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SEGUNDA SEÇÃO

Cadeia de custódia: do local


de crime ao trânsito em julgado;
do vestígio à evidência

CLAUDEMIR RODRIGUES DIAS FILHO


Mestre em Genética e Biologia Molecular pela Unicamp. Perito Criminal da
Superintendência de Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo.

ÁREA DO DIREITO: Penal-Processo Penal

RESUMO: A qualidade nos serviços públicos ABSTRACT: The quality of the public service
depende de uma série de fatores. Em âmbito depends on a series of factors. In the criminal
criminal, a qualidade é proporcional à excelência justice, quality is related to the excellence of its
dos trâmites e ritos que o distinguem, como a procedures. One of the concepts of quality
perícia. Um dos conceitos em qualidade applied to the criminal justice is the Chain of
aplicados à área pericial é a cadeia de custódia, Custody, which is not foreseen in the Brazilian
que não está prevista na legislação. Neste legislation. In this work, some concepts of
trabalho, são revisados alguns de seus conceitos, Chain of Custody are reviewed. lts importance
é analisada sua importância por meio de seus is examined through its essential elements and
elementos essenciais e se propõe um método de a method of its documentation is proposed.
documentação. Distinguem-se vestígios, Distinction is made between several words
evidências e indícios sob uma ótica lógica e used as synonym of evidence in a logical and
etimológica. Propõe-se um conceito para cadeia etymologic point of view. A concept for Chain
de custódia, considerando seu início, seu fim e of Custody is proposed, gathering its temporal
seus elementos essenciais (registro documental, dimension, its purpose and its essential
rastreabilidade e integridade da prova). É elements (documentation, traceability and
apresentado um paralelo entre cadeia de custódia evidence integrity). A parallel is made between
e o método científico, além de ponderações de Chain of Custody and the scientific method, as
cunho prático e jurídico. well as some considerations of legal issues.
PALAVRAS-CHAVE: Código de Processo Penal - KEYWORDS: Criminal justice procedures -
Indício - Qualidade - Perícia criminal. Evidence - Quality - Expertise.
DOUTRINA PENAL - SEGUNDA SEÇÃO 437

SUMÁRIO: Introdução - 1. Conceitos, definições e comentários relacionados - 2.


Vestígios, evidências e indícios - 3. Início e fim da cadeia de custódia - 4. Elementos
da cadeia de custódia - 5. Proposição de um conceito - 6. Cadeia de custódia e o
método científico - 7. Ponderações finais - 8. Agradecimentos - Bibliografia.

INTRODUÇÃO

Todo serviço, essencial ou não, é passível de uma avaliação qualitativa. Aqueles


prestados pelo Estado não são exceção, em especial os prestados em prol da justiça nos
ramos de direito público. Neste setor, a qualidade deve satisfazer o que espera a
sociedade no que se refere à idoneidade material e de conduta do processo.
Em âmbito criminal, a qualidade do serviço estatal é proporcional à excelência dos
trâmites e ritos que o distinguem. Esses, por sua vez, dependem de procedimentos
normalmente previstos em código de normas processuais. O Código de Processo Penal
brasileiro1 descreve uma série de procedimentos neste sentido, que, adequadamente
empregados, conferem qualidade ao serviço. Entretanto, existem outros fatores
relacionados à processualística penal que influenciam em sua qualidade, o que os tornam
importantes focos de estudo para a melhoria destes serviços.
A perícia criminal, sob uma ótica minimalista, é um conjunto de procedimentos
científicos relacionados à elucidação de um evento delituoso. Sua qualidade depende de
uma série de cuidados a serem tomados, desde a requisição de exame pericial até a
análise do laudo pericial por parte da autoridade judiciária. Especial atenção deve ser
dirigida a um dos conceitos em qualidade aplicados à área pericial: a chamada cadeia de
custódia. Sinonímia de "elo de custódia", a cadeia de custódia não está prevista na
legislação brasileira de forma precisa, tampouco normatizada, ao contrário do que ocorre
em outros países.
Este trabalho tem por objetivo revisar alguns conceitos de cadeia de custódia,
analisar sua importância por meio de seus elementos essenciais e propor um método de
documentação para tal.

1. CONCEITOS, DEFINIÇÕES E COMENTÁRIOS RELACIONADOS

O que é cadeia de custódia? Muitos autores definiram o termo. Eis algumas dessas
definições e alguns comentários acerca delas. Não é o objetivo descrever
cronologicamente tais definições, mas apresentá-las em ordem de complexidade, da mais
simples à mais completa.

