Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
RESENHA CRÍTICA
MONTES CLAROS
MAIO DE 2009
JOÃO HENRIQUE SILVEIRA LEITE
RESENHA CRÍTICA
I
“O fim do direito é a paz, o meio que se serve para consegui-la é a luta. Enquanto o
direito estiver sujeito as ameaças da injustiça-e isso perdurará enquanto o mundo for mundo
ele não poderá prescindir da luta. A vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das
classes sociais, dos indivíduos”.
Ihering logo nos expõe a idéia de seu pensamento principal, penso que este parágrafo
em si seria necessário para compreendermos a essência do pensamento do autor, é uma
síntese da obra ou quem sabe até a sua fonte, o que importa é o poder da introdução que está
nos insere de forma dialética ao opúsculo, nos indagando a importância da luta pelo direito,
para a paz e para conosco na sua forma prática, o direito não é uma simples idéia, é uma
força viva, um trabalho árduo, sem tréguas.
A paz sem luta e o gozo sem trabalho são utopias de um paraíso que reina em tempos
de paz entre as nações, são apenas aparências. Concordo com o autor, pois estes elementos só
se conseguem com luta e trabalho, há uma necessidade prática para chegarmos a nossos
objetivos sociais e pessoais.
A história do direito é imbuída de lutas, e conflitos sangrentos, as renovações das idéias
do direito são sempre um movimento difícil, de um lado o direito histórico e de outro o
direito da renovação, rejuvenescido, é sempre um processo árduo impor novas idéias perante
o tradicional, o costume, defendidos pela escola de Savigny. Penso que a evolução do direito
é sempre penosa de lutas e sangue, mas se faz necessária, já que tantas injustiças antes
legitimadas pelos Estados já foram extintas, como a escravidão, o despotismo cruel, o povo
deve lutar pela igualdade e liberdade, não somente pelo direito, mas pelo econômico e social
se ferirem os direitos humanos, com mesmo fervor.
A luta da qual falamos é de essencial importância para criar vínculos com o cidadão de
algo valioso para com estes, pois custaram dispêndios como vidas e longas jornadas em
busca do objetivo, o que cria um ato de cuidado e amor a esta conquista que agora os é
incumbida a zelo. Acredito que neste país levamos muito pouco em conta as conquistas do
passado, devemos manter viva essa chama reiteradamente para concomitantemente reacender
o espírito de luta pelos nossos direitos tendo como norte à justiça, e o objetivo de uma nação
melhor.
II
O direito objetivo e o subjetivo produzem lutas de maior ou menor expressão, como as
internacionais e as privadas, ambas de mesma importância ao direito em sentido de luta. O
direito privado no processo civil chegará ao ponto crucial do direto subjetivo do titular, e
suas ações e interesses que o colocam numa indagação de defender a paz e privar do direito
ou defender o direito em favor da paz, deve-se pesar o dispêndio no processo e o valor do
objeto, parece matemática fácil mais devemos levar em conta um fator determinante que é o
valor moral, do objeto julgado. O individuo vê cegamente a necessidade de recuperar bem
inestimável, a sua dignidade, ele não luta pelo valor material, mas sim pelo valor moral em si,
a afirmação da sua própria pessoa e o sentimento de justiça, uma questão de caráter, que
penso estar exercendo seu valor mais fecundo e correto de direito, pois o caráter, a moral não
tem preço, não se compram, se defendem e se resguardam, já que a violação imbuída de
omissão equivale ao suicídio interior.
Acontece que há também pessoas que preferem se omitir do seu direito subjetivo.E
expresso minha opinião de desprezo a esta atitude, de submissão a injustiça e renuncia moral
de sua personalidade, ou seja, concordo fielmente(e não teria como não concordar) com
Ihering, mas devemos levar em conta fatores externos como ameaças a família, ou a pessoa
de ameaças violentas fisicamente que impedem a luta pelo seu direito, nestes casos isento de
repudio estes indivíduos, pois não podemos ser tão radicais em casos de risco de vida, salvo
estes casos o pensamento da Ihering é regra.
