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ECONOMIA POLÍTICA - PESSIMISTAS CLÁSSICOS 2009

PESSIMISTAS CLÁSSICOS

INTRODUÇÃO

As questões econômicas têm preocupado muitos intelectuais ao longo dos


séculos. Na antiga Grécia, Aristóteles e Platão dissertaram sobre os problemas
relativos à riqueza, à propriedade e ao comércio. Durante a Idade Média,
predominaram as idéias da Igreja Católica Apostólica Romana e foi imposto o direito
canônico, que condenava a usura (contrato de empréstimo com pagamento de
juros) e considerava o comércio uma actividade inferior à agricultura. O
mercantilismo e as especulações dos fisiocratas precederam a economia clássica.

A ESCOLA CLÁSSICA

E foi após este período que surgiu uma nova forma de ver a economia, sendo
considerada a primeira escola moderna de pensamento económico.

É geralmente aceito que o marco inaugural do pensamento económico


clássico seja a obra “A Riqueza das Nações”, do escocês Adam Smith. Seus conceitos
giram em torno da noção básica de que os mercados tendem a encontrar um
equilíbrio económico a longo prazo, ajustando-se a determinadas mudanças no
cenário económico.

Essa parte dos escritos de Smith (A Riqueza das Nações, em 1776) é também
desenvolvida na obra dos economistas do século XIX, como Thomas Robert Malthus
e David Ricardo (Princípios de Economia Política e Tributação, de 1817), e culmina
com a síntese de John Stuart Mill (Princípios de Economia Política, de 1848).
Portanto, os principais representantes da escola clássica são Adam Smith, Thomas
Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill, entre outros.

Com estes representantes da escola clássica, a económia adquiriu carácter


científico integral quando passou a centralizar a abordagem teórica na questão do
valor, cuja única fonte original era identificada no trabalho em geral. Além da teoria
do valor-trabalho, do uso do método dedutivo, do materialismo e da preocupação
em simplificar e generalizar as proposições económicas e de uma visão de conjunto
da evolução económica, a escola clássica baseou-se nos preceitos filosóficos do
liberalismo e do individualismo e firmou os princípios da livre-concorrência, que
exerceram decisiva influência no pensamento revolucionário burguês.

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OS PESSIMISTAS CLÁSSICOS

Como já dito, depois de Adam Smith desenvolveram-se duas correntes


inspiradas na sua obra, ambas correspondendo à integração na escola clássica.

Ao contrário de Adam Smith e de seu grande intérprete francês Jean Baptiste Say,
que tinham uma visão geralmente otimista quanto às perspectivas da humanidade,
Ricardo e Malthus jamais foram considerados otimistas. "Foi graças à [Thomas
Robert] Malthus e Ricardo que a economia se transformou numa ciência sombria",
sentencia John Kenneth Galbraith em sua célebre obra - A era da incerteza'.

Foi nestas tendências, de otimismo e pessimismo, que se distinguiram os


dois ramos da escola clássica – o da escola clássica inglesa e o da escola clássica
francesa.

A francesa era considerada otimista, seguindo fielmente os preceitos de


Adam Smith. No entanto, a escola inglesa não compactuou completamente com
Smith, demonstrando a sua tendência pessimista.

Smith considerava a ordem natural não apenas inevitável como benéfica


também, aspecto esse que caracteriza o liberalismo otimista. Já os pessimistas,
entendiam que não valeria a pena o Estado intervir na vida econômica, porque seria
inútil. Mais cedo ou mais tarde, essa ordem natural havia de sobrepor-se a todas as
tentativas realizadas pelo poder político no sentido da condução dos fenômenos
econômicos. Para eles a ordem natural é inelutável. Segundo eles, essa ordem
natural, toda-poderosa, haveria de levar o gênero humano à sua completa ruína.

