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BIOQUIMICA DOS ADICAIS LIVRES DR. JORGE MARTINS DE OLIVEIRA 221 A ESTRUTURA DO ATOMO O tomo ¢ constituido por um nucleo, formado de prétons (com car- étrica positiva) e néutrons (sem carga). Ao redor do nticleo, existe um extremamente amplo (em relagao ao nucleo), denominado eletrosfera, ‘onde transitam os clétrons, particulas infinitamente pequenas, possui- de carga negativa. A eletrosfera pode ser dividida em segmentos denominados niveis de ia, numerados (de dentro para fora) de 1 até ne que crescem em valor Stico 4 medida que se afastam do niicleo (Fig. 1). Isso significa que elétron situado, digamos, no nivel 4, tem mais energia de que outro izado no nivel 1 ou 2. Os niveis, por sua vez, sio divididos em subniveis, os quais abrigam itais. As orbitais so as regides onde se descolam os elétrons. Eletrosfera Figura | —Eletrosfera e niveis de energia RELACAO ENTRE NiVEIS E SUBNIVEIS O nivel 1 tem apenas um subnivel, denominado s. O nivel 2 tem dois iveis, s e p. O nivel 3 tem trés subniveis, s, p, de assim sucessivamente. 223 nivel 1. nivel 2. nivel 3. nivel 4. nivel n. RELAGOES SUBNIVEIS, ORBITAIS E ELETRONS Subnivel Num. Orbitais Num. de elétrons Isto porque cada orbital tem 1 ou no maximo 2 elétrons. CONCEITO DE SPIN Nas orbitais, os elétrons giram em torno de seus eixos, criando campos: magnéticos ao seu redor. A esse movimento (de rotagaéo) denomina-se SPI A partir dessas nogdes essenciais, vejamos como se comportam use almente os elétrons, fixando atengao na orbital mais externa (Fig. 2). \spin p a Orbitais Figura 2— Orbitais e spins dos elétrons 224 A orbital externa tem dois elétrons com spins em sentido contrario. Sao, portanto, dois elétrons “pareados” cujos campos magnéticos se equili- bram, conferindo ao atomo uma situagao de estabilidade. Quando a orbital externa tem apenas um elétron, dizemos que este é um elétron “nao pareado”. Esta situagdo faz com que o Atomo se torne altamente reativo, isto é, busque rapidamente extrair um elétron de qual- quer particula, molécula ou tomo em sua vizinhanga, a fim de recuperar a paridade e, em decorréncia, a estabilidade. Todo atomo ou molécula que possua na sua orbital externa um elé- tron “nao pareado” recebe o nome de radical livre (Fig. 3). Quando um radical livre “rouba” um elétron de outro elemento, este passa por sua vez a agir também como um radical livre, podendo se consti- tuir assim uma auténtica reagdo em cadeia. Inumeras substancias formam radicais livres, mas vamos nos fixar em um elemento em particular — 0 oxigénio (O,). Vejamos a representagdo grafica do atomo de oxigénio, conforme Quadro 1. Nucleo 1s* 2s" 2p* Primeiro subnivel Segundo subnivel —as com 2 com 1 orbital e elétrons na sua orbital ¢ 0 p com 2 elétrons apenas 4 elétrons (em vez do maximo de 6) em suas 3 orbitais. © Convencionalmente chamamos de x, y ez aos orbitais do subnivel p. Ja chama a atengao o fato de que a ultima orbital do dtomo de oxigé- tem apenas um elétron. Vamos agora juntar dois Atomos para formar a molécula de O,. Essa faz pela superposigao (overlapping) das orbitais mais externas. 225 Elétron nao-pareado Figura 3 — Elétron néo pareado na orbital externa (Z1 e Z2) dos dois atomos, num tipo de uniao que denominamos ligag4o covalente (Fig. 4). Ke Ligagdo covalente Figura 4— Esquematizagdo da molécula de O, Observa-se que, tendo as duas orbitais externas (Z1 e Z2) apenas 1 elétron cada, a molécula é na verdade um birradical. Mas, note-se também que os dois elétrons externos (de Z1 e Z2) tém os spins num mesmo sent do, em oposigao ao que usualmente se verifica (observar Fig. 2). Dai decorre que a reatividade a se esperar de um birradical se redux por essa disposigao paralela dos spins dos elétrons “nao paralelos”. isso, o O, possui uma certa estabilidade, encontrando dificuldade em inte: com outras moléculas que apresentam a configuracdo normal de elé! externos girando em sentido oposto. 226 RELACOES FISIOLOGICAS DO OXIGENIO 98% do O, absorvido toma parte, no nivel mitocondrial, durante a fase da cadeia respiratéria, no processo de fosforilagao oxidativa, em que se constituem os ATP — armazenadores de energia — que, no final, v4o aca- bar formando agua. Isso ocorre segundo um processo de redugao tetravalente desse O, pelo sistema citocromooxidase. Sistema citocromooxidase: O, + 4H, + 4e- > 2H,0 As fontes que cedem os cations de hidrogénio e os elétrons para a feacdo sao basicamente o NADH, 0 FADH e a ubiquinona ou coenzima Q: Cerca de 2% do O,, no entanto, sofre um processo de reducao ivalente, em que uma molécula recebe apenas | elétron, o qual vai ocu- uma das orbitais externas, enquanto o outro continua nao pareado, cons- indo-se agora um auténtico radical livre — a molécula passa a ter 17 strons em vez dos 16 originais. Forma-se assim a primeira espécie toxica tiva) do oxigénio — 0 superéxido: 0, t+e> 0, OO, & pouco reativo e tende rapidamente a se transformar, Sua maior porténcia talvez seja a de iniciara cascata das espécies toxicas derivadas do Or EVOLUCAO DAS ESPECIES TOXICAS DE O, Por agéo da enzima superoxidesmutase (SOD), duas moléculas de interagindo com dois cations de hidrogénio formam a espécie peroxido Esta segunda espécie toxica nao é um radical livre, mas é peri- ao sO por ter a capacidade de atravessar membranas, mas por- nao neutralizada, vai dar origem a uma terceira espécie muito ‘reativa. 227 NEUTRALIZACAO DO H,O, 1) Ocorre através da combinagao com a glutationa reduzida (GSH) catalisada pela enzima glutationa peroxidase, formando glutationa oxidada (CS) e agua. H,O, + 2GSH ——> 2GS + 2H,O 2) Pela agao da enzima catalase, o perdxido de hidrogénio origina Agua e oxigénio. catalase 2H,0, ““; 2H,0 +0, Se nao neutralizado, o H,O, interage com cations de ferro (ou cobre} originando ion hidroxila (inerte) e 0 radical livre hidroxila (ativo) por duas tazOes distintas. : Na primeira o perdxido de hidrogénio se combina diretamente com @ ion ferroso: H,O,+ Fe? — Fe} + -OH + -OH (radical livre) E a chamada reagio de Fenton. Na segunda, o peréxido de hidrogénio interage com superoxido (que nao foi desmutado), reagao essa também mediada pelo ion ferro: O- + Fe? 0, + Fe? Fe? +H,0, > Fo? -OH +-OH E a reagao de Haber Weiss. Vejamos, agora, como se forma uma quarta espécie toxica, direse mente a partir do oxigénio na sua forma estavel ou triplet. A molécula O, é “energizada” por uma fonte como a luz, alte o sentido do spin de um elétron de uma das orbitais: a O (te tey ———> 0, 1 Je) energizagaio Forma-se, assim, 0 oxigénio singlet em sua modalidade, (como bém é da mesma modalidade o oxigénio estavel). Esta nova especie, 228 mente energizada, é extremamente reativa e com um tempo de vida muito eurto, ¢ logo se transforma numa segunda modalidade, na qual os dois elé- ns externos da molécula passam a ocupar uma mesma orbital — a outra a vazia: 10, (2) '0,(V) A espécie A é menos reativa, porém mais importante por ter um tem- de vida maior que a 5. Porém, logo também tende a se transformar, ou interagindo com éculas vizinhas, ou perdendo energia e se reconvertendo (pela passa- de um elétron para a orbital vazia com troca de diregdio do spin) em (Or Obs.: essa emissao de luz é que possibilita a detec¢’o pelo método de imioluminescéncia. E também essa conversiio que produz 0 “pisca-pis- dos pirilampos. Outra condi¢ao fisiolégica em que se formam espécies téxicas é no esso de desintoxicagao de xenobisticos no nivel dos microssomos he- aticos, por reacao de hidroxilagiio da droga, envolvendo 0 citocromo P 10 e a enzima hidroxilase: 2NADH > 2NAD ‘oga H + O, + Fe? + 2H* Droga OH + H,O + Fe + %e eae ae a cromo P450T pido lese e+ 0, — O, (formagao de superdxido) '0, A (4¥-) tue ty: oh interagdo com outras moléculas emissio desenergizado de luz. 2 (4 4) g te oxigénio rripler Figura 5 — Transformagdo de oxigénio singlet 229) Uma terceira situagao — ainda fisioldgica, se dentro de certos limi- tes — ocorre na degradacio das catecolaminas pela MAO em que se forma H,0,, o qual na presenga de ions metalicos (Fe ou Cu) pode gerar o radical. Em situagdes de stress esse processo se acentua, adquirindo configuragao patoldgica ja que se intensifica a formacao e destruigao dos aminocatecéis, aumentando, portanto, a geragao das espécies toxicas de oxigénio. PRINCIPAIS REACOES DELETERIAS PROVOCADAS PELAS QUATRO ESPECIES TOXICAS DERIVADAS DO O, (TOXICAS OU REATIVAS) 0,+H,0, > OH +0', (RL) (RL) Conquanto as espécies txicas tenham um tempo de vida infimo (milésimos de segundos), elas provocam sérias alteragdes decorrentes da sua alta reatividade. Assim, temos ages sobre: Lipidios — destruigao das membranas celulares por peroxidagao dos acidos graxos insaturados. Proteinas — inativagao das enzimas por oxidagao e alteragées estru- turais do colageno. Carboidratos — despolimerizacao dos polissacarideos. Acidos nucléicos — mutagdes do DNA. Lipoproteinas — oxidacgao das LDL. FORMAGAO DE ESPECIES TOXICAS A PARTIR DE SITUACOES PATOLOGICAS ESPECIAIS Inflamagao A presenga de germes (virus, bactérias e fungos) ou de complemem tos imunolégicos estimula neutréfilos e macréfagos a exercerem suas vidades fagocitarias, as quais geram intensa transformagao de O, —é a mada EXPLOSAO RESPIRATORIA ~ através de varias reagdes: 230 NADPH y “wapu > NAD + NADP + *2H + 20, 205+ 2H 2? Ho, +0, desmutagiio 1 a 2 esponténea 2 HO, + Fe? ——_> Fe + on +-on7 SHO cy MNO Ss Oi Hoc (acido hipoelérico) 6—H,0,+CLQ MPO (hipoclorito) HO +CL- +01, HOCI + NHS — 1,0 +NH,CI (monocloramina) (amé6nia) HOCle NH, CI so potentes bactericidas. Obs.: a presenga de oxigénio (O,) nas reagdes 3 ¢ 6 permite “1 itensidade da inflamagaio da quimioluminescéncia. Admite-se, hoje, uma outra reagao no quadro inflamatorio, originan- 4 partir do aminodcido arginina no nivel dos macr6fagos. ‘medir” Atg > _NO (6xido nitrico) NO +0, NOo, NOO, + 2H* > NO (acido perdxido nitroso) OH OH Essa substéncia, além de ser um potente germicida, é também estd- © seu actimulo torna-se altamente téxico Para as células. Admite-se Isquemia - Reperfusdo Esta é uma situagao que ocorre sempre que um tecido privado por algum tempo de O, (isquémico) é reperfundido. Tomando-se o miocardio como exemplo, teriamos as seguintes situagées: — Crises de angina (espasmo coronariano); — Angioplastia; ~ By-pass autocoronariano; — Transplante de coracio. O processo pode ser assim esquematizado: ATP. XANTINA DE HIDROGENASE Cas+ ativa uma protease que Isquemia | determina a transformagao dessa dehidrogenase emi ae wy OXIDASE eae Reperusso O, O,, Figura 6 — Isquemia - Reperfusao Ao transformar a hipoxantina em xantina, a xantinaoxidase cede elétron ao oxigénio, originando o radical superéxido e iniciando a ¢: de espécies toxicas. ‘Nocaso das sindromes anginosas, existe o risco de um agravante: a éusualmente devida a administragao de nitritos que produzem a dilatagao das. rias coronarias através da formagao do NO. Este acaba gerando 0 acido peraxs nitroso com possiveis conseqiiéncias ainda mais deletérias para o miocardio. RADIAGCAO IONIZANTE (RI) EM MEIO AQUOSO Aqui formam-se rapidamente dois radicais livres: RI+H,O ———>*H +—"OH +e aqu. e-aqu. +O, —O, 232 ] PEROXIDAGAO LIPIDICA Processo pelo qual as espécies toxicas de O, atacam os acidos graxos poliinsaturados dos fosfolipidios das membranas das células, desintegran- do-as ¢ abrindo caminho para a entrada dessas espécies nas estruturas intracelulares. Este processo pode ser assim esquematizado: A fosfolipase, ativada pelas espécies toxicas, “desintegra” os fosfolipidios, liberando os acidos graxos nao saturados que Tepresentaremos por LH. Em seguida: 1) LH+OH ——~> H,O + L (radical alkil-lipidico ou radical lipidio carbono) 2) L-+ O, > LOO (peréxido lipidico) 3) LOO’ + LH — LOOH (hidroperéxido lipidico) + L 4) L>+0, > L00 e€ perpetua-se 0 ciclo No caso em que dois | se encontram, o ciclo termina i+ b+ 2H* > LA In ACOES DELETERIAS DOS PEROXIDOS LIPIDICOS ¢ Ruptura das membranas celulares (bombas NA/K e Ca/Mg);° * Mutagdes do DNA; * Oxidagao das LDL; * Formacao de residuos quimicos como o malondialdeido, precur- sor dos lipopigmentos: lipofucsina e cerdides; Comprometimento dos componentes da matriz extracelular: feoglicanos, coldgeno e elastina. que, tendo um maior raio de ag’io do que as espécies téxicas O, (O,,, H,0,, OH, '0,), os peréxidos lipidicos atingem com le alvos mais distantes. 233 Curiosidade: o metal raro cério (Ce58) decompée os hidroperdxidos lipidicos, refazendo os acidos graxos poliinsaturados LOOH > LHO," e formando 0 oxigénio singlet. 234 BIBLIOGRAFIA ARMSTRONG, D. et al. 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Physiology of Oxygen Radicals. Ann Phisiological Soc., Baltimore, 1986. 235 BIOQUIMICA DOS RADICAIS LIVRES E DOENCAS DEGENERATIVAS CRONICAS DR. EFRAIN OLSZEWER 237 OS RADICAIS LIVRES E A SUA SAUDE O homem €¢ conseqiiéncia de um processo de desenvolvimento que se iniciou ha milhdes de anos, com a presenga de seres unicelulares (for- mados por apenas uma célula), denominados seres anaerdbios, que for- mavam sua propria energia para manter suas fungGes vitais sem a presen- ga de oxigénio. Com o desenvolvimento e as mudangas no universo, os seres viraram pluricelulares (formados por muitas células); com os seres aerobios, € 0 oxigénio comegou a fazer parte importantissima da forma- gado de energia. Como resultado dessas mudangas, o homem permaneceu com rema- nescentes de seu sistema anaer6bio, razao pela qual 0 oxigénio que respira- mos — € que é tao importante para manter a nossa vida, em circunstancias diferenciadas — pode ser causa de morte ou do desenvolvimento de doen- ¢as, uma vez que se trata de um dos mais importantes geradores de radicais livres (RL) dentro de nosso organismo. E importante saber que de 95% a 98% do oxigénio que entra no orga- nismo pelo processo de respiracdo forma uma energia denominada ATP (adenosina trifosfato), e o restante, de 2% a 5%, forma radicais livres. Nes- sa proporedo, 0 organismo inibe os RL sem maiores problemas, porém, quando os niveis de RL superam tais cifras podem ser desencadeadas alte- tages no equilibrio da célula que se manifestarao como doenga ou com a morte celular, tecidual ou organica. QUE SAO RADICAIS LIVRES? Sao moléculas cuja 6rbita externa nao se encontra pareada. A fim de se mpreender melhor esse conceito, é necessario saber que toda molécula (Fig. 1) esta formada por um ntcleo repleto de cargas positivas (protons), rodeado 1 Orbitas onde giram as cargas negativas (elétrons), e cuja caracteristica prin- é ter sua 6rbita externa com um ntimero pareado de elétrons (Fig. 2). m, quando esse fendmeno nao ocorre, temos a produgao de um RL (fig. 3). Em outras palavras, quando uma molécula perde um elétron de sua ita externa vira um RL, que tem uma vida média muito curta, medida milissegundos, mas se multiplica rapidamente em cascata, seqiiestran- elétrons de outras moléculas (Fig. 4). 