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LEITURA GENETICA DO POEMA “SE TIVESSE MADEIRA E ILUSOES”, bE Hipa Hust! CRISTIANE GRANDO Laporatorio po Manuscrito LirerArio UNiversipaDe DE SAO PauLo Resumo Neste artigo serao apresentadas trés versdes - uma autografa, uma datilografada e uma impressa — do poema “Se tivesse madeira e ilusées”, publicado na obra poética Amavisse, de Hilda Hilst. As trés vers6es serao designadas como 1°, 2° e 3” texto, respectivamente. Em seguida, sera rea- lizada uma andlise genética, Para compreender o processo criativo do poema em'.questéo, serdo analisadas e comparadas as trés versées. Por Jim, sera apresentada uma andlise do tom dominante do poema-—o tom de desejo-, estabelecendo associagées entre palavras do universo bilstiano que freqientam um mesmo campo semdntico. RESUME Dans cet article, trois versions du poéme “Se tivesse madeira e tlusdes” de Hilda Hilst publié dans Amavisse sont analysées: une autographe, une dactylographiée et une imprimée qui seront appelées respectivement 1”, 2" et 3” texte. Des rapports génétiques seront tracés entre les trois versions. Enfin, on soulignera le ton dominant du poéme — le ton de désir -, en 1, Agradego a Telé Ancona Lopez, t Rejane Ganzarolli Lopes, a Philippe Willemart, a Gutemberg Medeiros ea Marcos André Goncalves pela leitura minuciosa deste artigo; a Hilda Hilst e 20 pessoal do CEDAE-IEL-UNICAMP, especialmente a Flivia @ Ana Carmem, por terem possibilitado a reproducao dos manuscritos. 92 MANUSCRITICA.N°7 rapprochant les mots de l'ttnivers de Hilda Hilst qui fréquentent un méme champ sémantique. ABSTRACT This article presents three versions of the poem “Se tivesse madeira e ilusdes” published inAmavisse of Hilda Hilst: one atitograph, one typewritten and one printed. The three versions are called first, second and third texts, respectively. A genetic study is presented . To understand the creative process of this poem, the three versions are analysed and compared. Finally, an analysis of dominating tone of the poem — the tone of desire— is presented, establishing associations between the words of Hilda Hilst's tniverse that inhabit the same semantic field. E melhor ficar o desejo, sempre. Hilda Hilst Tris MOMENTOS DA CRIAGAO? 1.° texto: 8/9/87 516/88 pensagia ° 1 esse madeira e ilus 2 Faria um barco e um arcoiris. 2 Sinais de transeri¢ao: ~ acréscimo: utilizagio de fontes menores que as do corpo do poema. — supressio: utilizagio de um risco sobre o que fol rasurado, — substitui¢ao: utilizagio dos mesmos recursos que Indicam supressio € acréscimo. ~ sobreposi¢ao: apresentacio da primeira opgio riscada ou “tachada” seguida de uma barra e do que fol escrito por cima. Exemplo: senr/o invistvel fio. = deslocamento: utilizai¢io do mesmo sinal que representado no manuscrito. = abreviagio: desdobramento do que fol abreviado cercado por parénteses. Exemplo: Goz.{osos]; ante[s]. ‘Lerrura GENETICA DO Poem “Se Tivesse MADEIRA B ILusOes” 93 10 11 12 13 14 15 Se me tomasses, vida, que materia e que cores pensasses a minha Para wma possivel sobrevida? Se eu te tomasse, amigo, a distancia Seria um/o invisivel fio. Hipotéticofio: eséhaveria c/E o-mundo te faria de-siteneio ¢ cheganca a Terra toda de saliva inteira numa Te moldaria a ti de-uma carne de antefs]. Sem -pecade-cehusura E Sem nome. Semr-paraiso: fremito = Paraiso clausura ou Fefaria-sonhar o rar o proibido, HX m mim inventava Inventaria em ti o proibido 94 MANUSCRITICA.N°7 Lerrura GENEnICA DO Porma “Se Tivesse MADEIRA E ILUSOES” 95 2. texto 1. XIL 1 Se tivesse madeira e ilusdes 2 , [oe um barco e pensaria o arcoiris. 3 Se me pensasses, Vida, que matéria, que cores 4 ° Para minha possivel sobrevida? pensasse, , 5 Se etr te tomasse; amigo, a Terra toda 6 Seria de saliva e de cheganga. 7 2 Te moldaria numa carne de antes, sem nome a 8 Sem nome Ou Paraiso, cinventava distancia-c-o-proibicde. 