1
Dec.-lei 3.689, de 03.10.1941. Doravante Código de Processo Penal brasileiro.
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Segundo Saferstein (2004), cadeia de custódia é "uma lista de todas as pessoas que
estiveram de posse de um item de evidência". Para este autor, a cadeia de custódia
parece reduzida a uma lista, um documento contendo a identificação dos indivíduos que
custodiaram um item. A documentação é parte integrante da cadeia de custódia e talvez
seja a mais importante delas. Tanto assim o é que alguns autores chamam o documento
propriamente dito, contendo tais informações, de "cadeia de custódia". O documentar
dos procedimentos de custódia é o que garante a responsabilização e a rastreabilidade da
prova, daí sua grande importância. Entretanto, os procedimentos de custódia não devem
se resumir a um documento.
Byrd (2001) acrescenta a responsabilização e a confiabilidade quando define o
termo como "um registro escrito e defensável de todos os indivíduos que mantiveram o
controle sobre as evidências". Defensável é o que pode ser defendido mediante a
sustentação por argumentos e razões. Quanto mais robusta esta defesa, mais confiável é
o que se defende e, consequentemente, maior é o impacto na tão importante convicção
do magistrado. A confiabilidade muitas vezes depende da argumentação e quando
falamos em cadeia de custódia, a argumentação deve ser baseada essencialmente no
documento de custódia ou num sinônimo usado pelo autor, um "registro escrito".
Outra questão relevante a ser considerada na cadeia de custódia é a dimensão
temporal. Quando ela tem início e quando termina? Neste sentido, o conceito de
Giannelli (1996) é relevante: "a movimentação e a localização de uma evidência física
desde sua obtenção até sua apresentação na corte". Aqui a cadeia de custódia se inicia
com a obtenção do vestígio e termina com sua presença no tribunal. Mas em que
momento se dá a obtenção de um vestígio? E, diante da legislação nacional, a custódia
pode ser encerrada após a apresentação da prova à corte? Estas questões serão mais bem
discutidas adiante.
A cronologia evidenciada no conceito de Giannelli (1996) é um fator importante na
conceituação de cadeia de custódia. Porém sua definição deixa de lado outros pontos
relevantes já mencionados, como a documentação e, por conseqüência, a confiabilidade
e a responsabilização.
Brenner (2004) ressaltou a relevância da inteireza e do armazenamento do vestígio
ao definir o termo como "procedimentos e documentos de importância para a integridade
de um espécime ou amostra pelo rastrear de seu manuseio e armazenamento do ponto de
coleta a sua disposição final; um processo usado na manutenção e documentação da
história cronológica das evidências". Tão importante quanto a documentação é a garantia
de integridade da prova. A integridade pode ser considerada um elemento mais amplo do
qual fazem parte outros fatores mencionados anteriormente, como a fiabilidade ou
confiabilidade.
DOUTRINA PENAL - SEGUNDA SEÇÃO 439

O armazenamento também foi objeto da definição de Brenner (2004). Não


confundir armazenamento com acondicionamento. Este último consiste em dotar de
condições que visam preservar da deterioração e é parte integrante do primeiro, que
consiste no ato de armazenar, guardar. Extrai-se daí sua importância, pois reduzida seria
a robustez da prova, no processo, se apresentada sem as mesmas propriedades que
possuía ao ser coletada, eivando, assim, sua integridade.
Brenner (2004) ainda sugere uma resposta ao questionamento sobre o ponto inicial
da obtenção de um vestígio. Depreende-se de suas palavras que a cadeia de custódia tem
início com a coleta do "espécime ou amostra". Também notável é o que o autor expressa
sobre seu fim. Não há um ponto preciso de término, mas uma região difusa no tempo,
expresso por ele como até "sua disposição final".
Melbye e Jimenez (1997) sugerem a seguinte definição:
"Estatuto de que a evidência, como encontrada in situ, foi acompanhada desde sua
descoberta, e de que existe uma sucessão segura desta até a corte. Questões referentes à
cadeia de custódia relacionam-se não apenas à documentação de transferências e
manuseio, mas também à segurança das áreas de armazenamento em que a evidência é
mantida."
Mais uma vez a integridade do vestígio foi ressaltada. Mas, apesar de a ela
relacionada, não é esta a novidade que este conceito traz a tona, e sim a citação de uma
área de armazenamento segura. Tais áreas são frequentemente denominadas centro de
custódia de provas e desempenham papel preponderante, não apenas na manutenção da
integridade e autenticidade do vestígio, mas também na segurança e excelência da
prática forense (Bonaccorso e Perioli, 2002).
Outro conceito bastante completo de cadeia de custódia, mas não isento de reparos,
foi dado por Alice Aparecida da Matta Chasin,2 segundo o qual o vocábulo se refere a
"um conjunto de procedimentos documentados que possibilitam o rastreamento de todas
as operações realizadas em cada amostra, desde a coleta até o descarte. Registro
administrativo de todos os passos visando fornecer evidências defensáveis quanto à
preservação da amostra, garantia da confidencialidade e validade dos resultados". Norma
Bonaccorso3 questionou este conceito no que se refere ao "descarte" de amostra. A
autora defende que a palavra "descarte" não

