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Introdução
1. O direito patrimonial
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O direito das coisas regula o domínio dos bens em sentido estrito, dos
bens considerados em si mesmo, regula a directa e imediata relação das
pessoas com as coisas, o que significa que entre o titular e a coisa não há
qualquer intermediário, há sim uma relação linear entre a pessoa e a coisa.
↓
Noção jurídica de coisa → art.202º CC: “Diz-se coisa tudo aquilo que
pode ser objecto de relações jurídicas.”
↓
Esta noção de coisa é muito ampla e até
tecnicamente errada. Enquanto objecto de um direito real, coisa é todo o
bem externo e escasso, desprovido de personalidade jurídica, de carácter
estático, corpóreo ou incorpóreo, com existência jurídica autónoma,
susceptível de apropriação individual e apto a satisfazer interesses ou
necessidades humanas.
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2. Prestações;
3. Situações económicas não autónomas (não se podem dominar, nem
possuem existência própria. Ex. Clientela de um estabelecimento
comercial – o estabelecimento vive da clientela, o valor do
estabelecimento mede-se em função da clientela. Não há nenhum
direito sobre a clientela, porque, sendo ela um bem económico, é
não autónomo, uma vez que sem estabelecimento comercial não há
clientela. A sua tutela só ganha sentido em função do
estabelecimento comercial).
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Plano técnico-jurídico:
No plano técnico-jurídico, a distinção faz-se atendendo à anatomia do
direito em causa.
(Note-se, todavia, que um critério que se fundamente no objecto dos
direitos reais ou dos direitos obrigacionais não procede, porque ambos os
direitos pertencem ao direito patrimonial e, portanto, dirigem-se tipicamente
às coisas, quer se situem no domínio, quer no acesso a essas coisas.)
A distinção no plano técnico-jurídico é feita pela doutrina através da
chamada teoria realista e teoria personalista.
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Ou seja, o direito real só se traduz num poder jurídico, porque lhe está
associada a obrigação passiva universal. O poder sobre a coisa não será uma
realidade jurídica autónoma, mas uma consequência do poder reconhecido
pelo direito de impor aos outros o dever de não interferir.
Serão sujeitos passivos todos os sujeitos a quem a ordem jurídica
impõe tal dever, pelo que, relativamente a bens móveis, serão sujeitos
passivos todas as pessoas que estão sob a alçada da ordem jurídica que
reconhece o direito real, mas também todas as pessoas sujeitas a ordens
jurídicas que reconheçam aquela ordem.
c) Doutrina dominante
A doutrina dominante consiste numa teoria eclética, mas que tem por
base as teorias dualistas (teoria clássica ou realista e a teoria personalista ou
obrigacionalista).
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Posto isto, podemos tentar ensaiar uma noção de Direito Real: poder
directo e imediato sobre uma coisa, impondo-se à generalidade dos
membros da comunidade jurídica e constituindo uma aproximação,
derivação ou expressão da forma plena de domínio sobre os bens, com vista
a organização sólida das infra-estruturas sócio-económicas existentes. Esta
forma plena e absoluta é o Direito de Propriedade.
↓
O direito real visa a organização das infra-
estruturas económicas de um país, sendo que se destaca o direito de
propriedade como único instrumento jurídico que realiza no plano do
aproveitamento o pleno gozo sobre uma coisa. Este é o direito principal, do
qual todos os outros dependem ou ao qual se reconduzem. Assim, qualquer
noção de direito real tem obrigatoriamente que partir da noção de direito de
propriedade.
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Toda a relação jurídica tem por objecto um bem, mas bem não é
necessariamente uma coisa. De facto, há bens coisificáveis e bens não
coisificáveis.
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b) As águas;
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b) Valores de organização
Correspondem ao estabelecimento comercial. É uma coisa incorpórea
“sui generis”, porque tem no seu núcleo a ideia de organização, a
combinação de factores produtivos utilizados naquela empresa (pessoas e
coisas), mas esta ideia organizatória não subsiste sem os factores produtivos
que a concretizam e que corporizam o estabelecimento. Trata-se de uma
ideia organizatória plasmada nos próprios factores de produção organizados
de determinada maneira e que só têm existência jurídica concretizada no
“corpus mechanicum”.
O estabelecimento comercial é então uma organização de factores de
produção, como as pessoas e as coisas, não se reduzindo às coisas
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A noção dada pela lei de coisa futura não é a mais correcta em termos
técnicos. De facto, uma coisa que não está em poder do disponente é uma
coisa alheia e uma coisa que ele não tem ao tempo da declaração ou não
existe ou, se existe, é alheia.
Coisa futura → é uma coisa esperada, uma coisa que se espera vir a
adquirir para integrar o património do disponente (“res speratas”), em
contraposição à coisa presente que o disponente já possui.
Distinguem-se:
− Coisas relativamente futuras → já estão na disponibilidade de
alguém, mas que não é o disponente, que espera, ao momento
da declaração negocial vir a adquiri-las.
− Coisas absolutamente futuras → ainda não existem ao
momento da declaração, mas esperam-se vir a ter.
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Orlando de Carvalho → conjunto de coisas unificadas por
interesses económicos, em que existe um valor de agregação. Por exemplo,
rebanho, conjunto de selos, colecção de moedas.
Este conjunto não é uma coisa una, porque o seu conjunto não é alvo
de um direito real. Só cada coisa isoladamente o será.
A universalidade de facto é então uma coisa que existe apenas
enquanto conjunto de bens ligados por um valor de reunião, bens esses que,
entre si, se encontram numa posição de paridade, tendo o mesmo valor quer
agrupados, quer individualizados.
Por isso, para Orlando de Carvalho, universalidades de facto não se
confundem com as coisas compostas funcionais, porque nas primeiras, o
valor do conjunto é igual ao somatório das coisas individuais, ao passo que
nas segundas, o valor do conjunto é superior ao somatório.
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f) Frutos e produtos
Art.212º CC: “Diz-se fruto de uma coisa tudo o que ela produz
periodicamente, sem prejuízo da sua substância.”
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− Carácter periódico
− Tem que estar em condições de, per si,
sobreviver
Frutos → Civis
→ Naturais
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Frutos naturais:
− Pendentes → ainda não se fez a separação (art.215º nº2 CC)
− Percebidos → já se fez a separação (art.213º nº1 e 215º nº1 CC)
− Percipiendos → podiam ter sido colhidos, mas não o foram por
culpa do detentor da coisa
− Maduros → aptos para a colheita (art.214º CC)
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Frutos ≠ Produtos
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Utilidades que das coisas derivam com carácter eventual (ao
contrário dos frutos que tem um carácter periódico). O produto é o
rendimento que não tem carácter periódico ou, tendo-o, a sua produção
causa prejuízo ao carácter da coisa.
Por outras palavras, produtos são, tal como os frutos, derivações das
coisas, mas que esgotam a sua substância, enquanto os frutos, sendo
colhidos periodicamente, não prejudicam a sua substância.
Ex. A pedra extraída de uma pedreira não é um fruto, mas um produto,
uma vez que a sua extracção implica, como é óbvio, o esgotamento do
terreno.
g) Benfeitorias
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Capítulo I – A posse
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propriedade, mas de um outro direito real. Ex. Posse de uma servidão; posse
de um usufruto; etc.
Exemplos:
Um agricultor começa a cultivar o terreno vizinho, fazendo-o de forma
reiterada, sem autorização e afirmando o seu intento de se comportar como
proprietário, recolhendo os frutos, etc. Nesta hipótese, este agricultor torna-
se possuidor deste terreno. Tem a posse, mas não tem a sua propriedade. O
proprietário é o dono do prédio, que, por sua vez, não tem a posse
correspondente, que pertence ao agricultor.
Um indivíduo acha uma coisa perdida ou furta um objecto e o guarda,
passando a fruí-lo. Surge aqui também uma dissociação entre a qualidade de
possuidor e de proprietário. O proprietário é o lesado; este continua a ser
proprietário da coisa, apesar de já não ser seu possuidor.
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3. Os sistemas possessórios
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→ Sistema objectivo:
Para a concepção objectiva da posse, à qual se associa o nome de
Ihering, para que haja posse é necessário que exista um poder de facto sobre
determinado bem, bastando, portanto, que se verifique o corpus.
Dispensam-se especiais intencionalidades nesse exercício (o animus).
