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GRANDES TRADUGOES sa colo ten ios fundamentais, de fegio eno-eeo, {que ne foram fangs no sl iveram eeu restla ‘ou esto hi Seta fra de eatlogoe agora chegam ao mereno em edges taduridas © coments polos melhores poisson em aida no pas. Outros tiulos MIDDLEMARCH, de Georg Et por Leon Fis [AGONDICAO HUMANA, Aad Nias, por vo Bano 'RCIENCLA NOWA, de Gita Vio pr Neo Laces OGATTOPARDO, de Tess Lampe or Marin Cols ‘05 SETE PILARES DA SABEDORIA, de E. Lawes, orc. Mocindo| AESPERANCA.de Ant Makar Ean git JOANA D'ARG, de Mark Twain, por Maia Alice Mixino CCONTOS DE AMOR, DE LOUCURA E DE MORTE, de Hersco Quiros, por Exe Nepamaceno AINHA VITORIA, de Ltn Sncey, por Lino Tigo ‘DOUTOR JIVAGO, de Bois asters, por Zoi rests RETRATOS LONDRINOS, de Cases Dickens, por Marcello Rollers (OGRANDE GATSBY; de Feat Fegeald por Rabeto Mugs [APRINCESA DE CLEVES, de Madame de Lafiyt, por 60 Sehltnan a> John Ruskin A economia politica da arte ‘Teataeapreentag RAFAEL CARDOSO EDTTORA RECORD NO DE JANEIRO * S40 PAULO 2004 ‘THE POUFTICAL ECONOMY OF ART Cony Eto Rec, 2008 Tels itera epee mete ‘SEs smorsariporecrn Prod vena gota gs3 ‘Sigler de Oxo Siriano noon esemrcosne rn pedal tesla Ine ron ise aeatasra ? e01008 PELO REEMBOLSO POSTAL. Peal 2.052 SS? Seine aon a SUMARIO Aprosemagto 7 A descoberta ea alicasio da arte 23 Aacumulaggoa distibuigio da are 65 ‘A obra do ferro na naturezs, na arte ena politica 113 ‘A manufature moderna e o design 155 Croologia 187 APRESENTAGAO Rafael Cardoso John Ruskin (1819-1900) fo, sm dvi alguns um dos pen- sedores mais influntese origins do século 19, No que diz espelto ao primero questo, aflugncs, abe citar dente seus seguidoresdrctos, letres amirdres William Monts, Oscar Wilde, Maree! Proust ¢ Mahatma Gandhi. Autor prolife & ‘enormemente popularem sua épocs, em entre sss obras ais famosas cinco volumes de Mir Panter (1843-1860), The Seven Lamps of Architecture (1848), os tr volumes de ‘The Stone of Vence (1851-1853), Unto This Last (1852), The Crown of Wild Otive (1866), Time and Tide (1867) © Fors CCavigera, pblicada em diverse prtesentee 1871 1884, Sua ‘obra completa fo organizada defnitvamente em 39 volumes centre 1903 1912 por seus dscfpulas EL. Cooke Alexander ‘Weederbumepublicada porseweralano editor George Alen, [No que diz respite ao segundo questo, eriginalidede, bast Fembrar que Raskin fo muito provavelmente 0 primeitocrit- ‘co empregaro termo “arte moderna” —vnte anos antes da ‘mademité de Bawdebsire—, com o sentido de marcaruma rup- ‘turacom tudoo que veioante ede valor, por contaposs, ‘sarcedo presente, Foi ainda um ds pimceosexcritresacha- mara atengfo do mundo pao que vir a se tomar, no sfeulo 20, "ers arnbientl", prncpalmente através do vo profit 0 The Storm-Clou ofthe Nineteoth Conary (1884). ‘Apestr da imponéncia dessascredencias, Ruskin continua ‘pouco conhecido no Br eainda menos ido. primelea tn tativa de tradi suas fdas pore oconbecimento do pblico brailiro vei através de José Veresimo, que dedicow um en ‘so Raskin em sua sie sobre “Homens e Cosas Estrangei- ras" Ess incativa fo seus, ns 1930, por um obscura vo, de autora de Arosto Bera, intitulado Semeadores do Bella -Estudo sobre Pedro Ile Rus. Somente 2a década de 1990 hou uma tentacva do franquearacesso @ um texto mas ex tensa de Ruckin, com a publicagso do primeio volume de Pe das de Vene2a, iniciativa vitimads pela decisio editorial Iimperdosvel de tradi livo apart de sa versio Fances, «fo do orginal em inglés. Mais recentemente,o estudo de Gilberto Pim, bolza sob spite (2000), veo oferecer uma Incrodugio mals sstemstica a0 peasamento de Ruskin no que di espe ao tema do ornamento.O presente volume repre= sent, portato, uma oporsnidade inélts, © mals do que ar- di, de aceso (quase) direto font par leitorbraleiro que ‘no fuente em inglés. Existem sages estruturis que justificam a austncia das obras de Ruskin no merc brsileico,Pimeleamente 0 lito , por extensto,o editor — € cbrigado a enfentar a dif {questie deescalher por onde comesar:Diferentementede seus contemporiaeos mais divulgados, Ruskin ao produ nenhurm livo-sinese, uma obra que resumisse de modo acabado se pensemento © suns oinies. Aa contri, quasenio huni deem Ruski, Sus melhores dias e formulagies esto espa- Tada a0 longo de muitos volumes e vias décadas, pipocando ‘AECONOMIA POLITICA DA ARTE ° gui caliom frases éieas,prigrafe epigramitics ecaptulos seni estes com cert freqigacaperddos entre pga mais fgina de dvagaSes tortuosas opines repetidas, Por ainda rao género de estudiogns que buscar método e sistema, sua ‘obra esti permeade das contrdgses tips de uma mente ati 4p, abrangentee elétia, que se interessa por virios asuntoe a0 mesmo tempo. O prSpelo Ruskin se orgulhava des conf ‘So, chegando a afimar em certa casio que considera que no havi espotado plenameate um assunto enqusnta no cai se em contradigio pelo mencs tts vezes. Plimorfaedescon- ‘rola por nature, sua obra tem encontrado expresso mais ‘corriquera em antoegias a quaisoferecemavantagem de fre ‘os seus encesos mas, 20 mesmo tomo, perem muito do si bor de acompanhar igen peculiar do autor. ‘Um segundo obsticulo 3 divulgagio da obra de Ruskin reside em sua linguagem tipicamente vitoriana: pomposa, floreaa, prmeada de estrucurasgramatisis rebuscadas e de cologuilismos obscuros,abarrotada de sentimentaliemo, de referencias biblicas ede toda a carga de preconceitostipicas 4d auge do imperialismo bitnico. Para o século 21, com sud dua senibiidade itera e sua consciacia exacesbada do politicemente correto, 0 peimeieo conto com Ruskin pode ser uia experiénciaingrata.O leitor precisa esta preparado tanto para refertnclsfrancamente