2
Alice Aparecida da Matta Chasin em disciplina de Toxicologia Forense do Curso de Formação Técnico-
Profissional para a carreira de Perito Criminal ministrada pela Academia de Polícia Dr. Coriolano Nogueira
Cobra, realizada entre 19.04.2006 e 26.12.2006.
3
Norma Bonaccorso em argüição da aula-prova do candidato Claudemir Rodrigues Dias Filho, apresentada no
processo de Seleção de Professor Temporário de Biologia Forense da Academia de Polícia Dr. Coriolano
Nogueira Cobra, realizada em 22.06.2007.
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expressa exatamente o que se espera do encerrar da cadeia de custódia em âmbito


criminal, uma vez que a legislação brasileira não prevê o descarte da prova.
Assim, Bonaccorso (2007) propõe que se entenda por cadeia de custódia "o
conjunto de procedimentos que visa garantir a autenticidade dos materiais que serão
submetidos a exames, desde a coleta até o final da perícia realizada". Este conceito, tal
qual o de Giannelli (1996), não faz menção ao registro documental das etapas
seqüenciais que compõe a cadeia de custódia de forma clara, citando-as apenas com um
"conjunto de procedimentos".
Outro aspecto do conceito de Bonaccorso (2007) que vale a consignação é,
novamente, quanto à cronologia dos procedimentos de custódia. Depreende-se desta
definição que a cadeia de custódia termina com "o final da perícia realizada". No
entanto, a custódia da prova deve findar coincidentemente com as disposições finais do
processo penal brasileiro. E, de acordo com o Código de Processo Penal brasileiro, o
processo termina com o trânsito em julgado do mérito, e não quando findada a perícia.
Essa ponderação tem lugar no escopo da discussão por questões de ordem prática: existe
um intervalo entre a realização dos exames periciais e o fim do processo penal.
Desconsiderar tal intervalo na cadeia de custódia seria aceitar que a prova deixa de ser
custodiada a partir da emissão do laudo pericial, quando, em verdade, o ponto máximo
da prova emerge em sua apresentação perante o magistrado ou o júri, se acabando,
portanto, a posteriori.

2. VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS

Alguns dos conceitos apresentados e as discussões que se seguem falam em


vestígios, evidências e indícios. Esses termos são freqüentemente utilizados como
sinônimos. Porém, num contexto criminalístico, existe uma diferenciação importante em
suas semânticas formais. Visando evitar acroases, vale introduzir neste trabalho
definições destes termos. Apesar de relacionados, tais conceitos podem gerar equívocos
interpretativos caso deixem de ser bem delineados. Enquanto o vestígio abrange, a
evidência restringe e o indício circunstancia. Como se nota a seguir.
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O Código de Processo Penal brasileiro traz que, na presença de vestígios, o exame


de corpo de delito será indispensável4 sob pena de nulidade5. O objetivo primo do exame
referido é a comprovação dos elementos objetivos do tipo, essencialmente no que diz
respeito ao resultado da conduta delituosa, através de vestígios. Entretanto, não há
dispositivo legal que defina precisamente o que vem a ser um vestígio, mesmo porque a
lei não é o espaço para fins de definição. Mas é provável que esta ausência de definição
jurídica também decorra do fato de a palavra ser empregada num sentido próximo do
comum, não necessitando de um critério normativo específico. Etimologicamente, o
termo deriva da palavra latina vestigium que, por sua vez, possui significado bastante
abrangente: planta ou sola dos pés (das pessoas e dos animais), pegada, pista, rastro;
traço, sinal, marca. Em termos periciais, o conceito de vestígio mantém a característica
abrangente do vocábulo que lhe deu origem, podendo ser definido como todo e qualquer
sinal, marca, objeto, situação fática ou ente concreto sensível, potencialmente
relacionado a uma pessoa ou a um evento de relevância penal, e/ou presente em um local
de crime, seja este último mediato ou imediato, interno ou externo, direta ou
indiretamente relacionado ao fato delituoso.
Ao chamar uma coisa qualquer de vestígio, se está admitindo que sua situação foi
originada por um agente ou um evento que a promoveu. Um vestígio, portanto, seria o
produto de um agente ou evento provocador. Nesta dinâmica, pressupõe-se que algo
provocou uma modificação no estado das coisas de forma a alterar a localização e o
posicionamento de um corpo no espaço em relação a uma ou várias referências fora e ao
redor do dele. O correto e adequado levantamento de local de crime, por exemplo, revela
uma série de vestígios. Estes são submetidos a processos objetivos de triagem e apuração
analítica dos quais resultam diversas informações. Uma informação de relevância
primordial é aquela que atesta ou não o vínculo de tal vestígio com o delito em questão.
Uma vez confirmado objetivamente este liame, o vestígio adquire a denominação de
evidência. Nas palavras de Mallmith (2007), "as evidências, por decorrerem dos
vestígios, são elementos exclusivamente materiais e, por conseguinte, de natureza
puramente objetiva". Portanto, evidência é o vestígio que, após avaliações de cunho
objetivo, mostrou vinculação direta e inequívoca com o evento delituoso.
Processualmente, a evidência também pode ser denominada prova material.

