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wv TENDENCIAS NO USO DO ENFOQUE DO ACESSO A JUSTICA (0 enfoque do acesso A Justica tem um mimero imenso de implicagdes, Poder-se-ia dizer que ele cexige nada menos que 0 estudo critico e reforma de todo © aparelho judicial. Obviamente, qualquer projeto comparativo, mesmo que se beneficie do montante de contribuigdes com que conta 0 Projeto de Florenga, no pode no presente estagio da pesquisa nesse campo fazer nmito mais do que oferecer uma ‘vista geral. Apesar disso, algumas idéias e tendéncias basicas podem ser distinguidas, ¢ a sua discussio permitira mostrar as realizagoes © potencial — bem como alguns dos perigos e limitagoes — desse cesforgo criativo nundial ‘Antes de examinar as reformas individuais, no entanto, deve ser enfatizado que qualquer tipo de reforma se relaciona muito proximamente com outras reformas, potenciais ou cxistentes. Uma mudanga na legislacio que dé aos inquilinos maiores direitos, por exemplo, pode ter inicialmente efeitos muito timidos; mas uma alferaco subseqiiente no método de outorga da prestaglo jurisdicional poderia alestar (05 inquilinos para seus novos direitos ¢ mesmo acrescer 0 volume de causas perante tribunais desacostumados aos litigios contenciosos entre locadores ¢ locatirios. A eriagao de um tribunal de locacdes poderia aliviar os tribunais regulares e, caso destinada a obviar a necessidade de advogados, poderia reduzir a necessidade de servigos juridicos. Nao ¢ indispensavel que 0 progresso ocorra dessa forma, Mas, apesar de nossa énfase em determinados tipos de reformas especialmente notaveis, 10 podemos deixar de considerar as implicacoes ¢ o inter-relacionamento com 0 complexo maquinésio ja cexistente para a solugao de litigios A- AREFORMA DOS PROCEDIMENTOS JUDICIAIS EM GERAL. Embora a atensao dos modemos reformadores se concentre mais em altemativas ao sistema Judiciirio regular, que nos proprios sistemas judiciarios, ¢ importante lembrar que muitos conilitos basicos envolvendo 0s direitos de individuos ou grupos, necessariamente continuarao a ser submetidos 0s tribunais regulates. Master Jacob jé afimou: “a engrenagem juiciia formal de cortes de stig, naturalmente,contimard a ser neceséra& ‘ial io 56 para dar com smportntes questies de dete, incluindo temas de sigifieaga0 conctincional, coma também pars jugar quests wulsae substancnt que afetem interescet -ulosos¢ abstain (148), Pelo menos desde 0 inicio do século, tem havido esforgos importantes no sentido de melhorar ‘modemizar os tribunais e seus procedimentos. No continente europeu, por exemplo, podemos apontar os ‘bem conhecidos movimentos de reforma que foram agrupados sob a designago de “oralidade” © ‘ocuparam-se essencialmente com “a livre apreciagao da prova”, a “concentragao” do procedimento € 0 Contato imediato entre juizes, partes e testermmnhas, bem como com a utilizagio dos juizos de instrugiio para investigar a verdade e auxiliar a colocar as partes em pé de igualdade (149). Quando levada a eftito, na Austria, pela pioneira Zivilprozessorduung de 1895, tais reformas, no dizer do notivel processualista 28 Franz Klein, contribuiram para tomar o processo civil simples, répido, barato © acessivel aos pobres (150), Nos Estados Unidos, 0 exagerado sistema de neutralidade judicial tem softido criticas consideriveis desde o famoso discurso de Roscoe Pound, em 1906, Atualmente admite-se em geral que a utilizagao de um juiz mais ative pode ser um apoio, nio um obsticulo, num sistema de justiga basicamente contraditério, uma vez que, mesmo em litigios que envolvam exclusivamente duas partes, cle maximiza as oportunidades de que o resultado seja justo e nfo reflita apenas as desigualdades entre as partes (153). As reformas, nesse sentido, tém continiado, mas ainda ha muito a avangar. Por exemplo, num esforeo dramético para tomar 0 acesso aos tribunais menos oneroso na Franga, seu Ministro da Justica ‘munciou em 19 de setembro de 1977 que, a partir do ano seguinte, todas as custas judiciais seriam climinadas (154). O autor de uma ago de indenizacio por acidente, por exemplo, passou a economizar cerca de 200 dolares. Embora a despesa com advogados ainda permanesa, uma barreira financeira significativa foi eliminada, Outro tipo de reforma que poderia ser mencionado nesse coutexto & o chamado “Modelo de Stuttgart”, do processo civil germAnico, cada vez mais difimndide, Esse método de procedimento envolve as partes, advogados e juizes, num didlogo oral ¢ ativo sobre os fatos e sobre o direito. Fle nao apenas facelera 0 procedimento, mas também tende a resultar em decisdes que as partes compreendem ¢ freqitentemente aceitam sem recorrer (155). Aleumas caracteristicas basicas desse modelo, até entao ‘opcionais, tonmavamese Olnigalorias para tous ¥> Laulyetichte Alene ataves da reforia do Couigy de Processo Civil, eu vigor desde 19 dejullio de 1977 (136) ‘Com respeito és reformas que reduzem custos e, de certa forma, ampliam a tradigao de oralidade, ‘convéin mencionar 05 ordenamentos processuais socialistas (157). Com efeito, 0s iiformantes do Projeto Florenca de Acesso a Justica nos paises do leste europeu ¢ na Unido Soviética até mesmo questionam a necessidade de criagdo de procedimentos especiais, fora do sistema judiciario regular. O Professor Stalev. de Sofia, por exemplo, declara: “Na Bulgaria, como em outros paises socialistas, nio ha necessidade de estabelecer procedimentos ow mecanismos especiais para reduzr 0s custos para a solusao de litigios que ‘envolvam pequenas causas. Isso porque a miquine judicidria & acessivel ao povo ¢ isenta de custas” a8), Os procedimentes regulares dos tribunais socialist, tal como excmplificado pelos da Europa (Oriental e da Unio Soviética, proporcionam, sem divida, a solugdo de litigios de maneira relativamente informal, répida e barata (159), E preciso reconhecer, no entanto, que esses procedimentos, nas cortes regulares, tiveram Ingar dentro de um sistema econdmico © governamental muito diverso daqucle cexistente nos paises ocidentais, com vantagens ¢ desvantagens concomitantes. Por isso é mais apropriado perguntar até onde reformas comparaveis, inspiradas pelo critério da oralidade, podem ir, no sentido de liminar as barreiras ao acesso que encontramos 10s paises ocidentais (160). Dada a complexidade de tants de nossas modemas leis ¢ a necessidade para advogados ¢ juizes de destindé-tas e aplicd-las, parece claro que a ideia de tornar 0s tribunais muito simples € baratos nao € realistica (161). Se os juizes devem ‘desempenhar sua fimsao tradicional, aplicando, moldando © adequando leis complicadas a situagdes diversas, com resultados justos, parece que advogados altamente habilitados e procedimentos altamente cestruturados continuario a ser essenciais. Por outro lado, toma-se necessério um sistema de soluglo de litigios mais ou menos paralelo, como complemento, se devemos atacar, especialmente a0 nivel individual, bamreiras tais como custas, capacidade das partes e pequenas causas, B_IMAGINANDO METODOS ALTERNATIVOS PARA DECIDIR CAUSAS JUDICIAIS As colocagies a seguir tendem a aceitar as limitagdes das reformas dos tribunais regulares e, ‘como conseqiiéucia, envelvem a ciaedo de altermativas. utilizando procedimentos mais simples e/ou jjulgadores mais informais. Os reformadores esto uttizando, cada vez mais, 0 juizo arbitral, a conciliagio © 08 incentivos econdmicos para a soluedo dos litigios fora dos tribunais. Essas técnicas, é preciso que se diga, podem ser obrigatérias para algumas ou todas as demandas, ou podem tomar-se disponiveis como ‘pedo para as partes. Embora, como veremos, 2 atividade mais importante de reforma se esteja ‘erificando com respeito a tipos particulares de causas, especialmente as pequenas ou as de interesse dos consumidores, algumas reformas gerais também merecem atengio e, portanto, serdo brevemente cenfocadas aqui. 0 Juizo Axbitral (© juizo arbitral € uma instimigao antiga caracterizada por procedimentos relativamente informais, Julgadores cout fouumyao (ecuiea ou juridica € devisdes vineulatoriay sujeitay a limitadissinna idiade de secusy, Seus Leucficius ste ullizsdos Iii auuile empo, por convener cule as pales, posi _Embora o juizo arbitral possa ser um processo relativamente répido e pouco dispendioso, tende a tomar- se muito caro para as partes, porque elas devem suportar o énus dos honorarios do arbi, (162) Por isso, vio & de surpreender que recentemente tenba sido proposto que o Estado pague 0s drbitros ou permita que (os juizes atuem como arbitros (163). Na Franga, por exemplo, desde 1971, as partes tém a opgao de ‘encaminhar causas a um juiz para que proceda como “srbitro amigivel” 1971, um programa experimental de juizo arbitral voluntirio, na Califémnia, propunha-se a reduzir custos através da utilizagdo de advogados voluntarios, nao remunerados como érbitros. Esse sistema foi tao bem sucedido em reduzir custos tanto para as partes como para 0 Estado, que foi substituido em meados de 1976 por um sistema formal de arbitramento compulsério disponivel por requisigdo do demandante (165). ‘Dadas as delongas e despesas freqiientemente caracteristicas dos litigios, essasaltemativas podem reduzir 164). Da mesma forma, em as bamreiras de custas para