Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
ADMINISTRAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS
ALEXANDRE GONTIJO
ITALO BITTENCOURT
BELÉM/PA
2008
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA – IESAM
ADMINISTRAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS
ALEXANDRE GONTIJO
ITALO BITTENCOURT
BELÉM/PA
2008
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA – IESAM
ADMINISTRAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS
ALEXANDRE GONTIJO
ITALO BITTENCOURT
Data: 11 / 12 / 2008
Conceito: 10
__________________________________________
Profª. Katiane Baptistella,
Orientadora – Coordenação de Pós-Graduação – IESAM
_______________________________________________
Profº Dr. Paulo Júlio da Silva Neto
BELÉM/PA
2008
Para nossos pais, nossa eterna gratidão, pela
dedicação, amor e carinho, e aos nossos
familiares, amigos e companheiras, por sempre
nos apoiarem em todos os momentos.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................3
2.1 SISTEMAS AGROFLORESTAIS – SAFs..........................................................................3
2.2 SISTEMA SILVIPASTORIL...............................................................................................4
2.3 PASTEJO ROTACIONADO INTENSIVO (PRI)...............................................................5
2.4 MOGNO-AFRICANO (khaya ivorensis).............................................................................6
2.5 MOMBAÇA (Panicum maximum cv. Mombaça).................................................................7
2.6 OVINO SANTA INÊS..........................................................................................................8
2.6.1 Características Zootécnicas da Raça..................................................................................8
2.6.2 Carne..................................................................................................................................9
2.6.3 Mercado...........................................................................................................................10
3. METODOLOGIA...............................................................................................................12
4. DESCRIÇÃO DO SISTEMA.............................................................................................13
4.1 SISTEMA SILVIPASTORIL “VIBRA..............................................................................13
4.1.1 Antecedentes....................................................................................................................13
4.1.2 Preparo do Solo................................................................................................................14
4.1.3 Estabelecimento da Pastagem..........................................................................................14
4.1.4 Entrada e Manejo dos Ovinos no Sistema........................................................................15
4.2 SISTEMA PRODUTIVO TRADICIONAL.......................................................................16
4.3 COMPARAÇÃO DE PRODUTIVIDADE ENTRE OS SISTEMAS................................20
4.3.1 Componente Animal........................................................................................................20
4.5.2 Componente Florestal......................................................................................................23
4.3.3 Custos de Implantação e Manutenção..............................................................................25
4.3.4 Viabilidade Econômica....................................................................................................28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................32
ANEXOS..................................................................................................................................35
1
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Smith em 1998 referiu que os sistemas agroflorestais (SAFs) são freqüentemente vistos
como uma maneira de ajudar a frear o desmatamento por quebrar a predominância do ciclo de
agricultura itinerante ou migratória, praticado pela maioria dos pequenos agricultores.
Alguns observadores desconfiam que os sistemas agroflorestais possam ter um papel
importante para aliviar a pobreza ou retardar o desmatamento na região (FEARNSIDE, 1995),
estas certamente podem ajudar os agricultores a tornar seus sistemas de produção não-
sustentáveis em sistemas mais sustentáveis (SMITH, 1998).
Em 1991, Alvim referiu que a melhor alternativa para o uso do solo na Amazônia estaria,
sem dúvida, no estabelecimento de sistemas agroflorestais, elegendo-se componentes que
possuam valores agronômicos, econômico e ecológico, e que garantam a sustentabilidade
ambiental. Entretanto conforme referiram Macdicken e Vergara (1990), deve-se considerar que
como em qualquer cultivo agrícola, os SAFs também apresentam vantagens e desvantagens
biológicas e econômicas, devendo-se levar sempre em consideração os fatores relacionados ao
custo e benefício.
De acordo com Myers (1992) os SAFs são freqüentemente promovidos como uma das
maneiras mais ambientalmente adequadas para desenvolver áreas rurais nos trópicos úmidos,
onde, além de seus benefícios ambientais locais, a comunidade global está começando também a
conhecer que a conservação da floresta e o plantio de árvores nos trópicos podem absorver e
seqüestrar carbono.