4
Art. 158 do CPP: "Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado".
5
Art. 564 do CPP: "A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: (...) III - por falta das fórmulas ou dos termos
seguintes: (...) b) o exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no art.
167".
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Assim como ocorre com o vestígio, a origem da palavra indício também vem do
latim: indicium, cuja semântica é "sinal, indicação, revelação, denúncia, descoberta,
acusação, indício, prova". O próprio radical latino index, por si só, tem sentido de
"aquilo que indica" (Mazzilli, 2003). Porém, ao contrário do vestígio e da evidência, o
indício apresenta uma conceituação legal prevista no Código de Processo Penal
brasileiro.6 Neste sentido, indício seria uma circunstância conhecida, provada e
necessariamente relacionada com o fato investigado, e que, como tal, permite a
inferência de outra(s) circunstância(s). O termo "circunstância" é aqui utilizado como
expressão próxima, semanticamente, de "conjuntura", como a combinação ou
concorrência de elementos em situações, acontecimentos ou condições de tempo, lugar
ou modo.
Considerando a definição legal, é de se reparar que um indício, sendo uma
circunstância, autoriza a conclusão indutiva de outros indícios, também circunstanciais.
Nos termos da lei, a circunstância conhecida e provada seria uma premissa menor, ao
passo que a razão e a experiência seriam uma premissa maior; da comparação entre as
premissas menor e maior emerge a conclusão indutiva de que trata o texto legal
(Mirabete, 2003). Via de regra, essa premissa menor vem apresentada de forma objetiva
por se tratar de "circunstância conhecida e provada". Cumpre consignar que o indício se
reveste de uma situação circunstancial, cuja interpretação pode ser objetiva ou subjetiva,
ainda que relativamente. Nesses termos, a premissa menor referida acima coincide com a
evidência, por se afastar do caráter subjetivo e, consequentemente, por se revestir de
objetividade.
A subjetividade potencial do indício é a ele inerente dado o momento pós-pericial
de sua gênese. O indício surge num instante processual, quando às evidências foram
agregados fatos apurados pela autoridade policial (quando do inquérito) ou ministerial
(quando da denúncia). Então, toda informação que tem relação com o relevante penal é
um indício, seja ela objetiva ou subjetiva. Entretanto, o indício se aparta das conclusões
periciais quando puramente subjetivo. Logo, o indício originário de uma evidência é
sempre decorrente de um procedimento pericial e, portanto, objetivo. Na processualística
penal, há quem intitule o indício resultante de subjetividade de prova indiciária
(Mazzilli, 2003).
Assim sendo, podemos deduzir que a evidência é o vestígio que, mediante
pormenorizados exames, análises e interpretações pertinentes, se enquadra inequívoca e
objetivamente na circunscrição do fato delituoso. Ao mesmo tempo, infere-se que toda
evidência é um indício, porém o contrário nem sempre é verdadei-

6
Art. 239 do CPP: "Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias".
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ro, pois o segundo incorpora, além do primeiro, elementos outros de ordem subjetiva.