as partes e, pela utilizacio de julgadores mais ativos e informais, beneficiar ‘substancialmente as partes mais fracas, ‘Vantagens semelhantes tm sido obtidas com a remessa automitica a0 juizo arbitral, tal como € praticada na cidade de Filadelfia, Estado da Pensilvania (166). Um fator complicador adicional aqui € ‘que, part manter a constitucionalidade da remessa automitica, € preciso assegurar 0 direito a novo julgamento ou recurso (167). O risco € que as partes insatisfeitas, dissuadidas pelos dnus de novas custas ‘© novas audigneias, deixem de utilizar esse direito ¢ possam, dessa forma, ser privadas das salvaguardas dos tribunais. Mas, se © estabelecimento dessa barreira pode ser evitado, ¢ os problemas mais 30 fiandamentais dos procedimentos judiciérios lentos © dispendiosos no so solucionados, esse tipo de Jjuizo arbitral pode propiciar maior facilidade de acesso a muitas pessoas. A Conciliacao, Existem vantagens Sbivas tanto para as partes quanto para o sistema juridico, se 0 litigio é resolvido sem necessidade de julgamento. A sobrecarga dos tribunais ¢ as despesas excessivamente alfas ‘com os litigios podem tomar particularmente benéficas para as partes as solves rapidas e mediadas, tis como 0 juizo arbitral. Ademais, parece que tais decisdes sto mais facilmente aceitas do que decretos jjudiciais unilaterais, uma vez que eles se mdam em acordo jé estabelecido entre as partes, E significative ‘que um processo dirigido para a conciliago — ao contrario do processo judicial, que geralmente declara ‘uma parte “‘vencedora’” ea outra “vencida” — oferega a possibilidade de que as causas mais profuundas de ‘uni litigio sejam examinadas ¢ restaurado um relacionamento complexo e prolongado (168). © sistema juridico japones oferece exemplo conspicuo do uso largamente difundido da conciliagao (169). Cortes de conciliagao, compostas por dois membros Ieigos e (ao menos formalmente) ppor um juiz, existe hai muito tempo em todo o Japéo, para ouvir as partes informalmente ¢ recomendar ‘uma solugdo justa. A conciliaedo pode ser requerida por uma das partes, ou um juiz pode remeter um caso judicial & conciliagao. Esse processo de conciliaglo, apesar de relativo declinio em seu uso ¢ eficacia, ‘ainda € muito importante no Japao (170). Sem deixar de considerar as condicbes favordveis quase ‘esclusivas ay Fapo, a obser vayay dos professures Koji ¢ Taniguchi uty pode set ignorada “© fatw de ‘que a iustiuuigao masceu € foi desenvolvida mmm sociedade muito diferente da ocidemtal ¢ de outras que no corresponciem ao extremo oriente, nao deve esconder sua vatidade como um meio adequado de solugio de litigios (171). ‘Muitos paises ocidentais, em particular a Franca ¢ 08 Estados Unidos, estao comprovando a ‘veracidade da insttuigo dos relatores japoneses. A experiéncia dos Estados Unidos, em 1978, com os centros de justiea de vizinhanga”, que seri discutida a seguir, em conexfo com os “tribunais populares"(172) constitai um exemplo importante da renovada aten¢ao dada a conciliagao, ¢ a nova instituigdo fiancesa do conciliador local jé passou do nivel experimental. A experiencia comegou em fevereito de 1977, em quatro departamentos franceses e, em fins de margo de 1978, foi estendida a todos ‘05 95 departamentos franceses (172a). Os conciliacores so membros respeitados da comunidade local ‘que tém seu escritério geralmente nas prefeituras e detém um mandato amplo para tentar reconciliar os litigantes com vistas a aceitagio de uma soluclo mmtuamente satisfatria. Os conciliadores, indicados pelo Primeiro Presidente da Corte de Apelagio com juristigao sobre a localidade, também séo chamados 1 dar conselhos e informagées. Evidenfemente, existe uma grande demanda na Franca pelos servigos oferecidos pelos conciliadores locais, Alem dessa interessante e importante inovagio francesa, que se baseia na iniciativa das partes & xno prestigio do conciliador para promover a solucio dos litigios, os relatérios do Projeto de Florenca revelam extensa vatiedade de métodos voluntérios compulsérios para encorajar a recouciliacao das partes (173).Em particular, € comum dar ao juiz. oo poder de sugerir um acordo, ou permitir-Ihe remeter ‘0 caso a ontro juiz on fimcionério, Embora pesquisa empirica detalhada seja necesséria para definir esse 31 pponto, parece que o melhor método € o adotado pelo sistema muito eficiente que opera em Nova lorque (174), onde o juiz que julga 0 caso nao ¢ 0 mesmo que tentou concilié-lo (175). Isso evita que se obtenha a aquiescéncia das partes apenas porque elas acreditam que © resultado seré 0 mesmo depois do jjulgamento, ou ainda porque elas temem incorrer no essentimento do juiz. A medida que a conciliagio cresceu em importincia, os métodos ¢ estilos de conciliagao tomaram-se tema de estudos mais acurados. Jé ha indicadores acerea dos tipos de comportamento por parte dos concilindores que se prestam melhor a obter a resolugio efetiva dos conflitos (176). Aqui ‘novamente, precisamos set cuidadosos. A conciliagao ¢ extremamente itil para muitos tipos de demandas « partes, especialmente quando consideramos a importincia de restaurar relacionamentos prolongados, ‘em vez de simplesmente julzar as partes vencedoras ou vencidas Mas, embora a conciliagao se destine, principalmente, a reduzir 0 congestionamento do judiciério, devemos certificar-nos de que os resultados representam verdadeiros éxitos, no apenas remédios para problemas do judiciério, que poderiam ter ‘outras solugoes (177). Incentives Econdmicos Outro método geral para evitar o litigio judicial consiste em encorajar acordos pelo uso seletivo de incentives econdmicos. E claro qne fatores econémicos tais como os custos do julgamento, os métodos pelos quais esses custos sao alocados (inchuindo os honorérios antecipados), a taxa de inflagio € a ‘demons, inDuenciaun a disposivao day partes pare enu a comcliayay, unesmiy que ede falore> porsauit feta diferentemente os diversos tipos de ltigantes (178). A deora e os allus indices de inflayau tonsa ‘um demandante em busca de numerario, especialmente quando se trata de um individuo isolado, mais ‘ansioso por uma composigdo, de modo a poder receber alguina quantia desde logo. O valor elevado das ceustas, de modo especial (mas no exclusivo), na medida em que elas so impostas apenas ao sucumbente, também anmenta os riscos de um julgamento. Litigantes individuais sao especialmente suscetiveis a essas pressbes, porque nao podem distibuir seus riscos entre diversas causas. Reconhecendo a importéncia dos fatores econémicos, alguns sistemas judiciais ctiaram incentives para a conciliagdo extrajudicial. © mais conhecido desses mecanismos ¢ 0 chamado “sistema de pagar o julgamento”, usado prevalentemente na Inglaterra (179), mas também empregado na Austria (180) e no Canadi (181). A ida basica é a de apener 0 autor que nao aceite uma proposta de conciliagao ofericida a corte pela outra parte, quando, apés 9 julgamento, se comprove ter sido razodvel essa proposta. A penalidade é 0 pagamento pelo autor dos custos de ambas as partes (182). Esta claro que este sistema encoraja acordos ¢ da mesma forma reduz 0 congestionamento do juiciario, ‘mas como 0 Professor Michael Zander j4 demonstrou, isso acontece a expensas da justiga para com os ‘autores, que, emt tal sistema, sto geralmente as partes individuais economicamente mais fracas € menos {amiliarizadas com os litizios (183). Esse método, portanto, ni80 parece ser promissor em nossa busca por solucdes equinimes para o problema de acesso a justica. Existem, no entanto, possibilidades de melhor iilizagao dessa técnica. E interessante analisar rapidamente, agora, um sistema relativamente novo, 0 sistema de mediagao de Michigan (1971), © qual, embora limitado a casos de indenizagao por danos, comige os dois principais defeitos do procedimento britinico (184). Primeiramente, 0 sistema de 32 ‘Michigan apena o réu, tanto quanto o autor, por recusar uma proposta razodvel de acordo. Em segundo Iugar, o sistema de Michigan proporeiona ma determinagao imparcial, através de especiatistas, de um acordo razodvel. Isso propicia a ambas as partes unm estimativa objetiva do valor da causa, remediando, ‘dessa forma, até certo pont, a falta de experiencia do autor, O sistema de Michigan demonstra que 0 principio de pagar pelo julgamento pode auxiliar a dignificar o acesso a justiga (185). Sua utilidade em ‘ontras questdes além das indenizaedes por danos, no entanto, é até agora, duvidosa (C — INSTITUICOES FE PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PARA DETERMINADOS TIPOS DE CAUSAS DE PARTICULAR “IMPORTANCIA SOCIAL”. UMA NOVA TENDENCIA NO ‘SENTIDO DA ESPECIALIZACAO DE INSTITUICOES E PROCEDIMENTOS JUDICIAIS Examinamos, até agora, as possibilidades de reforma dos tribunais regulares ¢ as formulas gerais, para desviar 05 casos dos tribunais, Ambas as técnicas, como notamos, sio crescentemente importantes. No entanto, o movimento mais importante em relecdo a reforma do processo se caracteriza pelo que podemos denominar de desvio especializado ¢ pela ctiagéo de tribunais especializados. O impeto dessa nova fendéncia em direeao a especializagio pode ser tomado claro se fixarmos nosso foco de atengo nos tipos de demandas que, em grande medida, provecaram