Portanto, os clássicos ingleses propõem um sistema de liberdade econômica,


pois seria mediante o mecanismo impessoal do mercado que se conseguiria
harmonizar os interesses individuais. Entretanto, as revoluções que ocorreram na
Europa no período de 1830 a 1848 mostraram que a harmonia de uma “ordem
natural” e do não-intervencionismo preconizado pela escola clássica era remota. O
liberalismo e o individualismo começam então a sofrer várias críticas de pensadores
preocupados com os problemas econômicos e sociais.

Thomas Robert Malthus e David Ricardo são os representantes da escola


clássica pessimista com maior notoriedade. As construções fundamentais destes
dois teóricos ingleses, que passaremos a conhecer.

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TEORIA DA POPULAÇÃO (MALTHUS)

VIDA

Thomas Robert Malthus nascido na Inglaterra em 14 de fevereiro de 1766.


Filho de um culto e rico proprietário de terras (Seu pai, Daniel Malthus, era adepto
dos ideais de Jean-Jacques Rousseau e amigo pessoal dos pensadores David Hume
e Godwin).

Aos dezoito anos de idade, em 1784, após receber em casa uma ampla
educação liberal, Malthus foi admitido no Colégio de Jesus, da Universidade de
Cambridge. Lá estudou Matemática, Latim e Grego, ao mesmo tempo em que
recebia sua formação sacerdotal. Graduou-se em 1788 e recebeu o Master of Arts
Degree em 1791. Em 1793 foi aceito como membro pesquisador (fellow) da
instituição e, em 1797, recebeu as ordens eclesiásticas, tornando-se sacerdote da
igreja Anglicana, fato que influenciaria decisivamente sua obra, mormente o Ensaio
Sobre a População.

Em 1799, inicia uma longa viagem de estudos pela Europa. Casou-se em 1804
(aos 39 anos de idade com sua prima Harriet Eckersall, tendo posteriormente 3
filhos) e, por isto, abandonou o posto de pastor.

Em 1805, foi nomeado professor de história e de economia política do East


India College. Provavelmente foi o primeiro professor de Economia Política de que se
tem noticia - pelo menos parece ter sido essa a primeira vez em que uma disciplina
acadêmica recebeu tal denominação.

Ao longo de sua vida, Malthus fundou ou foi aceito como membro de


diversas sociedades culturais, tais como a Royal Society (1819), o Political Economy
Club (1821), que incluía nomes como o de Ricardo e o de James Mill, a Royal Society
of Literature (1824), a Académie Française des Sciences Morales et Politiques (1833),
a Real Academia de Berlim (1833) e a Statistical Society of London (1834), da qual foi
um dos fundadores.
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Thomas Robert Malthus faleceu no dia 23 de dezembro de 1834, aos 68 anos,


em Haileybury, no Condado de Hertford, na Inglaterra.

Na história do pensamento econômico, poucos economistas chegaram a


suscitar tantas controvérsias como o economista inglês Thomas Robert Malthus,
(até hoje, 243 anos após o seu nascimento na Inglaterra). Nenhum estudante,
professor, economista ou leigos conseguem manter-se neutro, perante seus livros e
panfletos publicados no final do século XVIII e principalmente no início do século
XIX.

OBRAS

Em suas obras econômicas, Malthus demonstrou que o nível de actividade


em uma economia capitalista depende da demanda efectiva, o que constituía aos
seus olhos, uma justificativa para os esbanjamentos praticados pelos ricos. A idéia
da importância da demanda efectiva seria depois retomada por Keynes.

Seus dois ensaios estão permeados de conceitos cristãos, como os de mal,


salvação e condenação.

Thomas Malthus representa o paradigma de uma visão que ignora ou rebaixa


os benefícios da industrialização ou do progresso tecnológico. Ernest Gellner afirma
em Pós-modernismo, razão e religião: "Previamente, a Humanidade agrária vivia
num mundo Malthusiano no qual a escassez de recursos em geral condenava os
homens a apertadas formas sociais autoritárias, à dominação por tiranos, primos ou
ambos".