9 ara te ser etern; 10 11 12 13 96 3.9 texto QAUAWNE on MANUSCRITICA.N°7 hm “ je siveses madelze ¢ 1luscen, 5 Unow wstaces resnte erste fie we pencianed, Vide, qa saléria, que coren > Pere mdthe poselvel eohyeyita? te arte Women ange, u terea tote co Remeron x Se tivesse madeira e ilusdes Faria um barco e pensaria o arco-iris. Se te pensasse, amigo, a Terra toda Seria de saliva e de cheganga. Te moldaria numa carne de antes Sem nome ou Paraiso. Se me pensasses, Vida, que matéria Que cores para minha possivel sobrevida? Lerrura GENETICA DO Porma “Se Tivesse MADEIRA E ILUSOES” 97 ANALISE DOS PROCESSOS CRIATIVOS DO PoEMA “Se Tivesse MADEIRA E£ ILUSOES” O poema “Se tivesse madeira e ilusdes”, de Hilda Hilst, teve sua primeira publicagao'em 1992, na obra Amavisse, sendo o ntimero XII da primeira parte. Essa obra é composta por trés partes — ou séries no dizer de Hilda Hilst: Amavisse, Via Espessa e Via Vazia, nessa ordem. Para diferenciar a série Amavisse da obra de mesmo nome, essa palavra sera marcada com italico quando fizer refer€ncia 4. obra. Neste artigo serao analisados trés momentos da criagio do poema XII ~ uma versao autégrafa, uma datilografada e uma impressa — designados como 1°, 2° e 3° texto, respectivamente. Esses manuscritos pertencem ao arquivo Hilda Hilst que, em 1995, foi transferido para o Centro de Documentacao Alexandre Euldlio (CEDAE) do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade de Campinas (UNICAMP). O 1% texto é um autdégrafo que pode ser localizado na pagina 50 de um caderno cujas pdginas impares stio marcadas com o logotipo da CPFL (Companhia Paulista de For¢a e Luz), denomi- nado caderno CPFL. O poema XII foi, nesta versio, escrito intei- ramente com caneta vermelha e rasurado com a mesma caneta. O 22 texto foi encontrado na pasta de datiloscritos de Amavisse, denominada desta forma pois contém 53 datiloscritos e apenas um autégrafo, todos referentes a Amavisse. A 2* versio do poe- ma XII classifica-se cémo a folha 15 dessa pasta. Esse texto foi datilografado com fita preta em um papel sulfite de 215 x 315 mm. Apresenta emendas feitas com duas canetas: emendas em azul e o acréscimo do ntimero 17 em vermelho. Em 1989, o poema XII foi publicado em Amatvisse: trata-se do 32 texto apresentado no inicio deste trabalho. Amavisse recebeu nova publicagao em 1992 na coletanea Do desejo, na qual Hilda Hilst retine as seguintes obras poéticas: Do Desejo, Amavisse, Alcoélicas e Sobre a tua grande face, nesta ordem. A 1? versio do poema XII parece ter sido escrita rapidamen- te, em um tihico fluxo. Nela, nao se percebe uma preocupa¢io em ter um texto pronto, fechado, sem possibilidade de novas alteragées. A escritora, por exemplo, levantou uma possibilida- 98 . MANUSCRITICA. N27 de: substituir o foco narrativo da 1? para a 3? pessoa, o que pode ser notado pelo acréscimo da palavra “ela” no verso 1. Essa idéia foi abandonada logo em seguida, pois nao houve mais qualquer alteragao relacionada ao foco narrativo, Observa-se também que a escritora rasura esse texto em movimento ou em processo de criagao, deixando abertas possibilidades, como € 0 caso das pala- vras “fremito” e “clausura”, postas & m&o na margem direita do verso 13. Além do trabalho com a linguagem, o processo criativo das obras hilstianas também abrange amadurecimento, 0 qual envol- ve uma vivéncia que pode perdurar por varios anos. E o amadu- recimento que propicia a fluidez da escrita, como ilustra Hilda Hilst ao revelar parte do processo de criagio de A Obscena Se- nbora D: “Tenho sensagGes diversas e também medo pois ha dois anos que estou convivendo com aquela personagem [Hillé] e sei que agora é hora de passar para o outro o que ja estava sedimentado dentro de mim. O texto j4 vem bastante arrumado porque ja foi vivido esses dois anos, entio nao ha muito o que ficar trabalhando.” VJornal da Tarde, 21/6/86). Sobre o processo de criagio do poema “De tanto te pensar, Sem Nome, me veio a ilusio”, Hilda Hilst afirma: “Quando terminei de ler essa histéria {do poeta chinés Li Tai Po, que embriagado sai de barco uma noite e, ao querer apanhar a lua refletida no lago, mergulha na agua e morre], me veio um fluxo amoroso, um sentimento que nao sei definir, uma coisa febril, como se vocé éstivesse entran- do em contato com algo que nao sabe explicar. E um sentimento quente, fervoroso, e entao a poesia vem quase num fluxo, quase inteira” (Jornal da Tarde, 21/6/86). Como vimos, 0 amadurecimento possibilita a criagao de um texto que nao requer tantas alteragdes. Desta forma, corre-se 0 risco de que o amadurecimento seja confundido com a idéia iluséria do texto que “nasce” pronto. Mas, pelos manuscritos, pudemos constatar que 0 texto nao “nasce” pronto; é, sim, resul- tado de trabalho e seu processo criativo exige sempre releituras e