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eee U ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA 2.1 — IMPORTANCIA DA LEITURA Néio basta ir as aulas para garantir pleno éxito nos estudos. E preciso ler e, principalmente, ler bem. Quem nfo sabe ler nio saber resurir, nao saberé’ tomar apontamentos e, finalmente, ndo saberd estudar. Ler bem é 0 ponto fundamental para os que quiserem ampliar ¢ desenvolver as orientacdes ¢ aberturas das aulas. £ muito importante participar das aulas; elas nao circunscrevem, néo limitam; 20 contrério, abrem horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos ¢ quer atingir resultados plenos de seus cursos. Alids, quasc todas as cadeiras desenvolvem progra- mas de pesquisa bibliogréfica para que o aluno desenvolva temas © reconstrua ativamente © que outros. jé construfram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, € necessério ir as fontes, aos autores, aos Ti- vvros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam crteriosa bibliografia;, alguns livros so bisicos, ou de ei- tura obrigatéria, para quem quer colher todo fruto das aulas, outros io mais especializados ou se concentram em algum item do progra- ma, € pode, entre os tratados gerais de consulta obrigatéria, ser in- dicado um, como livro de texto.. A indicagéo do livro de texto tem ‘antagens © inconvenientes cuja anilise ultrapassaria os limites que este compéndio impée. Diremos, apenas, que 0 livro de texto & muito bom para a preparacdo da aula, mas que 0 aluno no pode aterse exclusivamente a cle. “Timeo hominem unius libri", diziam 0s antigos. Devemos temer 0 homem de um livro s6. £ necessério abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais especializadas sobre -cada tema ou sobre cada pormenor dos programas. ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA 35 ‘Se nfo € possivel pensar em fazer um bom curso sem desco- brir ou fazer aparecer espacos de tempo para o estudo extra-aula e se € necessirio programar criteriosamente a utilizagio desse tempo, jualmente impossivel pensar em fazer um bom curso sem boas fontes de leitura? E possivel que se pretenda fazer tum curso universitério sem freqlientar bibliotecas ou sem adquirir, a0 menos, os livros bésicos para cada programa? _A Ieitura amplia e integra 0s conhecimentos, desonerando a me- 6ria, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo © ‘vocabulério e a facilidade de comunicacao, disciplinando a mente alargando a consciéncia pelo contato com formas ¢ angulos diferen- tes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem 1é constréi sua prépria ciéncia; quem nfo 18 memoriza elementos de ‘um todo que ndo se atingiu. E, ao terminar um curso superior, de- veriamos ndo s6 estar capacitados a repetir muitas das coisas apren- didas na faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveriamos ser uma pequena fonte, no um pequeno depésito de conhecimen- tos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas passam. E preciso ler, ler muito, ler bem. £ preciso sentir atracdo pelo saber, ¢ encontrar onde buscé-to. E necessirio iniciar este trabalho com determinagio e perseverar nele; 0 erescimento cultural tem crises como o crescimento isi quem no sente apetite no deve deixar de alimentar-se; comprome- teria sua sade. ‘Também na leitura trabalhada devemos ser perse- verantes; s6 esta perseveranca garantiré aquela espécie de salios de integragio de dados, que se vio acumulando ¢ associando como fru- tos da leitura continuada. 