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CURSO DE EXPLORAGAO E SEGURANGA DE BARRAGENS COMISSAO EDITORIAL Ant6nio de Carvalho Quintela (Coordenador) Antonio do Nascimento Pinheiro Antonio Silva Gomes José Rocha Afonso Jovelino de Matos Almeida Mario da Silva Cordeiro 6 INSTITUTO DA AGUA —— Lisboa, Margo de 2001 ee eaten sate a ARETE Ss : EDIGAO INSTITUTO DA AGUA ‘av, Almirante Gago Coutinho, 30 1049-086 Lisboa Tel 21 843 0000 Fax: 21 847 3023, inforagsinag.ot Internet; wewwwinag.pt emai (0 Quadro 1.1 ¢ as Figuras 1.8. 1.15. 1.170 1.22, do Capitulo 1, foram reproduzides, com a permissao express de A.A. Balkema Publishers, da publicacéo: Geotechnical Engineering of Embankment Dams Fell,R, Stapledon, D. & MacGregor, 90-5410-128-8, 1992, 25 cm, 680 p., € 9.001US$ 1 16.0016 70.00 ‘AA Balkema, P.O, Box 1675, Rotterdam, Netherlands Produgio Grafica E.T.—ComunicagGo Global, Léa Impressao ¢ Acabamento Grafica Europam, Lda.~ Mem-Martins Maio 2001 ! Depésito Legal N° 164534/01 \ IsoNN2972.9812-56-4 “rage 1000 exerplares Copyright © 200 nsttuto da Agua | Curso oe Evetonarko & Sesunawca ne Bannacees PREFACIO A responsabilidade institucional na area de Seguranca de Barragens que, por forca da Lei, estd cometida ao Instituto da Agua (INAG), determinou que, nos ditimos anos, 0 INAG ‘tenha vindo a levar a efeito um grande numero de iniciativasna érea da prevencio, estando em curso acces de inspeccdo e revisdo das condicdes de seguranca das principais barra- gens do Pais. No entanto, a tradic3o e 0 conhecimento herdados pelo INAG no dominio da concepsé0, construcéo e observacdo das barragens colocam-nos numa situacéo privilegiada que per- mite reconhecer a caréncia de quadros com formacéo adequada para esse efeito, designadamente para o desempenho de fungées de técnico responsdvel pela exploracéo. ‘Assim, com 0 objectivo de facultar formagao técnica a todos aqueles que asseguram a ‘operacdo e gestdo destas obras, decidimos avangar com a realizaco de Cursos de Explora~ Go © Seguranca de Barragens, 0 que, de algum modo, constitui uma accdo pioneira, que se pretende venha a ter continuidade. Desejamos ainda que, no quadro da Cooperago Portuguesa, estes cursos sejam frequenta- dos palos técnicos dos paises que conosco partilham o mesmo idioma e que na maioria dos casos se debatem com algumas dificuldades nesta area. Para a realizaco da primeira edigSo do Curso e a publicacéo do livro que o apoia, 0 INAG celebrou um protocolo conjunto com o Laboratério Nacional de Engenharia Civil, o nstitu- to Superior Técnico e a Companhia Portuguesa de Producdo de Electricidade, de que resul- tou uma proficua colaboragao. Deixamos ainda uma palavra de agradecimento as trés entidades citadas ea todos aqueles que contribuiram para tal realizacao, quer pelo apoio prestado, quer pela forma empenha- da como colocaram 0 seu saber ao dispor do INAG e da Comunidade em geral. Lisboa, Margo de 2001. © PRESIDENTE Aires) Gunsa ne ExpLonapio & Secunanga DE BARAAGENS NOTA DA COMISSAO EDITORIAL ‘A regulamentacdo portuguesa sobre seguranca de barragens, que consta essencialmente do Regulamento de Seguranga de Barragens (RSB), publicado em 1990, e das Normas ‘Anexas, pode considerar-se muito exigente, pelo que, se integralmente cumprida, seria capaz de contribuir eficazmente para a seguranca das barragens portuguesas. ‘A aplicagao do articulado respeitante as fases de projecto, execucdo e exploracéo das bar- ragens carece, no entanto, de melhoria muito significativa, Deve-se este facto, sobretudo, & diversidade dos tipos dos Donos de Obra ~ Estado, empresas puiblicas, em que sobressai a Companhia Portuguesa de Producdo de Electricidade (CPPE) do Grupo EDP, autarquias, empresas, associagdese particulares~ alguns deles com acentuadas dificuldades de nature za técnica ou financeira para assegurar o cumprimento do RSB. Junta-se a esta circunstan- cia a existéncia de hdbitos, hd muito radicados, de uma no adlequada exploragéo de barra~ gens, que anteriormente néo era devidamente regulamentada. CO instituto da Agua (INAG), que o RSB instituiu como Autoridade responsével pela seguran- ‘a das barragens, entendeu conveniente promover um curso que preenchesse uma lacuna ina formaco de técnicos ligados a seguranga e exploragio de barragens. Para tal, o INAG celebrou um protocolo conjunto com o Laboratério Nacional de Engenharia Civil (LNEC) ~ cuja colaboraco com o INAG na seguranga de barragens se encontra definida no RSB -, 0 Instituto Superior Técnico (1ST) ¢ @ Companhia Portuguesa de Produgao de Electricidade (CPPE). A finalidade mais especifica do Curso e o programa pormenorizado das matérias a abordar foram definidos por uma comissdo técnico-cientifica constituida por seis técnicos do INAG, LNEG, IST e CPPE, que subscrevem esta Apresentacao como membros da Comissao Editorial do presente livro. Considerou-se que 0 Curso de Exploracio e Seguranca de Barragens deveria poder facultar 0s técnicos que o frequentassem uma formacéo transdisciplinar envolvendo os seguintes ‘temas: hidrologia; geotecnia; estruturas e materiais de barragens de betdo e de aterro; hidrdutica de estruturas; hidrodinamica das ondas de chela provocadas por ruptura de bar- ragens; equipamentos hidromecanicos e electromecénicos, automatismos e teletransmissbes; qualidade da égua e ecologia dos cursos de agua e das albufeiras; ordenamento de albufei- 135; legislacdo sobre barragens; proteccéo civil. Pretende-se que tal formacéo permita, essencialmente, a resolugdo de problemas correntes, da exploracSo de barragens e do controlo da wa seguranca. Poder ainda possibilitar a identificagio nao s6 dos problemas especiais que surjam durante a vida de barragens, como, eventualmente, dos tipos de especialistas cuja intervencio se torne necesséria para ossolucionar. A formagSo respeitante a esta tltima parte corresponderd aproximadamente ado Técnico Responsavel pela Exploragao da Barragem, figura definida no RSB. Como se torna claro, © Curso nao visa proporcionar formagao para o projecto de obras e equipamentos ou dos sistemas relacionados com as barragens, mas apresentar os condi- cionamentos que tais obras, equipamentos e sistemas impdem para a exploracao e a sequ ranga de barragens e os problemas que resultam desses condicionamentos. Para apoiar a leccionacéo da primeira edicio do Curso foram distribuldos textos da autoria de 20 técnicos das quatro instituigées mencionadas, entre as quais se contam os membros da ja referida comisséo técnico-cientifica, e, ainda pela parte do IST, de um docente do Instituto Superior de Agronomia. Aquela comissio, que veio a constituira Comissao Editorial, analisou 'as verses iniciais daqueles textos, com vista a detectar lacunas, repeticbes, caréncia da uniformizacao de designacSes ¢ de formas de apresentacgo e transmitiu sugestées de alteracies aos autores. Utilizando a experiéncia obtida na primeira edigéo do Curso, a ‘ComissSo Editorial e os autores dos textos procederam anova reviséo dos mesmos, concluindo, ‘assim, o original deste Curso sobre Explorago e Seguranca de Barragens. Refira-se que 0 texto apresenta, ainda assim, algumas sobreposicées, resultantes da contribuicao de diferentes autores, cuja eliminacao se julgou néo conveniente por conferirem maior autonomia a cada capitulo. Teve uma participacao mais ampla na actividade da Comisséo Editorial, relativamente 2 apreciacdo e revisdo de textos, o Prof. Anténio de Carvalho Quintela, responsavel pela orientagao pedagégica do Curso e pela coordenacéo editorial. Importa assinalar que o desenvolvimento das matérias tratadas neste livro ultrapassa em muito a que pode ser leccionada no tempo disponivel no Curso. Entendeu-se, porém, que, assim, olivro poderia constituir um elemento de consulta posterior, que se deseja valioso, Para terminar, regista-e 0 excelente esplrito de equipa que, ao longo de mais de dois anos, prevaleceu entre os membros da Comisséo Editorial, visando, sobretudo, a qualidade do Curso. ‘Agradece-se a Dra. Maria Helena Martins, do Instituto da Agua, a valiosa colaboragéo prestada & Comissde Editorial, ao ter a seu cargo as relagées com o gabinete grafico ¢ 20 participar na revisdo das segundas provas tipogrficas deste livro. ACOMISSAO EDITORIAL Anténio de Carvatho Quintela (Coordenador), !ST Anténio do Nascimento Pinheiro, IST Ant6nio Silva Gomes, LNEC José Rocha Afonso, INAG Jovelino de Matos Almeida, INAG Mario da Silva Cordeiro, CPPE CCunso ne Execonagko & Sesunavga OF Bannaccns LISTA DE AUTORES AUTORES: INSTITUICAO ‘Ana Seixas Val Ferreira Anténio Betamio de Almeida Anténio de Carvalho Quintela Anténio do Nascimento Pinheiro Anténio Silva Gomes Anténio Tavares de Castro Anténio Veiga Pinto Helena Alves Joao Bilé Serra José Martins das Neves José Mora Ramos José Rocha Afonso Jovelino de Matos Almeida Laura Caldeira Maria Teresa Ferreira Mario da Silva Cordeiro Rui Faria Rui Martins Rui Vranas Sérgio Liebermann, PPE - Companhia Portuguesa de Produgio de Electricidade INAG ~ Instituto da Agua ISA - Instituto Superior de Agronomia IST- Instituto Superior Técnico LNEC - Laboratério Nacional de Engenharia Civil INAG (ST (st ‘ST LNEC LNEC LNEC INAG LEC CPPE LNEC INAG INAG LNEC ISA PPE INAG LNEC CPPE INAG Gunso oe Exetonagko € Secunanpa De Banraceus, INTRODUGAO Autor: José Rocha Afonso A seguranca de barragens constitui uma preocupagio para as entidades responsévels, publicas ou privadas, e para o piblico em geral, face ao importante papel das barragens na disponibilizaggo da agua para miltiplos fins e aos riscos potenciais envolvidos, em termos de vidas humanas e prejuizos materials, na eventualidade da ocorréncia de acidentes ou rupturas, com os associados impactes socials, econémicos e ambientais. ‘As barragens sao obras seguras, desde que na concep¢So, projecto, construcao e exploraggo sejam permanentemente tidos 0s devidos cuidados, que devem ser proporcionados a0 tipo, dimenséo, importancia e risco de cada uma dessas estruturas. Na fase de exploracéo as exigéncias de seguranga traduzem-se, designadamente, pelo cumprimento de normas de exploracéo e seguranca, gerais e especficas, e de regras de gestdo das albuteiras, pela realizacéo de programas de operacéo, manutencdo, conservacéo, observacéo e inspeccao, pela gestio apropriada em casos de emergéncia e pela andlise continuada do comportamento, As barragens esto ainda sujeitas a alteracoes das circunstancias em que funcionam, ao longo da vida ttl, como sejam @ aumento da ocupagao nos vales a jusante ou o natural envelhecimento, que devem determinar a adaptacao do seu acompanhamento, ‘Aregulamentacio portuguesa sobre seguranga de barragens, que na configuragéo actual foi publicada a partir de 1990, tem em conta estes e outros aspectos e define, de modo bastante desenvolvido, as atribuicbes dos intervenientes e as formas de controle consideradas necessérias parase alcancar a seguranca. Trata-se de uma legislagéo ambiciosa, envolvendo um conjunto de procedimentos mais elaborados do que os que vinham da pratica anterior. A sua aplicacéo contribui decisivamente para o bom comportamento das obras. Prevé-se que a legislacéo seje revista periodicamente, para atender a evolugao da realidade e da organizagao geral em que se insere, tornando-se cada vez mais exequivel. Para que a aplicacdo efectiva dos preceltos de seguranca melhore hd, contudo, um caminho a percorrer. Recordando apenas exemplos recentes, verificaram-se diversos problemas com barragens em duas ocasides distintas, no inicio de 1996 e em finais de 1997, durante as quais se registaram em Portugal Continental precipitag6es intensas, que deram origem a cheias anormais. Foram inventariados cerca de duas dezenas de incidentes ou acidentes em pequenas e médias barragens, com casos de quase ruptura ou mesmo ruptura, sobretudo por galgamento, felizmente sem danos pessoais associados. Em algumas grandes barragens surgiram incidentes, em parte ligados ao deficiente funcionamento de érgéos de seguranca xi dos seus equipamentos hidromecanicos, resolvidos sem consequéncias de maior para as obras, mas em circunstancias sempre indesejaveis. Um nivel mais elevado de cuidados na seguranca permitira reduzir a probabilidade de ocorréncia e, logo, o nimero destas situagdes. Pode dizer-se, de uma forma genérica, que na regulamentacao portuguesa de barragens, em particular no Regulamento de Seguranca de