Para o autor, a diferença entre as classes sociais era uma conseqüência


inevitável. A pobreza e o sofrimento eram o destino para a grande maioria das
pessoas.

Eis as obras de Malthus:

1. Ensaio sobre o Princípio da População – “An Essay on the Principle of


Population” (1798);
2. Um ensaio sobre o princípio da população ou uma visão de seus efeitos
passados e presentes na felicidade humana, com uma investigação das
nossas expectativas quanto à remoção ou mitigação futura dos males que
ocasiona (1803).
3. Investigação sobre a Natureza e o Progresso da Renda – “An Inquiry into the
Nature and Progress of Rent” (1815);
4. As Leis dos Pobres – “The Poor Law” (1817);

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5. Princípios de Economia Política Considerados com Vista a sua Aplicação


Prática – “Principles of Political Economy Considered with a View to their
Pratical Application” (1820); e,
6. Definições em economia política – “Definitions of Political Economy” (1827).

INFLUENCIA DE SUAS OBRAS

Exerceu Malthus, através da sua Teoria da População, profunda influência


sobre a orientação científica da escola Clássica, que antes dele foi, com Adam Smith,
liberal e otimista, e se tornará, com ele e depois dele, pessimista e liberal, Malthus,
Ricardo e John Stuart Mill entenderam que as leis naturais, deixadas sem controle,
trariam conseqüências maléficas à humanidade. O Reverendo Malthus também
exerceu influência sobre o cientista inglês Charles Darwin. No arquipélago de
Galápagos em pleno Oceano Pacífico coletou amostras e observou o
comportamento dos animais, elaborando a sua teoria da evolução das espécies por
seleção natural.

A tese de Malthus foi contestada, entre outros, por Fourier e Marx, por
ignorar a estrutura social da economia e as possibilidades criadas pela tecnologia
agrícola. Entretanto, “reciclada” para o terreno da evolução e das populações de
insetos e outras espécies animais, ela forneceu a chave decisiva para a teoria da
seleção natural de Darwin e Wallace, como já dito. David Ricardo e outros
economistas clássicos incorporaram o “princípio da população” às suas teorias,
supondo que a oferta da força de trabalho era inexaurível, sendo limitada apenas
pelo “fundo de salários”.

Portanto, Malthus foi capaz de influenciar os leitores do Velho Mundo, como


também, do Novo Mundo e posteriormente os seus descendentes sobre os grandes
problemas sociais da humanidade. Segundo Malthus, a chave do desenvolvimento
econômico residia no controle de natalidade. As previsões imperfeitas de Malthus
gerou os pensamentos dos meomalthusianos. A explosão demográfica nos países
subdesenvolvidos, acompanhado da escassez de alimentos e suas conseqüências
catastróficas, provocaram uma tendência internacional do uso do planejamento
familiar (distribuição gratuitas de pílulas anticoncepcionais, de preservativos etc.).

TEORIA DA POPULAÇÃO

A fama de Thomas Malthus decorre dos seus estudos sobre a população.


Malthus defendeu uma teoria pessimista da economia, centrada na escassez de

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recursos e no crescimento da população. Para ele o excesso populacional era a


causa de todos os males da sociedade (população cresce em progressão geométrica
e os alimentos em progressão aritmética), tudo isto estão contidos em dois livros
conhecidos como Primeiro ensaio e Segundo ensaio: "Um ensaio sobre o princípio
da população na medida em que afeta o melhoramento futuro da sociedade, com
notas sobre as especulações de Mr. Godwin, M. Condorcet e outros escritores"
(1798) e "Um ensaio sobre o princípio da população ou uma visão de seus efeitos
passados e presentes na felicidade humana, com uma investigação das nossas
expectativas quanto à remoção ou mitigação futura dos males que ocasiona"
(1803).

