
do misticismo e começou a usá-la para tratamentos físicos específicos. Escolas de
medicina foram criadas nas proximidades de muitas estações de banhos pela
civilização grega. Adaptada por povos em todo o mundo, o recurso hídrico como
forma de obter prazer e bem-estar foi proibido, uma proibição que se prolongou ao
longo de toda a Idade Média. A partir do século XV, porém, a hidroterapia voltou a
ganhar força (assim como todas as terapias naturais), tendo a publicação do
primeiro livro sobre hidroterapia em 1647 – “Uma forma fácil e natural de curar a
maioria das doenças" – da autoria de John Wesley, ter contribuído fortemente para
esta nova divulgação.
O estudo sobre esta prática ganhou um novo fôlego e os trabalhos publicados
sucederam-se: "Um inquérito sobre a utilização correta e o uso e abuso dos banhos
quentes, frios e temperados" (por Sir John Floyer, 1697); e ainda um estudo sobre
o uso de água fria no tratamento da varíola, escrito pelo Dr.Whright em 1779.
Hipócrates (460-375 a.C.) já utilizava o contraste entre banhos quentes e frios
para a cura de doenças Mas é Johann S. Hahn (1696-1773) quem ficou conhecido como
o pai da hidroterapia moderna, tendo dedicado grande parte da sua prática
medicinal ao estudo e aplicação desta terapêutica nos seus próprios pacientes.
Seguiram-lhe as pisadas muitos outros estudiosos de renome – Vicent Pressnitz, Dr.
Joel Shaw, Wilhelm Winternitz, Dr. Simon Baruch – que contribuíram para a
solidificação e reconhecimento público da hidroterapia como a conhecemos hoje.
Porém foi um monge alemão no século XIX chamado Sebastian Kneipp (1821-1897), um
dos principais precursores da Hidroterapia tal como é hoje divulgada e praticada
em todo o mundo.
A hidroginástica ou os exercícios aquáticos só começaram a ser sistematicamente
desenvolvidos após a primeira construção do primeiro tanque de Hubbard na década
de 1920. Com as duas guerras mundiais, alimentaram o uso da água para a manutenção
do condicionamento e agiram como precursores para o surgimento atual do uso da
piscina de hidroterapia e utilização da imersão total como forma de reabilitação
para uma ampla faixa de doenças.
Fisioterapia aquática é hoje o termo mais conhecido para exercícios terapêuticos
realizados em piscina aquecida e coberta, com orientação total e restrita ao
profissional de fisioterapia onde, através do uso de inúmeras técnicas de
reabilitação, como o Watsu, Bad Ragaz, e outras técnicas associadas às
propriedades físicas da água, principalmente a pressão hidrostática, flutuação,
viscosidade e aos efeitos do calor, proporcionam aos pacientes efeitos
fisiológicos que surgem imediatamente após a imersão.

DEFINIÇÃO
O termo hidroterapia é derivado das palavras gregas hydro (água) e therapeía
(cura). Seu efeito curativo baseia-se nos princípios mecânicos e térmicos da água
aquecida, que através do toque na pele e das respostas corporais pela pressão da
água, provocam diversos estímulos ativando o sistema imunológico, aumentando a
circulação e diminuindo a sensação dolorosa.
A hidroterapia é um método terapêutico que utiliza os princípios físicos da água
em conjunto com a cinesioterapia. É um trabalho específico e individual para cada
paciente para melhor conforto e segurança do mesmo. Trabalha a parte aeróbica ao
mesmo tempo, trabalha grandes grupos musculares e várias articulações ao mesmo
tempo. Vale ressaltar que os pacientes não precisam saber nadar.
A Hidroterapia ou fisioterapia aquática consiste em exercícios terapêuticos
realizados em piscinas, com orientação restrita de um profissional de fisioterapia
onde, através do uso de inúmeras técnicas de reabilitação associadas às
propriedades físicas da água, principalmente a pressão hidrostática, flutuação,
viscosidade e aos efeitos do calor, proporcionam aos pacientes efeitos
fisiológicos que surgem imediatamente após a imersão.
A hidroterapia é eficaz no tratamento de inúmeras patologias, pois busca, através
da água e de exercícios terapêuticos, a recuperação funcional e a reeducação
motora.

PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA


1. Temperatura:
Considerando para o devido protocolo uma variação da temperatura entre 32 a 33
graus. A água aquecida diminui a dor, espasmo muscular, rigidez.”distrai” a dor,
bombardeando o sistema nervoso; durante a imersão em água aquecida, os estímulos
sensoriais estão competindo com os estímulos da dor.

2. Pressão Hidrostática:
A lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é exercida igualmente sobre
todas as áreas do corpo imerso a uma dada profundidade. A diferença de pressão
hidrostática na posição vertical precipitará um movimento dos fluidos corporais da
região distal para a proximal; uma reação diurética ocorrerá na imersão em
decorrência da expansão do volume central que suprimirá o hormônio antidiurético e
a combinação de pressão hidrostática e exercícios apropriados do membro aumentará
a circulação. Todas esses fatores contribuirão para a reabsorção de edemas. A
pressão hidrostática proporciona aos pacientes maiores períodos de reação antes
que percam o equilíbrio, o que beneficia a reeducação de equilíbrio, o treino de
marcha e a confiança do paciente. Oferece resistência na musculatura Respiratória.

3. Flutuação:
Força que reage contra a força de gravidade, amenizando seus efeitos proporcionais
ao nível da água. Pode ser de assistência, resistência ou de apoio. Essa força
assiste qualquer movimento em direção a superfície da água. Quando a flutuação
equivale à força de gravidade, qualquer movimento na horizontal é considerado de
apoio. E de resistência se o corpo é movido para o fundo da piscina, ou em outras
direções com velocidade ou flutuadores maiores. A flutuabilidade diminuirá a carga
sobre as articulações sustentadoras, o que auxiliará na diminuição da dor. Além de
auxiliar o movimento das articulações rígidas em amplitudes maiores com um aumento
mínimo de dor. O sistema nervoso simpático é suprimido pela imersão, e
conseqüentemente, diminuirá a percepção da dor.

4. Turbulência:
Ocorre um movimento desordenado das moléculas do fluido, que causa redemoinhos
reduzidos a pressão atrás do objeto em movimento que tende a segurá-lo. A
turbulência ocorre quando um objeto desalinhado do ponto de vista hidrodinâmico
move-se através de um fluido ou quando um objeto alinhado move-se através de
fluido em velocidade maior do que sua velocidade crítica. A força de arrasto de um
corpo é proporcional ao quadrado da velocidade, é importante compreender como
pequenas modificações no tamanho, forma e velocidade de um relaxamento e
propriocepção do paciente.

5. Densidade:
O corpo humano possui densidade quase igual ao da água, o que permite uma
flutuação parcial do ser humano. Então, para melhorar a flutuação e oferecer maior
segurança e conforto, e diminuir a tensão do paciente, será necessário o uso de
flutuadores.
6. Viscosidade:
É o atrito entre as moléculas de um líquido e que causa uma resistência a um corpo
em movimento. Esse fator aumenta em 800 vezes a resistência em relação ao ar. É
importante para o início da reeducação muscular, onde grupos musculares podem
estar debilitados necessitando graduar a resistência.

7. Tensão superficial:
Força por unidade de comprimento que atua através de qualquer linha em uma
superfície e tende a atrair as moléculas de uma superfície de água exposta. Este
não é um fato importante se o corpo estiver totalmente submerso, mas é um fator
significante quando o membro “quebra” a superfície da água, principalmente em
fraqueza muscular excessiva.

EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA


• Vasoconstrição periférica, que aumenta o retorno do sangue venoso; o aumento
da pressão sobre os vasos linfáticos, que facilita a drenagem linfática ajudando
no processo de resolução de edemas.
• Aumento do suporte sangüíneo muscular,
• Retirada da carga das articulações imersas progressivamente, permitindo a
intervenção reabilitadora quando o movimento articular sujeito à carga
condicionada pela gravidade for proibido. Nos casos de lesões com restrições de
descarga de peso corporal no solo, facilita a movimentação sem que haja descarga
total ou parcial do peso corporal.
• Alivia a dor e os espasmos musculares.
• Melhora a circulação sanguínea.
• Aperfeiçoa o equilíbrio corporal e a coordenação motora.
• Favorece a manutenção ou aumento das amplitudes de movimento, direta e
indiretamente.
• Promove o relaxamento muscular e emocional.
• Diminui os edemas, favorecendo o retorno venoso.
• Estimula o trabalho respiratório, melhorando a capacidade pulmonar.
• Facilita o treinamento muscular e o condicionamento cardiovascular.
• Oferece oportunidade para a recreação e a socialização enquanto se realiza a
terapia.
• Facilita a execução de movimentos que são difíceis de serem realizadas no
solo.
• Fortalecimento muscular e treino de resistência;
• Reeducação dos músculos paralisados;
• Manutenção e melhora do equilíbrio, propriocepção, coordenação e postura;
além de haver um encorajamento das atividades da vida diária e uma sensação de bem
estar físico e psicológico.

BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO EM ÁGUA AQUECIDA


• Aumento de freqüência respiratória e cardíaca;
• Aumento da circulação periférica o que leva a um maior suprimento de sangue
para o músculo;
• Aumenta o metabolismo muscular e taxa metabólica;
• Aumenta a quantidade de sangue retorno ao coração o que diminui a pressão
arterial;
• Diminuição de edema pela pressão hidrostática;
• Redução da sensibilidade dos terminais nervosos que somadas com todas as
outras causam um relaxamento muscular geral.
• Promove relaxamento muscular,
• Reduz a sensibilidade à dor e espasmos musculares;
• Diminui a atuação da força de gravidade o que facilita o movimento
articular;
• Aumenta a força e resistência muscular nos casos de fraqueza excessiva;
• Melhora a musculatura respiratória à simples imersão;
• Melhora a consciência corporal, o equilíbrio e a estabilidade do tronco e
contribui para a moral e autoconfiança do paciente.

EFEITOS PSICOLÓGICOS
Entrar na água é uma experiência única que fornece a todos uma oportunidade de
ampliar física, mental e psicologicamente seus conhecimentos e habilidades.
A habilidade de ser independente na água de atingir as habilidades que podem ser
impossíveis e isso pode ser transferida para vida interna. A facilidade na
execução do movimento permite ao paciente conquistar muito mais em terra e dá
confiança a ele, o que ajuda reabilitação. Diminui o medo de queda ou de se
machucar ou lesionar partes doloridas. Quando os exercícios são executados em
grupo, encorajam a interação social e trazem apoio a motivação para pacientes com
lesões nas várias fases da recuperação. Os fisioterapeutas e especialistas em
exercícios aquáticos têm usado a água para a reabilitação, pois permite a
realização precoce de exercícios.

GRADUAÇÃO DA FORÇA NA PISCINA TERAPÊUTICA


A graduação da força na piscina terapêutica se dá: aumentando o tamanho do braço
de alavanca, movimentando um flutuador da posição proximal à posição distal ou em
direção ao fundo da piscina, aumentando o tamanho ou o número de flutuadores,
movimentando-se pela água em uma posição menos alinhada e aumentando a velocidade
e mudando a direção do movimento.

QUENTE VS. FRIA


Na Hidroterapia, a água utilizada tanto pode ser quente, como fria ou então uma
combinação das duas. Se, por um lado, o calor gerado por águas aquecidas acalma e
relaxa o corpo, a frescura das águas geladas é o ideal para estimular e revigorar
o organismo. A própria água pode ser aplicada no corpo de várias maneiras:
imersões completas ou parciais, jactos de água, duchas, massagens (turbilhões),
movimentos realizados dentro de piscinas ou tanques, compressas ou inalações.