Barragens (RSB), se estabelece que os intervenientes envolvidos no controlo de seguranca sao, por um lado, a Autoridade {Instituto da Agua - INAG, Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Territério), quem compete, em conjunto com outras entidades (Laboratério Nacional de Engenharia Givil-LNEC, Servigo Nacional de Proteccao Civil - NPC, Comisso de Sequranca de Barragens = C58), nomeadamente acompanhar e fiscalizar a aplicacao dos regulamentos e elaborar, coordenar e aprovar estudos e acgoes diversas e, por outro lado, 0s “Donos de Obra”, segundo a designacéo dada no RSB, entidades responséveis pelas barragens perante ‘Autoridade, com a obrigagao de manter, operar, vigiar, reparar, comunicar ocorréncias ¢ suportar todos os encargos inerentes. Toda a restante comunidade técnica, incluindo universidades, firmas de consultoria, projectistas, e outros, interage com aqueles intervenientes nas varias fases do processo de seguranca, em particular também na de exploracdo das barragens. Apreservacéo da vida humana é uma alta prioridade para o publico em geral que, confiando na seguranca proporcionada pela capacidade técnica e organizacional disponivel, pressiona as autoridades, por diversos meios, para que haja garantia de seguranca Em Portugal, os Donos de Obra sdo de indole diversa: Estado (Ministérios da Agricultura, do Ambiente), EDP - Electricidade de Portugal, empresas piblicas, autarquias, privados (empresas, associacées, individuals). A sua capacidade é contudo diferenciada, ¢ existem grandes lacunas na actuacéo de muitos deles. ‘Aos Donos de Obra, ¢ aos responsaveis técnicos por eles escolhidos, cabe assim, por fei, um papel fundamental na seguranga de barragens, através de uma pratica correcta ¢ continua, alicercada no cumprimento de regulamentos e normas. Para que esse papel possa ser exercido de forma eficaz é fundamental que existam, para além do mais, a consciencializagio dos problemas e das suas implicacées, os meios financeiros e humanos indispens4veis para gerir 0s aproveitamentos a qualificacio adequada dos técnicos supetiores e restante pessoal ligado a exploracéo, © Curso de Exploragdo e Seguranca de Barragens destina-se a preencher uma falta, que ¢ reconhecida, na formagdo de técnicos que exercam fungdes na gestao, operacio e seguranga de barragens. A presente publicacao teve como base 0s textos de apoio do primeiro Curso, pretendendo apresentar, para além de uma breve sintese tedrica sobre as barragens e a segurana, 05 aspectos concretos mais relevantes na fase de exploracao. xi Gunso o¢ Expvonagio © Secunanga oe Barnacins Para 0 efeito so descritos os diversos tipos de barragens e érgios anexos e 0 seu comportamento, discutida a regulamentacao existente, mostrados casos de incidentes e acidentes, cuja contribuicéo para se entender a importancia da seguranga nao 6 demais realcar, analisados em pormenor os conceitos ¢ formas do controlo de seguranca estrutural, hidrdulica, operacional e ambiental -a importancia dos sistemas de observacao, do correcto funcionamento dos equipamentos, das nogées ligadas ao ambiente, hoje fundamentais na vida e gestio destas obras, entre muitos outros aspectos -, dado énfase especial a0 importante capitulo das inspeccbes visuais, descritas as questées ligadas a situagées de emergéncia. Finalmente, sao fornecidos ensinamentos sobre os aspectos de manutencio, conservagio e reparagio. Gunso pe Exrtonacko & Secunanga be Bannanens INDICE RESUMIDO: . BARRAGENS 1.1. ASPECTOS GERAIS 1.2. TIPOS DE BARRAGENS. ESCOLHA DE SOLUGOES 1.3. NOGOES DE HIDROLOGIA APLICADA AS BARRAGENS 1.4. ORGAOS DE SEGUIRANCA E EXPLORAGAO . APRESENTAGAO E ANALISE DA REGULAMENTAGAQ 2.4. APRESENTAGAQ 22. REGULAMENTOS 23. NORMAS . INCIDENTES, ACIDENTES E RUPTURAS EM BARRAGENS |. INTRODUGAD EGTATISTICAS RELATIVAS A BARRAGENS EXISTENTES ANALISE ESTATISTICA DAS DETERIORAGOES ENSINAMENTOS OBTIDOS COM AS DETERIORAGHES EXEMPLOS DE INCIDENTES, ACIDENTES, RUPTURAS E OUTRAS OCORRENCIAS |. CONTROLO DE SEGURANGA 4.1, SEGURANGA ESTRUTURAL 4.2. SEGURANGA HIDRAULIGA E OPERACIONAL. 43. SEGURANGA AMBIENTAL . INSPECGOES VISUAIS DE ROTINA CONSIDERAQOES INICIAIS AS INSPECGOES VISUAIS DE ROTINA NO CONTEXTO DA SEGURANGA ESTRUTURAL INSPECGOES VISUAIS DOS ORGAOS DE SEGURANGA E EXPLORAGAO INSPECGAO VISUAL DE ROTINA DOS SISTEMAS DE OBSERVAGAO RELATORIOS DE INSPECGOES VISUAIS DE ROTINA RELATORIOS DAS INSPECGOES VISUAIS DOS ORGADS DE SEGURANGA E EXPLORAGAO TIPIFICAGAO DE FIGHAS DE IDENTIFICAQAO E CARACTERISTICAS GERAIS FICHAS DE IDENTIFICAGAO E CARACTERISTICAS GERAIS E DE NSPECGAD VISUAL DE ROTINA DA BARRAGEM DO MONTE DA ROCHA FICHAS DE IDENTIFIGAGAO E CARACTERISTICAS GERAIS E DEINSPEGQAOQ VISUAL DEROTINA DA BARRAGEM DE MONTE NOVO 6. opr 63. 6.4. 65. 66. 67. 6.8. 69. 6.10. IGAGOES LEGAIS DO DONO DA OBRA INTRODUGAD TITULO DE UTILIZAGAO D0 DOMINIO HIDRICO ELABORAGAO DO PROJECTO PLANO DE OBSERVAGAO GONSTRUGAO DAS OBRAS PRIMEIRO ENCHIMENTO DA ALBUFEIRA EXPLORAGAO D0 APROVEITAMENTO ABANDONO OU DEMOLIGRO MEDIDAS DE PROTECCAO CIVIL RISCOS POR INCUMPRIMENTO . EMERGENCIA E GESTAO DO RISCO 7a. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78. 79. 7.10. 11 742, 713. 744, RISCO DA JUSANTE DE BARRAGENS IMPACTES, RISCO E PROTECGAO 00 VALE A JUSANTE RISCO A JUSANTE NOS REGULAMENTOS E NORMAS DE SEGURANGA ANALISE FENOMENOLOGICA E COMPUTACIONAL CCENARIOS POTENCIAIS DE RISCO HIDRODINAMICO PLANOS DE EMERGENCIA ESTIMATIVA DOS DANOS A JUSANTE ‘SISTEMAS DE ALARME E AVISO ‘COOPERAGAO ENTRE ENGENHARIA DE BARRAGENS E CIENCIAS SOCIAIS SISTEMAS DE INFORMAGAO PARA APOIO A GESTAO DO RISCO NOS VALES TREINOS € EXERCICIOS A GESTAO DO TERRITORIO FACE AO RISCO DE RUPTURA DE BARRAGENS ESTUDO ESPECIAL (PROJECTO NATO) CONSIDERAGOES FINAIS Curso or Eveuonagia € Srounmca DE BARAAGENS INDICE GERAL PREFACIO .. 7 NOTA DA COMISSAO EDITORIAL... LISTA DE AUTORES INTRODUCAO .. inpIce RESUMIDO 1. BARRAGENS .. 1.1, ASPECTOS GERAIS . 4.4.1. Introduga 4112 Fildes das barragens. 4.1.3. ipos construtivos, dimens6es.. 1.1.4, Barragens e ambiente ... 1.1.5, Recursos hidricos e barragens em Portugal .. 1.1.6. Terminologia 1.2, POS DE BARRAGENS, ESCOLHA DE SOLUCOES 41.2.1, Breve resenha historica.. 1.22 Tipos de barragers (dle aterroe de bat). Dipesigiesconstrutivas 1.2.2.1. Barragens de aterr . 1.2.2.1.1. Conceitos bi 4.2.2.1. Perfis+tip0 1.22.13. Critérios de projecto. 1.2.2.1.4, Materia . 122.15, Proteego do coroamento e dos pararnentes 4.22.16. Tratamento da fundacio ... 4.2.2.2. Barragens de alvenaria e de betdo 4.22.2.1. Conceitos basicos .. 1.2.22.2. 0 betao das barragens .. 1.2.2.2.3, DisposigSes construtivas 1.23. Aescolha da solugéo (barragens de aterro e de betao)... 1.2.3.1. Aspectos gerais 3.2. Objectivos do aproveitament 4.2.3.3. Condicionantes de natureza fisica, Estudos de base 1.2.35. Faseamento e tempo de construcso 1.23.6, Os meios humanos e tecnologicos 4.2.4, Barragens de betéo compactado com cilindro .. 4.2.4.1. Caracteristicas essenciais 1242 Antecedentes e justcagbes para 0 seu estudo eaplcacao 1.2.4.2.1. Tendéncias dominantes nas barragens de BCC. 2.4.2.2, Projectos de barragens portuguesas de BCC. 1.2.4.2.3. Barragens de BCC com 15 a 30 m (em 1996) .. TA Een cE i TA ES Gunso oe Exrtonagho & Secunaigs De Branacens 41.25, Barragens de rejeitados nu 1.2.5.1. Aspectos gerais.. 1.2.5.2. Perfistipo. Processos construtivos: 1.2, NOGOES DE HIDROLOGIA APLICADA AS BARRAGENS .. 13:1. Problemas de dimensionamento hidrolégico 1.3.2, Precipitacdo e escoamento 1.3.2.4. Conceltos basco 4.3.2.2. Avaliagio da precipitacio e do escoamento 1.3.2.3. Séries da precipitagSo e do escoamento. Designacoes 1.3.3. Nodes bésicas de hidrometria 1.3.4, NocBes basicas de Estatistica em Hidrolo 1.3.4.1. Varidvels hidrolégicas aleatérias 1.3.42. Universo e amostra. Parémetros estatsticos ¢ estimacao.. 1.3.43. Fungbes de distribuigéo, Estimacio 1.3.44, Variaveis hidrolégicas anuais. Periodo de retorno 1.3.5, Exploracio de albuferas . 1.35.1. Exploracéo a fio-de-dgua 1.3.5.2. Exploraco com regularizacéo do caudal 1.36, Caracterizacéo e avaliagao de cheias.. 1.3.6.1. Objectivo e conceitos gerals 1.3.6.2. Factores das chelas, precipitacéo critica e caudal cespectfico de ponta 4.3.6.3. Formulas empiricas.. 1.3.6.4, Métodos estatisticos 1.3.6.5. Método do hidrograma unitario 1.3.6.6. Precipitagio maxima provavel (PMP) e cheia maxima provavel (CMP) ... 1.3.7. Amortecimento de cheias 1.3.8, Cheias de projecto e caudals de dime de descarregadores de cheias 1.4, ORGAOS DE SEGURANCA E EXPLORACAO .. 1.4.2. Descarregadores de cheias 1.42.1. Tipos e constituigso 4.4.2.1.1. Sobre a barragem ... 1.4.2.1.2, Por orificios 3. Canal de encosta 55. Diques fusiveis, 6, Descarregadores nao revestidos Soleiras descarregadoras... 1.4.2.2.1. Soleira espessa do tipo WES .. 1.4.2.2.2. Soleira em lat 1.4.2.2.3, Soleita circular nn 2.2.8, Soleira em bico de pato (leque) 1.4.2.5, Soleira espessa horizontal. 1.4.2.26. Inclusdo ou no de comportas 1.4.2.3. Canais, galetias e tine’s. 1.4.2.4, Orgdos de dissipagao de ener: 1.4.2.4.1. Introducao «. 1.4.2.4.2. Bacias de dissipacdo por ressal 1.42.43, Conchas de rolo 1.42.44, Trampolins 1.4.2.45. Bacias de dissipacéo por 1.8.2.48, Fossas de er0sao Descargas de fundo ... 1.43.1. Introduce 1.43.2.1, Consideragdes prévias 1.4.3.2.2. Descargas de fundo através de barragens de betéo 1.4.3.2.3. Descargas de fundo em condutas sob aterros ou em timel 1.4.3.3. Equipamento hidromecénico, condicées de instalagao e arejamento de comportas.. 1.4.4, Tomadas de égua 1.4.3. Introdugao « 1.4.4.2. Equipamento hidromecanico 1.443. Qualidade de agua 1.45. Problemas hidraulicos especial... 1.45.1. Inirodugd0 1.8.5.2. Ondas estacionérias de frente abrupt: 1.4.5.3. Emulsionamento de at 1.4.5.4, Eroséo de cavitacso. 1.4.5.5. Abrasio por solidi 1.46, Equipamentos hidromecanicos 1486.1. Objectivo 1.4.6.2. Accionamento e comando de comportas 1.4.6.2.1, Accionamento 1.4.6.2, Comando 1.4.63, Comportas planas 1.4.6.3.1, CaracterizagSo geral 1.4.6.3.2, Caracterizagso complementar 1.4.6.4, Comportas de segmento 1.4.6.4.1, Caracterizagio geral 1.4.6.42, Caracterizagio complementar 1.4.85. Comportas de charneira (ou comportas basculantes) 1.4.66. Ensecadeiras de elementos 1.4.6.6.1. Caracterizacao geral 1.4.6.6.2. Caracterizagéo complementar: 1.4.6.7. Valvulas de cunha 1.4.68, Valvulas de borboleta 1.4.6.9. Valvulas c6nicas (Howell-Bunger) BIBLIOGRAFIA .. Gunso 0¢ Exptonazio € Seaunaica De Bannaacns 2. APRESENTACAO E ANALISE DA REGULAMENTACAO: om 2.3.2. Normas de Exploragao de Barragens (NEB) ...... 2.1, APRESENTAGAO . 2.3.2.1. Aspectos geras . 2.1.1. Regulamento e Normas “ 2,3.2.1.1. Objecto das normas 2.1.2. Entidades oficiais portuguesa: z 2.21.2. Normasde segurancaespecfieas do aprovetamento 2.1.3. Conceito de grande barrage : 2.3.2.1.3, Ambito de aplicagéo ... REGULAMENTOS wns “ 23.2.2. Organizacio das actividades de exploracio 2.2.1. Regulamento de Seguranga de Barragens (R58) ~ 2.3.2.2.1. Tecnico responsavel pela exploracao ... 2.2.1.4. Contedido 2.2.1.2. Ambito de aplicagao 2.2.1.3, Terminologia a utilizar... 2.2.1.4. Entidades envolvidas na seguranga. 2.2.1.4.1. Lista de entidades 2.2.1.4.2. Autoridade ... 22.143 Laberatéco Nacional de Engenharia Ch 2.2.1.4. Servico Nacional de Protecgao Civil (SNPC) 2.21.45, Comissdo de Seguranca de Barragens (CSB) 2.2.1.4.6, Dono da obra 2.2.1.5. Responsabilidade técnica 2.2.1.6 Projecto, exploragio ¢ seguranga.. 2.2.1.6.1. Ambito .. 2.2.1.6.2. Particularidades do projecto.... 22.163, Pano de observa, construc e primeira enchiento 2.2.1.6.4, Livro técnico da obra € arquivos técnicos, de construcdo e exploracio. se 2.2.6.5. Normas especificas de seguranca 2.2.1.66. Controlo da seguranca durante a exploracéo 2.2.1.6:7. Casos de abandono e demolicao.. 2.21.68. Inspeccées .. 2.2.1.7. Medidas de protecco civil 2.2.2. Regulamento de Pequenas Barragens (RP8)... 2.2.2.1. Contetido .. 2.2.2.2, Ambito de aplicagao do RPB. 2.2.2.3, Responsabilidade técnica 2.22.5. Construséo 2.2.26. Exploragéo 2.22.7, Observago das obra 2.3.NORMAS.... 23:1. Normas de Observacao e Inspeccéo de Barragens .. 23.1.1, Aspects gerais 23.1.2. Estrutura 2.3.1.3, Organizagdo das actividades de observacio e inspeccéo 23.1.4, Plano de observagio 2.3.1.5. Observagao e inspeccao durante a fase de exploracéo 2.3.2.2.2. Modelos de organizacio das actividades de exploracao .. 