→ Sistema subjectivo:
Para a concepção subjectiva, defendida por Savigny, para haver posse
é necessário que se verifiquem os dois elementos: o elemento
externo/fáctico (o corpus), enquanto poder de facto sobre o bem; e o
elemento interno/intencional (o animus), enquanto intenção de exercer o
poder de facto como se fosse titular do direito real correspondente.
Mas, tal como a posse se adquire quando se reúnem os dois elementos,
a posse também se perde se se perdem os dois elementos ou, do mesmo
modo, se se perde só um deles (pode acontecer que se perca só o elemento
psicológico ou só o elemento material). Por exemplo: perde-se o elemento
material, quando a coisa fosse é perdida, furtada ou usurpada por terceiro;
por outro lado, perde-se o elemento psicológico nos casos de constituto
possessório (o proprietário de um prédio vende-o, mas convenciona com o
adquirente que continua no prédio como locatário).
Assim, havendo o corpus, mas não havendo o animus, estamos
perante um direito de crédito, não havendo consequentemente tutela
possessória.
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Ora como a prova do animus poderá ser muito difícil, para facilitar as
coisas, a lei estabelece uma presunção. Em caso de dúvida, presume-se a
posse naquele que exerce o poder de facto.
Daqui decorre que, sendo necessário o corpus e o animus, o exercício
daquele faz presumir a existência deste.
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Posse ≠ Detenção
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Art.1253º CC:
a) Engloba os actos facultativos, em que os poderes de facto são
exercidos pelo detentor em consequência da inércia do titular
do direito ou da inércia do possuidor. Nestes casos, quem
exerce o poder de facto não tem intenção de agir como
beneficiário do direito.
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→ Coisas incorpóreas:
− Estabelecimento comercial → pode ser objecto de posse,
porque o estabelecimento não existe sem um lastro material. Ele assenta em
valores ostensivos, com relevo jurídico-económico fora do próprio
estabelecimento, valores esses, grande parte das vezes, materiais. Além
disso, o poder de facto da posse não tem que ser um poder físico, pelo que
basta que o estabelecimento, enquanto organização de factores produtivos,
se encontre na reserva de disponibilidade empírica do sujeito. A posse
pretende garantir a exclusividade da disponibilidade destes bens ao seu
titular. Logo, parece não haver nada contra o facto de estes bens
incorpóreos serem passíveis de posse, desde que visem preservar a
exploração económica do estabelecimento comercial (o que constitui um
verdadeiro requisito para a sua classificação como coisa incorpórea).
− Ideias inventivas → também pode haver posse, já que
através desta é possível salvaguardar a exploração económica e a
exclusividade económica do bem, até porque a posse tem que ser entendida
como um poder empírico e não como um poder físico, de reserva de
exclusiva disponibilidade do bem.
↓
Grande parte da doutrina levanta
problemas quanto à admissão da usucapião destes bens.
Para Orlando de Carvalho pode haver posse sobre estes bens,
defendendo, quanto à usucapião, que esta possui natureza diferente, até
porque ela não é um efeito necessário da posse, podendo ser excluída pelo
CC para certas situações possessórias.
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Art.1266º CC: “Podem adquirir posse todos os que têm uso da razão e
ainda os que o não têm, relativamente às coisas susceptíveis de ocupação.”
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A lei basta-se com o uso da razão. Com o discernimento que apenas
requer da pessoa a capacidade natural de querer e entender os poderes de
facto inerentes ao exercício da posse. Basta que o sujeito tenha a capacidade
natural de entender e de querer suficiente para exercer os poderes de facto
sobre a coisa.
A lei não exige a capacidade de exercício.
Nos termos do art.488º CC, presume-se que haja uso da razão a partir
dos 7 anos.
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Em suma, com excepção dos vícios formais, dos vícios que geram
inexistência jurídica do negócio e dos casos de simulação (à qual se
equipara a reserva mental) que, sendo vícios substanciais não configuram
situações de posse, todos os outros vícios não afectam a titularidade da
posse.
→ No caso de ocupação:
Coisas que nunca tiveram dono → a posse é titulada.
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Coisas perdidas:
o O achador sabe a quem pertence a coisa
→ configura um caso de usurpação: a
posse é não titulada e presume-se de má-
fé.
o O achador não sabe a quem pertence a
coisa:
• Não anuncia a coisa →
configura um caso de
usurpação: a posse é não
titulada.
• Anuncia a coisa → o achador
tem o direito de retenção da
coisa, ficando, desse modo,
com o direito de propriedade
da coisa.
→ No caso de acessão:
Natural → a posse é titulada.
Industrial:
o O sujeito está de boa-fé → a posse é
titulada.
o O sujeito está de má-fé → configura um
caso de usurpação: a posse é não titulada.
→ No caso de usurpação:
Por esbulho → a posse é não titulada.
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Nos termos do art.1259º nº2 CC, a posse titulada não se presume, pelo
que tem que ser provada por quem a invoca.
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1) Aquisição Originária
A. Acessão
B. Ocupação
C. Usurpação
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A. Tradição Real
i. Tradição Explícita
1. Material
a. Tradição Directa
b. Tradição à Distância
2. Simbólica
a. Tradição das Chaves
b. Tradição documental
3. Emissão na posse
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2. Constituto Possessório
a. Bilateral
b. Trilateral
B. Tradição Ficta
1) Aquisição Originária
Na aquisição originária da posse, a posse do adquirente surge “ex
novo” na esfera da disponibilidade empírica do sujeito, porque não depende
geneticamente de uma posse anterior, nem quanto à existência, nem quanto
ao âmbito ou conteúdo, nem quanto à extensão ou área de incidência. A
aquisição apenas depende do facto aquisitivo. A posse não tem causa em
nenhuma posse anterior, mas adquire-se contra ela ou apesar dela.
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C. Usurpação
Conjunto de todas as formas originárias feitas sem ou contra a
vontade do anterior possuidor.
Reveste três modalidades: prática reiterada, inversão da titularidade da
posse, esbulho.
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a. Explícita
O detentor leva ao conhecimento do
possuidor a declaração de oposição. Por exemplo, o arrendatário deixa de
pagar a renda e declara que não paga, porque considera que o apartamento é
seu.
O acto em si é levado ao conhecimento do anterior possuidor e é
inequívoco quanto à inversão.
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b. Implícita
Não há qualquer declaração, mas o
acto do detentor é inequívoco, em si mesmo, de que o detentor se arroga do
direito real. Por exemplo, o arrendatário decide vender o prédio em que está
a morar, já que tem a convicção de que é seu possuidor.
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terceiro não transfere posse nenhuma, já que ele não é possuidor nem
detentor.
Porém, este acto do terceiro não pode padecer nem de um vício formal
nem de um vício que conduza à sua inexistência jurídica, uma vez que,
nestes casos, o acto não cria a aparência abstracta de possibilidade de
transmissão e, assim, não gera a mutação psicológica no detentor, não gera
a convicção no detentor que ele é o novo possuidor.
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2) Aquisição Derivada
A posse transmite-se, no âmbito da aquisição derivada da posse, pela
traditio da coisa, muito embora ela acompanhe o negócio jurídico. Os
negócios jurídicos não transferem a posse.
A aquisição derivada da posse é aquela em que a posse adquirida se
funda ou filia na existência de uma posse que se encontrava, anteriormente,
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A. Tradição Real
Trata-se de uma verdadeira tradição de um bem para outrem. É
uma tradição efectiva.
i. Tradição Explícita
A aquisição derivada diz-se explícita, quando existe um
acto exterior que materializa ou simboliza a entrega ou transmissão da coisa
que é objecto de posse.
1. Tradição Material
Art.1263º b) CC: a posse transmite-se pela
entrega da coisa, sendo este acto de entrega, aquele em que se manifesta a
intenção de transmitir e adquirir a posse.
A tradição material pode ser directa ou à distância.
a. Tradição Directa
Há tradição material directa, quando a
coisa passa de mão em mão (coisas móveis) ou quando o novo possuidor
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toma contacto directo com a coisa, como, por exemplo, entrar no prédio
(coisas imóveis).
b. Tradição à Distância
Designa-se tradição à distância ou
traditio longa manu, quando a tradição da coisa não é feita directamente,
mas com a coisa à vista. Tem lugar, por regra, em relação a coisas imóveis.
2. Tradição Simbólica
A tradição é simbólica, quando o objecto da
posse não é transferido, antes se transfere um bem que simboliza a entrega
do objecto da posse. A tradição simbólica pode ser, por exemplo:
b. Tradição Documental
Traduz-se na entrega dos documentos
que simbolizam a posse. A entrega dos documentos tem que conferir
poderes empíricos sobre a coisa. Tem lugar em relação a coisas corpóreas
(móveis ou imóveis) e incorpóreas. Prevista, por exemplo, no art.937º CC.
