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INTRODUGAO, ord que 6 verdadeiramente terrivel o peso e maravihosa a leveza? Milan Kundera’ ‘ag casas que apresentamos distribuer-se, de norte a sul, numa faixa de tertoro debracado sobre © Atlantico que abrange desde a ria de A Corufta até & for do Douro. seo ieatje uma area que, mesmo pertencendo a dois estados vizinhos, Espanna © Portugal, possui uma notével unidade antropolégica e cultural, com wna suave homoge- eorsede ra sua paisagem e na sua geografia natural e humana. O rio Minho que acta de toscearno itimo lango constitul, 20 mesmo tempo, um elemento de identidade para Se ones cada margem. O Douro, como limite meridional da area que selecionémos, Males Ghvisdo geografica entre o relevo montanhoso galaico @ a meseta castelnana ce penetra 2 enero portugueses delimitando o Portugal do Minho. Uma série de factos justice ce ree eras ¢ anidade 20 referi-nos a este terior: durante a idade do ferro fol o cendo da ‘ate castrense; no periodo da romanizacao formou parte da mesma provincia —" Gulnetia de Diocleciano— e, mesmo depois, durante a ocupagao sueva visig6tlca, NO evango da eristianizacéo; uma lingua roménica comum, o galaico-portugués. culo esplen- Sor ha Baixa Idade Média superou o castelhano, perdurou até aos nossos das. ‘repectos comuns, como clima e a luz, a natureza geol6gica do solo, as culties, OS animene domesticos, 28 feiras do gado, as fabulas, a magia... ou 0 papel da morte, define) alguns dos aspectos de uma sociedade rural baseada historicamente nas actividades de sesioragao do mar © numa agricutura de subsisténcia. Uma palsagem sulcada, intense cern povoada, cheia de vestigios da actividade humana: aldeias, eras, celeros, pests seeantctios para limite entre propriedades ou como suporte és ramadas... A persisténcia de eranacrénico poder feudal, a influéncia do clero e do cacique local, a industrializacdo tar tia, 2 emigragao, a pobreza e a opressdo de longas ditaduras convivendo, nesta regio do snundio, com a beleza, o mistério e a dignidade das formas da cultura tradicional... indi Samends que, nao s6 antes da fundagdo do reino portugués mas também depois, mesmo fa histéria contemporanea, estas terras tém tido destinos nao muito divergentes. tho lado das semelhangas, algumas diferencas podem enriquecer uma descricao t&o apressada e esquemtica. A costa portuguesa ¢, geralmente, uma faixa estreita de areia enquanto a galega se debruca e quebra no relevo das rias. A lingua, como diz 0 arauitecto Siza Vieira, apesar de ter a mesma origem e as mesmas palavras, € na Galiza simultanea- mente mais aspera —a fonética do portugués ao norte recebou, a partir do século Xl, a influéncia mogérabe de Coimbra e de Lisboa— e mais doce pelo uso tao frequente dos diminuitivos. A presenca da pedra granitica, tanto nas construgdes rurais como nas arqul fecturas © cidades monumentais, transmite na Galiza uma sensagao de etemidade, recia- madas que so as obras do homem pela natureza através de um tempo que é, simultanea- mente, histéria e meteoro; em Portugal, a pedra convive, mais frequentemente, com a cal, © barro, e 0 azulejo cujo emprego exclui aquela osmose com o tempo. ‘Duas cidades, relativamente pequenas mas bem conhecidas no mundo inteiro, como Santiago de Compostela e Porto, poderiam ser os sinais urbanos deste mitolégico Finisterrae, 0 territério mais ocidental e mais afastado de Europa mas, também, o destino de um dos caminhos mais famosos da histéria. Precisamiente porque o mapa natural his torico destas terras no coincide com 0 mapa poltico, interessa-nos comparar algumas casas contemporaneas, de um e do outro lado, apoiados na tradicional capacidade do tema para condensar inquietudes e reflexes de ordem mais geral. Estas poucas obras

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