239 FIGURA 1 FIGURA2 FIGURA 3 FIGURA 4 Coit ate ©) nes Radical livre m BL wéeen ee eee (perdade (gamho de a No entanto, os RL podem ser neutralizados de duas maneiras: a pri- meira é quando os radicais livres se encontram, e uma molécula cede elé- trons (oxida-se) enquanto a outra os aceita (reduz-se), pareando as orbitas externas (Fig, 5); a segunda forma é quando entra em agao o préprio siste- ma antioxidante do organismo para inibir a produgao de RL. Esse sistema é constituido por enzimas que tém a capacidade de inibir, até certo ponto, a formac4o de RL; quando saturado, 0 sistema deixa com liberdade os RL, e para inibi-los é necessaria a participagao de antioxidantes administrados ou por via oral ou por injegdes, como veremos mais adiante. (®) = AL FIGURA 5 E importante destacar, porém, que 0 oxigénio nao € 0 tinico sintetizador de RL, embora, devido a sua importancia para manter a vida, seja a fonte de RL mais bem estudada. Entre outros agentes geradores de RL podemos citar: a luz solar, a poluigdo ambiental, intoxicag&o por metais pesados, os agrotoxicos, varios tipos de produtos industrializados, etc. E POSSIVEL MEDIR OS RADICAIS LIVRES? Apesar de os métodos diagndsticos ainda conterem algumas limita- ces, é possivel ter uma nogao do nivel de RL por meio de exames laboratoriais que utilizam, preferencialmente, o sangue, ou por observagao microscopica, incluindo as medi¢gdes indiretas de metais pesados que agem como intermedidrios na produgio de RL. Todos esse procedimentos de 240 medigao visam a estabelecer uma média de stress oxidativo que esta se desenvolvendo no organismo. O QUE CHAMAMOS STRESS OXIDATIVO? A produgao de RL em condigdes normais estd em equilibrio com a capacidade antioxidante do organismo de impedir seus excessos e eventu- ais efeitos deletérios sobre os tecidos. Quando esse fenémeno de equilibrio existe, consideramos que existe uma homeostasia ou um nivel de stress oxidativo fisiolégico (normal) (Fig. 5). Quando ocorre o desequilibrio entre a sintese dos RL e o sistema antioxidante (Fig. 6), os niveis de stress oxidativo se elevam muitas vezes a patamares insuportaveis para o organismo criando as condigées ideais para que a estrutura dos tecidos seja alterada, provocando situagdes que yao desde o sofrimento celular até a morte tecidual. FIGURA 6 Antioxidantes Equilibrio —> Estresse QUAIS AS DOENGAS MAIS COMUNS NA PRESENCA DOS RADICAIS LIVRES? Doengas degenerativas crénicas, como o nome sugere, so as enfer- midades que vao degenerando crénica e irreversivelmente os tecidos e cons- tituem mais de 90% das patologias que atacam o corpo humano. Sabe-se que os RL estao presentes em todos eles, seja como causa ou como conse- qiiéncia do processo degenerativo. Resumidamente, podemos incluir, em primeiro lugar, as doengas que mais matam, que sdo as que atacam 0 coraco e os vasos sangiiineos, to- mando como inimigo mortal a arteriosclerose — formago de placa de gor- dura no interior da artéria, que vai entupindo-a progressivamente — (Fig. 7), 241 desencadeando doengas como o infarto, derrames e problemas circulatéri- os, principalmente em membros inferiores (Fig. 8). FIGURA7 Antioxidantes. ANERISMA, )-, GANGRENA CABS ACIDENTE VASCULO-CEREBRAL f=\ INFARTO AGUDO DO MIOCARDIO 60 70 Barn e FIGURA 9 Um segundo grupo de doengas importantes ¢ 0 das reumaticas, seja na sua forma inflamatéria, como a artrite reumatdide, ou em sua forme: degenerativa, como a artrose. Os RL tém participacdo direta nessas enfe- midades, acelerando a destruigdo dos tecidos e favorecendo a aceleracSe. do processo lesivo, como é 0 caso da degeneragao da cartilagem nos pas= entes com artrose (Fig. 9). Muitas outras doencas esto incluidas nesta lista, mas destac: somente algumas mais prevalentes: Parkinson, deméncia senil, enfi pulmonar, diabetes glomerulonefrite, bronquite crénica, envelhecs patoldgico, hipertensdo, cancer, catarata, degeneragao macular, ete. E importante destacar a intima relagao existente entre a si BL 2 2 processp de envelbecimento_ id pne 4 medida pue esse 5 ocorre, deterrora concomitantemente nosso sistema antioxidante de detesz Desse modo, os RL se encontram com maior liberdade para agir, 0 que pode degenerar mais rapidamente os tecidos e, conseqiientemente, acelerar 0 processo de envelhecimento. 242 Estrutura anatémica com tecidos destrufdos por patologia reumatica FIGURA 10 COMO PODEMOS CONTROLAR A PRODUCAO DOS RADICAIS LIVRES Em condig6es normais, os RL s&o inibidos pelo proprio sistema antioxidante do organismo, que, apesar de nfo ser o ideal, tem capacidade para controlar os processos oxidativos. Porém, quando existem situagdes adversas, que favorecem a sintese de RL em niveis fora do controle da capacidade antioxidante do organismo, é importante que se administrem substancias capazes de inibir os efeitos deletérios do RL. Entre essas subs- tancias podemos destacar: Vitaminas: A, beta-caroteno, B, C, E, K. Minerais: calcio, zinco, cobre, manganés, selénio, cromo etc. Nutrientes: CoQ, cisteina, melatonina, glicina, glutationa, catalise, SOD, bioflavondides, ete. FIGURA 11 243 A maioria desses antioxidantes é administrada por via oral, mas quan- do o desequilibrio do stress oxidativo é muito importante, torna-se neces- sria a administracdo, principalmente por via endovenosa, de antioxidantes que inibam direta- mente os RL, ou os precursores dos mesmos, como sao os metais pesados fazendo uso dos agentes quelantes. EFEITOS BENEFICOS DOS RADICAIS LIVRES Até aqui vimos apenas que os RL sao nocivos para 0 organismo, mas é importante saber que existem alguns efeitos ben¢éficos em sua presenga. O mais importante é sua ago bactericida, fungicida, virucida, agindo como uma espetacular barreira de defesa do organismo frente 4 presenca de microorganismos; nesses casos sao liberados pelos glébulos brancos, que so chamados a defender o organismo ante os processos infecciosos. Em segundo lugar, os RL podem ser utilizados terapeuticamente para acelerar a liberacdo do oxigénio ligado a hemoglobina nos globulos verme- lhos do sangue para 0 interior dos tecidos favorecendo as atividades meta- bolicas dos mesmos. Evidentemente, ainda ha muito o que conhecer sobre os RL. Como podemos observar, assim como existem efeitos maléficos predominantes, ha alguns efeitos positivos para o organismo, e tudo depen- de de seu nivel de concentra¢ao. RL E DOENGAS Sem divida, os RL tém uma participacdo direta no processo de enve- lhecimento c na presenga de doengas no organismo, e 0 uso profilatico ow terapéutica dos antioxidantes se faz cada vez mais obrigatério — desde que feito com bom senso, para que se obtenham os efeitos mais benéficos € sejam evitados eventuais fendmenos de toxicidade. Os RL esto por ai, mas também estao os antioxidantes. A luta por em quanto se encontra equilibrada, porém seria interessante trazé-la a nosso favor O primeiro passo que precisamos dar ¢ entender que os radicais vres podem ser tanto a causa como a conseqiiéncia da maior parte das de engas degenerativas crénicas e dos processos inflamatérios. O que sabemos, com certeza, é que os radicais livres esto sempre presentes nas doengas degenerativas crénicas, mas se eles so a causa ous conseqiiéncia desses processos ainda nao se tem certeza. Embora as doengas possam causar um aumento da produgo de radi- cais livres por atingir diretamente o nosso sistema antioxidante, agredindo 244 os tecidos, favorecendo uma aceleragao do processo degenerativo, certa- mente os radicais livres estdo presentes como causa ou conseqiiéncia e seu controle permite automaticamente controlar tais processos degenerativos. Vamos fazer, agora, uma pequena revisao dos conceitos: os radicais livres séo moléculas com um elétron nao-pareado na sua 6rbita externa, que se multiplicam rapidamente em cascata e sao inibidos pelos sistemas antioxidantes que existem dentro do organismo ou por outros procedimen- tos bioquimicos. Nos estudamos os radicais livres, que possuem muitas fontes, mas em se tratando de humanos interessam-nos radicais livres que vém do metabolismo do oxigénio (Fig. 12). Temos os radicais super6xidos, os peréxidos de hidrogénio, que nao sio radicais livres, mas produtores de radicais livres, porque 0 perdxido de __ hidrogénio nao tem elétron ndo-pareado na sua orbita externa; ele é totalmen- te pareado. Mas como é hidross6livel, atravessa rapidamente as membranas celulares e pode ser um importante precursor de outros radicais livres. Radicais livres Antioxidante Antioxidante endégeno exdgeno Superdxido O, Superoxidodismutase | Betacaroteno SOD Mn, Zn, Cu Perdxido de hidrogénio H,O, | Catalase Fe++ - Radical hidroxilo OH* = Vitamina C Oxigénio singlet O- sai Betacaroteno Glutationa erOxido lipidico COOH- Peroxidase, Se Vitamina E Cisteina Figura 12 Temos os perdxidos lipidicos, que sao aqueles produzidos principal- mente no nivel das gorduras da membrana celular devido as suas camadas lipidicas e, finalmente, temos os radicais hidréxilos. Nés temos 0 nosso proprio sistema antioxidante: a superoxidodismutase SOD) para o superdxido, de que existem dois tipos: SOD mitocondrial, rico manganés, e o SOD citossdlico, rico em cobre e zinco; a catalase e a lutationa perixodase para 0 peroxido de hidrogénio. Nao temos um sistema Oprio enzimatico que possa inibir os radicais hidroxilos. 245 Além do oxigénio, temos uma outra série de elementos que podem agir como provocadores dos radicais livres, como a radiacao, que vamos ver na correlacao clinica patolégica em relagao inclusive com raios solares, com as doengas dermatoldgicas. A radiagao também esta relacionada com alergias e com a radiagao utilizada como terapéutica nos pacientes com problemas oncoldgicos. Nos temos a presenga de metais pesados, que agem como intermedi- arios na producao de radicais livres. Destacamos a presenca de diferentes tipos de venenos, principalmen- te os do grupo do cianureto, que podem aumentar rapidamente a producado de radicais livres, e entre os efeitos toxicos geradores de radicais livres podem-se considerar varios medicamentos que podem acelerar a fungao oxidativa celular, assim como o fumo. Veremos, a seguir, como se relacionam com o aumento da produgao de radicais livres a luz solar, os 4cidos graxos, principalmente os poliinsaturados, que tém a caracteristica de ter uma dupla ligadura que é rapidamente atingida, provocando a produgao dos peréxidos lipidicos. Uma caracteristica dos peréxidos lipidicos é que eles sao auto-sus- tentaveis. Através do metabolismo das prostaglandinas, quando estas vao produzir tromboxano e¢ prostaciclina, eles formam um intermediario deno- minado malondialdeido (MDA) que age sobre a dupla ligadura no nivel do Acido araquid6nico e novamente provocam um ciclo, dando lugar a maior produgao de MDA. Nés temos a peroxidacao lipidica constante, auto-sus- tentavel, e ela é mantida porque pode ocorrer sua produgaio em circunstan- cias adversas para 0 organismo, como nos casos de uma grande liberagéo de catecolaminas, por alteragdes arteriais que vio determinar uma vasoconstrigao, que vai inibir o fluxo de oxigénio e nutrientes para os teci- dos, ¢ essas alteragdes diminuem 0 aporte de oxigénio, que é uma impor- tante fonte para a produgao dos radicais livres. Os radicais livres tém uma caracteristica muito importante: depen- dem, em alguns casos, da presenca de metais pesados para agir como inter- medidrios para produzir os mais t6xicos radicais livres, que so os radicais hidréxilos; estes metais sAo o ferro e o cobre. Como ja foi citado anterior- mente, o ferro, através do seu ionte ferroso para ion férrico, e depois nova- mente de ion férrico para ion ferroso, através da reagao de efeito de Haber Weiss, gera os radicais hidroxilos. O cobre age da mesma forma na génese dos radicais hidrdxilos. Como podemos ver, existe um grande problema em relagao aos radi- cais hidroxilos, e temos de agir para poder controlar sua formagao por eles 246 nao serem inibidos diretamente pelo sistema antioxidante endégeno. Os radicais livres podem estar muito elevados principalmente em problemas inflamatorios, j4 que quando h4 uma reagio inflamatéria 0 organismo se defende: manda os glébulos brancos 4 regitio atingida para se proteger, e esses glébulos brancos vao soltar uma substancia chamada mieloperoxidase, que automaticamente aumenta a produgao de radicais livres na regiaio na presenga de cloro, formando um ciclo vicioso. Quer dizer, numa inflama- ¢ao, chegam os gldbulos brancos, que liberam mieloperoxidase, aumentam os radicais livres, que aumentam novamente a inflamagao e assim sucessi- vamente até ser controlada pela intervengao médica, ou o organismo entra numa fase de exaust&o originando um problema degenerativo nas estrutu- tas que estao sendo atingidas. Os radicais livres, como temos falado, sao controlados por antioxidantes endégenos que o organismo possui, e quando estes séio insu- ficientes, os radicais livres podem ser inibidos por um aporte de nutrientes externos, como por exemplo betacaroteno, vitamina C, vitamina E, selénio. Nos temos uma ampla gama de antioxidantes, inclusive as vitaminas do grupo B, c temos uma série de elementos ¢ sais minerais que vio ser impor- tantes, como zinco e cobre. Possuimos uma série de nutrientes com gran- des propriedades antioxidantes, além de relembrar que temos um efeito antioxidante enddgeno provocado pela agdo de nosso sistema antioxidante, © que temos um sistema antioxidante exdgeno, que depende da administra- ¢ao que vamos fazer de sais minerais e vitaminas. Virias sao as doencas que hoje em dia existem praticamente relacio- nadas com a produgao dos radicais livres e com os processos degenerativos cronicos (Fig. 13). Doengas cardiacas Degeneracao macular Doengas coronarianas Presbiopia Doengas desmielinizantes Gastrite Esclerose miltipla Hepatopatias ELA Glomerulonefrite Doengas vasculares periféricas Anemia hemolitica Doengas vascularas cerebrais Fanconi Neoplasias AIDS Artrite Porfirias Artrose Aterosclerose 247 Colagenopatias Venopatias Bronquite crénica Sind. membrana hialina Enfisema pulmonar