reformulagio da linguagem. Na 1? versio do poema XII, ha um primeiro fluxo de escrita seguido de leituras marcadas por alteragdes, o que demonstra uma busca de outras formas de expressio ou uma reelaboragao 1 1 1 i i t ‘ 4 i i | ‘Lerrura GENEmca DO Porma “Se Tivesst, MADEIRA & ILusOEs” 99 da linguagem. A maioria das modificagdes que estavam registradas na_1* versio foi incorporada 4 2#. Algumas alteragGes adicionais foram realizadas ao passar o texto a limpo e outras foram feitas em seguida, com caneta azul e vermelha. Ao passar 0 texto a limpo, o autédgrafo torna-se um texto datilo- grafado, a que denominamos 22 texto. Pela comparagiio entre a 12 é a 2# versio do poema XII, é possivel notar que a principal conseqtiéncia das rasuras é a condensac¢io do texto. Mario Faustino enfatiza a importincia do carater condensador que a poesia encer- ra: “A poesia, alias, € incomparavel quando registra — com capaci- dade condensadora ¢ mnemGnica de que s6 ela é capaz — certas nuangas de ponto de vista, de atitude, de sentimento e de pensa- mento, individuais como coletivos, nuancas essas que, muitas ve- zes, sio bem mais expressivas de um povo e de uma época, do que os grandes acontecimentos...” (1977, p. 33). Na 2? versao, a autora levanta duas possibilidades de desen- volver mais trés versos: os versos 9 a 11, que nao foram publica- dos, prevalecendo o processo de condensag’o que se afirmava desde as supressGes na 1% versio, Na passagem da 1? para a 2? versio, ocorre o processo de criagdo por amdlgama de versos. Os versos 5, 9 e€ 10 da 1? versio foram amalgamados: a expressio “a Terra toda” do verso 10 passa a substituir a palavra “distancia” do verso 5. Nos versos 9 € 10, 0 que nao foi suprimido permaneceu na 2* versio em ordem inversa, ou seja, o verso 10 antecedendo o verso.9, com o acréscimo do verbo “seria” no verso 6 da 2* versao. A partir desse am4lgama, foram criados os versos 5:e 6 do datiloscrito. A 2? versio do poema XII nao foi datilografada como um texto pronto: ha palavras que deveriam receber acento, por exem- plo, mas que nao foram acentuadas. Essa caracteristica se repete em todos os datiloscritos de Amavisse, Portanto, os datiloscritos no sao textos definitivos no olhar da escritora. As rasuras das verses datilografadas — inclusive do poema XII — também pro- vam que os datiloscritos hilstianos nao devem ser considerados comg@ textos acabados. Sendo assim, serao considerados como material de trabalho. Podemos notar que, mesmo -rasuradas, as palavras continuam a ter significado para Hilda Hilst: podem ser repensadas e 100 . MANUSCRITICA.N2E7 reformuladas. O que foi rasurado continua sendo visto como pos- sibilidade de fazer parte do texto novamente. No verso 5 da 2? versio, por exemplo, a palavra “toda”, que havia sido suprimida na 1* versio (verso 10), volta 4 cena. Dessa forma, nota-se que a autora nfo da a suas escolhas a chancela de definitivas. Através do estudo dos manuscritos, podemos notar que, cami- nhando de uma versio para outra, os ajustes vio diminuindo, o poema vai se definindo melhor. A condensa¢ao como mecanis- mo fundamental do fazer poético fica mais evidente na tiltima versio: dos 15 versos que o poema XII apresentava na 1* ver- sio, restaram apenas 8 na 34, revelando uma redu¢io de pratica- mente metade dos versos. Outro fato que corrobora a idéia de que a condensacao € um elemento essencial no processo de criagio poética é que nao ha praticamente acréscimos no processo criativo do poema XII; as alteragdes mais freqiientes sao as supressGes e as substituigdes. ANALISE DO Tom DOMINANTE po PoEMa XII: o Tom pe DeEsEjo Em “La dominante”, ao tratar do verso livre tcheco, Jakobson afirma que “nem a rima nem qualquer outro modelo silabico sao imperativos para que haja verso; em vez disso, 0 elemento im- perativo reside agora na entonacio — ou melhor, a entonagao tornou-se a dominante do verso” (1977, p.78; traducio livre). > Os poemas de Amavisse também nio se estruturam pela rima ou pela métrica; portanto, o tom de cada poema pode ser analisado como elemento de maior valor, se for definida uma escala hierar- quica de valores. Assim, sera analisado 0 poema XII: a partir de seu tom dominante. 