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188 Arborizagao urbana projeto de arborizagio deve ser pensado con- juntamente com o parcelamento como um todo. Deve haver atencio especial do urbanista na organizacao dos espagos vegetados em rela- séo as redes, visando evitar transtornos fatu- ros, como a interferéncia e conseqiientemente @ manutengio mais onerosa. A vegetacéo, em particular a arbérea, tem papel de suma relevincia na melhoria da per- formance dos espagos urbanos em climas tro- picais ¢ equatoriais. Mais do que isso, se cons- firui, na maioria das regides do planeta, num dos poucos conceitos humanos universais de qualidade urbana. Alguns antecedentes Durante séculos houve no Brasil um conffito en- tre a selva e a “civilizagao”. O colonizador euro- peu nio tinha convivéncia com uma selva com ‘as caracteristicas da Mata Atlantica brasileira. Luiz Alberto Gouvée Selya constituida por vegetagéo densa, com gran- de umidade, abundancia de insetos e animais pesonbentos, que com uma picada matavam 0 homem, além das feras e do pr6prio homem sel- vagem, que usava a mata como esconderijo ¢ aterrorizava 0 colonizador. Por tudo isto, a selva era vista como um inimigo a ser destruido. Com efeito, durante séculos, paulatinamente a Mata Atlantica foi dando lugar a assencamen- tos de extracéo de madeira (pau-brasl), grandes plantages de cana-de-acticar, milho e café. A prépria cidade colonial brasileira seguia © modelo das cidades européias, onde, em ra- x40 do clima frio, a vegetacao arbérea era es- trategicamente colocada para barrar nunca 0 sol, como é necessirio nos trépicos. A partir da divulgacio do Plano de Paris no Brasil, ¢ principalmente com a vinda da Missio Francesa no inicio do século XIX, trazida por D, Joao VI, iniciou-se no pais um processo de divulgagio da importancia da arborizacio ur- Cidadevics. bana, marcada pela ctiacéo do Jardim Botanico do Rio de Janeiro. Observa-se, todavia, que tanto no caso da Missio Francesa como no da influéncia do Plano de Paris, a vegetagéo ocorte “a francesa’, de forma estética e domesticada, “arrumada sob bem-comportados gramados”, ‘em contraposicéo ao “cardcter agigantado e sel- vtico da nacureza tropical” (Armando de Ho- landa, 1976, p. 41.) A vegetacao em regides de clima tropical de planalto Somente em meados do século XX que a questéo do conforto térmico e actistico, mesmo a utilizagio da vegetagao como cata~ lisador do encontro das pessoas, passam a ser elementos de maior atencéo no desenho construgao das cidades. ‘Num pais tropical, é importante repensar a vegetagéo como instrumento de conforto ambiental sem descartar sua importdncia em- belezadora. Observa-se, inclusive, que em re- “pises-de-clima-tropical de-planahto e-solos friéveis como, por exemplo, no DF e regiao, 189 “Rejettemos os jardins de vegetagao delicada e mitida arrumada sobre comportades gramados e acolhamos 0 cardter selvatico e agigantado da natureza tropical.” ‘Armando de Hota, 1976, 0.41. 4 190 avegetacéo (principalmente a arbérea) assu- me papel de absoluca relevancia, tanto no que diz respeito ao aumento da umidade re- lativa do ar, como na reducéo da temperatu- 1a, da poeira em suspensao e na minimizagio dos efeitos da erosio do solo, funcionando também como incentivo 20 encontro das pessoas. Arborizagao e redes No entanto, para que a vegetagio cumpra este papel com baixos gastos de manutengao, é necessério efetuar um planejamento da sua implantagao levando em consideragao, por exemplo, 2 redes subterrineas e aéreas € a orientagao solar. As raizes das Arvores so outra questio a ser observada no processo de organizacao da arborizagao urbana, para evitar a danificacio das redes subterrineas. A colocacao de ele- ‘mentos de alvenaria de barro para direcionar as raizes das drvores efou “envelopar” os du- tos_com areia (Mascaré, 2002, p.138), além da correta especificacéo da vegetacio, séo ati- tudes necessarias. Luiz Alberto Gowen ‘Arborizagdo como instrumento de conforto ambiental. Planéjar o plantio levando ei consideragao as redes, procurando reduzr 0s custos de manuten¢ao. Cidadowleten Da mesma forma, as calhas dos edificios e as bocas-de-lobo devem ser objeto de atencéo na hora de se especificar as drvores, evitando utilizar espécies caduciformes préximas &s zonas com in- cidéncia destes elementos. E necessério, ainda, planejar a distincia entre as drvores em fungio das suas caracteristicas (tipos de copas) quando adultas ¢ das atividades que se desejam desenvol- ver,No caso da Muminacio, procurar plantar as drvores de maneira que nao prejudique 0 desem- penho das limpadas, ao mesmo tempo em que estas nao funcionem como elementos para exte- nuar a vegetacio (Gouvéa, 1995 ¢ 2002). Arborizagao na rua local ~ Tine! verde 1Nas ruas locais e regibes de clima tropical, tra- tar a vegetacéo, particularmente a arbérea, como sombreadoras de caminhos por excelén- Plantar as érvores planejando sua distancia em fungao da dimensao das copas, quando adultas. 