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3. Emissão na Posse
A tradição faz-se por emissão na posse, quando
se realiza através de um conjunto de actos destinados a colocar o adquirente
em condições efectivas de exercer a posse, ou seja, de poder explorar ou
fruir a coisa. Verifica-se relativamente à transmissão do estabelecimento
comercial, em que é necessário o adquirente tomar conhecimento dos
segredos de fabrico, dos clientes, dos fornecedores, etc.
O conhecimento do bem por parte do novo possuidor consubstancia-se
num conjunto de actos que concorram para o mesmo fim: a transmissão do
domínio de facto sobre o estabelecimento.
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2. Constituto possessório
É a aquisição da posse sem efectivo
empossamento, isto é, sem entrada na posse e na detenção material da coisa.
Pode ser bilateral ou trilateral.
a. Bilateral
Art.1264º nº1 CC: “Se o titular do
direito real, que está na posse da coisa, transmitir esse direito a outrem, não
deixa de considerar-se transferida a posse para o adquirente, ainda que, por
qualquer causa, aquele continue a deter a coisa.”
↓
A lei, mais uma vez, confunde direito com posse, esquecendo que a
posse é independente do direito real, embora seja um exercício de poderes
de facto em termos do direito real.
Por exemplo, A possuidor transmite a posse a B de uma coisa,
convencionando as partes que A continua a manter ou a dispor da coisa. B
adquire a posse, apesar de não se verificar qualquer acto explícito que a
materialize. A posse não deixa de considerar-se transferida, não obstante A
continuar a manter a coisa.
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b. Trilateral
O nº2 do art.1264º CC consagra o
Constituto Possessório Trilateral.
Há dois casos possíveis:
→ A é possuidor e B detentor. A transmite a posse a C (um terceiro),
mas os dois acordam que a detenção continua na disponibilidade de B (que
já era o detentor). Ainda assim considera-se transmitida a posse para C.
→ A é possuidor e B detentor. A transmite a posse a B (antigo
detentor e novo possuidor), mas os dois acordam que a detenção passa a ser
de C (um terceiro). Ainda aqui a posse se considera transmitida.
B. Tradição Ficta
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adquire a posse, enquanto que na sucessão legal ele adquire a posse por
força da lei.
Como na sucessão contratual e testamentária há um título autónomo,
Orlando de Carvalho defendia que, nestes casos, se o herdeiro tivesse nisso
vantagens (se a sua posse fosse melhor que a posse do de cujus), a posse se
define em função do título aquisitivo e não em função das características
anteriores.
Ou seja, ao invés do que se passa nos casos de sucessão legal, na
sucessão contratual e testamentária, há um título intercorrente, dirigido à
transmissão da posse, autónomo daquele que fundamenta a posse do de
cujus. Neste caso, pode o sucessor, se isso lhe convier, invocar esse título e
arrogar-se uma posse autónoma relativamente à posse do de cujus.
a) Conjunção sincrónica
Trata-se da existência de várias posses no mesmo plano temporal.
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b) Conjunção diacrónica
Aqui existe uma junção de várias posses situadas em planos temporais
diferentes.
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Requisitos da acessão:
− Existência de um nexo de derivação entre as duas posses (a
aquisição originária quebra a acessão), desde que essa derivação
seja por título diferente da sucessão mortis causa. Ou seja, a
acessão não se verifica na sucessão mortis causa, à qual se
aplica a sucessão na posse do art.1255º CC. Além disso, só
acontece nas formas de aquisição derivada da posse
(“…sucedido…”). Só nestes casos faz sentido.
− Só opera entre posses consecutivas, isto é, em relação ao
anterior possuidor (nas relações imediatas).
− A posse do acessor terá de ser pública e pacífica, ou melhor, não
pode ser exercida ou mantida com violência ou ocultamente,
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era seu proprietário ou até por quem furtou. A verdade é que a tutela da
posse pode conduzir a que este indivíduo seja efectivamente protegido.
Não obstante, é necessário ter presente que a tutela possessória é
sempre uma tutela provisória, visto que os meios de tutela possessória – o
chamado contencioso possessório – só resolvem de imediato o litígio, mas
não definitivamente.
Mota Pinto aponta, então, três razões que justificam a tutela da posse:
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O facto de uma coisa ser explorada por alguém, facto esse que se
traduz na posse, é um valor económico que deve ser respeitado em
geral pelos outros.
Meios Extra-Judiciais:
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Meios Judiciais:
Estão aqui em causa as chamadas acções possessórias.
De facto, a posse confere a possibilidade de vir a juízo requerer
determinadas providências, mediante as chamadas acções possessórias.
Nessa medida, pode-se falar aqui de um contencioso possessório para
designar o conjunto destas acções, por oposição ao contencioso petitório,
representado fundamentalmente pelas acções destinadas a defender a
propriedade.
Recorrem-se a estas acções possessórias sempre que há um facto
jurídico-empírico que viola ou ameaça violar a posse, isto é, quando o facto
visa perturbar (“animus turbandi”) ou privar o possuidor da posse (“animus
spoliandi”).
As acções possessórias seguem a forma de processo comum.
Os meios judiciais são:
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NOÇÃO:
Art.1287º CC: “A posse do direito de propriedade ou de outros
direitos reais de gozo, mantida por certo lapso de tempo, faculta ao
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REQUISITOS DA USUCAPIÃO:
a) Decurso do tempo → Varia consoante os bens em causa. Faz-se a
distinção entre bens imóveis e bens móveis. Dentro dos imóveis
temos que considerar as características de boa e má-fé da posse e a
existência ou não de título de registo aquisitivo ou de registo da
posse. Dentro dos bens móveis, há a considerar se os bens estão ou
não sujeitos a registo.
A lei fixa taxativamente o prazo.
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EFEITOS DA USUCAPIÃO:
Referiu-se já que a posse tem como efeito a aquisição de um direito
real.
O que ainda não se disse foi que “invocada a usucapião, os seus
efeitos retrotraem-se à data do início da posse” (art.1288º CC).
A confirmação da retroactividade da usucapião ao momento do início
da posse encontra-se, a respeito do direito de propriedade, no art.1317º c)
CC: “O momento da aquisição do direito de propriedade é, no caso de
usucapião, o do início da posse”.
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Regime da prescrição:
Art.300º CC → os prazos da usucapião são prazos imperativos,
sendo nulos quaisquer actos ou negócios que visam reduzir ou
aumentar os prazos da usucapião.
Suspensão do prazo:
Verificada qualquer uma das causas que levam à suspensão do prazo
para usucapir, esta dá origem a uma paralisação do prazo e, por isso, se já
tiver decorrido algum, este não fica inutilizado, apenas não continua a
correr.
Tipos de suspensão:
a) de início → as causas da suspensão verificam-se
simultaneamente ao início da posse. Exemplo: art.318º a) CC
– “…não começa…” – se um cônjuge é titular do direito e o
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Interrupção do prazo:
Verificada qualquer uma das causas que leva à interrupção do prazo
para usucapir, esta dá origem à inutilização do prazo. Cessando o efeito
interruptivo, começa a contar-se um novo prazo (art.326º nº1 CC).
Título II – Ordenação dominial definitiva
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1. Princípio da coisificação
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2. Princípio da actualidade
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3. Princípio da especialidade
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são únicos, no sentido de que o direito real que incide sobre uma coisa não é
o mesmo que incide sobre outra coisa. Será porventura igual, mas não será
certamente o mesmo. Ora, isto não é mais do que um corolário da ideia de
que os direitos reais têm por objecto coisas certas e determinadas, coisas
individualizadas.
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4. Princípio da compatibilidade
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5. Princípio da elasticidade
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Crítica:
A livre criação de direitos reais permite um melhor aproveitamento da
riqueza dos bens.
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2. Princípio da causalidade
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Excepções:
1) Sistema do título:
− Há casos em que além da regularidade é necessário a
transmissão, sendo nesses casos um sistema de título e de
modo (ex. transmissão de bens móveis sujeitos a registo).
− No caso de usucapião é possível adquirir independentemente
da boa-fé.
− É possível, em certos casos, adquirir quando o título não é
válido (ex. casos de protecção de terceiros de boa-fé e casos
de terceiro para efeitos de registo).
