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  • Benedito Nunes - Hermenêutica e Poesia - Ed - Ufmg, 1999

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    Thiago de Melo
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    Primeiro capítulo do livro Hermenêutica e Poesia de Benedito Nunes.

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    Benedito Nunes - Hermenêutica e Poesia - Ed.ufmg, 1999

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    ser, da Carta sobre o Humanismo, prolongado ex lina reta até as conferéncias, ensios e semindri da década de 6, tal como ‘a longa, porém descontiaus,sequeéncia adotada st monumental prescatagio de Richardson, From Phenomenology to Thought ‘Com a Gesamtausgabe, comesaram ser conhecidos os antecedentes de Ser e Tempo, entze outros: Inierpretacao Fe- hnomenoldgica de Artistes (Phinomenologscbe Interpretation 124 Arstoeles, 1921-1922), Prolegdmenas a Histéria do Conceito de Tempo (Protegomena ur Goscbicte des Zetbegrif& 1925) € COntologie (Hlermeneute der Falta, 1923). En 1988 saiu 0 teatado inédito Betnage aur Philosophie Coom Breigns) escrito fem 1938, dois anos depois ds cuss conferéncias, A Origem da ‘Obna de Arte, eta em Zurich, © Holderin ea Eséncla da Poesia, feit em Roma A bibliografafomnecela* acrescentamos, am da Ontolagia de 1925 (volume 63 da Gesamzausgais), dois trabalhos interprets tivos de Michel Haar: a Praciure de Histoire -Douse Essa sur “Heidegger. Coll. Krsis, Gentle, 1994; e Le Chant de la Tere eideggeret les Asises de Histoire de Pir) Ea. Heme, 1985. FILOSOFIA E POESIA Desde-n seu nascent fiosfia nunc fo indifereme resi Pandzalmens, como ay Ahr Dnt, a fst {eri conquistdo sus prmei ientlade grass 4 polemics, Seah nos clog ness ve dct pe Por outo ldo, aescolstea medieval ius um espago Hosea 3 poesia enquanto modo Figuatvo de tata a coisas divinas © shordar a teologia, Na cara ao Senbior Can Grande de Seal quem deta A Dina Comeéda, Dante di que ess obra € un ‘racans- um modo de tate a teologl ders formas dierent 0 modo ite, o moxo alegre, 0 meal angio. |Nufisoia made, prosper depos de Kano meres lo sofico nla poesia pela ane Interest cognencivo pela poesia fomo meio de canhectento, que o neokantsm pref {paniesannente Cassie, quand o Romano ft concebera associagdo ene o fllosicoe o poco. Ext associat lt qual nos ocuparemos ao tate das res floss do oman. smo alemo) pernitiia 2 modema experiencia dos géneros Hird Gsamos essi expresso porque nosso assunto osc ‘nie flosoia teu), como o poems flsotco, que é uma moderna, mas que fi repre pornos na Antigua Por exemplo, um Santayana” enuaarta Dante, Goethe ‘a mesma categoria dos poetas-fildsofos,tlvez em cla Importincia que eve chamaca poesia cic na Anti- se aplic a Lucrécio, mas rio a Dante, nem tampouico {de um eonfronto no sentido comparatista de estabelecer um tntercimbio entre 28 das, como dominios cfeencaidos da clas, seman dos conbeeids pales histico-oscfics: losofia fe mito, ou religto e flosofia. © confiemto é, aqui, confontacio 10 Ambito do pensamento Um heterOnimo do poeta espanhol Antonio Machado (875- 1939), Juan de Maivena, professor de Retéica, resumiu, assim, aos seas estudantes, na forma aforismsiica que the era habitual, fem uma Prelegto de 1936, como sempre invocando a autoridade ‘de um suposio mestre, Abel Martin, e864 confronagto que ci rcseriza uma dus tendéncias extremas do pensamento ata: “Ha homens, dizia meu mesie, que vo da post filsofi: aviros ‘ue xo da filosofa 2 pogtica, © ineviivelé ir de um a0 oato, fist como em nido.”