Pancreatite DPCO Hipoxia Alzheimer Hiperoxia Parkinson Alcool Doengas de Werner Fumo Catarata Stress Retinoparia Ete. Figura 13 Evidentemente que nao vamos citar todas elas, e nao vamos analisar todas. A lista simplesmente esta ai para vocés verem que é extensa e nao termina aqui, porque esta é uma lista publicada por Raberware em 1991. Nos Uiltimos anos varias outras doengas foram incluidas nesta lista. Vamos consi- derar uma boa parte destas doencas e como os radicais livres podem partici- par, 0 que acontece com a participagao deles e as eventuais possibilidades terapéuticas que possam ser aplicadas em cada uma dessas patologias. Dividimos as patologias por grupos para discutir cada um dos aspec- tos em particular, mas como vocés podem observar aqui temos doencas das mais variadas, desde doengas cerebrais, como Parkinson a problemas de deméncia senil, além de problemas oculares, como as cataratas, degenera- ¢4o macular, problemas cardfacos e suas seqiielas— aterosclerose, isquemias por reperfusdo, hipertensdo, problemas renais, como a glomerulonefrite, alteragdes que podemos ter no nivel pulmonar, principalmente o enfisema pulmonar, as bronquites crénicas, os problemas no trato gastrintestinal, que consideraremos dentro da isquemia por reperfusao, bem como 0 cancer, que analisaremos dentro de certa amplitude, as doengas reumaticas, que yamos estudar também, e, assim por diante, muitas outras patologias que passamos agora a considerar em detalhes. ISQUEMIA POR REPERFUSAO A aterosclerose é uma doenga que, praticamente, domina os individuos apés a primeira fase do processo do envelhecimento, porém se desenvolve desde os primérdios da vida, e é importante entender que existe uma intima relagao 248 entre a aterosclerose e a producao dos radicais livres. Como isso acontece? Em primeiro lugar, sabemos que temos lipoproteinas dentro do orga- nismo, e€ nds temos as de alta (HDL), baixa (LDL) e de muito baixa densi- dade (VLDL). O grande problema sao as lipoproteinas de baixa densidade, pois sao as tnicas que oxidam, porque sao muito ricas em colesterol, que, como se sabe, tém varias outras ligaduras que permitem a sua oxidagao. Em segundo lugar, as lipoproteinas de baixa densidade sao muito pobres em fosfolipideos, diferentemente das HDL, lipoproteinas de alta densida- de, muito ricas em fosfolipideos e pobres em colesterol: elas extraem 0 colesterol dos tecidos. A oxidacao das lipoproteinas de baixa densidade forma a chamada lipoproteina A (que é uma LDL com a apolipoproteina B), um fator quimi- co que vai lesar o endotélio. $6 acontecem ateroscleroses quando ha lesio endotelial, seguida de uma hiperplasia miociénica da camada média da ar- téria, que vai recobrir a les4o do endotélio com depdsitos dos elementos constitutivos do sangue e a formacdo definitiva da placa ateromatosa, des- tacando que, fora da oxidacao das lipoproteinas, nés temos um fator extre- mamente importante, que é 0 fato de as lipoproteinas de baixa densidade estarem recobertas por uma proteina denominada apolipoproteina B. Hoje em dia sabe-se que sé as lipoproteinas recobertas por apo-B sao as que se depositam no endotélio e as que lesam o endotélio; quando nés temos lipoproteinas de baixa densidade em grande quantidade mais apo- liproproteinas B em baixa quantidade, 0 risco de aterosclerose baixa, mas se temos lipoproteinas de baixa densidade e apo-B alto temos um grande risco de aterosclerose. E orisco é ainda maior se nds temos a lipoproteina A de baixa densi- dade em grande quantidade e também a presenga da apolipoproteina B alto (Fig. 14). Nessas circunstancias, temos uma aceleragio nas lesbes do endotélio € uma presenga maior na produgo de aterosclerose. Assim, entendemos que a oxidacdo com a producao de perdxidos lipidicos no nivel das lipoproteinas de baixa densidade provoca uma lesao quimica do endotélio, favorecendo 0 inicio da aterosclerose. LDLt APO-B!= Risco baixo LDL! APO-BT = Risco muito alto LDLt APO-BT = Risco alto Figura 14 249 Uma das caracteristicas mais interessantes de como se produz a oxi- dagio dessa lipoproteina de baixa densidade, é que quando existe uma le- sao do endotélio, apos a presenga de oxidacao do LDL, vai ocorrer a pre- senca de leucdcitos porque automaticamente isto significa que ha uma le- sao inflamatoria local pela ruptura do endotélio. Esses leucécitos chegando no lugar, além de liberarem micloperoxidase, que acelera a lesio do endotélio por liberagao de radicais livres na presenga de cloro, vao capturar as lipoprotefnas de baixa densidade e formar 0 que se denomina de células espumosas, € que sao as que se depositam no endotélio para dar inicio ao processo da aterosclerose. Ha dois procedimentos pelos quais os radicais livres participam da formaciio da aterosclerose: 1) A oxidagao direta das lipoproteinas de baixa densidade; 2) A presenga dos leucécitos, principalmente polimorfo nucleares, que sao os que chegam na regiao, capturam as lipoproteinas de baixa densi- dade e se depositam no interior do tecido da parede das artérias, criando 0 que se denomina células espumosas. As células espumosas nao sao mais que os polimorfo nucleares mais as lipoproteinas de baixa densidade co- bertas por proteinas que dao as lipoproteinas A. Como foi citado, existem outros mecanismos através dos quais a aterosclerose pode acontecer. Um dos mecanismos que hoje em dia mais se conhece ¢ 0 acumulo da cistina dentro do organismo. Normalmente nosso organismo precisa da cisteina, que forma parte da glutationa peroxidase, mas a cistina ndo tem esta utilidade. A cisteina é produzida pela metionina, que é um outro aminoacido. Metionina vai dar cisteina, mas para a metionina dar cisteina ela precisa da presenga da vitamina B6 ou cloridrato de piridoxina. Em condigées de de- ficiéncia de vitamina B6 a metionina em vez de dar cisteina da a cistina, provocando a cistinuria, e a cistina, quando estA acima dos valores que podem ser eliminados pela filtragao renal, é absorvida e age como um agente quimico que lesa as paredes das artérias. Quando nés ja temos uma lestio das paredes das artérias provocada pela cistina temos uma mais rapida oxidagao das lipoproteinas de baixa densidade, ¢ evidentemente uma chegada dos polimorfos nucleares, por- que a lesio do endotélio representa uma rea¢ao inflamatéria, com maior depésito de células espumosas no local. Sabe-se da importancia da vitamina B6 na manutengao da cisteina, além de que a cisteina € extremamente importante para manter a enzima glutationa peroxidase, que inibe a peroxidagao lipidica. 250 Se nés estamos falando que a lipoproteina de baixa densidade é um fator aterogénico porque ela se oxida, a manuten¢ao da glutationa peroxidase € importante para inibir a oxidagao dela. Conseqiientemente, para manter a glutationa peroxidase nds precisamos da cisteina, porque sem a presenga da cisteina e sem presenga do selénio a glutationa peroxidase perde mais de 75% da sua atividade, ¢ a glutationa reductase, que é encarregada de repd- la, constantemente nao consegue isto porque nao existe um substrato ne- cessario, que seria a L-cisteina e 0 selénio. Entao, vejam como existe uma inter-relagao de todos os fatores. Se acontece a oxidacao do colesterol nés temos um mecanismo de defesa, que €a glutationa peroxidase, mas se temos uma alteragao metabélica que cria uma deficiéncia de B6 temos um aumento de cistina em detrimento da cisteina e, conseqiientemente, uma diminuigdio da nossa capacidade de di- minuir as lipoproteinas de baixa densidade. Até aqui, como pudemos observar, existe uma relagéio direta entre to- dos estes fatores, e para completar o fenémeno, da aterosclerose analisare- Mos processo da isquemia por reperfusio. Nés podemos ver que a xantina oxidase (Fig. 15) é aquela enzima que vai dar um metabolismo final denomi- nado acido urico, cujo substrato inicial é 0 ATP (adenosino trifosférico), que yai na sua cadeia, como veremos daqui a pouco, até virar hipoxantina, que, na presenga da hipoxantina oxidase, vai dar lugar a formagao do acido trico. XANTINO ai DESIDROGENASA Cat+ pat INTRACELULAR INOSINA cee ACIDO URICO HIPOXANTINA XANTIN A SUPEROXIDOS FIGURA 15 — Radicais livres na isquemia por reperfusdo 251 A medida que ha um aumento da xantina oxidase ha um aumento dos superoxidos, principalmente na presenga de calcio intracelular, que age convertendo a xantina desidrogenasa em xantina oxidase. Como conseqii- éncia, vai existir uma maior agressiio aos lipidios ¢ um evidente aumento da aterogénese. Trabalhos experimentais realizados por Marcot, em 1982, t¢m demons- trado que, quando a xantina oxidase encontra-se em niveis elevados, ela vem associada a um aumento de aterogénese nos animais de experimentagao. Marcot foi o primeiro a citar a isquemia de reperfusdo, nos idos de 1985, trés anos depois de ter encontrado uma relagao deste fenédmeno. Mas temos uma incongruéncia: a xantina oxidase aumenta também 0 dcido urico, e sabemos que 0 Acido urico € um potente antioxidante. Ent&o, como expli- car que, aumentando a aterogenese, através de uma enzima, aumenta 0 aci- do tirico que tem aco antioxidante, porém pode agir como um fendmeno que acelera a aterogenese? Porque na presenga da hipoxantina oxidase, li- berada por alteragdes nas concentragdes de oxigénio tecidual, nds temos uma inibigdo parcial do acido Urico e um aumento dos superéxidos, que, na presenga do ferro na sua forma ferrosa, vio determinar um aumento dos radicais hidr6xilos, que pelo superéxido dismutase vao se dismutar, vao virar peroxido de hidrogénio e vao agredir as paredes das artérias por agi- rem sobre os acidos graxos e aumentarem os per6xidos lipidicos. Ao mes- mo tempo que a enzima xantino-oxidase pode ser benéfica para 0 organis- mo por aumentar o acido trico, na presenga do calcio intracelular ela é um fator agravante dos fendmenos oxidativos que vio dar lugar a formacao dos super6xidos. E, finalmente, citamos a importancia da glutationa peroxidase e seu substrato, a cistefna, mas sem esquecer do selénio. Todos os trabalhos tém demonstrado que superficies terrestres po- bres em selénio decretam automaticamente um aumento na incidéncia da aterosclerose, ¢ este é um estudo arteriografico publicado por Moore em 1984. B um trabalho feito em humanos, e naquela época nem se discutia tanto selénio, cisteina, que sao substratos de glutationa peroxidase. Se o substrato no existe, nao ha agdio antioxidante da glutationa peroxidase, as lipoproteinas de baixa densidade se oxidam mais rapido e se depositam mais rapidamente em forma de células espumosas no nivel das artérias, criando as condigdes ideais para uma evolucao aterosclerética das artérias dos pacientes em questao. Este aspecto ja foi discutido em um estudo publicado pelo American Journal of Cardiology, em 1992, mostrando que existia um aumento na 252 incidéncia de doengas cardiovasculares em individuos que tinham ferro li- vre discretamente aumentado. Tal trabalho foi feito na Finlandia e, posteriormente, confirmado por outros trabalhos. Nés estamos falando, aqui, de ferro livre, nao estamos falando de ferro ligado a proteinas. O ferro ligado a proteinas nado tem importancia, como fendémeno pré-oxidante. A quantidade de ferro livre que existe no organismo é infinitesimal, mas em certas circunstancias sua quantidade pode aumentar em pequenas proporgdes, favorecendo a produgao de radicais hidréxilos. Ja se sabe que 0 ferro é um intermedidrio na produgio de radicais hidroxilos, e esses radi- cais vao lesar as paredes das artérias, vio produzir perdxidos e, assim por diante, vamos voltar a um aumento da aterosclerose ¢ a um aumento na incidéncia de doengas cardiovasculares. Num estudo realizado em 1970, publicado no Journal of Gerontology, que tem inclusive como co-autor um médico brasileiro, foi demonstrado em um estudo retrospectivo de 15 anos que existia uma diminuigao na inci- déncia de doengas cardiovasculares em individuos que eram doadores de sangue. O que isso esté exemplificando? Doar sangue é um mecanismo de diminuir ferro livre ¢ manter sob controle os radicais hidroxilos. O mesmo que acontece na mulher durante a menstruagao. Quanto mais 0 individuo doa sangue, menos chance ele tem de ter ferro livre, e é uma forma de -antioxidar a sua producao de radicais livres dentro do organismo. isso foi servado em 1970, mas entéo nao foi feita nenhuma relacao com a produ- de radicais livres na época. Em 1993, 0 New England Journal of Medicine mostrou que existe aumento pequeno, porém constante, do risco de doengas cardiovasculares mulheres que engravidaram mais de seis vezes, e estudando os diferen- fatores de risco de aterosclerose, como sedentarismo, hipertensio, obe- de etc., nao foi encontrada nenhuma raziio que justificasse essas mu- res terem aumento de risco cardiovascular; simplesmente, o fato era vidar mais de seis vezes. Nés encontramos uma correlagao: nascem mais homens do que mu- s, a incidéncia é de 1,2 homens a mais que as mulheres. O homem almente tem mais ferro dentro do organismo, em toro de 10%, como lemos ver por um hemograma. Observem a hemoglobina: vocés verao os valores normais do homem sao 10% a mais que o das mulheres, e fenémeno acontece porque a mulher a partir dos 12 ou 13 anos mens- € menstrua até os 45 anos, quando ela vai entrar na menopausa, tanto 253 que a incidéncia de mortalidade por doengas cardiovasculares é 7 vezes maior nos homens do que nas mulheres até os 40 anos. E 5 vezes maior nos homens que nas mulheres até os 45 anos, ¢ 3 vezes maior nos homens do que nas mulheres até os 50 anos, e os homens empatam com as mulheres nas taxas de morbimortalidade aproximadamente aos 55 anos de idade. Concomitantemente, vemos por esse fendmeno que o homem s6 empata 10 anos depois porque, normalmente, as mulheres param de menstruar, ¢ muita gente se pergunta: e os horménios? Nao tém importancia? Logico que tém importancia, porque séo os que fazem menstruar e manter os niveis de ferro baixo, ¢ todo o organismo funciona em um ponto de equi- librio. Mas aqui nos interessa basicamente o ferro. Entao, a partir dos 55 anos empatam nessa estatistica ambos os sexos, sem a necessidade de se fazer maiores estudos. Quer dizer, o clube de safenados, por exemplo, esta formado em sua ampla maioria por homens. O numero de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), até os 55 anos, é basicamente formado por homens; a inci- déncia de mulheres é extremamente menor comparada ao namero de ho- mens que tém problemas