3. “Aujourd’hui que les Tchéques se sont arrétés 4 la solution d'un vers libre moderne, ni Ia rime ni aucun moddle syllabique ne sont impératifs pour qu'il y-ait vers; au liew de cela, I'élément impératif réside maintenant dans Vintonation; - intonation, autrement dit, est devenue la dominante du vers.” (Jakobson, “La dominante", 1977, p.78). ‘Letrura GENETICA DO PorMa “Se ‘Trvess MADEIRA E ILUSOES” 101 A existéncia de condigdes — marcada pelas oragdes adverbiais condicionais — nos direciona ao tom de desejo. E a partir de uma voz que clama por a¢Ges hipotéticas — marcadas pelo imperfeito do subjuntivo e pelo futuro. do pretérito - que se identifica um ser desejoso. Segundo Claudio Willer, “Amavisse representa o melhor do lirismo de Hilda Hilst, ao celebrar o amor € 0 desejo...” VYornal do Brasil, 17/12/90). & importante relembrar que Amavisse foi publicado pela segunda vez na coletinea Do desejo, participacio um tanto sugestiva se atentarmos o titulo da coletanea. Os desejos expressos nas entrelinhas do poema XII serio identificados ao longo da anilise a partir das agdes hipotéticas fazer e moldar, “Faria um barco e pensaria o arco-fris; Te molda- ria numa carne de antes / Sem nome ou Paraiso.” Em Amavisse, hd outros poemas.em que o tom de desejo é elaborado: “Como se te perdesse, assim te quero” ‘ (poema II da série Amavisse); “Carrega-me contigo, Passato-Poesia” (poema I da série Amavisse), “Amor chagado, de ptrpura, de desejo / Pontilbado” (poema IX da série Amavisse); “Que as barcacas do Tempo me devolvam / A primitiva urna das palavras” (poema VI da série Amavisse); “Aquele fino trago da colina / Quero trancar na cancela / Da alma.” (poe- ma VII da série Amavisse); “Um poema entre-muros / Quer nascer, de carne jubilosa” (poema XIX da série Amavisse); “De cigarras e pedras, querem nascer palavras” (poema I da série Via Espessa). 2 Somente no 3° verso — “Se te pensasse, amigo” — a existéncia de uma relagao amorosa é percebida. A palavra “amigo” leva- nos na diregio do Trovadorismo portugués, especificamente das cantigas de amigo. . Assim como na cantiga paralelistica, uma das formas da canti- ga de amigo, o poema XII da série Amavisse apresenta um traba- tho formal apurado: estrutura-se através de paralelismos e é€ in- teiramente dividido de dois em dois versos. A divisio em pares 4, Tudo o que esti marcado com itdlico nas citagdes € grifo meu. 102 MANUSCRITICA. N27 de versos nas cantigas paralelisticas realiza-se através da separa- Ao por estrofes, enquanto no poema: de Hilda Hilst se compde por pausas, marcadas por ponto final e de interrogagao: os trés primeiros pares de versos sao definidos por ponto final nos ver- sos 2, 4 e 6, € o Ultimo par com um ponto de interrogacio no verso 8. Assim, nota-se que o poema XII, apesar de ser formado por apenas duas estrofes, carrega a divisio de versos em pares, marcada pelas pausas que criam o ritmo do poema. A inovagaio tem como tela de fundo a tradigéo, como destaca Jakobson.*> Ou seja, 0 poema XII inova ao ser dividido em apenas duas estrofes, mas retoma a tradi¢ao trovadoresca ao exibir como tela de fundo uma divisio de dois em dois versos. Da mesma forma, na 3* versio, o desequilibrio na diviséo das estrofes — de seis e dois versos respectivamente — partiu de uma divisio harménica de dois quartetos na 2* versio. Assim, € a partir da tela de fundo composta pelo equilibrio que se constréi o desequilibrio. A desordem, 0 desequilibrio, sao intencionais e possuem uma fungio na obra hilstiana: “Comecei me deses- truturando depois de 20 anos de poesia arrumada. E esta lingua- gem ordenada de comportamento que quero desordenar reflete a €poca, o movimento visceralmente conturbado.” (Depoimento de Hilda Hilst, Folba de S. Paulo, 19/7/77). A partir dos’ dois exemplos acima, nota-se que é preciso conhecer profundamente a tradicfo para poder inova-la. Como nas cantigas de amigo, o eu lirico feminino do poema XII sofre com a auséncia do amigo/amado, marcada nos manus- critos pela palavra “distancia”. Na 12 versio manuscrita, o desejo de aproximagio entre a mulher e seu amado é elaborado: “Se eu te tomasse, amigo, a distancia Seria / Um/o invisivel fio”. Na 2? versio, a distancia ganha outro sentido, ou seja, liga-se ao eterno: “epara-te-ser-etema / eu-te—seriadistancia / e~proibica.” Essa relacgio entre distancia e eternidade é eliminada ao longo do processo de composi¢io, nao figurando na publicagio do poema 5. “un Cest sur la toile de fond de fa tradition que Finovation est