3. INÍCIO E FIM DA CADEIA DE CUSTÓDIA

Como visto, os vestígios são coletados, examinados e, depois de provado seu


vínculo com o fato, classificados em evidências. Estas, por sua vez, são somadas aos
autos de inquérito policial e, ao seu término, são interpretadas como indícios em fase
processual. Mas qual o procedimento que mantém as etapas consecutivas desta dinâmica
coesas e confiáveis? A resposta a esta pergunta é cadeia de custódia.
A apresentação de uma prova material, em uma corte judiciária de foro criminal, é
o momento clímax de todo um processo, que se estende da preservação do local de crime
ao trânsito em julgado de um processo penal. Antes disso, a prova material já foi um
vestígio, uma evidência, um indício; esteve exposta às condições de um local de crime e
armazenada até os encaminhamentos devidos; passou pelas mãos de peritos criminais,
autoridades policiais, estafetas, funcionários do fórum e do Ministério Público.
Como se sabe, a prova material do processo foi, incontestavelmente, um vestígio
quando do início dos procedimentos periciais. Se o vestígio, antes de ser reconhecido,
está no local de crime, então a custódia deste nasce no momento em que os
procedimentos de preservação de local de crime se iniciam e são assegurados pela
autoridade policial.7 Nestes moldes, o início da cadeia de custódia pode ser delimitado
pela adequada preservação de local de crime.
Quando os peritos criminais chegam ao local, a responsabilidade sobre os vestígios
em potencial ali presentes passam do policial responsável pela preservação de local para
os primeiros. Estes, por sua vez, realizam os exames pertinentes, elaboram um laudo
pericial8 e, após a liberação das peças e do local, encaminham as evidências para a
apreensão pela autoridade policial,9 instante em que a responsabilidade sobre a guarda e
integridade destas passa à referida autoridade.

7
Art. 6.° do CPP: "Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I -
dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
dos peritos criminais".
8
Art. 160 do CPP: "Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados".
9
Art. 6.°, II, do CPP: "apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais".
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Até a conclusão do relatório que ultima o inquérito policial10 e seu


encaminhamento, as evidências permanecem sob a custódia da autoridade policial, pois
estas, por previsão legal, acompanham os autos do inquérito.11 Remetidas ao juízo
competente, a custódia sobre as provas materiais passa a ser exercida pelo fórum ou,
eventualmente, por um centro de custódia, e nesta situação permanecem até transitar em
julgado a sentença final,12 quando dos efeitos da condenação poderão resultar em perda
de instrumentos e produtos do crime em prol da União13 ou em destinações diversas.14
A custódia sobre as provas materiais, exercida por entes públicos, termina no
encerramento absoluto do processo, portanto, quando a sentença transita em julgado,
circunstância esta que coincide com fim da cadeia de custódia.
Assim, é possível delinear objetivamente o período de existência da cadeia de
custódia como aquele que se inicia com a preservação do local de crime e o ato que
legalmente determina o término do processo penal, a sentença do trânsito em julgado.15

4. ELEMENTOS DA CADEIA DE CUSTÓDIA

Conclui-se que a prova material presente na corte judiciária deve estar revestida de
idoneidade e licitude, ainda que submetida a uma série de procedimentos técnicos ou
pelas mãos de algumas pessoas. Genericamente, tais características são presumidas no
processo, quando deveriam ser documentadas. Eis o primeiro

10
Art. 10, §1.°, do CPP: "A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao
juiz competente".
11
Art. 11 do CPP: "Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão
os autos do inquérito".
12
Art. 118 do CPP: "Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser
restituídas enquanto interessarem ao processo".
13
Art. 91 do CP: "São efeitos da condenação: (...) II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do
fato criminoso".
14
O Capítulo V (Da restituição das coisas apreendidas) do Título VI (Das questões e processos incidentes) do
Livro I (Do processo em geral) do Código de Processo Penal brasileiro dispõe sobre destinações possíveis dos
objetos apreendidos após o transito em julgado.
15
Outros aspectos pertinentes ao término da cadeia de custódia são passíveis de revisão, como o artifício da
revisão criminal. Nesta circunstância, a cadeia de custódia seria reiniciada e, portanto, continuada. Estes
aspectos, entretanto, não são objeto de discussão deste artigo.
DOUTRINA PENAL - SEGUNDA SEÇÃO 445

elemento da cadeia de custódia: o registro documental.