cérebro-cardiovasculares. A hipertensdo foi um outro dado no estudo em questao, e todos os fatores de risco conhecidos foram avaliados, e nao foi encontrada uma cor- relagao estatisticamente significativa entre o nimero de periodos de gravi- dez com qualquer um dos fatores de risco. O tmico dado, na conclusaéo final, é que as mulheres que engravidam mais de seis vezes tem um risco pequeno, porém constante, de doengas cardiovasculares. Uma mulher que engravida tem nove meses a menos de menstrua- gao, e tem mais 5 ou 6 meses em que ela fica sem menstruar por problemas da lactagao. E uma média de aproximadamente 15 meses, e 0 estudo consi- dera mulheres com 6 a 10 periodos de gravidez, e nds calculamos que 6 fases de gravidez representam uma média de 20% a menos de menstrua¢ao durante todo 0 ciclo fértil, 1/5 a menos, que é uma quantidade relativamen- te pequena, o que determinaria a conclusao final: um risco pequeno, mas constante, porque ele iria aumentar 4 medida que se aproxima da menopau- sa, por elevar os niveis de ferro disponivel. Evidentemente que esta nao é uma conclusio final, é apenas uma observacao técnica feita baseada nos dados por eles apresentados no estu- do. Fizemos esta avaliagdo quantitativa como uma forma de chamar a aten- ¢fio, queriamos mostrar que, se quisermos encontrar uma relagao com do- encas cardiovasculares nao necessariamente precisamos medir os radicais livres nas mulheres que est&o gravidas, podemos, por exemplo, medir o 254 ferro que esteja livre na mulher gravida para determinar se existe com a evolucao da gravidez um aumento no ferro livre destas mulheres para se justificar um aumento de doengas cardiovasculares, mas 0 nosso intuito ndo é avaliar estes estudos. Nos simplesmente tentamos encontrar uma ra- zAo tedrica que justifique a auséncia de uma correlagdo entre as doengas degenerativas crénicas e a freqiiéncia dos ciclos menstruais, e, analisando, € muito dificil encontrar qualquer outra razao que nao seja a que foi apre- sentada, sem que seja necessaria ou definitivamente certa, E simplesmente uma hipotese teorica que foi apresentada e agora o problema é do grupo que fez este trabalho: fazer acompanhamento para decidir até onde esse fenémeno pode ser considerado como viavel, E hé um aspecto interessante: aqueles que usam o teste de HLB anilise celular in vivo, 0 exame de radicais livres, se feito por exemplo em uma mulher durante a menstruagao, ou aproximadamente no décimo quarto dia do ciclo menstrual na ovulagio, ou fazem fora desses periodos, vao notar durante o ciclo menstrual, um mecanismo ainda néo muito bem explicado nas modificacdes da substancia fundamental da célula, com um aumento na produgao de radicais livres, e nao estamos considerando sequer o ferro. Na fase do meio do ciclo, quando existe a ovulacdo, existe automaticamente um aumento na produgo dos radicais livres, porque existe uma reagdo inflama- tOria que desencadeia a liberacao desse évulo para o meio ambiente pélvico. Existe uma série de fatores que tém de ser estudados, e sé aqui é feita ‘ssa ponderagdo, considerando-se que nao foi encontrado nenhum outro ipo de fator no estudo das mulheres gravidas, como niveis elevados de lesterol, por exemplo, até poderiamos achar que existe um aumento de idagao do colesterol pelo fato de haver um aumento no ferro livre destas ientes, o que aumentaria os radicais hidréxilos, agindo sobre os dcidos ‘os poliinsaturados. Ebem importante termos em mente esses fatos, lembrando que nao é es aspectos que a gente faz ou néo o HLB, nem é 0 fato de o paciente sadio a clinica e 0 teste do HLB estar no limite da normalidade que vai ar que isso é motivo para fazer a quelacao. Isso nao é motivo, nds nao 10s tratando dos exames de laboratério, estamos tratando o paciente, e ‘0 pode ser normalizado em pacientes sadios por muitos outros meca- os por via oral, sem a necessidade de utilizar 0 EDTA por via venosa como veremos posteriormente. Veremos como se formam os radicais livres no processo de “isquemia teperfusdo”. Chamamos de isquemia por reperfusao a obstrugaio inicial vaso, por um determinado tempo, que vai provocar o sofrimento dos 255 tecidos por hipooxigenagao ¢ quando existe reperfusio, quer dizer, uma recanalizacdio desse vaso num tempo suficiente, de modo que 0 tecido nao morra, nés vamos determinar uma brusca chegada de oxig6nio e nutrientes aeste tecido com um aumento rapido da produgao dos radicais livres. Este fenédmeno é extremamente importante, principalmente durante os primei- ros 60 a 90 segundos, quer dizer, se temos uma obstrugao de uma artéria, nao precisa nem ser da placa ateromatosa, pode acontecer durante um es- pasmo arterial, este espasmo provoca um processo isquémico no tecido apresentando um tecido que esta sofrendo. Automaticamente temos menos oxigénio neste tecido, e sabemos que as alteragdes das concentragdes de oxigénio sao geradoras de radicais livres, ja esto formando radicais li- vres neste tecido. Se imediatamente depois de um tempo suficiente para 0 tecido no morrer este espasmo desaparecer e se recanalizar a artéria, tere- mos uma répida chegada de sangue, com aporte de oxigénio e nutrientes para os tecidos, e uma modificagéo subita das concentrac6es de oxigénio agindo como um outro gerador de radicais livres. Por que este fendmeno ¢ extremamente interessantes? E simples: quando fazemos uma revascularizacao miocardica numa cirurgia de ponte de safena, ou fazemos revascularizacao em outros orgaos, muitas vezes grampeamos algumas artérias para evitar a passagem do flu- xo de sangue através das artérias que queremos operar. Evidentemente, em uma primeira fase, esta-se diminuindo o aporte sangiiineo e de oxigénio, hipoxia, e em uma segunda fase, quando desgrampeamos este artéria, estamos aumentando o aporte, revascularizando. Entdo o que foi observado? Praticamente, 100% dos pacientes que sao revascularizados tém a presenga de microinfartos em todas as circunstancias, por aumento dos pro- cessos oxidativos. Como conseqiiéncia deste fenémeno, foi introduzido 0 conceito da utilizagaio de antioxidantes durante a cirurgia. Em pacientes em que se faz uso da circulagao extracorpérea esta tem de ser rica em antioxidantes, ¢ normalmente estes antioxidantes tém de ser administrados com a circula- Go extracorpérea, antes do clampeamento da artéria, todos os trabalhos tém demonstrado que administramos antioxidantes antes de provocar a isquemia, e nao depois da isquemia, porque, como foi explicado, a fase de lesiio tecidual acontece nos primeiros segundos apés a reperfusao. O que acontece na isquemia de reperfusdo? Em primeiro lugar, temos a presenca do ATP. Sabemos que o ATP é um elemento fundamental para a produgao de energia no organismo, a energia yai virar adenosinafosfato; posterior- 256 mente, com adenosina, que vai virar nosina, dando lugar a hipoxantina, e ai voltamos @ histéria da xantina oxidase, que intermedia a formagao dos super6xidos. Em que momento aumenta a xantina oxidase? Quando existe a reoxigenacao. Nesta fase temos uma isquemia, ou seja, quando fechamos um vaso, o ATP vai dar hipoxantina. Quando recanalizo a artéria, estou reoxigenando rapidamente. Aumentam os niveis de xantina desidrogenase na presenga do calcio intracelular, fato extremamente importante, porque se os niveis de calcio intracelular deste paciente forem baixos, nao vai ha- ver conversdo em xantina oxidase: tem de ter calcio intracelular para con- verter a xantina desidrogenase em xantina oxidase; isto vai dar um aumen- to na produgao do superdéxido. Numa primeira fase, temos a isquemia, na qua o ATP vai virar hipoxantina. Na segunda fase, temos a reoxigenacao, na qual ha a presenga da xantina oxidase, que, juntamente com 0 calcio, é formada pela xantina desidrogenase, e ai temos os superdxidos que vao provocar a lesio nos diferentes tipos de tecidos. Este fenémeno, como citamos, ¢ extremamente importante nos pri- meiros 60 a 90 segundos, momento em que se produz a maior quantidade de radicais livres e no qual a maior gravidade de lesdo tecidual pode acon- tecer, e 6 0 momento em que tem de haver a participagaio médica para evitar as lesdes teciduais, com a introducao dos antioxidantes. Varios foram os trabalhos de experimentagao feitos em animais, como os que foram divididos em 4 grupos: do grupo | ao grupo 3 recebe- ram SOD com catalase, e o grupo 4 recebeu soro fisiolégico, agindo este grupo como placebo. Vejamos as principais respostas encontradas: 0 grupo 1 recebeu o 1D ¢ a catalase 15 minutos antes da isquemia. O grupo 2 recebeu poucos inutos antes da isquemia. O grupo 3 recebeu apés a isquemia, eo grupo 4 io recebeu nada (grupo-controle). No grupo | vé-se que a drea de tecido necrosada provocada pela isquemia foi de apenas 20%. Ent&o foi administrado SOD e catalase nos horrinhos 15 minutos antes de provocar a isquemia. Nos animais em i foram administrados poucos minutos antes, achamos um comprometi- ito de 22% dos tecidos. Nos animais aos quais se administrou SOD e Jase depois da isquemia, achamos um nivel de necrose de 60%, pratica- te 3 vezes a mais que nos outros dois grupos. Nos animais que receberam placebo achamos uma necrose entre 55 a %. Isso demonstra que se administrarmos antioxidantes antes de provo- a isquemia, diminuimos a area da necrose, se nao eliminada completa- 257 mente, ¢ se administrarmos depois da isquemia, aumenta-se a area da necrose praticamente 3 vezes. No Simpésio de Radicais Livres e Medicina Ortomolecular, patroci- nado pela AMBO, em 1994, foi apresentado um trabalho pelo Dr. Yamagushi em ratos, nos quais foram feitos retalhos. Eles foram divididos em um gru- po-controle e outro grupo de ratos, utilizando-se EDTA e DMSO, por via intraperitonial; comegou-se a fazer a primeira aplicagao 15 minutos antes do corte do retalho, e mantendo-se depois os antioxidantes durante 15 dias, e um terceiro grupo no qual foram utilizados vitamina E, betacaroteno, selénio e vitamina C, por via oral junto com os alimentos. No primeiro grupo de ratos, que eram 15, morreram todos por doses anestésicas, fato que atrasou o trabalho. O segundo grupo de ratos foi melhor anestesiado, ¢ os resultados encontrados, tal como foi apresentado aqueles que participaram do simpdsio, mostraram uma aceleragdo no processo de cicatrizacao dos talhos, assim como uma diminuigao da area de necroses de mais de 60% nos ratos utili- zando EDTA e DMSO, em torno de 40% nos ratos utilizando antioxidantes orais, e praticamente uma grande area de isquemia e um retardo na cicatri- zacao naqueles animais que nao utilizaram nada. Muitos desses animais foram sacrificados para se fazer um estudo andtomo-patoldgico, mas esse estudo nao é para determinar vias de isquemia e sim se existem transformagdes teciduais no nivel peritonial desses ratos aos quais foram administrados EDTA e DMSO. Podemos concluir que, quando administramos antioxidantes, princi- palmente por via parenteral, antes de um processo de isquemia por reperfusdo, conseguimos preservar a maior parte dos tecidos em compara- go com os mesmos quando se provoca isquemia por reperfusdo sem admi- nistrar antioxidantes. Com isso, os radicais livres sao a causa da isquemia? Da morte dos tecidos? Ou sao a conseqiiéncia? E dificil determinar. Tudo parece indicar que sejam uma conseqiléncia, mas o tempo se encarregara de definir. HIPERTENSAO Ha pouco tempo era dificil acreditar que a hipertensao também pode- ria ter alguma relagao com os radicais livres, mas 20 anos atras ja se vinha falando que o fendmeno mais importante para entender aterosclerose e do- engas cardiovasculares estava relacionado ao endotélio. Nos tiltimos tempos, fala-se muito do fator de relaxamento endotelial. 258 representado pela presenga do éxido nitrico como um fator que produz re- laxamento da musculatura lisa. Jd se constatou que 0 éxido nitrico, quando foge de seu propésito, vai produzir uma grande quantidade de radicais li- vres, e esses radicais livres so outra fonte de lesao quimica do endotélio das artérias por agirem como agentes de constri¢ao das paredes dos vasos, fenémeno que pode ser inibido com a administracao da vitamina C. Até aqui temos encontrado fatos interessantes relacionados a hipertensos, po- rém é importante citar outros fendmenos correlacionados. Quando temos, por exemplo, pacientes com hiperuticemia ou gota, cujos niveis de dcido tirico estejam elevados, com freqiiéncia tem-se en- contrado um aumento da pressao arterial nestes pacientes. Porém, sabemos que o prdprio Acido tirico é um antioxidante; mas acontece um aumento de Acido Urico na presenga do calcio intracelular: aumentam-se os radicais superdxidos e concomitantemente eles agem como um fator que vai provo- car vasoconstri¢ao, porque vai aumentar o superéxido endotelial, inibindo 0 fator de relaxamento e provocando essa vasoconstri¢ao. Quando isto acon- tece, 0 coragdo tem de trabalhar com uma pressdo maior para vencer a re- sisténcia periférica, Um estudo publicado por Nakazono, em 1992, em hu- manos, confirma esse fenémeno. Usando SOD injetavel para inutilizar os super6xidos circulantes, poderiamos diminuir a pressao arterial significati- yamente, porque com o superéxido dismutase inibimos os super6xidos, virando um per6xido de hidrogénio, inibindo o seu efeito inibidor dos superoxidos sobre o fator de relaxamento endoletial, provocando yasodilatagdo e diminuindo o trabalho que o coragao fara para vencer a Tesisténcia periférica. Outro trabalho publicado pelo proprio Nakazono mostrou que 0 uso de Alpurinol, que é um inibidor da xantina-oxidase, diminuiu os niveis desta enzima e, principalmente em ratos hipertensos, diminuiu a pressio arterial, com uma caracteristica interessante: nao modifica a pressdo arteri- al em ratos normais. Inibindo a xantina-oxidase inibimos a produgaio dos superdxidos e ini- bimos 0 efeito sobre o fator relaxante endotelial, permitindo uma vasodilatagao. Portanto, agindo sobre os superéxidos, via dismutagao, pelo Super6xido-dismutase, diminuimos a press porque inibimos o superoxido, ©, utilizando um inibidor da xantina-oxidase, temos o mesmo resultado, Sem alterar a pressdo normal desses animais, com uma caracteristica inte- Tessante: diminuimos a pressao arterial e, ao mesmo tempo que usamos Alopurinol, reduzimos 0 dcido tirico e a produgdo dos super6xidos porque inibimos a xantina oxidase. 