191 Plantar’as drvores em fungao da ofientagao solar. Elemento de alvenaria de barro para direcionar as raizes das arvores. Evitar arvores caducas proximo as calhas ‘ou bocas-de-lobo, 192 cia (Gouvés, 1995), funcionando, conseqiien- temente, para reduzir a temperatura ambiente, aumentar a umidade relativa do ar, reduzir 2 pocira em suspensio e minimizar 0 processo de erosio do solo, com o plantio de, por exemplo, drvores em série dos dois lados da via, quando possivel (atentar para as redes elétricas). Neste caso, é necessério planejar a distan- Ga entre das, formando um tinel-coberto por vegetacéo. Assim, & possivel conseguir étima performance da arborizacio, redugio da incidéncia do sol e da chuva e, conseqiien- temente, melhoria da qualidade ambiental da tua local. Luiz Alberto Gouvéa Ruas locals como matas de galerias: micro-espagos Limidos nos trépicos seco (Gouvéa, 2002, p. 195) Ruas sombreadas e umedecidas Cidadevicta Vegetagao, conforto sonoro e psicolégico Sugere-se no projeto paisagistico associar a vegetacio a barreiras de terra, como forma de minimizar 0s ruidos urbanos, A organi- zacao da vegetacao nas dreas lindeiras as vias. funciona para minimizar os tons mais agu- dos do sam (Niemeyer-e Slama,1998,-p-78). “Quando associada a barreiras de terra de 1a 1,5 metro préximo & pista (entre a pista ea calgada), tem seu efeito catalisado, além de atuar psicologicamente de forma positiva para o pedestre. 193 Vegetagao e conforto psicolbgico ci Cost, Relat do Plano Potod Brasita (A hachura no fz Pate do desenho origina) Utlizar 0 exemplo das superquadras de Brasilia, onde o abrago da vegetacao arbérea permite, entre utras vantagens, maior conforto psicolégico ao transeunte, Barreiras de terra e vegetagio reduzem os ruidos urbanos. 194 Nas vias coletoras e principais Nas vias coletoras, diferentemente das locais, é preciso conciliar a vegetacdo ao tréfego mais pesado e de maior volume. A idéia é sombrear calcadas ¢ pistas sem prejudicar a visualizagéo dos letreiros do comércio, assim como nao in- terferir no trinsito de vefculos. Para tanto, a utilizaciéo de drvores colunares no canteiro central pode ser uma boa alternativa para som- brear as pistas, sem que os galhos das drvores batam nos vefculos. Procurar, também, prote- get os vefculos nos estacionamentos que por- ventura existam nas vias, barrando principal- mente o sol da tarde nas orientagées Norte, Noroeste ¢ Oeste. Estacionamentos como bosques Organizar os estacionamentos como bosques urbanos, atentando para proteréo nas orienta- gGes de maior incidéncia solar (N, O, NO). Luiz Alberto Gouvéa Vias principais sombreadas com 4rvores colunares. Estacionamentos sombreados ao Norte, Oeste e Noroeste. Cidadevida -Além desta providéncia, sugere-se o plantio, nos estacionamentos ¢ nas areas de permanén- cia prolongada, de érvores que no produzam resinas ou frutos, evitando espécimes como ja- melio, mangueira, jaqueira, abacateiro e simi- lares, que mancham as vias, danificam os veicu- Jos e podem gerar riscos para os pedestres. Os caminhos na cidade - os caminhos da satide “A sombra” Criar caminhos de pedestres & sombra nao so- mente ao longo das vias, mas em todas as reas da cidade onde se identifica um fluxo, particu- larmente nos acessos a0 comércio, equipa- mentos comunitarios ¢ ao mobilidrio urbano. Em regides de clima tropical de planalto, em fungao dos longos periodos chuvosos e da for- te incidéncia solar, os percursos sombreados séo mais adequados. Observa-se que sombrea- mentos de vegetacio arbérea proporcionam uma situagio mais sustentével, em que os cus- tos € 0s impactos no meio ambiente (entre eles ~minimizario do pracesso erosive do slo) séo menores. Estacionamentos como bosques urbanos, Os caminhos da sade, 195 196 Vegetagao para minimizar 0 processo de erosao do solo De fato, como medida para minimizar 0 pro- cesso de erosio do solo, problema grave na te- gido do Planalto Central (detectado nos pri- meiros relatérios feitos pela Misséo Cruls. Ver O territério, p. 55), procurar em éreas de to- pogtafia acidentada preservar elou plantar vores com copas perenes € catiles que minirni- zem a ago da chuva no solo. Buscar também preservar e/ou plantar vegetagio herbécea na- tiva (como, por exemplo, a grama-batatais) € vegetagio arbustiva Organizar ainda os espagos livres urbanos de maneira que possam absorver as Aguas da chuva, minimizando problemas de enchentes ¢ de erosio do solo. Lule Alberto Gouvéa Avvegetagao protegendo o pedestre do sol e da chuva, ¢ 0 