23.223. Organizacao do controlo de seguranca estrutural, hidraulica, operacional e ambiental 2.3.2.2.4. Livro técnico da obra na fase de exploracéo 23.2.2.5. Arquivo técnico relative & exploracao 2.3.2.3. Controlo de seguranca estrutural, hidraulica, operacional e ambiental .. 2.23.1 Contolo de segurangaestutural 2.3.2. Controlo de seguranca hidréul 23.23.3, Controlo de seguranca operacional 2.32.34, Controlo de seguranca ambiental 2.3.24. Conservacao das obras e dos equipamentos .. 23.2.4. Conservacio das ObT5 «nnn 2.3.2.42. Conservacio dos equipamentos «nn 2.3.5. Medidas a tomar em ocorréncias excepd ou circunstancias anémalas 23.2.6. Controlo de seguranca nos casos de abancono ou demoligao 3. INCIDENTES, ACIDENTES E RUPTURAS EM BARRAGENS 3.1, INTRODUGAO 3.2. ESTATISTICAS RELATIVAS A BARRAGENS EXISTENTES 3.2.1. A nivel mundial. 3.2.2, Barragens portuguesas... 3,3, ANALISE ESTATISTICA DAS DETERIORACOES . 3.3.1. Andlise a nivel mundial wn. 3.3.2. Cenarios de deterioracio 3.3.2, Deterioracdesocotdas ern grandes baragens portuguesss.. 3.3.4, Ruptura sme 3.4. ENSINAMENTOS OBTIDOS COM AS DETERIORACOES 3.4.1. Consideragies pr6V18S oem son 3.4.2, Barragens de betdo 3.43. Barragens de terr 3.44 Barragens de enrocamento 3.45, Causas 3.46, Efeitos.. 3.4.7. Consequéncias 3.48, Métodos de deteccéo 3.49, Medidas correctivas 3,5, EXEMPLOS DE INCIDENTES, ACIDENTES, RUPTURAS E OUTRAS OCORRENCIAS EM PORTUGAL 3.5.1. Consideragbes pré 3.5.2, Incidentes 3.52.1. Descargas de fundo ... 3.5.22, Galerias de inspeccao .. 3.5.2.3. Comportas de descarregadares de cheias. Barragens de Monte Novo, Corgas e Pego do Altar 3.5.24, Instabilizagdo de encostas... 3.5.2.5. Barragem do Zambujo .. 3.5.2.6, Barragem de Vaqueiros.. 7. Barragem da Margalha .. 3.5.2.8, Barragem do Rio Figueira . 3.53, Acidentes 3.53.1. Acidentes relatados, 2, Barragem da Amieira 3. Barragem da Gata .. 5. Barragem das Marzelonas 3.5.3.6. Barragem do Monte da Ribeira 3.5.3.7. Barragem de Fagilde . 3.5.4, Rupturas. 5.4.4. Barragem da Venda Velha 3.5.4.2. Barragem dos Hospitais 3.5.4.3, Barragem da Vendinha e outras pequenas barragens do concelho de Evora 3.55. Outras OcOFr€NCiaS wenn 3.5.5.1. Construcéo clandestina de barragens de armazenamento 3.5.5.2, Anomalias em descargas de fundo de barragens de terra com fins agricolas.. 3.5.53. AlteracZo das condigbes de risco potencial induzido por uma barrageM wn 3.5.5.4, Acumulaco de gases em torre de manobra da tomada de ‘gua da barragem de Vale do Gaio 3.5.6. Acidentes pessoais BIBLIOGRAFIA 4. CONTROLO DE SEGURANGA ..... 4.,1.SEGURANGA ESTRUTURAL ... 4.1.1. Plano de Observacéo 44.1.1. Objectivos 4.1.1.2, Grandezas 4.1.13. Equipamentos 4.1.1.4, Distribuiggo dos equipamentos 44.15, Frequéncia das leituras... Exploracdo dos sistemas de observacao .. 41.241. Coneeito ‘Cunso ve Exrtonapao € Seaunanga 0¢ BARRAGENS 4.1.2.2, Recolha, processamento e validagSo de dads e resultados 4.1.2.3. Envio e arquivo da informagto 4.1.2.4, Andlise e interpretagso de resultado: 4.1.25. Relatérios de comportamento .. 4.2, SEGURANCA HIDRAULICA E OPERACIONAL 4.2.1. Orgaos de segurange ¢ exploracdo. 4.24.1. Introdugio 4.2.1.2, Importancia da seguranga hidrSulico e operacional 4.2.1.3, Descarregador de cheias 42.1.1, Anilise do funcionamento hidréulico . 4.2.1.2, Sistemas de drenagem das estruturas. 4. Obstruco do leito a jusaMte suena 5, Erosto do lelto a jusante suman 4.2.1.4, Descarga de fundo 4.2.1.4.1. Anélise do funcionamento hidraulico 4.2.1.4.2. Sistema de drenagem da camara de valvulas 4.2.1.4. Operacdo periédica da descarga de fundo .. 4.2.15. Tomadas de agua e circuito hidréulico... 4.2.1.5.1, Anélise do funcionamento hidréulico .. 4.2.1.5.2. Operagao periddica dos equipamentos 42.153, Protecgdo on 4.2.2. Operacéo de Equipamentts... Introduga 4.2.2.2. Normas de exploracao das albufeiras 42.2.3. Normas de descarregamento 42.24, Telecomando A224, Defiig80 aoe 4.22.42, Comando dos orgies 4.2.2.4.. Especificagdes para processos automatizados € telecomande .. M 4.2.3, Manutencao e conservagéo.. 4.2.3.1. Ambito e definicses .. 4.23.1.1, Conceitos 4.23.1.2. Manutengéo planeada, preventiva e melhorativa.. 4.23.1.3, Manutengéo néo-planeade, curative e correctiva 4.2.3.2, Organizacdo e gesta : 4.2.33, Obras de construggo civil. 4.2.3.4. Equipamentos hidromecénicos 4.23.4.1. Introduggo 4.2.3. Grupos electrogéneos au! 4235.1. Objectivo . 4235.2, Motor 4.23.53. Alternator 4.2.3.5, Sistema de arranque 4.2355. Comando, medigio, sinalizagao e prteCG0 snmans 4.2.3.6. Sistemas de observagi0 ' 4.2.4, Reparagso... 4.24.1, Avaliagdo da necessidade de intervencao AQAA. Aspectos gerais. 142.412. Metodologia de analise das deteroracbes 4.2.4.2. Obras de construgdo civil. Exemplos... 4.2.2.1. Experigncia da CPPE 1.2422 Eetabilizacao eprotecrdo de taludes das albufeiras ¢ dos leitos dos ries .. 4.24.23, Colmatacio de infitragbes através do bet3o 4.2.2.8, Reparacdo do betao de descarregadores.. 12.425, RegularizagSo doleto do ro a jusante da restiuigdo dos grupos geradores 4.2426. Tratamento da fundacao da barragem de Venda Nov 4.2.4.3. Equipamentos hidromecdnicos. Exemplos. 4,243.1, Barragem de Monte Novo. Descarregador de cheias. Reparacio de emergénci 42.432. Barragem de Montargil, Reparacéo das descargas de fundo . 42.433. Barragem de Fagilde 4.2.43.4, Barragem de Gost 42.435. Barragem do Peneiteito. Vila Flor... 4.3, SEGURANCA AMBIENTAL 443.1, Ecologia de albuteirase das suas comunidades biologics. Fundamentos teéricos para a sua gestdo 43.1.1 Introdugao 43.1.2. Dinamica térmica e estrutura vertical de aguas lenticas .. 4.3.1.3. Organismos e comunidades de zonas lenticas .. 4 4. Eutrofizagdo em meio léntico 43.1.4.1. Conceitos de base 43.1.4. Fitoplancton 431.43. Zoopléncton... 43.1.4, Macrdfitos e perifiton 43.1.45, Macroinvertebrados e peixes.. 43.1.5. Zonagem ecol6gica efactores ambientais determinants 43.1.5.1, Albufeiras versus lagos. 43.1.5.2. Padr6es longitudinais de zonagem em albufeiras, 3. Padrées transversais de zonagem em albufeiras.. ‘Cunso ot Expconagho © Secunauca 0: Banracens Controlo da eutrofizagéo e regressdo tréfica 43.2.2.4, Diagndstico ... 43.222. Controlo extemo das fontes de fsfoo 43.223. Controlo interno do fésforo . 43.224. Controlo da biomassa e biomanipulagd0 sawnimminnn 4.3.23. Flutuagdes do nivel da agua e comunidades biol6gICaS sanmmmne 43.24, Esvaziamento de albuteiras... os 43.2.4.1. Condugao do esvaziamento na albufeira 43.2.4.2, Impacte do esvaziamento a jusante e sue mitigaczo . 4.3.25, Efeitos ecol6gicos das albufeiras a jusante . 43.25.1. Introdugae ... 43.252. Fstrutur ecolgica de comunidades lticas 4.32.53. Efeitos ecolégicos da regularizagao 433. Caudais ambientais - 433.1. Introducdo 413.32. Impactes da ateragio do regime hiraldgico sobre 0s ecossistemas dukiaquicolas 43.3.3. Caudal ecol6gico e caudal ambiental 43.3.4, Métodos para a determinagdo do caudal ecol6gic0 ns 4334.1. Introdugao .. 13.342, todos baseados em registos de caudais 433.43. Métodos baseados em relacSes entre parametros, hidrdulicos @ caudal . 4.33244. Métodos bateads na relago ene habitat eo caudal 4.33.45, Outros métodes... 43.3.5. 0 caudal ecolégico em regides semi-dridas. Caso do Aproveitamento hidréulico do Enxoé 4,3.35.1. Significado do caudal ecolégico em regiées semi-aridas.. 433.522, Metodologi “ - 4336, Determinacao do caudal ecolégico em Portugal .. 4336.1. Situagdo actual 4.3.3.6.2. Pequenos aproveitamentos hidroeléctricos @ outros aproveitamentos a Norte do tid FeO ..nnmsnunn 43.3.6.3. Aproveltamentos hidroagricolas a Sul do tid Tej0 sun 4.3.36.4. Grandes aproveitamentos hidraulicos ... soe 4.33.7, Descarregamento do caudal ecol6gico - |. Planos de Ordenamento de Albufeiras (POA) .. 43.441. Introdugao .. 43.4.2. Enquadramento geral 43.43, Enquadramente legal 43.4.4, Enquadramento institucional 4.3.45. Enquadramento metodoléglco .... 43.46, Potencialidades e condicionamentos da utilizaco das albuteiras 43.4.6.1, Aspectos tcnicos relevantes son 43.4.2. Normativos e regras de utilizacao .. 4.3.4.7, Programas de execugao e de financiamento.. BIBLIOGRAFIA.... 5. INSPECCOES VISUAIS DE ROTINA 5.1. CONSIDERAGOES INICIAIS.. 5.2.AS INSPECCOES VISUAIS DE ROTINA NO CONTEXTO DA SEGURANCA ESTRUTURAL 5.2.1. Aspectos gerais 5.2.2. Barragens de at€170 sans 5.2.2.1. Generalidades. 5.2.2.2. Percolagio 5.2.2.3. Fendilhacio.. 5.2.2.4. Instabilidade 5.2.2.5. Depressbes na superficie dos aterros 5.2.2.6. Problemas de manutencio 5.2.27, Aspectos a incur em fcas de inspeccao de barragens de ater 5.23. Barragens de betio . 5.23.1. Generalidades.. 5.2.3.5. Vegetagao 5.2.3.6, Aspectos a incluir em fichas de inspeccao visual de rotina de barragens de betao ... '5.3. INSPECCOES VISUAIS DOS ORGAOS DE SEGURANCA E EXPLORACAO 5.3.1. Aspectos gerals 5.3.2, Deterioragées de indole hidréulica.. 5.3.3. Descarregadores de cheia: sn 5.3.4, Descargas de fundo. 5.3.5. Equipamento 5.4.INSPECGAO VISUAL DE ROTINA DOS SISTEMAS DE OBSERVACAO 5.4.1. Aspectos gerais 5.4.2. Barragens de aterro.. 5.4.3. Barragens de betio .. '5,5, RELATORIOS DE INSPECCOES VISUAIS DE ROTINA 5.5.1, ASpectds Gerals sununnnnneonmnanoninnsn 5.5.2. Organizagio dos relatérios . 5.5.2.1. Generalidades.... 5.5.2.2. Relatérios mensal 5.5.2.3. Relatorios de pormenor nnn 5.5.2.4, Relatérlos periédicos de inspeccao visual de rotina.. - 5.6, RELATORIOS DAS INSPECCOES VISUAIS DOS ORGAOS DE SEGURANCA E 5.6.1. Consideragées iniciais 5.6.2. Ficha de seguranca hidréulico-operacional Curso oe Exrtonagho & SEGURANGA DE BaRRasens 5,1, TIPIFICACAO DE FICHAS DE IDENTIFICAGAO E CARACTERISTICAS GERAIS 5.8.FICHAS DE IDENTIFICACAO E CARACTERISTICAS GERAIS E DE INSPECCAO VISUAL DE ROTINA DA BARRAGEM DO MONTE DA ROCH/ ss 5.9, CHAS DE IDENTIFICAGAO E CARACTERISTICAS GERAIS E DE INSPECGAO VISUAL DE ROTINA DA BARRAGEM DE MONTE NOVO . BIBLIOGRAFIA . : 6. OBRIGACOES LEGAIS DO Dono DA ‘OBRA 6.1. INTRODUCAO - 6 6.3. ELABORAGAQ DO PROJECTO 63.1, Ambito 6.3.2, Impacte ambiental. 6.33. Seguranga... 6.3.2.1. Note introdutéri 6.3.23, Barragens abrangidas pelo RPB 6.34, Albufeira nun 6.4, PLANO DE OBSERVACAO 6.5.CONSTRUGAO DAS OBRAS.... 6.5.1. Barragens abrangidas pelo RSB 6.5.2. Barragens abrangidas pelo RPE 6.6,PRIMEIRO ENCHIMENTO DA ALBUFEIRA 6.6.1, Barragens abrangidas pelo RSS ... 6.6.2. Barragens abrangidas pelo RPB 6.7. EXPLORACAO DO APROVEITAMENTO .. 6.7.1. Barragens abrangidas pelo RSB 6.7.2. Barragens abrangidas pelo RPS 6.8. ABANDONO OU DEMOLICAO 6.9. MEDIDAS DE PROTECCAO CIVIL 6.10. RISCOS POR INCUMPRIMENTO ... 7. EMERGENCIA E GESTAO DO RISCO .. 7.1,RISCO A JUSANTE DE BARRAGENS 7.A.1.Introdugéo.. 7.4.2. Ambito 7.1.3, Seguranga de barragens e vales 7,1, Sistema de seguranga integrada .. 7.2.IMPACTES, RISCO E PROTECCAO DO VALE A JUSANTE 7.2.1.Impactes socias dos riscos das barragens 7.2.2. Risco efectivo .. 1.23, Gestio do risco 7.23.1. Gest do isco interno 7.2.3.2, Gestio do risco externo .. 7.2.4, Andlise e avaliagéo do risco . 7.2.4.1. Anélise quantitativa 7.2.4.2. Risco accitiv 7.2.43, Eeito do perodo de tempo z 7.244, Aplicagéo do conceito de risco aceitével 7.3.RISCO A JUSANTE NOS REGULAMENTOS E NORMAS DE SEGURANCA 7.3.1, Contexto internacional... 7.3.2. 0 Regulamento e as Normas Portuguesas 7.4, ANALISE FENOMENOLOGICA E COMPUTACIONAL 7.4.1. Causas e consequéncias 17142. Tiplogia dos estuds de rca ede emergtnda 7.4.3. Analise hidrodinamica.. “ 74.3.1. Condigdes de fronteira e iniciais 7.4.3.2. Caudal maximo efluente ou de ruptura... 7.43.3. Atenuagao hidrodinamica 20 longo do vale 7.4.3.4, Exemplo de andlise de sensibilidade sistemstica 7.43.5. Ruptura de barragens em série . 7.43.6, Andlse da propagacio da cela ao longo do vale 7.43.7. Modelacio da brecha . 7.4.3.8. Estudos pioneiros em Portugal 7.5, CENARIOS POTENCIAIS DE RISCO HIDRODINAMICO ..... 75.1. Consideragies gers 7.5.2. Modelagéo computacional da cheia 7.5.3. Cenérios e parametros de simulacé 7.53.1. Cenarios de simulagdo. 7.5.3.2. Parametros de simulacdo 7.54. Modelos de andlise ou de simulagio 7.55. Barragens em série ou em cascata 7.5.6, Mapa de inundacao e carta de rico hidrodinamico 75.7. Classificagao de barragens em Fungo do t1SC0 vm 7.6.PLANOS DE EMERGENCIA 7.6.1. Consideracées gerais .... 7.6.2. Plano de Emergéncia Interno. 1.6.2.1 Filosofia e objectivo 7.6.2.2. Estrutura e constituigéo .. 