259 Apesar de haver incongruéncias indicando ser 0 acido urico um antioxidante, ele tem um metabélito final que é 0 superéxido, o qual apre- senta um fenémeno vasoconstritor porque inibe o fator de relaxamento ar- terial, provocando o fenédmeno de vasoconstri¢ao. Temos ainda muita coisa para pesquisar. Nao vamos, a partir deste momento, afirmar que se o paciente é hipertenso, entéo o problema é 0 superoxido. Deve-se dar vitamina C, o super6xido-dismutase, para ver se abaixa a pressio. Por enquanto, 6 recomendavel continuar utilizando o tratamento ha- bitual, associando a utilizagao de antioxidante e vendo se é possivel ou nao diminuir a pressao arterial. PATOLOGIA NEUROLOGICA E RADICAIS LIVRES O cérebro tem trés caracteristicas importantes: 1) E muito rico em acidos graxos poliinsaturados, que agem como substrato para a formagao de per6xidos lipidicos; 2) E 0 Orgao mais rico em ferro livre, que age formando o radical hidroxila; 3) E formado por células que nao se reproduzem; os neurénios, que atingem sua maturidade em torno dos 30 anos de idade, posteriormente vao sendo perdidos, de 10.000 a 100.000 neurénios por dia. Os neurénios, além de nao se reproduzirem, somente se recuperam quando o grau de lesao nao é tao grande, permitindo a auto-regeneragao. Depois que vimos tudo sobre isquemia por reperfusdo, vamos considerar alguns aspectos em relacdo ao sistema neuroldgico, prin- cipalmente para aqueles que lidam com individuos acima de 40 anos de idade, nos quais a incidéncia de problemas neuroldgicos se tem acentuado. Sabe-se que com a melhora da expectativa de vida dos individuos. necessariamente, ha um-aumento da incidéncia de doengas degenerativas crénicas. Era evidente que isso tinha de acontecer, pois os tecidos vao en- velhecendo, ¢ 0 sistema antioxidante também, e, como conseqiiéncia, vive- mos mais, mas nado necessariamente melhor. Estamos convivendo mais com um aumento na incidéncia de dife- rentes tipos de doencas degenerativas crénicas. Existe participagao dos ra- 260 dicais livres nelas? Por exemplo: no sistema neuroldgico, quais sao as do- engas com que mais convivemos hoje, tirando o AVC e as isquemias tran- sitrias cerebrais, que entram no conceito de isquemia por reperfusao? Quando se fala em isquemia por reperfuséo, estamos falando no s6 do cora¢ao, mas também de problemas vasculares cerebrais e vasculares perifé- ricos. A isquemia por reperfusdo nao é igual a insuficiéncia coronariana. Isquemia por reperfusto é sindnimo de insuficiéncia circulatéria, qualquer que seja o territério arterial do organismo; pode ser desde uma insuficiéncia | arterial, na artéria mesentérica, nos problemas gastrintestinais, até outras ar- térias dentro do organismo, como as periféricas. Isquemia de reperfusao indica uma isquemia arterial em qualquer ter- ritdrio do corpo. Na doenca de Parkinson, a maior parte dos trabalhos tem demonstrado que existe um aumento de radicais livres, principalmente no nivel dos nicleos do cérebro, que vao produzir a L-dopa e sao principal- mente citotoxinas e neurotoxinas que agem nesse nivel aumentando a pro- dugao de superéxidos. Um trabalho publicado no New England Journal of Medicine, em 1993, uma revisio sobre a doenga de Parkinson, cita que em seis trabalhos foi encontrado um aumento de radicais livres em tatos nos quais se tinha provocado lesao do nticleo caudal €, como conseqiiéncia, a presenga de manifestagao de alteracdes extrapiramidais. Porém, nesses mesmos tatos, Nos quais foram inoculados antioxidantes antes ou depois de o nicleo cau- dal ter sido lesado, nao se demonstrou resposta clinica. Laboratorialmente, ha uma diminuicao dos radicais livres, Clinicamente, o rato continua coma sindrome extrapiramidal. Por que acontece esse fendmeno? Acreditamos que 0 cérebro é a tinica parte do organismo que, coma maturidade, n&o se reproduz mais, e quando ha lesdes cerebrais irreversiveis Qs tecidos nao se autoregeneram. Por nao podermos prever se 0 paciente ‘Yai ou nao ter mal de Parkinson, nao hd como diagnosticar até a doenga star estabelecida, e como o mal de Parkinson esta relacionado, principal- mente, com 0 aumento de perdxidos lipidicos, porque o tecido gorduroso é emamente abundante no cérebro, apesar de haver uma riqueza parcial Superdxido-dismutase ¢ glutationa-peroxidase em nivel cerebral, a lementa¢ao constante de antioxidantes em individuos acima de 45 ou anos se faz necessaria a fim de inibir os processos de peroxidagao lipidica. Esta sendo feito um estudo nos Estados Unidos, com administragao vitamina E, selénio, L-cisteina, betacaroteno e vitamina C em 1.500 licos e enfermeiras voluntarios. Nao existe um padrao de quem vai ter nao mal de Parkinson. 261 Este trabalho comecou quatro anos atras e vai terminar daqui onze anos, porque s6 esto englobados médicos e enfermeiras acima de 45 anos de idade, para se tentar descobrir 0 grupo que tera maior incidéncia da do- enca de Parkinson. Indiretamente, isso vai dar uma posigao em relagao ao controle da deméncia senil, porque vai permitir concluir se, através de suplementagao rica em vitaminas e minerais diminui a incidéncia de mal de Parkinson e, eventualmente, da deméncia senil, principalmente na vari- ante do mal de Alzheimer. Sabemos que existem citotoxinas e neurotoxinas que alteram os nucleos da base, encarregados de produzir L-dopa. Se a administragao de antioxidantes permitir controlar essa produgao, isso € muito impor- tante, porque os superoxidos produzidos, como veremos posteriormen- te, inibem a producdo de L-dopa. Porém se a célula nao estiver comple- tamente alterada, segundo estudos, conseguiremos recuperar a L-dopa aplicando atioxidantes. O mesmo fenémeno acontece na doenga de Alzheimer, segundo ca- racteristicas identificadas por tomografia e ressonancia de‘atrofia cerebral. Normalmente, acredita-se que exista primeiro um emaranhado neurofibrilar, com actimulo de tecido amildide, descoberto na Inglaterra, no qual é possivel fazer um teste para se diagnosticar prematuramente a deméncia senil. Este método de diagnéstico nao esta sendo difundido por nao termos exatidio de sua margem de erro; e esse acimulo de tecido amildide, principalmente quando ha um grande acimulo de aluminio, pro- voca uma degeneragdo dos terminais nervosos. Porém, quem se encarrega de acelerar a degeneragao dos terminais nervosos sdo os radicais livres, principalmente os encontrados nos neur6nios colinérgicos, porque o que falta nos pacientes com o mal de Alzheimer ¢ a acetilcolina, que é um importante neurotransmissor. O quadro esta definido, principalmente naqueles individuos que ja tém alteragdes no controle esfinctérico ¢ nos que apresentam acentuado comprometimento. Alguns colegas publicaram trabalhos mostrando que € possivel curar com quelagao a deméncia senil precoce. Pode-se afirmar, com certeza, que deméncia senil precoce nao da para diagnosticar muito facilmente. Muitas vezes se confunde com depressao, e os pacientes considerados portadores de mal de Alzheimer, dados como curados, eram apenas e tio-somente depressivos, porque as caracteristicas tomograficas de atrofia cerebral s6 aparecem dentro do processo evolutivo da doenga no caso da deméncia senil. Em pacientes sadios poderemos ter 262 alguns dados sugestivos, mas em individuos de 50 a 60 anos um discreto aumento nas modificagdes tomograficas nao indica, ne esse paciente vai evoluir para deméncia senil. Em nossa opiniao, usar ou nio EDTA para quelar 0 aluminio a fim de controlar a evolug&o da deméncia senil ¢ irrelevante. Ha uns 10 anos deixamos de utilizar EDTA em casos de pacientes com deméncia senil porque nao se tem obtido resultado clinico. Os tnicos pacientes que respondem eram Pportadores de depressao. Achamos que ha uma agressao muito rapida nas células cerebrais associada a uma inibigdo muito apida dos neurotransmissores que provo- cam a atrofia celular. Em 1994, a FDA liberou um remédio, denominado Tacrine, ja co- nhecido e empregado ha muitos anos como droga inteligente, para utilizar em pacientes com deméncia senil na fase inicial da doenga. Segundo os americanos, ele conseguiria diminuir a gravidade da doenga. O Tacrine diminui os depédsitos de tecidos amiléide sobre 0 neurénio. Entretanto, ele ¢ tio toxico que, nas doses em que se teria de usar, ele cria um problema de insuficiéncia hepatica severa, reversivel quando a droga é Suspensa a tempo. Normalmente, quando se usa o Tacrine, deve-se fazer o controle da fungio hepatica constantemente, nem sequer mensal, e sim quinzenal, por- que 0 risco de intoxicacao hepatica é muito grande. Utilizamos 0 Tacrine antes que a FDA 0 liberasse para o mercado em ‘cessariamente, que fomos incrementando as doses, mas tivemos de retirar a droga porque a ioria apresentou problemas de insuficiéncia hepatica. Por enquanto, a deméncia senil é um problema extremamente dolo- 0, principalmente porque nao é doenga que mata, mas que vai degene- ido lentamente e 0 paciente nem Sequer tem consciéncia da situagdo, e familia sofre com o processo evolutivo da doenga. Uma caracteristica muito interessante relaciona os pacientes que tém issomia 21, ou sindrome de Down, com a deméncia de Alzheimer. O aumento da isoenzima, constatado nos pacientes que tém somia 21 e nos pacientes com mal de Alzeimer, mas que nao existe pacientes normais, € secundério a falta de uma isoenzima da rOxido-dismutase. A tnnica caracteristica genética até hoje identificada que correlaciona pacientes com Alzheimer e sindrome de Down é a deficiéncia da zima da SOD. 263 Um livro publicado pela New York Academy of Science, intitulado Alzheimer e sindrome de Down, faz relagao entre a trissomia 21 e o mal de Alzheimer pela primeira vez na literatura. As membranas colinérgicas, partes celulares que envolvem o resto dos componentes do citosol, sao formadas por tecido gorduroso, e a peroxidagdo lipidica é um fendmeno que se pode produzir com muita fa- cilidade nessas membranas. Encontramos uma grande correlac4o, mas nao temos uma adequada resposta terapéutica ¢ isso se deve a labilidade do tecido neurolégico em responder ao tratamento quando normalmente este tecido esta completa- mente morto. Existem duas doengas definitivamente relacionadas a causa da pro- ducao dos RL: + Doenga de Batten — conseqiiéncia do acimulo de produtos do metabolismo final da peroxidago lipidica, de lipofucsina e mate- rial ceréide no sistema nervoso. E considerada como uma doenga neurodegenerativa recessiva. Nos pacientes portadores dessa do- enga, hé aumento do ferro livre no liquido cefalorraquidiano. A administragdo de antioxidantes tem demonstrado controlar a pro- gressio da doenga; + Abetalipoproteina—é um erro congénito do metabolismo lipidico. A gordura é ingerida e nao é transportada fora das células mucosas do intestino. Esta doenca é associada as alteragdes neuroldgicas e também ao comprometimento retiniano. Os pacientes, neste caso, tém niveis plasmaticos inexpressivos de vitamina E, e respondem muito bem a administragao da mesma por via exdgena. DOENCAS REUMATICAS E RADICAIS LIVRES E importante assinalar que as doengas cardiovasculares e as reumati- cas so as que mais se beneficiam com a Medicina Ortomolecular. Isso, talvez, porque a nossa experiéncia esteja mais relacionada a es- sas doencas, mas temos de lembrar um _ fato: as doencas cardiovasculares sao as doengas que mais matam. As doengas reumaticas sao as que mais invalidam, devido aos processos inflamatorios e degenerativos. Entio, séo doengas mais incidentes e delas tem-se mais ex- 264 periéncia devido a suas altas taxas de mortalidade. E preciso ressaltar que, no inicio da Medicina Ortomolecular, 0 paci- ente que vinha com doenga cardiaca, vascular ou reumatica era o paciente ja no Ultimo estagio, que ja tinha passado por uma, duas, trezentas op¢des terapéuticas e quando nao sobrava mais nenhuma, falavam a ele: “Tente a quela¢ao ou Medicina Ortomolecular, nunca se sabe 0 que pode dar”. Nas primeiras consultas foram pacientes muito graves, e as respostas foram boas em grande parte, 0 que permite uma melhor seleg&o dos pacien- tes, pois para estes, e principalmente para os menos graves, as melhores opcdes provavelmente estéo na Medicina Ortomolecular, que deixou de ser a ultima op¢ao, passando a ser a primeira. Nos processos inflamatérios, temos a artrite reumatdide e outras do- engas de colageno, como a artrite seronegativa. As doencas degenerativas sdo as artroses. A caracteristica mais interessante é 0 predominio das patologias reu- Mmaticas: sao as artrites reumatdides e as artroses; menos freqiienternente temos artrites por lapus, por psoriase, etc. Hoje em dia sabe-se que ha uma lagdo direta entre as doengas inflamatorias e a sintese dos radicais livres. ido nos deparamos com artrite reumatdide, o processo inflamatério ‘ovoca o aumento dos leucotrienos ¢ 0 acido araquid6nico vai produzir, ja ciclo oxigenasa, prostaciclina e tromboxano, que agem na adesividade quetaria. Por meio da lipoxigenase, produzem-se os leucotrienos, e es- sao os que aumentam a reagdo inflamatéria. Quando ha reagao inflamatéria em uma articulagao 0 que acontece? Os polimorfonucleares liberam a mieloperoxidase, aumentando a pro- cdo de radicais livres, que aumentam conseqiientemente a resposta infla- sria, virando um ciclo vicioso. Novamente, assim como no endotélio das srias, ha inflamag0, MDA mieloperoxidase, radicais livres, aumento da lama¢ao, maior chegada de MDA, e assim sucessivamente. Se controla- a producao dos radicais livres e reduzimos a resposta inflamatoria, dimi- do a chegada dos polimorfonucleares, 0 tecido se auto-regenera. Vejamos os processos degenerativos ou de artrose, considerados se- arios ao processo de envelhecimento. As articulagées, a cartilagem, os entos sao pobremente vascularizados, e qualquer pressdo que aconte- cima dessas estruturas provoca isquemias por reperfusao. O que sig- a isso? Que nos pacientes entre 45 ou 50 anos de idade, com estruturas lares que sofreram varias pressdes, durante a vida, seja no esporte ou ‘outras atividades, a pressdo em cima da cartilagem do joelho aumentou ite o ato de caminhar. Em conseqiiéncia, se existe um desgaste inicial, 265 esse esforco provoca uma diminuigao ainda maior de sangue nessas estru- turas, desencadeando uma isquemia. Se o paciente para e fica em repouso, estd aliviando a carga, faz uma reperfusao, aumentando a produgao de radi- cais livres, aumentando ainda destruigao da cartilagem e acentuando 0 pro- blema da osteoartrose. Em todas as circunstancias em que ha um circulo de pressao ¢ repou- so, surgem problemas de isquemia de reperfusao, aceleragao da produgao dos radicais livres