racer povoe“brberos" e“sehagens”, quanto para apeos ds mais pega suacapocl- dade de emocionar-se com uma cena de harmonia doméstic, ‘com a Igrima de uma erlang ou 0 desabrochar de uma flor Porém, ultrpassada a estranhera inicsl,descabre-se na line _uagem de Ruskin um fascinio todo especial. Um mestre da rosa de lingua ingles, e nada menos do que umm genio na are a retrica, seu texto seaba por domina © eitor com su t= smo contusbadoe intenso, embalando quem se entrega a cle com toda a forc inexorsvel de uma corrente maritima. sss cus dificuldades esto smads, m pate na presen- te edigio, Optou-se por constitu este volume de quatro par lesteasproferdas por Ruskin na década de 1850, as primeiras dds dis quai foram publeadas durante sus vida sob o ttulo Jey For Ever, eascuitduneextsdas dem volar iniulado ‘The Tivo Paths, em que aparecems em urn conjunto de cinco pilestas, Ess apo nfo se deve a qualquer nago de repre- entativdade, Os textos que complem este volumendosSonem ‘of mas fanozor do autor nem os mais polemics, e nem carac- terizam um momento “tpico" ou lisseo" de seu pensamen- to (at porque nono exits), Sto, no entato, textos de uma fase extremamente rict na biograia de Ruskin, preduzidas no momento em que @ autor fizia a transiio de ertico ocupado texchisvamente com questées de arte e arquitetura —o que & ‘mais ov menos o cto até 1853 —, paraa fase em que passou a prvlelar as grandes questées rains de sua época — como economia, trabalho lazer, justga equerrs—, oque éclarmen- te0caso sp 1862, Nese interim, dedicow muito do seu pen- samento 8 fungio soil da arte ¢, por extenso, 8 andlise da Incipient dea de design para fins industri. A seegio de por ‘onde comesaesté fits, portant, com base no rita asbit- rio (mas, nem por isto, menos vilido} dos interesses do corgunidor. Em defess ds mes, vale resaltae a progressio visivel no discurso do autor entre data das primeirasduas par Testrasagulinchidae (1857) e da Gina (1859). £atido © process de amadirecimento do seu peasamento politico nes- se brevisimo interval, ea quarts paesta do presente volume se presenta como tims espécie de cerejecorcando o sundae para quem se preacupa coma relagSe entre devigre sociedad. AECONOMIAFOLITICA DA ARTE a Quantodsdiiculdades da inguagom, 6 proprio ato ds ta- seencarrege de failtar um pouco as coisas. Ninguém €tradwzdo impunemente, e passager do inglés ruskniano para portuguésdo Breil do século 21 jenvolvecbrigatoria- ‘mente uma alteragio da cadéncia eesteutura do text. Embo- Fa tenba sido feito um grande esorgo para manter o tom, Aicgo eo ritmo earacterstics da fala de Ruskin, Forum ne ‘cestrios algun jurts como ntuita de grant a latelgbl dade da tradi, Foram syetadasa uma aleraio sstemaitica a5 notras eases interminsves do autor, bm como sua pon- ‘tuagio muitas vezes enigmética. Em se tratando de paestas, ‘manteve-se a estratégia consagrada de transerevE-as com to- os os recurso etdricos da discurso orl Finalmente, no que dia respeito i dgresses e as excesss do texto muskiniano, ‘optowse por realizar pequenos cortes mos ecasies em que agua divagact do autor pudessedesviar a atengo do litor para temat de interes imitade nos dis de hoe, So poucos 15 trochos assim suprimidos, todos estio devidamente a nals com retiencias entre colchetes. Ruskin iniciou sua carrera em 1843 com a publicgio do pri- _melro volume de Modern Ptners, cujo tu e subsea ftra zem o sentido geal do arguments: “Pintores moderna: sua ‘superioridade na arte de pintura de paisagens com relagio 20s _mestres antiges.A partir do uma argumontagio densa sobre os conceitos de pode, verdad, imitago, beleza, rele © 0 su- ‘lime aa platura, olive prope que alguns pintores conter> porineos aproximavam-se mis da repesentagio da natureza como ela € do que haviam felt seus antecessores bistros, cul principal ocupas fora de conjugar convengses pcti- ‘at como intuit degerara representasioiusonista, Segundo Ruskin, verdadeirs Fung da pnt seria de registrar as rela- Beevitais consti da sturza (© que cle chamava de rath to nature), e néo de simular mimeticamente a aparéacla das coins printerméso de ofdigosde represents cada vez mai sofisticados. Ruskin inauguava assim olitigi contr'a mimes, ‘Que vrs a consttuirse em tnica degrade parte da critica de aree moderna no século 20. Contudo, a grande concbuigio tecrica de Modem Pinter, freqdentemente esquecda, fo a de extabelecer uma coresponlénclaexplcta entre pinturs linguagem, forjando a ponte entre visual e verbal que viriaa se ‘tornar um dos fundsments ds evoligio posterior da arte, ( grande exerplo empiico da tora estética defendida soll ers pntor Joseph Mallrd Wiliam Taner, posterior mente resgatado pelos impresslonsts como omalor precursor dd principio moderne de derfzer a spréncias em beneficio daqulo que consideravem verdades da percepeto visual. A partic da déeada de 1830, Turner empreendeu um efor si ‘temitica de prvilegiar efeitos de cor, ze atmosfera em suas telas,desmontando a constracio tradicional do espaso picts- rico a um ponto que beirwa a abstrasio.Inicalmenteincom- preendidas pelo grande pablico, esas teas "borradas" da fase ‘madura de Turner sofreram duros ataquesnaimprensspetl6- ica britinie,notedamenteno ano de 1836. Ojovem Ruskin, _paixonado pela obra do pinto, tomou as dore langow-se uma defess do artista mais vel, que desaguou alguns anos mais tarde no prmeio volume de Modem Painters. O livro fol um estrondaso sucesso, nem tanto pela validade filossica de seus argumentos, mas pela elogéacae lucidex com que ‘exlicava concetoeartticos complexos para um pablio de ( _AEcONOMIA rOLITICA BA ARTE » rir por principio o que imagina sero trabalho de melhor quae lidade , mesmo assim, se