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Quartier Lav teve 0 mérito de dar inicio a uma nova fase, na apresentasio grifica dos livros juridicos, quebrindo a fieza dus capas neutras ¢ teocando-as por edigdes artisticas, Seu pioneicismo impactou de tal forms o setor, que intmneras Editoras seguiram seu modelo.” Ives Gana Da Sava Martins Editora Quartce Latin do Brasil ‘Empresa Brasileira, findada em 20 de novembro de 2001 Roa Santo Amaro, 316 ~ CEP 01315-000 Verdas: Rone (11) 3101-5790 Eros ventas qari arcbe Sie: wo quaridainarcbe ‘Wa crrivo Jorce Ware JR. Coordenador Fusdo, CisAo, INcoRPORACAO E TEMAS CORRELATOS Editora Quartier Latin do Brasil Sfo Paulo, outono de 2009 quartierlatin@ quartierlatin.astbe wonw.quartierlatin.art.br 7% -Fusoes, NCORPORATDES EAQUSICOES— APECTO SOCHTARD,CONIATUASE RICUCATONOS WC. Dispontvel em: . Acc em 14 nor, 2008. REVISTA ln inher. chp com brisosinhoeticoes579/atigot5084- Than Acco em: 1 nor 2008 ‘TRINDADE, Marcelo. Oppel da CVM oo mercado dcop Br In: SADDI, sco ae apes spies jurdcore econ ico, Seo Pau: TOB, 2002 VALOR Onl, Sto Palo, 27 ox. 208, Dipponte! em: emussvlooaine com > WALD, Amalda Aspects peels do dio hanciio regime joc des. ats iss Resins deDits Meant Indah, Benin ine So Pol, AB ol ee. 1982 ___--Apieitn oft pbc de compe de ses. Dig Bont, Sto Pra, 220, 1305133, marae 1973. i i | i NCORPORACAO DE ACOES: ASPECTOS POLEMICOS Nelson Eizirik* 1. Objetivos da Operaci de Incorporagio de Agbes; 2, Incorporasao de Agoest Aumento de Capital da Incorporadors 3. Incorporagio de ‘AgBes e Subscrgio do Capital em Benss 4. A Distingio entreas Ope- regdes de Incorporagiode Aces ede Incomporagio de Sociedade; 5. A Ausénciado Elemento Volitivodo Acionistads Sociedade cujs Ages Serfo Tneorpomdas; 6. Das finalidades da svaliago dos patsiménios Lguids a pregos de mercado prevsta no artigo 264 da Lei n” 6.404/ 1976;7. Da Inaplicabilidade do A.tigo 223, §§ 3°¢ 4°, dalLcidas S.A. 4 Tncorporagio de Agées;8. Inexisténcia de OPA para fechamento de capital, Referénciasbibliogrfica. ‘Adeopado no Rio de janie ¢ wm S89 Paulo. 7B INCORPORAKODE 10K! ASP TOS UENCE 1, OBjetIvos DA OPERAGAO DE INCORPORACAO DE ACOES A incorporagio de agdes constitui a operasio pela qual uma so- ciedade andnima € convertida em subsididria integral de outra com- panhia brasileira, estando expressamente prevista no artigo 252 da Lei n° 6,404/1976, ‘A incorporagdo de ages para o fim de constituisio de subsidiivia integral constitut manifestamente um instituto juridico decorrente do processo crescente de concentragio empresarial. (O moderno capitulismo caracteriza-se, conforme pode ser observa do na pritica dos negécios, por um alto grau de concentracio ccondmi a, 0 qual decorre de irs fatores essenciais:a) da existéneia de economias de escala que a concentragio possibilita, quer 20 nivel da unidade técni- cade produgéo, quer a0 nivel da gestio empresarial, dado que os empre- sitios buscam sempre minimizar seus custos de produgao e de distribuigo dos produtos; b) do impacto dos avancos tecnoldgicos na produgo eco ‘némica; como a inovagao tecnolégica constitui uma das principais fon- tes de lucros das empresas ¢ dada a maior dificuldade de seu desenvolvimento em unidades isoladas de produgto, ha uma tendéncia crescente para a concentracio; ec) da necessidude de diversificagio na produgio e distribuigio dos produtos, com a conscqiiente diminuico dos riscos inerentes a uma atividade monoprodutora. E inegivel que uma das fangées bisicas do moderno direito socie~ trio € a de prover os instrumentos juridicos adequados 4 instrumentali- ‘aco ¢ disciplina legal do processo de concentrasio empresarial, Nesse sentido, podemos verificar, conceitualmente, a existéncia de dois grandes grupos de instrumentos juridicas societarios aptos a instrumentalizarem a concentragio empresarial: 4) a dos institutos que permitem a conjugasio de atividades, po- xrém mantida a personalidade juridica das empresas, como ocotre com 8 grapos de sociedades; & b) a dos institutos que instrumentalizam a concentragio por integracdo ou interpenetrapao societéria, como ocorte nas fusdes incorporagées, em que desaparece a personalidad juridica de uma das empresas envolvidas. Naser Ezmu-79 Além dos institutos clissicos acima referidos, a disciplina juridi- o-societitia prevé determinados institutos hibridos, como é 0 caso da incorporagio de ages para constituigio desub integral, na qual proced-se a uma modalidade de concentragéo empresarial em que se ‘mantém a personalidade juridica da companhia cujas ages sio incor- poradas, passando ela, porém, a ter apenas um acionista. ALcidas$.A.vigente,alterando sistema do Decreto-Lei n? 2.627/ 1940, admit, sem qualquer divida, o instituto da sociedade unipessoal, de larga aceitugio no dizeito comparado, particularmente nos Estados Unidos e na Alemanha. Ao prever a existéncia da sociedade unipessoal, admitiu a Lei das S.A. duas modalidades para a sua constituigio: a originézia e a deriveda, © regime origindrio de constituigio de subsididsia integral ocorre quando uma sociedade brasileira destaca de seu préprio patriménio pparcela empresarial e de recursos financeiros para constituir uma nova sociedade, da qual seri a tinica acionista. ‘Jia constituigio derivada de subsididria integral, prevista no arti~ go 252 da Lei das 8.A., constitui negécio juridico de incoxporagio de ages, nfo de incorporago de uma companhia por outra. ‘Trata-se, portanto, de tipica operacio de integracéo empresarial, que nil se confide com a operagio de aumento de capital, embora traga, como uma de suas conseqiiéncias, por forga da inconporasio das agGes da incorporada 20 capital da incorporadors, o aumento do capi- tal desta iltima, 2. INCORPORAGAO DE AGGES E AUMENTO DE CAPITAL DA INCORPORADORA ‘A incorporagio de agbes encontra-se expressamente disciplinada em nosso sistema de direito societério, constituindo instituto juridico ‘com contomos préprios, claramente estabelecidos em Lei. © artigo 252 da Lei das S.A., inserido na