as “trés ondas” de reforma para possibilitar ‘melhor acesso a justica, (© esfuigy de crits sociedades sis justas © igualilétias cenwou ay alenyOes subIe a> pessvas ‘comms — aqucles que se encontravam adicioushueute isolados ¢ impoteutes ao enfrentar orgeatizagoes fortes e burocracias govemamentais. Nossas sociedades modemas, como assinalamos, avangaram, nos ‘iltimos anos, no sentido e prover miais direitos substantivos aos relativamente fracos — em particular, aos ‘consumiidores contra os comerciantes, ao publico contra os poluidores, aos locatérios coutra 0s locadores, ‘aos empregados contra os empregadores (€ os sincicatos) ¢ aos cidadaos contra os govemos. Embora reconhecessemos que esses novos direitos precisam de maior desenvolvimento legislativo substancial, os reformadores processualistas accitaram 0 desafio de tomar efetivos os novos direitos que foram cconquistados. As cortes regulates, & preciso reiterar, tém wm papel permanente - na realidade, crescentemente importante - na efetivagao ¢ desenvolvimento dos direitos, tanto novos quanto velhos, especialmente, naqueles que tém sido chamados de litigios de direito piblico (186) Os consumidores, os amibientalistas e © piiblico sao detentores de interesses difusos, e a protegio desses interesses tem-se tornado tarefa aparentemente indispensivel nas modemas cortes, através cle mecanismos tais como a maior abertura com relagao a legitimidade ativa, os “ombudsmen” do consumidor, os advogados do interesse piilico, ¢ as “lass actions” (187). # preciso reconhecer, entretanto, que algunas das caracteristicas do sistema judicirio regular, ‘que © tomam apto para a solugdo de litizios de dircito piblico, em defesa de interesses difusos da coletividade, frequentemente também 0 tomam poco adequado a fazer valer os direitos das pessoas ‘comms a0 nivel individual. Procedimentos contraditérios altamente estrutuados, utilizando advogados ‘bem treinados e pericias dispendiosas, podem ser de importincia vital nos ltigios de direito piblico, mas 33 ccolocam severas limitagdes na acessibilidade de nossos tribunais a pequenas causas intentadas por pessoas comuns. F evidente a necessidade de preservar os tribunais, mas também 0 € a de criar outros ‘forums mais acessiveis, © desvio, seja geral, seja especializado, € um método essencial para franquear © acesso as pessoas comuns, particularmente quando, como acontece cm geral, os individuos ndo perdem completamente seu direito de comparecer perante os tribunais. As ténicas gerais de diversificagao, iscutidas na segGo precedente, ajudam a solucionar as cansas de uma maneira mais répida € menos Aispendiosa, ao mesmo tempo que aliviam 0 congestionamento e 0 atraso dos tribunais. Devemos, no ‘entanto, ser eautelosos para que o objetivo de evitar 0 congestionamento nio afaste causas que, de fato, devam ser julgadas pelos tribunais, tais como muitos casos que envolvem direitos coustiucionais ou a protegio de interesses difisos on de classe. © desvio, em suma, pode ir longe demais Por outro lado, 0 (188), Teun o mnyvimenty cousideravel ¢ eoutinuy ean Gefesa doy interesses difiays, net ay (eee gerais de diversificagao podem atacar as barreiras & eletividade desses importmtes uovos direitos, wo nivel individual. A grande tarefa dos reformadores do acesso & justiga é, portanto, preservar os tribunais, ‘20 mesmo tempo em que aperfeigoam uma frea especial do sistema judiciatio que devera alcancar esses, individuos, atrair suas demandas ¢ capaciti-los a desfiutar das vantagens que a legislacao substantiva recente vem tentando conferir-Ihes. 1é foi afirmado pelo Professor Kojima que “a necessidade urgente € de centrar 0 foco de atenco no homem comum — poder-se-ia dizer no homem pequeno — e criar um sistema que atenda suas necessidades...” (189), © reconhecimento dessa necessidade urgente reflete una mudanga fimdamental no conceito de “justiga”. No contexto de nossas cortes de procedimentos formas, a “justiga” tem significado essenciatmente a aplicagao das regras cometas de dircito aos fatos verdadciros do caso, Essa concepgao de justisa era 0 ppadrao pelo qual os processos eram avaliados. A nova aitude em relagio & justiea reflete 0 que 0 Professor Adolf Homburger chamou de “uma mudanca radical na hierarquia de valores servida pelo processo civil"(190), A preocupagao fundamental é, cada vez mais, com a “justiga social”, isto €, com a ‘busca de procedimentos que sejam conducentes a protegao dos direitos das pessoas comuns. Embora as, implicagdes dessa mudanca sejam draméticas —por exemplo, com relagao ao papel de quem julga ‘bom enfatizar, desde logo, que 0s valores centrais do processo judicidrio mais tradicional devem ser ‘uantidos. © “acesso a justiga” precisa englobar ambas as formas de process ‘Um sistema destinado a servir as pessoas comuns, tanto como autores, quanto como réus, deve ser caracterizado pelos baixos custos, informalidade ¢ rapidez, por julzadores ativos e pela utilizagao de conhecimentos téenicos bem como juridicos. Ele deve ter, ademas, a capacidade de lidar com litigios que 34 envolvam relacionamentos permanentes € complexos, como entre locadores @ locatitios. Essas caracteristicas como se verd, emergem nas formas procedimentais especializadas mais promissoras, ‘examinadas nesta seg, ¢ oferecem a possibilidade de atrair as pessoas e capacité-las a reivindicar seus direitos efetivamente contra seus adversétios mais poderosos. © esforgo para criar tribunais © procedimentos especializados para certos tipos de causas socialmente importantes nao é, evidentemente, novo. Ja se pereebeu, no passado, que procedimentos cespeciais e julgadores especialmente sensiveis sto necessérios quando a lei substantiva é relativamente nova e se encontra em ripida evolucto (191).Aos juizes regulares pode faltar a experiencia © sensibilidade necessérias para ajustar a nova Jet « uma ordem social dinamiea, © os procedimentos Jjudiciais podem ser pesados demuais para que se thes confic a tarefa de executare, até certo ponto, adaptar ‘© moldar importantes leis novas. O que é novo no esforgo recente, no entanto, ¢ a tentativa, em larga scala, de dar direitos efetivos aos despossuidos contra os economicamente poderosos: a pressio, sem precedentes, para controntar ¢ atacar as barreiras reais enfrentadas pelos individuos, Verificou-se ser necessario mais do que a criagao de cortes especializadas; € preciso também cogitar de novos enfoques do processo civil Procedimentos Especiais para Pequenas Causas A violagao dos ditetos recentemente obtides pelas pessoas comuuns, tas como aqueles referentes, fy relayoes de Comumiy ou de Toeaao, tense a dau Tuas a un wreune mGamery de eauses relatives pequeuas coulis (eulte Guus) empresas © locadores (192). A preveupaydo EesceMle por (UuMaL ees direitos efetivos, no entanto, leva a criagdo de procedimentos especiais para solucionar essas “pequenas injustigas” de grande importancia social, ‘Causas relativamente pequenas vém sendo tratadas diferentemente das grandes causas, hi longo tempo. Juizes singulares (20 contrario das juntas de trés julgadores)(193) ou juizes menos qualificados do ponto de vista formal (194), imitagdes & apelagao (195), e —pelo menos no papel —maior grau de “oralidade” (196) tm sido usados para reduzir os eustos para o Estado e para as partes, quando tenham de resolver isputas que envolvem quantias telativamente pequenas de dinheiro, Sem divida, os propésitos pretendidos por tais reformas tém sido, freqlentemente, os de criartribumais ¢ procedimentos que sejam ripidos © acessiveis as “pessoas comuns”. Tais reformas, no entanto, mesmo quando destinadas a romover 0 acesso dos cidadios, mas nao a simplesmente cortar despesas, tm sofrido severas criticas ultimamente (197), Primeiro, muitos tribunais de pequenas causas tomaram-se quase to complexos, ispendiosos ¢ lentos quanto os juizos regulares (devido, particularmente, a presenga dos advogados © a resistencia dos juizes em abandonar seu estilo de comportamento tradicional, formal ¢ reservado). Em segundo lugaronde os tribunais de pequenas causas se tomaram eficientes, eles tem servido: mais fireqtentemente para os eredores cobrarem dividas do que para os individuos comuns reivindicarem direitos (198). Alega-se que procedimentos mais répidos, informais e modemos facilitam prineipalmente 1 lesdo em larga escala dos direitos de devedores individuais. Pequenas causas, afinal, nao sao necessariamente simples ou desimportantes(199) clas podem envolver Ieis complexas em casos de vital 35 {mportancia para litigantes de nivel econémico baixo ou médio. A questi, portanto, ¢ saber por que elas tibunais de peyucis Causa say mms suscetiveis — suet einleucia pat se tonurem “agéucias de cobramga", especiaueme quando um comerciaue experimentado ou um litigante tenta haver um debito de um réu individual, sem experiéncia e presumivelmente com menor facilidade de expresso (225), Para complicar 0 assuto, hi 0 fato de os tribunais de pequenas causas tenderem a ser sobrecarreyados com demandas de cobranca, ¢ os devedores individuais nem sequer responderem as alegagdes, ou seja, serem revéis (226). O primeiro problema é mais ébvio nos paises de ‘Common Law, porque os débitos nos paises de sistema continental europen so normalmente