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http://www.contioutra.com/arte-desapego/Literatura e poesia
Imperdveis
E assim, quando o outro no mais deseja estar ao nosso lado, isso nos fere e sangra,
mas o que nos massacra no o outro. desejo egostico de aprisionar um esprito
que tambm, assim como ns, tem sede de infinitos.
Tenho comigo que o que mais di a obrigatoriedade que nos impomos, quando o
castelo desmorona, de desamar o outro. E embora talvez no o tenhamos amado de
fato, fizemos um esboo de amor e desorientador apag-lo. Desamar doloroso
demais, porque o desfazimento do amor contrrio nossa natureza etrea,
espiritual, eterna.
Devemos, sim, exercitar o desapego; no o desamor. Desejar a liberdade, a
integralidade, a plenitude do outro. Compreender que o que di no o amor no
correspondido, mas a quebra das correntes (talvez at de ouro) com que tentvamos
prender algum. Apenas quando soubermos apreciar com encantamento a liberdade,
seja ela nossa ou de um ser amado, teremos conhecido a face invisvel e invencvel de
um amor verdadeiro.
E a alma, outrora rasgada, far das cicatrizes uma arte emoldurada e rebordada de
vida, na certeza de que toda a dor, bem l no fundo, labora a nosso favor.
Goinia, 01 de fevereiro e 2015.