e uma agravacao doenga. Veremos depois que, com o uso de antioxidantes, boa parcela dos quadros de artrose pode ser controlada, assim como os casos de resposta inflamatoria. Seguem, agora, algumas caracteristicas interessantes. + As esdes articulares podem acontecer por fenémenos de isquemia por perfusdo. O que quer dizer isso? Que quando se faz exercicio, a pressdo intra-articular aumenta, & aumentando a pressao intra- articular, as estruturas articulares se comprimem, determinando uma diminuigao do fluxo de sangue e provocando uma hipoxia. Conseqiientemente, ocorre uma diminuigao de oxigénio e um au- menta na produgio de radicais livres. Quando se interrompe 0 exer- cicio, a pressao intra-articular diminui e subitamente o fluxo de sangue aumenta, aumentando assim 0 aporte de oxigénio. Conse- qiientemente, aumenta-se a produgao de radicais livres, provocan- do a piora das lesdes nos tecidos; * Outro fato importante que encontramos em seres humanos, nos quais ha lesdes articulares, 6 0 aumento dos radicais livres, e junto com eles encontramos niveis elevados de ferro livre, que intermediaré a produgao dos radicais hidroxilos. Entao, ha um aumento de superdxidos por isquemia de reperfusao, e estes superoxidos, na presenga do ferro, dio lugar aos radicais hidrdxilos. Todos estes radicais livres agridem ¢ envelhecem o tecido. Esses fenémenos ja foram observados e publicados na revista Biomedical journal, em 1982. Treze anos mais tarde, discutimos esses fatos como novidades. Este trabalho foi publicado no inicio da década de 80, época em que no pais nao se falava em radicais livres, nem em antioxidantes ¢ menos ainda sobre as possibilidades terapéuti- cas de agentes quelantes como o EDTA; * Outro problema que temos é a peroxidagdo lipidica, porque todas as estruturas articulares tém camadas lipidicas nas suas membra- nas e nos componentes citosdlicos das células, que, na presenga 266 dos processos oxidativos, vao produzir alteragdes nas membra- nas. Conseqiientemente, uma lise ou inchaco das células. Com a alteracao da permeabilidade da membrana celular na presenga do calcio intracelular vao se ativar as. fosfolipases e proteases, enzimas que, na maior parte das vezes, vao participar do ciclo das prostaglandinas, aumentando a producao dos leucotrienos ¢ deter- minando um aumento na produgao dos radicais livres, 0 que pode Pprovocar diferentes alteragdes da membrana celular, inflamagées e fluxo de polimorfonucleares, fazendo com que 0 ciclo lesivo volte a se repetir. E importante citar como referéncia uma série de trabalhos que foram realizados para mostrar a eficdcia na administragdo de antioxidantes na profilaxia e tratamento das doencas reumiticas, fato que confirma a pre- sen¢a dos radicais livres na ctiopatogenia destes processos patoldgicos. Tais estudos mostram que o uso de antioxidantes como o superéxido dismutase, catalase, agentes quelantes como EDTA e desferoxamina, ou varias formas de inibidores diretos dos radicais hidr6xilos, como é 0 caso do dimetil-sulf6xido, reduz o processo inflamatério, preservando a integri- dade tecidual. Para quem vai aplicar DMSO em seus pacientes, é imprescindivel ler © livro Dimetilsulfoxid clinical applications, publicado pela New York lcacemy of Science, que tem dezenas de trabalhos cientificos que desta- as indicag6es eas limitagdes deste antioxidante como potencial inibidor bre os radicais hidroxila, com muitas informag6es praticas no capitulo ‘espondente nesse livro. Quem vai usar DMSO nao pode deixar de estudar todos os trabalhos foram publicados entre 1982 a 1994, que relacionam os radicais livres processos inflamatérios ¢ degenerativos. Existe uma grande correla- , to importante que varios laboratérios e indistrias farmacéuticas ja ¢aram produtos antiinflamatérios e anti-reumaticos com propriedades ioxidantes. Estamos no caminho certo: temos encontrado excelente resposta em parcela dos pacientes. Em alguns casos, ainda temos problemas a re- er, ocasionalmente ha recidivas, porém estamos melhorando, ODMSO elemento que esta sendo utilizado no Brasil apenas nos ultimos anos m certeza, neste periodo as satisfagdes e os conhecimentos tém-se mentado muito rapidamente. O que acontece nos processos inflamatérios? Quando ha uma infla- io, automaticamente aumentam as células brancas, principalmente os 267 polimorfonucleares, que vao liberar uma enzima na presenga de cloro, de- nominada mieloperoxidase, que, conseqiientemente, vai aumentar 0 stress oxidativo nas articulagdes comprometidas. Como conseqtiéncia do aumen- to do stress oxidativo, aumentam os super6xidos e os perdxidos de hidro- génio, e, quando aumentam, os superOxidos sao dismutados pela superéxido dismutase, que produz peroxido de hidrogénio, quer dizer, vai aumentar a inflamagao. Em conseqiiéncia, aumentam os prostandides pelo metabolis- mo das prostaglandinas. Esses prostandides sao leucotrienos que se produ- zem pela via da enzima lipoxigenase, agindo sobre os acidos eicosapentandicos, que vao determinar as caracteristicas da reacdo infla- matoria, febre e dor, eritema e edema. Varios sio os fatores que podem aumentar a produgao dos leucotrienos. Por um lado, ha radiagao, hipoxiae hiperoxia. Por outro lado, temos og antiinfiamatérios ndo-esterdides. Esses anti infiamatorios nao- esterdides tém a propriedade de inibir a enzima ciclooxigenase, que tam- bém esté no ciclo das prostaglandinas. A ciclooxigenase define a produgao de prostaciclina e/ou tromboxano, mas ela nao inibe a lipoxigenase, nem a forma¢ao dos leucotrienos, deter- minando uma resposta parcial da resposta inflamatéria que é feita por meio ‘Ua ciclooxigenase. Mas, ao mesmo tempo, também por lipoxigenase cla pode aumentar a formagao de peroxidos, aumentar a presenga de prostandides, que podem agit como estimuladores da ciclooxigenase, ati- vando concomitantemente a lipoxigenase, aumentando as prostandides com liberagdio dos leucotrienos, ¢, ainda, aumentando a dor ea febre, caracteris- ticas da resposta inflamatoria. O efeito benéfico por meio da ciclooxigenase é um bloqueio parcial, porque 0 que nos interessa éa lipoxigenase via acidos cicosapentandicos & a inibicdo na produgao de leucotrienos, € isso nenhum antiinflamatério ou esterdide faz, nem sequer aqueles como a Nimesulide, que foi langada como inibidor dos antioxidantes. O que isso pode fazer? O que pode inibir os leucotrienos? A resposta fica com os acidos émega 3. Os Acidos 6mega 3 tém a capacidade de entrar por meio da lipoxigenase e produzir os leucotrienos habituais. O leucotrieno que basicamente provo- cao problema inflamatério é denominado leucotrieno B4, que é aquele que se produz quando os mecanismos desencadeiam a liberagao da lipoxigenase, ena presenga dos acidos 6mega 3 vio se produzir os Jeucotrienos bons do tipo Al, A2, B1, Cl, D1, ete., que nao tém relagao nenhuma com 0 proces- so inflamatério. As doses que tém de ser usadas devem ser muito altas, ¢ ai o que acontece? A administragao do émega 3 vem associada com o aumen- 268 to da peroxidagao lipidica porque o proprio substrato é formado por acidos graxos poliinsaturados, que permitem uma rapida hidrogenaciio, fato que obriga a administrar concomitantemente e sempre a vitamina E, quando administrados os acidos eicosapentandicos. Em todo processo inflamatério, ha um aumento de superdxido e de peréxido de nitrogénio, que, na presenga de metais pesados, vao aumentar a formagao de radicais hidr6xilos, provocando a despolimerizagao do Aci- do hialur6nico. Como se sabe, o acido hialurénico é um elemento extrema- mente importante dentro das estruturas cartilaginosas. Quando esse fend- meno acontece, diminui 0 liquido sinovial, e, conseqiientemente, perde-se 0 lubrificante das articulagdes. Ao mesmo tempo, a presenga dos radicais livres na sinévia aumenta esse circulo vicioso com a maior chegada de polimorfonucleares para tentar reduzir o processo inflamatério, mas coma liberagdo da mieloperoxidase leucocitaria somente se provoca uma maior resposta inflamatéria, e todo 0 conjunto vai terminar provocando o proble- ma da artrite. A artrose é 0 processo degenerativo, ou doenga por desgaste, que pode ser acelerado pelos mecanismos de isquemia por reperfusdo. A artrite € todo aquele emaranhado de respostas inflamatérias, comegando desde os acidos araquidénicos, passando pela lipoxigenase, passando pelos leucotrienos, que determinam um aumento na producao de radicais livres, um aumento da reagao inflamatéria, uma despolimerizacao do acido hialur6nico, uma diminuicao da disponibilidade do liquido sinovial, um aumento ainda maior da reagao inflamatéria e desencadeando o problema da artrites. CANCER E RADICAIS LIVRES Como sabemos, os radicais livres tém a fase inicial, a de propagagio a fase final. A fase inicial é aquela em que ha uma produgao de radicais livres da qual o organismo ainda pode se defender. A fase de propagagao é fase em que os radicais livres esto produzin- do acima da capacidade de defesa do organismo. A fase final é aquela na qual os radicais livres foram inibidos ou ‘quando eles vao provocar as lesdes degenerativas teciduais. No que se refere ao cancer, sabemos que os radicais livres atacam a0 somente a membrana celular, atacam a membrana mitocondrial, a mem- ina nuclear, provocam alteragdes nos dcidos nucléicos e assim por dian- 269 te. Ha grande producdo de radicais livres na membrana nuclear, e quando eles atravessam a membrana nuclear, vao atingir diretamente os acidos desoxirribonucléicos e 0 dcido ribonucléico. Quando essa agressdo aconte- ce, existe uma alterago na sua composicao natural, que vai determinar que acélula adquira uma independéncia nas suas atividades e possa virar uma célula cancerosa coma caracteristica de manter uma multiplicagao rapida e auténoma e com as propriedades de uma eventual disseminagao das células por via hematogénica ou por via linfatica. Essa multiplicacdo, por alterago no cddigo genético nos acidos nucléicos, vai determinar nao somente uma independéncia na sua multipli- cacao celular, mas uma grande capacidade antioxidante dessas células. Uma das caracteristicas para o tratamento das células cancerigenas é o uso de radioterapia e de quimioterapia, porque se considera que esse ¢ 0 melhor tratamento para células cancerosas que tém a caracteristica da rapi- da multiplicacao. Porém, sabe-se que ha uma grande destruigao de tecido normal nos individuos portadores de cancer. Usam-se essas opgdes tera- péuticas devido a grande capacidade antioxidante desenvolvida pelas célu- las comprometidas pelo cancer. Hoje, mesmo depois de tantas pesquisas e investimentos econdmicos na area da oncologia, no caso de pacientes que nao tém o diagndstico precoce, 0 prognéstico a médio € a curto prazo con- tinua sendo exatamente igual ha vinte anos. As nossas possibilidades tera- péuticas ainda so muito limitadas para o tratamento do cancer, e 0 que temos de melhorar sao as possibilidades diagnésticas, de modo que possa- mos chegar rapidamente a um diagnéstico. Porém, varios autores, em dezenas de trabalhos cientificos publicados, referem-se A possibilidade da utilizagao de antioxidantes antes e/ou depois do uso de quimioterapicos ¢ da radioterapia, com o intuito de preservar prin- cipalmente as células normais dos efeitos nocivos quando elas forem atingi- das por esse tipo de medicagao, permitindo que os efeitos terapéuticas dos quimioterapicos ¢ da radioterapia s6 atinjam as células cancerosas, j4 que estas, no processo de mutacdo, provocam mudangas na sua estrutura genética no nivel dos acidos nucléicos, aprimorando seu sistema antioxidante. As células cancerosas sao extremamente resistentes a agao deletéria dos radicais livres. No caso, em nada afetaria a célula cancerosa se, concomitamentemente ao tratamento preconizado, fossem administradas doses variadas de vitamina C, vitamina E, beta-caroteno, ou qualquer outro tipo de antioxidante, cujo intuito fosse preservar a célula normal dos efei- tos deletérios do tratamento aplicado. Entretanto, os diferentes tipos de antioxidantes administrados nao vao 270 ter maiores beneficios como inibidores oxidativos para as células cancerigenas, porque elas sofreram um processo de mutagao, adquiriram um sistema antioxidante proprio, e independem do sistema antioxidante endogeno ou exdgeno do paciente. Ha trabalhos publicados que mostram o carater profilatico na admi- nistrac&o de vitaminas, sais minerais, nutrientes e outros elementos com capacidade antioxidante com o fim de descobrir qual a incidéncia de cancer nos pacientes que tém niveis melhores de diferentes tipos de antioxidantes dentro do organismo, mostrando que a expectativa de vida é maior e a inci- déncia de cancer menor nos pacientes suplementados com os inibidores dos radicais livres. Mas 0 que temos de entender é que a utilizagao dos antioxidantes nao é para agir sobre a célula cancerosa, e sim para preservar a célula normal do que os quimioterapicos ¢ a radioterapia possam fazer nelas, ja que a célula cancerosa possui um sistema antioxidante muito bem desenvolvido e melhor do que a célula normal. O que acontece no cancer? Normalmente, pode-se utilizar qualquer tipo de elemento como fator que vai produzir mutagdes genéticas nas célu- las e normalmente faz-se isso ao usar qualquer outro tipo de elemento que determinara: ¢ A diminuigaéo da superéxido-dismutase, principalmente da superoxido-dismutase que depende do cobre e do zinco. Eviden- temente, com isso vamos ter um aumento dos superoxidos e uma posterior inibigao da catalase, que vai dar como conseqiiéncia pro- cessos de dismuta¢ao e um aumento do peréxido de hidrogénio; * Por outro lado, na presenga de altas concentragées de oxigénio ou de qualquer outro tipo de substancia quimica, como é 0 caso da nicotinamida, que é a amida da vitamina B3, ou quando exis- te uma diminuicao por qualquer mecanismo tanto da super6xido- dismutase cobre e zinco ou da super6xido-dismutase manganés, vamos ter concomitamente um aumento na produgao dos radi- cais hidroxilos, através da reagao de Haber Weiss, e com isso vamos ter uma agressdo além dos componentes da membrana celular, que provoca alteracdes no nivel nuclear e de seus com- ponentes que so os acidos desoxirribonucléico ¢ 0 ribonucléico, que vao provocar a morte celular e principalmente 0 processo da mutagao genética. A presenga dos radicais livres acarretara uma oxidacao dos quioles lares, que desencadeara a inibigao do calcio, determinando um aumen- calcio intracelular, e isso