Sego V da mesma Lei, com as altera~ ‘ges que foram introduzidas aos seus §§ 1° ¢ 2° pela Lei n° 9.457, de 5,5.1997, apresenta a seguinte cedagio: BD Incomeseko ne AGES ASPECTS CMEC, “Are. 252~ A incorporagio de todas as ages do capital soctal 20 imdnio de owtea companhia brasileira, para converté-Ia em sub- sdifria integral, sort submetida & deliberagto da assembliin geral dlos dias eorpanhias mediante protocolo¢justifieacio, nos temos dos Arts 224 225. § 1°--A assembiéia geral da companhiaincorporadon, se aprovars ‘operasio, devert autorizac o aumento do capital, asor reatiend com as agdcs aserem ncorporadas ¢ nomearos peritos que as avaliardo; 08 acionizts nfo tertodirlto de prefertaca parnubscrevero aumento de capital, masos dissidentes podlerio retiar-se da companhia, obser vado o disposto no artigo 137, Il, mediante o reemibolso do valor de ass ages, nos trmos doartign 230, § 2°—A assemblia goal da compania ej ass howerem de ser ‘ncorperadas somente poderd aprovarz operacto pelo voto de metide, ‘no mfniino, das ages com direito a voro,¢ se a aprovae, autorizard a cetoviaasubserevero aumento de capita daineorporadon, porconta dos seus acionistas; 0s dssidlentes da deliberagio terlo direito de reti= -rar-se da companhia, observado o disposto no artigo 237, II, mediante o reembolso do valor de suas agies, nos termes do artigo 230. § 3° - Aprovado o laudo de avaliggto pela assembléia geral da incorporadora, efetivar-se-A » incorporagio ¢ os titulares das ages incorporadas receberi disetamente da incarporadora as ages que hes couberem.” Nos termos expressos do § 1° do artigo 252 da Lei das S.A., uma vez aprovada a operagio, a assembléia geral da companhia incorpora- dora deverd autorizar o aumento de capital, a ser realizado com as ages a serem incorporndas, ‘© aumento de capital da companhia incorporadora, assim, decorre da incorporagii de agbes, isto 6, constitui um ato complementar e ne~ cessério & consurnigio da incorporagio de agtes, objetivando cxiar no- vas agdes que serio subseritas pela dicetoria da companhia incorporada, nos termos do § 2° do artigo 252 da Lei Societicia, para serem entregues 20s acionistas da companhia cujas ages foram incorporadas. Nio se trata de um aumento de capital voluntitio, mas meramen- te de ato decorrente da incorporagio de agbes; tanto é assim que, nos tormos expressos do § 2° do artigo 252 da Lei das S.A., os acionistas Nason Game 61 da sociedade incorporadora nio teri o direito de subscrever o aumen- to de capital da incorporudory isto se da pelo fato de as novas agées serem atribuidas necessarlamente aos até ento acionistas da socieda~ de incorporada, que passa, enquanto subsidiéria integral, a ter apenas uunt acionista: a sociedade incorporadora. 3. INCORPORACKO DE ACOIS E SUBSCRICKO DO CAPITAL EM BENS A subscrigio constitui o ato pelo qual alguém transfere a titulo de propriedade bens ou direitos de seu patriménio para o patriménio da sociedade, passando tais bens ou direitos a integrar o fundo comum ow social, Em contrapartida & conferéncia dos bens para a integralizasao do capital social, io atribuidas agSes no subscritor, que passari a gozar, a partir de entio, do status soc, A subscrigio de capital em bens, prevista nos artigos 7° a 10 da Lei das S.A., encerra um contrato entre a sociedade e 0 novo acionista. Na incorporagao de agées, por outro lado, é estabelecida uma rela~ gio entre as duas sociedades ~ a incorporadora ¢ aquela cujas ages setio incorporadas. Verifica-ce, assim, a convergéncia de vontades en- tre as duas companhias, cujas assembléias aprovam a operagio, con~ forme dispdem os §§ 1° e 2° do artigo 252 da Lei das S.A. Ressalte-se que, objetivando permitir a reorganizagio societiria e a concentragio empresarial, 2 Lei das S.A. estabeleceu que a operagio de incorporagio de ages pode ser deliberada por maioria, nio exigin do a unanimidade’. Una outra diferenca entre a subscrigio e 2 incorporagio de ages centra-se no elemento vontade. Com efeito, na subscriglo, o subscri- tor manifesta sua vontade de se tomar sécio da companhia. Trata-se 1 XAVIER, Albena, Incorporagto de ag Bes natures arcs « emetic. In: CASTRO, Rodi R. Monts de: ARAGAO, Leandro Santos de (Coord). Sock andi: 20 rot a Lei 20076, Sto Palo: Quarter Latin, 2007.9. 127: “Precsamente porque ale ‘relendes vain a moc supervenlenie de subsiding, peccindind da regra ‘ unanimidae, caf fxgadls a abandonar a conse Juris a igura da corpora (ages basitda numa plialdade de conwates€9 babcaicfo wt Buns, para oar pela ‘antgrigo frtca do operagzo came um conrato no jf entre sécio socedade, mas tnt das sociedrdes 3 cempunhia cous ogdesAruvarem dese inyporadis © a comes ‘hin ncorperedora” gis noes @ ogra) 2 IngowrewacAo og AGS ASFETOFONENCOS de ato unilateral ¢ voluntiio, pelo qual a pessoa que deseja se tornar acionista da sociedade manifesta a sua vontade de contribuir paca o capital social, obrigando-se por determinado mimero de ages. Na incorporagiio de ages, 20 contririo, prescinde-se da vontade do acionista da companhia cujas ages serao incorporadas. A operasio éaprovada por maioria e independentemente da vontade do acionisea minoritirio, cabendo-the, apenas, no caso de dissidéneis, 0 exercicio do direito de recesso. ‘Na incorporagio de agiies, assim, haves subscrigo, independen- temente da vontade do acionista minoritétio, de ages da sociedade incorporadora com a totalidade das ages do capital social da compa~ nhia cujas ages serio incorporadas. 