2.2 — COMO SELECIONAR © QUE LER © titulo do livro é a primeira informacdo que temos sobre seu contetido, mas no deve figurar como critério de escotha para a I tura, Devemos examinar sumariamente 0 livro cujo titulo nos inte- ressa & primeira vista; devemos ver 0 nome do autor, seu curriculum; devemos ler sua “orelha”, indice da matéria, a documentacao ou 4 citagdes ao pé das pginas, a bibliografia, assim como verificar a editora, a data, a edigéo e ler rapidamente 0 prefacio. A convergén- cia destes vérios elementos ajuda a selecionar o que ler, Ademais, Podemos consultar professores da respectiva érea. 6 MEMENTO PEDAGOGICO Todo estudante deveria imteressar-se pela formagio de uma pe- 4quena biblioteca de obras selecionadas, os livros so. suas ferramen- tas de trabalho. © primeiro passo & adquiric os livros citados pelos rofessores como indispenséveis ou fundamentais; em seguida as obras ‘mais amplas ¢ mais especializadas dentro da Area profissional ou do interesse: particular de cada um. 2.3 — VELOCIDADE E EFICIENCIA DA LEITURA ‘Allguns léem tio devagar que, ao final de um parigrafo, jé tive- ram tempo para esquecer seu inicio, e ‘voltam para revé-lo. Estes etornos representam nova forma de perda de tempo que se soma & lentidgo da leitura, com enorme prejuizo. Quem assim procede niio encontra tempo para ler, pois néo ha tempo que chegue ¢, desta for- ‘ma, instala-se um verdadeiro circulo vicioso. Normaimente, a leitura veloz nio prejudica a eficiéncia ou a compreenséo. Quem Ié bem ¢ depressa encontra tempo para ler ¢ faz seu tempo render. Néo existe uma velocidsde-padrio de leitura; a maior ou a menor velocidades dependem do género do préprio texto, ‘bem como das peculiaridades do leitor. Nao se léem com a mesma velocidaide textos de género diferente, como, por exemplo, um ro- mance € um manual de biologia. Por outro lado, cada um deve atin- gir sna velocidade ideal, mas € certo que sempre é possivel aumentar a velocidade sem prejuizo da compreensio. N&o pretendemos apresentar um curso de leitura veloz, mas ofe- recer uma seqiiéncia de normas © de consideragies que levardo nor- malmente a um aumento de velocidade ¢ de eficiéncia na leitura cultural, isto €, um curso que aumentard o rendimento do esforco pessoal no estudo, através da leitura, Em nosso caso, da leitura eficiente decorrem a captacdo, a retengio ¢ a integracio de comheci- mentos contides no manancial dos textos Tidos. 2.4 — COMODIDADE E HIGIENE NA LEITURA © ambiente material de leitura deve reunit umas tantas condi- ges que a favorecam. E preferivel ler em ambiente amplo, arejado, bem iluminado ¢ silencioso; se a luz for artificial, deve ser difusa, ¢ seu foco deve estar & esquerda de quem le. £ preferivel ler sentado a ler em pé ou deitado. Além do texto a ser lido, € importante ter & mo um bom dicionério, lipis e um bloco de papel. £ de suma im- portincia, também, o clima de siléncio interior, de concentragio na- -quilo que se vai fazer. ‘Tudo que resumimos acima est amplamente desenvolvido, pro- ‘vadéo € justifieado nos tratados de pedagogia e de diditica. Nao ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA 37 duvidamos de sua importincia, mas quem no dispuser do ambiente ideal de leitura deve aprender a ler com boa velocidade ¢ eficién- ia mum_banco de jardim, numa sala de espera ou numa fila de Snibus. Cada um constréi sua casa com as pedras que tem, Néo se julgue impossibilitado de ler aquele que no puder fa- zé-lo em ambiente de condicdes ideais, mas & importante conhecer ‘estas condigdes ¢ procurar crié-las ou ‘desfrutar delas tanto quanto possivel. 2.5 — DEFINICAO DE PROPOSITOS Algyém pode ler s6 para passar o tempo, para no manter con- versacio com 0 cidadio estranho que se sentou a seu lado no mesmo vagio, ou para dar ares de intelectual; estas séo manciras de dar al- guma finalidade & leitura, Mas, nio € dessa finalidade ou propési- tos que estamos falando. ‘A finalidade basica da leitura cultural é a procura, a captacéo, a critica, a retencio © a integracio de conhecimentos, ¢ isto se faz, ‘em primeiro lugar, pela procura das idéias-mestras, das idéias prin- cipais, também chamadas idéias diretrizes. Cada texto, cada seco, cada capitulo e, mesmo, cada parigrafo tém uma idéia principal, um palavra-chave, um conceito fundamental. “.. € essencial que © estudante se preocupe em descobrir qual é essa idéia diretriz, fio con- dutor do pensamento do mestre ou expositor”, escreve Emilio Mira y Lépez, em seu “Como estudar e como aprender”, e continua: “Assim, ‘pois, como cada fabula tem sua ‘moral’, isto é& a sua es séncia significativa, cada série de pensamentos possui uma idéia di- retriz ou conceito’ fundamental. Descobri-lo, quando no esté em negrito, é conquistar um dos fatores essenciais de toda aprendizagem cultural."