solo, da erosao. Cidadovida A vegetagao e a umidade no entorno do edificio Utilizar em regides de clima tropical de planal- toa vegetacio, particularmente a arbérea, como elemento para deixar o vento passar, canalizan- do-o e umedecendo-o, melhorando a perfor- mance do ambiente do entorno e do préprio ccimes que por suas caracteristicas de folhagem, tronco e altura aumentem a umidade relativa do ar no entorno, como por exemplo, 0 ingé nga uruguensis), que aumenta a umidade em 13.a 16% (Mascaré, 2002, p. 214). A utilizaggo 4 moda européia dos espagos frontais dos lotes com jardins sugere que se incorpore a sombra das arvores onde as flores vio ocorter em suis copas. Sugere-se ainda que 0 tradicional quintal para o plantio de fruteiras e hortas seja revita- lizado e se expanda o seu uso por outras partes da cidade, sob a forma de pomares coletivos. Deixar o ar passar, umedecendo-. Utiizar espécimes com folhas e caule ‘como elementos redutores da velocidade da qua da chuva e “que retenham maior tumidade, como o ingd”. scar, 200, 9.214 197 198 Paisagismo alimentar — os quintais da cidade Com efeito, nas zonas periféricas, recomenda- se & organizacao de um paisagismo alimentar, entendido como quintais da cidade, onde o morador possa utilizar os frutos como com- plemento 2 sua alimentacio e as criangas pos sam aprender com a generosidade da natureza tropical a cofher nesses pomares urbanos, usando apetrechos prdprios, os frutos de man- gueiras, abacateiros, jaqueiras, goiabeiras,.ja- buticabeiras. paisagismo alimentar tem ainda a finali dade de alimentar os péssaros, colorir ¢ “musi car” o ambiente urbano com a inigualdvel fau- na brasileira. Luiz Abberto Gouvsa ‘Arborizagao e lazer Paisagismo alimentar. Plantar érvores frutiferas e musicar as cidades com © canto dos passaros. Evitar érvores frutiferas nos estacionamentos reas de permanéncia prolongada. Evitar érvores cujos frutos ou resina sujem as ruas ‘ou causem a morte de péssaros. peito 8 cultura regional e a natureza ~ inova- dor, que certamente caracterizara a ago do homem do século XXL Os fatores sociais aparecem também como elementos de suma importancia na orga- nizagio de uma cidade sustentavel. A partici pacao dos usuarios na projetagio pode se dar das formas mais variaveis possiveis, entretanto, quanto maior for o grau de identidade entre a onganizacao espacial e seus usuatios/co-auto- res, maior sera também o interesse na implan- taco do projeto e na manutencao dos espagos urbanos concebidos, assim tambéra serao mais baixos os gastos para a manutengiio da cidade. Todo este sistema necessita de uma gestio que promova, a partir de um conhecimento po- ular profundo, ages concretas no cotidiano da cidade. E que a0 mesmo tempo contribua para a substituigao da miséria de nossas cidades com gestos ecolégicos como, por exemplo, trocar o lixo coletado seletivamente numa favela, por ali mentos, como fez-a prefeitura da Curitiba/PR; ou organizar, nas periferias urbanas, hortas co- munitétias e medicinais, tao ao gosto do povo goiano e nordestino que sio maioria no DF /re- io c/ou ainda um paisagismo alimentar, pro- duzindo os apetrechos préprios para a retirada das frutas ¢ ensinando as criangas a brimear com. a generosidade da natureza tropical. Em suma, ao se propor esses conceitos ¢ critérios em Brocidade se procurou resgatar as- pectos positives da relacao das formas unbanas com a natureza, utilizadas ha séculos poe nossos antepassados no Planalto Central © ao mesmo tempo usar tecnologia ambiental, para gacansir os niveis de conforto da cidade contempesanea, numa perspectiva de sustentabilidade que cer tamente marcard a ago humana no sécudo XX. Trabalhar no sentido de introduzir wen paisagismo que produza alimentos ness. periferias urbanas. E ensinar as cringe a colher as frutas e brincar com o generosidade da natureza tropical. aa > Cidadeviela Altura —A alvura-da drvore € um dos princi- pais elemenios para sua selecéo. Entre outras quest6es, a altura do vegetal deve set compa- tivel com a da fiacio dos postes urbanos, em torno de 6 metros, evitando a danificacéo das redes aéreas ou as constantes podas, que néo fazem bem & satide da érvore, neth & satide fc nanceira do conrribaiinte. Copa A diversidade de formas das copas das Arvores deve ser explorada ao méximo. Como, por exemplo, copas horizontais para direcio- nar 0 ar umedecido ao interior dos edificios, copas colunares das aroeiras nas vias principais ou copas triangulares dos guapuruvus que po- dem funcionar como marcos visuais, ¢ ainda as globulares das manguciras nos quintais ¢ pomares populares urbanos. Diametro ~ O tamanho final da rvore é um dado imprescindivel para a correta especifi-

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