Os sistemas agroflorestais são particularmente apropriados para reabilitar áreas
degradadas porque possuem o potencial de reduzir a erosão e melhorar a estrutura do solo, e
proteger as bacias hidrográficas em áreas manejadas (PIMENTEL et al., 1992; SANCHEZ,
1995).
Várias tipologias agroflorestais tem sido propostas, algumas compostas de numerosos
subsistemas, a outras relativamente simples, mas com uma terminologia um tanto peculiar para os
não-especialistas (JOHNSON; NAIR, 1985; NAIR, 1990; NAIR; DAGAR, 1991). Três tipos
4
Quando protegidos do calor, os animais pastam por períodos mais longos, requerem
menos água (20%) para beber, apresentam melhor eficiência de conversão de forragem,
maior crescimento e produção de lã e de leite, atingem a puberdade mais precocemente,
aumentam a taxa de concepção e promovem maior regularidade do período fértil e uma
maior vida reprodutiva. (BAUMER, 1991).
Os SSPs são considerados como uma boa alternativa para conciliar e garantir a produção
simultânea de animais, madeira, frutos e outros bens e serviços, além de favorecer o bem estar
animal, criando-se condições mais propícias ao desenvolvimento de um manejo pecuário
sustentável e ainda, pesquisas demonstraram haver um aumento na produtividade do sistema
(OLIVEIRA, 2008).
Desse modo, sistemas agroflorestais alternativos, que levem em consideração as
peculiaridades dos recursos naturais da região, como a integração de árvores, forrageiras e
animais, devem ser concebidos e testados de modo a tornar a atividade agropecuária mais
produtiva, mais sustentável e menos danosa ecologicamente (MAGALHÃES et.al. 2004).
A Khaya ivorensis é originária da Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Nigéria e sul de
Camarões, ocorre desde 0 a 450 metros de altitude, normalmente em vales úmidos, suportando
inclusive inundações durante o período das chuvas, sendo, no entanto, sensível ao período de
estiagem (Acajou D’Afrique, 1979).
Árvores do gênero Khaya são conhecidas comercialmente por diferentes nomes: Acajou
D’Afrique, na França e Bélgica; na Inglaterra e Estados Unidos como African mahogany; na
Alemanha denomina-se Khaya mahagoni; na Holanda como Afrikaans mahoganie e mogno-
africano pelos portugueses. O quadro 1 mostra diversas denominações vernaculares da Khaya
ivorensis A. Chev. em diversos países. (FALESI; BAENA, 1999).
A ovinocultura por ser uma atividade, de fácil manejo e com rápido retorno do capital
investido, se apresenta então, como uma alternativa técnica e economicamente viável
para o desenvolvimento rural. Sua prática em outras regiões de forma exclusiva ou
consorciada tem sido fortemente incentivada pelos Governos Estaduais, como solução
sócio-econômica para áreas carentes e por representar também, um positivo fator de
fixação do pequeno produtor à sua região de origem. (FAEPA, 2006).
O Santa Inês é um deslanado de porte grande, que apresenta peso corporal em torno de 80
kg para os machos e 60 kg para as fêmeas (animais adultos), providos de troncos fortes, quartos
dianteiros e traseiros grandes e ossatura vigorosa. Entretanto são encontrados machos com mais
de 100 kg, e fêmeas com mais de 80 kg. As fêmeas são ótimas criadeiras, parindo cordeiros
vigorosos, em freqüentes partos duplos. Têm excelente capacidade leiteira, com aprumos corretos
e boa inserção de úbere. Tratando-se de um ovino de porte expressivo, é exigente em
alimentação. É a ovelha indicada para ser criada nos ambientes de melhores recursos nutritivos
(SEBRAE, 2008).
É uma raça nativa do Nordeste brasileiro. resultado de cruzamentos alternados com as
raças mais antigas do Nordeste, a Morada Nova (vermelha e branca), Bergamácia e Criola. As
características apresentadas pelo ovino Santa Inês correspondem a esse cruzamento, havendo
evidências do Bergamácio no seu porte, tipo de cabeça, orelhas e vestigem de lã e da raça Morada
Nova (vermelha e branca), a condição de deslanado (SEBRAE, op cit.).