cobrados, através de outros canais — tais como os procedimentos sumirios especiais, a procédure d’injonction francesa (227), 0 Mahaverfahren germmnico(228) ¢ o Procedimiento dingiunzione italiano(229); no ‘entanto, esti-se tomando cada vez mais claro que os problemas ¢ perspectivas desses procedimentos sumirios esto muito intimamente relacionados com os avangos verificados em termos de igualdade © ‘Yacesso” nos tribumais de pequenas causas. ‘Nos tribunais de pequenas casas dos paises de Common Law a primeira tentativa de solugao ppara esse problema crucial de cobrangas ¢ revelia tem sido tenfar excluir os aufores comerciantes. O objetivo é permitir ao consumidor a opeio por tal foro. Essa solugdo foi adotada nos tribunais australianos «, com alguma alteracao, em Nova lonque (230). ‘Nao hi, no entanto, nada de intrinsecamente errado na eficiente execugio das dividas, desde que ‘aos réus seja dada oportunidade real de apresentar suas defesas (231). Ademmis, os pequenos comerciantes que utilizam as cortes de pequenas causas podem, freqtentemente, ser 0 tipo de “pessoas ‘comums” para quem foram criados esses tribunais, ¢ denegar-Ihes essa via pode forgi-los a sérias ificuldades financeiras (232). Por iltimo, fechar os tribunais de pequenas causas aos comerciantes pode 38 significar a canalizago de suas agbes para outros drgios, possivelmente menos favoriveis aos constmidores. Muitos reformadores por isso recomendam que os tribunais de pequenas causas permitam a cobranga de dividas, mas que os julgamentos a revelia sejam investigados muito cuidadosamente(233),. ‘ou mesmo que se verifique de oficio se algumn defesa poderia ter sido alegada (234). Nao esti claro se tal investigasao, que poderia ser muito dispendiosa, ainda seria nccesséria se os réus fossem informados com absoluta clareza de que poderiam contar com assessoramento juridico(235). Infelizmente, nos atuais sistemas, tal informagio, ao que parece, nfo é fornecida. De toda forma, é certamente mnito desejavel que se tente transformar os tribunais de pequenas causas em ératos eficientes para a defesa dos direitos dos consumiidores, Os consumidores estio cada vez mis comprando a crédito, ¢ deve ser-thes dada a ‘oportunidad de recusar o pagamento ¢ apresentar suas defesas a um Grudo sensivel a suas necessidades (236). Na Suécia, por exemplo, quando individuos desejam propor uma agao sumuiria de cobranga, a agao ser preferencialmente ajuizada perante um tribunal de pequenas eausas(237). O resultado é que grande ‘mimero dos autores sao comerciantes, mas isso nao deve ser causa de temor (238). Antes, pelo contratio, um indicador do éxito do tribunal ‘Equalizar o cousumidor ¢ o comerciante em pequenas causas exige, no minimo, que pretencoes incontroversas no congestionem os tribumais c, ao mesmo tempo, que os consumidores sejam ‘mobilizados no sentido de efetivamente se defenderem naqueles casos em que contestam a existéncia de tum débito, Isso deve continuar a ser a tarefa central para os reformadores das pequenas causa. ©) Mudando 0 estilo dos arbitros de pequenas cansas. Ap refouuny de pequeins eatbay (ei enlatizady reccutenmcute a couciliagay Coun principal teniea para solugao das disputas. © processo de concitiayao, informal, discret, feydeutemente sem carter piblico, pparece bem adaptado para partes desacompanhadas de advogados e fem as vantagens ja descritas de ajudar a preservar relacionamentos complexos ¢ permanentes (239). Embora nao sejam isentas de inconvenientes, as téenicas de concliacdo estdo seudo cada vez mais combinadas com o poder de proferir dccisdes vinculativas. Na Suécia, por exemplo, o juiz de pequenas causas tentara preferencialmente a ‘conciliagao das partes, “a menos que haja razdes especiais a indicar o contrério” (240). e a conciliacao é 0 ‘objetivo principal de todos os tribunais de pequenas causas da Austria (241). Um estado sociolégico recente do sistema informal de arbitrazem, colocado a disposicio dos litigantes de pequenas causas em ‘Nova Torque (24 2), demonstra que, em igualdade de condigses, os litigantes inexperientes tendem a ser ‘mais bem sucedidos em relagdo aos habituais, nesse sistema, do que nas cortes ordinérias de pequenas ‘causas. Segundo 0 autor do estudo, o Professor Saret, “as vantagens da experiéncia parecem diluir-se na ‘atmosfera informal da arbitragem que visa a uma transagfo entre as partes, enquanto sio realeadas no pprocesso judicial” (243). Tal arbitragem, tendente a transagio entre as partes, tem vantagens Sbvias, mas suas dificuldades ‘também precisam ser consideradas. A mais ébvia se encontra no fato de que o arbitro pode confundir os papéis de juiz e de conciliador ¢ falhar no desempenho satisiatrio de qualquer dos dois (244). Como conciliador ele pode inconscientemente impor um “acordo” pela ameaca implicita em seu poder de decidir. Como Juiz, ele pode deixar seu esforco de conciliagao subverter seu mandato de apticador da lei (245), O estado de Nova lorque, na verdade, apresenta dados empiricos que justificam essas criticas (246), 39 ‘Um segundo problema, infimamente relacionado com o primeiro, é que os procedimentos de cconciliagao para pequenas causas tendem a ser mais eficazes quando mantidos em particular. Por exemplo, na Australia © em Nova lorque a busca de solugdes de compromisso tem lugar preferenciaimente em particular, mas ndo nos tribuanis piblicos (247). Tal privacidade, ao que parece, stimula a informalidade, a sinceridade ¢ a honestidade, criando uma atmosfera que conduz a conciliagao; todavia, ela também pode tomar mais dificil o controle da qualidade do procedimento judicial. Em sums, ‘20 combinar conciliagao e procedimento judicial, pode-se perder 0 reconhecido valor representado pela investigasao piblica no procedimento judicial, Existem, portanto, boas razdes para separar 0 estigio judicial de um procedinnento de coneiliagto prévio e para ndo confimdir numa s6 pessoa 0 concifiador ¢ o julgador. A experiencia canadense levada a feito na Colimbia Briténica, por exemplo, deu inicio a um servigo voluntario de mediagao a ser exercido ppor pessoas treinadas por agéncias oficiais de defesa do consumidor e acessivel a qualquer litigante ‘Segundo 0 relatorio canadense, esse servigo preencheu dupla fungto: “Muto enor a obteo de um scordo reecbese # maior pricedade, = fingio. de aconstiarento tou se crescentemesteanpertantee perce ora nais onan 3 partes ecacompanhadas de avogados, redo tego de julament , de modo pea, assepure que ‘oslitigentesetivesem bem preparados para comparecerem so tbana” (248) ‘A audiéncia de conciliasao prévia ao julgamento pode tambem servir @ fina lidade de equalizar as partes, para 0 processo judicial subseqtlente (249). Esse tipo de tomada de decisto em dois estagios €, sem ‘tia, interessante, ainda que exiia 0 comparecimento das partes duas vezes. em lugar de una 6, ¢ € fil de compreender por que ele tem recebido amplo apoio. No entanto, como assinala Taylor, € muito cedo para decidir se esse sistema necessariamente fimciona melhor do que © enfoque judicial, teoricamente menos comprometido com uma orientagao para as sofugdes de compromisso (250). Muito depende da qualidade dos juizes e do pessoal judiciétio. 4) Simplificando as normas substantivas para a tomada de decisdes em pequenas causas. ‘Uma idéia propasta por muitos reformadares de pequenas causas é a de que se permita aos ‘rbitros tomar decisoes baseadas na “justiga” mais do que na letra fria da lei. De dois dos tribunais de equenas causas da Austria se exige que assegurem que suas decisdes sejam “justas € equinimes” E realmente adequado tentar evitar que os tibunais “populares” se tomem érgdos nos quais as regras tcnicas, mais que a “justiga”, sclam o centro dos debates. A dispensa das formalidades técnicas, todavia, nfo in assegurar automaticamente a qualidade de decisto do tribunal. Antes de mais nada, as pessoas devem ser capazes de plangjar seu comportamento de acordo com os dispositivos legais e invocar a Iei, se trazidos ao tribunal. claramente impossivel desprezar por completo as nonnas legais, Alem disso, existe © perigo de que um relaxamento dos padraes substantivas permita decisdes contratias a lei ‘em prejuizo de novos direitos (freqtentemente, teenicos) (251), s julgadores podem ter mais simpatia pelos ricos e resistir 4 execugdo de normas técnicas, as ‘quais, uma vez que se destinam a constmir nova ordem social, podem parecer “injustas” em casos, particulares para com comerciantes, locadores ¢ outros. © perigo é ampliado se os juizes de pequenas ‘causas, os quais no conta com 0 auxilio de advogados para identficar a lei aplicavel, falharem em desenvolver sua propria experiéncia (252) [Na Austria, no entanto, esses perigos nfo se concretizaram. Ao contririo, os julgadores de ‘pequenas causas desenvolveram experigncia juridice consideravel, ¢ as pequenas liberdades tomadas em relagéo a lei substantiva “tém sido usadas para evitar abusos € niéo para denezar a protegao da lei as pessoas que estejam efetivamente atuando dentro de seus limites” (253), Parece, portanto, que esse tipo de reforma pode, realmente, auxiliar as pessoas comums a buscar ¢ defender seus direitos. Embora nao seja uma panaeéia, trata-se de um instrumento importante colocado & disposigao dos reformadores de pequenas causas «) Reformas nos Tribunais de Pequenas Causas ¢ 0 Acesso 4 justica: algumas conctusdes, FEssas reformas nas pequenas causas, embora ainda muito recentes, de certa forma restinem 0 ‘movimento de Acesso Justiga, porque elas comrespondem a um esforco criativo, abrangente © ‘ultifacetado para reestraturar a maquina judicidria envolvida com essas causas. Elas estfo atendendo 0 desafio crucial de criar rgios eficazes para a defesa dos direitos do cidadao comum, isto é para assegurar que os novos ¢ importantes direitos dos individnos — especialmente, até agora, consumidores € inquilinos — sejam transpostos dos e6digos para ¢ mundo real. Encontramos, aqui, 6redos informais, acessiveis de baixo custo que oferecem a melhor formula para atrair individuos cujos direitos tenham sido feridos. Também encontramos procedimentos que oferecem @ melhor oportunidade de fazer valer fessas novas nommas técnicas a favor dos indiviiuos em confront com adversirios poderosos © experientes. Os éxitos dessas novas solugdes, as quais, como jé assinalamos, podem ser usadas em conjunto com reformas que objetivem a protegao des direitos dos consuumidores enquanto classe, podem ter o resullady de ulertar ay pessoas a 1eapeity de seus Uieitoy € de Convener sep Upumente> ke YUE Ede ircitos ufo poderao utis ser igmorados. (0s tribumais de pequenas causas ja so especializados, uma vez que eles lidam com uma parcela relativamente estreita no que diz respeito a legitimidade e @ matéria; mas € possivel empreender una maior especializacao. Os juizados de pequenas causas, por exemplo, podem ser (ou tomar-se) especialistas em diteito dos consumidores, porém um tribunal especializado em dircito do consumidor staré mais apto a julgar a qualidade técnica de determinado produto, Algumas vantagens podem ser obtidas através da maior especializagao, de acordo com os tipos de causas, ¢ muitos reformadores — talvez, em alguns casos, por terem perdido a confianga em tribunais de pequenas causas de jurisdigao ‘mpl — estio procurando esses beneficios, 2= 1 ons s Di G ‘Um componente do movimento tendente a implantar ou reformar tribunais de pequenas causas ‘tem sido, como j4 enfatizamos, o desejo de instalar tribunais para as pessoas comuns e suas demands, Antes de partir para instituigdes mais especializadas ¢ interessante examinar outro aspecto desse desejo —a tendéncia recente para instalar “tibunais vieinais de mediagio”, a fim de tratarem de querelas do ia-a-dia, principalmente questdes de pequenos danos & propriedade ou delitos leves, que ocorrem entre individuos em qualquer agrupamento relativamente estivel de trabalho ou de habitagao, Como excmplo importante desse movimento, © Departamento de Justiga americano anunciou recentemente © comeco de uma experiéncia piloto de 18 meses com trés “Centros Vicinais de Justiga”” AL (254).A ténica dessas insttuigdes esté no envolvimento da comunidade, na facilitagao de acordos sobre querelas locais e, de modo geral, na restauracao de relacionamentos permanentes ¢ da harmonia na ccommidade (255), De certa forma, essas propostas — e as experincias que se estdo realizando nessa érea(256) — destinam-se simplesmente a aftstar dos tribunais certas questoes menores, mas, noutro sentido, seu objetivo é mais ambicioso, Elas pretend:m, segundo dois eminentes advouados das reformas nos Estados Unidos, reduzir “os custos extraordinatios que os membros de nossa sociedade pazam hoje ‘em razio da insuficiéncia dos mecanismos de solugio de litigios interpessoais” (257).Em outras palavras 4 finalidade principal consiste em criar um orgao acolhedor para as pessoas comuns sujeitas a contlitos relativamente insignificantes — embora da maior inportancia para aqueles individuos — e que eles nem podem solucionar sozinhos, nem teriam condigdes de trazer ao exame dos tribunais regulares. Espera-se {que essa forma de solueao de litigios, descentralizada, patticipatdria e informal, estimulara a “discussio, em comunidade, de situagdes nas quais as relagdes comunitirias estejam em ponto de colapso"(258) Essa iscussdo poderia servir para educar a vizinhanca sobre a natureza, origem e solugdes para 05 conflitos, ‘que os assediam, Embora a analogia talvez nfo seja perfeita,¢ interessante notar a semelhanca entre essas novas reformas € cexperigncias e o que agora ja ¢ a realidade bem estabelecida dos “tribunais populares” da China (259), de ‘Cuba (260), ¢ de muitos paises da Europa Oriental (261), bem como da instituigaio do Nyaya Panchayat na India (262). Os reformadores ocidentais esto, em realidade, examinando essas insttuigdes em sua ‘busca de mecanismos eficazes de solusao de litigios, e € interessante atentar para 0 que pode ser apreinlidy utaves da experiencia day eoutey soviaiy Uo Leste Europeu, deserita nus relatos do Projet Acesso a Justiga, iucluindo os “Tribumais de Camuadas” bilgaros € sovieticos (263) € as “Comissoes Sociais de Conciliaga0” polonesas (264), ssascortes podem ter stia definitive justficagao te6rica na doutrina Marxista do “desaparecimento do Estado”, mas seu propésite explicito inicial ¢ educativo: “moldar relagoes interpessoais adequadas” (265) Muito propositadamente cles estio localizados na vizinhanga ou no local de trabalho, Funcionam com pessoas leigas eleitas na conmmidade, nao acarretam qualquer eusto para as partes detém competéncia nao exchisiva sobre certo mimero de pequenos delitos ¢ litigios de propriedade (os tribunais situados em locais de trabalho tratam prineipalmente de iniragdes & disciplina Jaboral). Os “tribunais de eamaradas” soviéticos e bilgaros também podem se manifestar sobre outros tipos de demandas civis de pequena monta, se ambas as partes accitarem sua competéncia(266) Devido a sua competéncia mais ampla, tanto civil quanto criminal, e a seu poder de exarar vereditos executiveis ¢ impor uma série de medidas punitivas, tais como mulias (267), 0 “tribunal de camaradas” soviético fem maior poder formal que seu equivalents polonés que tem de contar cexclusivamente com a persuasio. As comiss6es polonesas nao podem, por exemplo, obrigar alguém a comparecer ou aderir a sua decisao, embora um acordo de conciliaeao devidamente assinado tenha, pelo ‘menos, a forga de um contrato(268), Essas diferencas sto sisnificativas tanto para o Leste Europeu, quanto para os reformadores do Acesso & Justica em geral(269). Os autores do recente trabalho de campo sobre as Comissoes de Conciliagéo Social polonesas para o Projeto de Florena enfatizam que existem trés modelos de tribunais, populares(270): (1) © modelo de “autogestio na adninistragao da justiga”, sob o qual “os membros da 42 ‘comumidade, atuando volutariamente, solicionam casos que outros membros da commnidade queiram espontaneamente apresentar”; (2) 0 modelo de “agéncia de ordem social”, sob o qual a énfnse ¢ tolocada sobre 0 controle do comportamento, de sorte a alcangar a Harmonia entte os residentes locais: € (3) 0 ‘modelo “preparatério”, no qual o principal papel dos ribunais populares ¢ 0 de assessorar a administragao cstatal da justiga, especialmente os tribunais regulares. Embora todos os trés modclos representem aspectos de tribunais populares existentes na Polénia, esses estudiosos conclem que o componente mais, novo, importante e bem sucedido das Comissdes de Conciliagao Social é 0 primeiro modelo(271). Eles ‘acrescentam que um maior desenvolvimento tanto do seznndo modelo (que exi ‘que maiores poderes de sangiio e socializagdo fossem atribuidos as agéncias — talvez a semethanca do ‘que ocorre, por exemplo na Buluéria ¢ na Unigo Soviética), quanto do terceiro (0 que sugeriria maior formalidade © maior excentoriedade das decisdes) seria prejudicial 20 modelo de autogestao. Essa cexperiéncia polonesa nos ensina, portanto, a examinar cuidadosamente os objetivos e téticas das recentes, ppropostas de reformas. Objetivos tais como desviar as disputas dos tribunais, a execusto do direito estatal a construgao de uma verdadeira justica vicinal, nio se encontram necessariamente em harmonia entre si (272), As relagoes com a vizinhanca, com o sistem judiciésio formal e com insttuigdes tais como a policia, precisam ser cuidadosamente claboradas, ou a reforma core o risco de nao agradar a ninguém. Apesar de alguma experimentagao inicial, o potencial desse tipo de reforma em nosso mundo ocidental a, entre outras coisas, permanece incerto, Um autor chegou a sugerir que isso se deve a0 fato de que a maior parte dos individuos ocidentas s40 muito “méveis” para que tas érgaos vicinais possam ser tteis na solugéo de litigios pewouis(273) Adeuutis, pork: se1 que as propustas para diseissdes Ou urediadotes vicis 180 alcancem os principais problemas que as pessous eulhentan, uma vez que esses probleuss pode ‘envolver litigios com insttuigbes fora do contexto da vizinhanga (274)No entanto, é possivel que essas novas reformas acrescentem uma nova dimensio a nossas vizinhangas. Existem, apesar de tudo, areas estiveis mesmo em nossos centros wanos, ¢ tense manifestado claramente, em muitos lugares, wm inferesse renovado, refletido na experiéncia francesa do Conciliateur local, em desenvolver e preservar as comunidades vicinais(275). Tribunais vicinais bem organizados, atendidos principalmente