7 7.6.2.3. Niveis de alerta ou emergénca wn. 7.6.3. Plano de Emergéncia Externo 7.6.3.1. Ambito e objectivo 7.6.3.2. Contexto e articulago do Plano de Emergéncia Externo: 7.6.3.3, Estrutura do Plano de Emergéncia Externo .... 7.8.3.4, Definigo das zones proximas e afastadas do val 7. ESTIMATIVA DOS DANOS A JUSANTE «0 TA. IMtrOdUGaO «ne ‘Gunso oe Execonagto & Secunmuga ve Banraseus 7.7.2. Perdas de vidas humanas ... 7.7.2.1, Experiéncia historica 7.7.2.2. Metodologias para estimar 0 ndmero de vitimas 1.73, Perdas de bens materials. 7.7.4, Tempos de actuagio no vale a jusante 7.8, SISTEMAS DE ALARME E AVISO vo . 7.8.1. Estratégias de disseminacio da mensagem de aviso 7.9. COOPERACAO ENTRE ENGENHARIA DE BARRAGENS E CIENCIAS SOCIAIS NA GESTAO DO RISCO E DE EMERGENCIA.. 7.9.1. Consideracées gerais, 7.9.2. Percepgao do isco . 7.93 Informagé e particpagao pablcas 7.9.4, ConsideragGes fin 1110. SISTEMA DE INFORMAGAO PARA APOIO A GESTAO DO RISCO HOS VALS. 7.10.1. Introducéo 1.102. Princpios componentes do sistema 7.10.3. Melos de comunicacao .. 7.11, TREINOS E EXERCICIOS. 712, A GESTAO DO TERRITORIO FACE AO RISCO DE RUPTURA DE BARRAGENS. 7.12.1, Cartas de risco ¢ ocupagio do solo... 7.12.2, 0s estudos de impacte ambiental e a carta de riscos 7.123. 0 regime dos terrenos no dominio publico hidrico e a carta de 7.12.4. Integracdo da carta de riscos nos Planos de Bacia Hidragrafica 7.125, 0 caracter sigiloso da carta de riscos 7.13, ESTUDO ESPECIAL (PROJECTO NATO) 7.14, CONSIDERACOES FINAIS .n BIBLIOGRAFIA CAPITULO 1 : ; BARRAGENS Autores Alineas , José Rocha Afonso 4 k | José Mora Ramos e Laura Caldeira 124 i Laura Caldeira 122.1 } José Mora Ramos 1.2.22 i José Mora Ramos e Laura Caldeira 123 : : Ant6nio Silva Gomes 124 ! , Jodo Bilé Serra 1.25 i Anténio de Carvalho Quintela 13 \ ‘Ant6nio do Nascimento Pinheiro thd aad : Anténio de Carvalho Quintela e Anténio do Nascimento Pinheiro Anténio de Carvalho Quintela Curso oe Enprowagio & Secusatcs DF BaRRAGNS 1.1. ASPECTOS GERAIS * 1.1.1. Introducao As barragens, entendidas como estruturas: construidas pelo Homem com o fim de reter Agua, foram desde cedo um elemento indispensével para a adaptacio da civi- lizagdo humana ao ambiente natural e para a melhoria da qualidade de vida das populacdes. ‘As barragens-tém servido, desde ha 5 000 anos, para armazenar 4gua em tempo de disponibilidade, fornecendo-a quando € escassa nos cursos de agua, contribuindo: ainda para mitigar efeitos inconvenientes de secas e de chelas. Mais de metade das cerca de 40 000 grandes barragens hoje inventariadas foi cons- truida, porém, nos tltimos 35 anos, por via do forte crescimento da procura de gua (COLD, 1997a). Foi sobretudo nos 50 tltimos anos que os avancos da tecnolo- gia tomnaram possivel a construséo de barragens de muito grande dimensio. ‘Actualmente a capacidade total de armazenamento em albufeiras ¢ de aproximada- mente 6 000 krr*(LECORNU, 1998), mostrando bem a significativa contribuigao das barragens na gestéo dos recursos mundiais em agua, que sio limitados, mal distri bufdos no espaco e sujeitos a grandes flutuacées sazonais. . Finalidades das barragens So diversas as raz0es que justificam a construggo de barragens. Referem-se as principais: ~ rega, — produgdo de energia; ~ abastecimento de agua, para usos domésticos e industri ~ controlo de cheias; —regularizacdo de caudal de rios; — us0s recreativos; ~navegacao; = aquacultura; ~recarga de aquiferos; ~controlo de poluigao; ~ armazenamento de rejeitados de exploracées mineiras; = controlo de propagacao de marés. * Autor: José Rocha Afonso. Cariruno 1 ~ Baneaccns Tendo em conta as finalidades a atingir, as barragens podem ser concebidas de modo a criar albufeiras de armazenamento, ou a elevar o nivel de Agua a montante na rio, ou ainda a controlar os niveis a jusante {ICOLD 1990). Nas albufeiras de armazenamento, o nivel de aqua é variével, para satisfaglo das nnecessidades e controlo do regime de caudais no curso de agua. Figura 1.1 - Barragem da Aguieira. Vista aérea ‘A regularizagéo promovida por uma albuteira depende da sua capacidade e dos volumes afluentes e sua distribuigdo temporal. A agua que aflui a uma albufeira pode af ficar retida horas, dias, meses ou anos. Assim, as albufeiras podem ser de regularizacio interanual, quando € necessério compensar a falta de precipitagdo em anos secos com o armazenamento de égua ‘em anos hiimidos. Na Europa existem albufeiras deste tipo sobretudo nos paises mediterranicos, sendo disso exemplo alguns dos grandes armazenamentos no Sul de Portugal. Nas albufeiras destinadas a controlo de cheias, o nivel de dgua é mantido a uma cota inferior & do pleno armazenamento, de forma a que o volume de uma cheia possa ser encaixado, total ou parcialmente, no volume de que a albufeira dispée, € libertado posteriormente para jusante com caudais controlados. Asbarragens que se destinam a elevar e a garantir o nivel de gua a montante, sem modificagao do regime de caudais, podem ser construidas por raz6es tais como: producao de energia em regime de fio-de-agua; aumento de profundidade para tornar possivel a navegagao; criacdo de um plano de agua, por motivos ambientais ou recreativos; elevacao do nivel de dgua, de modo a permitir a derivacéo de Agua através de canais, condutas, tuineis, para miltiplos fins. Gunso ne ExeLonagio & Secunauga 0: Banmacins Podem considerar-se, por outro lado, duas grandes categorias de barragens, citan- do-se, alias, os ntimeros do Registo Mundial de Grandes Barragens (ICOLD, 1998a): = barragens de um tinico fim (18 000); = barragens de fins mialtiplos (7 400). 'Na primeira categoria, actualmente cerca de 50% das barragens no mundo desti- nam-se & rega, contribuindo de uma forma decisiva para a produgao de alimentos. Cerca de 15% destinam-se ao abastecimento de agua (doméstica e industrial), Cerca de 20% contribuem para a producio de electricidade (na Europa esta percentagem é de 40%). Figura 1.2 - “Acude-Ponte” de Coimbra. Elevacdo do nivel de dgua a montante, com “espelho de dgua”. Fornecimento de agua a jusante, para fins muttiplos As barragens de fins miltipios, que representam uma parcela importante do con- junto das obras, esto cada vez mais associadas ao desenvolvimento das regides. Também neste caso a rega tem o primeiro lugar. £m Portugal, ésignificativo onime- ro de grandes barragens que, inicialmente construidas com um dnico fim (rega, producéo de energia), vio acolhendo outros usos, em particular o de abastecimento as populagdes - por raz6es como sejam a precaridade de outras origens, a racionalidade e economia na gestio dos recursos, as exigéncias ambientais, de qua- lidade - mas também os usos recreativos e outros. Capiruio 1 ~ Bareacras 1.1.3. Tipos construtivos, dimensOes 5 diversos tipos construtivos das barragens sao descritos em pormenor na alinea 1.2.2. No que respeita as dimensoes das barragens ¢ das albufeiras, ha que mencionar aspectos de terminologia, por questées de uniformizacéo no tratamento. Adopta-se a designacao de Grande Barragem, de uma forma consensual, para as barragens que obedecem a seguinte definicdo da Comissao Internacional de Gran- des Barragens (ICOLD), utilizada no seu registo mundial de barragens: —barragens com mais de 15 m de attura total; ~ barragens com altura compreendida entre 10 e 15 m, desde que apresentem uma ou mais das seguintes caracteristicas: — capacidade da albufeira superior a1 milhao de np (1 hm’, 10m’); — desenvolvimento do coroamento maior do que 500 m; ~ caudal de ponta da cheia de dimensionamento superior a 2.000 ms; ~caracteristicas pouco habituais (concepeao, fundacao). 0 tiltimo registo mundial de 1998, inclui também barragens com altura compreen- dida entre 5 me 15 m e com capacidade de armazenamento superior a5 hm’. Ainda no que respeita as dimens6es, as diversas regulamentacées sobre barragens adoptam divisées em classes de aplicagio. E 0 caso dos requlamentos portugueses (analisados no capitulo 2). 0 Regulamento de Seguranga de Barragens (RSB), em particular, aplica-se as “grandes” barragens, no sentido anteriormente descrito, ea barragens com capacidade da albufeira superior a 100 000 m’ (0,1 hm’). No Boletim 109 da Comissao Internacional (ICOLD, 1997b), é referida a existéncia no mundo de: = 2.000 barragens de grande altura, superior a 60 m = 7.000 barragens com altura compreendida entre 30 e 60 m; ~ mais de 20 000 barragens com altura entre 15 e 30 m; = mais de 19 000 barragens com altura entre 10 e 15 m, classificadas como gran- des barragens, sobretudo por via do armazenamento superior a 1 hm? De referir que as caracteristicas destas tltimas pouco diferem das de 100 000 obras de 10 a 15 mde altura, com armazenamento compreendido entre 0,1 e 1 hm’, que jd nao sao, pela definicdo aceite, grandes barragens. No conjunto das grandes barragens cabem barragens de dimensGes dispares, a que podem corresponder tipos de problemas (construtivos, de exploracao, sociais, econémicos, ambientais) distintos. A titulo de exemplo e comparacao, apontam-se seguidamente, de uma forma muito genérica, alguns aspectos importantes de diferenciaco no universo das barragens. Cueso ve Expcoragho & Secunawgn DF Baneacens No que se refere as barragens de grande altura (h > 60 m}, perto de 30% so barra- gens de gravidade, 20% barragens abbada, ¢ as barragens de aterro mais recentes tendem a ser de enrocamento. A maioria das barragens ¢ fundada directamente num macigo rochoso, so sobretudo concebidas para a produggo de energia e os descarregadores frequentemente tem comportas. Cerca de 80% destas obras si- ‘tuam-se nos paises industrializados e o seu custo é muito elevado (usualmente entre 100 e 1 000 milhdes de délares), pelo que séo utilizadas quantias consideraveis para o projecto, estudos de base, controlo de qualidade, tratamento da fundagao, instru- mentacéo e outros. Ao conjunto destas 2 000 barragens corresponde mais de meta- de do investimento total em barragens. Quanto as barragens com menos de 30m de altura, 90% sdo barragens de aterro. Na sua maior parte séo fundadas, no todo ou em parte, em solo, ¢ a grande maioria tem descarregadores de soleira livre. A finalidade principal destas obras é o armazenamento, designadamente para rega. O seu custo modesto conduz a uma redugéo do orgamento dispontvel para estudlos, projecto, controlo de qualidade, tratamento da fundacdo e outros aspectos. A fiscalizagéo de construc e controlo de seguranca varia muito com os paises. Em contrapartida, estas barragens, de menores dimensées, beneficiam particularmente da experiéncia adquirida em nu- merosas obras com solugdes do mesmo tipo. Figura 1.3 - Pequena barragem de terra Caprruo 1 ~ Bansacens 1.1.4. Barragens e ambiente aumento da preocupagéo com o ambiente natural, e com as ameacas que o atin- gem, é um dos factos marcantes deste final de século, O conceito de desenvolvimento sustentavel é um principio orientador no esforgo de desenvolvimento. No que respeita a qua, trata-se também de harmonizar a necessidade de desenvolver os recursos hidricos e a proteccio do ambiente de uma forma que ndo comprometa as geracbes futuras. ‘As barragens e as albufeiras sao parte integrante do ambiente que as rodeia, que influenciam e transformam, em maior ou menor grau, considerando-se aqui que o conceito de ambiente inclui uma vertente social. Paralelamente aos importantes be- neficios que proporcionam, atras descritos, as barragens criam impactes negativos, que dependem das situagées concretas - como sejam inundacao de vales, desloca- Go de populacées, alteracéo de regimes de escoamento, retencao de caudals altera- Go de ecossistemas, interrupsao da continuidade da vida aquatica e do transporte de sedimentos, alteracéo de temperaturas da gua, variagao dos niveis da agua, reducio de niveis de oxigénio nas albufeiras, riscos de ruptura, outros. Com 0 aumento da percepeao destes impactes cresceu nos iltimos anos um movimento de contestacio & construgéo de barragens, sobretudo as de grandes dimensdes. A anélise destas quest6es € ura preocupagao central no seio da ICOLD. Embora sem a sistematizagao formal com que actualmente se conduzern 05 estudos. de impactes ambientais, questdes de indole ambiental foram levantadas e estuda- das aquando da elaboragao dos estudos e projectos de grandes barragens portu- guesas, menos recentes. A partir de 1990, em Portugal, passaram a estar sujeitas a processo de avaliacao de impactes ambientals, incluindo a consulta e audiéncia pi- blicas, as barragens com mais de 15m de altura, ou volume de armazenamento ‘superior a 100 000m’, ou area de albufeira superior a Sha, designadamente. A apli- aco da lei veio acrescentar uma postura mais exigente para o equilibrio ambiental das solucées adoptadas. A preocupacéo com o ambiente, e com as interaccbes entre barragens e ambiente, deve estar, pois, sempre presente em todas as fases de vida das barragens, em particular durante toda a vida Util de explora¢ao (alinea 4.3). Os impactes das obras as medidas adoptadas devem ser analisados e monitorizados regularmente, As normas de exploracdo especificas devem ter em consideracao estes aspectos. 