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Pesca azarada e pesca sortuda

Um grupo de pescadores estava reunido numa pequena ladeia


amazónica. Começaram a contar suas pescarias. As histórias eram
verdadeiramente incríveis e, ao mesmo tempo, engraçadas.
A dada altura, um dos presentes começou assim seu caso:
« - Pois é, meus amigos!...
Eu, um dia, fui pescar no Rio Amazonas e estava num azar danado.
Juro para vocês que nunca estive tão panema na minha vida…
Acreditem que, quando lancei, n’água, o anzol a primeira vez, quando
senti fisgar, puxei. Imaginem o que era? Um sapato velho!
Fiquei tiririca, mas joguei o anzol de novo.
Assim que senti puxar – e desta vez com mais força – tratei de recolher
a linha… e de novo a panemice… Veio um pedaço de galho podre engatado
com a anzol.
Já estava para desistir, mas resolvi tentar uma última vez.
Lancei, n’água, novamente o anzol e, ao sentir a linha puxar, pensei: -
Desta vez peguei. E é dos grandes!
Mas quando puxo a linha, era uma lamparina acesa…!
Aí resolvi parar de vez… »
Nesse momento, todos olharam espantados, para o pescador, que
continuava com a expressão de quem estava revoltado com tanta panemice
numa só pescaria.
Eis então que um dos ouvintes não se conteve e exclamou:
- Peraí, sumano! Uma lamparina acesa?
- Pois é, uma lamparina acesa!
- E no fundo do rio?
- Pois é, no fundo do rio.
Ninguém disse uma palavra. Olhavam-se espantados, até que o que
havia perguntado se era realmente uma lamparina acesa resolveu contar a
sua pescaria. E começa assim:
« - Meus amigos, ao contrário de nosso amigo aqui, eu fui pescar e
estava com muita sorte.
Imaginem que quando joguei o anzol a primeira vez, veio um mandií
de quase um metro de comprimento.
Fiquei feliz de vida.
Nunca tinha visto um mandií daquele tamanho… »
- Um mandií com quase um metro?
- Pois é, um mandií com quase um metro de comprimento.
Todos ficaram admirados com o tamanho do mandií. E o nosso amigo
continuou:
« - Da segunda vez que a linha foi lançada, quando senti fisgar que
puxei, quase não consegui trazer o peixe, tão grande ele era.
Imaginem que era uma piramutaba de seis metros de comprimento,
por dois de largura e um de altura!»
Então os presentes arregalaram mesmo os olhos!
Nunca se tivera conhecimento, em toda a Amazónia, de piramutaba
tão grande!
AÍ, o que contara a história da lamparina exclamou:
- Peraí, sumano! Uma piramutaba com seis metros de comprimento,
dois de largura?...
- Pois é isso mesmo!
- Sumano, tu não queres diminuir um pouco esta tua piramutaba?
- Taí, sumano! Façamos o seguinte: apaga a tua lamparina que eu
diminuo a minha piramutaba…
Perante isto, todos os presentes riam, riam…

Glossário:
Panema – pessoa azarada. Diz principalmente do caçador e do
pescador sem sorte, na caça e na pesca, respectivamente, mas também é
usado em geral para pessoa que anda em má fase na vida: « - Fulano está
panema!» Infeliz, sofredor. Acredita-se que, quando uma mulher grávida
entra no barco de pesca ou pega nos apetrechos de caça ou de pesca, o
dono fica panema, ou seja, azarado, sem sorte.
Panemice – qualidade de panema. Falta de sorte. Azar.
Tiririca – muito azarado, furioso, colérico, irritado.
Peraí – corruptela da locução « espera aí».
Sumano – corruptela da locução « está aí». Equivale a «eis aí».
Mandií – nome genérico de diversas espécies de pequenos peixes que
tenham três ferrões rijos, aguçados e em geral serrilhados.
Piramutaba – peixe encontrado com facilidade na região Amazónica.

Vale, Fernando e Monteiro, Walcyr, Histórias Portuguesas e Brasileiras para


as Crianças, Instituto Piaget, pág. 63 – 68.

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