Tanto o primeiro ensaio - que apresenta uma crítica ao utopismo (otimismo) -


quanto o segundo ensaio - onde há uma vasta elaboração de dados materiais - têm
como princípio fundamental a hipótese de que as populações humanas crescem em
progressão geométrica. Malthus estudou possibilidades de restringir esse
crescimento, pois os meios de subsistência poderiam crescer somente em
progressão aritmética. Segundo ele, esse crescimento populacional é limitado pelo
aumento da mortalidade e por todas as restrições ao nascimento, decorrentes da
miséria e do vício.

De acordo com Malthus, eram dois tipos de obstáculos: Obstáculos positivos


(A Fome, a Desnutrição, as Epidemias, Doenças, as Pragas, as Guerras etc.) no
sentido de aumentar a taxa de mortalidade: Obstáculos preventivos (as Práticas
Anticoncepcionais Voluntárias) no sentido de reduzir a taxa de natalidade. O
crescimento da população, os meios de subsistência e as causas da pobreza em
plena Revolução Industrial são os problemas centrais analisados pelo economista
clássico Thomas Robert Malthus. Segundo Malthus: ''Pode-se seguramente declarar
que, se não for à população contida por freio algum, irá ela dobrando de 25 em 25
anos, ou crescerá em progressão geométrica (1, 2,4,8,16,32,64,128,256,512,...). Pode-se
afirmar, dadas as atuais condições médias da terra, que os meios de subsistência, nas
mais favoráveis circunstâncias, só poderiam aumentar, no máximo, em progressão
aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,10)'', portanto, com o passar do tempo, a escassez
de alimentos levará a maioria da população à fome. Segundo o economista clássico
Malthus, ''o poder da população é tão superior ao poder do planeta de fornecer
subsistência ao homem que, de uma maneira ou de outra, a morte prematura acaba
visitando a raça humana. Os vícios humanos são os agentes ativos da desprovação;
são eles os precursores do grande exército da destruição e em geral acabam fazendo
o serviço macabro por si só. Mas, se não consegue vencer a guerra da exterminação,
as epidemias, pestes e pragas avançam e ceifam a vida de milhares e dezenas de
milhares de pessoas. Se o serviço ainda estiver incompleto, surge uma gigantesca e
inevitável onda de fome que, com um poderoso sopro, nivela novamente a

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população e os alimentos do planeta. ''A relação entre fome e população é analisada


por Malthus através da superpopulação que gera a fome.

Para Malthus, quando a desproporção chega a extremos, as pestes,


epidemias e mesmo as guerras encarregam-se de reequilibrar (temporariamente) a
situação. A única forma de evitar essas catástrofes seria negar toda e qualquer
assistência às populações pobres e aconselhar-lhes a abstinência sexual, com o fim
de diminuir a natalidade. Os assalariados deveriam ter consciência de que, “com o
número de trabalhadores crescendo acima da proporção do aumento da oferta de
trabalho no mercado, o preço do trabalho tende a cair, ao mesmo tempo em que, o
preço dos alimentos tenderá a elevar-se”.

Portanto, a essência da Teoria da População era substituir os obstáculos


positivos (guerras, pobreza, etc.) pela restrição moral, seu terceiro obstáculo é
peculiar ao homem e resulta de suas faculdades superiores de raciocínio, que lhe
permitem calcular as conseqüências. A ''queda progressiva do salário real da mão-
de-obra reduz o bem-estar da população''. Para amenizar esse problema, Malthus
recomendava o controle de natalidade através da abstinência sexual, ou seja, o
homem não deve casar antes de possuir condições econômicas para sustentar a sua
família.

Conclui-se que a principal conseqüência dos seus ensaios foi destruir o


otimismo exagerado de Willian Godwuin e do economista escocês Adam Smith.
Devido a essas idéias, a economia adquiriu o nome de "a ciência lúgubre".