A importância do registro em um documento de toda a processualística de custódia
é tamanha que, como já citado, alguns autores (como Byrd, 2001 e Safestein, 2004) o
colocam como sinônimo de cadeia de custódia. Negrini Neto e Kleinubing (2006) citam
o princípio da documentação16 como aquele que "define o que se denomina cadeia de
custódia", pois é por meio desta que a fidelidade da prova material se estabelece. Não é
exagero dizer, portanto, que o registro documental é o elemento de maior relevância no
que concernem os procedimentos de custódia.
Uma documentação de custódia completa deve ser escrita e contemplar,
inicialmente, informações de referência (1) ao caso investigado (identificado por um
número) e (2) à natureza do delito. Além dessas, seguindo as recomendações do
Scientific Working Group on Materiais Analysis (SWGMAT, 1999), deve incluir
anotações permanentes acerca (3) do local em que cada item foi coletado (incluindo o
registro fotográfico, dimensional e esquemático de localização imediata), (4) da data e
hora de coleta, (5) da descrição do(s) item(ns) coletado(s), (6) de uma identificação
única para cada item coletado (como número do item e número do caso) e (7) do nome
da(s) pessoa(s) que coletou(aram) o(s) vestígio(s). Outras informações relevantes num
registro documental seriam (8) data, hora e nome de todas as pessoas que eventualmente
tiveram contato com um item, (9) uma breve descrição dos motivos para tal e (10) dos
procedimentos realizados por cada pessoa que o tenha manuseado (Galloway et al,
1990).
Mediante um registro documental nos moldes citados, é possível refazer todos os
passos da cadeia de custódia de cada item apresentado como prova material em um
tribunal. Essa característica confere outro elemento aos procedimentos de custódia, a
rastreabilidade. Ao rastrear cada etapa pela qual esteve a prova, preenchem-se as
condições necessárias para a responsabilização das pessoas que mantiveram contato com
ela na medida de suas responsabilidades. Isso credencia tais pessoas a testemunhar nos
tribunais a fim de validar a integridade e a idoneidade da prova material quando
necessário (Nascimento e Santos, 2005), vez que a segurança da prova (em termos de
integridade) é responsabilidade de todas as pessoas que participaram dos processos de
identificação, coleta, empacotamento, armazenamento, transporte e exame das
evidências (SWGMAT, 1999).

16
"Toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento no local de crime até sua análise e descrição
final, de forma a se estabelecer um histórico completo e fiel de sua origem".
RT-883 - MAIO DE 2009 – 98.º ANO 446

A credibilidade dos exames periciais depende não somente da qualidade dos


exames realizados ou das habilidades investigativas e analíticas do perito responsável
por sua condução. A guarda do item também faz parte dos conceitos de qualidade
ligados à cadeia de custódia. Emerge daí um terceiro elemento: a integridade da prova.
Por integridade entende-se o caráter daquilo que está inteiro, ileso, que não sofreu
alteração, incólume, idôneo. Por este motivo, a Integridade da Prova é o elemento que
incorpora a segurança do vestígio à prova material, a autenticidade do item e,
conseqüentemente, sua confiabilidade perante a corte judiciária.
A integridade da prova, entretanto, não se restringe a estes aspectos. A prova
íntegra, como supra definido, deve se revestir do "caráter daquilo que está inteiro". Logo,
à integridade se soma os procedimentos necessários à manutenção das características
intrínsecas do vestígio, qualquer que seja sua natureza (física, química, biológica, etc.).
Diante deste raciocínio, é notório que se incluam critérios de coleta, transporte,
acondicionamento, preservação e armazenamento como formas de garantir a integridade
da prova. Os procedimentos a serem tomados para garantir a viabilidade dos exames
cabíveis no processo de obtenção de evidências e, por conseguinte, de provas materiais,
devem ser definidos de acordo com a natureza do vestígio.
Esses três elementos (registro documental, rastreabilidade e integridade da prova)
sintetizam a importância da cadeia de custódia, pois sua observância confere à prova
material uma comprovação de origem, processamento, vínculo ao evento delituoso e
destinação até o trânsito em julgado. Tal certificação reflete em robustez da
materialidade do delito junto aos meios probatórios.

5. PROPOSIÇÃO DE UM CONCEITO
Conceituar é fazer uma proposta ajuizada e pertinente a algo sob suas diversas
faces e promover, sob uma ótica cognoscível, seu entendimento de forma íntegra,
consciente e válida no momento da propositura. O conceito transcende o tempo, mas sua
validade não. As palavras e os verbetes, com a evolução da língua, tomam outras
dimensões, apresentando novas semânticas com o avançar cronológico.
Este capítulo não possui a audácia, nem a arrogância, de apresentar um conceito
eterno e irrevogável. Tampouco insuperável ou isento de críticas. Afinal, como qualquer
proposta, todo conceito é passível de ser revisto; o que se segue inclusive. Entretanto, de
forma muito mais modesta, este capítulo visa simplesmente propor um conceito que
entrelace os aspectos basilares dos processos de certificação e qualificação da perícia
criminal.
DOUTRINA PENAL - SEGUNDA SEÇÃO 447

Considerando o que já foi exposto, penso que um conceito de cadeia de custódia


deve incorporar seus três elementos básicos (registro documental, rastreabilidade e
integridade), sua dimensão temporal e sua finalidade. Ao mesmo tempo, seria apreciável
que o conceito abrangesse a semântica dos dois termos que constituem o objeto
conceituado: "cadeia" e "custódia".
O termo "cadeia", no sentido expresso no objeto em estudo, possui um significado
aproximado àquele utilizado ao mesmo substantivo nas ciências naturais, em que seria a
sucessão de fenômenos de caracteres análogos, em que cada um cria os elementos
necessários ao desenvolvimento do seguinte. Já o substantivo "custódia" denota o ato ou
efeito de proteger, guardar alguém ou algo.
De posse desses conhecimentos, podemos conceituar cadeia de custódia como:
Uma sucessão de eventos concatenados, em que cada um proporciona a
viabilidade ao desenvolvimento do seguinte, de forma a proteger a integridade de um
vestígio do local de crime ao seu reconhecimento como prova material até o trânsito em
julgado do mérito processual; eventos estes descritos em um registro documental
pormenorizado, validando a evidência e permitindo sua rastreabilidade, sendo seu
objetivo-fim garantir que a evidência apresentada na corte se revista das mesmas
propriedades probatórias que o vestígio coletado no local de crime.