4. A DISTINGRO ENTRE AS OPERACOES DE INCORPORACAO DE AGGES E DE INCORPORAGAO DE SOCIEDADE Na incorporagio de agdes, assim como ocorre na incorporasio de sociedades, os acionistas da companhia incosposada perdem a titulayi~ dade das agées de sua propriedade ¢, em contrapartida, recebem agBes de emissio da incorporadora. Contudo, a operagiio de incorporagio de ages, prevista no artigo 252 dda Lei Societéria, ndo se confunde com a de incosporagiio de sociedades. Nos termos do artigo 227 da Lei Societéria, a incorporagio de sociedade constitui operagio mediante a qual uma das sociedades é absorvida por outra, que lhe sucede em todos as direitos e abrigacées. Assim, em decorréncia da incorporasio, a sociedade incorporada desaparece e o seu patriménio é incorporado a sociedade incorporado- 1a, que realiza um aumento de capital a ser subscrito com-a versio do patciménio da incorporada. Os acionistas da incorporada perdem os direitos que tinham em relagio ao patrimdnio da sociedade extinta e passam a ser avionistas da sociedade incorporadora, recebenclo, em substituigio as suas antigas ages, ages de emissio da sociedade incorporadora. A Lei n® 6.404/76 especificou, nos trés parégrafos do astigo 227, © procedimento a ser observado tanto pela companhia incorporadora ‘quanto pela incorporada, } Nason Bune 83 Por sua vez, a incorporagio de agdes, como antes referido, consti- tui a operasio pela qual una sociedade anénima € convertida em sub- sididtia integral de outra companhia brasileira, estando expressamente prevista no artigo 252 da Lei n° 6.404/1976. ‘Nio ha, na hipétese prevista no artigo 252 da Lei das S.A., embo- 8 a norma meneione “incbsporasio” de agées, incorporasio de uma sociedade por outea. A doutrina, ali, rem criticado a utlizagio, pelo legislados, da pa- Javra “incorporagio”, conhecida como uma operagio em que se extin= gue sociedade incorporada, sendo suecdida pela incorporadora, o que ‘nao ocorre na incorporagio de ages, pressuposto essencial da incorporagio de uma companbia por outta é a extinglo da companhia incorporada, o que nfo se di na cons- tituigio de subsidisria integral prevista no artigo 252 da Lei das S.A., ‘uma vez que, embora as ages da incorporada passem a integrar 0 pa- ‘triménio da incorporadora, ela subsiste integralmente como pessoa ju- sidica, em sua plenitude patrimonial e administrativa, Com eftito, tratu-se @ incorporasio de companhia de uma dissolugo sem liquidaso, ou seja, de uma extingo da companhia incorporads?, Adermais, opera-se, com a incorporagto da companhia, a transmissio do patziménio integral da inoorporada para a incorporadora, que sucede a incorporada “in iniversum ius” em todos os seus direitos obrigagGes. A incorporasio de agGes disciplinada no artigo 252 da Lei das S.A. constitui um negécio plurilateral, cujo objeto € a integragio de ‘participagio socictiria, mediante a agregagio de todas aa ages da in- corporada 20 patriménio da incorporadora, mantida a personalidade juridica da incorporada. Ou seja, no hd, na incorporagiio de agées, & ‘extinggo da saciedade, cujas ages foram “incorporadas”, rouito menos a sucessio em seus direitos e obrigagées. 2 MARTINS, Fran, Coens 3 ke de Soleades Ardninas. led Jane: Forense, 1978 13, p 315. TEREIRA, Egon Lacerda GUERRERO, lot Alcan Tavares. Das sciede= ‘ds atria do ceo onto, Sto Paulos Ed. Jos Bushs, 1979. p. 727; CRISTIANO; Rorsna, A sobidis intpal no Bras So Paulo: £4 Revista dos Tibunay 1986. 54 3 BULGARELL, Wald. Furr, careers cies de sociedede, 3. S80 Paul ils, 1998, p. 105, BY -Iacronscho DE ACOA: APECTOSPUXINE LS Apesar de a incorporaglo de ages constituir negécio juridico dis- tinto da inconporasio de sociedade, a Lei Societiria determina que tais ‘operagées sigam procedimentos semelhantes. ‘Neste sentido, o artigo 252 da Lei das S.A. estende As operagtes de incorporagao de agGes a aplicagio dos preceitos contidos nos artigos 224 € 225, os quais regulam as informagbes a seem prestadas aos acionistas nos «casos de incorporagio de sociedades. Da mesma forma, 0 § 4° do artigo 264 da Lei n® 6.404776 estendew As incorporagées de agées de emissio de companhia controlada a regra prevista em tal dispositive para as hipéteses de incorporagdo de sociedade controlada por sua controladora, A razio pata este tratamento semethante consiste no fito de que 108 efeitos patrimoniais ¢ societirios de ambas as operagées para os acionistas das sociedades envolvidas so praticamente os mesmos. ‘Em ambos os casos, 2 companhia incorporadora deve realizar um tumento de capital, que seri subscrito com a versio do patriménio da incorporada ou com as ages de sua emissio. Assim, os s6cios da in- corporada passam a ser acionistas da sociedade incorporadora, rece~ bendo, em substituigo as suas antigas agdes, agdes de emissio da sociedade incorporadora, de acordo com a relagio de troca a ser esta- belecida no protocolo da incorporacio. ‘Vale dizer, em tais operagbes, os acionistas du companhia incorpo~ sada perdem compulsoriamente a ttulasidade das agées de sua propric- dade e, em contrapartida, recebern agées de ervissfo da incorporadora. Exclujdos os efeitos em relaglo a0s acionistas, a similitude entre a operacio de incorporagio de agses e a de incosporasio de sociedades é muito mais procedimental do que de subst&ncia, O direito de cecesso constitu, também, uma das principais distin- bes da incorporagtio de agdes em relagio a operagio de incorporacao de sociedades, tenclo em vista que nesta Ultiena apenas os acionistas da ‘companhia incorporada podem exercé-lo, conforme dispéem os arti- g0s 137 e 230 da Lei Societaria. Na incorporagdo de ag6es, os acionistas minoritirios dissidentes, de qualquer das duas companhias, poderio, nos termos dos §§ 1° e 2° do artigo 252 da Lei das S.A., retiras-se da companhia, mediante 0 teembolso do valor de suas ag6es. Nason Bian 85 Conforme determina o § 1° do artigo 252 da Lei das S.A., os acionistas da companhia incorporadora que néio concordarem com a ‘operagiio também podem exercer o direito de recesso, exiginds o paga- ‘mento do valor de reembolso das agées por eles detidas. Consoante 0 § 2° do artigo 252 da Lei Societaria, os acionistas ‘minoritirios da companhia cujas ages serfo incorporadas poderdo re- tirar-se da companhia, mediante 0 reembolso do valor de suas agdes. O acionista minoritirio que teri suas ages incorporadas ao capi- tal da incorporadora nao pode impedir a realizacio da operagio, ca- bendo-the apenas, caso discorde, retirar-se da companhia, mediante o exercicio do direito de recesso. ‘No entanto, o artigo 