2) Sistema do modo: quando o acto de atribuição do bem, que
antecede a traditio (a entrega do bem) ou o registo for inválido,
gera-se a obrigação de restituição ao abrigo do enriquecimento sem
causa.
3) Sistema do título e do modo: há casos em que não se exige os dois
requisitos da regularidade do título e da indiscutibilidade do modo,
uma vez que se admitem tradições implícitas (tradição ficta;
traditio brevi manu; constituto possessório).
Regularidade do título:
Tem que ter em conta os vícios que geram a nulidade e/ou anulação
(invalidade).
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Para o título ser regular a causa que lhe dá origem e, por inerência, o
próprio título, tem que ser existente, válido e procedente (art.408º nº1 CC).
A transmissão e a aquisição do título dependem da sua regularidade, isto é,
da sua existência, validade e procedência (os negócios sobre coisas futuras
ou indeterminadas não procedem).
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3. Princípio da consensualidade
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4. Princípio da publicidade
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Posto tudo o que acabou de ser dito, conclui-se que o registo é uma
condição de eficácia do facto registado perante terceiros, ou melhor, é uma
condição de oponibilidade do acto constitutivo ou translativo do direito real
a terceiros. O registo é uma condição de eficácia perante terceiros, mas não
é condição de eficácia nem de validade do acto translativo do direito real
(salvo nos casos, já referenciados, da hipoteca). Ele visa somente a
publicidade deste acto translativo.
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Também não confere a eficácia erga omnes aos direitos reais. Esta
resulta da própria lei.
Do mesmo modo, os factos jurídicos sujeitos a registo são inoponíveis
face a terceiros enquanto não forem registados.
Efeitos do registo:
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A pretensão que lhe pode estar associada não se confunde, assim, com
o seu conteúdo.
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Limites à sequela:
Há certos direitos reais que se extinguem pelo não uso (por
exemplo, alguns direitos reais menores de gozo).
Todos os direitos reais de gozo se podem extinguir pela
usucapião (ao reconstruir a dominialidade definitiva, faz
perder o direito).
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aqueles em que surge na esfera dos direitos reais de gozo, ela não é acatada
pela generalidade da doutrina. É que, enquanto que o princípio da
preferência estabelece nos direitos reais de garantia uma prioridade de
exercício do direito, nos direitos reais de gozo, esse direito de prevalência
vai decidir da própria existência ou inexistência do direito.
Assim, é o direito de preferência ou prevalência uma característica
que, com toda a lógica, se pode imputar aos direitos em reais.
Excepções:
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isto que o credor do preço fique numa posição privilegiada perante outros
credores. É que se não houvesse reserva de propriedade, no caso de não
pagamento das prestações em falta, o vendedor/credor podia apenas
executar o património do comprador/devedor, tendo de suportar nessa
execução a concorrência de todos os outros credores, inclusive no que toca
à execução da própria coisa vendida.
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uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem”, ou seja, poder de
pleno domínio (art.1305º CC).
Ora, os direitos reais são uma mera aproximação ao direito de
propriedade, são uma forma de expressar o pleno domínio (paradigma da
“plena in re potestas” – supra Introdução, Cap. I, ponto 5). Daí que
qualquer outro direito real (de gozo, de aquisição ou de garantia) pode ser
apelidado de direito real limitado, na medida em que não confere a
plenitude dos poderes sobre uma coisa. Confere apenas a possibilidade de
exercer certos poderes sobre uma coisa, mas não a plenitude dos poderes
correspondentes à clássica tripartição romana “jus utendi, jus fruendi e jus
abutendi”. São, portanto, direitos sobre coisas que em propriedade
pertencem a outrem. Eles pressupõem uma concorrência de direitos, isto é,
sobre uma coisa recai, além de um destes direitos reais limitados, um direito
de propriedade que é restringido por esse direito real limitado. Pode mesmo
dizer-se, de acordo com os ensinamentos de Mota Pinto, que são “jura in re
aliena” (direitos sobre coisa alheia) ou, pelo menos, direitos sobre coisa não
própria.
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→ Direito de Compropriedade
→ Direito de Comunhão: a Propriedade Horizontal
A propriedade em geral
NOÇÃO:
O direito de propriedade é o poder pleno de uso e gozo de uma coisa,
ou melhor, é o poder pleno de uso, fruição e disposição de uma coisa. Estes
poderes conferidos pelo art.1305º CC podem não coexistir na sua
totalidade.
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DURAÇÃO:
− Perpétua (o direito de propriedade tem um carácter perpétuo)
Casos excepcionais:
− Temporária ou a termo:
Art.1307º CC → propriedade temporária
Art.2286º CC → propriedade do fideicomissário
− Resolúvel:
Art.927º CC → venda a retro
Art.960º CC → cláusula de reversão nos contratos de
doação
RESTRIÇÕES:
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Propriedade de imóveis
CONTEÚDO:
A propriedade de imóveis é regulada nos artigos 1344º e segs. CC.
Esta figura abrange o imóvel rústico ou urbano, o espaço aéreo
correspondente à sua superfície, bem como o subsolo ou tudo o que nele se
contém e não desintegrado do domínio por lei ou negócio jurídico. Esta
ressalva entende-se porque há na CRP normas que integram o domínio
público certas riquezas subterrâneas (jazigos minerais, águas minero-
medicinais, etc.). Esses bens não pertencem ao proprietário do terreno,
porque estão integrados no domínio público, embora o proprietário tenha
uma posição especial relativamente a esses bens, nomeadamente,
preferência na concessão ou um direito a receber uma prestação. Outras
coisas que não estejam expressamente integradas no domínio público, por
exemplo, um tesouro, são já pertença do proprietário do subsolo ou do
espaço aéreo.
O art.1344º nº2 CC limita em certos termos os poderes do
proprietário: “o proprietário não pode, todavia, proibir os actos de terceiro
que, pela altura ou profundidade a que têm lugar, não haja interesse em
impedir”. É o caso exemplar das companhias de navegação aérea que, não
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fosse esta norma, violariam todos os dias os limites dos prédios. Acontece
que o proprietário não tem interesse em impedir esses actos.
Refira-se que a propriedade dos imóveis é uma propriedade que existe
sempre, ou melhor, não é nunca “res nullius” (coisa de ninguém), pois
corre-se o risco de se perder a propriedade sobre o prédio por abandono.
Ora, preceitua o art.1345º CC que “as coisas imóveis sem dono conhecido
consideram-se do património do Estado”.
A propriedade de imóveis confere certos direitos específicos gerados
pela natureza desses bens – direito de demarcação, de tapagem, de
construção, de plantação de arbustos, etc. Porém estes poderes
indeterminados têm limitações.
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Direito de compropriedade
NOÇÃO:
A figura da compropriedade apresenta-se-nos “...quando duas ou mais
posses são simultaneamente titulares do direito de propriedade sobre a
mesma coisa”, noção esta que consta do art.1403º nº1 CC. Ela consiste,
então, em vários direitos de propriedade que incidem sobre quotas ideais ou
intelectuais do bem globalmente considerado.
Estes vários direitos de propriedade são qualitativamente iguais, mas
podem ser quantitativamente diferentes. Não obstante, na falta de indicação
em contrário no título constitutivo, as quotas presumem-se
quantitativamente iguais (art.1403º nº2 CC).
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outros direitos. Por exemplo, pode haver comunhão numa servidão, num
usufruto, ou até em relação a um direito de crédito.
Esta aplicação das regras da compropriedade à comunhão de
quaisquer outros direitos tem importância, designadamente para efeitos de
direito de preferência.
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NATUREZA JURÍDICA:
Este problema é passível de três soluções:
a) De acordo com a doutrina tradicional, perfilhada por Manuel
Rodrigues entre outros, a compropriedade resulta da coexistência
dos direitos de cada um dos contitulares sobre uma quota ideal ou
intelectual do bem. Assim, cada um dos comproprietários tem
direito a uma quota ideal não especificada do objecto. (Vários
direitos ↔ Vários objectos)
b) Segundo uma outra perspectiva apoiada por Luís Pinto Coelho, não
se trata aqui da coexistência de direitos incidindo cada um deles
sobre uma quota ideal (doutrina tradicional), mas sim da
coexistência de vários direitos de propriedade sobre todo o objecto,
direitos esses que se limitam reciprocamente. Aqui, há várias
propriedades sobre o mesmo objecto, limitadas por outras
propriedades com idêntico objecto. (Vários direitos ↔ Um objecto)
c) Uma terceira posição entende que estamos perante um único direito
com vários titulares. (Um direito ↔ Um Objecto)
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E nem por isso, se poderá dizer que esta solução viola o princípio da
especialidade, segundo o qual os direitos reais têm que incidir sobre coisa
determinada. De facto, aqui a coisa está determinada: é a quota ideal do
objecto, que, potencialmente, incide sobre todo ele, mas que não é
exactamente um direito sobre todo o objecto, antes é um direito sobre uma
fracção daquele objecto.