pergue” (Jakobson, "La dominante’, 1977, p. 85). Lerruna Genémica DO Porma “Se TIvesse MADEmRA & ILUSOES” 103 XII. Permanece, por exemplo, em Cantares do sem nome e de partidas: “E preferir auséncia e desconforto / Para guardar no eterno o coragio do outro” (parte II). Da 2? versio para a 34, a palavra “distancia” é suprimida. Contudo, seu significado perma- necé implicito na auséncia do amigo. A partir da auséncia indesejada, nota-se um outro desejo, o de chegada: “a Terra toda / Seria de saliva e de cheganga." Em Riitilo Nada, a idéia de cheganga esté muito préxima a de querenga: “E muros de chegancga. De querenga.” (1993, p.26). Assim, a referéncia 4 cheganga pode ser analisada' como o desejo da chegada, que se opde 4 distancia, 4 partida, 4 despedida, a auséncia. Mas, na obra hilstiana, o desejo em si € mais valorizado que a prépria presenga: “c~parate-ser-eterna / curteseriadistan- cia / e-proibida” (2? versio do poema XII da série Amavisse); “E preferir auséncia e desconforto / Para guardar no eterno o cora- ¢4o0 do outro” (Cantares, parte IID; “Como se te perdesse, assim te quero.” (poema II da série Amavisse). Ao comentar.o poema II da série Amavisse, Hilda Hilst afirma: “Sempre que vocé esta indo embora, niio falo necessariamente de morrer, vocé pode ficar no coragao do outro. Quando vocé usufrui do outro completamen- te, € 0 outro de vocé, a coisa acaba sendo esquecida. £ melhor Sicar o desejo, sempre’ (Folha de S. Paulo, 16/4/97, p. 4.1). Em muitos poemas de Amavisse, h4 uma voz lirica que conso- lida a auséncia como a vivéncia da “despedida” (poema II da série Amavisse), da “dissolvéncia da paixao” (poema VIII da sé- tie Amavisse). Esses exemplos permitem que se estabeleca uma relagao com o titulo Amavisse, infinitivo perfeito do verbo latino amare que significa “ter amado”. Pode-se notar, dessa forma, a forte presenga do Tempo na obra hilstiana: “Penso linhos e un- giientos / Para 0 coragao machucado de Tempo.” (Do Desejo; poema IX da série Da Noite). Em Amavisse, a questao temporal, especificamente da relagio entre o passado e o presente, tam- bém explicita-se no titulo de outra obra de Hilda Hilst: Estar sendo. Ter sido. Em Amavisse, além do poema XII, ha outros que enfatizam esse estar sendo, ter sido: “Guardo-vos manhias de terracota e azul / Quando o meu peito tingido de vermelho / Vivia a dissolvéncia da paixao. / (...) Guardo-vos, iluminadas / Recendentes manhis tao irreais no hoje / Como fazer nascer 104 MANUSCRITICA.N°7 girassdis do topazio / E dos rubis, romis.” (poema VIII da série Amavisse); “Se chegarem as gentes, diga que vivo o meu avesso, / Que ha um vivaz escarlate / Sobre o peito de antes palidez, e linhos faiscantes / Sobre as magras ancas, e inquietantes cardu- mes / Sobre os pés.” (poema IV da série Amavisse); “Extrema, inomeada, toco-me a mi / Antes; tio memoria. E tio jovem agora.” (poema XIII da série Amavisse). No poema analisado, a questao temporal pode ser analisada em duas situagGes: 1) a situagio presente; 2) e aquela que pode- ria ser vivida (marcada pelos verbos no futuro do pretérito) ou que pode ter sido vivida (pela sugestio do titulo Amavisse). Nao entraremos no mérito dessa questo que parece, a nosso ver, insolivel. Mas pode-se certamente pensar na referéncia a uma relagio amorosa vivida no passado. De qualquer maneira, a se- gunda situagado € hipotética, por ser pensada, caracterizando um mundo imaginado. Ao decifrar algumas imagens desse mundo, identifica-se um ser desejoso. A voz lirica apresenta, na 1* estrofe, um mundo construido no imagindrio através de agdes hipotéticas: “Faria um barco e pen- saria © arco-fris”; “Te moldaria numa carne de antes / Sem nome ou Paraiso.” O que sugere o desejo de fazer um barco e de pensar -o arco-iris? Voltemos aos versos 1 e 2. Ali, é importante nao dissociar as palavras “madeira” e “ilusGes”, pois ambas sio matérias-primas para criagdes vinculadas ao eu lirico: “Faria um barco e pensaria 0 arco-fris”. Fazer um barco e pensar o arco-fris ligam-se ao desejo de criar em um contexto de sobrevida, de vazio, de presque-rien: “minha possivel sobrevida”. Assim, nota- se que a situacao presente caracteriza-se pela possibilidade de sobrevivéncia. O nao-pensar implicito no verso 3 — “Se te. pen- sasse, amigo” — também representa 0 ndo-viver, 0 quase-nao- viver ou a sobrevida, ao contrério do