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TEORIA DA RENDA E SALÁRIO (DAVID RICARDO)

VIDA

David Ricardo, economista britânico, nasceu em Londres, no dia 18 de abril


de 1772. Foi o terceiro de 17 filhos de uma família holandesa de classe média,
descendentes de judeus saídos de Portugal (sefarditas). Seu pai emigrou dos Países
Baixos para a Inglaterra pouco antes de David nascer, onde prosperou negociando
na Bolsa de valores. David viveria alguns anos na Holanda com outros elementos da
família, tendo ali completado parte da sua instrução primária. Seguindo os passos
do pai, tornou-se operador da Bolsa de Valores de Londres (iniciou com 14 anos),
onde acumulou fortuna, além de mover-se com familiaridade no mundo dos
negócios e das finanças do capitalismo mais avançado de sua época. Rompeu com a
família (e com a religião judaica) aos 21 anos e se casou com uma jovem "Quaker".

Prosseguiu suas actividades na bolsa e em poucos anos ficou rico o bastante,


adquiriu uma propriedade rural e passou a se dedicar aos estudos (à literatura e à
ciência, especialmente matemática, química e geologia).

Em 1799, teve a oportunidade de ler a Riqueza das nações de Adam Smith que
atraiu o seu interesse pela pesquisa sobre assuntos económicos.

Entre 1809 e 1815 publicou alguns panfletos sobre temas de economia


monetária, repartição da renda e comércio internacional. A partir de então se
dedicou a escrever um tratado teórico geral sobre a economia, os Princípios, que foi
publicado em 1817 e se constituiria num marco teórico decisivo para o
desenvolvimento da economia política clássica.

Em 1815, David Ricardo já era considerado o mais importante economista de


toda a Grã-Bretanha, graças ao seu conhecimento prático sobre o funcionamento
do sistema capitalista, vindo da sua carreira como perito em finanças. Foi muito
influente na polêmica discussão sobre a questão das corn laws, isto é, da

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importação de trigo estrangeiro para Inglaterra. Ricardo, eterno defensor do livre-


comércio internacional, era a favor da importação, mesmo com isso tendo severas
divergências com economistas mais conservadores, como Malthus, os quais temiam
ver o sustento dos trabalhadores britânicos sob o poder de países estrangeiros,
potenciais inimigos. Neste mesmo ano, Ricardo publicou toda a sua tese liberal em
seu “Ensaio sobre a Influência do Baixo Preço do Cereal sobre o Lucro do Capital”.

Mas sua grande obra-prima, sem dúvida, foi “Princípios de Economia Política
e Tributação”, publicado em 1817. Esse livro consagrou Ricardo como o grande
nome da Economia Política Clássica, junto com Adam Smith, dominando a cena
econômica não apenas da Inglaterra, mas de todo o mundo ocidental por muitas
décadas, até o surgimento do marxismo e do marginalismo (os quais foram muito
influenciados pela obra de Ricardo).

Ricardo também se envolveu com questões políticas, tendo sido


representante do distrito irlandês de Portalington na Câmara dos Comuns do
parlamento do Reino Unido. Ali defendeu um conjunto de posições liberais tanto
em matérias políticas (o voto secreto, o sufrágio universal) quanto em temas
econômicos (a liberdade de comércio).

Apontado como o mais legítimo sucessor de Adam Smith, Ricardo não foi um
acadêmico como a maior parte dos outros grandes economistas. Descrito por
Galbraith como "o único rival sério de Smith quanto ao título de fundador da teoria
econômica, Ricardo era judeu, era um corretor da bolsa de valores, membro do
Parlamento, dono de soberba inteligência e de péssima oratória".

Morreu, prematuramente, em 11 de setembro de 1823, aos 51 anos de idade,


deixando incompleta uma obra em que trabalhava.

