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RESENHA DO FILME: “ENCONTRO COM MILTON SANTOS: O MUNDO GLOBAL

VISTO DO LADO DE CÁ.”

De: Silvio Tendler. Encontro com Milton Santos ou: O mundo global visto do lado de cá. Brasil.
Studio: Caliban Produções, 2206

Por: Carla Priscila de Morais Mendes , graduando em Sistemas de Informação no Unileste-MG.


Email: kkpriscila@yahoo.com.br

Encontro com Milton Santos é um documentário produzido pelo cineasta brasileiro Silvio
Tendler, onde ele juntamente com o intelectual Santos discute os problemas da globalização sob a
perspectiva das periferias e dos países chamados em desenvolvimentos.

Milton Santos, intelectual na área de geografia, se intitula “outsider” por não se juntar a
nenhum outro grupo, seja de intelectuais, partidários ou acadêmicos. Em sua visão apresentado no
documentário estamos vivendo um segundo momento da globalização, onde se apresenta a
fragmentação dos territórios e o desmonte do estado de bem estar social, que é o estado onde o
governo busca prover as necessidades básicas do povo. Ele se refere também ao humanismo como
sendo o motor inicial da globalização, que é substituído pelo consumo voraz. Considerado por ele
como o “grande fundamentalismo”, o consumo tem sido o “deus” da globalização, valendo tudo para a
satisfação do mesmo.

O capitalismo tem-se mostrado dentro de um processo contraditório, onde se vê uma


significante diferença no desenvolvimento do mundo do norte e do mundo do sul. Globaritarismo é a
palavra usada por Milton para referenciar a essa ditadura da globalização vigente no mundo. Ele cita
tanto no documentário, como em seu livro “Por uma outra globalização: do pensamento único a
consciência”, a presença de três mundos. O mundo tal como nos fazem crer: a globalização com
fábula, o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade e o mundo tal como pode ser: uma
outra globalização.

Para satisfazer as vontades do Neoliberalismo, conduzido pelos EUA, foi realizado o


Consenso de Washignton. Nessa reunião da cúpula da globalização foi criado um conjunto de regras
(bula) que os países em desenvolvimento que passavam por dificuldades deveriam seguir para
promover o ajustamento macroeconômico. Esse consenso se mostrou como uma das perversidades
dessa globalização atual. Foi através dele que veio a política de privatizações das grandes empresas
nacionais e o intenso incentivo do neoliberalismo de liberar o comércio e diminuir a influência dos
estados. Em Cochabamba, na Bolívia, chegaram a privatizar a água gerando a revolta da população
que através de movimentos popular conseguiram reverter essa situação. Podemos ver que até hoje
Buenos Aires, na argentina, não se recuperou plenamente da crise gerada através das privatizações e
abertura da economia que resultou em uma quebradeira total até da classe média.

Mesmo os EUA sendo o carro chefe do neoliberalismo, o seu governo não o utilizou como
método de crescimento de sua economia, pois nesse mesmo momento o governo americano em si
permanecia muito forte com altos investimentos em segurança pública.

Através da divisão Internacional do trabalho, as empresas vão se distanciando dos estados e


dos territórios nacionais, acabando por se desviarem da responsabilidade social e moral com os
mesmos, desorganizando esses territórios. Assim essa globalização se mostra como uma fábrica de
perversidade, o desemprego já aparece como uma condição normal. Então vivenciamos o que diz
Josué de Castro, 1961, em geopolítica da fome: “A Humanidade se divide em dois grupos: o grupo dos
que não comem e o grupo dos que não dormem com receio da revolta dos que não comem”.

Em 2003 aconteceu em Kioto, Japão, o 3º Fórum Mundial das águas, e uma de suas discussões
foi o paradigma da água como direito humano ou a água como mercadoria. Esse fórum se apresentou
mais como uma mascara para a decisão que já tinham tomado. Sem dar ouvido ao clamor do povo que
pedia “Água para o povo e não para o lucro”, o relatório final apresentou a grande “importância” de
alguém pagar por esse “bem de consumo”.

Milton Santos se revolta com a idéia de muito se discutir sobre economia e outra ciência e a
civilização pouco ser objeto de discussões.

A mídia tem sido o instrumento da fábula da globalização, mostrando medidas paliativas para
os problemas sociais. Institui um sistema desigual e quando necessário cria formas para amenizar a
situação de pobreza. As notícias mostram-se como interpretação dos fatos para atender a interesses
pré-determinados.

Entretanto a sociedade já tem se alertado para o uso da mídia como a revanche da cultura
popular sobre a cultura de massa. Comunidades indígenas já conectaram a internet de suas próprias
aldeias e tem a consciência de que sem abandonar o que são (indígena), eles podem ser perfeitamente
universal. A tecnologia começa a ser usada como forma de manifestação e denúncia. Como um
cineasta amador argentino que utilizada de sua câmera não profissional para junto com um movimento
social mostrar imagens de lugares que a Mídia oficial não pode ou não quer ir. Quando ele diz que
“desenvolver através de um projeto utópico, uma pequena obra que poderia servir a alguém”, nos
ínsita a entender que os movimentos populares sociais não precisam mudar todo o sistema, mudando
situações já é um bom começo. A revanche é quando a cultura popular se difunde mediante o uso de
instrumentos que na origem são próprios da cultura de massa. Santos se refere ao discurso “dos de
baixo” que é por meio da exaltação da vida de todos os dias. A utopia marxista é que o povo se revolte
e atores de baixo possa mudar a história.
O povo pode fazer mudanças através dos movimentos populares e usando a tecnologia, mas só
o estado pode mudar a condição social da nação dando direitos ao povo e limitando o poder das
empresas. Existe a necessidade da criação de novos códigos éticos. A busca é por uma ética que o
povo luta por seus direitos. Em um de seus discursos Milton diz que nosso país não tem cidadão.
Contra o consenso de Washington houve apenas alguns protestos isolados, mas o Brasil entrou a cegas
no neoliberalismo. Ele continua dizendo que o povo tem que se revoltar contra essa globalização para
que nasça uma nova ética onde os direitos são respeitados como mostrados na constituição. O povo
pode fazer algumas mudanças, mas precisa do governo para fazer grandes mudanças. Estudiosos de
outros países chamados em desenvolvimento lançam seus discursos, “Vamos ser como os EUA,
seguindo o modelo da comunidade de consumo que devora o mundo? Ou vamos gerar um mundo
diferente?”.

Essa globalização produz um novo totalitarismo global, como uma forma de vida padrão onde
não há alternativa, a democracia é mascarada e suprimida, só há liberdade para o capitalismo. Tudo se
discute, menos a democracia. Os que efetivamente governam o mundo não são democratas. O
totalitarismo da globalização é a ditadura das grandes corporações que define o rumo da sociedade
como forma de lucro. A palavra “democracia” perdeu o significado.

Tendler finaliza o documentário com a fala de Milton: “Nunca houve humanidade... Estamos
fazendo um ensaio do que será esta humanidade”. Ele sonha com uma outra globalização, uma utopia
para o século XXI, uma outra realidade.

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho
dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve
a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”, Eduardo Galeno.

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