137, inciso Il, da Lei n° 6.404/1976 estabe- lece, a partir da redagio que lhe foi dada pelas Leis n° 9.457/1997 e 10.303/2001, algumas condigdes que, se devidamente atendidas, po- dem legitimar a exclusio do direito de recesso nas operagies de incor- poragio de sociedades ¢ de a;5es. ‘Tal dispositivo preceitua que ‘ndo terd direito de retirada o titular de agao de especie ou classe que tenba liquids ¢ dspersio no mercado”. Ou seja, 0 direito de recesso soimente poder ser excluido em relagio as espécies ou classes de agdes que atenderem conjuntanente aos dois patiimetros legais, quais séjam, liquide e dispersia. De acordo com a alinea “a” do inciso II do artigo 137 da Lei das S.A., presume-se a existéncia de liquide quando a espécie ou classe de agio, ou certificado que a represent, integre indice geral representati- vo de carteira de valores mobilirios admitido & negociagfo no merca- do de valores mobilidrios, no Brasil ou no exterior, definido pela ‘Comissio de Valores Mobilidrios. Consoante a alinea “b” do referido dispositivo, a existéncia de dis- persio caracteriza-se quando o grupo controlador detiver menos da metade das agées da mesma espécie ou classe. Desta forma, os acionistas das companhias envolvidas na incor- poragio somente poderio exercer o direito de retirada caso suas ag6es, nao possuam liquidez ou dispersio, nos termos do inciso II do artige 137 da Lei Societiria. 1 -INocercrako oe AGS 4SPCTOS FOLENS 5. A AUSENCIA DO ELEMENTO VOLITIVO DO ACIONISTA DA SOCIEDADE CUJAS AGOES SERAO INCORPORADAS ‘A operacio prevista no artigo 252 da Lei das S.A. tem por objeti- vo a transformagio de sociedade pluripessoal em subsidiaria integral, mediante a “incorporasio” da totalidade das agoes de sua emissio ao patriménio da companhia “incorporadora”, Uma das principais caracteristicas da operagio de incorporagifo de agdes & a compulsoriedade da transferéncia das agdes dos acionis- tas, independentemente de seu consentimento. Isto &, verifica-se a to- tal ausénciado elemento volitive para a efetivagio e concretizagiio deste tipo de operagio. A operagio de incorporagio de ages decorre unicamente da deliberagio assemblear, 2 cuja decisio os acionistas eventualmente discordantes ndo poderio opor-se, estando impossibilitados de im- pedir a operagao. E nas assembléias gerais que seri verificada a vontade social das duas sociedades: a da incorporadoma e a da que tesi suas agdes incorporadas. Uma vez adquirida a personalidade juridica com o registro de seus atos constitutivos, a sociedade passa a ter exist8ncia distinta da de seus ‘membros, sendo considerada uma pessoa, a quem a Lei atribui capaci- dade para adquirir e transmit diteitos. Enguanto sujeito de direitos, a sociedade tem vontade prépria, a que se denomina vontade social. A vontade social é manifestada por meio dos éxgios da sociedade. Com eftito, os drgtos “presentam’ a ‘pessoa juridica, isto sdo eles que tornam presente ou exteriorizam 2 vontade da sociedade’. Dessa forma, a deliberacio da assembléia geral, como érgio, traduz a vontade da propria sociedade?. 4 MIRANDA, Felco Cavaleant Ponts de. Tada dedi punat. 3. ed So Paul: EA. Revita dos Tbr, 1. 335 “Quando 0 ego as pesca jure pratea 0 310, ‘que i do onvar no mundo frien camo ao dx pases jie, n30 hd repre, mat rowenta, O ato do gio no eu no mnie, coo 0d pessoa, que & ri, bu die puns que compte o deg. fra no mundo jaca come ato da pesos prc, Porque'o sto de dg € a0 307 5 CARVALHOSA, Modesto. Cementiria 3 ted Sacadades Andina. 3. ed. S30 Paslo: Saraiva, 2003.4 2, p35 Nason Fie 87 ‘Na hip6tese de incorporagiio de agSes, a assernbléia geral da socieda- de eujas agbes sexfo incorporadas delibera, por maiaria, realizar a operagio. ‘Tinta-se de manifestasio da vontade social, tendo em vista os interesses da sociedade ¢ no os dos acionistas individualmente considerados. O dircito de voto deve ser sempre exercido de acordo com o inte- resse social, conforme determina 0 artigo 115 da Lei Societéria, se~ gundo o qual "2 acionista deve exercer o direito de vote no interesse da companbia”(grifasnos). Presume-ce, assim, que a deliberasio é adotada no interessc social, representado pela vontade da pessoa juridica. Nao se perquire qual avon- tude ov intesesse de cada acionista ou grupo de acionistas, exceto nas hipsteses de voto com conflito de interesses (artigo 115 da Lei das S.A.) cou com abuso do poder de controle (artigo 117 da Lei Societéria). ‘Apés a aprovasio da operasio de incorporacio de agbes pela maio- ria na assembléia geral, a diretoria da companhia que tect suas agées incomporadas, zo subscrever o aumento de capital da sociedade incorpo radora com agées dos acionistas, estd executando a vontade social. O legislador autoriza a diretoria a agir por conta dos acionistas, conforme deterraina © § 2° do artigo 252 da Lei das S.A. e indepen- dentemente de sua vontade. Como referido, o ato juridico de subsctigio nito € praticado, por tanto, pelos acionistas, mas pela diretoria da sociedade cujas agScs se- rio incorporadas, “Trata-se de uma representagio ox lege, pois a Lei Societéria auto- riza expressamente 2 diretoria a representar todos os acionistas no momento de subscrever 0 zumento de capital da incorporadora. A di- retoria, no entanto, pratica tal ato sem ser mandatéria dos acionistas, isto é, independentemente da sua vontade ou autorizagio, sendo esse poder de representagio derivado da lei. ‘A representaso constitui espécie de ato juridico previsto no Cé- digo Civil, no seu artigo 115, o qual estabelece que os poderes de repre sentagio sfo conferidos pela lei (representacdo legal ou necessiria), ou pelo proprio interessado (representasio voluntéria). ‘Na tepresentagio, soja legal ou voluntiia, o representante declara vontzde prépria com efeitos serem produzidos no patrimdnio do repre- 88 -Incommongho nt g04s ASFETOS RITES sentado, © representante age por conta do representado e substitui a vontade deste, No caso previsto no § 2° do artigo 252 da Lei das S.A., a diretoria da sociedade, a0 