6. CADEIA DE CUSTÓDIA E O MÉTODO CIENTÍFICO

Existiu um tempo em que ciência e justiça tiveram seus atritos. Ou até


consideradas incompatíveis. Aliás, a própria ciência já foi a júri no famoso episódio do
julgamento de Galileu Galilei, no século VII. Na ocasião, Galileu era questionado pela
sua teoria de que a Terra não era o centro do universo, mas que se movimentava ao redor
do Sol. Há quem diga que foi um litígio entre ciência e religião. No entanto, foi um
julgamento com juízes, advogados e todos os ritos de um processo legal.
Hoje é inegável a contribuição que a ciência fornece à sociedade e à justiça. A
prova pelo DNA talvez seja a contribuição de grande repercussão mais recente, porém
muitas outras têm sido colocadas a prova tribunais afora.
Essa relação entre ciência e justiça tem se estreitado e se tornado cada vez mais
coesa. Mas poucos podem consignar de forma precisa como essa relação se exprime. A
maioria citaria os frutos da ciência como fomento ao meio jurídico, e não a ciência por si
só. Entretanto, basta definirmos ciência para emergir a robustez da ligação com o meio
judicial.
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Para efeito deste texto, será adotada a visão de ciência que cabe ao paralelo que se
está construindo, e não a proposta mais recente das mudanças de paradigma de Thomas
Kuhn ou a mais antiga de um observador desinteressado de Francis Bacon. Ciência não é
apenas um amontoado de conhecimento acumulado acerca da natureza. Ciência é, em
sua essência, um processo, um meio de examinar o mundo natural e descobrir
importantes verdades a seu respeito. Logo, ciência e método científico se confundem em
uma semântica reducionista em que o segundo é a própria síntese do primeiro.17
Sob a ótica popperiana, o método científico tem por base a assimetria de um
processo de falseabilidade, no qual uma hipótese nunca será provada verdadeira por
meio da concordância com as observações experimentais, mas será provada falsa se em
desacordo com as mesmas observações. No cume desse processo se aceita ou se rejeita
uma hipótese inicialmente proposta. Essa hipótese, segundo Popper (2002), tem origem
desconhecida e, por ser este o fator de criatividade da ciência, não pode ser analisado por
qualquer arcabouço filosófico. Mas sua proposição visa explicar fenômenos naturais
previamente observados.
Muito antes de Karl Popper, Galileu Galilei já havia criado um método
experimental que postulava que "para que um conjunto de proposições científicas (...)
seja válido, deve ser verificado" (Vera, 1976). Do enlace da experimentação de Galilei e
da falseabilidade de Popper, extraímos uma sucessão de eventos que sumariamente
conhecemos como método científico, qual seja: observação de um fenômeno, proposição
de hipótese, teste de hipótese (verificação) e aceitação ou rejeição da hipótese
(validação). Ressalta-se que uma hipótese só pode ser verificada se sua falseabilidade for
possível e sua validação deve decorrer, necessariamente, dessa verificação. Portanto, em
termos teóricos, não deve existir hipótese aceita ou rejeitada previamente à
experimentação.
Emerge daqui o paralelo com a cadeia de custódia da qual trata este artigo. De
acordo com o conceito proposto, cadeia de custódia é um processo, uma sucessão de
eventos tanto quanto a ciência expressa pelo método científico. Neste último, a
observação viabiliza a proposição de uma hipótese, que, por sua vez, permite a
experimentação e, consequentemente, sua validação. É notório o paralelismo com o
conceito de cadeia de custódia proposto, já que este foi aqui documentado como "uma
sucessão de eventos concatenados em que cada um proporciona a viabilidade ao
desenvolvimento do seguinte (...)".
Em um mesmo giro, é possível relacionar estes termos com a progressão de etapas
sucessivas que representa cada um. Ambos se iniciam com a observação: um