() Em cada pardgrafo, pois, o leitor deve captar a idéia princi- pals deve concentrar-se em sua procura. O mau leitor, ou seja, 0 leitor lento ¢ ineficiente, 1é palavras, ou melhor dizendo, 1é palavra por palavra, como se todas tivessem igual valor; o bom leitor 1é tunidades de’ pensamento, Ié idéias © as hicrarquiza enquanto Ié, de ‘maneira a encontrar a idéia-mestra ou a palavra-chave. Quem Ié idéias & mais veloz na leitura ¢ capta melhor o que Ié. Mas isto é fruto de treinamento, de exercicios. “Se vocés, amigos leitores, dedicas- sem uma hora por dia & tarefa de descobrir, concretizar ¢ formular as idéias direttizes de alguns pardgrafos de’ diversos textos, exer tarse-iam em uma técnica de abstragio e de sintese que thes per- mitiria tirar 0 méximo proveito de qualquer tipo de leitura ou es- tudo ulterior.”@) Y LOPEZ: Emile, op. ely m2 Tovcom, 38 MEMENTO PEDAGOGICO Nossa experiéncia de mais de vinte anos de magistério, bem como de mais de trinta anos de continuados estudos confir- maram as palavras de Mira y Lépez e da generalidade dos autores que versaram sobre o assunto. Por ocasiio da iltima abordagem do presente assunto em classe, uma aluna tomou a pa- lavra para prestar interessante depoimento: “Eston cursando esta cadeira de Metodologiu com calouros, mas jé estou no ultimo se- mestre do curso de Estudos Sociais. Sou transferida de uma outra faculdade, onde no existe a cadeira de Metodologia. Confesso que estava chegando ao fim do curso sem saber ler. Percebo que fui muito prejudicada, Mas... antes tarde do que nunca”, concluiv, Esse depoimento teve mais forea persuasiva do que toda nossa aula, E aquela classe passou a valorizar a nossa cadeira, a estar mais atenta as aulas ¢ a aplicar-se com maior dedicagao a leitura cultural para trabalhos de pesquisa bibliografica. Quem néo puder dedicar uma hora por dia 20 trabalho de en- contrar as idéias principais de alguns pardgrafos nio se julgue dis- pensado deste exercicio; Ieia com este proposito 0 seu livro de te tos, as suas apostilas, © toda bibliografia consultada na elaboracio de seus trabalhos de pesquisa. Procure, apés a leitura de algumas péginas, reformular as idéias-mestras, leia novamente a passa~ gem para ver se atingiu o propésito de toda leitura cultural, que é captar, reter, integrar e evocar conhecimentos reformulados. “Crie ‘© hibito de ‘encontrar a idéia principal em cada pardgrafo que ler. Quando julgar té-lo feito, confira sua conclusdo e mantenha a idéia ‘em mente enquanto continua a ler, ¢ compare-a, especialmente, com 4 sentenga-sumério. Se tiver davidas a respeito de sua sclecio, releia ‘© parégrafo, desta vez, olhando-o bem para se certificar de que cap- tou a idéia correta. Lembre-se, porém, de que nem sempre pode encontré-la numas poucas palavras dadas; talvez, tenha de refrased- -la com palavras suas (uma boa prética, afinal de contas) para cap- té-la com exatidao.”() 2.6 — A IDEIA-MESTRA EM SUA CONSTELACAO Nio existem capitulos, segdes ou livros s6 com idéias-mestras; estas seriam encontradas nos indices, nos prefacios ¢ nos sumérios. Nem 6 possivel captar, hierarquizar, criticar, reter ou evocar idéias- ~mestras totalmente despojadas de pormenores importantes. A idéia principal aparece sempre numa constelagio de idéias que gravitam sua volta; um argumento que a justifique, um exemplo que a clu- cide, uma analogia que a tome verossimil ¢ um fato a0 qual cla s¢ aplique so elementos de sustentacio da idéia principal. (8) MORBAN, Citford T. © DEEDSE, James, Come setter, p. ®. ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA 2 © bom leitor nao Ié s6 0 essencial; nfo 18 apenas resumos com © propésito insano de memorizé-los. O bom leitor produz seus re- sumos, é verdade; mas, procura acompanhar a montagem, 0 enca~ deamento, a articulacio das idéias em amplos e profundos textos nos quais’as idéias principais sfo fundamentadas com bases. sblidas, com demonstragdes de validade ponderivel, com fatos de evidéncia comprovada, com documentos insofisméveis, ou so aplicadas na so- lugio de problemas ou na definigao ou normalizagto da conduta, Quem alega, por ocasitio de exames ou em conversagées roti- Aciras, que tem facilidade para responder perguntas esssenciais, mas ‘io se interessa por pormenores e “coisinhas” esti confessando, embora no seja esta a sua intengio, que nio 1é ou néo sabe let, que nao estuda ou nio sabe estudar, £ importantissimo discernir o principal e 0 secundatio, a idéia- -mestra e 05 pormenores mais importantes ou menos importantes. Memorizar indices, enunciados, teses, ov postulados nao exime nin- ‘guém da pecha de mau leitor, de mau estudante ou de pseudo-sele- cionador de preciosidades. Quem procede assim nfo tem razio para eseusar-se; deve mudar de conduta e comecar a ler ea estudar com inteligéncia e sabedoria, isto é com amor pelo saber. 2.7 — SUBLINHAR COM INTELIGENCIA Sublinhar é uma arte que ajuda a colocar em destaque.as idéias- -mestras, as palavras-chave ¢ os pormenores importantes. Quem su- linha com inteligéncia esté constantemente atento a leitura; desco- bre o principal em cada pardgrafo ¢ 0 diferencia do acess6rio; este propésito o mantém concentrado ¢ em atitude critica durante todo 0 tempo dedicado a leitura. Além desse efeito benéfico, jé durante a leitura, © habito de sublinhar com inteligéncia favorece 0 trabalho das revises imediatas, bem como as revises globalizadoras posteriores. HG leitores que ouviram falar na vantagem de sublinhar, ou que tiveram colegas excelentes nos estudos, cujos livros estavam sempre sublinbados intcligentemente;.por isso, resolveram sublinhar também. Mas, esses imitadores de coisas véo sublinhando logo na primeira lei- tura todos as palavras que parecem mais importantes em determinado pardgrafo, e seguem em frente como se tudo estivesse perfeitamente localizado, hierarquizado, captado, entendido. Sublinhar 6 uma técnica que tem suas uormas. Se estas normas no forem observadas, © sublinhamento indiscriminado atrapalhard mais do que ajudara, quer durante a leitura, quer por ocasiio das revisbes. 40 MEMENTO PEDAGOGICO 2.8 — NORMAS PARA SUBLINHAR Cada um pode adotar uma simbclogia arbitratia ¢ pessoal para sublinhar e fazer anotagdes @ margem dos textos. Basta que a simbo- logia adotada mantenha uma significayao bem definida © constante. Entretanto, poderfamos sugerir algumts normas colhidas em fontes credenciadas e em larga experiéncia pessoal: a) Sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes — Nido se deve sublinbar em demasia, Nio sublinbar longos perfo- dos; basta sublinhar palavras-chave, Aplica-se a0 caso o adigio latino ‘non multa, sed muitum", que traduztiamos, adaptando 20 nosso in- tento: ao’ sublinhar “mulia”, isto & muitas coisas, mas. sublinhar “multum”, ito 6, 0 muito significative, ») Nao sublinhar por ocasiéo da primeira leitura — As pessoas ‘mais experimentadas, que examinam textos pertinentes a sua frea de ‘especializacio, sublinham inteligentemente por ocasiio da primeira Ie ‘ura; mas, recomenda-se 20s principiantes que ndo o fagam; leiam primeiro um ott mais parigrafos, e retornem para sublinhar aquelas palavras ou frases essenciais que, desde a primeira leitura, foram iden- lificadas como principais, ¢ que a releitura mais répida confirma ‘como tais. ©) _Reconstituir © pardgrajo a partir das palavras sublinhadas’ — € supérfluo esclarecer esta norma que traduz a natureza e.a finalidade do ato de sublinbar. 4) Ler o texto sublinhado com a continuidade ¢ plenitude de sem- tido de um telegrama — Por ocasiio das revises imediatas ou pos- teriores, 0s textos sublinhados de acordo com esta norma permitirso tuma leitura rapidissima, apoiada nos pilares das palavras sublinhadas; ‘por outro lado, a Ieitura das palavras sublinhadss, embora pertencen- {es a frases diferentes ¢ até distanciadas, terf um sentido fluente © concatenado. ©) Sublinhar com dois tragos as palavras-chave da idéia principal, ¢ com um iinico trago os pormenores importantes — Devemos subli- tnhar tanto as idéias prineipais como os detalhes importantes, mas & bom, air de tal manera que as iéasprincpas ve mantenham des- tacak )Assinalar com linha vertical, & margem do texto, as passagens mais significativas — Nao raro, a idéia principal retorna em diversos pa. rigrafos e em diversos contextos. E hi passagens em que 0 autor ‘tinge uma espécie de climax; essas passagens, que poderiamos trans ‘crever em nossas fichas de documentagio pessoal, devem ser identi- ficadas para foturas buscas. Nada melhor que um traco vertical & margem do texto para tal identificacao. 