REGIME JURÍDICO:
O problema central que aqui se põe é o de saber quais são as
possibilidades de ser praticado um acto sobre a coisa comum, isoladamente,
por um comproprietário ou por um grupo de contitulares que não represente
a totalidade dos contitulares dos direitos que recaem sobre o objecto.
Quanto à possibilidade que todos têm de, por unanimidade, praticar
quaisquer actos sobre a coisa, ela não suscita dúvidas. O art.1405º CC é
claro quando estipula que os comproprietários exercem em conjunto os
poderes que pertencem ao proprietário singular, sendo que participarão nas
vantagens e encargos da coisa em proporção das suas quotas.
A questão está efectivamente em saber quais os poderes dos
comproprietários, considerados isoladamente ou em grupos parcelares.
Assim, há actos que podem ser praticados isoladamente por um
comproprietário; outros que exigem o acordo da maioria deles; e outros
ainda que exigem a sua unanimidade.
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empregue para fim diferente daquele a que a coisa se destina e não prive os
outros comproprietários do uso a que igualmente têm direito”.
Também pode cada um deles, nos termos do art.1408º CC, “dispor de
toda a sua quota na comunhão ou de parte dela”. E podendo dispor também
pode onerá-la, v.g., dá-la em hipoteca (art.689º nº1 CC).
Porém, não pode isoladamente alienar ou onerar uma parte
especificada da coisa comum (art.1408º nº1 in fine), visto que o seu direito
não recai sobre uma parte concreta, individualizada, do objecto, mas apenas
sobre uma quota ideal, pelo menos, até se proceder à divisão da coisa
comum). Se o fizer, o nº2 daquele art.1408º CC manda aplicar ao acto as
normas relativas à disposição ou oneração de coisa alheia (arts. 892º e segs.
CC).
A disposição da sua quota ideal está sujeita à forma exigida para a
disposição da coisa (art.1408º nº3 CC). Por exemplo, a venda por um
comproprietário de metade de um imóvel exige escritura pública, tal como
se exige para a venda do imóvel.
Pode, ainda isoladamente, nos termos do art.1405º nº2 CC, cada
consorte reivindicar de terceiro a coisa comum sem que se lhe possa opor o
facto que ela lhe não pertence por inteiro. Ou seja, cada comproprietário
pode exercer a acção de reivindicação da coisa comum em relação a terceiro
que a possua indevidamente.
Conexionada com esta matéria (disposição e oneração da quota),
atente-se que quando há uma disposição da quota ideal por um dos
comproprietários a um terceiro que não seja comproprietário, há lugar ao
exercício do direito de preferência. Nos termos do art.1409º CC, os
restantes comproprietários têm preferência e têm primazia face a outros
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EXTINÇÃO DA COMPROPRIEDADE:
A compropriedade pode extinguir-se por via negocial: qualquer
comproprietário pode adquirir as quotas de quaisquer dos outros ou mesmo
de todos os outros.
Além desta, importa ainda referir a forma de extinção prevista nos
arts.1412º e 1413º CC, que estipulam o direito dos comproprietários a exigir
a divisão da coisa comum.
Pode, às vezes, clausular-se, durante um certo número de anos, a
indivisão da coisa. A lei admite essas cláusulas de indivisão, mas limita a
sua validade a cinco anos, podendo depois renovar-se esse prazo.
Se for pactuada um indivisão superior a 5 anos, a cláusula deve ser
considerada nula, embora se aceita uma redução do negócio jurídico nos
termos gerais da teoria geral do negócio jurídico (art.292º CC).
Para valer em relação a terceiros, esta cláusula de indivisão tem de ser
registada (1412º nº3 CC).
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Direito de comunhão
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NATUREZA JURÍDICA:
A propriedade horizontal parece ter uma natureza dualista, ou seja, ela
é integrada por um concurso de dois direitos: direito de plena propriedade
sobre as partes privativas (sobre cada fracção autónoma) e comunhão sobre
as partes comuns.
(Apesar do art.1420º nº1 CC dizer que cada condómino é
“comproprietário das partes comuns do edifício”, deve ler-se aí
“contitulares”.)
Estes direitos estão ligados, de tal forma que na alienação do direito de
propriedade horizontal vão coenvolvidos a propriedade sobre a parte
privada e o direito de comunhão sobre as partes comuns (art.1420º nº2 CC).
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MODOS DE CONSTITUIÇÃO:
A propriedade horizontal pode ser constituída por negócio jurídico,
usucapião ou decisão judicial (art.1417º CC).
→ Por negócio jurídico:
Há várias modalidades negociais. Porém, em primeiro lugar, é
necessário que seja lavrado um título constitutivo de propriedade horizontal
por escritura pública. A atribuição de cada uma das unidades a vários
proprietários é que poderá ter lugar por diversas vias negociais.
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Direito de Usufruto
NOÇÃO:
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CARACTERÍSTICAS:
Com base no art.1439º CC podemos alinhavar algumas características
do direito de usufruto:
→ Temporariedade → O usufruto é um direito temporário e, no
comum dos casos, vitalício.
Este carácter resulta da circunstância de o usufruto se extinguir pelo
decurso do prazo, quando no título constitutivo foi estabelecido um prazo, e
da de o usufruto se extinguir igualmente pela morte do usufrutuário
(art.1476º nº1 a) CC).
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Assim, desde que não haja prazo estipulado para duração do usufruto,
este extingue-se pela morte do titular desse direito.
Havendo prazo estipulado, o usufruto extingue-se no termo deste,
excepto se, antes de decorrido o lapso de tempo pelo qual foi constituído, se
verificar a morte do usufrutuário. Neste caso, o usufruto extingue-se antes
do decurso do prazo.
É este o regime aplicável às pessoas físicas, regime este em que se
encontra bem vincado o carácter “intuitus personae”. É que, efectivamente,
o usufruto é concedido a alguém durante um determinado prazo, mas nunca
para além da vida do beneficiário (art.1443º CC).
No que respeita às pessoas colectivas, quer de direito público, quer de
direito privado, o art.1443º CC estabelece que a duração máxima do
usufruto é de trinta anos. Traduz-se aqui a preocupação do legislador em
limitar o usufruto. Se a lei utilizasse o mesmo critério para a delimitação do
prazo do usufruto para as pessoas colectivas o mesmo critério que utiliza
para a delimitação do prazo de usufruto para as pessoas singulares poderiam
surgir usufrutos perpétuos a favor de pessoas colectivas, dada a sua duração
normalmente indeterminada ou natureza perpétua.
As razões que levaram a lei a negar o carácter perpétuo do usufruto
(ao contrário do que acontece no direito de propriedade) são várias:
o Graves inconvenientes de ordem económica geral (não há um
estímulo para a exploração dos bens);
o Prejuízos na circulação dos bens (qualquer adquirente do bem, não
adquire a plena propriedade; adquire-o limitadamente); etc.
Porém, a aquisição de um usufruto tem algumas vantagens:
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LIMITES:
1.O usufruto tem que respeitar a forma ou substância da coisa
(art.1439º 2ª parte CC).
2. Se o contrário não for estabelecido no título constitutivo, tem de
obedecer ao destino económico da coisa (art.1446º CC), de acordo
com o critério do bom pai de família.
DURAÇÃO:
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CONSTITUIÇÃO:
A constituição do direito de usufruto é regulada pelo art.1440º CC.
Segundo ele, o usufruto pode ser constituído por contrato, testamento,
usucapião ou disposição da lei.
O elenco apresentado por este artigo é um elenco não taxativo.
→ Contrato → Pode operar-se por duas formas distintas:
a) Constituição “per translationem”, que ocorre quando o proprietário
cria directamente ao terceiro o usufruto, detendo ele a nua
propriedade. Ex. A, pleno proprietário, passa para B o usufruto,
ficando com a nua propriedade.
b) Constituição “per deductionem”, que ocorre quando o proprietário
aliena a nua propriedade, ficando com o usufruto. Ex. A, pleno
proprietário, aliena a nua propriedade a B, ficando com o usufruto.