OBRAS

Sem sombra de dúvidas, David Ricardo é considerado um dos maiores


economistas de seu tempo, não só de seu tempo, mas ainda hoje também. Suas
obras atingem vastas áreas da economia, tais como: política monetária, teoria dos
lucros, teoria da renda fundiária e da distribuição, teoria do valor e do comércio
internacional, sendo que muitos desses temas permanecem atuais até os dias de
hoje.

Considerado como um dos fundadores da escola clássica inglesa da


economia política, juntamente com Adam Smith e Thomas Malthus, as suas obras
mais destacadas incluem:

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• O alto preço do ouro, uma prova da depreciação das notas bancárias (The
high price of bullion, a proof of the depreciation of bank notes), em 1810;
• Ensaio sobre a influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros do
capital (Essay on the influência of a low price of corn on the profits of stock),
em 1815;
• Princípios da economia política e tributação (Principles of political economy
and taxation), em 1817 (reeditado em 1819 e 1821).

Em sua obra mais importante, Princípios de economia política e tributação


(1817), estabelecia várias teorias baseadas em seus estudos sobre a distribuição da
riqueza a longo prazo. Pensava que o crescimento da população provocaria uma
escassez de terras produtivas; sua teoria da renda agrária é baseada na
produtividade da terra. Defendeu a teoria clássica do comércio internacional,
diminuindo a importância da especialização internacional e a livre concorrência.

INFLUENCIA DE SUAS OBRAS

David Ricardo exerceu uma grande influência tanto sobre os economistas


neoclássicos, como sobre os economistas marxistas, o que revela sua importância
para o desenvolvimento da ciência económica.

TEORIA DA RENDA

Hoje em dia, ao falarmos de renda, vem a mente a remuneração obtida pela


cessão do uso de qualquer tipo de propriedade. Entretanto, a denominada renda,
tratada por David Ricardo é a diferença entre o preço obtido pelo produto da terra e
o custo da produção. Vejamos o desenvolvimento de sua teoria abaixo:

No contexto pragmático da escola clássica, observemos a obra “Princípios de


economia política e tributação”, de David Ricardo, em que analisou as leis que
determinam a distribuição do produto social entre as "três classes da comunidade":
proprietários de terras, trabalhadores e donos do capital. Entre os princípios
formulados por Ricardo nesta obra encontra-se a TEORIA DE RENDA DA TERRA que é
explicitamente pessimista, que estava relacionada ao aumento da população, o que
explicava a alta renda fundiária da Inglaterra. Pensava que o crescimento da
população provocaria uma escassez de terras produtivas; sua teoria da renda
agrária é baseada na produtividade da terra.

Segundo esta teoria, à medida que as populações crescem a procura de


produtos agrícolas (nomeadamente de trigo) torna-se mais acentuada. Para atender
esta demanda, poderá começar-se por tentar uma cultura intensiva das terras,
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empregando nelas mais elevados capitais. Mas o princípio do rendimento não


proporcional impõe limites à cultura intensiva. Para alem desses limites, ao
emprego de mais capital na exploração da terra já não corresponderá um
aumento proporcional da produção. Por isso, atingindo os referidos limites, em
vez de se explorar a terra intensivamente, torna-se preferível uma exploração
extensível. Seguindo este processo de alargamento de áreas cultiváveis, os
agricultores - na opinião de RICARDO - começam por explorar as terras mais
férteis, aquelas que lhes ofereciam mais elevado rendimento em relação ao
capital empregado. Mas, à medida que a procura cresce, os agricultores são
forçados a explorar terras menos férteis, cujo custo de produção será mais
elevado.