A raça encerra alto valor adaptativo e reprodutivo, o que a destaca como excelente
alternativa na produção de carne para quase todas as regiões tropicais do Brasil, notadamente as
zonas semi-áridas do nordeste. Os animais apresentam uma boa resistência à parasitas
gastrintestinais, excelente qualidade de pele, além de um bom desenvolvimento ponderal
(SOUSA et al., 2005).
O ganho de peso é uma variável importante do desempenho produtivo do animal,
associado à faixa etária em que ocorre a maior taxa de crescimento, sendo um indicativo
para que o abate ocorra numa fase em que inicia o declínio da eficiência de conversão
alimentar. A redução da velocidade de ganho de peso pode ser uma referência para a
determinação do momento de abate. Assim, evitam-se idades muito avançadas e/ou alta
deposição de gordura na carcaça. Essa característica é fundamental para o consumidor
moderno, que não tolera mais carcaças com elevados teores de tecido adiposo. (PILAR,
2002).
9
2.6.2 Carne
A Produção de Carne ovina, segundo Siqueira (1996), tem aumentado ultimamente, sendo
estimulado, pelo potencial do mercado consumidor dos grandes centros urbanos brasileiros.
Observa-se, também, que além das tradicionais regiões produtoras, a ovinocultura expande-se
agora em outros estados, sobretudo Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e
recentemente Minas Gerais. A produção de carne apresenta-se, como uma atividade alternativa
capaz de adicionar renda aos negócios, não só dos ovinocultores, mas à atividade rural como um
todo, independente de ter ou não tradição na criação de ovinos. (SILVA, 1999).
O mercado de carne de cordeiro, no momento, é de franca expansão. De acordo com Carvalho
(1996), além do aumento na quantidade de consumidores, uma conjuntura de fatores, dentre os quais
a entrada de pessoas com decisão e visão empresarial para construir o mercado e a baixa remuneração
da lã e a vigência de um sistema nacional de tipificação de carcaças, são os responsáveis por
impulsionar e dar bases concretas para o estabelecimento de um mercado que não tem concorrência
com produtos sintéticos. (PILAR, op cit.).
Os ovinos de corte valem quanto pesam, por ser um negócio fácil de ser visualizado, uma
vez que não há preço artificial, os animais não vão à exposição ou leilão, todos comem a mesma
ração e gramínea, o que torna possível calcular qual será o lucro da atividade ao final do ano.
Cabe ressaltar que na pecuária seletiva, isso é impossível, visto o produtor obter preços
fantásticos, mas também as despesas serão igualmente fantásticas, devendo estar presente a
exposições, leilões, etc. ( PROJETO AMAZON, 2007, p.58).
10
2.6.3 Mercado
A produção de lã, através da criação de raças laneiras e mistas, foi o principal objetivo da
exploração econômica da ovinocultura no século XX. Os sistemas produtivos eram
desenvolvidos com o intuito de se obter a maximização da produção de lã nos rebanhos, enquanto
a produção de carne, produto considerado secundário, apenas supria o consumo dos
estabelecimentos rurais (VIANA, 2008).
O Brasil é detentor do décimo quarto rebanho mundial de ovinos, cerca de 16,1 milhões
de cabeças, sendo a região Nordeste do país a que apresenta o maior rebanho efetivo. A região
Norte, com um rebanho, em 2005, na ordem de 499 mil cabeças, encontra-se em último lugar
(FAEPA, 2006).
O Pará isoladamente é responsável por 50% do rebanho da região Norte desse ruminante.
Informações da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARA), atestam que esse
rebanho encontra-se espalhado em todo o território paraense. (FAEPA, 2006).