Esta dupla possibilidade revela-se, desde logo, no domínio da
prestação de caução pelo usufrutuário. É que, nos termos do nº1 do
art.1469º CC, o usufrutuário está dispensado de prestar caução no caso de o
seu direito ter sido constituído mediante alienação com reserva de usufruto,
ou seja, no caso típico de constituição “per deductionem”. Daí que o
proprietário, se continuar a usufruir a coisa, limitando-se a transferir a nua
propriedade, não tenha de prestar caução.
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DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO:
Relativamente aos poderes do usufrutuário sobre o próprio usufruto,
dissemos já, que o usufrutuário pode alienar ou hipotecar o seu direito de
usufruto; pode defender esse seu direito, exercitando acções possessórias ou
acções do tipo da acção de reivindicação (a chamada acção confessória do
usufruto – “vindicatio usufrutus”).
Já no que toca aos direitos do usufrutuário sobre a coisa usufruída,
cite-se, em primeiro lugar, o art.1445º CC que apela para o título
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Aliás, doutro modo, poderia haver uma dificuldade, quanto aos frutos
naturais, mormente quanto a saber a que período se devia atender: ao ano
civil ou ao ciclo produtivo do bem em questão, tendo em conta que este
ciclo pode variar consoante os usos locais e respectivos costumes e as
técnicas de produção utilizadas, etc., o que se traduz num elemento de
incerteza.
Daí que a lei prefira seguir um critério mais seguro e mais claro que é
o de atender ao momento da percepção.
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→ Casos especiais:
Referimo-nos até agora ao usufruto em geral. Porém, a lei regula, nos
arts.1451º a 1467º CC, o usufruto de certas coisas, de determinadas
categorias de bens. Isto porque era necessária uma previsão especial do
usufruto que incida sobre certos objectos.
É que a natureza e a constituição destes objectos criam problemas
específicos, maxime no que se refere à individualização, à determinação dos
frutos.
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OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO:
As obrigações do usufrutuário iniciam-se mesmo antes do começo do
usufruto.
O usufrutuário deve, com efeito, nos termos do art.1468º nº1 a) CC,
proceder a um inventário, isto é, deve relacionar os bens, declarando o seu
estado, bem como o valor dos móveis se os houver.
De seguida, de acordo com a alínea b) daquele artigo, deve o
usufrutuário prestar caução, se esta lhe for exigida.
Daí resulta que ao proprietário é tão lícito exigir a caução como
adoptar conduta inversa, nada exigindo.
A caução, porém, quando prestada, destina-se a cobrir a
responsabilidade do usufrutuário pela restituição da coisa no termo do
usufruto ou por quaisquer deteriorações que venha a causar na coisa
usufruída.
Ocorrem, todavia, certas situações em que há dispensa de caução. São
os casos previstos no art.1469º CC.
Assim acontecerá, em primeiro lugar, na hipótese de constituição de
usufruto “per deductionem”, ou seja, nos casos de alienação de uma coisa
com reserva de usufruto.
Depois, pode o usufrutuário ser dispensado de prestar caução no título
constitutivo do usufruto.
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EXTINÇÃO:
As causas de extinção do usufruto vêm referidas no art.1476º CC.
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Todo este regime até agora exposto reforça a ideia de que os direitos
de uso e habitação são diminutivos do usufruto. É, aliás, em conexão com
esta sua natureza que o art.1490º CC estatui que “são aplicados aos direitos
de uso e de habitação as disposições que regulam o usufruto, quando
conformes à natureza daqueles direitos”.
Exceptuam-se, como é óbvio, aquelas disposições específicas,
especialmente previstas a propósito do direito de uso e habitação, v.g., as
disposições sobre o trespasse, a locação, a oneração da coisa. Aplicam-se as
regras do usufruto que não se revelem incompatíveis com a natureza do
direito real de uso e habitação.
Qual é essa natureza?
Aqui, a natureza do direito de uso e habitação parece ser, no fundo, a
afectação destes direitos à função satisfazer necessidades pessoais.
Direito de Superfície
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NOÇÃO:
Direito de superfície (art.1524º CC) → Faculdade de construir ou
manter, perpétua ou temporariamente, uma obra em terreno ou prédio alheio
ou de nele fazer ou manter plantações.
Não obstante o que acabou de ser dito, deverá ter-se ainda em conta
um outro conceito que corresponde a uma outra situação jurídica diferente
do direito de superfície, mas que ainda se lhe encontra associada. Trata-se
do direito de propriedade superficiária.
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A PROPRIEDADE DO SOLO:
Questão que importa colocar-se a respeito desta matéria é saber qual o
sentido da propriedade do solo. Um indivíduo autoriza outro a construir e
fica com a propriedade do solo ou, ainda, vende a construção e fica apenas
com a propriedade do solo. O solo parece uma propriedade morta. Parece
não ter, em princípio, qualquer significado o ser-se proprietário do solo.
Porém, não é inteiramente assim. O direito de superfície com este
desdobramento é mais uma fórmula, dentro de um espírito de
racionalização, que a lei excogitou e pôs à disposição dos particulares, para
eventualmente darem uma mais adequada satisfação aos seus interesses, se
assim o entenderem.
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CONSTITUIÇÃO:
Nos termos do art.1528º CC, o direito de superfície pode constituir-se
por contrato, testamento ou usucapião e pode resultar da alienação de obra
ou árvores já existentes, separadamente da propriedade do solo.
→ Por acto negocial “inter vivos”, gratuito ou oneroso, o dono do solo
confere a outro indivíduo o direito de construir sobre ele. Quando esse
negócio seja oneroso, há uma contraprestação, que pode ser efectuada de
uma só vez ou por uma prestação anual, temporária ou perpétua, consoante
o acordo celebrado pelas partes (art.1530º CC).
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EXTINÇÃO:
O direito de superfície extingue-se nos termos do art.1536º CC.
Há, desde logo, casos de caducidade. São as hipóteses das alíneas a),
b) e c) do nº1 daquele artigo:
a) → “Se o superficiário não concluir a obra ou não fizer a plantação
dentro do prazo fixado ou, na falta de fixação, dentro do prazo de 10 anos”,
caduca o seu direito;
b) → “Se destruída a obra ou árvores, o superficiário não reconstruir a
obra ou não renovar a plantação dentro dos mesmos prazos a contar da
destruição”;
c) → “Pelo decurso do prazo, sendo constituído por certo tempo”.
Significa isto que quando há uma constituição de um direito de superfície
temporária, passado esse tempo ele caduca e a consequência da caducidade
é a reaquisição da plenitude da propriedade pelo proprietário do solo (esta
aquisição é restitutiva e reflecte a elasticidade do direito de propriedade).
Pode ainda extinguir-se, nos termos da alínea d), pela reunião na
mesma pessoa do direito de superfície e do direito de propriedade sobre o
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Direito das Coisas FDUP
solo. Essa reunião pode dar-se por força de contrato (venderam um ao outro
o seu direito) ou por confusão (um é herdeiro do outro).
Nos termos da alínea e), pode extinguir-se por desaparecimento ou
inutilização do solo ou, nos termos da alínea f), por expropriação por
utilidade pública.
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Direito das Coisas FDUP
Servidões Prediais
NOÇÃO:
Um direito de servidão é um direito real com o conteúdo de
possibilitar o gozo de certas utilidades de um prédio em benefício de outro
prédio.
Quer isto dizer que as utilidades, cujo gozo o direito de servidão
propicia, devem ser utilidades susceptíveis de serem gozadas por intermédio
de outro prédio – o prédio dominante.
Não basta, assim, verificar-se a mera existência de uma vantagem,
benefício ou utilidade para o titular da servidão individualmente
determinado. É necessário que haja um proveito objectivamente ligado a
outro prédio.
O titular da servidão não tem o poder de colher utilidades, vantagens
ou benefícios, individualmente considerados, mas na qualidade de sujeito
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Direito das Coisas FDUP
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Direito das Coisas FDUP
Posto o que foi dito, realce-se que o que caracteriza este direito real é
a predialidade. O nosso direito não acolhe servidões pessoais.
↓
A servidão, enquanto aproveitamento das utilidades de um prédio
serviente, pode ser determinada em função das necessidades económico-
subjectivas do prédio dominante e não tendo em conta as necessidades
pessoais dos titulares. Só as necessidades que o titular retira do prédio é que
relevam, só essas é que são obectivo-económicas. A medida da predialidade
é fixada pelas necessidades económicas decorrentes da exploração
económica do prédio.