subscrever 0 aumento de capital da incorporadora, entregara bens dos acionistas, independentemente da vontade destes de participar da incorporagao. Tal. negécio juridico, no entanto, sera vilido, uma vez que a diretoria esté autorizada por lei a fa7é-lo. ‘Na incorporagto de agées, a diretoria pratica atos em nome pré- prio, mas por conta dos acionistas, isto & ao subscrever o aumento de capital da incorporadora com ages dos acionistas, age em nome pré- [ptio, mas os efeitos deste negécio juridico serio suportados pelos acio~ nistas, independentemente de qualquer manifestaglo de vontade destes. Assim, na incorporagio de ages, a diretoria subsereve o aumento de capital da sociedade incorporadora com bens alheios, que sio 2s ages de emissto da “incorporada” de propriedade dos acionistas. Ou seja, 4 sociedade incorporada dispde de bens que aifo the pertencem, ‘ocorrendo a subscrigéo com bens alheios’. A transferéncia compulséria das ages nfo apresenta qualquer caracteristica confiscatéria, uma vez que os acionistas, cujas agdes se- ‘Ho transferidas & sociedade incorporadora, recebem o niimero de ages da incorporadora correspondente ao valor encontrado em avaliagio reatizada por peritos. Caso 05 acionistas nfo concordem com a transferéncia compul- séria de suas agbes, podertio exercer o direito de recesso, recebendo o valor de reembolso de suas ages. Eles ndlo podem, contudo, impedir a realizagio da operagio de incorporaglo de as6es, deliberada por maio~ sia nas assembléias gerais. SUCGERO, Rober Iuites de dra ci, 2.o, Carpi: ck 2005. p 348: "Pars gue aja epasenico € anda peso que ta pri oot has suttulho “dere psy aD, le do Gj safe vende do roprienante aque ope © 50 3.40 {epreseiada von qi pine decors € a sa pps vant, tas ter 0 ef Darla de er conser conn 2 vontade co eguadn® (fama) A doutina recente 3 Seolitaindependtnca do vert do represents as Inmpoae por (78 mean ol contre Ie erp ae rcs oe Soe i fa rm pce do og derdo da pstoa er ame Js Guat (ann, porque te age cam pine lepers fa vont to ropeztade” ana (COMES, Crando.oaudySo 20 dato 9. ed, Rede nl! Fore, 2007. p. 390) XAVIER, Alberta ep. cit p. 123. Nason Eurex - 89 O acionista dissidente, ao exercer o direito de revesso, opta por ado integrar a vontade social, manifestando sua vontade individual de retirar-se da sociedade, Verifica-se na operagio cle incorporagtio de agdes uma substitui- ho de ages. Os acionistas cujas agGes foram incorporadas, indepen- dentemente de sua vontade, recebem ages da. companhia incorporadora existindo no caso uma modalidade de sub-rogag A sub-rogagio € um instituto através do qual, numa relagio juri- dica, opeta-se a substituigao de uma pessoa por outra, chamada sub- rogagto pessoal, ou de uma coisa por outra, chamada de sub-rogagio reil, mas preservando-se o elo, a relagio anteriormente havida’, Na sub-rogagio real, uma coisa substitui a outra juridicamente”, “devendo ser observadas as mesmas situagées jé existentes com rela- $0 a0 bem substituido”", uma vex gue se mantém a relagho origindria. Um exemplo de sub-rogagio real ¢ encontrado no artigo 1.425, 81°, do Cédigo Civil, que determina que na hipotese de perecimento do tbem dado em garantie, este sub-rogi-se na indenizago do seguro, se houver, ou no ressarcimento por perdas e danos, em beneficio do eredor. Desta forma, verificamos que fica mantida a relagio anterior na qual a divide é garantida pelo substituto do bem que pereceu, qual seja, 0 valor da indenizagio a set pago pela seguradora ou pelo causador do dano. A sub-rogagio de urh bem por outro pressupSe, necessariamente, a equivaléncia de valores. Dessa forma, na operagiio de incorporaso de a56e5, niio ha alteragio no patrimdnio do scionista cujas agdes foram subetituidas por novas ages da sociedade incorporadora. Acs acionictas sero atribuidas novas agées cujos valores deverio corresponder exata~ mente A participago que previamente detinham na sociedade que teve suas ages incorporadas. 8 AAVIER, AboRD. ep. ctype 13 9 MAMEDE, Glaion. Dirt das coi, Pesto, Hipoteca, Anes. In AZEVEDO, Alvaro Villaga (Coord Cédiga Cit comertado S30 Poul Ae, 2003. v.14, p97. 1 MIRANDA, Francisca Cavaleanl Poctes da atado de diet pad, 4 ed $3o Paul: Ed Revita dos Tibunas, 1985. p. 400. 11 AZEVEDO, Ala Vilaga. Tear goal dis obegacdes: esponsabilidete cit. 10. el. $80, Pauls Als, 2004. p. 177 90- IncoRPoRaGHODE AHS AECTOS PELE Na presente hipstese ocorre urna sub-rogasio real legal, pois de- terminada pela Lei das S.A. e decorrente da natureza da operagio de incorporagio de ages, que nio pode ser realizada de forma diversa da prevista no artigo 252 da Tei das S.A. Assim, a constituigiio de subsidiéria integral prevista no artigo 252 dda Lei das S.A. representa negécio juridico, por meio do qual, indepen- dentemente de sua vontade, as agbes de propriedade dos acionistas mi- norititios so toeadas por novas agdes a serem emitidas pela companhia incorporadora, ocorrendo uma sub-rogaco real decorrente da Lei. 6. Das FINALIDADES DA AVALIACAO DOS PATRIMONIOS LIQUIDOS A PREGOS DE MERCADO PREVISTA NO. ARTIGO 264 DA LEI N° 6.404/1976 ‘Um dos aspectos mais relevantes da operagfio de incozporagio & Justamente a definicao das relagées de troca das ngées, isto &, quantas ages emnitidas pela incorporadora serio entregues aos acionistas da incorporada por cada aso de emissfo desta anteriormente detida, A lei socictiria mio estabelece nenhum critério especifico para a avaliagio dos patrimdnios envolvidos na opesigo de incorporacio, ‘consagrando o princtpio da liberdade convencional dos purdmetros para a determinagio das relagées de troca. Contudo, em se tratando de incorporagiio de comparhia controla~ da, 0 artigo 264 da Lei n° 6.404/1976 exige que seja apresentada 20s acionistas da incorporada a avaliagéo de ambas as eompanhias envolvi- das com base no ctitério do patimdnio iquido a pregos de mercado”. Tal cxigéncia findamenta-se na circunstineia de que, na incor poragio de controled, inexistem duas vontades a deliberar livremente sobre as