Quanto ao mercado de produtos, a análise quantitativa da demanda de carne ovina,
permite concluir que existe no Norte e Nordeste do Brasil, uma grande demanda potencial desses
produtos, deixando transparecer o tamanho das responsabilidades que estão reservadas à
ovinocultura nos próximos anos. (FAEPA, 2006)
3 METODOLOGIA
Desde a tenra idade, o homem é induzido, de forma natural, a obter respostas. O bebê
tateia os objetos e presta atenção aos sons, na tentativa de descobrir o novo; a criança
procura entender o mundo com seus porquês; o adolescente reflete e experimenta para
definir os seus caminhos; o adulto trabalha para encontrar as condições que, cada vez
mais, melhorem sua vida; e os maduros observam, analisam e explicam a vida, a partir
de suas experiências e vivências.
Percebe-se que a pesquisa é algo que vem instintivamente ao ser humano, onde todos
exercem meios que possibilitam a absorção da informação, que até então era desconhecida.
Na busca de uma boa compreensão sobre o que se trata a pesquisa, Boente; Braga (2004)
demonstraram qual foi o tipo de pesquisa, que o estudo utilizou:
Descritiva: Nesse caso a dúvida é quanto, e o que ocorre, que tenta, por fim, descrever um
fato ou fenômeno de interesse. Ou seja, se caracteriza nas conexões entre base teórico-conceitual
existente ou outros trabalhos realizados sobre o assunto e o fato relatado.
O estudo foi realizado através entrevista realizada com o Engenheiro Agrônomo Ítalo
Cláudio Falesi, proprietário da Fazenda Fattoria Piave e com os dados fornecidos pelo mesmo,
referentes à utilização do Sistema Silvipastoril em Pastejo Rotacionado Intensivo.
A avaliação da eficiência do uso do sistema a condições referidas foi realizada através da
comparação dos resultados encontrados pelo Dr. Ítalo Falesi com os sistemas tradicionais de
criação de animais e reflorestamento, que por conseguinte subsidiou a análise da viabilidade
econômica do projeto, bem como a produtividade.
Para ter idéia do efeito do sistema sobre o aumento de produtividade animal, selecionou-
se 12 capões, sendo 6 pastando no SSP. “Vibra” e 6 no sistema de pastejo extensivo, e em
pastagens nativas presentes na região. Do mês de maio até outubro, foram feitas três avaliações,
onde se dá para comparar e analisar o ganho de peso por capão, e o ganho de peso médio obtido
em cada sistema de produção.
13
4 DESCRIÇÃO DO SISTEMA
4.1.1 Antecedentes
O preparo de solo se deu através do sistema de plantio direto, nos 1,4ha, onde obedeceu-
se a seguinte ordem de processos:
a) Foi aplicado glifosato 2 l/ha sobre a vegetação existente. Aguardando-se assim o efeito
dessecante;
b) Efetuado a aplicação de 1 t de calcário /ha distribuída à superfície do solo. Total aplicado
foi de 1400 kg de Calcário (56 sacos de 25kg);
c) Após 8 dias, foi aplicado 100 kg Super fosfato simples /ha + 100 kg de KCl /ha e 100 kg
sulfato de amônio / ha, acrescido de 2kg de ácido bórico /ha + 2kg de sulfato de Zinco /ha
e 2kg de sulfato de manganês /ha. Total : 306 kg/ha.
A pastagem foi implantada obedecendo a regra básica dos sistemas Silvipastoris, que
como já foi dito anteriormente, só pode ser implantada se houver ate 70% de luminosidade no
solo, uma vez que menos que 70% de luminosidade, as gramíneas terão problemas para se
desenvolver e ate mesmo podem não se desenvolver o bastante, tendo assim uma queda de
produtividade, prejudicando o sistema como um todo (MAGALHÃES, 2004).
Em cada piquete (4 piquetes) , figura 1, com 3476m², totalizando 13.905m² o equivalente
a 1,4ha foi-se estabelecida a gramínea Panicum maximum Cv. Mombaça através do plantio de
mudas enraizadas, adotando-se o espaçamento de 50x50cm com adubação de NPK na cova.
Posteriormente, após o estabelecimento da pastagem foram realizadas Capinas, mantendo a
pastagem livre de invasoras.
