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Orixá, termo de origem africana designativo das forças cósmicas e vivas da natureza,
divinizadas pelos homens primitivos, que as invocavam. Exemplo: os mares, as matas,
os rios, o amor, os ventos etc.
Orixá, portanto, é uma força de criação divina e uma manifestação de Olorum. A
natureza é a manifestação material dos Orixás.
Olorum, o Criador, é tudo: não tem representação nem fetiches. É infinito. É o Pai da
criação universal. Corresponde, pois, à ideia de Deus.
Dentre as mais variadas definições para a palavra Orixá, a mais aceita pela maioria dos
umbandistas e candomblecistas é a que significa "dono da cabeça" ou "energia que
comanda a cabeça", uma energia vibrante de determinado deus (ancestral divinizado) que
liga o homem - espírito (energia) encarnado - ao mundo espiritual (poder da criação).
Esta energia, invisível ao olho humano, possui uma fonte geradora (divindade) e uma
frequência modular que imprime certas características particulares e efeitos na
personalidade do ser humano e interfere na sua vida e destino. A fonte dessa energia
comanda e influencia determinados pontos e fenómenos naturais que ocorrem no planeta
terra. Por isso cada energia (orixá), diferente uma da outra, possui uma cor, um lugar,
uma planta, um animal, um dia da semana, um objecto sagrado e por conseguinte,
também diversos seres humanos (filhos de orixás) cuja energia espiritual se lhe parece.
Pela forte influência do catolicismo no Brasil Colónia e a proibição dos cultos ditos
profanos praticados pelos escravos africanos, os orixás receberam nomes de santos
católicos. É o chamado sincretismo.
Histórico
Os primeiros negros que foram trazidos da África para o Brasil, como escravos,
provinham de Angola e do Congo. Pertenciam à família banto, ou bantu, da raça
negra.
Estes já tinham praticamente perdido seus costumes, língua e cultos religiosos,
quando se iniciou, no século XVIII, com a descoberta do ouro nas Minas Gerais, e
para ajudar na lavra do metal, o chamado resgate de prisioneiros de guerra, da
Costa da Mina de São Jorge, no litoral norte do Golfo de Guiné, na região onde se
encontram a Costa do Ouro, a Costa do Marfim, a Costa dos Escravos, e onde se
criaram os modernos estados da Nigéria, do Daomé, de Togo, da Costa do Marfim e
da Gana.
Estes "negros da Costa", que eram desembarcados na cidade do Salvador, então
capital do Brasil, e próxima à Costa da Mina, pertenciam a muitas tribos ou "nações"
importantes, algumas de adiantado grau de cultura, como os minas, jejês, axantis,
fulas, mandingosmandingos, lauças (quer eram maometanos), e os iorubás, também
chamados nagôs. E foi principalmente dos cultos iorubás que surgiu no Brasil o
Candomblé, ou Culto dos Orixás.
Havia, de parte dos senhores, das autoridades e da Igreja, um zelo natural pela
conversão dos africanos ao catolicismo, sendo considerado um dever cristão
receberem os mesmos a doutrina, serem baptizados e levados à prática da religião
católica. Com o objectivo de evitar choques com as autoridades, sem deixar de
preservar na prática do seu culto, os africanos dissimulavam seus otás colocando
sempre à frente deles a imagem de um santo católico que mais se aproximasse -
segundo interpretações individuais - das características do Orixá cultuado. Nasceu,
com isto, um grande sincretismo dos Orixás com os santos da Igreja. A falta de
sistematização com que se realizou esse ajustamento muito concorreu para que
surgissem as discrepâncias hoje constatáveis. Assim é que diferentes santos da
Igreja são sincretizados num mesmo Orixá.
Não admira, pois, que tenha o culto, evoluindo por sobre tantos obstáculos, se
vestido das variações que hoje apresenta. Consideramos mesmo um milagre,
maravilhoso milagre, não haja registrado o desdobrar dos tempos o mais leve
desgaste na permanência do Culto dos Orixás.
