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AMADOR NA COUSA
AMADA
Transforma-se o amador na
cousa amada,
Por virtude do muito
imaginar;
No tenho logo mais que
desejar,
Pois em mim tenho a parte
desejada.
Se nela est minha alma
transformada,
Que mais deseja o corpo de
alcanar?
Em si somente pode
descansar,
Pois consigo tal alma est
liada.
Mas esta linda e pura
semidia,
Que, como o acidente em
seu sujeito,
Assim como a alma minha
se conforma.
Est no pensamento como
idia;
[E] o vivo e puro amor de
que sou feito,
Como a matria simples
busca a forma.
XXVIII
Faz a imaginao de um
bem amado
Que nele se transforme o
peito amante;
Daqui vem que a minha
alma delirante
Se no distingue j do meu
cuidado.
Nesta doce loucura
arrebatado.
Anarda cuido ver, bem que
distante;
Mas ao passo que a busco,
neste instante
Me vejo no seu mal
desenganado.
Pois se Anarda em mim
vive, e eu nela vivo,
E por fora da idia me
converto
No se emprega em matar
almas.
Deixa o gado, que
conduzes ;
No o guies montanha:
Porque em poder de uma
fera,
No pde haver segurana.
Mas ah ! Que o teu
privilegio,
louco, quem no repara:
Pois suavizando o martyrio,
Obrigas mais do que matas.
Eu fugirei; eu, Pastora,
Tomarei somente as armas ;
E ho de conspirar
commigo
Todo o campo, toda a praia.
Tenras ovelhas,
Fugi de Antandra ;
Que flor fingida,
Que aspides cria, que
venenos guarda.
SEGUNDA IMPACINCIA
DO POETA