15
309 m
Porteira Bebedor
Figura 1: Croqui do sistema de 1,4 ha
Fonte: Dados da pesquisa, 2008
O objetivo principal deste SSP – PRI é a criação capões para a engorda. O total do
número de cabeças, em função da capacidade de suporte da pastagem, são 20 capões, que
deverão compor o sistema em manejo rotacionado intensivo, figura 2.
Ao longo do tempo, o preparo do solo, onde hoje encontra-se o plantio de mogno, sofreu
diversas modificações, em citação de Felesi e Baena (1999), diz que:
Esta área originalmente era revestida pela floresta hileiana, que após
derrubada e queimada, há cerca de 70 anos, pelos pequenos produtores da
época, procederam a utilização do solo com cultivos itinerantes, seguidos
de pousios. A regeneração natural ou espontânea dessa floresta,
conhecida como capoeira, a princípio exuberante e ainda rica de espécies
arbóreas, sucedeu a capoeiras de menores biomassas, com predominância
de espécies de baixo valor comercial. Em 1982, a área foi preparada para
plantio de capim-quicuio-amazônia, Brachiaria humidicola, consorciado
com milho, visando-se estabelecer a pastagem e reduzindo-se os custos
com a colheita desse cereal. Essa pastagem apresentou boa produtividade
durante 12 anos, sendo consumida inicialmente por bovinos e
posteriormente também por eqüinos e ovinos, adotando-se o sistema
tradicional de pastejo.
No ano de 1996, 322 mudas de mogno foram plantadas, que nessas, 50 de mogno-
amazônico e 272 de mogno-africano.
O motivo pelo qual se determinou a utilização dos dois tipos de mogno em um mesmo
sistema, foi em verificar o comportamento vegetativo com relação ao aparecimento de broca do
broto terminal, proveniente da lagarta Hypsipila grandella.
Por volta de 1997 estabeleceu-se uma capina no sistema, por sua vez, promoveu o
crescimento vegetativo locado naquela área, como componentes arbóreos e revestimento do solo
formado pelas leguminosas.
Falesi; Baena (1996) ressaltam que “Após a limpeza e a adubação química, as
leguminosas revestiram totalmente a superfície do solo, inclusive misturando-se entre si”.
E ainda diz que:
Esse seria o momento adequado para a entrada dos ovinos, quando a pastagem se
encontrava verdejante e palatável. Entretanto, as plantas de mogno se encontravam
apenas com pouco mais do que 30 dias de idade, portanto vulneráveis à ação tanto
mecânica, quanto de consumo de suas folhas pelos animais. Por isso, o estabelecimento
da pastagem de ser feito quando o componente arbóreo se encontrar como pelo menos
oito meses de idade, momento que este se encontra com altura suficiente para não ser
molestado pelos ovinos.
18
meneral fixo, matéria orgânica, proteína bruta e fibra bruta em folhas de jambu-bravo, obtendo-se
valores surpreententes, principalmente no relativo ao percentual de proteína bruta (Tabela 5).
(FALESI; BAENA, 1999).
Tabela 3: Composição química em percentual de matéria seca, resíduo mineral fixo, matéria
orgânica, proteína bruta e fibra bruta em folhas de jambu-bravo (Synedrella nodiflora Gaertn)
Composição química (%)
Matéria seca 90,95
Resíduo mineral fixo 18,12
Matéria orgânica 81,88
Proteína bruta 29,32
Fibra bruta 17,99
Fonte: Falesi; Baena (1999)
O valor de proteína bruta contido nas folhas de Synedrella nodiflora foi superior ao
determinado nas melhores leguminosas forrageiras, conhecidas como Leucena (19,43% PB) e
siratro (19,07% PB). (FALESI; BAENA, op cit.)
A S. notiflora vem sendo estudada sob diferentes aspectos, tais como a toxonomia do
gênero Synedrella (Asteraceae, Heliantheae), abordando também a distribuição geográfica no
mundo, pelo Departament of Botany, University of Texas, Austin, Texas USA. Turner (1994) e
Albersberg e Singh (1991) estudaram a Synedrella como planta medicinal e produtora de óleo
essencial; Serra et al. (1997) estudaram, nas Filipinas, o conteúdo de proteína, fração da parede
celular concentrado de minerais em folhas de S. nodiflora colhidas de pastagens de caprinos.