III
A defesa da própria existência é a lei suprema de toda vida, manifesta-se em todas as
criaturas por meio do instinto de autoconservação. No homem não se trata apenas da vida
física, mas também da existência moral, e uma dessas condições é a defesa do direito, e sem
subsistência moral, sem o direito, regride a condição animalesca. A falta da moral no homem
faz com que seja tratado como um animal, desrespeitado, sem valor, pois a moral e a razão
que nos diferenciam das criaturas irracionais.
O direito nada mais é do que a soma dos seus institutos, em sua defesa física e moral,
que condicionam a sua existência, isso ocorre com a propriedade e o matrimônio, com o
direito e a honra. A renúncia de um desses pressupostos é impossível, tanto quanto a renúncia
total do direito. Temos como exemplo o camponês que não defende somente suas terras no
valor material em si, mas também a si mesmo, a sua personalidade. Tendo a ótica de que não
podemos renunciar ao direito total que o Estado nós impõe, já que mesmo se decidirmos não
fazer valer de nossos direitos privados, os direitos públicos são involuntários e nos atingirão.
O possuidor de boa fé não põe em jogo o sentimento de justiça, o caráter, a
personalidade do proprietário, trata apenas de interesse, nestes casos sim, é possível acordo e
ponderação de ganhos e dispêndios, de uma solução que seja melhor as duas partes, se
houver intenção malévola de uma das partes tomará mais difícil o acordo.
Mas é preciso saber discernir entre casos de boa-fé e de más-intenções como expõe
Ihering, olhando o contexto, como no caso do herdeiro da divida que não nega a divida
apenas não afirma ser ele o titular desta, e o devedor de uma divida que não quer pagar
voluntariamente por ilicitude consciente.
O camponês, de onde se acha o mais difícil indivíduo para o acordo, visto que sua
resistência é mais difícil de vencer, pois seu sentido de emulação (de ganância e de
desconfiança), impõe barreiras, pois acha em todos os adversários uma intenção malévola, e
na Roma chegou a se corporificar este sentimento na lei em que, mesmo em que ambas as
partes possuam boa-fé, a que sucumbe é punido pela resistência, ou seja, além de perder o
valor pecuniário, deve ter uma pena extra pela resistência. O que penso ser uma expressão
concreta da força do direito egoísta Romano, que na necessidade de se fazer valer a vontade
da plebe que considerava justa suas causas, impõe decisões que supram suas vontades.
O povo não sabe precisamente, teoricamente o que é o direito da propriedade, sobre a
obrigação jurídica como pressuposto da existência moral, mas o sente como não sabe o que
são, os pulmões como pressuposto da vida física, mas sente, a dor nestes, a dor física e no
caso da ofensa a propriedade, a dor moral. O que nos deixa claro que o direto nós é um
elemento já presente no ser humano, em seu instinto, como a comunicação e ambos se
desenvolvem naturalmente com o passar do tempo.
A presença da maior obstinação mediante a ofensas, provêm do estilo de vida que para
o camponês é a ofensa a propriedade e ao oficial a ofensa à honra, a profissão de camponês
exige trabalho e o camponês preguiçoso não terá relevância e será desprezado pelos demais
o oficial que não resguardar sua honra será desprezado igualmente, e não medem
conseqüência para defender seus valores. Por outro lado em casos que não venha a ferir seus
valores principais (propriedade e honra respectivamente) poderá haver acordo. Acho que a
ofensa é maior à medida que venha a ferir um costume, um bem para a sua classe e maior
será a punição por descumprimento deste preceito que nos ficará evidente no direito penal, as
penas serão mais brandas a medida do grau da violação.
O comerciante protege o seu crédito, como valor especial, tal como a propriedade do
camponês, com estas exposições nos é dado a observação que os valores variam de uma
profissão ou um povo, devido ao estilo de vida.
Referencia Bibliográfica: VON IHERING, Rudolf ., A Luta pelo Direito. Editora Martin
Claret Ltda., 2000