ira favorecer 0 aumento das enzimas que 271 dependem desse calcio, provocando alterages na integridade da membra- na celular, a degradacao dos fosfolipideos e a degradagaio do DNA. Conse- qiientemente, vai provocar alteragdes no esqueleto da célula, e se no ha mutacao genética e producio da célula cancerosa, ocasionara automatica- mente a morte da célula. Entre os varios trabalhos publicados que mostram a importancia do uso dos antioxidantes por via oral no controle do cancer podemos citar: * Um trabalho realizado na Finlandia, com doze mil pacientes, den- tre os quais havia 51 com cancer; concluiu que nos individuos cujos niveis de vitamina E ¢ selénio plasmatico tinham diminuin- do a incidéncia de cancer havia aumentado onze vezes mais em comparagao aos individuos que tinham niveis normais de vitami- na Ee selénio; * Qutro estudo, realizado na Finlandia, mostrou 313 mulheres com cancer de mama. No grupo-controle foi aplicada vitamina E, e evi- denciou-se que nos individuos que tém niveis de vitamina E abai- xo de sua quinta parte do considerado normal; associado a dimi- nuigéio dos niveis de selénio ¢ de vitamina C, havia uma incidén- cia 10 vezes maior de cancer de mama, * Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou a presenga de cancer em 116 mulheres nas quais os niveis plasmaticos de betacaroteno e de vitamina E eram menores, provocando 0 cancer cervical comparado ao grupo-controle. Em todos esses estudos, vimos que ha diminuigao da vitamina E, do betacaroteno e do selénio plasmatico, com o aumento na incidéncia de can- cer nos pacientes. Finalmente, hé um estudo realizado na Italia cuja amostragem éde 1.016 pacientes que usavam antioxidantes contra 1.159 do grupo-controle. Este tra- balho mostrou que diminuia incidéncia de cancer nos pacientes que aumentam o consumo de vitamina C com diminuigao concomitante no consumo de prote- inas. Conseqiientemente, isso vai determinar a diminuigao dos nitritos. Todos esses estudos sao do tipo profilatico, utilizando-se grupos populacionais para ver se a incidéncia de cancer é maior naqueles grupos em que ha uma melhor ou maior administrago de antioxidantes. Recentemente um artigo publicado pelo New England Journal of Medicine mostrou a incidéncia de cancer em fumantes nos quais era admi- nistrado o betacaroteno. Encontrou-se maior incidéncia de cancer neste grupo comparado com os fumantes do grupo-controle que nao foram suplementados com 0 betacaroteno. Estatisticamente, 0 resultado, apesar 272 de ser significativo, inclui um numero muito pequeno de pacientes com cancer, e as doses que eram utilizadas de betacaroteno nesses pacientes eram também extremamente pequenas. Nao existem referéncias do perio- do que o paciente fumava antes da administragao do betacaroteno, ou a Ppossibilidade de esse paciente ter comecado a produco de seu cancer antes de iniciar 0 estudo e a administracao do betacaroteno. Este trabalho foi desenvolvido na Finlandia, com o patrocinio do Ins- tituto Nacional de Satide dos Estados Unidos, que, quando quer criar atri- tos no mercado, recorre rapidamente aos paises nérdicos para realizar esses estudos, e nao os faz nos préprios Estados Unidos, ninguém sabe por qué. Este trabalho foi publicado exatamente trés meses depois de um estu- do, que durou doze anos, realizado pelo préprio Instituto Nacional de Sat- de na China, com 32 mil pacientes, e que foi publicado nos Estados Unidos no Journal of American Clinical Investigation em 1993, e posteriormente foi publicado na revista Antioxidant Letter, que é distribuida pelo laboraté- tio Roche. Neste trabalho, demonstravam-se os casos de pacientes suplementados com vitamina E, selénio e betacaroteno, em um pais como a China, que tem alta incidéncia de cancer, principalmente devido ao solo chinés ser muito pobre em sais minerais. A alimentagao na China é€ deficiente neste tipo e em outras variedades de vitaminas. A China tem uma populagao muito grande ¢ muita pobreza, e nor- malmente o alimento basico deles é 0 arroz. Entao, o grande problema foi encontrar o tipo de suplementagao ideal para fazer 0 estudo e determinou- se que o ideal seria s6 a suplementagao de vitamina E, selénio e betacaroteno, que provocou uma diminui¢do de 35% no total da mortalidade por causas ‘lacionados a todos os tipos de doengas. Uma redugao do cancer total neste grupo populacional de 22%, outra 19% nos canceres que correspondem ao es6fago e regio gastrintestinal, ainda uma reduc¢ao do cancer pulmonar em torno de 16% dos pacientes. ‘ora incluidos indiscriminadamente pacientes fumantes e nao fumantes. im més depois, saiu aquele trabalho da Finlandia mostrando maior inci- éncia de cancer quando se da beta-caroteno aos individuos. E légico que, de todas as maneiras, esses trabalhos sao interessantes, que evitam aquele modismo de comegar a receitar grandes doses de inas € sais minerais em doses indiscriminadas. Como ja foi citado, é o primeiro trabalho que foi publicado mostran- a possibilidade de, eventualmente, o betacaroteno aumentar em fuman- a incidéncia de cancer. 273 Existem aproximadamente uns cinco ou seis mil trabalhos mostran- do que a suplementacdo de vitaminas e sais minerais em grupos populacionais, que passam de milhdes de pessoas, submetidos a diferentes fatores de risco, tem basicamente um efeito protetor. Mas, de toda maneira, os trabalhos negativos ou positivos publicados devem servir de alerta para evitar modismos desnecessarios. CATARATA E RADICAIS LIVRES Outra doenga que tem grande relag&o com os radicais livres é a cata- rata. Normalmente, a func¢ao do cristalino cai na quarta década da vida, e esse fendmeno é denominado presbiopia. A correlagdo existe entre a formagao da catarata e a radiagao solar, que aumenta a produc¢ao de radicais livres pela presenga do oxigénio. Conclui-se que a presenga de radicais de oxigénio desencadeie rea- cdes em nivel ocular, nado fotoquimicas, provocando lesao. Essa lesao no cristalino ocorre por precipitagao de proteinas. Aumenta a peroxidagao lipidica, ¢ isso pode ser detectado e confirmado pela medigao dos niveis de maionaldialdeido no cristalino. Um estudo realizado mostra que cristalinos incubados em luz fluo- rescente tém uma peroxidagdo lipidica e niveis de MDA 6 vezes maiores comparados aos incubados com luz escura. Tem-se definido que a radiagado é extremamente importante na for- magao de super6xidos, e estes vio determinar a peroxidacao lipidica que vai alterar a estabilidade das membranas celulares do cristalino, provocando a precipitagao das proteinas e determinando a opacificacao do mesmo. Um dado extremamente interessante encontrado nesse trabalho é que as cataratas se formam mais rapidamente se o humor aquoso nfo contiver antioxidantes para proteger 0 cristalino contra processos oxidativos. Assim, um trabalho publicado pelo American Journal of Clinical Nutrition, em 1991, afirma que a aplicagao local de ascorbato, tocoferol e piruvato, e quando os mesmos sAo encontrados em niveis elevados no hu- mor aquoso, diminui a propensao da opacificago do cristalino. Esse mesmo trabalho mostrou que todos esses fendmenos em relagaoa catarata e a utilizagao dos antioxidantes tém algumas dificuldades praticas: + As vitaminas C e E deveriam ser administradas por via topica para terem 0 efeito desejado em relagao 4 profilaxia de catarata; + Osniveis de vitamina C sao dificeis de aumentar, inclusive por via 274 t6pica, se existir principalmente comprometimento do humor aquo- so pelo processo do envelhecimento. Porém, faltou um detalhe que é recente: o DMSO, usado por via topi- ca, tem uma grande capacidade de inibir a produc&o dos radicais livres. Normalmente, ¢ utilizado em concentracdes de 10 a 20% em individuos que estao na sua fase inicial de catarata. Existe um problema que é mundial, inclusive foi apresentado um traba- tho, no simpésio de radicais livres realizado em Sao Paulo, em maio de 1994, sobre a degeneragdo macular, mostrando que alguns tipos de degeneragio po- dem responder profilaticamente ao uso de antioxidantes por via oral, e que se estdo fazendo os primeiros estudos em relagao a utilizagdio de DMSO por via t6pica, inclusive por via oral, em gotas, como uma forma de evitar a opacificagio do cristalino. Estamos falando em doses que seriam equivalentes em humanos a mais ou menos 200 ml de DMSO, por via endovenosa diaria, durante seis meses. As doses que habitualmente se utilizam para pacientes portadores de artrite e artrose variam de 5 a 12 ml feitas normalmente 2 a 3-vezes por Semana ¢ por periodos curtos, nessa evolug&o passando a periodos sema- is, quinzenais ou mensais. P Alguns autores tém assinalado que o maior risco de administracao DMSO ¢ a possibilidade de ele ajudar 0 desenvolvimento de catara- . Porém, todos os trabalhos publicados no livro da New York Academy Science, intitulado DMSO Clinical Applications, mostram que nao iste toxicidade em nivel do cristalino nos humanos, e que a aplicaco DMSO, por via t6pica, em trabalho realizado no Chile em 1976, stra que ele podia ser utilizado como um protetor contra catarata, e poderia ser usado nessa via sem restri¢des aparentes. As conclu- do trabalho apresentado no simpésio, ¢ publicado na Revista de idologia de dezembro de 1994, citam que a vitamina E, a vitamina C selénio poderiam diminuir a degeneragao macular que acompanha o esso do envelhecimento. Acredita-se também que o DMSO pode ser utilizado nos pacien- com cataratas em fase inicial, quando ainda nao é preciso cirurgia e posi¢ao do cristalino, ¢ como profilatico, para diminuir a velocidade recipitagao das proteinas nessas cataratas. Normalmente, em paci- s idosos, cujo oftalmologista tenha diagnosticado catarata, porém indicagdes cirtirgicas, ainda, a suplementacdo de antioxidantes, por oral, tais como vitamina E, betacaroteno, vitamina C e selénio, re- uma eventual cirurgia. 275 RADICAIS LIVRES E ENVELHECIMENTO Outros processos esto relacionados a sintese dos radicais livres e 0 processo do envelhecimento, seja como causa ou conseqiiéncia deste fend- meno, seja na forma fisiolégica ou patologica. Denham Harman, professor de bioquimica em Nebraska, que ja visi- tou nosso pais para debater, em simpésios e congressos, 0 processo oxidativo, € considerado o verdadeiro pai dos radicais livres, e foi um dos primeiros que relacionaram o processo do envelhecimento com os radicais livres. Recentemente, um trabalho publicado na revista Science demonstra que em animais de experimentacao de curta vida, fazendo modificagdes genéticas no seu sistema antioxidante, aumenta-se a sobrevida em 33% dos casos. Muitos trabalhos tém sido realizados nesse sentido, concluindo que se pode melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade dos pacien- tes através da suplementacaio de antioxidantes. Ha uma grande relacdo entre a biogénese de radicais livres e 0 pro- cesso de envelhecimento. A produgdo de radicais livres aumenta 4 medida que envelhecemos. E 4 proporcdo que nosso sistema antioxidante ou a ad- ministrag4io exdgena de antioxidantes é insuficiente, os tecidos estarao ex- postos aos efeitos deletérios dos radicais livres, afetando a qualidade de vida e a longevidade. A medida que envelhecemos, concomitantemente, envelhece nosso sistema antioxidante endégeno: os radicais livres aproveitam esta brecha oferecida pela insuficiente capacidade antioxidante do organismo para ace- lerar o processo de envelhecimento ou das doengas que eventualmente pos- sam acelera-lo. O que acontece com os radicais livres? Eles normalmente atacam no nivel dos dcidos graxos poliinsaturados, no nivel das membranas celulares e vao provocar, através do gldbulo lipidico, na presenca de metais, 0 processo da peroxidagao, que vai dar lugar a for- macio do intermediario denominado malonaldialdeido), que determina um mecanismo auto-sustentavel de formagao de radicais livres, ou seja, ele vai se formar constantemente, determinando um complexo lipidico que se as- socia com a presenga dos lisossomas e vai dar lugar 4 formagdo de um metabélito denominado lipofucsina, que podemos ver, na pratica, nas man- chas denominadas senis. O mesmo gldbulo lipidico, pelo mesmo processo, através das altera- des da membrana celular, vai dar lugar 4 formagao do material cerdide. Isso tudo indica que aquelas manchas senis, aquelas rugas, clas nao so mais que alteragdes por acimulo do material cerdide. 276 Podemos evitar isso, pois, na maioria dos casos, 0 que acontece é uma peroxidacao lipidica nas membranas celulares e nas gorduras corpo- rais. Como evitar? Controlando 0 processo da peroxidagao lipidica, que é auto-sustentavel, quando a utilizagao de antioxidantes especificos pode pre- servar as estruturas do organismo sem necessariamente acelerar 0 processo do envelhecimento. Sabe-se, por exemplo, que no caso de pacientes com mal de Alzheimer, ou com artrite reumatdide, portadores de artroses, ¢ pacientes com diferentes doencas degenerativas cr6nicas, incluindo os que tem artério ¢ aterosclerose, ocorre um actimulo de lipofucsina nos tecidos, que nao é mais que o produto da peroxidag&o lipidica. Entao, o que se deve fazer é 0 controle do depésito da lipofucsina para que seja preservada a integridade dos tecidos. Com 0 acumulo de lipofucsina, acelera-se o endurecimento das paredes das artérias e, como conseqiiéncia, diminui-se a capacidade da artéria se dilatar e adap- tar-se as necessidades de oxigénio e nutrientes para os diferentes tecidos. O processo de envelhecimento, pela produgao de radicais livres, pode determinar uma série de doengas, e essas doengas vao determinaraacelera- ¢ao do processo do envelhecimento nas suas condigées patoldgicas. DIABETES E RADICAIS LIVRES Outra doenga corriqueira ¢ o diabetes. Pode-se entender como se in- duz experimentalmente esta doenga em animais. Um dos elementos mais utilizados, principalmente em animais, para induzir ao diabetes é 0 aloxano. Assim como 0 aloxano, ha varias drogas e iimioterapicos que podem ser utilizados para induzir ao diabetes. E como isso acontece? Quando o aloxano entra no organismo, ele provoca a formagao de radi- superdxidos que, junto com os perdxidos de hidrogénio e a presenga do ferroso, determinarao a formagao do radical hidréxilo que vai terminar do o tecido pancreatico e, principalmente, as células beta de Langerhans. Como isso ocorre? Ocorre com o radical livre rompendo a estrutura das células beta no el do DNA da coluna agiicar-fosfato do 4cido desoxirribonucléico. Quando este processo acontece, 0 organismo tenta se defender pro- do uma depleg&o da nicotinamida-adenina-dinucléutica, e isto vai ocar um rapido desgaste deste, que tenta proteger a destruig&o do agu- Caso nao seja atingido este propdsito, ocorre a inibigado da sintese insulina. 