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Tempestade num crnio (Os miserveis, Victor Hugo)

J deitmos um olhar (para as profundidades desta conscincia; , todavia,


chegada nova ocasio de lanar-lhes outro olhar). No o fazemos, porm, sem emoo e
estremecimento, porque no h nada mais aterrador do que esta espcie de
contemplao. Os olhos do esprito no podem encontrar em parte alguma maiores
deslumbramentos nem maiores trevas do que no homem, nem fixar-se em coisa
nenhuma, que seja mais temvel, complicada, misteriosa e infinita. H um espetculo
mais grandioso ainda do que o cu, o ntimo da alma. Fazer o poema da conscincia
humana, ainda que no fosse seno em relao a um s homem, mesmo ao mais nfimo
dos homens, seria fundir todas as epopeias em uma s epopeia superior e definitiva. A
conscincia o caos das quimeras, das ambies e das tentativas, a fornalha dos
sonhos, o antro das ideias vergonhosas: o pandemnio dos sofismas, o campo de
batalha das paixes. Penetrai, em certos momentos, atravs da face lvida de um ente
humano absorvido pela reflexo e olhai para alm, observai-lhe a alma, contemplai-lhe
a escurido. H ali, sob a superfcie lmpida do silncio exterior, combates de gigantes
como em Homero, brigas de drages, de hidras, e nuvens de fantasmas, como em
Milton, espirais visionrias como em Dante. Sombria coisa o infinito que todo o
homem contm em si e pelo qual ele regula, desesperado as vontades do seu crebro e
as aes da sua vida!
Alighieri encontrou um dia uma porta sinistra, em frente da qual estacou
vacilante. Eis-nos tambm em frente de uma, em cujo limiar do mesmo modo
hesitamos. Contudo, entremos

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