18) Assinalar com um sinal de interrogacdo, & margem, os pontos de discordincia — Podemos niio concordar com as posigoes assumidas pelo autor, como também perceber incoeréncias, paralogismos,interpre- eer penemenwnr sear ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA a tagées tendenciosas de fontes ¢ uma série de falhas ou de colocasBes que julgamos insustentéveis, dignas de reparos ou passiveis de ‘rf ticas. Devemos repistrar 0 fato mediante uma intetrogaggo & mar- gem do texto em apreeo. Ha quem fale do uso de cores diferentes para assinalar idgias principais e pormenores importantes, em lugar de usar um ou dois tragos, conforme preferirmos, bem como do uso de uma terceira cor para assinalar pontos mais dificeis ou que néo tenham ficado claros. Para assinalar pontos mais obscuros, quer durante a leitura de prepa- ragio para as aulas, quer durante as leituras ulteriores, em textos de maior desenvolvimento, preferimos a utlizagdo de lapis e nlio de ca- netas a tinta. De resto, aplica-se a0 caso o provérbio latino “de gusti- bus et coloribus non disputatur”, isto é, “a respeito de preferéncias € de cores no se deve discutir”: que cada um adote a simbologia que melhor the parega. 2.9 — VOCABULARIO E LEITURA EFICIENTE ‘Muita gente 18 mal porque nio tem bom vocabulério © nio tem bom vocabulério porque 1é mal, o que se torna um circulo vicioso que deve converter-se em circulo virtuoso, para todo aquele que aspira atingir nivel de crescimento cultural. © domfnio cada vez mais amplo do vocabulério enriquece nossa possibilidade de compreensio e concorre para aumentar a velocidade na leitura. ‘Mas, como aumentar nosso vocabulério? Decorando algum dicio- nério? Quem 0 fez em seu tempo de estudante, em eras que néo vol- tam mais, confessa que o trabalho era penoso; entretanto, acaba agra-- decendo aos professores exigentes de seu tempo. Mas o melhor recurso para aumentar o préprio vocabulirio 6, sem divida, a leitura. Como proceder ante uma palavra de sentido desconhecido, ou que assume sentido novo em determinado contexto? Morgan © muitos outros recomendam a imediata consulta aos dicionérios: “A primeira coisa a fazer € procuré-la num dicionério.”(°) Por nossa parte, suge~ rimos que se experimente no interromper a Ieitura ante um termo de sentido desconhecido; nfo raro, a seqiéncia do texto deixar’ bem claro o sentido da palavra desconhecida; anote, pois, a palavra des- conhecida em um papel avulso, ¢ continue a ler. Ao final de um capitulo, apanhe o diciondrio para esclarecer todas as palavras ano- tadas como desconhecidas e verifique 0 sentido que melhor se coa- duna como respectivo contexto. Assim, durante a segunda leitura, ‘em que se sublinham as idéias principais ¢ os pormenores importantes, (5) MORGAN, Cliford Top. ey. 60. 2 MEMENTO PEDAGOGICO todos os termos estario claros ¢ incorporados a0 nosso vocabulério. Adote a sugestio da consulta imediata ou a sugestio de no inter- romper a leitura cada vez que encontrar uma palavra desconhecida. © fundamental € que nao se deve perder a oportunidade de enrique- ‘cer 0 préprio vocabulério pela preguica da busca de palavras novas em algum dicionério. Por certo, estariamos prejudicando a compre- enso do texto ¢ impedindo 0 préprio crescimento cultural. ‘Que dicionérios consultar? Nao se entende um estudante de nivel superior que nao tenha um bom dicionério comum da lingua materna. Mas, hé certas palavras que, embora incorporadas linguagem vul- gar, conservam ou assumem sentido especifico, definido pelas diver- sas ciéncias, como a botdnica, a biologia, a medicina, a filosofia, assim por diante. Outras palavras no constam