suepreender a0 deseobrir que nfo ‘sobrevive passagem do tempo. Mas de ma coisa vocés po- dem estar certo: aarte que produzida com press, depressa pereceri,e aqullo que & mais baato agora, muito provavel- ‘mente sit cao no final. Lamento dizer que a grande tendéneia da época atual & espender a sn genilidade nessa espcie de arte pececvel, conta se oss ur run incinerar seus pensamentos em gra es fogucres. Hd uma vstaquanidae de inclectoe trabalho ‘consumida anuolmente em nossaspubliagbeslustadasbara- tas. octs se seatem trisnfantes 90 conseguirem tataelgra- vuras por um centavo cada. Ora, esis gravuras os centavos também, voeés podem contabilzar como perda, tanto quanto se tivessom investi odinheirona compra de gze lis, maior perda ind, j que a gaze ndo pode fazer ada por do que aro resto ou ofuscara vist ao vera caper de prender thes os ése difcutar os puss. Aare ruim tem ese poder e€exata mente isto que faz, visto que vocénio pode gostar de boas gra- ‘yuras enqusnto ests com #atengio volta pare as ruins. Se deparssemas neste momenta com uma xlogravara de Ticino ‘ou de Direr no ifamos gosta dela —pelo menos, nfo aque Jes dentre nds que se acosvumaram com o trabalho vagabundo que se Faz hoje em dia. Ndogostames,e nto podemes gota, de um trabalho euim por muito tempo; mas, quando canst mos de um, © descartamos ¢ compramos outo;¢ asim fica ‘mas a vida toda contemplaecoiss runs. Ors, as mesmas pessoas que produzemn o tabalhoefpido edefciente pars ns so capazes de produar trabalho perf. Apenas, trabalho perfeitondo pode sr feito com presse, portant, ao pode ‘Served mais brato do que um determinado valor msimo. Mac suponhamos que voe@ se dsponias pagar doze vezes mais ‘do que costuma pager compre por um xelim uma Sales sélograrur em verde doze. Esa nica gravara to boa quan to possivel como arte, para que voc® nunca se canse de or para el; impresta em bom papel comboa tins, paraque nunca se estrague pelo manusei; enquant, ao contro, voce jf se teria cansido dae gravras de ur centavo a0 cabo de uma se ‘mana, @2 mora delas 6 teria we rasgado também, Serf que ‘oct aio fez melhor negéciogastndo asim seu xem? [Nao € apenas na aqusigio de gravuras melhores que se pratca economia, H& em urn desenho orginal uma certa ‘qualidade que ao se obtém em uma silograura, ea melhor parte do genio de muitos homens se exprime unicamente 10 Trt rg ea cr nani raft ov em len te Nem sempre esto cso us, de modo ge oselho- teras cnsen se expresr na ppl ov men prem pono, vocebter moran cabeneio TSeonpr aban eins do pro ore teleadode quo melhor ¢capn deseo mais baton an lise final. £ claro que trabalho original no pode ser prociuzida Aan dem certo cs, Soc gor que ome Po- dna um dese que eva sel dps ie, voc te de tanto com po pedo e aque pot isd pelomenoesendoesteo eso minimo aie cle pode Cobra 0 qu cheat er to co. O melhor nea ‘TRosmtgn rien montis tio nim oa de eat sovevit anes maine (40) |ABONOMIA POUCA DA ARTE 2 ‘que se pode faerhonestament no rao atstco —overda- ei ideal da bos compra para ocomprador — é obra orig nal de um grande artists alimentado pelo nGmero necesirio de dias com poe fu... aver devéscmos emenday,com ‘antas cebolis quantas forem precsas para manté-o bem Figmorado, Esta €a melhor manera de conseguir o méximo fem toca do seu daheio; nenhuma mltplicagéo mecinica ‘ou engeahosiade de arranjoscomeriis obteré melhor po ‘eto artistic por centavo gato ‘Mesmo sem empurarmosnosos cilculos para ese exte- to de dscplnacarcerira, podemosestabelecer como regra dae-economia que o trabalho oginal em dima andi, ‘mais barat 0 ma proveitoso dese obterPorém, pecs mente ee ung dose valor de prods, tors importa te que sei executado em mates permancntes, Afchegimos an segundo grande ero dos dis de hoje: que no apenas pei+ mos are rum aos nosis trablhadores, come tanbém os ob amos alate uma substnca defisene- Por exempo: mos Javestido una grande quatidade de gio ao longo dos i= mos vinte anos na produgfo de aqureas, mas hum descul- do inconsetient com relasio& durabilidade tanto das tints quanto do papel Na mairia ds cto, nenfum dos dos d= ard Pode ser, por aca, que as cores utliadas em detecmi- sna aquarlasejam de boa qualidade e que o papel nfo teaha sido daifcado por procesos quimicos; mas no se yoma 0 menor cidado para assegrar ist, Eu mesmo tenho tester shado adegradasgo de aquarelas menos de vinte anos pss sua producto; e, pelo que consegu saber dos procesosneglign- tes de moderna fabricaio de pope, so da opiniio que, em- bor sja posse manusear sem medo wna gravrade Albrecht Diirer com mais de duzentos anos de existaca, no levark nem a metade dessetompo para que a maioria das aquarelas smodernas sea redurida a meros tapos beancos ou marrons [Nostosdercendentesirdo manusear desdenhosamente os fag- rmentos dis mesmas e dro, entre desprexo eral, "Essa smaldits gente do século 191 rasitsvam pelo mundo tedoem melo a vapor efumaga, ocupados com aguilo que chamavam de negScis, mas ndo conseglar fibsicar uma folha de pepel ‘que no fase pode” E, notem bem, eta ¢ wma parte importante da economia atistica no momento presente, Os aquaclstas so cada dia mals capazes de expresar maiores e melhores cos, © seu material se adapts expecalmente hem 2 manera de pensar dos melhores artistas atuals. O valor que poders ser scursulado ‘em trabalho dese tpo logo se vornaria um item multe impor- ‘ante na riqueza arttica nacional, se ao menos fsser tomae dds providencias minimas para garantia sua sobrevida. Por ‘mim, tendo a pensar que a aquarela nem deveia ser aplcada 4 papel, mas apenas ao pergaminho. Assim, com os devdos cuidados, sera praticament iperecivel. Entretanto, pape ‘um material muito mais pritico para o trabalho pido, e & um absurdo nfnio nfo gaantia sua qualidade, quando isto podera ser feito sem muita difculdede, Dente os muitos favores que pretendo pedir ao nosso govern paterno, quando ‘tvermos, que formes bom pape para esmenines Eapenas {questo de deixar ogoveeno abrir uma fbrica de pape, sob ‘os cuidados de um de nosso maiores qumicos 0 qual respon ‘tose vendo por menos de uma ira exterina, Cato sea possvel public-o por menos, cro serérevetido para 0 ‘meu tesouro nacional, poupando meus slits de impostos de utras naturezas, e apenas as pessoas muito pobres serio sbastecdas de graga com os livros que quetem, em certas ‘quantidades limiadse. Aina nfo resolv onimero, eh tam- bem outras pontos do sistema a serem detalhados. Quando estiver com tudo decidido, tlvez voeés queiam me convidae femoutraccasio para uma palestra sobre a economia politica da literatura Nese mel-tempo, veltando ao nosoassunto, drela meus cuvintes generosos que querem despejar Tuners e Ticianos sobre nés como ge fossem falhs caindo de drvores: “Os qua- dios nfo devem ser muito baratos", Dire em um tom muito mais forte, contudo, Aqueles que querem manter em alta 08 pregos da posses artistcas, que os quadros também nio de ‘em ser mito ears, ou, melhor dizendo, no t30 ears quan= to so agora Poisdojlto que andam as cols Gintlramente Jmpossvel pare qualquer um nas condiges norma da vida inglesaadquirr uma grande obra de arte. Um deseaho mo- dderno de quilidade medians, ou uma gravuca de primeira lina, talvez posem ser comprados por um homem de metos limi tados, recorrendo sua poupanca,eafo sem cera medida de suto-tecriminasio,Porém um exemplar atstico satisatério de primeira linha — trabalho de mestre—, permanceeltel- ramente fora de sev aleance, Estamos to acostumadas a en- Fa goverad or Sancho Pua em Dom Quite. (Nd) ‘ANCONOMIA POLITICA BA ATE o cara ets stuagfo como naturale necessra que no fazemoe ‘9 menor esforgo pars minors esse mal mesmo senda tm mal perfeitamente siacetve! de ser minorado, ‘Tata-se de un mal exatamenteanlogo a0 quc exist na ade Média com rela aes bons lives, e que todos consi= deravam to natural, suponho es, quanto hoje coneideramoe nossa pequena oferta de bons quadros. Naguele tempo nose podiaestudara obra de um grande histriador ou de um gr de posta, a do sor da forma que hae se estuda a obrade um ‘grande pintor —a grande custo, Se quisesse um li, inka de mandar cope, ou eno excrevé-lo voc# mesmo, 3 mio, ‘Veioa imprenss 0 pobre pce ler Dante ou Homer Dante € Homero nada sofreram em conseqitacia dist, Mat 6 3 ‘mente na literatura que pessoas fisieas de poucos recureos podem posture estudar a grandeza. Nao podem estudar em case a grandezs artistes, eo objetivo ds acumulacio de ace de que estamos tratando no momento, como nosso terceiro ‘objetivoem economia politics, 6odetrnzera grande arte para ‘o aleance da multidfo, em alguna medida. E também o de ‘ornara influéncia da arte mais ou menos correspondenteem alcance 3 da itzratura, por inermédio de galerie maiores € ‘mais rumeross de que possulmes atualmente, bem como da isribulgso deta nos lies das peices, de acordo com a i= ‘quezn co dessjo de cada uns Airside o equlirio delicado que o economista precise tigi: acumular arte em quanta de suficlente para que nagio intel poss ter um suptimen- todel,de acordo com sus necestdades, ms repulando asia istlbuigo para que nfo hajsexcesso nem desprezo ‘Um cquilibrio diel de se mentr easo dependesseape- ras de nossa habildade, mas a médiajusta entre pabreza e profuso foi fixada com exatidio pels leis da Providencia. Se stentarmos para toda a genshidade que consegulrmos detec tar, aaplicarmos boa serventi epreservarmos com reveren- cia aquilo que produz, nunca teremos ate de menes. Se, por ‘outro lado, nunca frgarmos o artista a tabalhar com pressa para ganhar seu plo de cada in enem imperfetamente, por {queretmos trabalho vistosos em vezde compltos, une ere= mas arte de mais. Ni force 2 multiplicasie da ate, eno a terdbarata de mais, NSoa destruatemerariamente, enioaters cara demais, "Mas quem destsi a ere de modo temerio™ ndagarbo voces, Ore todos ns. Porventaraimaginaam yocts que quan- oc chepusse a eva parte da nost asant, correspondendo ‘a economia domestica 20 queito"proteger os bocdades da trac", fos apenas dar dics de como cudar melhor dos quar rcs, decomo limps, enverna-lose guardilos quando voces safes de vigem? Pis nfo € nada dso. O rnin que posso pedira yoots& que nfo os despadacem episoteiem. *O quél”, dick vos, “em que momento cometemos um disparate des 22 Nio constrsimos wma linda pinacoteca para guardar os ‘qvadros que tems” Sim, de fat @consraram, pra 0s quae dros que sfo envindos definivamente a Manchester para se- rem guardados, orém, hf multos quadros for de Manchester ‘que compete née preserva, nfo menos do que os que estio aq, eque neste exato instante estamos a despedacar por pro- ‘curagio. Dihes-i quai so onde esto dag algun tantes, mas antes quero aproveitarparaafirmar uma proposgio ‘eral de economia politica que est na raz da questi. Sou obrigido acomecarcom um aparentezodeio, pedin- do-thee para reflevir se existe alguma maneira pela qual des- perdigamos male dinheiro ns Inglaterra do que na construgso de luxuos jaigcs? Noso respotto pels motos, quando es- -ANCONOMIA POLITICA DA ATE n {to recém-mortos, algo admirével, e maisadmirével ainda € ‘a maneica como 0 manifestames. Sto plumas pret e cave los pres, vestidos pret e brass brilhants,crosobelisos ‘esculturas pesaosas que poluem a metade de nossas belas ‘atedrais, Soo grades e eripas pavorosase ligubrestampos de pedra em melo rolva pacat. Por thio, manifestamos nso respeito ao permitirmo-nosoluno de registrar em epi- ‘flo toda