condigdes da operaciio, pois o mesmo controlador devers aprovi- la nas assembléias gerais das duas sociedades envolvidas, 12 ARAGAO, Peo Cesar UMA, Monique M. Mavignie de. Icorprasto de convolads: 2 dsciplia do An. 264 da Lel 6404/1976. In: PERIN JUNIOR, Eco, KALANSKY, Daniel PEYSER, Ls (Coors, Doo empresa aspect tui da cra empresa rao € ‘compari, $30, Paul: Método, 2005. p. 345-357, Nason Ei = 91 Note-se, contudo, que a lei societiria nfo exige que as relagées de troca sejam determinadas com base no parimetro estabelecido em seu artigo 264. ‘As sociedades envolvidas podem estabelecer a relacio de substi- tuigio com base em outro critério, bastando que os acionistus sejam informados de qual seria a relagio de troca se apurada com base no valor patrimonial a pregos de mercado". A avalinglo das sociedades envolvidas com base no critério indi- ado pelo artigo 264 da Lei das S.A. visa apenas a conferir 20 minori- trio elementos para que cle possa decidir sobre a conveniéncia de aceitar ou nio a relagio de traca estabelecida no Protocolo da operasio. O cileulo da relugfo de substintigo com base no valor do patri- ménio liquido a pregos de mercado é exigido para permitir a compara 20 com 0 critério escolhido pela administracao das sociedades ¢ indicado no Protocolo, a fim de evidenciar a eqitidade da escolha do > referide critério. Adicionalmente, a avaliacio do patsiménio Iiquido a pregos de mercado também constitu, em determminadas situagées, alternativa para a determinagio do valor de reembolso devido aos acionistas que diver girer da operacio. ‘A respeito, 0 § 3° do artigo 264 da Lei das S.A. dispde que, caso as relagdes de éubstituicao das agées dos acionistas minoritétios, fixadas no Protocolo, sejam menos vantajosas do que as que resultariam da avalia- fo dos patriménios a precos de mercado, os acionistas dissidentes po- dero escolher, a0 exercer 0 direito de recesso, entre o reemibolso de suas agdes calculado com base no valor previsto no artigo 45 da lei societatia ou com base no valor de patrimdnio liquido a pregos de mercado. Portanto, a regra prevista no artigo 264 da Lei das S.A. possui dupla finalidade, qual seja: a) possibilitar a comparagdo com os pari- ‘metros que servem de base para ficacio das relagdes de troca na incor- poragio, a fim de evidenciar equidade de tais relagBes de troca; e b) setvir como critério alternative para 0 célculo do valor de reembolso 12 CARVALHOSA, Madero; HIRI, Neon. A raf lat. Sao Palo Sua, 2002. p 376, {12 ~ INCCHPORACAO DE ACD ASPECTOS FOLEMICOS devido aos acionistas dissidentes, na hipdtese de a relagio de substitui~ fo estabelecida no Protocolo da Incorporagio ser menos vantajosa do que aquela que decorteria da avaliagio dos patriménios liquidos a progos de mercado. 7. DA INAPLICABILIDADE DO.ARTIGO 223, §§ 3° E 4°, DA Lit Das S.A. A INCORPORAGKO DE ACOES © § 3° do artigo 223 da Lei das S.A. estipula que as socicdades resultantes de operagGes de incorporasio, fusfo ¢ cisto envolvendo companhias abertas deverio também obter, perante a Comissio de Valores Mobilidrios ~ CVM, o registro para negociaga0 publica das agdes de sua emissio', Na hipétese de o referido registro nao ser obtido no prazo de 120 (cento e vinte) dias contados da data da assembléia geral que aprovar a operagao, 0 § 4° do artigo 223 da Lei Societéria confere aos acionistas ‘minoriticios que ndlo desejarem permanecer como sécios de uma com- panhia fechada o dircito de retirarem-se da sociedade, mediante 0 re~ ‘cebimento do valor de reembolso de suas asées", © direito de recesso outorgado pelo dispositivo em tela nio de- conte da operagio de incorporagio, fsio ou cisfo, mas do fato de a sociedade sucessora no se registrar como companhia aberta, junto & CVM, no prazo especificado no § 3° do artigo 223 da Lei das S.A. Note-se que o § 3° do artigo 223 da Lei das S.A. se refere apenas as hipdteses de incorporasao, fusio e cisto, nio tendo feito mengio expressa a operagio de incorporasio de ages provista no artigo 252 da Lei Societaria. Assim, em principio, a sociedade fechada que incorpora as agdés emitidas por uma companbia aberta nio esti sujeita & aplica~ io da regra contida ng referido § 3°. 14 “Am 223 = a) § 3° = Se 2 Incyporagto, sto ou cst emolvcem compas aber, a¢ socedes que a sueederem serio amb abs, Sevando abt 9 espe ee 58 (br cas, promove a sdmisco ce negoelgto da nove aoe 00 meade ec, Ro prozo mde de ceoio€ vine cls, condos da da de arrmbla gral que aprorae ¢ as eg eben arma pee bs pan Gat eas Hebi? ‘Aa. 223~|.3 640 descuripe do frensn ro arial otro dd acon dito terete ca compniv, meita ers dove asst abe fargo #5), Unt, segues ao tenia do pra ete eit, cbsenado 0 peat nx §§ I ¢ Fo age 16 ERK, Nelen Rebus cs 5:8 co mercado copa Rode fri: Rew, 1988. 8 De fato, como as operagies de incorporagio e incorporagao de ayes possuem natureza substancialmente diversa, conforme jé ressal- tado, devem elas ser reguladas com base em normas juridicas e prinei- pios proprios, ndo se podendo pretender que uma delas esteja automaticamente submetida is mesmas regras que regulam 2 outra. A respeito, deve ser observado que o § 3° do artigo 223 da Lei das S.A. expressamente determina que as sociedades sucessoras das compa- nhias incorporadas, fundidas ou cindidas registrem-se como abertas, 20 dispor que “te @ incorporagio,fusdo ou cisio envalverems companhia aberta, as sociedades que a suederens serdo tarnibém abertas(..)” (grifamnos). A tegra legal em cela utiliza a expresso “sucederem’, visto que, por forsa dos artigos 227, 228 ¢ 229, § 1°, da Lei n® 6.404/1976, as tres modalidades de operacées por ela expressamente mencionadas impli cam a sucessiio de todos os dircitos e obrigagées das sociedades enval- vidas pelas companhias resultantes da incorporagio, fusio ou cisio. No caso da operacio prevista no artigo 252 da Lei Societéria, contudo, nfo existe sucesso da companhia incorporadora em relacio aquela cajas ages séo incorporadas. Confotme referido, ‘esta apenas & con- vertida em subsidiéria integral