Assim, os mesmos bens provêm de terras cuja fertilidade é diversa; e cujo


custo de produção é, conseqüentemente, diversa também. Haverá no mercado
quantidades de trigo que provem de terras mais férteis e cujo custo de produção se
situa, por hipótese, ao nível de 10 unidades monetárias; outras quantidades do
mesmo trigo, produzido em terras de fertilidade media cujo custo será de 12; e
ainda quantidades de trigo provenientes de terras pouco férteis, cujo custo será
de 15. Sendo diversos os custos, põe-se a questão de saber como se fixará o
preço. Responde RICARDO, de harmonia com as leis do custo de produção e da
indiferença, que o preço há-de resultar do custo de produção mais elevado.

Porquanto, de outro modo, os agricultores cujos custos são mais altos


haviam de retirar-se do mercado. E, visando à procura a totalidade do trigo
produzido, é preciso que todos os agricultores encontrem no mercado uma
remuneração minimamente compensatória. Assim, no exemplo apresentado, o
preço seria de 15, situado ao nível do mais alto custo. Desse modo, os
proprietários das terras mais férteis beneficiavam- se com a elevação dos custos de
produção em outras áreas, uma vez que os preços dos produtos seriam mantidos
para cobrir os custos mais elevados em terras de baixa categoria.

Ora da fixação deste preço resultará um benefício para os proprietários


das terras de fertilidade elevada e média. Os que produziram ao custo de 10
ganharão 5; os que produziram ao custo de 12 ganhando 3.

DAVID RICARDO designou por renda diferencial da terra esse beneficio (uma
maior receita, independentemente do capital e do trabalho aplicados na produção)
dos proprietários das terras mais férteis. E a referida renda, em conseqüência do
crescimento da população e da procura, tenderia sempre a aumentar.

Por isso, só a classe dos proprietários rurais beneficiaria com a evolução


natural dos condicionalismos económicos. Com o crescimento dessa renda
diferencial, os proprietários rurais iriam se apropriar de um excedente econômico

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maior, em detrimento dos capitalistas, que teriam seus lucros reduzidos, a ponto de
colocar em perigo a acumulação de capital, prejudicando o desenvolvimento
econômico. Ou seja, todas as outras classes se achariam cada vez em pior
situação, pelo agravamento dos preços, proveniente da elevação da renda da
terra.

Para superar esse problema, Ricardo propõe o livre-cambismo no comércio


internacional, que permitiria aproveitar as melhores terras em escala mundial.

Formula, assim, a teoria das vantagens comparativas, na qual demonstra as


vantagens de um país importar determinados produtos, mesmo que pudesse
produzi-los por preço inferior, desde que suas vantagens comparativas em outros
produtos fossem maiores. Contra a intervenção estatal, a escola clássica apóia-se no
liberalismo e no individualismo.

TEORIA DO SALÁRIO

Outra questão levantada por Ricardo nessa obra (Princípios de economia


política e tributação) se trata da TEORIA DO SALÁRIO. Apelidada de "lei de ferro dos
salários", segundo a qual são inúteis todas as tentativas de aumentar o ganho real
dos trabalhadores porque os salários permanecerão, forçosamente, próximos ao
nível de subsistência, resume as doutrinas de livre mercado de David Ricard. Esta
teoria do Salário foi tão sinistra como sua teoria da renda, que influenciou a teoria
do fundo de salários de Stuart Mill, assim como, as concepções de alguns socialistas
alemães.

Porquanto, se a remuneração excedesse tal mínimo, os constituiriam famílias


mais numerosas e, passados anos, a oferta de mão de obra, pelo aumento da
população operária, seria superior. Conseqüentemente, os salários baixariam.
Assim, qualquer acréscimo de remuneração dos trabalhadores determinaria,
fatalmente, para a geração seguinte, uma redução do salário. Este estaria limitado
pelo estritamente necessário à sustentação do operário e da sua família.

A teoria do salário de RICARDO, aproveitada pelo socialista alemão LAS


SALLE, que a tornou mais rígida ainda, ao formular a lei de bronze dos salários, foi
amplamente desmentida pelas realidades. Além de a construção de RICARDO só ser
admissível numa sociedade estagnada, onde nunca houvesse que recorrer a uma
mão-de-obra mais abundante, ou onde os trabalhadores fossem sempre
substituídos pelas máquinas, as bases demográficas da teoria não oferecem a
menor consistência.