espécie de menttas que consideramos gentis 08 plousives. Esse sentimento vcea tanto entre pobres quanto centre reas, esabemos todos quanta familias pobres re dei- sxam condusir praticamente ruin para demonstar seu res- peito poralgum parente em seu cixio o qual nunca tiveram ‘muito em conta quando estva do lado de fora do mesmo, assim como sabemas como ¢ freqlente que alguma pobre velha se deine morrer de fore para que possater um enter- odigno. Sendo ests uma des maneiras mais completa © expeciis de se desperdica dhe — sendo que nenhum dinheiro € ‘menos produtivo de qualquer bem, ou de qualquer acrésci- mo, doque quele que enteramos na contabilidade dos pape defuntos — € dever de todo bom economist, e de qualquer pesioa de ber, provare proclamar sempre, para pobre i= os, que ado se demonstra um verdadero respeito pelos mot ‘tos sobreporthes grandes pes para macaro lugar onde ‘esto enterrados, mas antes uo lembrar onde esto enterados sem precisa de lipide. Que ssjam consignads rel bagrada 2 flores enlutada e,outrosim, que o respeito ¢ o amor sejam-Ihes devotados 280 por intermédio de grandes monu- -mentos que construimos com nostas méos, mas a manter exguidas 08 monumentos que construirr cles com at suas. Beste ponto que temos considera agora, [Notem bem: hi dua grandes obrlgagdes reefprocasrelatl- a5 A indstria que sio objeto de uma troca constant entre vivos e morta. N&s,enquanto vitemos etrabalhamos, deve- ‘mas sempre pensar nequcles que virio depois, para que tudo ‘que fzermos oss seri, na media do possvel, tanto para les quanto para ns. Em seguld, quando morrerms, €obri- acto dos que verem depois aceitar esse nosso trabalho com. ratio eon, no descartando-oou destrulndo-oassim que ‘emarem que nio Thos eerve mais. Cada goreg tse ple rnamente feliz ou poderosa& mesida que cumpra esse duplo dever para com o Passado e Futuro, Seu priprio trabalho nunca ser Feito adequadamente, mesmo para 0 presente — jamal ser bom, nobre ou paneroso a seus prépries alhos — se nfo for preparado também para os olhos das geragdes que esto por vi. E suas prdpias posses jamals sero sufclentes send se iar proveit, com gritdioeternura, da sabedorae dos tesoureslegados por seus ancestris. Pos, estejam certs, todas as melhores cosas tesouroe deste mundo no podem ser produzids por ea geraso para si mesma, Fomosdestinados todos nf a esculpir nosso taba Thoem neve que id derreter, masa estrmos sempre —todos cada um de nds —a empurrar uma grande e sempre eres cente bola de neve branes, cada vex maior, ca vex mae alt, 20 longo dos Alpes do podero humano, A cignca das nagbes culativa, de pal pra filo, cada urn aprendendo um pou ‘comls, um pouco mas, cada um recebendo tudo que sabe ‘eacrescentando sua prdpria contebuigio. A hist ea poe sia das nagGes slo cumulitvas, cada grasoentesourando at histris e as cangSes de seus ancestas, e juntando a elas sua prépriahistri suas prépriascangSes. A arte das nagSestam- ‘bém éeumlativa, tanto quant a ciénca ea histéria; 0 trabe- ‘ABCONOMIAFOLITCA DA ARTE a Iho dos vives io super trabalho do pasado mas ergue scree. Que ads grandes raga intlectais do undo produaium, em todo momento de sa eras, cra arte Prova dou eater pil preci, neater in tinsel poralguer outa rps emaalguer otro moment; fs inengo da Provincn com elo «et ate er denterent, qe = jnte toa em um ie rnc el, ts peas npr esis encontrand cada gual su ag « sbindo dads em nears coda ver mas oe male cs em diego soc, ‘Agora, imaginem em que posicio estaria hoje o mundo, cenideredo coro una die grande ona — na enorme fia cm fom de bo terete — en ress compre endo minimament ese deve, oo seocap de tno. a> finem o que teramos oun via as dias de bajo seem ve A bigar edputr sore osu ah, ages vee ferme judo mutuamente ou mesmo se em si cong Bosc ex de cage on vents doer antacmr, tiesem preserves deipjs des tris. Imasnem 0 ue serine s Europ son deliedos temple ensure doe Areas se lps ven pares mis dos romanes, Se nbre patting da ade Meno brine sem sores a posi pel mer fra hua. False Ga foce do Tempo e do dente do Tempo; digeleso Tempo io tem fice nem dente Somos sg roemos comes bro. Ca neque coramos como fae, Smoenque abainase consumes somos pra ea chums, eal humana ex pare ose prpriotabalo como a meriposn ques debate for nio conseguir oar e como acum outa que ade sem Congr da lids ses tesco prides ntleto oman foram deste intiament pel strats ina. * one RUSE ‘tia humana; © mérmore teria sobrevivido dois mil anos na csttua polid to bem quanto nos rochedos da Ilha de Paros, ‘mas nés humans o reduzimes ap e 0 misturamos a nossas répras cazas. As murals © 8 avendas trim resstido; fomos nés que nfo deiuamos peda sobre pedrai¥e devolve- ‘mos a desrto seu descaminho. As grandes catedeais da velha regio teriam rsiido; fomos nds que derrubamos a pede ‘esculpida com marries e picaretas,concamando 0 mato & Drotar por entreas alga eo vents maritimes a cantar em sas gli Voces talvezimaginem que tudo iss fl necessirio pare ‘desenvolvimento da raga hurnana. Nao tenho tempo a dis- posigio para discutir isto, embora 0 izese de bom gredo, Porém, sel que vocésacham que ainda & necessri para © ‘desenvolvimento? Vectsachars que, em plena século 19, ain dla hfnecessidadie de as nagdes europélastansformacem em ‘campos de batalha todos os sitios onde se encontram seus Principais tesouros artistices? Pols € ito que eat a fazer, st€ agora, enquanto Ihes flo. A grande firma do mundo ests tetindo seus negécos neste momento exatamente cana se- pre o fee no passado, Imaginem as Sims cieunstincias de um fabricente de alguma mercadoriadelicada — digamos, vie ‘dro ou louga — em eujasofcina e ojos trabalhadores © c= vvendedorespartssem par a brig pela menos