1.1.5. Recursos hidricos e barragens em Portugal 0s recursos hidricos superficiais, em Portugal Continental, séo naturalmente depen- dentes das caracteristicas geogréticas,climaticase fisiograficas. A orografia, a prec- pitacdo e as influéncias atlantica e mediterrdnica conduzem a que se possa falar de 18 Curso De Exptonacho & Seueancn be Bansacens trés zonas: Norte Atlantica, com precipitacdo importante; a zona Nordeste, monta- nhosa, com vales profundos e precipitagdo inferior 4 da zona anterior; e a zona Sul Mediterranica, com orografia suave e precipitacéo muito inferior. Do ponto de vista fisiogrSfico, 64% da area do territério portugués pertence a bacias hidrograficas dos rios que nascem em Espanha (PNCOLD, 1992). ‘As disponibilidades hidricas tém em média valores aprecidveis, O escoamento anual médio gerado em Portugal ronda 30 000 hm. Mas a distribuicao no espaco e no tempo destas disponibilidades é marcadamente irregular, Durante o Vergo, o caudal dos rios portugueses é em muitos casos diminuto, chegando a anular-se. Por outro lado, presentes ainda esto na meméria de todos os recentes anos con- secutivos de seca no principio desta década, que conduziram a situagées dramaticas de escassez de agua, principalmente no Sul do Pals (OLIVEIRA, 1998). Existem em Portugal cerca de 150 grandes barragens. O armazenamento total nas respectivas albufeiras é de aproximadamente 7 800 hm?, No entanto, a capacidade de armazenamento iitl significativamente inferior, rondando os 6 000 hm: (sem contar com Alqueva, em construgéo, com 3 200 hm? de capacidade util, que aumenta em muito a capacidade de armazenamento existente). Algumas destas barragens foram construfdas a fim de criar armazenamentos capa- zes de garantirem o fornecimento de gua para rega, e também para abas- tecimento puiblico, sobretudo nas regides de maior irregularidade de recursos, em particular no Sul eno Interior. A rega é a principal utilizacdo consumptiva de Agua. No Norte do pais, onde os recursos so mais abundantes e regulares, construiram-se aproveitamentos, quer de regularizacao quer a fio-de-agua, para a producéo de energia, tendo em conta que Portugal ndo possui outras fontes primarias de energia de importancia. Cerca de 40 barragens sao actualmente exploradas com esse fim principal, sendo obras que, do ponto de vista da exploracao, esto dotadas com meios adequados de gestao. ‘Muitas albuteiras de grandes barragens, em Portugal, sdo hoje de fins mailtiplos, quer porque ganharam novas utilizacdes, quer porque a evolucao do conceito de planeamento integrado dos recursos hidricos tem levado ao abandono gradual de grandes aproveitamentos monovalentes. As barragens com armazenamentos inferiores a 1,0 hm’, e menos de 15 m de altura, sso em ntimero superior &s grandes barragens. Foram e so construidas para varios fins, como a producgo de energia e, principalmente, a rega, Nestas barragens para rega, que usalmente retém agua no Inverno para uso na estiagem, sobretudo no Sul € Interior, 0s cuidados de projecto, construtivos e de exploragao tém sido, muitas vezes, menores, nomeadamente por via das limitacées de financiamento, a que acresce a falta de fiscalizaco. Assim, os acidentes tém ocorrido também com maior 18 Caputo 1 = Baneasens 1.1.6. frequéncia, em particular quando da ocorréncia de cheias. A regulamentacao de seguranca, contudo, é exigente para todas estas barragens, pelo que se impoe uma cada vez maior consciencializacéo dos problemas que Ihes estao associados. O ac- ‘tual aumento de eficiéncia no licenciamento, ligado a reestruturagéo de servicos, por vezes também & obrigatoriedade da licenca para a concesséo de fundos, contribui ja para uma melhoria da situagao. O risco de ruptura de barragens é uma das ameacas inevitdvels com que a Socieda- de se confronta, Em paises como Portugal, um numero significativo de pessoas, individualmente ou em agregados populacionais, vive em zonas potencialmente atin- alveis por ondas de cheias provocadas por rupturas. Mesmo algumas pequenas bar- ragens podem apresentar riscos elevados. Os cuidados de seguranca so, por isso, de grande importancia. Os investimentos necessérios devem ser aceites como custos integrantes da obra, e ndo como um factor extra que pode ser eliminado por dificul- dades orcamentais, conceito que se aplica a todas as fases de vida da obra, em particular a da exploracao. Terminologia Por uma questo de uniformizagao no uso de termos relativos a barragens, pela sua diversidade e especificidade, preparou a ICOLD um dicionario técnico de barragens, uja primeira edigdo foi publicada em 1950, com varias edigées posteriores, a mais recente de 1998 (ICOLD, 1998b). Contém 3 000 entradas, com termos equivalentes nos idiomas, francés, inglés, alemdo, italiano, espanhol e portugués, Na Figura 1.4 representa-se um corte tipo de uma barragem, onde se mostram apenas algumas das desigacées mais comuns da terminologia de barragens. gral ony ovis enemy Figura 1.4 - Designagdes comuns Gunso oe Exruonagio & Seauraen oe BrARAGENS 1.2, TIPOS DE BARRAGENS. ESCOLHA DE SOLUGGES 1.2.1. Breve resenha historica * Desde sempre o homem recorreu, para a construcéo dos aproveitamentos, aos ma~ teriais que a natureza directamente lhe oferecia, a terra, a areia, a pedra, no passa- do por vezes usados em simulténeo e de forma indiscriminada. Pontualmente, ou- tros materiais, como o aco, a madeira ou os betumes, foram também usados. Tam- bém desde muito cedo o homem utilizou betées, misturas de pedras e areia aglutinadas por ligantes hidraulicos, no principio a cal ou o gesso, ¢ a partir da sua descoberta no primeiro quartel do século XIX, também o cimento. Ao longo da histérie, todos estes materiais foram empregues na construgio de bar- ragens, essencialmente sob duas formas: ou usados directamente, com diferentes formas de compactacio, ou aglutinados por um ligante. ‘As barragens construidas em terra e em pedra solta no aparelhada (barragens de enrocamento) designam-se por barragens de aterro, atendendo a forma como so construfdas, ¢ so frequentemente consideradas em conjunto, designadamente em estudos de recorte estatistico. Nos mesmos estudos associam-se, em regra, as bar- ragens de betdo e as de alvenaria, estas dltimas construidas, geraimente, com pedra aparelhada nos paramentos ¢ a granel no interior. Na realidade, pode considerar- -se que as barragens de betdo s4o as sucessoras naturais das barragens de alvenaria. Quer nas barragens de alvenaria, quer nas de betdo, a coesdo entre as “particulas” € conseguida a custa de um ligante hidrdulico. As barragens de betdo e de alvenaria podem ser obras de gravidade (gravidade maciga ou aligeirada), obras em arco (também designadas barragens abdbada), em contrafortes e em abébadas miltiplas. ‘As modernas obras de bet’io compactado com cilindros (BCC), se do ponto de vista do material sdo beto, do ponto de vista das técnicas construtivasse assemelham a. ‘obras em aterro. Para além da diferenciagdo entre terra e enrocamento, em primeira anélise decor- rente do tamanho das “particulas", as principais diferencas nas barragens de aterro referem-se a natureza e estrutura, quer dos macicos, quer dos érgaos de estanquidade e drenagem. Obras hd, de que so exemplos, em Portugal, as barragens do Caia, do Roxo e de Odivelas, com um trogo em betdo e outro em aterro, outras havendo, como a bar- ragem de Itaipu, na fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai, que tém uma zona construida em betao, outra em enrocamento e uma terceira em terra. E ainda * Autor: José Mora Ramos e Laura Caldeira Capiruvo 4 ~ Banasens comum a construcéo de obras de betdo em quese associam estruturas em abobada, usualmente no vale principal, com outras de gravidade, como & o caso da barra- gem do Alto Rabagao, no Norte de Portugal. Os primeiros projectos de rega e de barragens datam de ha mais de 6 000 anos, na Pérsia, As barragens de aterro foram as primeiras a ser construidas. Os aterros de maior comprimento foram erguidos pelos habitantes do Ceildo (actual Sri Lanka). Estas obras desempenhavam varias funcoes, tais como desvio de cursos de agua, armazenamento para rega e abastecimento de gua ¢ intercepcao de sedimentos, para posterior cultivo, Na Antiguidade, na India e no Ceiléo, um método comum de construgao de barragens de aterro envolvia a colocagio de barreiras de terra em linhas de agua (JANSEN, 1983). Os materiais de aterro eram transportados em ces- ‘tos alguma compactacéo era conseguida através das pisadas dos trabalhadores. 0 antigos construtores de barragens fizeram uso indiscriminado de solo e de enrocamento. Como apenas tinham conhecimentos rudimentares de hidrologia e de mec&nica dos materiais, nomeadamente de mecinica dos solos, os seus métodos de projecto e de construgéo eram em regra muito empiricos, pelo que ocorriam ruptu- ras frequentes, No entanto, hé noticia do uso, na China, ha mais de 1000 anos, de um cone de penetracao, para caracterizagao da qualidade dos aterros e, durante a Dinastia Ming (1368-1644), da realizacao de ensaios de 4gua em furos executados nas barragens de aterro (CNCOLD, 1987). Os descarregadores de muitas destas obras, quando existiam, estavam integrados no seu corpo, sendo os paramentos de jusante dotados de revestimentos em escada de pedra, para dissipacdo da energia da Aqua e para protecco da estrutura contra a erosdo. Na Peninsula Ibérica, durante a ocupacao romana, foram construidas cerca de 80 barragens, distribuidas ao longo das principais estradasromanas (SCHNITTER, 1994), destinadas a rega, & proteccdo da terra arével contra a erosdo, ao abastecimento de ‘gua as cidades, ao fornecimento de energia 2 minas para operagéo de bombas ou equipamentos elevatérios. Entre elas salienta-se a barragem de Cornalbo (ainda ‘operacional) para abastecimento de 4gua a Mérida (Fig. 1.5) Tem efxo longitudinal rectilineo, aproximadamente 24 m de altura acima da fundacao € 200 m de desen- volvimento. A sua seccio transversal é trapezoidal, com base menor (largura do coroamento) varidvel entre 7 m (num encontro) e mais de 12m (no encontro opos- to) e base maior com a espessura maxima de 118 m, na fundacdo. O nucleo é constituido por uma estrutura alveolar de paredes de alvenaria preenchida com enrocamento ¢ argila. Primitivamente, este nticleo estava contido num aterro de terra, limitado a jusante por um paramento com uma inclinagéo de 3:1 ea montan- ‘te por um paramento com uma inclinacgo de 1,5:1, dotado de revestimento de Cunso o& Expconacio & Sesuranca oe Barnaaens alvenaria, para protecgdo contra a acco da mareta. Merece ainda referéncia a barragem de Alcantarilha, construida apés a conquista de Toledo em 193 A.C. (SMITH, 1992), uma obra de cerca de 20 m de altura e 550 m de desenvolvimento, com 0 rndcleo em alvenaria a granel ligada por argamassas de cal e paramentos de alvena- ria aparelhada. Em Portugal esta infelizmente submersa, pela criagéo de uma nova albufeira, a bar- ragem de Monte Novo (Fig. 1.6, QUINTELA et ai., 1986), uma obra em arco, que foi eventualmente reconstruida a partir de uma estrutura inicial, de provavel construgéo romana. No Pais séo ainda de referir as barragens de terra de Egitania, Lameira e Orca, no distrito de Castelo Branco, e a barragem de alvenaria de Alferrarede, no concelho de Abrantes, as primeiras de construgao romana e a ultima tendo como origem uma obra também romana (QUINTELA et al, 1995). As barragens de Egitania € da Orca tém eixo recto ea de Lamelra um tracado poligonal, devido ao seu maior desenvolvimento (380 m) e & necessidade de adaptacao a topograffa. sta barragem ‘tem uma albufeira de 840 000 m*. A barragem de Alferrarede tem 13,5 m de altura, uma albufeira