Hoje, porém, graças aos esforços dos fiéis e ao desenvolvimento dos meios de
comunicação, que vem possibilitando um intercâmbio amplo entre os praticantes das
diversas "nações", as práticas se vão apurando constantemente. Isso devolverá, sem
dúvida, ao Candomblé a pureza e o vigor de suas origens e contribuirá para integrar
numa só trilha ritualística todos os irmãos de santo.
Obs.:
Iorubá
É bom lembrar sempre que o iorubá é a língua dos Orixás, originário da Nigéria,
África Ocidental. A palavra Orixá significa Ministro de Olorum.
O idioma iorubá enquadra, entre outros, os povos Ijexá, Ketu e etc. Dos iorubás
pertencem os Orixás Exu, Xangô, Oxum, Iansã, Obaluauê e outros.
Sua importância é muito significativa, pois saberemos compreender cada cântico do
Candomblé. Para maior compreensão do idioma iorubá, deve-se conhecer os
pronomes, os verbos e etc.
Local
A denominação barracão vem do tempo das senzalas e dos escravos, mas pode ser
qualquer tipo de edificação.
Hierarquia no Candomblé
A iniciação no culto pode dar-se por livre vontade do abiã, mas também ocorre
através de chamado do Orixá. Esse chamado denomina-se "bolar para o santo".
Recolhe-se então ao roncó aquele que vai cumprir o estágio da iniciação.
Completada a iniciação (feitura do santo na cabeça), o filho-de-santo, antes abiã,
passa à condição de iaô.
Os iaôs levam sete anos de aprendizado para completar seu estágio. Durante este
tempo, recebem várias funções, que os vão preparando para se tornarem
babalorixás, ou, se femininos, ialorixás.
Ebâmi: Após sete anos de aprendizado como iaô, o iniciado é levantado ebâmi, isto
é, atinge a situação de ebâmi. Poderá, entretanto, receber o decá, ordem para fazer
santo, e assim iniciará outro barracão, sob sua direcção.
Babalorixá: É um ebâmi que foi levantado a esta posição depois de sete anos de
feito no santo, nunca menos.
Os orixás
Todos os seres humanos nascem da natureza, num determinado lugar, dia e hora,
sob o comando de um Orixá. Assim, claro está que receberam a influência desse
Orixá e, portanto, cada um terá em toda a sua vida as vibrações e protecção do Pai
Orixá a que está vinculado, de origem natural, o qual rege seu destino.
Os Orixás incorporam nos médiuns (iaôs) sob a condição vibratória. Chama-se esse
transe virar para o santo. A primeira vez que ocorre com uma pessoa, denomina-se
bolar para o santo.
A incorporação do Orixá, sendo vibratória, não transmite mensagens orais, como
sucede com a incorporação de espíritos desencarnados (chamados, no Candomblé,
de eguns) e com os encantados.
Masculinos Femininos
Exu Iansã
Ogun Oxum
Oxóssi Yemanjá
Omulu/Obaluayê (Xapanã) Nanã
Oxumarê
Oxalá
Ossain
Xangô
Oxalá
Erê (ibeji)
Geralmente mencionado entre os Orixás, por ter grande actuação nos Candomblés.
O Erê é uma vibração especial dos Orixás; é o mediador entre o iaô, o babalaô e um
Orixá. O iaô recebe Erê tomando a vibração infantil ordenada.
O Erê, vibrando no iaô, transmite oralmente as ordens recebidas do Orixá. Auxilia-o
nas danças do ritual e transmite-lhe todos os ensinamentos necessários, inclusive o
vigor e a vitalidade imprescindíveis à feitura completa do Santo na cabeça do iaô.
Ao Erê não existe dia especialmente consagrado, pois atua depois - às vezes antes -
da vinda do Orixá.
Gosta de guloseimas. No entanto recebe como oferenda o caruru (quiabo com
camarão).
Em casos especiais, o iaô o homenageia trajando-se como príncipe. As cores serão
as do Orixá correspondente.