pensamento que, na obra hilstiana, carrega em si o significado de vida: “Para mim, 0 pen- samento é€ vida” (Hilda Hilst). A sobrevida pode ser analisada como um filete de vida se for relacionada com uma passagém d’A Obscena Senhora D: “e..filha...ainda fechando as janelas, curvando a nuca, sozinha nesta escuridao, 0 que te parece parco e pequenino, um filete de vida desaguando magro sobre toda tua superficie de carne e ‘Lerrura Genémca Do Porma “Sr Tivesse MAbmma £ InusOrs” 105 viscera, ainda isso é pleno e basta para a vida, Hillé, perguntar nZo amansa 0 cora¢io.” (p. 69). Nessa passagem, percebe-se que um filete de vida nao basta para a personagem hilstiana Hillé, a Senhora D, por ser.parco e pequenino, o contrario do que © pai dessa personagem considera pleno. Assim como um filete de vida nao basta para Hillé, a sobrevida nao é suficiente para o ser desejoso do poema XII. Dessa maneira, nota que ha um desejo de plenitude, de vida intensa no poema em questio, representado pelos desejos de completude, de perpetuagao, de liberdade e de reformulag4o, que serio analisados. Ha um pensa- mento partindo do presque-rien — representado pelas limitagdes expressas nas oracdes condicionais e pela expressio “possivel sobrevida” ~ em direcao de uma vida plena. Esse contraste entre 0 vazio € a vida plena ou intensa é representado por uma imagem em Riitilo Nada; “Muros intensos / E outros vazios, como furos” (1993, p. 26). Sendo assim, 0 tempo presente se pGe como um tempo sem cor, embagado (“De uma fome de afagos, tigres bacgos / Vém se juntar a mim na noite oca”; poema III da série Amavisse), sem brilho, sem luz (‘da ndo luz dentro da minha matéria”; 1993, p. 46): tempo de “oquidio” ou de vazio representado em intimeras obras hilstianas. Por oposigio a esse tempo embagado, € preciso pensar o arco-iris, que implica cor, luz; é preciso desejar uma vida plena, que implica “juventude e vivez” 993, p. 46), impli- citas na palavra “saliva”. A saliva, no poema’ “XII, pode ser vista como referéncia ao mo- Ihado, que se liga 4 juventude na obra hilstiana, ao contrario do seco, que se liga & velhice: “... secos como o sexo das velhas, molhados como o das jovens cadelas...” (1993, p. 45). A relacio entre juventude e vida, velhice e morte é uma constante na obra hilstiana. A saliva, neste contexto, implica um desejo de vida plena, intensa, que se contrapde A sobrevida. A impossibilidade de pleni- tude é uma quest3o muito presente na obra hilstiana: “que o homem [..] sinta amor sim mas que nunca fique pleno” (1993, p. 48). No mesmo campo semintico da vida plena, localiza-se o de- sejo de completude, expresso na vontade de abranger a “Terra toda’. Em varios poemas de Aimavisse, a completude no amor é apresentada através de imagens: “Como se te perdesse, assim te 106 MANUSCRITICA.N°7 quero. / Como se nao te visse (favas douradas / Sob um amarelo) assim te apreendo brusco / Inamovivel, e te respiro inteiro / Um arco-iris de ar em aguas profundas.” (poema II da série Amavisse); “Amor de sombras de ocasos de ovelhas. / Volto como quem soma a vida inteira / A todos os outonos.” (poema XI da série Amavisse). A completude € representada também pela unido plena de dois seres: “Extrema, toco-te a boca como quem preci- sa / Sustentar o fogo para a propria vida. / E imido de cio, de inocéncia, / E & saudade de mim que me condenas.” (poema XIII da série Amavisse). O desejo de vida plena e o desejo de completude podem ser estendidos ao de eternidade, que foi desenvolvido nos cinco Ultimos versos da 2* versio do poema XII. Em outros poemas hilstianos, encontra-se também esse desejo de eternidade ou de perpetuagao: “O Nunca Mais nao é verdade. / Ha ilusdes e assomos, ha repentes / De perpetuar a Duracao.” (Cantares, par- te V); “As barcas afundadas. Minhas palavras. / Mas poderio arder luas de eternidade.” (poema XVII da série Amavisse). Na expressio “sem nome ou Paraiso”, pode-se pontuar uma representagio do desejo de liberdade, implicita nos desejos de ignorar ou de eliminar o pecado e a clausura: “Sem-peeado-e elaustra-/ E Sem nome. Semr-paraise.” Moldar o amigo remete-nos a um desejo de reformulagao. Em Amavisse, esse tipo de. desejo é muito forte, sendo expresso de varias maneiras: “Os ponteiros de anil no esguio das aguas. / Tua sombra azulada repensando os tios / E agudissimas horas atravessando 0 