de 147 000 me a sua estrutura é constituida por um duplo muro de alvenaria com um aterro intermédio, Apés o primeiro milénio, os avancos importantes na construcéo de barragens de aterro deveram-se, sobretudo, ao esforco de “engenheiros” asiaticos, dedicando-se ‘0s “engenheiros” europeus principalmente & construgdo de obras de alvenaria. Nos primeiros 15 séculos D.C. os japoneses construfram cerca de 30 barragens com altu- ra superior a 15 m, todas em aterro. Destas salienta-se a barragem de terra de Kaerumataike, construida em 162, no Rio Yodo, com 17 m de altura e 260 m de comprimento JANSEN, 1983). Na Europa, a construgo de barragens de aterro, com alguma expresséo, reini -se no século XVII. No inicio deste século foi construfda, a cerca de 30 km de Turim, em Italia, a barragem de Temnavasso VANSEN, 1983), uma obra de aterro com 7,6 m de altura e 335 m de desenvolvimento. A largura do coroamento varia de 5,2m até 7,7 m.O paramento de montante é vertical ¢ & constituido por uma parede de tjolo, com aproximadamente 0,6 m de espessura, revestida com argamassa e apoiada em contrafortes de 1,8 m de espessura. Cariryio 1 — Bannasens Figura 1.6- Barragem de Monte Novo (QUINTELA et al., 1986) Curso oF Expuonago © Secunanga n= Bannaseys Entre 1667 € 1675, foi construlda, no rio Laudot, préximo de Toulouse, Franga, a barragem de aterro de St. Ferreol (JANSEN, 1983), com 36 m de altura e 780 m de comprimento, em cujo perfil estao incluidas, ao longo de todo 0 comprimento da barragem, trés paredes de alvenaria, uma em cada face e outra no centro. A parede central tem uma espessura de 5 m e atravessa a altura total da barragem até ao seu coroamento. O enchimento entre paredes é constituido por enrocamento e solo. Todos os materiais da estrutura foram, evidentemente, colocados a mao. Na Gra-Bretanha, no século XIX, 0 projecto € a construcao de barragens de aterro foram baseados em conhecimentos empiricos, adquiridos na construcio de diques para navegacéo e de acudes com fins ornamentals. As obras eram essencialmente constituidas por um niicleo de pasta argilosa e macigos estabilizadores com declives mu suaves. Até 1930, em pouco mais de um século, foram construidas na Gra- -Bretanha cerca de 260 barragens de aterro com altura superior a 5 m, principal- mente para abastecimento de égua, tendo ocorrido apenas quatro rupturas (SCHNITTER, 1994). Em contraste, de cerca de 380 barragens de aterro construidas até 1930 nos Estados Unidos 9% romperam, 3/5 das quais nos primeiros dez anos de exploracéo (SCHNITTER, 1994). A principal causa das rupturas foi o galgamento. As rupturas estruturais devem ser atribuidas ao empirismo do seu projecto e construgdo, sem a integracao da experiéncia anteriormente adquirida, bem como a consideravel pre- disposicdo para a inovacdo, a qual foi, no entanto, determinant para 0 progresso da engenharia destas obras. ‘Uma destas inovagdes é devida a William Morris que adoptou um novo zonamento- interno de materiais na barragem de South Fork (1833-1852, Fig. 1.7, SCHNITTER, 1994): a metade de montante da sec¢o transversal era constituida por pasta argilosa eseparada, por uma zona de transicao em xisto, de macico de jusante, que consistia ‘em enrocamento solto. A primeira barragem de enrocamento para rega foi construida em Otay Creek, a sudeste de San Diego na Califérnia (1886). Consistia num simples depésito de blo- 05 soltos de rachas, colocados em ambos os paramentos segundo o seu Sngulo de atrito natural, e impermeabilizado por um nticleo central de aco. Barragens de enrocamento semelhantes foram impermeabilizadas, a montante, com revestimentos de madeira, a¢o ou hetao, permitindo maiores reduces do seu volu- ime, jd que todo o corpo da barragem era mobilizado para resistir a0 impulso da Agua. O uso de nticleos de terra em barragens de enrocamento, dotados, de ambos 0s lados, de zonas de transicSo apropriadas, tornou-se mais tarde muito comum. Carinuio 4 - Bannasens Rickert RRR solatetecorerecte SRS SSOOIOCON Figura 1.7 — Esquema da seccéo transversal da barragem de South Fork (SCHNITTER, 1994) Em 1875, foi completada a primeira fase da barragem de Lower San Leandro, para servir as populagées do lado este da Bafa de San Francisco, na California (SCHNITTER, 1994). Uma caracteristica especial desta estrutura de aterro é dispor de uma vala central na fundagao, escavada 9 m abaixo do leito do rio e dotada de trés paredes corta-dguas de betdo (cada uma com 0,9 m de espessura e 1,5 m de altura) com cerca de metade da sua altura ancorada na fundacao. O material de aterro foi langa- do por vagées e espalhado. A compactacao foi conseguida pelos rodados clos va- ges e por um conjunto de cavalos, conduzidos de um lado para o outro no aterro. Durante milénios o homem deu as barragens de alvenaria formas adquiridas pela experiéncia, mas que continham em si algumas das caracteristicas bésicas que a engenharia mais tarde thes conferiria: as solucdes em gravidade e em arco, ambas reforcadas ou nao com contrafortes ou nervuras, existem desde que existe barra- gens. risus, construtor de uma barragem arco para abastecimento de Agua, préximo da actual fronteira entre a Turquia e a Siria, durante o reinado de Justiniano, 565-527, d.C., concebeu uma obra "em forma de crescente, para que pela sua for- ma, com a convexidade vottada para montante, resistisse melhor a violéncia do cur so de agua” (SCHNITTER, 1967). A construgao de barragens gravidade de alvenaria terd certamente comecado ha 3000 ou 4000 anos. Mas foi apenas no século passado, e apés a ocorréncia de alguns acidentes, que surgiram as primeiras tentativas de teorizagao, por vezes algo ingénuas, e com elas as preocupacées com a seguranca: em 1853, Sazilli propos que a tensdo de compressio maxima, quer com albuufeira cheia quer vazia, fosse a mes- mae tanto quanto possivel constante em toda a altura da barragem; em 1872, ‘Cunso ve Execonagio © Seounaucn o€ Banracens Rankine defendeu que as obras de gravidade (de alvenaria) deviam ser construidas por forma a néo terem tensbes de traccéo; em 1895, Levy, na sua famosa “Comuni- cagéo & Academia Francesa de Ciéncias", propés a regra que estabelecia dever a tensio de compressao no material do paramento de montante, em cada ponto, ser superior 8 pressdo da aqua nesse ponto para a albuteira cheia (THOMAS, 1979). As primeiras barragens em arco, de alvenaria, so também muito antigas. € certo que, fosse por abstraccao matematica, fosse em resultado de tentativas e “experién- cias" diversas, desde pelo menos os tempos romanos se construftam obras em arco, de formas muito correctas. © impulso decisive no projecto das grandes abdbadas de betao, verificado na segunda metade do século XX, deve-se, por um lado, ao desenvolvimento dos moder- nos métodos de dimensionamento e, por outro, a0 dominio que se foi adquirindo dlas caracteristicas dos materiais e das técnicas construtivas.. 1.2.2, Tipos de barragens (de aterro e de betdo). DisposigGes construtivas 1.2.2.1, Barragens de aterro * 1.2.2.1.1. Conceitos basicos Genericamente, as batragens de aterro podem classficar-se como segue (Normas de Projecto de Barragens): = de terra, com perfil homogéneo ou com perfil zonado; — de enrocamento, com érgao de estanquidade a montante ou com drgao de estanquidade interno; = mistas, com perfil constituido por dois macigos, um de terra e outro de enrocamento. Como acontece com qualquer classificagéo, também esta ndo é exaustiva, De facto, hd outros tipos de obras que a classificacdo anterior no considera, como, por exem- plo, as constituldas por um macigo de betéo (convencional ou compactado) e um macigo de terra ou enrocamento. A classificagdo anterior pressupée uma distingéo entre os materiais incorporados nos macigos de terra e nos de enrocamento, que assenta nas seguintes caracterlsti- cas distintivas (Normas de Projecto de Barragens): * Autor: Laura Caldetra Gapiruto 1 ~ Bannasers ~ os materiais incorporados nos macicos de terra séo constituldos, essencialmente, por solos, 0s quais se caracterizam por granulometrias mais ou menos extensas, com larga predominancia de elementos de dimensdes inferiores a 2 mm, admi- tindo-se a presenca de elementos mais grosseiros, desde que ndo formem uma estrutura; 0 comportamento dos macicos de terra, dos pontos de vista da com- pactabilidade, da deformabilidade, da resisténcia mecanica e da permeabilidade, 6 condicionado pela matriz dos elementos finos; 05 enrocamentos exibem, em regra, dimensdes com larga gama de variagéo, sen- do o limite superior fixado por aspectos técnico-construtivos e podendo o limite inferior atingir a dimensdo da argila; a presenca de particulas finas (com dimen- sbes inferiores a 0,074 mm) pode ser prejudicial para o comportamento mecani- co dos enrocamentos compactados; uma granulometria extensa favorecera a obtencdo, apés compactagdo, de uma acentuada diminuicao do indice de vazios, como consequente aumento de resisténcia e reducdo da deformabilidade. Uma barragem de terra, quando devidamente projectada e construfda, pode ser constituida por uma grande variedade de solos naturais. A possibilidade de adequa- (Boa grandes deformacées sem ruptura e a elevada relaco base/altura que as ca- racteriza constituem factores que recomendam este tipo de barragem para funda- Bes brandas, compressiveis ou permedveis, j4 que as tensbes aplicadas ao solo de fundagéo so bastante reduzidas e 0 trajecto da agua percolada através da funda- go € necessariamente longo. E evidente que, em qualquer caso, as tensées deve ser compativeis com a capacidade resistente da fundagao, as deformagées ndo de- vem ultrapassar os limites aceitaveis e as condigdes de percolacao nao devem propi- car a ocorréncia de eroséo interna, As barragens de enrocamento, por seu lado, tm que possuir um dispositivo que assegure a sua impermeabilidade, pois 0 enrocamento que as constitui, por defini- 40 grosseiro e sem finos suficientes, nao pode assegurar tal fungao. A impermeabilizagao do corpo da barragem pode ser conseguida através da execugéo de uma cortina estanque vertical, sensivelmente no eixo da barragem (solucao, no que se refere a percolacéo, praticamente equivalente a uma barragem de terra zonada) ‘ou revestindo o talude de montante com uma membrana impermeavel (de betao, madeira, aco, material betuminoso ou telas plasticas). Como as cortinas ou membranas sofrem deforma;ées importantes, em virtude dos assentamentos dos enrocamentos, quase sempre significativos, adoptam-se juntas adequadamente dispostas e dispositivos especiais para evitar rupturas comprome- tedoras para a impermeabilizacdo. £ habitual incluir, a jusante das membranes e cortinas, filtros capazes de controlar, sem risco de erosdo interna, as infiltracoes acidentais, garantindo assim uma seguranga adicional as obras. Gunso oe Exptonagéo © Secunanga DE BARRAGENS Em relagdo as barragens zonadas com nicleos argilosos, as que dispoem de cortinas de materiais manufacturados podem ter vantagens em locais com boa fundagéo rochosa e em que nao existam solos com as necessarias condicdes de permeabilidade para serem empregues no nticleo. O menor volume que os aterros de barragens com cortina exibem é, por outro lado, um factor que pode ter influéncia decisiva num estudo econémico comparado, Um tipo de barragem que se tornou muito comum é a barragem zonada, constitui- da por macicos estabilizadores de enrocamento e por um ndicleo central protegido, a montante e a jusante, por filtros de espessura e granulometrias varidveis. Esta solugdo enquadra-se numa perspectiva de optimizagio de uso dos materiais dispo- niveis, colocando-os, de forma adequada (isto ¢, de acordo com as suas caracteristi- ‘cas mecdnicas e hidraulicas), nas diferentes zonas do corpo da barragem. As barragens de terra e enrocamento, com niicleo central ou com niicleo inclinado, atingiram alturas sem precedentes (300 m na barragem de Nurek, na exURSS) € constituem, conforme referido, uma das solugées mais frequentemente adoptadas no dominio das barragens de aterro. Refericlos os tipos de barragens de aterro e as caracteristicas dos materiais que, no essencial, as constituem, indicam-se seguidamente, para cada um deles, os perfis transversais tipicos, a sua evolucao e a respectiva justificagéo. 