INDICAÇÕES
As principais indicações são das áreas de ortopedia e traumatologia, medicina
esportiva, reumatologia, neurologia e pneumologia. Dentre as principais estão:
• Reabilitações cirúrgicas ortopédicas (lesões traumato-ortopédicas)
• Doenças reumatológicas (Artrites e artroses, dentre outras)
• Entorses, lesões musculares e articulares (medicina esportiva)
• Ortopedia e Traumatologia - problemas da coluna vertebral, fraturas, pré e
pós-operatórios, inflamações, praticantes de esportes de diversas modalidades,
etc.
• Neurologia (adulto e infantil) - AVC, pré e pós-operatório, atraso no
desenvolvimento motor, paralisia cerebral, Síndrome de Down, etc.
• Ginecologia e Obstetrícia - Pré e pós parto, gestantes, etc.
• Respiratória (adulto e infantil) - asma, DPOC, pré e pós operatório de
lobotomia, etc.
• Geriatria - patologias diversas decorrentes ou não do envelhecimento.
• Síndromes Dolorosas e Síndromes Raras
• Manutenção e melhoramento do equilíbrio corporal, coordenação e postura
• Estimulação da percepção visual
• Relaxamento físico e emocional
• Combate ao stress.
CONTRA INDICAÇÕES DA HIDROTERAPIA
Relativas:
• Feridas abertas e doenças da pele erupções (uso de curativos a prova de
água);
• Hipertensão (medicada e controlada não terá problemas);
• Condições cognitivas (podem afetar a concentração, a orientação o
aprendizado, a memória e as habilidades perceptuais);
• Audição deficiente (cuidar com uso de aparelhos);
• Visão deficiente (uso de lentes corretivas );
• Uso de medicamentos controlados (que alteram a pressão diurese é contra
indicado ao exercício).
Absolutas:
• Pós-operatório imediato,
• Pacientes portadores de hidrofobias, e alguns outros casos.
• Doenças transmissíveis pela água, como tifo, cólera e disenteria;
• Febre alta acima de 38 graus;
• Insuficiência cardíaca;
• Doenças infecciosas;
• Incontinência de fezes ou urina;
• Epilepsia;
• Insuficiência respiratória.

FILOSOFIAS DE REABILITAÇÃO AQUÁTICA

1. Método dos anéis de Bad Ragaz:


O método dos anéis de Bad Ragaz é uma coleção de técnicas terapêuticas efetuadas
na água que foram desenvolvidas através dos anos nas águas termais de bad Ragas,
na Suíça. Ainda em evolução, o método é usado internacionalmente para reeducação
muscular, fortalecimento, tração/ alongamento espinhal, relaxamento e inibição do
tônus na água.
Em 1957, avanços técnicos desenvolvidos pelo Dr.Knupfer, de Wilbard, na Alemanha,
foram introduzidos em Bad Ragaz por Nele Ipsen. Os exercícios de Knupfer refinaram
o método para uma técnica de tratamento horizontal na qual o paciente era
suportado flutuando sobre suas costas por meio de anéis de flutuação em torno do
pescoço e região pélvica e embaixo dos joelhos e tornozelos.
Atualmente, o método de bad ragaz incorpora técnicas de movimentos com padrões em
planos anatômicos e diagonais, com resistência e estabilização fornecidos pelo
terapeuta. O paciente ainda é mantido em decúbito dorsal utilizando flutuadores
nos mesmos segmentos anatômicos. As técnicas são usadas para pacientes ortopédicos
ou com comprometimento neurológico. Tanto técnicas ativas quanto passivas são
incorporadas com vários objetivos terapêuticos, incluindo redução do tônus, pré-
treinamento de marcha, estabilização do tronco e exercício ativo e resistido.

2. Método Halliwick:
O método Halliwick foi desenvolvido por McMillan em 1949 na Halliwick School for
Girl, em Southgate, Londres. A principal finalidade das técnicas de McMiIllan era
ajudar as pacientes com incapacidades a tornarem-se mais independentes com treino
para nadar. A ênfase inicial do método Halliwck era de natureza recreativa, com um
objetivo de independência individual na água.
Com o passar dos anos, McMillan manteve seus protocolos originais e adotou outras
técnicas protocolos originais e adotou outras técnicas adicionadas ao seu método
original. Mais recentemente, essas técnicas têm sido usadas terapeuticamente por
muitos profissionais para tratar pacientes pediátricos e adultos com diferentes
alterações de desenvolvimento e disfunções neurológicas. O método Halliwick
enfatiza as habilidades dos pacientes na água, e não as deficiências em terra.

3. WATSU (Shiatsu na água):


O Watsu foi criado como uma técnica de massagem ou bem–estar que não era
necessariamente destinada a “pacientes” como são classicamente definidos.
Entretanto, terapeutas de reabilitação aquática aplicaram a abordagem à pacientes
com uma variedade de distúrbios neuromusculares e músculo-esqueléticos e relataram
sucesso empírico.
Um dos resultados mais benéficos do Watsu é o alongamento eficaz. Através do
alongamento, admite-se que os meridianos fiquem mais perto da superfície do corpo,
onde a energia que eles carregam pode ser liberada. Esses efeitos são embelezados
por movimentos rotacionais que liberam energia bloqueada. O paciente permanece
completamente passivo e muitas vezes experimenta um relaxamento profundo a partir
da sustentação pela água e um contínuo movimento rítmico dos vários fluxos.