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Contrariamente ao pressuposto de RICARDO, à medida que têm aumentado


os salários, e conseqüentemente, o nível de bem-estar material dos operários, estes
mostram, em muitos casos, tendência para constituir famílias menos numerosas, de
harmonia com o princípio da capilaridade social. Esta tendência já era previsível no
tempo de Ricardo. Mas reconhece-se que só mais tarde se esboçou com nitidez,
mercê de diversas alterações de ordem política, económica e social.

CONCLUSÃO

A Escola Clássica foi dividida por duas tendêncas: a Otimista e a Pessimista. A


primeira, influenciada diretamente por Adam Smith, concentrou-se em França. A
segunda (pessimista) divergiam de posicionamentos da primeira, concentrando-se
na Inglaterra.

Thomas Robert Malthus e David Ricardo são os representantes da escola


clássica pessimista com maior notoriedade.

Em relação às teorias de Malthus:

A Pobreza nas Grandes Cidades tem alarmado desde Malthus: "Sabe-se que
as grandes cidades são desfavoráveis à saúde, e particularmente, à saúde das
crianças novas'' até os neomalthusianos (Charles Bradlaugh, Annie Besant,
W.Friedrich etc.), como também, os ecomalthusianos. Os ecomalthusianos
defendem grandes investimentos em educação, saúde e infra-estrutura urbana para
resolver os problemas demográficos, ambientais e sociais, e, sobretudo, para
melhorar a qualidade de vida da população nas grandes cidades.

Enfim, a catástrofe malthusiana ocorreu na Irlanda com a fome provocada


pela escassez de batatas no século XIX. E no século XX, novas catástrofes
malthusianas ocorreram na Etiópia e Somália. Felizmente, as profecias de Malthus
ainda estão longe de se concretizarem nos países desenvolvidos, houve um
aumento populacional, mas também houve aumento da produção, devido os
avanços na tecnologia e na medicina nos últimos dois séculos. Entretanto, o aspecto
malthusiano ainda amedronta os países subdesenvolvidos da África (são 2.250.000
mortos em guerras civis), da Ásia (71,4% da população vive abaixo da linha de
pobreza) e da América do Sul (estima-se mais de 349 milhões de habitantes no ano
2000).

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Em relação às teorias de Ricardo:

Segundo a teoria do salário, a remuneração dos operários acha-se


naturalmente limitada ao mínimo indispensável à sobrevivência deles e das famílias.

Um dos erros de DAVID RICARDO, como de tantos outros economistas,


consistiu na aceitação do pressuposto da permanência dos condicionalismos,
sempre perigoso, porque nunca exacto.

Suas teorias são, em sua dimensão política, uma tomada de posição a favor
da burguesia industrial contra a classe ruralista. Exerceu grande influência no século
XIX tanto entre os defensores do liberalismo e do capitalismo quanto entre seus
opositores, como Marx.

Actulamente, quase não há problemas teóricos proposto por Ricardo, que


não venha a ser debatido pelos economistas, como por exemplo: da teoria do valor,
da repartição da renda, do comércio internacional, do sistema monetário, etc. Todas
estas questões têm como ponto de partida as formulações expostas, no começo do
século XIX, por David Ricardo.

BIBLIOGRAFIA

Livros:

LUSO SOARES, Teresa. Temas de Economia Política I. 1ª ed. Lisboa: Universidade


Lusófona, 2009.

MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Tradução da 3ª edição norte-


americana. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

MARTINEZ, Soares. Economia Política. 10ª Ed. Coimbra: Edições Almedina, 2005.
Revista e Actualizada.

Material da Internet:

Wikipédia disponível em: « http://pt.wikipedia.org/ ».

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