por pessoal leigo, podem auxiliar a enriquecer a vida da conmnidade, criando uma justia que seja sensivel as nevessidades locas. = Thibumais Especiais para Demandas de Consumidores Ainda mais diretamente relacionadas ao movimento de pequenas causas so as reformas — de iniciativa piblica ou privada — que criam organismos ¢ procedimentos especiais para demandas de consumidores (276). Sem diivida, o evidente fracasso da maior parte dos tribunais de pequenas causas 10 sentido de promover uma solugio eficaz para os consumidores prejudicados tem desencadeado essa atitude, Nao ¢ necessario dizer que existem mumerosas possibilidades para estruturar 0s mecanismos de wpecton principals © eobre gramke pute da recente alividade refouniste ‘evolvidos uo esforgy de caia mecauisunes uovus pasa Os tipos de demandes que se wuataan © poulo focal do movimento de acesso a justiga. F preciso recordar que a énfase tem sido dada no sentido de tomar efetivos 0s direitos substantivos relativamente novos, de que as pessoas desprovidas de poder agora ispdem (pelo menos em teoria) contra os comerciantes, poluidores, empresadores, locadores © ‘burocracia governamental. Tem sido dirigida muita atengao aos tribumais de pequenas causas ¢ tribunais de consumidores, como meio de promover esses direitos novos. O que tem surgido com crescente intensidade € um novo enfoque de procedimento civil, destinado a atrairindividuos que, de outra mancira, io reclamariam seus direitos, ¢ dar-Ihes wma oportunidade real de defini-los perante um érgao informal, ‘mas sensivel a esses direitos em evoluglo, Por outto lado, o enfoque levout a criago de meios para a reconciliagao das partes envolvidas em relagdes quase permanentes que, de outra forma, seriam postas em petigo. Certo mimero de enfoques, aliamente especializados, esto emergindo de outros tipos de litiaios ‘entre individuos, com causas de valores relativamente pequenos, de um lado, ¢ poderosos litigantes ‘organizacionais, de outro, Sem tentar exaurir 0 tema, baseados principalmente nos relatorios nacionais do Projeto de Florenga, descreveremos alguns desses promissotes experiments. Nosso objetivo sera 0 de indicar algumas das importantes reformas procedimentais que contimiam perseguindo o objetivo de apoiar o individuo em suas relagoes com as grandes corporagoes, a burocracia govemnamental ¢ outras ‘entidades mais ou menos poderosas ¢ organizadas (310) Diz o Relatério Japonés do Projeto de Floreaga: As cusas relat & pohigfo ambiental esto ene os Hipos mais dices de ligos a sere Solucionados nos tribunals, na forms do procedmento tradicional. Has eavolvem grande mero a7 e pessoas ¢ problemas cctifios de fell solsdo. Os procedimetos oniniios tense ‘mostra inadequados em rio do tempo, recursos ¢conherimento especaizad que ese tipo casa normalmouteexige. 612) As cansas relativas a0 meio ambiente tém dimensfo tanto coletiva, “difusa”, quanto individual, e ‘ambas as dimensoes tém sido tratadas em termos gerais no presente estudo, Os remédios aplicaveis aos interesses dif isos — caracteristicos da “segunda onda” das reformas de “acesso a justiga” — tem relevincia particular com relagdo aos problemas ambientais(312), mas as solugdes e £6rmulas aplicaveis ‘is pequenas causas podem ser muito importantes para os individuos prejudicados por poluidores, uma vez ‘que seu prejuizo individual, se houver, sera provavelmente pequeno. A natureza altamente técnica das causas ambientais pode levar & maior especializagao. No Japao, ‘em particular, novos métodos tém sido criados para manejar tanto os aspectos difusos quanto individuais, dos problemas ambientais. A lei japonesa para a Solugio de Litigios sobre Potnicio Ambiental, de 1970, adotou nmitas reformas interessantes, poucas das quais podem ser discutidas aqui(13). 0. mais importante de tdo ¢ que ela den a0 individo agravado o direito de, com despesas minimas, apresentar ‘sua queixa perante uma das Comissdes locais ou central para a Soluedo de Litigios sobre Poluigio Ambiental, Essas comissdes levam a eftito investigagoes técnicas especializadas, sem custo para as partes, € usam suas conclusdes num amplo espectro de altemativas de sohugdo de litigios, que incluem a conciliagdo, o arbitramento ¢ una forma de decisao quase judicial(314). Ademais, os recursos de investigayao da Comissio Central podem ser requisitados por qualquer tribunal, sempre que © relacionamento fitico entre os danos de um requerente e as atividades do requerido envolvam hipétese de litigio ambiental. De acordo com 0 relatério japonés, a disponibilidade desse procedimento pode alterar 0 caréter dos ltigios ambientais: “primeiro, 0 requerente nto suporta o onus da produgio de prova de cariter cientifico € alto custo: sesndo, os poderes € recursos investigatorios da Comisstio podem ser plenamente utilizados, proporcionando, dessa forma, os meios e o poder que geralmente faltam as vvitimas” (315). Finalmente, o sistema japonés de protegao ambiental inclui méfodos para ages representativas, compariveis as Class Actions, ¢ proporciona atendimento por Conselheiros sobre Poltiigao Ambiental” (316). © resultado disso € que as pessoas comuns dispdem de varios érgaos nos quais podem acionar os ppoluidores, € acesso, sem custos, a0 aconselhamento © experiéncia técnica para assessori-los nas ‘demandas. Ademais, como é especialmente importante para problemas ambientais, os individuos nao so isolados de outros em situagio semelhante. Naturalmente, ainda nio esta claro se uma nova estrunura nos ‘moles da japonesa € essencial para a protegdo dos direitos ambientas, amas essa experigncia criativa bisicas, temto goveruamentais quanto particulares, que afeiam suas vidas. Dat surge a questao bisica de como tomar a assisténcia juridica de alta qualidade acessivel a todos, o que dela fez, como ¢ ficil compreender, ‘um ponto focal para 0s reformadores do acesso a justiga. Charles Baron, antigo diretor do Centro Norte Americano para Consumidores de Recursos Juridicos, notou: “pode-se dizer que existe agora unm ativo ‘movimento de consumo dos servigos juridicos nos Estados Unidos, que esta interessado em causas que ppemmeiam todos os aspectos da profissdo juridica” (346). Para mencionar apenas mais um exemplo: A recentemente criada Comissao Real sobre Servigos Juridicos, da Inglaterra — destinada, entre outras coisas, a debater se “sto desejéveis (mudangas) no interesse do piblico, na estrutura, organizagio & treinamento” da profissao juridica — demonstra claramente essa nova disposigio de questionar os eétodos, organizagao ¢ mesmo o controle da profissio e de seu exercicio (347). Dois enfoques basicos reforma da presiagio dos servigos juridicos jé foram vistos nese relatério, Um enfoque, cada vez mais evidente, nos procedimentos especializados que disentimos, consiste em desenvolver substititos mais especielizados © menos dispendiosos que os advogados individuais. Muitos tribunais de pequenas causas, por exemplo, proporcionam aconselhamento juridico ‘que toma desnecessérin a presenga de advogados (348). Um fendmeno importante e que merece maior atengio, & a proliferagio de pessoal paraprofissional. Um segundo enfoque, que j4 aparece quando ‘examinamos o sistema sueco de assisténcia juridia, esté em encontrar novos meios para tomar os profissionais altamente qualificados, acessiveis as pessoas comms (349). Esses métodos incluem planos de “seguro” ou servigos juridicos “em grupo”. Evidentemente, esses dois enfoques (algumas vezes ‘complementados por outras importantes atividades que tém por objetivo reformar a prestagao de servigos juridicos, tais como o levantamento das restrigdes a propaganda (350) e 0 esforgo de criar “clinicas Juridicas” nos Estados Unidos (351) podem ser combinados num esforgo para reunir as vantagens de ‘ambos. (QUso dos “Parajuridicos’ Os “parsjuridicos” — assistentes juridicos com diversos graus de treimamento em Diteito — assumiram nova importincia no esforgo de melhorar 0 acesso A justiga. E cada vez mais evidente que muitos servigos juridicos nao precisam necessariamente ser executados por advogados caros ¢ altamente teinados. O “Rechtspfleger” alemao, por exemplo, é um funcionario-juiz paraprofissional que, entre otras coisas, tm papel important no aconsclhamcatodaquelesquc necesita prcparar sas demandas jndicins (352). Desde 1970, os parsjuriicos tém sido crescentemente wsilizades, princpalmente nos Estados Unidos, para fazerem pesquisa, entrevistar clientes, investigar as causas e preparar 0s casos para. julgamento (353). ‘Como foi assinalado na discussao sobre os tribunais de pequenas causas, Os “advogados leig conde néo scjam proibidos de atuar, por estatutos que vedem 0 “excrcicio ilegal da profissao”, estao-se tomando importantes em mmitas areas jurdicas. Os “McKenzie Men” da Inglaterra, por exemplo. refletem essa tendéncia (354) (© potencial dos parajuridicos pode ser também demonstrado por um importante exemplo aleudy, A Federayay doy Sinicaloy de Traballraluey Aleudes (Deu daier Gewerkoelefibiul, DGB) utiliza os parajuridicos uum program destimado a servir seus sete milloes de membres (355). Funcionsrios especialmente treinados (RechtsskretSre), através de um programa de onze meses, mama escola localizada em Frankfurt e ditigida pela