uma vex por dia, descarregando primelcamente um pouce de sua raiva 20 ‘quebrasem todas st méquinas eee entrincheirando depois entre osarmésiosedepésitos pars atacar ou defender os nos ‘rurios. No finale lado vitorosojogaria pel janela tudo 0 que conseguisse pegar como forma de mostrar seu tunfo, © Fate Ode) |ABCONOMIA POLITICA DA ARTE % ‘ pobre fabricante ficaria a cater um xicaea aqui ema alge al. Que bom e préspero neySclo sera este, no € mesma? Pols éexatameate assim que conduzos seus negécios a gran- de firms industrial do mundo ‘Conseguls arrenjar suas desavencaspolticas de tal modo ae longo doe tkimor seiscents a setecentos anos que nenb- ‘ms dels foi dyad ano ser em melo sua mais preciosa arte, e continua proceder asim ato dss de hoje. Pars c- ‘artimexemplo, cao fesse instado apoatar no mapa mundial 6 local que concentra, neste momento, a mais excepcionsl reserva de entinamentosetesouros artistcos ev escolheria 8 ‘idade de Verona. Outs ldadesconttm, de fata, mais exem- plares de bens artsticos méveis, mas neshuma outa contém ‘tanta ferurada glriosa are local edasfontes daarte—aquelas. ‘que nfo podem ser removidas ou tansportadss, nem mesmo pata su protsio, sinto dizer. Verona tem em primero hig, ‘io o maior, maso mais perfeitoeinteligelanfitatroroma~ no existence, anda intacto em sua planta efortemente provi- do de arcoee voluts em sucesso, Tem ainda monumentos omanos menores:portolas, tatos, rms, rulaas de tem- plos, que do 0s seus arrabules um ar de antigidade que fo caste em nenfum outro high, ano ser em Reon. Tem lads, em outta instincs,aquilo que Roma nfo tem: exer plares perfitos da grande arqutetura lombarda do século 12, ‘que esténa rua de toda a arte itallana medieval e soma qual _no tra sidopoesivelaexsténca de Giotto, Fra Angeico ot Rafael. Tem esta arquitetura nfo em suas formas mas eudes, sas ns exemplaes mais belos perfeitos amas constuidos; ‘tem-na nfo em rufnas ou em fragmentos mocifieadose pouco Invcligveis, mas em igre perfeitas do pértico dabside, com a pera esculpda anda fresc evigoros, as pilastras irmes, ts juntas compactas. Além dist, tem exemplares da grande arguietura gia lla dos séculos 13 e 14, nfo apenas em perfeito estado mas sem par em qualquer outro liga. A ar- ‘qiterralombarda de igual aabreza pode sr vista em Psa, e ‘romana em Roma, mae nem em Roms, nem em Pis, nem ‘em Floreng, nem em nenhna cidade do mundo, existe um aético medieval 10 par do de Verona. Em outros lugares, ou ‘menos purt em seu tipo, ou menos bela em seu acabamento; somente em Verona pode ser vstaom toda a simpliidade de seu poder juvenl toda a ternura de su beleza relia. Por ‘timo, Verona tem a mais gracios arqulteturarenascentista da tla, nem mareada pela soberba nem maculada pelo hx, mas que se cleva em justo curnprimento do servgo domést- 9, serena por sua graca negligent e por sua modéstaetiada ‘ecaser. Seu masrico trabalho ests investido nas janels que se abrem par as rus mals estreitas eos jardias mals sllencio- ‘08, Tudo isto tem a cidade, om melo a uma palsegem natural ‘ertamente sem igual em todo o mundo habitével: um ro al: Pino apreste espuminda seus ps, de cus margens surgem rocha farmandoum grande crescent, feito escurocom cipres tes enevoado com overs; s places talianas crivadas de tougas estendendo-sea paride sus portdes meridionais até se desfazerer na luz dourada distante; 8 sua volta, a0 norte e 0 este, 08 Alpes se amontoando em tropas coroeds, © 05 ‘ventos de Benacus Ihe trzendo seu frescor neva. E cata cidade, tendo assim tas coisas, 38 porta da qual so continuamentetavadse as batalhesdecsivae da esis] Pr mais triste que poss ser tudo ato, ao digo que se passa fazer qualquer coisa para impedi-lo. NBo se pode expulsar os austriacos da Ilia nem probilos de construe foraleas onde them entenderem. Mas, digo sim que vocés, eeu, e todos ns, [ABCONOMIA POLITICA DA ARTE ” devemos apie pensar com plenoconhecimentoecompreen= So desss colss e que, sem querer inctar revolughes ou en- Fraquecergovernos, deveros dour nosis sentimentore nossa ajuda para evtar a destuigio desnecessra, na medida do possvel, Certamenteo farms, se nos déssemos cont plens- ‘mente da questo. Vets saem diariamente pelos seus apra- eis subirbiosepeasam apenas em faerem, como dnhico ue tiverem de sobra, seus portes mais bontos, suas entra dla mais amplas e sus alas de visitas mas grandiosas, tendo ‘uma vaga nosio de que asim estdo promovendo a ate. Po- ém, nlo fazem 0 menor esforo para conceber ofa de que, a poucas horas de vagem, existom portses e sales que pode ‘am mult bem serem os seus, j8 construidos — portées construidos pelo maior mestredaesculturaque um da aplic ‘0 cinzel a0 mirmore, sales pintados por Ticino e Veronese = noda fazem para aceit-os ou ecupersles, mas prefe rem mandar chamar pintor dali de ado, Ticino e Veronese ‘que sivam de abrgo para os tos. “E-lro" retrucam voets,"queremosbelas casas aqui nfo ‘em Verona, O que fariaas com casas em Verona?” Respondo cx: fagam com clas 0 mesmo que fizem com a pate mais lisa de suas posses aqui... orgulhem-se dels, com ur org Tho nae. Vocs saber muito bem, se examinaremos prog coragder, que a maor prcela do que asta em possesses, 3stam-no por orgulho. Por que sto bem pntados e acabados ‘osextorores de suas arruagens?Vootsnio enxergam oexte ror quando estiosentados dentro delas os exterores So para serem vistos pelos outros. Por que sio tio bem acabados os ‘exteriors das caus, por que to custosamente polos os sméveis, sen para que os vejam or otros? Quinto 0 Eonfor ‘to seria igual se escrevessem sentados a uma eserivaninha veh, gata familar Fazendo uso da luz de uma anela que ‘ada mals €o que um buraco em uma parede de alvenria, E © que te almeja neste quesito ¢ apenas que se orgulhem também de preserva a grande art, e ado de produair a arce smedire, ue se orgulhem da posse de coisas precisase due radowras, e um tanto distantes, em ver de coisas menoces © perectveis, mesmo estando bem ao aleance da mio. Voces sa- bem, nos tempos da velha Inglaterra nossos ris gostavam de ter domiaios ducados no exterior, por que nfo deveriam ‘os principes mercadores terem também seus dominios pro- priedaces no exterior? Acreditom em mim, «coisa sendo ‘bem compreendia, seria maior motivo de orgulho , no sen- tido plo da palavra, muito mais “espeitiv", ser aenhor de ‘um palécio em Verona ou de um convento che de afrescas em Florengs do que ter uma fade eriados vestidos no ibeé ‘mais fino que existe se estendendo daqui até Bolton. Seria um smativo de maior orgulho mandar as pessoas vigjerem Tia e ‘ouvir dizer, de vezem quando, com rele aalguma bela obra de arte: ‘Ab, sm, 5s obra foi mansida aqui pra ns pela nobre sgentede Manchester, do que obrigt-la Visjr até aqui para ‘omentarem sobre seus diversos tesouros aristicos “Esses foram trazidor até aqui para ns (nfo sem sofcerem alguns dans) pela nobre gente de Manchester, "Ah! diam vocts, “a Exposigho de Tesouros Artsicos se pagar, mass plicios de Veronese, nfo." Lamento dscor- dar Elesse pagar sim, de maneira menos dre, mas muito sais rendoss. Vets areditam que «longo przo, sja bom pra Manchester eparaa Inlaterm que o contnente europe continue no estado em que Se encontes? Voctsacreditam que ‘© med permanente da revolugio ou a repressio permanente do pensamentoe da energs, ue anuviam e encobrem as na- es da Europ, sejam proveitoses para née? Trouxeram algae ‘ha vantagem paca ngs os aconteciment de 1848? Oretorno dos dragies das grandes cass italiana s sua easernas rou Algom impeto postvo para o.comércio de algodto? No. Mas ‘aa acto denvestimento na estabildede do continent, eeada ‘arem osarcos dentro de careuagens, com fixes de setas pen duradas ns ombos; os morts ae estenderem sab suas rods, ‘como vtimas ante de uma pestiéncs; os cativoscorrendod sua Frete, em tropéis aténiter. Voc espera imitaro oma= mento etpco sem saber desenhar figura humans? Nb entdo tomemoso ormamentocrstio—o mais pur eristio medieval, ‘século 13! Sim, e voetsimaginam que o cristo seja menos hhumsno? O ornaments menos natural emis convencional dis escolas tis esti em seus vitras, Voces acham que 08 vi ‘nis, naqucles boas tempo, foram relizados sem figura? Adquicimoso hibito, entre outros eres modernos, de tentar fazer vitals a partir de folhas geometrizadas e de fatas -etorcids de vermelho amarelo, que mals parecem deca bes de geléa de groselha em cima de bolas de Natal. Mas, cada eaiitho dos vitrais antigos contém a histria de um sa to. Osvitrais de Bourges, Chartres ou Rouea tém dez,quinze cu vinte medalhes cada, e cada medalho contém pel me- nos duas figuras, 3s vezes até ses ou sete, que represeatamn cada cpio deimportinca na vida do santo em questo, Néo, espondem vocts, aquels figuras sio dese toscas € nfo Ia. Parahomenscercados pels circunstdncis deprimentese ‘mon6tonas da vida manufatureira ingles, simplesmente nfo possivel o design, podem ter cereza dist, Besta a mals nitids das experiéneias que tive ao lidar com o operério mo- ‘demo. Hl ¢intligntse engenhoso so mais elevado gra — suti ao toque e preciso no olhar — mas, de modo ger ‘e-he nteramenteo poder do desir. Se voces quiserem dar- The esse poder, seré preciso dar-lhe os materiais e as ‘ABONOMIA POLITICA DA ATE ‘ircunstincas para tanto. O design no € frato da fantasia ‘clon; € © resultado estudado da observacso eumulativa © do hibit aprazivel. Sem observagéo experiéncia nfo hi design. Sem paze prazerno trabalho no hi design. Todas palesras, todos os ensinamentos, todas as premiag6es, todos ‘os prinipios da arte, nenhur dees serédeutlidade agua tenquanto vecds no cerearem seus trabalhadores de influén= las flies e coisas bela. impossvel que tenham nogées corretas sobre colorido se ndotiverem condigdes de vere Impoluta a lindas cores da naturez; impossivel que agre- ‘auem aos oramentos beleza de incidentee ag se nfo vie ‘ema mesma no mundo que os cere. Informe suas mente, refine seus hbitos e estado ainformar ereflaa seus proj tos de design. Mantenha-osanalfabetos, mal acomodados, vivendo no mefo de coisas felas,e tudo que produsirem seri {also vulgare sem valor. Repito:nio hes pego para construir uma nova Piss para les. Nao querers de volte nem a vide nem os ornamentos do século 13. Ascircunstncia que devem cerearnostos ope ‘rios so apenas as da vida ngless moderna feliz, pols 0s pro- jetos que se hes exigem si os que tornaro bela vid ingesa ‘moder, Toda aquela mgnifcéncia da Idade Mla, por mle bela que possa soar sua descigioe por male nobre que tena sido, em muitos ventides, su ealidade, tinh, no entanto, por ‘base e por finalidade nada mais da que a sberba da vida —a soberba das chamadas classes superiores uma soberbs te se sustentava pela viokéncia pela rapna, a qual condzi afi- nal destruigio ds piprias artes e dos Estados nos qual o- resclam eb. ‘A grande licdo da histria¢ esta: tous as belas artes fo- ‘am apoladas até hoje pelo poder egosta da nobreas emanca son nus ‘stendidas em seu leance para conforto ou o avi da mas cde populagto. Asarces, asim praticadasecukivadas, apenas faceleraram a ruin dos extados que adornavamy;e 0 momen- ‘o-em que se aponts, em qualquer reino, 0 apogeu de seus ‘malores artists, coincide coma hors marcada do seu declinio ‘como relnada, Os nomes dos grandes pintores sfo como si- ‘os que dobram: no nome de Veliequez ouve-sea queda da Espana; no nome de Tciano,a de Veneza; no nome de Leo natdo, a de Mili; no