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amplos, nem atribui encargos que antes não tinha → princípio da não
modificabilidade da servidão anteriormente constituída.
Por exemplo, se há um prédio que beneficia de uma servidão de
passagem através de um outro prédio e este é fraccionado, v.g., em duas
metades, só a que é objecto da passagem permanece onerada com a
servidão. Não há, portanto, uma multiplicação da servidão. Ou seja, o facto
de a outra metade fazer parte do prédio globalmente onerado não implica
que, após o fraccionamento deste, surjam duas servidões. Isto porque cada
fracção fica apenas sujeita à parte da servidão que lhe cabia. Logo, a metade
que não era objecto de passagem deixa, pela divisão do prédio, de ficar
onerada.
Isto é, também, como facilmente se depreende, uma expressão da
aderência da servidão ao prédio.
→ Atipicidade → Pode ser constituída uma servidão em função de
qualquer utilidade, ainda que futura ou eventual.
Diga-se aqui não ser necessário, para surgir uma servidão, que esta
venha atribuir vantagens económicas ao prédio dominante. Pode tratar-se de
vantagens de mera comodidade. Será o caso, por exemplo, de uma servidão
de vistas ou de não edificação, contratada com o fim exclusivo de tornar
mais ameno, mais aprazível o prédio dominante. A pessoa pode ter interesse
numa vista para o mar ou para uma outra paisagem, sem que isso
corresponda a um valor económico e sem que a ausência deste obste à
constituição da servidão.
→ Ligação objectiva da servidão → Não há servidões pessoais. As
servidões têm sempre que incidir sobre um prédio em benefício de outro.
Assim, se se estipular a constituição da fruição de utilidades em benefício
241
Direito das Coisas FDUP
CONSTITUIÇÃO:
Art.1547º nº1 CC: “As servidões prediais podem ser constituídas por
contrato, testamento, usucapião ou destinação do pai de família.” Nº2: “As
servidões legais, na falta de constituição voluntária, podem ser constituídas
por sentença judicial ou por decisão administrativa, conforme os casos.”
→ Contrato → As servidões podem constituir-se por acordo
voluntário das partes.
→ Testamento → As servidões pode, também, constituir-se por
testamento. Será o caso de um indivíduo legar um prédio a alguém, mas
onerando o imóvel com uma servidão a favor de outrem.
→ Usucapião → As servidões podem, também, constituir-se por
usucapião, embora só sejam susceptíveis deste modo de aquisição as
chamadas servidões aparentes.
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das partes, quer por efeito do contrato, quer do testamento, quer ainda por
usucapião ou destinação do pai de família, sem existir preceito legal que as
imponha.
As servidões legais podem constituir-se, como se disse, por sentença
judicial.
Assim, por exemplo, um indivíduo que pretenda adquirir a
titularidade, v.g., de uma servidão de aqueduto (art.1561º CC), pode chegar
a acordo com o dono do prédio sobre o qual aquela virá a incidir. Mas, se
esta solução, que é preferível por evitar demandas, se não vier a verificar,
então, pode esse indivíduo obter sentença judicial que venha constituir a
servidão pretendida.
Note-se, todavia, que alguns casos de servidões legais de águas,
ligadas a concessões de águas públicas, em vez de sentença judicial, podem
ser constituídas por decisão administrativa. Neste caso, a servidão é
constituída não por força de uma sentença proferida pelos tribunais, mas por
uma decisão dos órgãos administrativos competentes.
MODALIDADES:
Quanto ao título constitutivo:
→ Legais → Art.1547º nº2 CC: direito potestativo de constituição
coactiva de uma servidão sobre prédio alheio, mediante pagamento
de uma indemnização ao titular deste. Encontram-se taxativamente
previstas na lei. Podem ser constituídas contra a vontade do titular,
isto é, potestativamente, nomeadamente através de sentença
judicial.
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Quanto à aparência:
→ Aparentes
→ Não aparentes
Quanto ao conteúdo:
→ Positivas → Traduzem-se na permissão da prática de actos sobre o
prédio serviente. Por exemplo, servidão de passagem.
→ Negativas → Impõem uma abstenção ao dono do prédio serviente.
Por exemplo, servidão de vistas ou servidão de estilicídio.
→ Desvinculativas → Propostas por Oliveira Ascensão. O conteúdo
destas servidões é o de libertarem o prédio dominante de uma
restrição legal. Implicam para o dono do prédio serviente a
desvinculação da obrigação que recaia sobre esse prédio serviente.
Por exemplo: referimos a existência de certas restrições à
propriedade, derivadas de relações de vizinhança como é o caso,
v.g., da proibição de emissão de fumos sobre prédio alheio. Figure-
se agora que, por acordo, o dono de um prédio onde se vai proceder
a uma determinada instalação, convenciona que o prédio vizinho
tolera a emissão de fumos para este, fumos provenientes do
primeiro prédio. Estamos aqui em face de uma servidão
desvinculativa, isto porque o prédio dominante é, nesta hipótese,
desvinculado de certas restrições legais a que estava sujeito.
248
Direito das Coisas FDUP
EXERCÍCIO:
O exercício das servidões vem regulado nos arts.1564º e segs. CC.
A regra geral sobre esta matéria pode enunciar-se dizendo que as
servidões têm a actuação e o modo de exercício definido no título
constitutivo. É, portanto, o título constitutivo que determinará a extensão e
o exercício da servidão respectiva (art.1564º CC).
Se o título não for claro ou for insuficiente aplica-se o art.1565º CC,
que estatui no seu nº1 que “o direito de servidão compreende tudo o que é
necessário para o seu uso e conservação”. No fundo, verificando-se esta
circunstância da falta de clareza do título, há uma ideia de realizar o
equilíbrio de interesses entre o dono do prédio dominante e do prédio
serviente.
Configure-se agora, a título de exemplo, uma hipótese de constituição
de uma servidão de passagem, cujo título não é suficientemente claro.
A lei entende que este direito de servidão engloba tudo o que é
necessário para o seu uso e conservação, mas, não se encontrando a
extensão e o modo de exercício deste direito real claramente definido no
título constitutivo, vem a lei regulá-los, por forma a prosseguir a satisfação
do duplo interesse em causa – o do dono do prédio dominante e o dono do
prédio serviente.
Nem outra justificação sugere o nº2 do art.1565º CC ao estatuir que
“no caso de dúvida quanto à extensão ou modo de exercício, entender-se-á
constituída a servidão por forma a satisfazer as necessidades normais e
previsíveis do prédio dominante com o menor prejuízo para o prédio
serviente”.
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MUDANÇA:
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Direito das Coisas FDUP
EXTINÇÃO:
Os casos de extinção das servidões vêm previstos no art.1569º CC.
→ Confusão → Art.1569º nº1 a) CC: “As servidões extinguem-se pela
reunião dos dois prédios, dominante e serviente, no domínio da mesma
pessoa”. É um caso de confusão, porque ambos os prédios – dominante e
serviente – passam a pertencer ao mesmo proprietário. Tal reunião implica,
necessariamente, a extinção da servidão. Isto porque não pode haver
servidão fora da sua imposição a um prédio a favor de outro, pertença de
um proprietário diferente (uma coisa própria não pode estar onerada a favor
de outra coisa própria).
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NOÇÃO:
O direito real de habitação periódica aparece regulado no decreto-lei
275/93, de 5 de Agosto. Ele, habitualmente também é designado de “time-
sharing”.
Ele pretende responder a necessidades turísticas, que se traduzem no
interesse de utilizar locais de residência durante um curto período do ano.
É um direito real limitado de gozo que confere ao respectivo titular o
poder de habitar uma unidade de alojamento integrada num prédio alheio
(art.1º), destinado a fins turísticos durante um certo período de tempo.
255
Direito das Coisas FDUP
certo período em cada ano civil uma unidade de alojamento integrada num
certo tipo de edifícios que tenha a definição legal do art.1.
DURAÇÃO (art.3º):
O direito real de habitação periódica é, na falta de indicação em
contrário, perpétuo, mas pode ser-lhe fixado um limite de duração (ele pode
ser temporário), que não pode ser nunca inferior a 15 anos a contar da
escritura pública que constitua o direito real (art.6º), excepto se o
empreendimento estiver ainda em construção, situação na qual o prazo
começará a contar a partir da data de abertura ao público do
empreendimento turístico (art.3º nº1).