Adehan et al. (1997) fizeram em Benin um estudo comparativo de palatabilidade em 23 espécies
vegetais, onde estava incluída a S. nodiflora, usando machos, fêmeas e machos de coelhos.
Dessas 23 espécies, a Synedrella e mais oito outras espécies foram as que apresentaram
melhor palatabilidade para a produção de carne desses animais. (FALESI; BAENA, op cit.)
kg/mês kg/mês
nº
animai nº
s 5 meses 9 meses 10 meses animais 5 meses 9 meses 10 meses
326 26 35 35 270 18 26 26
327 27 38 39 258 21 21 24
328 29 36 36 262 22 22 30
332 27 35 37 329 17 25 27
333 28 40 44 330 17 24 25
334 30 36 37 331 28 33 34
Média 27,8 36,7 38,0 Média 20,5 25,2 27,7
Fonte: Dados da pesquisa, 2008
Figura 4: curva de incremento médio de peso, nos dois sistemas, com o passar dos meses.
Fonte:Dados da pesquisa, 2008
Outro aspecto interessante a ser colocado é o grau de eficiência dos sistemas, aonde uma
pesagem antes dos animais irem a campo, e uma após o pastejo, revela o quanto de pasto é
consumido pelos animais e principalmente, o quanto desse consumo é transformado em ganhos
reais de peso. Provavelmente, existem muitos fatores que podem influenciar na transformação de
peso de pastagem bruto consumido, e o quanto dessa pastagem vai se transformar em peso real
nos animais, no entanto, a grosso modo, realizou-se duas pesagens, uma com os ovinos em jejum
e outra após o fim do pastejo em seus diferentes sistemas, conforme mostra a tabela 3.
22
Tabela 5: Tabela comparativa de peso, antes e depois do pastejo, suas médias e respectivos
ganhos brutos de peso.
Os dados da tabela 3 mostram que o ganho bruto de peso obtido nas pastagens
encontradas no sistema tradicional é maior do que o obtido no Sistema Silvipastoril, o que
demonstra que os animais consomem mais pasto no sistema extensivo. No entanto, nem sempre
consumir mais é sinônimo de maior ganho de peso, uma vez que os animais componentes do SSP
têm um ganho real de peso bem mais elevado que os animais que não estão no sistema como
mostra o Gráfico 1. Isso pode significar que a pasto de Capim Mombaça consumido pelos
animais apresenta maior eficiência na transformação de proteínas em ganhos de peso, ou que o
conforto ambiental promovido pelas árvores maximize o metabolismo dos animais, fazendo com
que a transformação de matéria verde em quilos seja maior.
corresponde à produção de 12 (doze) grupos de carneiros para engorda, uma vez que é produzido
2 grupos por ano sendo um a cada 6 meses. Tabela10.
C. IMPLANTAÇÃO DA PASTAGEM
Arranquio de mudas mombaça diária 20,00 13,1 262,00
Plantio de mudas enraizadas diária 20,00 47 940,00
F. INSUMOS
N.P.K 10.28.20 saco 50kg 42,00 6,5 273,00
Arad saco 50kg 27,00 1,6 43,20
Super Fosfato Simples saco 50kg 52,00 2 104,00 2 104,00 2 104,00 2 104,00 2 104,00 2 104,00
Cloreto de Potássio saco 50kg 52,00 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80
Calcário dolomítico saco 25kg 6,00 497,6 2.985,6
0
Sulfato de amônio saco 50kg 52,00 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80 2,9 150,80
Arame liso rolo 205,00 2,7 553,50
Grampos kg 4,50 6 27,00
Piche galão 18,00 1 18,00
Óleo queimado litros 1,00 16,70 16,70
Vermífugo litros 46,00 0,8 36,80 0,8 36,80 0,8 36,80 0,8 36,80 0,8 36,80 0,8 36,80
Sal mineral kg 2,60 180 468,00 180 468,00 180 468,00 180 468,00 180 468,00 180 468,00
5 0 0 0 0 0
Fonte: Dados da pesquisa, 2008.