4.2.2.1.2. Perfis-tipo As barragens de perfil homogéneo (“homogeneous fill dams") so, geralmente, construidas com argilas, argilas arenosas, areias argilosas e misturas de argilas,areias @ cascalhos, podendo ainda ser construidas com solos mais permeéveis, tais como areias siltosas, areias e cascalhos arenosos, desde que a percolagdo seja aceitavel. Neste tipo de barragens, todo o macico serve para controlar a percolacéo da agua para transmitir cargas 8 fundacdo (Fig. 1.8, na qual, tal como nas seguintes, adapta- das de FELL et a., 1992, os nmeros insericos em circulos correspondem ao tipo de materiats descritos no Quadro 1.1, p. 30). Nao disp6e de dispositivos especiais de controlo de percolacao, filtros ou drenos, pelo que é particularmente susceptivel a rupturas por erosdo interna e a fluxos de agua emergentes na face de jusante. Teton) Nive ade Grvalcorigie semen Figura 1.8 - Perfil-tipo de uma barragem de terra homogénea {adaptada de FELL et al., 1992) Cariruco 1 - Banaasens Os aterros deste tipo foram usados, no passado, em grandes barragens. No entanto, a ocorréncia de acidentes e incidentes relativamente frequentes e a comprovacao da eficiencia de dispositivos de filtragem e de drenagem, conduziram a limitagao do seu uso a barragens com altura inferior a 5 m, em locais de baixo isco. Numa fase posterior, para evitar o aparecimento de Agua no paramento de jusante, dotaram-se as barragens de perfil homogéneo com dreno de pé de jusante, capaz de captar e escoar 05 caudais devidos & percolagéo pelo corpo da barragem. Estes aterros foram construidos com materiais tipicos das barragens homogéneas, mas com um pé de jusante permedvel de enrocamento ou de cascalho (Fig. 1.9). CO contraste de granulometrias dos materiais envolvidos impés a colocagao de um filtro adequado entre os solos da barragem e os materiais do dreno de pé de jusante. Figura 1.9 - Barragem de terra homogénea, com dreno de pé de jusante (adaptada de FELL et al., 1992) Se a relacdo entre a permeabilidade na direccéo horizontal (k,) e a permeabilidade nna direcgdo vertical (k,) fosse prOxima da unidade, 0 dreno de pé atrafria 0 escoa- mento da 4gua percolada, controlando assim a eroséo interna e a percolacéo. No entanto, como a razdo entre as permeabilidades (k,/k,) em aterros compactados é geralmente superior & unidade, o controlo da erosdo interna e da percolagéo era pouco eficiente, pelo que os caudais percolados continuavam, por vezes, a emergir, de um modo descontrolado, na face de jusante. Os aterros com drenos no pé de jusante foram usados, no pasado, em grandes barragens, mas os incidentes e acidentes devidos a ocorréncias do tipo dasmencio- rnadas limitaram o seu uso a barragens de menor dimensdo. A eventual construcgo, no futuro, de barragens com estas caracteristicas, deve limitar-se a pequenas barra- gens, com altura inferior a cerca de 10 m, em locais de baixo risco. Em algumas barragens foi adoptada uma solugdo conceptualmente semelhante & do dreno do pé de jusante, mas na qual o controlo da percolacdo através do corpo da barragem, visando evitar a emergéncia de agua no paramento de jusante, era assegurado por um tapete drenante (Fig. 1.10). As barragens de terra com tapete drenante so construidas com materiais semelhantes aos das barragens homogé- reas, mas com um dreno horizontal, composto por areias ou areias e cascalhos de alta permeabilidade, na zona de jusante, no contacto do aterro com a fundagao. 120 Curso oe Execonagto e Secunanga ne Bannasens Zo 2 Figura 1.10 Barragem de terra homogénea, com tapete drenante fadaptada de FELL et al., 1992) Tal como referido para o dreno do pé de jusante, também a eficiéncia do tapete drenante depende da razio k,/k,. Desde que, para 0 material do aterro, esta razéo seja proxima da unidade, a linha de saturacdo nao atinge o paramento de jusante, escoando-se a Agua através do tapete. Se o dreno for projectado como um filtro, a erosio interna é também, deste modo, controlada. No entanto, ky/k, € por vezes muito alto e a gua pode, “ignorando" o tapete drenante, emergir no paramento de jusante, no havendo controlo eficaz nem da percolagao nem da erosao interna. No passado foram construidas barragens até 50 m de altura sé com tapete drenante. Apesar de algumas destas barragens poderem estar operacionais, desde que conve- nientemente instrumentadas e observadas, a adopgao desta solugdo nao é conside- rada, hoje, boa pratica, Os aterros apenas com tapetes drenantes devem ser limita- dos a barragens de pequenas dimens6es (com altura inferior a 10 m) em locais de médio a baixo risco. Ocomplemento da solugao anterior (tapete drenante) com um dreno vertical (dreno chaming) deu lugar as barragens de terra homogéneas dotadas de dreno vertical e tapete drenante. Apesar de frequentemente considerados como uma inovagao rela- tivamente recente, os drenos chaminé foram usados em barragens relativamente antigas (por exemplo, a barragem de Sherburne Lake, construfda em Montana, USA, entre 1915 e 1918, dispunha de um dreno vertical cuja espessura variava entre cerca de 1,5 3 m (SHERARD et al, 1967). Estas obras séo igualmente construidas com materiais semelhantés aos das barra~ gens homogéneas, mas dispondo de um dreno vertical e de um tapete drenante, compostos por areias ou areias e cascalhos altamente permeaveis (Fig. 1.11). Figura 1.11 ~ Barragem de terra homogénea, com dreno vertical e tapete drenante (adaptada de FELL et al., 1992) Caetruto 1 — Bannasens 0 dreno vertical intercepta a percolagdo através da barragem, sendo a Sgua a ele afluente conduzida para jusante através do tapete drenante. Assim, desde que arn- os 0s dispositivos tenham capacidade de escoamento suficiente, o macico ajusante do dreno vertical permanecera nao saturado. Este controloé independente da razao_ ,{k, do aterro, Para além disso, se os drenos forem projectados obedecendo a con- dicdo de filtro, em relacdo ao material do aterro, a erosao interna estara também: controlada, Quando colocado directamente sobre a fundacéo, 0 tapete drenante intercepta tarn- bém a 4gua percolada através desta, controlando, deste modo, as press6es intersticiais nna sua zona superficial e evitando a instalacao de pressées no aterro geradas por este tipo de circulago de 4gua. Se a camada inferior do tapete for dimensionada como filtro do material de fundacéo, controlaré também a eroséo interna da zona superficial da fundacSo. Isto é particularmente importante para barragens construidas sobre solos permeaveis (areias, misturas de areia e cascalho e solos argilosos com estrutura permedvel) ou sobre rochas alteradas ou fissuradas de franca permeabilidade, as quais sao potencialmente erodiveis. Existem muitos exemplos de barragens deste tipo com alturas variando, em geral, entre 30 e 50 m. O controlo da percolacao e da erosio interna que este tipo propor- ciona recomenda a sua adopcéo em barragens de elevado isco. Apesar de, construtivamente, o dreno chaminé vertical ser mais facil de executar, 0 problema da transferéncia de tensées entre materiais de diferente deformabilidade justificou a adopgao de drenos chaminé inclinados em grande ntimero de barra- gens. Como seria de prever, aos drenos chaminé e tapetes drenantes associaram-se drenos de pé de jusante, por forma a garantir a continuidade ao tapete e constituir uma seguranca adicional para fazer face & eventual colmatagio do dreno chaminé ou do tapete drenante ou ainda a grandes einesperados fluxos provenientes da fundacéo. A indisponibilidade de solos com caracteristicas relativamente homogéneas cedo conduziu as barragens de perfil zonado, Como se compreende, uma das solugées que desde logo se perspectivou, e cuja generalizacéo sofreu um enorme impulso com a evolucao das técnicas de escavacdo, transporte e colocacio, e com o crescen- te dominio do comportamento de misturas de solos ¢ de rochas, consistiu no apro- veitamento dos materiais disponiveis com adequadas caracteristicas de resistencia e de permeabilidade para o macigo de montante e/ou o niicleo, e na utilizagio dos restantes materiais no macico de jusante ou nos macigos de montante e de jusante, onde a sua funcio & a de assegurar a estabilidade, Gunso oe Exeuoragho & SEGURANGA DE BARAAGENS Assim, como variante as barragens de terra homogéneas surgiram, primeiramente, as barragens de terra de perfil zonado (“zoned fill dams"), com todo 0 corpo da barragem constituldo por argilas, argilas arenosas, areias argilosas e misturas de argila, areia e cascalho. O zonamento decorre da adopcao de diferentes energias de compactagao € teores em agua, tendo a zona que assegura primordialmente a impermeabilizagdo um maior grau de adensamento e de teor em agua. Essa zona inclui o macigo de montante e 0 niicleo (Fig. 1.12) ou apenas o nticleo. Alternativa- mente, os macigos podem ser constru(dos a partir de rochas alteradas de baixa resisténcia, que fracturam durante a compactacdo, formando assim uma mistura de solo e de rocha, com permeabilidade superior, mas com material granular fino sufi- ciente para permitir algum controlo da erosao interna (sem necessariamente obede- cer a algum critério de filtro). Mais recentemente, tem sido frequente a adopgao de perfis-tipo zonados, formados por solo e enrocamento, de que so exemplo as barragens de terrae enrocamento com ndicleo central. O nticleo central deste tipo de obras é, em geral, constituldo por materiais de aterro andlogos aos descritos para as barragens homogéneas, mas tam- bém pode ser constituido por materials mais permedveis, como areias siltosas ou rochas alteradas compactadas, desde que a permeabilidade (e o caudal percolado resultante) seja aceitavel, O nticleo ladeado, a montante e a jusante, por macicos de enrocamento. Idealmente, 2 rocha a usar nos macigos estabilizadores deverd ser resistente e durdvel, de modo a constituir enrocamentos permanentemente drena- dos, embora, na pratica, nem sempre sejam respeitados em absoluto estes critérios. Para controlar a erosio interna s4o ainda colocados fittros entre o nticleo e os maci- cos de enrocamento (Fig. 1.13). Figura 1.12 - Barragem de terra zonada (adaptada de FELL et al., 1992) Desde que 0 enrocamento seja suficientemente permedvel, a Agua percolada atra- vés do nucleo de terra atinge rapidamente a zona do macigo de jusante junto & fundagéo, mantendo-se a restante zona, por isso, praticamente seca, As pressbes intersticiais no nticleo sto dependentes da razao k,/k, do seu material constituinte, mas como esta zona é suportada pelos macigos de enrocamento, a establlidade nao ¢ particularmente sensivel a estas pressdes. (Carfruvo 1 ~ Bannasens Figura 1.13 - Barragem de terra e enrocamento com nticleo central (adaptada de FELL et al, 1992) Este perfil-tipo, com 0 niicleo central de solo e os macigos estabilizadores de enrocamento, é adequado para a construgdo de barragens de grande altura, sendo de realgar que foram jé construidas por este processo, conforme referido, barragens que atingiram alturas da ordem de 300 m. Para barragens com altura inferior a 20m, a escolha desta solugao envolve algumas dificuldades na construcao, devido a0 reduzido espaco disponivel, revelando-se, em geral, mais econémicas outras, solugées. Algumas solucdes de barragens de terra e enrocamento fazem deslocar o nticleo para montante, para as proximidades do paramento (barragens de terra e enrocamento com niicieo inclinado). Estas barragens (Fig. 1.14) utilizam os materi- ais indicados para as barragens referidas nos pardgrafos anteriores, mas oferecem, relativamente as ultimas, as seguintes vantagens: ~ necessidade de menor quantidade de solo na materializagao do nucleo; = a colocagao dos materiais do nticleo e dos filtros pode ser posterior & construcéo do macigo de jusante, feita durante épocas chuvosas, quando a colocagéo dos solos se revela impraticével; ~ a construcao faseada € facilitada pela colocago do nucleo junto ou muito préxi- mo do talude de montante. A aparente vantagem decorrente da possibilidade do talude de jusante ser mais inclinado é usualmente contrabalancada pela necessidade de dotar o talude de montante de um declive mais moderado do que o requerido para barragens com niicleo central. 