leito / Das barcagas.” (poema XI da série Amavisse); “Tecida de carmim no tragado das horas / A vida se refaz: / Um risco de sorriso nos olhos luminosos / Um ter visto / O tragado do extenso no inimaginavel Paraiso. / E de novo, no instante / Pali- cadas e juncos. / E agudos gritos de um passaro nos alagadi¢o: (poema XV da série Amavisse); “Uma mulher me viu no roxo das ciladas: / Esculpindo de novo teu rosto no vazio.” (poema X da série Amavisse). O Ultimo fragmento citado acima apresenta 0 vazio como um espaco onde cabe 0 refazer e o reconstruir, sugeridos, pelo dese- jo de criar, representado no poemia XII através dos verbos “fa- zer” e “moldar”. O vazio, neste contexto, seria um ritilo nada, i | | | | { j ; ‘Lerrura Grnénca Do Poena “Se Tivesse MApetRA E Inusdrs” 107 espaco no qual é possivel refazer o presente — ou a sobrevida — através do desejo ou do mundo imaginado, problematica que serA desenvolvida também na parte 3 deste trabalho. H4, na obra hilstiana, outros exemplos do vazio que se transforma ou que pode se transformar em luz e cores: “Qué? Estas louca. Vivo num vazio escuro, brinco com ossos, estou sujo sonolento num deser- to, ha o nada e 0 escuro / Nao te escuto / Digo que durmo a maior parte do tempo, que estou sujo / O qué? O que, meu Deus? Nao te escuto / Que um dia talvez venha uma luz dai” (1993, p. 50); como vive o tempo ai? Escuro e de repente centelhas de cores...” (1993, p. 50). Entre os desejos levantados nesta andlise, o de vida plena € 0 mais amplo, envolvendo os demais. Como, vimos, a vida plena e intensa € percebida através dos desejos do eu lirico e através do mundo construfdo no imaginario: mundo idealizado, repleto de cores, luz, vida. 3 Como nas cantigas de amigo, h4 no poema XII a presenga de um confidente com quem € mantido um didlogo. Na cantiga de amigo, normalmente se trata da mae, de uma amiga ou de ele- mentos da natureza ‘personificados. No poema XII, ha uma per- sonificag3o da vida quando a palavra foi grafada com a primeira letra em maitiscula. A principio, imagina-se que h4 um didlogo com a Vida, mas se analisarmos o sentido dos dois tltimos ver- $08, notaremos que © eu lfrico apresenta um desejo de que a Vida dialogue com ele, ou. seja, que pense nele, que nao o ignore. E como se a voz lirica afirmasse no verso 7: ‘a Vida nao me pensa”. Assim como o amado, a Vida é um ser ausente. Neste caso, a auséncia é um pouco mais profunda: passa a ter o sentido de abandono. O abandono € reescrito constantemente em varias obras hilstianas, Em Amavisse e n'A Obscena Senhora D, ha intimeras representagdes do abandono divino através da indiferenga de Deus e através de sua distancia: “Senhor de porcos e de homens: / Ouviste acaso, ou te foi familiar / Um verbo que nos baixios daqui muito se ouve / O verbo amar?” (poema-epigrafe); “Lava- 108 MANUSCRITICA,N°7 do de luzes, um deus me movimenta. / Indiferente. Bufo.” (poe- ma IX da série Via Vazia); “vé como a Agua se espraia em dire- ¢ao a nada, vai avangando, engolindo tudo no caminho. Engulo- te homem Cristo no caminho das Aguas, se eras homem sabias desse turvo no peito, desse grande desconhecimento que de tio grande se parece 4 sabedoria, de estar presente no mundo sa- bendo que ha um pai eternamente ausente.” (1993, pp. 68-9); “Desamparo, Abandono, assim é que nos deixaste. Porco-Meni- no, menino-porco, tu alhures algures acolé 14 longe no alto aliors, no fundo cavucando, inventando sofisticadas maquinarias de carne, gozando o teu lazer: que o homem tenha um cérebro sim, mas que nunca alcance, que sinta amor sim mas que nunca fique pleno, que intua sim meu existir mas que jamais conhega a raiz do meu mais infimo gesto...” (1993, p. 48); “desesperada, Ehud, porque todas as perdas esto aqui na Terra, e o Outro esta a salvo, nas lonjuras, en el cielo, a salvo de todas as perdas e tiranias, e como € essa coisa de nos deixar a nés dentro da miséria? que amor é esse que empurra a cabe¢a do outro na privada e deixa a salvo pela eternidade sua prépria cabeca? e o que Ele fez com J6, te lembras? / teu deus esta a salvo, Hillé, fica contente / que boniteza isso de am4-lo nos seus confins ¢ charfurdar por aqui” (1993, p. 74). A partir da auséncia e do abandono, surge o desejo de se aproximar do ser amado e da Vida. Essa aproximagio, ao longo do processo criativo, foi deixando de ser fisica, o