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TERMALISMO
(Extraído da Revista Brasileira de Reumatologia)

HISTÓRICO DO TERMALISMO:
Foram encontradas citações do uso destas águas desde a antiguidade, entre os
turcos e gregos. As obras de Homero descrevem situações sugestivas de banhos
termais, mas foi o povo romano que as popularizou como fonte de cura e prazer.
Durante a Idade Média, esta prática foi alvo de hostilidade por parte da Igreja
Católica, sendo considerada infame e um atentado contra a castidade, sendo
abandonada.
Após o período medieval, a Igreja reformulou sua posição, passando o clero a
organizar peregrinações até as fontes, sobretudo na França, o que resultou na
abertura de estabelecimentos termais, onde as águas eram consideradas santas e
curativas.
Nestes locais surgiram povoações e lugares de culto, inicialmente destinados
apenas à aristocracia e à burguesia, que os procuravam em busca de um milagre, ou
apenas para mudança de ares. As termas eram recomendadas como um epítome da
natureza salutar e foram assim difundidas, com maior ênfase na saúde ou na doença,
de acordo com o discurso médico, os interesses turísticos ou aos grupos a quem se
dirigiam.
No século XIX, por motivos econômicos e terapêuticos, desenvolveu-se na França o
termalismo, com a criação de uma especialidade chamada hidrologia médica
(crenologia), que teria a função de pesquisar e desenvolver métodos de tratamento
com as águas termais. O crenologista seria o responsável pelo balneário.
Nos periódicos editados pela Academia Real de Medicina Brasileira, no século XIX,
as primeiras notícias sobre águas minerais referiam-se às fontes termais de Goiás
e à utilização da sua água para o tratamento da morféia, em 1839.
A partir da segunda metade do século, com o desenvolvimento da química e da
própria medicina, iniciaram-se pesquisas sobre suas propriedades terapêuticas. No
Brasil, a primeira de várias teses sobre este tema foi defendida na Escola de
Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1841, por António Maria de Miranda
Castro. O autor falava das potencialidades das águas e da necessidade do Brasil
investir neste campo, à semelhança do que se passava na Europa, onde as águas
minerais serviam de meio sanitário e fundo precioso de interesse e prosperidade.
Existem descrições de pesquisas realizadas por médicos crenólogos de Poços de
Caldas, Araxá, Caxambu, Águas de São Pedro, Águas de Lindóia e também por
Faculdades de Medicina de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e
Porto Alegre. Com a descoberta de novos medicamentos, novos conceitos e práticas
médicas e pelo mecanismo de ação impreciso das águas, a partir da segunda metade
do século XX, diminuíram no Brasil as pesquisas e as práticas crenoterápicas.
Os primeiros trabalhos que encontramos na literatura indexada são da década de 50,
e a maior parte deles é da década de 70 e 80, desenvolvidos principalmente na
França, seguido pela Itália, Rússia, Espanha e Portugal. Relatam-se bons
resultados, mas a metodologia é pobre. Várias doenças foram incluídas nestes
trabalhos e dentro da reumatologia são citadas gota, artrites, lombalgia,
cervicalgia, osteoartrite e síndrome miofascial.
CONCEITO:
Séculos antes, os benefícios da água já eram bem conhecidos. Quem não ouviu falar
já dos Banhos romanos? A palavra terma deriva do termo latim thermae, que
significa "banho público". Para os romanos "ir a banhos" não significava apenas a
limpeza do corpo, sendo as termas um local privilegiado de convívio, equipadas não
só de três tipos diferentes de banhos (um quente, um tépido e um frio), mas também
com ginásios, estádios, bibliotecas e até algumas lojas.
No nosso país, o termalismo era uma atividade relacionada a idosos e a doentes. No
entanto, este ponto de vista algo retrógrado tem vindo a alterar-se nos últimos
anos, sendo a prática do termalismo utilizada, não só para o melhoramento de
doenças físicas, mas também para o tratamento de maleitas modernas como o stress,
depressões e esgotamentos físicos e/ou intelectuais. Além disto, nos últimos anos