? £ uma coincidéncia muito signficativa ‘que tenha a obra aparecido sob declarads heteronomia, no ‘period em que Femando Pessoa, poeta heteroimien, também interessado em flosof, viveu seus times anos, Fda poedea2 filosofa poder descrever 0 movimento de cer tos homens que sto poets, como o préprio Antonio Machado, Fernando Pessoa, Rsner Mara Rilke, Paul Valery, Mallarmé, dliregio da fllsofia. O segundo percumo, da flosofa& postica, Udescreveria 0 movimento de outos homens que S20 fldsofos, ‘como Heidegger, Sate, Meriea-Poaty, Gaston Bacheland, Michel | Foucault, Paul Ricoeur, na dicegio da poesia ou da literatura Fm que pese a circunstincia da diversificagio do movimento nos dois cisos, posto que nem a Iitertura, nem a poesia Io ‘sempre visadas do mesmo modo por uns € por outros, a dela de ‘nso, de movimento naquele afrismo de Maize, tem 0 dom de colocarnes, € ceo que de maneiabrupta, mas esc recedors, no ceme do debate atualmente em curso sobre o exo centre losofi ltertura, ou mais especicamente, entre flosofia poesia, dando-se a esta, preliminarmenre, o significado fate senso de formacio ov cago antstica — de literatura reuza 0 seu principio ativo, para dizeemos como Valéry — e dandose 2 primeira, flosofi, 0 sentido amplo de indagacto reflexiva f pensimento racional. “O inevtivel é ir de um 20 outo,nisto ‘como em tudo", acrescenta jan de Mairena 0 wiasto configuea um nexo de tnsie20. E poderiamos pensar em trnsicio sub-repticia, como aquela do “cimpo -metaforico” que, segundo Netache, a flosofia sempre fica de vendo poesia. Para Mairena ¢ 0 estado do ceicsma que rege a transicio: os fildsofos aprendem com 0s poets, e 08 poetas aprendem com os fl6sofos. Os grandes poetas sto-metafiscos fracassudos os grandes flésofos sio.poetas que creem na realidad de seus pocmas. O ‘stcismo dos poetas pode servir de estilo aos fésofos, mas ‘ospoetas, em toca, podem aprender das ilcsofos (vejm a ronia {© 0 humor que I isto) a ante das grandes metifora, Dessas Imagens bieis pelo seu valor dikiticn © imorais por seu valor Pottico so exemplos: rio de Hericito, a esera de Parménides, 2 linha de Pitigoras, a caverna de Plato, a pomb de Kant et ‘Também os filésofos podem aprender dos poets 4 conhecer (0s becos sem sada do pensamento, a sair pelo telhado desses ‘mesmos becos Sem suid... Iso ¢, sair com a relatvaclaridade, ‘vendo a natural aportica da sua ro, sua profunda iaciona lide ea torarem-se toleranes © respeitosos para com quem ust pelo avess. Mas desse ponto de vista, as poetas mio deixartam de set ppoctas indo 2 filosofia, nem os filsofos deixariam de ser fe Tosofos indo A postica, Entre as dss nao haveria conversio tua: nem a filosofia trnsforma-se em poesia, nem a poesia transforma-se em flosofa. F dbvio que o movimento de vaivém ide wa 2 ours, concebido por Mairena implica num singular ‘eonfronto entre as duas: singular porque esse vaivém ds ins- “lncias que se confrontam nto poderia fazerse se eis de cero 4 nao fossem vizinhas. Sem esse movimento, que acuss “tvizinkanca, o confronto suprimiria a polaizacao de uma pels ‘outa, substtuido por um relacionamento entre posgoes fia, fadrede separadas: aqui a poesia, alia flosofia, como unidades vidas sem janelas. Em vez de tnsit, do flosstico a0 vice-versa, numa espécie de relagio reciproea que spoe, antes di vizinhanga ou da proximidade de am- 1 Tatencia de um no outro, teriamos um tipo de conexao ina, univoca, hierirquica, como aquela que nos legow lissca (que € im dos tipicos de que vow eratar) xJo, no maximo, uma Hilosofia da poesia, 0, em lag le Pierre Macherey, ‘uma filosofia da literatura, assim como temos flosofia da are, do dreito, da religito, estando a Meraura, a ate, a seligiao & ‘0 diteto subordinados 2 inteliiblkdade conceptual loss fu de aneagi, fend 4 Mortis entar no campo da elleso fleas pura abso ac, no lime dese proceso deco, pr sip o eno com el eenindov campleamente Temos de un pensment que ike ser exterior u que © es lea por um hit pofrdo a rapeto dele e que o ulapasa, orese tga de conesto itera poesia suborna se a fllosofia,acuja verdades universais servi, prestndorthe 4 ikstragaa confimadora do parteular e do concreto. Mas conto dsiplinarhieiruca da dio elssea r=

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