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Ermnia Maricato1
Outro exemplo esclarecedor pode ser encontrado numa ilustrao que reproduz
um mapa elaborado pela prefeitura do Rio de Janeiro, onde esto demarcados os
loteamentos e favelas do municpio. A anlise de tal mapa, que deveria ser elaborado em
cada municpio do pas, denuncia a dimenso da ilegalidade urbanstica e da excluso
social.
O gigantesco movimento de ocupao de terras urbanas, representado pela
dimenso das favelas, no liderado por nenhuma organizao social que pretende
contrariar a lei como vimos, mas sim, de um processo estrutural de excluso.
A coincidncia apontada entre a localizao de favelas e reas ambientalmente
frgeis, protegidas por lei decorre da falta de interesse do mercado imobilirio em
relao a essas terras. So as que sobram. E na medida que so desprezadas pelo
mercado privado legal, no interessam tambm ao poder pblico. A incoerncia apenas
aparente. Freqentemente, a anlise dos investimentos pblicos municipais em cidades
brasileiras revela a lgica entre a aplicao dos recursos e os interesses do mercado
imobilirio. (Villaa, 1999; Maricato, 1999) .
Apesar desse quadro, cabe destacar uma tendncia verificada nos executivos
municipais, que importante, embora minoritria. Ela teve incio nos anos 80, com a
redemocratizao do pas e formada por gestes municipais que buscam diminuir a
desigualdade e a pobreza com propostas sustentveis tanto no aspecto ambiental como
scio-econmico. A urbanizao de favelas uma prtica que tem acumulado
experincias que esto agora sendo avaliadas.(LABHAB,1999)
Essas experincias, urgentes e inadiveis, ampliam a cidadania mas no atingem
as razes do processo de urbanizao excludente, verdadeiro motor de produo contnua
de favelas. Ele exige medidas mais amplas. O primeiro passo criar conscincia social
sobre a dimenso e a importncia do problema trazendo para a luz do dia uma realidade
que oculta pelo desconhecimento.
REFERNCIAS
BUENO, L. M. de M. Urban policies for favelas. 1999. In Rivista PLURIMONDI ,
Universit di Cagliari, n. 2, no prelo.
LABHAB - Laboratrio de Habitao e Assentamentos Humanos. Parmetros para
urbanizao de favelas. 1999. FAUUSP, FINEP/CEF.
MARICATO, E. Metrpole na periferia do capitalismo. 1996. Hucitec. So Paulo.
______________ Metrpole de So Paulo, entre o arcaico e a ps modernidade. In
SOUZA, M. A A de, e outros. Metrpole e globalizao. 1999. Cedesp, So Paulo.
VILLAA, F. Efeitos do espao sobre o social na metrpole brasileira. 1999. Idem Ib.