Sem prejuízo do que acaba de ser dito, o direito real de habitação
periódica cumpre-se em períodos de tempo, que são fixados em cada ano e
que podem variar entre o mínimo de 7 dias seguidos e o máximo de 30 dias
seguidos (art.3º nº2). Relativamente a este aspecto, atente-se no nº3 e no nº4
deste art.3º, que estabelecem que os períodos de tempo devem ter todos a
mesma duração e que o último período de tempo de cada ano pode terminar
no ano civil subsequente ao seu início.
O título constitutivo deve mencionar o início e o termo de cada
período de tempo dos direitos (art.5º nº2 p)).
CONSTITUIÇÃO (art.6º):
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Direito das Coisas FDUP
TRANSMISSÃO:
Como se disse supra, sobre a sua constituição, o direito real de
habitação periódica está incorporado num título constitutivo, o certificado
predial.
O regime de transmissão deste título (do certificado predial) equipara-
se ao regime de transmissão dos títulos de crédito (ex. letras de câmbio,
livranças, cheques, etc.). Isto significa que a sua transmissão se faz por
endosso bilateral, donde se conclui que, para efeitos de transmissão e
oneração, este direito real de habitação periódica é tratado como coisa
móvel (art.12º). E isto é assim, não obstante ele ser considerado uma coisa
imóvel nos termos do art.204º nº1 d) CC.
A transmissão e a oneração do direito real de habitação periódica está
sujeita a registo nos termos gerais (art.12º nº1 in fine). O registo, para este
efeito, não é constitutivo, mas somente declarativo.
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3.2. Penhor
3.3. Hipoteca
3.4. Privilégios Creditórios
3.5. Direito de Retenção
Art.656º/1 e 2 CC
A consignação de rendimentos é diferente dos outros direitos reais de
garantia porque pode visar o cumprimento da obrigação e não serve apenas
de garantia, isto é, é uma forma de garantia e cumprimento da obrigação –
art.659º e 661º/2. Também se distingue dos outros direitos reais de garantia
porque pode usar o cumprimento da obrigação e dos juros, ou só o
cumprimento da obrigação ou só o cumprimento dos juros – art.656º/2. O
que serve de garantia são os rendimentos que ficam consignados ao credor e
não os bens em si.
Forma
Art.660º/1 “…”;
Art.660º/2 “…” – registo meramente declarativo e não constitutivo;
Modalidades – art.658º
Voluntária ou judicial. O art.665º faz uma série de remissões sendo de
salientar o art.694º – Pacto Comissário.
3.2. Penhor
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Direito das Coisas FDUP
Art.666º CC
Art.666º nº1 – o penhor só pode incidir sobre coisas móveis ou
créditos e outros direitos insusceptíveis de hipoteca.
Excluem-se do penhor:
Móveis sujeitos a registo porque podem ser hipotecados;
Universalidade, porque a coisa tem de ser certa;
Coisas acessórias, porque o penhor da coisa principal não as
abrange, salvo convenção em contrário – art.210º/2.
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Direito das Coisas FDUP
3.3. Hipoteca
Art.686º CC
Incide sobre imóveis e coisas móveis sujeitas a registo e pode também
incidir sobre direitos – art.688º/1, c), d) e e) quanto aos direitos.
Não podem ser objecto de hipoteca:
As partes componentes ou integrantes porque já não
gozam de autonomia face à coisa principal – art.204º/1, e) e 691º/1, a) – isto
é, não podem ser hipotecados separadamente da coisa principal.
As coisas acessórias porque têm natureza de ciosa
móvel – art.210º.
O art.691º/2 fala na hipoteca de fábricas “…”. Para além do edifício e
respectivo logradouro dever-se-ão considerar abrangidos os mecanismos e
demais móveis inventariados, ainda que não sejam partes integrantes. E, por
isso, bens móveis simples podem ser objecto de hipoteca. Alargamento por
extensão do objecto da hipoteca.
O art.688º/2 estabelece que “…”. Relativamente à hipoteca de partes
de um prédio apenas podem ser hipotecadas as partes susceptíveis de
propriedade autónoma, isto é, um prédio urbano será abrangido pela
hipoteca se se puder constituir uma fracção autónoma e nesse caso
abrangerá não só a fracção autónoma como as partes comuns.
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Direito das Coisas FDUP
Quanto aos prédios rústicos não pode ser hipotecada parte do prédio
rústico desde que esta seja inferior à unidade mínima.
Modalidades da hipoteca
1. Legais – art.704º;
2. Voluntária – art.712º;
3. Judiciais – art.710º;
Pacto Comissório
Ex. A é devedor de B em € 10 000. Como garantia B exige um
automóvel que vale € 20 000.
Segundo as regras gerais a garantia só é executada se o devedor não
pagar. E as partes poderiam convencionar que se o devedor não pagar o
credor faria sua a coisa objecto de garantia. Se no acordo ficasse
estabelecido que o A seria compensado da diferença de valor a situação
patrimonial do devedor não teria qualquer prejuízo. Mas se tal não ficasse
acordado o credor iria enriquecer à custa do devedor e, por isso, a lei proíbe
estes pactos “mesmo que anterior à constituição da hipoteca”.
Art.733º
Tal como o direito de retenção deriva da lei e se os seus pressupostos
se verificarem actuam de imediato.
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ESPÉCIES
735º/1(PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS MOBILIÁRIOS) – abrangem
coisas móveis. Podem ser gerais ou especiais (nº 2).
Privilégios Creditórios imobiliários – abrangem coisas imóveis. São
sempre especiais.
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Pressupostos
1. Aquele que detém a coisa a detém ilicitamente e esteja obrigado a
entregá-la a outrem;
2. Simultaneamente seja credor da pessoa a quem está obrigado a
entregar a coisa;
3. Entre o dever de entregar a coisa e o crédito do detentor haja uma
relação de conexão e essa conexão resulta do facto do devedor da
coisa ter um crédito por despesas relacionadas com a coisa;
No entanto há casos em que a lei faculta o acesso ao direito de
retenção sem que os pressupostos estejam preenchidos. Esta situação tem
por base certas relações jurídicas e estão previstas no art.755º.
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Exemplos:
1. Art.1370º – comunhão forçada em paredes;
2. Art.1550º e ss. – servidões legais;
3. Art.1551º – direito potestativo que permite o afastamento da
servidão;
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Índice
Pág.
Introdução
Capítulo I – Dos direitos reais em geral -------------------------1
1. O direito patrimonial ----------------------------------------------1
2. As grandes formas de ordenação de domínio -------------------4
3. Direito das coisas e direitos da pessoa --------------------------5
4. Distinção entre direitos reais e direitos de crédito --------------7
a) Distinção no plano dos interesses e no plano
técnico-jurídico: a Teoria Realista e a Teoria
Personalista -------------------------------------------------7
b) Pertinência de cada uma das doutrinas ------------------10
c) Doutrina dominante ---------------------------------------12
5.Noção de direito das coisas e o paradigma da
“plena in re potestas” – ------------------------------------------14
6. Obrigações reais e ónus reais -----------------------------------14
7. Noção jurídica de coisa ------------------------------------------18
Classificação das coisas --------------------------------------21
a) Coisas móveis e imóveis ---------------------------------21
b) Coisas acessórias e partes integrantes ------------------24
c) Coisas corpóreas e coisas incorpóreas:
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Direito das Coisas FDUP
− Noção --------------------------------------------151
− Controvérsia entre a propriedade
individual e a propriedade comunitária --------151
− Características do direito de
propriedade -------------------------------------152
− Propriedade de bens incorpóreos
ou imateriais –-----------------------------------154
− Formas de aquisição da propriedade ----------154
− Duração -----------------------------------------155
− Restrições ---------------------------------------155
− Meios de defesa da propriedade ---------------155
• Propriedade de imóveis ----------------------------156
− Conteúdo ----------------------------------------156
− Limitações aos poderes do proprietário -------157
• Propriedade das águas (remissão) ----------------160
• Direito de compropriedade -------------------------161
− Noção --------------------------------------------161
− Distinção entre compropriedade e
sociedade ----------------------------------------161
− Natureza jurídica --------------------------------162
− Regime jurídico ---------------------------------164
− Extinção da compropriedade -------------------167
• Direito de comunhão -------------------------------168
− Propriedade horizontal --------------------------168
Noção e domínio de aplicação ---------168
Natureza jurídica -----------------------169
274
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275
Direito das Coisas FDUP
276
Direito das Coisas FDUP
Índice ---------------------------------------------------------------245
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