que foi desen- volvido anteriormente na ‘andlise da palavra “cheganca”. Nas pri- meiras versdes, havia um desejo de tomar o amigo e a Vida, 0 que é substituido pelo desejo de pensd-los. A auséncia e o abandono estio ligados ao vazio, ao nada: ‘a vida era resplendor e prata, demasiada rutilancia se tu me toca- vas, € sinistra e solugosa e nada quando tu nio estavas.” (1993, p.60). Mas, muitas vezes, o vazio propicia um espago que per- mite reconstruir 0 presente, como vimos na parte 2 deste traba- Iho. Os dois tltimos versos do poema XII, por exemplo, suge- rem um desejo de reformulagao a partir do vazio, da auséncia, do abandono: “Se me pensasses, Vida, que matéria / Que cores para minha possivel sobrevida?” Trata-se de um questionamento a respeito da situag’io presente ou da sobrevida, HA, portanto, um Lerrura GENEMICA DO Porma “Sr Tivesse MADEIRA E ILUSOES” 109 incitar 4 reflexao sobre como poderia ser o presente com a anu- lago do abandono: que matéria, que cores teria a vida? A entonacio interrogativa dos Ultimos versos faz com que o desejo de reconstrugao do presente ganhe um tom mais inquie- tante, Em Amavisse, a inquietagao e a angtistia ocorrem significa- tivamente: “Se chegarem as gentes, diga que vivo 0 meu avesso. / Que ha um vivaz escarlate / Sobre o peito de antes palidez, e linhos faiscantes / Sobre as magras ancas, e inquietantes cardu- mes / Sobre os pés.” (poema IV da série Amavisse); “H4 um incéndio de angtistias e de sons / Sobre os intentos.” (poema X da série Amavisse). De maneira angustiada, apresenta-se também a presenga do incompreensivel € 0 desejo de compreensio na obra hilstiana: “Suportaria o estar viva, recortada, um contorno incompreensivel repetindo a cada dia passos, palavras, o olho sobre os livros, intmeras verdades langadas 4 privada, e mentiras imundas exibi- das como verdades, e aparéncias do nada, repeticdes. estéreis, farsas, o dia a dia do homem do meu século?” (1993, p. 46); “a vida foi isso de sentir o corpo, contorno, visceras, respirar, ver, mas nunca compreender” (1993, p. 59); “ando cheio de nés de angtistia, de tormentos, por pertencer a um corpo que no enten- do, nem entendo o minimo, nem as unhas, nem o dedo mindinho” (1997, p. 40). Também € freqitente, nas obras hilstianas, a incompreensio e o desejo de compreensiio: “Entardecido de sons que nao compreendo.” (poema XX da série Amavisse); “~ Por qué? perguntei adusta e ressentida.” (poema IX da série Via Espessa). Enfim, no poema XII, percebe-se um desejo de reconstrugao do presente com outra matéria, com outras cores. Esse desejo, nos Ultimos versos, torna-se mais inquieto na voz de um ser “perguntante”, caracteristica comum de certas personagens hilstianas. E a partir de um mundo imaginado/idealizado pelo eu lirico que se identifica um ser que deseja vida plena. CONCLUSOES O tom dominante do poema “Se tivesse madeira e ilusGes” é 0 de desejo. Dos desejos levantados nesta anilise, o de vida plena é o mais amplo, j4 que envolve os outros analisados neste trabalho. 110 MANUSCRITICA. N27 A auséncia e o abandono — questdes fundamentais na obra hilstiana e no poema XII especificamente — ligam-se ao vazio, ao nada. Mas, muitas vezes, o vazio propicia um espaco onde é possivel refazer, reconstruir, o-que é sugerido no poema em quest3o pelo desejo de criar. O vazio, neste contexto, seria um nitilo nada, um espacgo no qual € possivel refazer a sobrevida através do mundo imaginado/idealizado ou do desejo. Desejo de reconstrucio do presente, por exemplo, com outra matéria, com outras cores. Enfim, desejo de vida plena. REFERENCIAS BIBLIOGRAFPICAS BORSERO, Cassia Rosana. 1995. A mde dos sarcasmos. So Paulo. (trabalho de conclusiio de curso sobre Hilda Hilst; Escola de Comunicagiio ¢ Artes-Uni- versidade de So Paulo). FAUSTINO, Mario. 1977. “Poética: didlogos de oficina”. In: Poesia-experténcia, Sao Paulo: Perspectiva, pp. 27-69. HILST, Hilda. 21/6/86. Uma conversa emocionada. amor ¢ 0 ato de escrever. In: Jornal da Tarde. HILST, Hilda. 1989. Amavisse, Sio Paulo: Massao Ohno. 1992. Do desejo, Campinas, SP: Pontes. 1993. Rtitilo nada. A obscena senbora 1D. Qadés, Campinas, SP: Pontes. . 1995. Cantares do sem nome e de partidas. Sio Paul . 1997. Estar sendo. Ter sido, Sio Paulo: Nankin Edi JAKOBSON, Roman. 1977, “La dominante”. 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