28
Tabela 8: Valores anuais dos custos e receitas durante os 6 anos e o Fluxo de Caixa Líquido.
CUSTOS RECEITAS FCL
Ano-1 (8.046,35) 5.400 (2.6
29
,00 46,35)
(1.40 5.400 3.
Ano-2 7,90) ,00 992,10
(1.40 5.400 3.
Ano-3 7,90) ,00 992,10
(1.40 5.400 3.
Ano-4 7,90) ,00 992,10
(1.40 5.400 3.
Ano-5 7,90) ,00 992,10
(1.40 50.91 49.5
Ano-6 7,90) 1,89 03,99
Total (15.085,85) 77.911,89 62.826,04
Fonte: Dados da pesquisa, 2008
Observando custos e receitas produzidos pelo sistema, pode-se concluir que apesar do
elevado custo de implantação, as receitas cobrem o que foi gasto no horizonte de 6 anos, além
de trazer lucro ao produtor no final do sistema. Portanto é viável a implantação deste sistema
produtivo, mesmo levando em consideração perdas de 30% na comercialização.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fácil manejo dos animais, usando-se o homem somente para dar entrada e
saída em cada piquete;
Capacidade de suporte elevada, o correspondente a 25 ovelhas por 1,4ha;
Fornecimento de alimentação a base de forragem fresca e sadia;
Supressão do fornecimento de concentrado protéico (farelo de soja e de milho,
reduzindo consideravelmente os custos operacionais);
Conforto animal fornecido pela sombra das árvores componentes do sistema –
ambiência;
Produção “orgânica” de carne em sistema exclusivo a pasto;
A introdução de árvores e arbustos em pastagens contribui para a melhoria da
produção animal e abre caminho para uma pecuária mais sustentável e mais
rentável (Falesi & Baena, 1999);
A pecuária na Amazônia deve estar alicerçada ao aumento de produtividade,
com adoção de novas tecnologias, poupando o desbaste da floresta natural
(Magalhães, 2004);
Estabelecimento de pastagem em áreas alteradas – antropizadas com adoção de
árvores de valor econômico e ambiental visando uma atividade produtiva
sustentável;
Os SSPs bem planejados e portanto, apropriados a realidade regional, com
certeza promovem o aumento considerável da sustentabilidade das pastagens;
“Poupança verde” ao produtor, através do futuro uso das árvores florestais
componentes do sistema.
REFERÊNCIAS
Acajou D’Afrique. Revue Bois et Forêts des tropiques, n.183, p.33-48, 1979.
MYERS, N. Tropical forests: the policy challenger. The Environmentalist (Spring). 1992. In:
SMITH, N.; DUBOIS, D.; CURRENT, D.; LUTZ, E.; CLEMENT, C. Experiências
agroflorestais na Amazônia Brasileira: restrições e oportunidades. Programa Piloto para a
Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, Brasília, Brasil. 1998. 146p.
33
NAIR, P. K. The Prospects for Agroforestry in the Tropics. Technical Paper 131, World
Bank, Washington, D. C., 1990.
PROJETO AMAZON. Produzir carne é um bom negócio. O Berro. Uberlândia, n.107, p.58-
64, nov. 2007.
SOUSA, Wandrick Hauss de; LOBO, Raimundo Nonato Braga; MORAIS, Otávio Rossi.
Santa Inês: estado de arte e perspectivas. O Berro. Uberlândia, n.82, p.78-82, out. 2005.
34
VIANA, João Garibaldi Almeida. Análise Econômica e custos de Produção Aplicados aos
Sistemas de Produção de Ovinos. Rio Branco, 2008.
35
Anexo I
45 m
ANEXOS
Área útil: 0,96 ha
Área Total: 1,4 ha
Espaçamentos = 4 x 4 m
6,5 x 6,5 m
K
K
M
K
T
N
C
m
m
9
0
3
0
3
F
T
M
K M
32m