nome de Rafsel, a de Roma, Hi nisto ‘ama profunda ustiga, orquanto © grau de culpabilidade por licagio a fins ios ou vis éproporcional 8 nobreza do atstco, ARE ore, quanto malor @ arte, mais certo é ‘ae tenha sido empregads,e com exclusvidade, para ador- far a soberba® ou para provocar a sensualidade, Outro ca- rminho se abre pars nés, Podemosabandonar a esperang, ot, se preferir, podemos resistr 3 tentaio de imitar a pompa€ ‘grag da [ela em evs juventude. Para ns, no pode he ver mas trone de mérmore nem a voluta de ouro; porém hi porn nds © pivlégio mais elevado e mais agradivel de colocar 0 poder ¢o encanto da ate a0 alcance dos pobces © Ihumies. Tal como a magnifictnca de eras pasadas frac 01 em fungo de sua etreiteza esoberba, pode prevalecer se manter a nossa em fengio de sua universalidade e sua Adespretensio, “Assim, entre imagem de uma Inglaterra exayeradamente trabalhadors que chegamas ¢conceber como nosso futuro 3 {imagem de uma Ilia exageradamenteIaxuosa que reconhe- ‘cemos do pasado, pole sce que exista ens scum ‘ea eb elton on pain: aca a opel oo alii, -ABCONOMIAFOUIICA DA ARTE ry ‘mos com nosis obrgages — uma condo intermedi, ‘em oprimida peo trabalo nem disipad na vadade:@ con” dio de un temperanga pacific erefletida em mets, ges Estamos press a logressar em um priodo da itia sundial em que a vida domestica, aida plas artes da uy ie suplatar gradativamente, mas enfim por inter, a ‘ida pabliea eas artes da gue. Pos nossa Inglaterra nfo ser, rio eu, toda detonaa por foralas, etmpouco srs cstorvada de plicios.Confio que ela mantert seus verdes arpos, uae cass de aldeses, us ares de vida médiy; mas estes dovem sr enrguecios — cone que o serio —, por tia are dl, verdadet,substnel, Nio queremos mais {estas dos deuses nem marries dot santo nfo tems malt necesidade de sensalidade nem gar par superstigio © ‘em par a laolencia dispendios. Que tenhamos uma pin- tur istic erudite filma pntora drastic represen tages emelocantes sents da nature humans rages poduicae fairs de objetos nature de pipes; ea Interpret racine profundamentesentda de temas que so objes de nossa fé religion. Eque esas coins que dese- jamos seam, na meida do pose, diseminades © tors. dis cesses todos ‘Asim também nas anufoturs precios de trabalho substancl no uo; de desi refinado, do suntvoso. Os tecids no precsam er do tpo que chamariam sensi de ‘uma dqess, mas dever antes ser dem flo que sivas necesdades, e apureo gosto, de uma ade. O ero prepon- erate do vestuiro ingles, prnciplmente entre as clises ‘menos sbastadss, uma tendéncia a unirmé qualidade cox lho, decorrente princpalment da imitago desjeitada vee Jorne us dda clases mals sbestadas.* Devera ser uma proridade de ‘todos o fabricantes produate nfo somente tec de design Tindo fantstico, como também os que servem para o uso ‘cotiianoe que eprestam praa vida humid isolada. Voces recisam se embrar de que sua obriasto com fabricantes € tanto ade forma o mercado quanto de supri-to, Se na fnsia _miope e precipitada de eniquecervocés se agararem a cada capricho da populacdo que se cristalia na forma de uma de ‘manda momentines; se, em rvalidade invejsa com estados ‘iahos ou com outros fabcantes, voc tentarem chamar a _stengio por intermédio de singulridades, novidades ou exa- gros asso izerem com que cada design sea um reclame; se tentarem piratear cada ideia de um visio bem-sucedido ‘ra que possam imit-a de modo isiioso ou eclips-la de mado pomposo;nioThes ser possvel gra, e nem perceber, ‘enum desig de qualidade Vocts poder, por ocssifo, apo- derarse do mercado, os, por ener, drg-lo; ves poderio ‘conquistar a conflanga do pablicoe provecar a ruins dos com Seer dames sats ofrcasem um exemple de simple cova senna uae ean qentpare Ue tam A fers fed un pole ve, «ported ops wn esl csp mich ne em ‘Semester ma perio or temo serena Er uta oh See dear sole ee hs mar da ese gb por ‘Unc ogre malic dengue. users tertempo dpa a ‘motor herspegotnerene. No eho eso nl pura coe ‘ices pcan mas € cro oi de gus ar pee i edi cs eo speeds @ ang do repaint arabia acu cpanel emer sera i rom seal em una mop. No ads gue erube 3+ ‘ite lo sera su pcp cp, fle, ama, teri © Ines. Quotes sex ea, clstémmtasconars prea goesee temp enantio €empo. |ABCONOMUA FOLITICA DA ARTE 1s ‘orrentes; ou poderto, com igual justia, ser por eles arruina- dos. Contudo,acontesa © que acontocer, ito & certo: voces terio despendiado sus vidas a corrmper gosto do pico ‘en estimulra su exravagincia. Cala preferéncia congulsta- da pola ostentasfoteve com a bse a vldade do comprador. (Cada demanda fomentada pela novidade teve como base 0 ‘estimulo 2 um hibit de descontentamento ne consumidor. 0 se apoventar dos ans de trabalho, poder refletic em ss {natividade sobre ur tema: eom, de acordo com extensfo de suas operagées pasadas, sua vida contibuis com sucesso para retrdaras artes, macular as vrtdes econfundie 0 cs tumes do seu pas Por outro lado, se resolverem desde jf que, medida que conseguirem identifier algo come melhor ria produziro que ‘hide melhor, com base em uma avaliagionteligente das ten= denciasprovives egostospossveis da populago que visa a abastecer, vocés poderdo realizar muito mais pars o bem co- ‘mum do que tants plestrantes sobre arte ou autores de ta- ‘ados sobre moralidade, Levindo em conserssio oe materi ‘empregaos estado incipionte do conheclmenta de ate 8 pecs, descoshecoinfluéncis mais ampla ou efeaz sobre 0 agosto piblice do que aquela que foi exercida por Willisa ‘Wedgwood sobre as manufatuas de cerimica de Stafford: shire; e esta ao fabricante em qualquer ramo decide ic, ‘Tyicatndat mato romvelnens aaah © Weed (17301798),

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