da primeira, mantendo plenamente a sua integridade patcimonial e administrativa. ‘Ou seja, a circunstincia de o artigo 225, § 3°, da Lei das S.A. ter se referido expressamente ao institute da sucesso demonstra que a regra nele contida no visou a abranger as sociedades fechadas que incorporarem ages de emissio de companhias abertas, ‘Tal conclusio é também confirmada pelo fato de a Lei das S.A. € ‘a propria CVM, quando pretenderam cstender a aplicagio de normas destinadas a regular as opcragGes de incorporasio de sociedades as hi- péteses de incorporagio de ages, o terem feito expressamente, Neste sentido, lembse-se que a Lei n® 10.303/2001, que promo- ‘veu diversas modificagées na Lei Societdria, alterou a redagio do § 4° do artigo 264 da Lei dus S.A, passando a textualmente dispor que as normas previstas em tal artigo aplicam-se, entre outras hipéteses, & incorporagdo de agées de companhia controlada ou controladora ou de sociedades sob controle comum. 94 hecomromagho ages APECTOS POUSHLS O artigo 264 da Lei Societéria, em sua redagao original, discipli- ava. especificamente as operagdes de incorporaslo € de fusto ¢ sua aplicagdo foi, de forma expressa, estendida para as hipéteses de incor- poracio de ages com 0 advento da Lei n® 10.305/2001. Se 0 mesmo legislador de 2001 optou por niio submeter expressa~ mente as hipéteses de incorporagio de agdes & regra prevista no artigo 223, § 3, da Lei des S.A., 20 contririo do ocorride em relagio 20 preceito contido no artigo 264, deve-se entender que ele considerou que a exigéncia de abertura de capital no deveria prevalecer em rela- so as sociedades fechadas que eventualmente incorporassem as aes emitidas por companhias abertas. ‘Da mesma forma, a Instrugio CVM n? 319/1999, que dispoe sobre as operagies de inconporagio, fusto ¢ ciséo envolvendo companhias aber~ tas, somente se refere & incomporagtio de agBes em seu artigo 12". Ou seja, quando a CVM entendeu que as regras da Tnstrugio CVM n° 319/1999 cdeveriam ser aplicadas as operages de incorporagio de agaes, ela também deixou expressa tal aplicagi. ‘Ademais, consttui principio essencial de interpretagio o de que a lei ito deve conter palavras ou sentenas ines; se todas as regras roferentes a incorporagio de sociedades fossem automaticamente aplicivels aos ca- 08 de incorporagio de ages, qual seria autilidade do § 4° do artigo 264 da Lei das S.A. e do artigo 12 da Instrugio CVM ne 319/199? Assim, a interpretagio sistemitica das disposigdes legais e regula ‘mentares que regem a incorporagio de sociedades ¢ a incorporagao de ages confirma o entendimento no sentido de que somente mediante dispositive legal expresso ce poderia estender is hipsteses de incorpo- rag de agées regras que visamn a disciplinar a operagio de incorpora- io de sociedades. Note-se, par fim, que nao se pode cogitar do emprego da analogia ‘para justificar a aplicagdo da regra prevista no artigo 223, §§ 3° e 42, da 172A 12 ns demons anes que sre de base pa ops de ncapre ‘fo, fis cido eae compan shar veto as por ur ty deme registrado na CVA, pe ‘never ign Urico 0 capo nee ag spices, le, sos dency “ prs sot 290 ea ean ise dee Lei das $.A., destinada a regular os casos de incorporagio, fusio & cisllo, as operaySes de incorporagio de agbes. © § 3° do artigo 223 da Lei das S.A. constitu, inequivocamente, uma regra de natureza restritiva, visto que determina que as sociedades resultantes de operagées de incorporagio, fusio ou cisio registrem-se como companhia aberta, restringindo o dircito de seus acionistas de decidir livremente sobre as vantagens e desvantagens de promover o registro da companhia perante a CVM. Com efeito, tal dispositive estabelece uma excegao a0 principio de que 2 decisio sobre a abertura ou fechamento de capital de uma companhia possui cariter eminentemente empresarial, no cabendo uo Estado, em regra, determinar quais as sociedades devem ou nfo se registrar como abertas!* ‘A regra prevista no artigo 223, § 3°, da Lei das 8.A., por apresen- tar natureza restritiva, nfo pode ser objeto de analogia, isto é, nio pode ser aplicada a hipsteses nfo expressamente previstas pelo legislados, como é 0 caso da operasio de incorporagio de agbes. Ademais, vale lembrar que 0 § 3° do artigo 223 somente foi introduzido na Lei Societiria no ano de 1997, com a vigéncia da Lei n° 9.457, enquanto que a incorporagto de ages esté expressamente prevista em nosso ordenamento juridico desde a redasio original da Lei n° 6,404/1976. Ou seja, 0 legislador, quando estabeleceu a exigtncia de as com panhias resultantes de operagGes de incorporagio, fuséo e cisio segis- ‘rasem-se perante a CVM, jé tinha pleno conhecimento da possibilidade da realizagio da operagao de incorporasio de ages. Tanto isto € verda- de que a Lei n° 9,457/1997 também altesou a redagio do artigo 252 da Lei Societésia, a fim de adapti-le is novas disposigdes previstas no artigo 137 da Lei das S.A. ‘Assim, nao hé qualquer fundamento para se cogitar da utilizagéo da analogia na presente hipétese, uma vez que nao se pode conceber que o legislador, ao editar a Lei n® 9.457/1997, nfo tenha considerado 18 CARVALHOSA, Modono; EIZIRI, Nelson. op city pA. MR < INCORPORNCAD DE ACCES ASPECTS PORES 4. operacio de incorporagiio de agSes ¢, muito menos, que tal operayfo tenha surgido ulteriormente a0 advento da referida Lei, Finalmente, saliente-se que constitu requisito para o emprego da Aanalogia a existéneia de uma lacuna no dircito positive, a qual deve ser suprida pela aplicagio de uma norma destinada a reger hipdteses se~ methantes. No caso em aprego, entretanto, nfo ha lacuna a ser preea~ chida, mas uma omissio deliberada por parte do legislador, posto que este optou por mencionar, de forma expressa, as regras relativas & in~ comporasiio de sociedades que deveriam ser aplicadas & incorporagio de ages, como é 0 caso do artigo 264, § 4°, da Lei das S.A. Dai decorre que 0 dispasto no artigo 223, §§ 3° 4%, da Lei das S.A. nilo se aplica as sociedades envolvidas em operagdes de incorpo- racio de agées. 