tem-se verificado uma preferência turística pela frequência de termas.
A prática termal pode aliviar sintomas de doenças como o reumatismo (entre outras
doenças locomotoras), doenças vasculares, infecções urinárias e ginecológicas,
litíase renal, doenças respiratórias como a asma brônquica, bronquite crónica e
enfisema pulmonar, doenças do fígado e biliares, diabetes e obesidade, doenças
estomacais e intestinais, hipertensão arterial, dermatoses e alergias cutâneas.
Segundo as estatísticas, os clientes procuram as termas principalmente para o
alívio de doenças reumáticas e músculo-esqueléticas - 51,42%) - seguido de doenças
nas vias respiratórias e ORL (otorrinolaringologias) - 23,11% - e digestivas -
12,26%.
Empregamos a designação termalismo e crenoterapia, quando nos referimos ao
conjunto de atividades terapêuticas desenvolvidas no espaço de um estabelecimento
balneário e que tem como agente terapêutico a água termal, com propriedades
físico-químicas distintas das águas comuns.
A composição das águas termais varia conforme a região e o local de extração e
inclui minerais que formam vários compostos como: sulfureto ácido de sódio,
sulfureto neutro de sódio, hiposulfito de sódio, sulfato de sódio, carbonato ácido
de amônio, carbonato ácido de alumínio, nitrato de potássio, fosfato de ferro,
arseniato ácido de potássio, sulfato de cálcio, sulfato de magnésio, ácido
silícico, carbonato ácido de cálcio, carbonato ácido de sódio, carbonato ácido de
magnésio, cloreto de sódio, fosfato ácido de alumínio, sulfato de potássio,
fosfato ácido de potássio, ácido carbônico dissolvido e oxigênio dissolvido.
Algumas destas águas também são radioativas por atravessarem jazidas de rádio e
tório, antes de aflorar, e ter estes elementos dissolvidos na sua composição. Essa
heterogeneidade leva a pHs e propriedades físico-químicas diferentes, o que limita
a realização de experimentos científicos.
O mecanismo de ação ainda não está claro, mas considera-se que a melhora do
paciente se baseie na vasodilatação periférica pelas imersões em águas termais
quentes, restabelecimento do equilíbrio ácido-básico e mineral, ação sedativa
levando a vaso-dilatação arterial e melhora da função cardiovascular, melhora da
secreção gastro-pancreática, do peristaltismo intestinal, da função hepática com
maior secreção de bile e da função renal como diurético, em dermatoses e alergias
cutâneas.
Dentro da reumatologia as águas são usadas para ingestão, hidroterapia, reeducação
postural e relaxamento muscular. Compressas com lama sulfurosa são usadas em
artrites e osteoartrites.
Pelo que se observa na história do termalismo, existe uma relação ambígua entre
turismo e prática terapêutica. Por vezes introduz-se o turismo para justificar a
prática termal e o desenvolvimento econômico e em outros momentos defendem-se as
estâncias termais como locais apenas para doentes. No entanto, na última década, o
processo de afirmação do turismo de saúde, no qual é integrado o termalismo, tem
vindo a mediar esta relação, pela mudança de ênfase da doença para a saúde, da
cura para a prevenção.
Faltam dados científicos consistentes sobre a eficácia do termalismo e trabalhos
com metodologia precisa poderão no futuro esclarecê-la, porém, com base nos
relatos de satisfação, bem estar e melhora subjetiva de vários pacientes que
freqüentam balneários, pode-se ter na crenoterapia uma aliada da reumatologia,
ajudando no restabelecimento da qualidade de vida do paciente reumatológico, tão
valorizado na medicina atual.

(Revista Brasileira de Reumatologia)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAMPION, M.R. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: Manole, 2000.


RODRIGUES, E.M. GUIMARÃES, C.S. Manual de Recursos Terapêuticos. São Paulo:
Revinter, 1998.
O´SULLIVAN, Susan B. Fisioterapia: Avaliação e Tratamento. 2ª Ed. São Paulo:
Manole, 1993.
KOTKE, F.G; LEHMANN, J.F. Krusen: Tratado de medicina física e reabilitação. São
Paulo: Manole, 1994.

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