DGB, proporcionan servigos juridicos aos membros dos sindicatos, em reas tais como: emprego, seguranca social, beneficios aos veteranos e imposto de renda. Alem de aconselhamento juridico ¢ servigos semelhantes os funcionérios, quando necessério, até mesmo representam os trabalhadores perante a justicn do trabalho (Arbeitsgerichte) (356). Essa eficiente utilizagao dos parajuridicos, especialmente permitida pelas nomas alemaes que cogitam do exercicio ‘legal da profisso (357), demonstra como os parajuriicos podem contribuir para 0 movimento de acesso @ justiga (358). Existem, naturalmente, muitas quest6es relacionadas a0 nivel de treinamento ¢ a accitabilidade as quais precisam ser resolvidos antes que o potencial dos parajuridicos possa ser constatado; mas é evidente que muitas fungdes, que eram tradicionalmente exclusivas dos advogados, nao sais precisam sé-lo, (0s desenvolvimentos de planos de assisténecia juridica mediante “convénio” ou “em grupo”, nos ‘anos mais recentes, esto entre as refommas de mais amplo alcance. aqui discutidas. Nessa area ‘encontramos planos e propostas audaciosos com 0 objetivo de tomar os advogades acessiveis, mediante ‘custos razoaveis aos individuos das classe média ¢ baixa, cujos direitos ¢ interesses tém sido nosso foco central. Sem diivida, jé que ¢ inevitavel que tenbamos um mimero sempre erescente de conflitos juridicas, 52 essa tentativa de promover 0 acesso aos advogados pode, na realidade, complementar as reformas que tendem a dispensar a necessidade de advogados (359). Ambos 0s tipos de reforma sio essenciais para reivindicar eficientemente os “novos” direitos dos individuos e dos grupos. ‘Embora a terminologia ainda nao esteja claramente definida, “planos de convénio para servigos juridicos” podem ser descritos, em tragos gerais, como mecanismos através dos quais os individues concomem com algo semelhante a uma contribuigfo social ou um yrémio de seguro, para obterem, sem custos, on com ceustos reduzidos, alguns servigos juridicos pré-determinados, quando surja a necessidade de utilizé-los, O objetivo consiste em distribuir 0 risco entre todos aqueles que pagam essa mensalidade ou prémio (360). s planos em grupo também podem ser pagos antecipadamente, no sentido de que também envolvem a distribuicao dos riscos. Pode, no entanto, simplesmente representar uma relacdo pela qual os servigos jjuridicos se tomem disponiveis, aos membros de um determinado grupo, mediante uma contribuigao reduzida (361). (© potencial desses planos ¢ enorme, considerada a “economia de escala, 0 uso dos advogados tanto para prevengao, quanto para solugdo de casos, a divisto dos riscos entre os membros do grupo e, dependendo da clientela em questio, a definicao de pardmetros no processo de negociacto dos beneficios e custos de ‘um plano” (362), Uma distinsdo basica entre esses planos — ¢ a fonte de muitos debates — diz respeito a capacidade do participante para escolher seu proprio advogado. O sistema aberto, geralmente, tem como caracteristica a escolha relativamente livre de advosado que, entio, € pago pelo plano, enquanto os sistemas “fechados” restringem, em maior ou menor grat, essa escotha e um determinado mimero de advogados, Existein, uattualnete,iniineras gradagoes enue ui € uly sistent. Os paises curopeus (én tido ua experiencia longa © cresceutemente positiva com o “seguro de despesas juridicas”, ou seja, planos de assisténcia juridica, pagos antecipadamente e com sistema de livre escollia do. profissional, operados por companhias de seguios (363).Fsse tipo de seguro surgi inicialmente como uma decoméncia das politicas de seguros coutra acidentes de autom6vel, no inicio do século, A cobertura para automéveis ainda é 0 componente mais importante, mas um amplo espectro de coberturas podem ser atualmente obtidas em diversos paises, especialmente na Alemanha ¢ na Suica (364), Por prémio relativamente baixo, um operério alemito ¢ sua familia podem receber cobertura para despesas juridicas decorentes da propriedade e uiilizagio de um automovel, da propriedade de um move, da indenizagio por danos, para defesa criminal, para causas trabalhistas ou de seguridade social, de direitos contratuais ¢ de causas de diteito de familia ou de sucessdes (365) ‘A importincia crescente do seguro juridico toma-se evidente pelo volume sempre maior de transagdes, realizadas(366), bem como pelo fato de que, em 1974, 0 Lloyd's de Londres decidin ingressar nesse ‘campo tomar tal seguro acessivel pela primeira ver na Gra-Bretanha (367). Alm disso, esses esquemas despertaram a atengdo de muitas pessoas preocupades com o problema do acesso a Justiga. A diseussio a respeito do potencial do seguro para despesas juridicas, na Europa, tomou-se recentemente um aspecto ‘importante do movimento de acesso a justica, que ali tem lugar (368). Isso advém do fato de a eobertra, ‘ampliada por custos relativamente baixos, ausilia, sem divida alguma, a tornar a miquina juridica mais acessivel aqueles que detenhiam tal sexuro (368). Ja foi sugerido, no entanto, que o sistema privado curopeu de seguro para despesas juridicas, com objetivo de lucro ¢ livre escolha, talvez nao seja o melhor tipo de servigo juridico de grupo. A 53 objecdo éa mesma que jé foi encontrada na comparaclo entre os sistemas “judicare” e “staff attomey” de assisténcia judicidria(370), ow seja, 0s planos de livre escotha deixam a critério do individuo distingnir ‘quando € desejavel uma providéncia juridica, quardo serdo uteis os servigos de um advogado © qual advogado constinui a melhor escolha. Além disso, ¢ evidente que os Iucros da seguradora dependem de sua capacidade de prever e plancjar o mimero de causas que sero apresentadas. Normalmente, essa previsibilidade diz respeito aos atos fortuitos, porém nao as ages intencionais dos requerentes. Logo, se cesses planos nfo quiserem arriscar on destruir sua viabilidade financeira, eles dificilmente buscarao ceducar as pessoas em relagto aos seus direitos, encoraja-las a fazerem “revisbes de seus negécios sob 0 aspecto juridico” e estimular a atividade juridicn —o que, presumivelmente, auxiiaria a reduzir as bamreiras colocadas pela capacitagdo das partes a um acesso efetivo nas areas das quais nos ocupamos @7, Muitos reformadores acreditam que planos fechados podem evitar ou pelo menos minimizar esses problemas. Planos fechados podem permitir aos advogados desenvolver especializagoes que pemnitann reduzir custos. Os parajuridicos podem set eficientemente utilizados para lidar com os aspects de rotina de certos tipos de problemas juridicos. Em troca da condicao de que 0 assunto seri tratado por uum determinado grupo de advogados, o plano poderé negociar um prémio mais reduzido. E possivel esperar, portanto, que, apesar da estimulagao da demanda juridica, os planos fechados sejam capazes de ‘manter os prémios em valores reduzidos (372). Apesar da oposigto inicial das entidades associativas dos advogados, esta emergindo nos Estados Unidos a prefereucia pelos phuwy Feclulus, opetaoy veut iy Comerciais ou POL aLuper subsidiads pels conribuigoes dos membros dos sindicatos de taballadores (373). Esses plmos fechdos implicam maior reorgmizagao dos sistemasjuridicos do que os sistemas abertos, uma ver que a sua adogao desafia a idéia jonal de que um advogado, pago por uma orpanizagio para atender a um individuo, nite serd suficientemente independente para dar sua total delicacdo aos interesses do cliente que ele representa (874), Além disso, os planos fechados — com énfase na especializacao — esto tomando a dianteira na utilizagao de pessoal parajuridico para tratar de problemas de rotina (375) Inimeras experiéncias estio agora tendo Ingar nos Estados Unidos, com diversos tipos de planos ndusive com alguns planos abertos) e parece, que, depois de aproximadamente uma década de incerteza, esses servigos juridicos esti finalmente comegandoa preencher seu potencial no sentido de implementar tra © acesso a justiga para as classes média ¢ baixa (376). Ao contrério dos planos europeus de seguro jjuriico, esses planos emergentes tendem a enfatizar a “prevengio” e a educagio a respeito dos direitos dos cidadios(377). Tem sido mesmo afirmado que esses planos serio capazes nfo sé de prover a representagao para os individvos, mas também de promover os interesses difusos do grupo (378) Certamente,tais reformas podem com eficacia mobilizar os individuos — pelo menos aqueles individuos ‘que participam de grupos que possam manter planos de servigo juridico — a perseguir seus direitos (379). Devenos, no entanto, estar atentos para nifo exegeror os progndsticos acerea desse modelo american de prestagdo de servigos juridicos em grupo. O Professor Mayhew escreveu recentemente que “devemos reservar-nos 0 diteito de ser eéticos quanto as possibilidades de realizagao desses programas, até que eles tenham sido cuidadosamente estudados” (380). © fato € que o seguro americano, apesar de suas limitagdes, tem demonstrado crescimento tanto no que diz respeito & ampliago das coberturas, quanto no 54 ‘que tange a sua demanda. O sistema europeu, caracterizado por seguro, com £ms comerciais, num sistema de livre escolha do profissional, pode-se mostrar mais duradouro do que as experiéncias americanas, mais, Jirecionadas