Nas manifestações de Erê, o iaô sob a sua vibração se comporta como criança,
inclusive no linguajar, e o nome com que se identifica relaciona-se de alguma forma
com o Orixá a que está ligado. Assim, se for de Oxalá, poderá denominar-se, por
exemplo, Chuvinha de Prata; se de Yemanjá, chamar-se-á Marisquinho ou Pérola, ou
outro nome que lembre mar; se de Oxumarê, Cobrinha; de Oxum, Flor do Campo; de
Iansã, Corisquinho; de Omulu, Sapinho, etc.
Orixás masculinos
Exu
Ogum
Oxóssi
É o senhor rei da caça e da pesca. Rei das aves, por fim dos animais;
seu ilá, conforme sua qualidade, parece o cantar de um pássaro ou o
berro de um animal.
Suas contas são verdes no Candomblé, seu dia de culto é quinta-feira.
Gosta de Axoxó (milho cozido com fatia de côco). Dança com arco e
flecha numa mão e na outra com eruchê (espécie de espanador feito
com rabo de boi). Saiote de plumas verdes ou multicores; penacho e
capacete verdes. Pulseiras e braceletes de bronze. Deve predominar o
verde. Sua dança é mímica de uma caçada. Sauda-se: Okê Arô
Oxóssi!!
Omulu/Obaluayê (Xapanã)
Oxumarê
Ossain
Xangô
Oxalá
Orixás femininos
Iansã
Oxum
Yemanjá
Nanã Buruquê
A estrutura liturgia do culto aos orixás no candomblé pode ser resumida como o
processo de, ritualisticamente, acumular, e em seguida transmitir, axé para os
filhos-no-santo nestes três níveis: o ciclo anual de ‘firmeza’ da casa, o ciclo
mensal de realimentação energética dos fetiches e dos abôs, e o ciclo diário das
obrigações individuais decorrentes da iniciação.
Todos os aspectos da vida são susceptíveis de codificação por cada um dos orixás
que se manifestam no jogo. Os deuses se tornam assim o princípio de
classificação dos acontecimentos: cada um governa um acontecimento-tipo. Além
da ordenação dos búzios (abertos e fechados), que determina a entidade que
preside cada resposta, a configuração - ou o modo particular como os búzios se
distribuíram geometricamente no espaço - também é fundamental para a leitura,
pois corresponde à ‘organização energética’ do inconsciente do indivíduo frente a
uma força matriz. O conjunto dos dois factores, ordenação e configuração,
chama-se odú ou sina.
As respostas são decifradas através de lendas e das estórias dos deuses - que
são transmitidas de geração em geração através da tradição oral. Por isso, ‘jogar
búzios’ requer não somente bastante intuição para interpretar as diferentes
configurações formadas pelas forças-matrizes, mas também um conhecimento
oral do conjunto da tradição mítica dos orixás e do seu universo simbólico. O
sacerdote de Ifá era, originariamente, chamado de Babalaô. Eles eram os
historiadores orais da cultura africana. Sua iniciação era muito mais complexas
que as outras, pois não envolvia a identificação com um único arquétipo e o
desenvolvimento de suas características na personalidade do iniciando, mas sim o
aprendizado de séculos de conhecimento armazenado pelo culto. Hoje os
zeladores de santo em geral manejam o oráculo.
• Referências Simbólicas
• Calendário e obrigações
De uma forma geral, estes assentamentos são alimentados Ossé anual - que é
uma grande festa de limpeza do altar e de todo terreiro, quando são servidos
alimentos ritualísticos especiais para todos os orixás - e nas festas públicas de
cada um dos santos, conforme o calendário litúrgico tradicional. Apesar do
carácter semi-matriarcall das culturas africanas, o calendário litúrgico original do
candomblé era marcado pelo advento das quatro estações climáticas, com o
solstício de inverno (junho) dedicado aos principais orixás masculinos (Ogum,
Xangô, Oxalá) e o solstício de verão (dezembro) consagrado aos orixás femininos
(Iansã, Oxum, Yemanjá). Nunca houve um único calendário para o culto dos
orixás. no Brasil, a fiscalização que os feitores das fazendas onde trabalhavam os
escravos africanos exerciam e a repressão em geral aos cultos do candomblé
fizeram com que os negros se adaptassem, da maneira que puderam, suas festas
às cerimónias católicas.