277 Trabalhos realizados tém demonstrado que nessa fase adicionais super6xido-dismutase, catalase ou agentes quelantes de ferro podem pro- duzir uma restauragao parcial da sintese da insulina. E evidente que se este paciente iria evoluir para diabetes tipo I, insulino-dependente, pode con- verter-se em paciente de diabetes tipo II. Isso quer dizer que o paciente podera ser tratado por hipoglicemiantes orais. Embora se possa agir nessa fase, nao se consegue uma total regenera- go do tecido pancreatico, isso porque estamos lidando com um érgio como © pancreas, rico em superéxido-dismutase ¢ catalase e muito rico em antioxidantes, comparado a outros tecidos. Quando nao se intervém nessa fase o aloxano produz uma ruptura do DNA e uma ativacao da sintetase poli-adp-ribosa. Do contrario, quando se intervém com SOD e catalase, ou outros quelantes de ferro, provoca-se uma separa¢ao. Nessa fase ainda se consegue uma reparacdo parcial do tecido pan- creatico, mas quando ele passa da ativagdo dessa enzima, provocaré uma de pressdo da nicotinamida-adenina-dinucléutica e ocorreré uma inibicgaio da sintese da pré-insulina. Entdo, temos um paciente com diabetes. Estamos citando aqui o aloxano, como forma experimental de provo- car diabetes. Mas, assim como 0 aloxano, existem varios tipos de substan- cias com propriedades quimicas que podem aumentar a produgaio dos radi- cais livres. RADICAIS LIVRES E DOENCAS RENAIS Varias doengas renais estao relacionadas com a génese dos radicais livres. Porém, para encontrar as correlagdes, vamos considerar uma em particular, a denominada glomerulonefrite. A glomerulonefrite é uma doenga auto-imune, que provoca o aumen- to de imuno-complexos renais, provocando uma relagdo infamatéria local, determina o aumento dos perdéxidos de hidrogénio, fenémeno que vai ati- var a fosfolipase glomerular. Quando se fala em morte celular fala-se também da existéncia de uma ativagao das fosfolipases e, neste caso em particular, est ativada a fosfolipase glomerular. Essa ativagao vai liberar Acido araquidénico, que entra no cicio das prostaglandinas, as quais vio aumentar a sintese de prostandide como os leucotrienos por meio da lipo-oxigenase, aumentando areacao inflamatoria local. Entretanto, pelo outro meio, o da ciclooxigenase. e pela produgao de maionaldeido como intermedidrio da sintese para os 278 per6xidos lipidicos, aumenta a sintese de radicais hidroxilos. Por um lado, ha inflamagao provocada pela glomeruloneftite pela reacdo auto-imune. Por outro lado, pode-se ter uma lesdo celular que eventualmente pode che- gar a um estado de irreversibilidade. E muito dificil determinar se a génese dos radicais livres é a causa ou a conseqiiéncia de todos estes processos patolégicos. No caso da glomerulonefrite, em particular, parece ser conseqtiéncia, mas que tem uma participagao direta tem, pois se inibimos a produgao dos radicais livres podemos permitir que esse processo regrida. O importante é saber que os radicais livres esto sempre presentes, gerando problemas celulares, ¢ se bioquimicamente podemos estabilizar essa situacao, entéo vale controlar o problema determinando a reversibilidade da reagao auto-imune. RADICAIS LIVRES E HEPATOLOGIA Outro fenémeno em que ocorre uma relacdo direta da produc&o de tadicais livres é no que se denomina hepatotoxicidade; isto significa o au- mento da fibrose hepatica, fato que acontece principalmente pela participa- ¢40 da peroxidagao lipidica. Quando administramos em um paciente com fibrose hepatica ainda feversivel e com capacidade de regeneragao do hepatécito importantes ‘quantidades de vitamina E e de vitamina C determinamos uma diminui- ‘40 dos perdxidos lipidicos e dos radicais hidrxilo, permitindo uma ini- igao dos elementos que aumentam o nivel de stress oxidativo. Como seqiiéncia, vai ocorrer uma diminuicgao da produgao de produtos ter- imais como sao os aldeidos que vém do metabolismo dos perdxidos e, 10 conseqiiéncia, vamos diminuir o fator de crescimento de transfor- 0 celular. Ao realizar tudo isso, diminui-se a liberaco de uma citotoxina que é fibrogénica: é ela que produz a fibrose do tecido hepatico. Entao, se é ivel evitar a fibrose do tecido hepatico, inibindo o perdxido lipidico, a cdo de produtos terminais. que ha nesses peroxidos diminui e inibe citotoxina. O etanol, ou alcool, é uma hepatotoxina, principalmente através de subproduto, que é 0 acetaldeido. Pode produzir precursores de roteinas. Estes precursores se formam uma hora e meia apés a admi- ‘ago do alcool, e terminam seis horas apds a administragao, produzin- uma lesdo hepatica por agredirem duas enzimas, a galactosil e a 279 sialiltransferase por acdo dos radicais livres ¢ porque ela produz uma de- pressao de antioxidantes. RADICAIS LIVRES E FUMO No fumo, 0 que acontece? Acontece a liberacio de nicotina, que por um lado vai estimular a presenga das monoaminas-oxidase. Por outro lado, ela vai aumentar a libe- ragdo de cianato. Ambas as circunst4ncias, como vimos no caso das células cancero- sas, podem determinar situagdes extremas. Encontramos um aumento do diocianato plasmatico, e este liga-se as catecolaminas circulantes ligadas 4 membrana. Isto vai determinar um au- mento na liberagdo de catecolaminas plasmaticas que vao estimular as ter- minagdes nervosas e produzir uma hiperreatividade do sistema nervoso central, podendo produzir, secundariamente, um aumento do perdxido de hidrogénio, caracteristica que pode ser observada em um teste denominado HLB ou anilise celular in vivo, através do aumento da sialidase, que é uma enzima que desintegra o dcido sidlico, mas a sialidase vai agir sobre o fibrinogénio, que vai atuar posteriormente sobre um numero de fibrinas, ¢ finalmente dara lugar a formagao de fibrina. Estas caracteristicas do fumo se encontram quando do exame HLB realizado através de microscopia ética e discutida amplamente no capitulo referente neste livro. Quando ha um aumento de catecolaminas plasmaticas ocorre um esti- mulo que vai determinar automaticamente uma vasoconstri¢ao, uma dimi- nuicdo do aporte de oxigénio e nutrientes e um aumento de radicais livres. Provoca uma hiperatividade do sistema nervoso central, cujo aumen- to da producao de radicais livres pode produzir processos irreversiveis, sem contar as lesdes provocadas pelo H,O,. Uma das caracteristicas mais importantes do fumo é que cada cigarro contém grande quantidade de metais pesados. Assim, sabe-se que cada ci- garro contém 23 microgramas de cddmio, que nao tem utilidade nenhuma dentro do organismo, mas tende a se depositar principalmente no nivel pul- monar, onde vai produzir alterag6es no tecido elastico do pulm&o, aumento da produgao de radicais livres ¢ substituigao do tecido elastico por cicatricial. O cddmio também se deposita principalmente no nivel glomerular, eventu- almente, com alteragées, principalmente em nivel das pequenas artérias renais, determinando um espagamento do endotélio arterial, favorecendo 0s processos hipertensivos. 280 Varios estudos tém demonstrado que pacientes com hipertensiio cos- tumam ter niveis de cddmio alterados dentro do organismo e a eliminagdo desse cadmio por meio de agentes quelantes ou oligoelementos pode per- mitir a normalizacao da pressao arterial. RADICAIS LIVRES E ALERGIA Faremos apenas uma pequena citagao quanto as reagées alérgicas ea sintese dos radicais livres. Em reagGes alérgicas 0 que acontece basicamente € 0 seguinte: supo- nhamos que haja um paciente atingido pelo antigeno que incita resposta Por parte do organismo, que vai determinar a liberagao de mastdécitos ricos em histaminas, podendo identificar os mastécitos sensibilizados que, com a presenga da imunoglobina E, vao determinar um aumento de peroxidos de hidrogénio e por conseqiiéncia teremos uma depressio do receptor. Normalmente, todos os pacientes portadores de uma alergia de ori- gem humoral ou celular, por participagao direta dos linfécitos B ou linfécitos T, tém aumentada a génese dos radicais livres medidos pelo HBL ¢ que podemos ver através de testes habituais ds reagdes alérgicas tais como o teste por inalantes, por escarificagao, etc. Como existe uma correlagéo com a producao de radicais livres, po- demos inclusive utilizd-los como diagnéstico, no caso de pacientes com alergia ou como confirmagao de testes alérgicos. E 0 tnico caso em que se aceita o HLB, ou anilise celular in vivo empregada como prova diagnéstica. . RADICAIS LIVRES E DOENCA DE PELE Finalmente, mas nao por ultimo, analisaremos a possivel relacdo de icais livres com as doengas de pele. Em um trabalho publicado na revista Cosmeatria da Nudeme, em seu eiro numero, encontramos que os radicais livres se relacionam com as logias da pele pelas doengas inflamatérias, as doengas auto-imunes e icipalmente, pelos efeitos da radiac&o, através da presenca dos raios avioletas A ou B, que vao determinar uma série de alteracdes atologicas. Em trabalho publicado, destacamos que um homem exposto ao sol be a cada dez centimetros de pele o correspondente 4 formagao de 4 iosmdis por ml de perdxidos, quantidade suficiente para provocar a 281 desestabilizagaso da membrana celular e provocar o acumulo de lipofucsina e de material cerdide nesses tecidos. A pele exposta durante uma hora ao sol pode formar uma grande quantidade medida em 4 mdis por ml de perdxidos, quantidade de que o organismo normalmente nao tem condigdes de defender-se, nem com a pre- senga da catalase, nem com a glutationa peroxidase. Portanto, como ela ira se defender perante esses fendmenos? Entra ai a importancia da manutengao e administragao dos principais antioxidantes que agem sobre os perdxidos lipidicos para evitar alteragdes concomitantes 4 exposicao ao sol, que veremos na pratica. Até aqui relatamos os fatos mais corriqueiros entre as doencas infla- matdrias e degenerativas cr6nicas ligados a génese dos radicais livres. Como podemos concluir, existe uma intima afinidade, seja como causa ou como conseqiiéncia, entre os fatos analisados. CONCLUSOES Pelas informagées aqui apresentadas temos 0 intuito de ressaltar a importancia dos fatos aqui implantados, demonstrando que é preciso am- pliar conhecimentos para que se faga uma melhor aplicagao dos antioxidantes no tratamento das doencas degenerativas crénicas. Praticamente, diriamos que, de uma ou de outra maneira, 100% das doengas hoje conhecidas esto relacionadas 4 génese dos radicais livres, seja como causa ou como conseqiiéncia, e a necessidade de seu controle faz parte de qualquer cronograma de tratamento a ser realizado em paciente portador de doenga degenerativa crénica. Do cérebro ao coracao, aos pulmGes, ao transito gastrintestinal, aos componentes vasculonervosos, aos membros superiores ou inferiores, pas- sando pelo resto dos érgaos que formam o corpo humano, existe e estao presentes os radicais livres, que quando formados em excesso vao alterar as estruturas celulares, podendo desencadear até a morte dos componentes comprometidos. E importante destacar que os radicais livres, apesar de serem basica- mente nocivos, quando superam suas concentragdes normais ou quando podem ser inativados pelos sistemas antioxidantes conhecidos, em algu- mas circunstancias tornam-se benéficos para 0 organismo, fato demonstra- do pela capacidade bactericida que eles apresentam e por serem eles os intermedidrios formados pelos glébulos brancos, principalmente os polimorfonucleares que determinam a fagocitose dos agentes invasivos. 282 sejam virus, bactérias, parasitas, fungos, etc. Provavelmente, a participagao dos radicais livres pode ser benéfica em outras situagdes ainda nao identificadas: porém, com certeza, no futuro esses fatos poderdo ser melhor esclarecidos. Muitas vezes, a producao dos radicais livres é incrementada por fato- Tes principalmente externos tais como a radiagao solar, a exposigao a pro- dutos quimicos, t6xicos, venenos, radiagdes de outra origem, poluigao ambiental como a queima de combustiveis, o fumo, presenga de ingredien- tes quimicos e de metais pesados, principalmente 0 cddmio, o emprego descontrolado de agrotéxicos que posteriormente sao introduzidos no or- ganismo pela alimentagao e do uso indiscriminado de horménios para fazer rescer muito rapidamente o gado, com finalidade de lucro mais rapido e Maior, sem que se megam as conseqiiéncias deletérias que os mesmos Ppo- dem proporcionar ao organismo. Sem duvida, o melhor conhecimento dos radicais livres tem permiti- do encontrar formulas adequadas para impedir 0 desenvolvimento das do- encas degenerativas cronicas ea implementagao dos antioxidantes promete Ser uma propedéutica terapéutica interessante na profilaxia das doencas degenerativas crénicas, ou das que estao relacionadas com o processo de velhecimento. Sem divida, os préximos anos serio muito importantes no esclareci- nto de outras ocorréncias em que haja a participagao dos radicais livres, >ja como causadores de doengas ou eventualmente como um fator de cara- benéfico para o organismo. Em 1998, 0 Brasil foi a sede do congresso mundial sobre radicais 's, devido aos relevantes estudos feitos no pais com referéncia 4 oxida- antioxidagao, provavelmente melhores que os de muitos paises de pri- iro mundo. Neste evento foi discutida uma série enorme de estudos a de demonstrar que o lugar que hoje ocupamos nao é mero efeito cir- tancial; pelo contrario, é resultado de anos de estudo, dedicagao e prin- mente por se acreditar nos radicais livres como a causa e/ou conse- neia da maior parte, se nao de todos, dos Processos patologicos que gem 0 sistema orgénico humano. 283 BIBLIOGRAFIA HARMAN, D. The Aging Process. Proc. Nat. Acad. Sci. USA 1981;78:7124-7128. CALVIN, M. Chemical Evolution. New York, Oxford Univ. Press. 1969. RUTTEN, MG. The Origin of life by Natural Causes. New York, Elsevier/ North-Holland, 1971. CAIRNS-SMITH, AG. The life Puzzle. Toronto, Univ. of Toronto Press, 197E. DAY, W. Genesis on Planet Earth. Lansing, House of Talos, 1979. HARMAN, D. Free Radical Theory of Aging Consequences of Mitochondrial Aging Age 1983;6:86-94. NOHI, H. HECNE, R D. Do Mitochondrial Produce Oxygen Radical in Vivo? Eur Bichem 1978;82:963-867. CHANCE, B., SCIENS, H. BOVERIS, A. 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