0 controlo da percolagao e da erosdo interna para este tipo de perfil é adequado, nao existindo assim limitagéo tebrica para a altura das barragens realizadas com nucleo central ou inclinado, tendo, por esse motivo, ambos os processos sido usa- dos na construcéo de grandes barragens. Tal como no caso anterior, em barragens com altura inferior a 20 m, a construcdo torna-se complicada devido a limitagoes de espaco, podendo outros tipos de barragens resultarem mais econdmicos. Gunso o¢ Exeuonagho & Seounaxga o& Bannacens Figura 1.14 Barragem de terra e enrocamento com nucleo inctinado para ‘montante (adaptada de FELL et al,, 1992) Num outro tipo de barragens de enrocamento a impermeabilizagdo é assegurada por um érgao estanque manufacturado, colocado no peramento de montante ou na zona central do corpo da barragem Deste grupo salientam-se as barragens de enrocamento com cortina de betao. Des- tas, as mais frequentes sdo construidas com enrocamentos drenantes, com uma camada amortecedora, de enrocamento seleccionado, entre a laje de revestimento do paramento de montante, de beto, ¢ 0 aterro de enrocamento, de modo apoiar niforrnemente a laje (Fig. 1.15). A laje é betonada sobre o enrocamento (normal- mente depois deste estar totalmente construido), armada, com juntas de contrac- (Go, dotadas de dispositivos de estanquidade, de modo a ter em conta as deforma- (Bes provocadas pela retraccdo do beto, pelas variagées térmicas ambientais e pela deformago induzida pela pressao hidrostatica. Na zona de contacto do paramento de montante com a fundacéo, esta laje é prolongada por uma estrutura mais rigida de betdo armado (viga ou laje), devidamente encastrada na fundacao e designada por plinto, capaz de conferir uma ligacdo estanque entre a cortina de betdo e a fundagao. O plinto é idealmente ancorado em rocha sé, no erodivel e de baixa permeabilidade. Em forma6es rochosas fracturadas ou menos resistentes executarn- “se cortinas de consolidacéo e de impermeabilizacao a partir dos plintos ou de gale- sias neles projectadas. Cortinajde injecgdes Figura 1.15 — Barragem de enrocamento com membrana de betdo no paramento de montante (adaptada de FELL et al., 1992) RE Gaviruo 1 - Bannacens Apresenca do enrocamento garante, pelas caracteristicas drenantes associadas, que no ha desenvolvimento de pressées intersticiais, pelo que o limite maximo da incli- nago dos paramentos de montante e de jusante ¢ 0 angulo de atrito do enrocamento. Acamada amortecedora de enrocamento é, geralmente, dimensionada de modo a limitar 0 escoamento se ocorrerem fendas na laje ou se as laminas de estanquidade das juntas de contraccdo romperem, actuando como um filtro em relacdo ao solo subjacente. {As cortinas impermeSveis de betéo armado podem também, como referido, ser lo- calizadas, como um néicleo, no interior do aterro. Ambas as solucdes tém vantagens einconvenientes, havendo autores que, dada a maior faclidade de acesso ea maior estabilidade que conferem a barragem, S40 favoraveis a localizacao da cortina no paramento de montante. Com efeito, como se indica na Fig. 1.16, a resultante da pressdo hidrostatica tem, neste caso, uma componente estabilizadora, ¢ toda a base de contacto da barragem com a fundacao contribui para resistir ao deslizamento. Figura 1.16 - Localizagao de cortinas de bet&o em barragens de enrocamento {adaptada de FELL et al., 1992) © dimensionamento de cortinas interiores de beto armado (nao é aconselhdvel o uso de cortinas de betao simples), quer no respeitante & espessura, quer no respeitante as armaduras, tem de ser muito baseaco na experiéncia, dado que a avaliacio do seu comportamento se apresenta particularmente dificil. 26 (Curso oe Expconagéo ¢ Sequnangs De BARRAGENS ‘Adopta-se, por vezes, urna zona de solo argiloso adjacente a cortina, para colmatacio de qualquer fenda que eventualmente se produza nessa cortina. No passado foram utilizados, em alternativa ou conjuntamente, revestimentos metdlicos, de elevado custo, Os principais problemas decorrentes do uso de cortinas de betao armado no para- mento de montante estavam associados a fendmenos de fendilhacao resultantes de importantes assentamentos dos aterros apés a construcdo, mais significativos no caso de macicos de enrocamento. No entanto, na hipdtese de ruptura localizada da cortina, os escoamentos dai resultantes ndo afectavam grandemente a estabilidade dos macicos constituidos por materiais grosseiros permedveis. Outro tanto nao su- cede com os aterros de materiais finos, pois a auséncia de um sistema de drenagem adequado pode provocar problemas de erosio interna ou aumento das pressdes intersticiais, susceptiveis de afectar a estabilidade do macigo. Mais recentemente, com a utilizacdo de enrocamentos de granulometria extensa, devidamente compactados, os assentamentos associados sfio moderados, 0 que justifica 0 au- mento do numero de barragens de enrocamento com cortina de betdo a montante, colocada apés a execucdo do aterro. Para barragens com menos de 20 m de altura, a tecnologia construtiva envolvida nna execugao da laje torna a solucao anti-econémica, Este tipo de barragens é par- ticularmente adequado para a construcéo em dreas de elevada precipitacao, onde a colocacao de aterros com solos & impraticavel, e em locais com boas fundacdes rochosas. Em algumas barragens, em vez da cortina de betao tem-se adoptado uma membra- na mais deformavel, de betao betuminoso. Esta solucdo envolve preferencialmente a.utilizag&o de rochas drenantes ou aterros de areia ¢ cascalho, mas tem sido usada uma extensa gama de solos e de enrocamentos, Armembrana de betdo beturninoso construida no local, e usualmente consiste numa estrutura tipo “sandwich”, com pelo menos duas camadas de beto betuminoso que actuam como membrana im- permedvel e uma camada drenante, também de beto betuminoso, mais poroso (ICOLD, 1982). A ocorréncia de temperaturas elevadas provoca perturbacées, tais como enrugamento, fssuracéo superficial e escorréncia do material que podem afec- tara funcionalidade da cortina. ‘O controle da percolagao e da erosto interna é assegurado pelo betdo betuminoso (dadas as caracteristicas de impermeabilidade ¢ de flexibilidade deste tipo de mate- rial) ¢ pelas camadas drenantes do aterro. A aptidao deste material para exibir um comportamento estanque € muito aumentada coma diminuigdo do indice de vazios da mistura apds 2 compactacéo, obtida com as modernas técnicas. No entanto, a 12 Capture 1 ~ Bannanins execugao de betuminoses, particularmente em superficies muito inclinadas, implica um controlo e superviséo de grande rigor, € 0 recurso a equipamento e a mao de obra especializados. 0 uso de betio asfaltico no interior do aterro, em alternativa a sua colocagao no paramento de montante, pode ser ditado pela sismicidade, pela previsdo de assen- ‘tamentos elevados ou pelas condicées climaticas, com temperaturas elevadas. ‘Tem sido projectadas barragens, com altura excedendo 50 m, com cortina a mon- tante de betdo. Contudo este tipo de projecto é normalmente aplicado em barra- gense albufeiras de pequenas dimens6es. Por outro lado, o beto betuminoso tem sido usado como material de nucleo num limitado ndimero de barragens de terra de enrocamento, geralmente quando néo se dispde de solos adequados em quanti- dade suficiente. Uma outra op¢ao consiste na colocacio de chapas de aco a revestir o paramento de montante. As chapas sao dotada de juntas de dilatagao, dispdem de proteccdo catédica para controlo da corrosao e aplicam-se a aterros com caracteristicas seme- Ihantes aos revestidos a beto (armado ou betuminoso). As vantagens associadas & maior deformabilidade e a rapidez de construcao séo contrabalancadas pelo seu clevado custo e pelo problema da corrosao, pelo que, na decisao sobre a adopcdo de uma solucéo deste tipo, todos aqueles factores devem ser devidamente pondera- dos. As cortinas interiores em aco tém sido pouco utilizadas, limitando-se a algumas barragens com altura inferior a 40 m. Em reparagées, e por vezes na fase de projecto, tem-se recorrido a membranas fi- nas, constituidas por elastmeros (isobutileno), por plastémeros (polietileno de baixa densidade, cloreto de polivinil), com espessura variavel até 2 m, ou por betuminosos, com espessura variavel até 8 mm (ICOLD, 1981). Os aterros so construidos com arelas, areias e cascalhos ou enrocamentos, com uma fina mem- brana colocada na face de montante, A membrana é apoiada numa almofada de areia ou de cascalho e coberta por areia, enrocamento ou lajes pré-fabricadas, para a proteger da exposi¢ao solar, da acco da mareta e de detritos flutuantes. AICOLD (ICOLD, 1981) recomenda que a aplicacao de membranas de reduzida es- pessura sja limitada a barragens com alturas inferiores a 30 m. Contudo, no futuro, quando 0 aumento de experiéncia no uso de membranas dé garantias da sua aplicabilidade em boas condigdes, parece provavel que este tipo de solucdo possa ser adoptado em barragens mais altas. 8 Curso ne Evpconagio & SEGURANGA DE BARAAGENS 1,2.2.1.3. Critérios de projecto Independentemente do perfil-tipo adoptado, as exigéncias fundamentais do ponto de vista da seguranca estrutural a que deve obedecer 0 projecto de uma barragem de aterro sdo as seguintes: ~ os taludes tém que ser estaveis em todas as situagdes de construcéo e exploracdo dda barragem, incluindo o esvaziamento rapido da albufeira; no caso de a barra- gem se situar numa zona sismica, deve igualmente assegurar-se a sua estabilida- de do ponto de vista dindmico; ~ o corpo da barragem no deve impor tens6es excessivas a fundacéo; ~ apercolagéo da agua no macigo, na fundacgo e nos encontros deve ser controla- da, para evitar orisco de fendmenos de erosio interna e de dissolucao de materiais. ‘Averificagio da seguranca de uma barragem de aterro nao esta limitada & garantia de uma reduzida probabilidade de ocorréncia de ruptura por escorregamento. De facto, as barragens homogéneas ou zonadas, com boas condigées de fundacdo, possuem enormes resistencias do ponto de vista mecanico, pelo que a estabilidade de taludes, desde que dimensionados por métodos adequados, nao poe problemas de maior. Pelo contrério, sd0 0s fendmenos de eroséo interna aqueles que necessi- tam de um maior controlo, Assim, por exemplo, defeitos no arranjo dos filtros adja- centes ao nlicleo pode conduzir a um fenémeno localizado de eroséo interna ou piping, do tipo progressivo, ou & perda, por arrastamento, de quantidades aprecia- veis de material do nticleo, que vao assim preencher os vazios da massa de solo ou enrocamento situada a jusante. A erosdo interna é 0 arrastamento de particulas do solo, do interior da barragem ou da fundacéo, produzido pela percolacao da gua. ‘A erosio interna tende a propagar-se para montante, a partir do ponto de saida da 4gua, sob forma de passagens continuas ou tubos, até atingir o talude ou a superficie da fundagdo a montante, produzindo-se assim 0 piping, um dos fenémenos que conduzem mais rapidamente a ruptura de uma barragem. 1.2.2.1.4. Materiais Uma barragem deve ser projectada de modo a satisfazer as condic6es topogréficas fe de fundacéo particulares do local de implantacio e a usar os materiais de constru- Go disponivels, pelo que nd existem realmente projectos tipicos ou “standard”. No entanto, pode ser referida uma lista de funcbes e caracteristicas gerais dos materiais que constituem cada uma das zonas assinaladas nos perfis-tipo, atrés sucintamente descritos. Assim, 0 Quadro 1.1 apresenta, para o sistema de numeracao usado nas Fig, 1.8. 1.16, a funcdo e a descrigdo dos materias tipicamente usados nas diferen- tes zonas de barragens de aterro. Realsa-se, no entanto, que a boa pratica da enge- nharia de barragens envolve a utilizago dos materias disponiveis no local, em lugar (Cariruto 4 — Bannncens da procura de materials com ideias preconcebidas acerca das suas propriedades. Esta regra nao se aplica aos fittros 2A & 2B, para os quais se deve seleccionar materiais densos, duros e duraveis, entre limites apertados. com particulas de dimensoes compreendidas 1.2.2.1.5. Protecgao do coroamento e dos paramentos ‘A manutengéo do corpo da barragem em boas condicdes envolve a adopcao de medidas de protecgio da sua superficie exterior, ou seja, do coreamento e dos paramentos de montante e de jusante. Quadro 1.1 -Zonas e fungbes dos materiais de barragens de aterro {adaptado de FELL. ef al., 1992) ZONA | BESCRIGKO Fungho MATERIAIS DE CONSTRUCKO Controle do perclacio | Ares, args arenosas,acis arses, ais, através da barragom. — | sitses,posivelmente com algum cacalho. 1] Sele

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