17
A lógica aqui explicitada se traduz no que tange às ciências empíricas naturais.
DOUTRINA PENAL - SEGUNDA SEÇÃO 449

de um local de crime, outro de um fenômeno. Ambos se desenvolvem pela verificação:


um verifica se um vestígio é uma evidência, outro verifica uma hipótese. E, finalmente,
ambos deveriam culminar com uma validação: um de uma evidência, outro de uma
hipótese.
A falta de experimentação de uma hipótese sacrifica sua validação, eivando-a de
uma apreciação duvidosa. Seguindo o mesmo raciocínio, um vestígio já tido como
evidência, mas sem uma cadeia de custódia apropriada deve ser visto com desconfiança,
pois não há como garantir, ao menos documentalmente, que a prova material no
processo se reveste da idoneidade do vestígio no local do crime. Assim como
comprometida seria uma hipótese infalseável, rejeitada como prova, deveria ser a
evidência sem um procedimento de custódia adequado.

7. PONDERAÇÕES FINAIS

Almeja-se que a leitura atenta deste artigo revele da importância de uma cadeia de
custódia adequada para função processual de uma evidência: prestar-se como prova
material de um evento de relevância penal. Como visto, a custódia legítima e idônea
confere robustez ao conjunto probatório, o que deveria, de alguma forma, sensibilizar a
tão importante apreciação da prova por parte daqueles que julgam, seja um juiz, seja um
júri.
A reforma do Código de Processo Penal brasileiro18 contemplou a inclusão de
aspectos referentes à cadeia de custódia da prova que recaem sobre o terceiro elemento
aqui descrito: a Integridade da Prova. As alterações dizem respeito a onde a prova será
custodiada (em órgão oficial) e à conservação e disponibilidade das provas às partes,19 o
que é, indubitavelmente, um avanço em nossa processualística penal. Porém, não
contribuiu com novidades em outras frentes, em especial sobre a obrigatoriedade de um
registro de custódia.
Interessante notar que referida reforma retoma o inc. LVI do art. 5.° da CF/1988,
que dispõe sobre a inadmissibilidade das provas ilícitas, conceituando-as como aquelas
"obtidas em violação a normas constitucionais ou legais".20 Além disso, enxertou-se
expressamente a inadmissibilidade das provas ilícitas por derivação pela teoria dos frutos
da árvore envenenada,21 isto é, quando de uma pro-

18
Leis 11.689 e 11.690, ambas de 09.06.2008.
19
Art. 159, § 6.°, do CPP: "Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação".
20
Art. 157 do CPP: "São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais".
21
Fruit of poisonous tree.
RT-883- MAIO DE 2009 – 98.º ANO 450

va ilícita derivam outras provas, estas últimas ilícitas serão.22


Há toda uma atenção voltada à coibição da ilicitude da prova ou do processo de
obtenção desta e pouca ou nenhuma preocupação com os procedimentos de custódia.
Como se garantir que uma evidência obtida licitamente, apresentada durante o processo,
mantém as mesmas características que possuía quando originada? Não há procedimento
legalmente previsto que afiance essa prova. Talvez fosse necessária a previsão no
diploma de um critério de validação da prova, ou seja, uma prova material somente seria
aceita com a possibilidade da verificação de sua cadeia de custódia adequada e
documentada. Do contrário, seria rejeitada e, por conseqüência, desentranhada do
processo, tal quais aquelas obtidas em violação a normas constitucionais ou legais,
portanto ilícitas.
Maior amadurecimento desta temática e mudanças legislativas seriam necessárias
para inclusão dessa proposta em nosso ordenamento jurídico. E se realizado, a adoção de
um critério rigoroso seria essencial para o feito, pois tal implantação poderia tornar todo
o procedimento criminal, da nottitia criminis ao trânsito em julgado, moroso. Se isso
ocorresse navegar-se-ia na contramão das aspirações mais recentes do que espera a
sociedade frente ao Poder Judiciário. As últimas alterações do Código de Processo Penal
brasileiro, como exemplo, tiveram por fulcro a celeridade, a simplicidade e a segurança
do processo, visando qualificar a prestação jurisdicional. É exatamente o que se pretende
com este texto: trazer qualidade à processualística penal brasileira, desde sua origem até
suas disposições finais.

8. AGRADECIMENTOS

Há de se agradecer à Dra. Norma Bonaccorso e Dra. Alice Aparecida da Matta


Chasin pelas críticas ao arcabouço de idéias que deu origem a este artigo; e à Dra.
Cristiane Faria Dias e ao MM. Dr. Rodrigo Rodrigues Dias pela leitura crítica e
construtiva do manuscrito.

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BRENNER, John C. Forensic science: an illustrated dictionary. Boca Raton: CRC Press, 2004.

22
Art. 157, § 1.°, do CPP: "São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras".
DOUTRINA PENAL - SEGUNDA SEÇÃO 451

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