8, INeaSTENCIA DE OPA PARA FECHAMENTO DE CAPITAL A conversio de uma companhia aberta em’ subsidiaria integral, por forga de uma operagio de incorporagio de ages, pode acurtetar 0 fechamento de capital da sociedade incorporada, sem necessidade de atendimento ao procedimento previsto nos artigos 4°, § 4°, da Lei das S.A. ¢ na Instrugéo CVM a° 361/202, notadamente a realiza- so da oferta piblice de aquisigio das acées pertencentes 208 acio- nistas minoritérios. Durante alguin tempo chegou prevalecer 6 entendiiento, no tmbizo da CVM, de que 2 operagio de incorporasio de ages consti- tum negécio juridico indireto que, em verdade, teria por tinico objetivo obter o cancelamento do registro da sociecade incorporada como companhia aberta, semi que fossem atendidos os requisitos le- guis ¢ regulamentares para tanto. Ao analisar © Processo n® RJ 2000/ 6117, 0 Colegiado da CVM determinou que, para atingir 0 objetivo de incorporar a totalidade das ages de sua controlada, a incorporadora deveria previamente realizar oferta publica de compra da totalidade das ages, em circulagao no mercado, de emissto da incorporada, Apés a entrada em vigor da Lei n° 10,303/2001, « CVM refor- mulou seu entendimento sobre a questi, reconhecendo que a Lei Nucsow Eigna-97 Societiria autorizava expressamente a operegio de incorporagio de agées ¢ no a submetia aos requisites para o cancelamento de registro de companhia aberta. Ao julgar o Processo n° RJ 2001/1663, 0 Colegiado da CVM manifestou-se expressamente sobre a auséacia de fandamentagio le- gal para a exigéncia de realizagio de oferta piblica como condigéo de validade da operagio de incorporagia de agées. Esta questio voltou a ser analisada pelo Colegiado da CVM no Proceso n® RJ 2004/2274, Note-se que este caso continha uma pat ticularidade especialmente relevante para os acionistas minoritiios a companbia aberta convertida em subsididcia integral, uma vez que, a0 contrisio do que ocorreu nos dois casos antériormente citados, a sociedade incorporadora nfo estava registrada como companhia aber- ta, Ou seja, os acionistas mindritirios perderiam as condigies de li- quidez para seu investimento, visto que, em contrapartida pela alienago compulséria das ares de sua propriedade, receberiam agbes de emissio de uma companhia fechada. Mesmo ciente de tal cir- cunstincia, 0 Colegiado da CVM manteve o cntendimento de que ‘do poderia cbstar a realizagiio de uma operagao de incorporagao de ages, ou sujeiticia aos requisites necessirios 20 cancelamento de registro de companhia aberta, uma vez que "a incarporasio de ardes € madalidade de operagio expressamente autorizada pela Lei n° 6.404, de 1976, exja disiplina ndo se confiende com as normas aplicdveis ao facha~ mento de capital de companhias abertas". ‘A questo foi novamente levada ao Colegiado da CVM'no Pro- cesso n° RJ 2005/5203; seguindo a mesma orientagao das suas tiltimas decisdes, a CVM entenden que a incorporasio de agées niio se con- funde com o procedimento exigico para o cancelamento do registro de companhia aberta. Assim, a CVM consolidou corsetamente o entendimento de que a disciplina do artigo 4° ¢ seus parigrafos, da Lei n° 6.404/1976, bem como as disposigdes da Instrugio CVM n° 361/2002, referentes aos procedimentos para cancelamento de registro de companhia aberta, com a exigéncia da formulagio de oferta publica, nfo se confundem com 0 instituto da incorporagiio de todas as ages do capital social de 88 INeonrcIAo De ACOES: ASEH ROUEMCOS, ‘uma companhia 20 patriménio de outra para converté-Ia em subsidit~ ria integral”, Portanto, para que a incorporasio de ages seja legitimamente realizada, basta que as companhias envolvidas atendam aos requisitos expressamente estabelecidos na Lei das 8.A., nfo sendo necessério 0 cumprimento das regras legais ¢ tegulamentares que disciplinam o fe~ chamento de capita, especialmente a renlizagio de prévia oferta pibli- ca para aquisigdo das ages pertencentes aos acionistas minoritirios". © objetivo da incorporagio de agées sempre deve estar vinculado 10 interesse social, sendo essencial a presenya de motivagées econdmi- co-financeiras de interesse das sociedades envolvidas que justifiquem a realizagdo da operagio pretendida, independentemente dela eventual- mente poder resultar em fechamento de capital. Caso o insttuto seja utilizado com a finalidade tnica de se atingir o fechamento de capital da companhia cyjas ages serio incorpordas, a incorporasio de ages ca- racterizaré negécio jurdico em fraude a lei. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ARAGAO, Paulo Cesag LIMA, Monique M. Mavignice de. Incorporaio de contolada: 4 Alssiplina do Art. 264 da Lei 6404/1976, oe PERIN JUNIOR, Bciog KALANSKY, Danéel, PEYSER, Luis (Coonds) Ditete enpmtrih aepectos anni de dito empress” ‘al brasileiro e eompurado, Sip Paulo: Método, 2005. [NZEVEDO, Ava Villa. Thera gon dr bigs reponsabildade cl 10, Sto Pele: ~ Adds, 2008: BULGARELLI, Walden, Fes iarporere cet deve, 3 eh Sto Palo: As, 1958. CARVALHOSA, Modesto. Comentiie& Lei de Seiedades Anbnimat. 3. ed. Sio Paslo: Sars, 2008.2. _———; EIZIRIK, Nelson, nova Lei das A, Sto Pat: Sari, 2002, (CRISTIANO, Romar sir ntra!no Bil Sho Paul Ed. Revista doe Tibi, 2986, EIZIRIK, Neon. Ria dos SA, eo meres de apt. 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Disposigdes expecfias sobre ainoorpara- 40 de companhia controlada. 21, Incorporacio de companhiz con- ‘zolada cuja totalidade des apes pertenca tincorporadora2.2 Incor- poragio de companhia controlada cuja Stularidade de apes repre= sentativasde mais de 90% do capital socal pertenga §incorporadora. TI 0 procedimento par incorporag de companhia no diteito bra sileiro.1V. A incorporagio de compenhia contiolada.1.A questio do voto da controladora, 1.1. Inexisténcia de proibiefo, 1.2. Normasle ‘gals a serem observadas no voto da controladora. 2. A questo da ‘apuragio do valor. 2.1. Avaliaglo por empresa expecializada.2.2, Do

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