no sentido da justiga social Isso nao quer dizer que o sistema europen possa ou deva ser ‘ansferido para os Estados Unidos, mas apenas destaca a necessidade de nfl exagerarmos as realizagoes dos planos experimentais norte-americanos. E— SIMPLIFICANDO 0 DIREITO ‘Nosso Direito ¢ freqnentemente complicado e, se niio em todas, pelo menos na maior parte das ‘reas, ainda permanccera assim. Precisamos reconhecer, porém, que ainda subsistem amplos setores nos ‘quais a simplificago é tanto desejavel quanto possivel (381). Se a lei é mais compreensivel, ela se toma ‘mais acessivel as pessoas coms. No contexto do movimento de acesso justiga, a simplificagao também diz. respeito a tentativa de tomar mais facil que as pessoas satisfagam as exigéncias para a utilizago de determinado remédio juridico, Os exemplos mais destacados de uma solugao simplificada so 0 movimento amplo em diresao do divércio “sem culpa"(382) ¢, pelo menos em certo mimero de lugares, © movimento pela responsabilidade civil objetiva (383). Padrdes substantivos mudaram de modo 1 fazer com que indagagBes sobre culpa sejam dispensadas. Elas se tomaram isrelevantes para 0 desenlace da causa, trazendo como resultado a reducto dos custos ¢ da duragao do litigio, além de dimintir a sobiecaga de uaballiy dos Wibumais (384). Seta suficieute mustiat a vintudkes deove eufoyue, citandy une pesquisa recente que cobriu os dois primeiros aos de finciommucuto do bem conbecide plano piouciro de responsabilidad objetiva por acidentes, posto em pratica na Nova Zelindia, Segundo o Professor Geofirey Palmer: ‘A principal mpressio que se tira da leita das decises € a de sun extrema simplicidade oucos easo6 que ado sejam reslidoe em dust ou ts lniss dalprafidas. A armada ‘completa do tipo de julgamento ao estilo Westminster foi sblida No existe mistiea sem ‘ocenaglo teal a respeito da nova lei de acidenes. No entanto, mulas pessoas que 20 ‘buveram qualquer estado sb wth sistema, eth send compensaas, depress. (385) As vantagens da simplificagao para determinado tipo de causas no precisam ser limitadas as de divércio ‘ou responsabilidade civil por acidentes. Na realidade, a simplificagio pode ter relevancia no que diz respeito aos direitos dos consumidores. Uma proposta interessante feita nos Estados Unidos foi a de se criar um “Departamento de Justica Econémica”, que daria aos consumidores reparagdo automitica nas ‘causas muito pequenas contra os comerciantes, sem necessidade de prova do mérito dessas demandas, G86). Oobjetivo seria o de evitar a despesa desproporcional com a investigagao e decisio dessas causas, evitando-se o desvirtuamento ou a mé-fé por parte do consumidor, através de um sistema de controle rapido € de sangdes severas, De fiato, 0 Professor Maurice Rosenberg, que propos esse plano, suger ainda que © Departamento pudesse agir — tal como o Ombudsman do Consumidor sueco — para proteger os direitos dos consumidores, enquanto classe (387). Essa idéia pode ou uo ser vidvel, mas certemente ela provoca reflexto ¢ esté revebendo atengao ‘rescente (388). Na verdade, uma recente experiéncia holandesa a respeito de proteyéo ambiental adotou ‘uma abordagem semelhante para a indenizagdo por danos decorrentes da poluigao aérea (389). Além 35 disso, essas idéias no precisam ser isoladas de outros enfoques (390). O que se deve salientar & que a criatividade e a experimentagao ousada — até o limite de dispensar a produgao de provas — caracterizam aquilo que chamamos de enfoque do acesso a justiga 56 v LIMITACOES E RISCOS DO ENFOQUE DE ACESSO A JUSTIGA: UMA ADVERTENCIA FINAL ‘0 surgimento em tantos paises do “enfoque do acesso a justica” & uma razAo para que se encare ‘com otimismo a capacidade de nossos sistemas juridicos modemos em atender as necesssidades daqueles, ‘que, por tanto tempo, no tiveram posssibilidade ce reivindicar seus direitos. Reformas sofisticadas ¢ inter-relacionadas, tais como as que caracterizam 0 sistema sueco de protegio ao consumiidor, revelam 0 ‘grande potencial dessa abordagem. © potencial, no entanto, precisa ser traduzido em realidade, mas mio & ‘cil veneer a oposicdo tradicional a inovacdo. E necessério enfatizar que, embora realizacoes notaveis ja tenham sido aleangadas, ainda estamos apenas no comego. Muito trabalho resta a ser feito, para que os direitos das pessoas comuns sejam efetivamente respeitados. ‘Ao saudar 0 surgimento de novas ¢ ousadas reformas, nao podemos ignorar seus riscos ¢ limitagoes. Podemos ser céticos, por exemplo, a respeito do potencial das reforas tendentes ao acesso a justica ein sistemas sociais fundamentalmente injustos. E preciso que se reconhega, que as reformas judiciais © processuais ndo sdo substitutes suficientes para as reformas politicas ¢ sociais. © Professor Branies, 0 relator chileno (atualmente exilado na Cidade do México), revela — parafraseando Bentham — que “falar de acesso 20s tribunais” sob o atual governo, no Chile, é um absurdo, um pretensioso absurdo”. da mesma forma, para os nmito pobres. ele observa que “o problema de acesso ajustiga é simplesmente irelevante, ‘uma vez que cles nfo tém demandas a propor ¢ estio fora do sistema institucional, nao importa quanto esse sistema seja ‘acessivel’. Por isso, 0 acesso A justica, no Chile, é mais um problema politico ¢ econdmico do que institucional” (391). ‘Um aspecto igulamente ébvio — bem conhecido dos estudiosos de Direito Comparado — é 0 de que as reformas nfo podem (¢ n4o devemn) ser tansplantadas simploriamente de seus sistemas juridicos ¢ politicos. Mesmo se transplantada “‘com sucesso”, uma instituigio pode, de fato, operar de forma infeiramente diversa num ambiente diverso (392).Nossa tarefa deve consistir, com o auxilio de pesquisa ‘empirica ¢ interdisciplinar, nao apenas em diagnosticar a necessidade de reformas, mas também ‘cuidadosamente monitorar sua implementagao. Também necessirio aos reformadores reconhecer que, a despeito do apelo dbvio da “especializagao” e da criagao de novas insituigdes, os sistemas juridicos nao podem introduzir éraios ¢ procedimentos especiais para todos os tipos de demandas. A primeira dificuldade séria & que as fronteiras, ‘de coupetéucia podem tonua-se conlusas. Diz o relairio israclense do Projeto de Floreuca: ‘Devera ser muito fic! locshear © tnbual sproprado. Mas, equentemoat, os limits da ‘competénia so dficcs de rem precsndos.-. Em caso de vida —e a diva crese com ‘ada nove tipo de tribunal qu eriado —o requerente em de ser muito mais cidadoso pore ‘de poe estar certo de qe, qalqoor que sj a sua escola, o uteri outo ponto de isa. De ‘qualquer forma, mato tempo ser perdido com essa prelimana, ea possiblidade de transfer usa una compensa mt peuns, 193) 37 ‘Sem divvida, a proliferacdo de tribunais especializados pode, por si s6, tomar-se uma barreira a0 acesso efetivo, resultando naquilo que 0 relatorio francés do Projeto de Florenga denominou de “litigagao parasitaria” (394), ‘Um juiz especiatizado pode também tomar-se mito isolado, desenvolvendo perspectiva demasiado estrcita. Como observa o relatério germinico, o juiz pode “perder de vista os aspectos © problemas que estejam fora de seu campo de atuagio no Direito” (395). Além disso, existe sempre 0 pperigo de que a “improvisagio” com o procedimento teri efeitos sérios ¢ indesejados (396). Como ‘notamos, a5 reformas destinadas a eliminar uma ou outa barreira ao acesso, podem, a0 mesmo tempo, finzer surgit outras. ‘© maior petigo que levamos em consideragdo ao longo dessa discussdo € 0 tiseo de que procedimentos ‘modems € eficientes abandonem as garantias fmamentais do processo civil — essencialmente as de ‘um julgador imparcial e do contraditério (397). Embora esse perigo seja reduzido pelo fato de que a submissao a detetminado mecanismo de solugao dos litigios ¢ facultativa tanto antes quanto depois do surgimento do conflito, ¢ que 0s valores envolvidos sao de certa forma flexiveis, € necessério reconhecer ‘0s problemas potenciais. Por mais importante que possa ser a inovagdo, nao podemos esquecer 0 fato de ‘que, apesar de tudo, procedimentos altamente técnicos foram moldados através de muitos séculos de esforgos para prevenir arbitrariedades e injustigas. E, embora o procedimento formal nao seja infelizmente, 0 mais adequado para assegurar 0s “novos” direitos, especialmente (mas no apenas) a0 nivel individual, le atende a algumas importantes fungdes que nao podem ser ignoradas. Uinme vee que grande © ereseente Io de imlividuys, grupes e inteterses, ute 180 represemtados, agora (2 acesso aos tnibumais © a mecanismos semelleates, através das refonmas que apresentamos a0 longo do trabalho, a pressdo sobre o sistema judiciario, no sentido de reduzir a sua carga € exicontrar procedimentos ainda mais baratos, cresce dramaticamente. Nao se pode permitir que essa pressdo, que ja é sentida, venha a subverter os fimdamentos de um procedimento justo. Neste estudo, falamos de uma mudanga na hierarquia dos valores no processo civil — de um desvio no sentido do valor da acessibilidade. No entanto, uma mndanga na direeao de um significado mais “social” da justica nao ‘quer dizer que 0 conjunto de valores do procedimento tradicional deva ser sactificado. Em nenhuma

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