nos diciondtios. co- ‘muns, mas tGo-somente nos diciondrios de maior porte ou em dicio- nirios técnicos das diversas reas. O estudante deve adquirir um bom dicionfrio dentro da sua drea de especializacao. Entretanto, as facul- dades mantém bibliotecas ricas em fontes de consulta, com grande variedade de diciondrios e enciclopédies & disposicéo de seus alunos. ‘Nao € preciso que cada um compre enciclopédias carissimas para usar ‘uma vez ou outra; com 0 dinheiro de uma enciclopédia de generali- dades monta-se uma preciosa estante com obras da propria especia- lidade, inclusive com dicionérios técnicos; e isto parece ser mais titi 2.10 — USAR MELHOR A VISTA Durante a leitura, nossos olhos percorrem as linhas no em mo- vimento continuo, mas a0s pulos; no lemos durante 0 movimento dos olhos, mas nas suas rapidas paradas, que podem ser observadas com aparcthos adequados. Nossos olhos ‘podem fixar-se em uma si- laba, em uma palavra, ou em um grupo de palavras, nessas paradas de reconbecimento dos estimulos grificos. Quanto mais amplo for este campo de parada ou de reconhecimento, mais veloz sera a lei tura; © como essas paradas incidem em palavras principais, mais com- preensivel torna-se 0 texto. ‘© bom leitor nao 18 palavra por palavra, muito menos sflaba por silaba; sua vista incide sobre grupos de palavras; a pausa de re- Conhecimento deste grupo de palavras é curta. Mas, esta habilidade € fruto de exercicios ¢ da pratica da leitura. Sugerimos que se fagam exercicios de leitura, procurando fixar em cada grupo de palavras as sflabas iniciais, como se 0 texto est ‘vesse escrito com abreviaturas. 2.11 — LER E LEVANTAR ESQUEMAS E RESUMOS Para acentuar os propésitos da Ieitura, para melhor captar, dis- i, assimilar, gravar e facilitar a evocacdo ‘futura dos conteddos | ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA “8 da leitura, nada melhor do que procurar reproduzir ou refrasear aqui- Jo que lemos: “Se voc resolver anotar brevemente o que 0 autor diz, nGio pode evitar que 0 que ele diz se torne parte do seu proprio pro- ‘cesso mental.”(9) Quem Ié bem, de lépis na mao, a procura das idéias diretrizes © dos pormenores importantes, jé preparou caminho para o levantamen- to do esquema seguido pelo’ autor, bem como do resumo daquilo que leu. Quem faz leitura trabalhada exercita-se na habilidade de discer- nir © principal e 0 acessério, ¢ deixa assinalado, durante a leitura, tudo que poderia fornecer clementos para o levantamento do esquems, para a elaboragdo do resumo ou para transcrigées em fichas de do” cumentagio pessoal. Ao contrério, quem no 1é com discernimento, ou quem nao sublinha com inteligéncia, fara resumos falhos, sinteses mutiladas que mais atrapalharao nos estudos e confundirio nas revi- ses do que ajudario. 2.11.1 — Natoreza, fungio ¢ regras do esquema Esquema € 0 plano, a linha diretriz seguida pelo autor no de- senvolvimento de seu escrito; esse plano delimita um tema e estabe- lece a trajet6ria bisica de sua apresentacio, subordinando idéias, se- ecionando fatos e argumentos. A funcdo do esquema, pois, é definir o tema qui partes de um todo numa linha ditetriz, para torné-lo possivel a uma visio global. Pelo esquema, pode-se atingir 0 todo numa Gnica mirada, A elaboragio ou levantamento do esquema obedece a algumas regras: 4) Seja fiel ao texto. N&o se pode trabalhar com esquemas fixos ‘ou preconcebidos © forgar o texto lido a entrar neles, b) “Apanhe © tema do autor, destaque titulos, subtitulos que guis- ram a introdugio, © desenvolvimento ¢ as conclusses do texto. ©) Seja simples, claro e distribuido organicamente, de maneira a apresentar limpida imagem concentrada do todo. 4d) Subordine idéias © fatos, néo os retina apenas, ©) Mantenha sistema uniforme de observagoes, graficos ¢ simbolos para as divisdes © subordinacdes que caracterizam a estrutura do texto. 2.11.2 — ‘atureza, funcio ¢ regras do resumo © resumo pedagégico, nao necessariamente cientifico, consiste no trabalho de condensagio de um texto capaz de reduzi-lo a scus cle- mentos de maior importancia. Nao estamos considerando, no contexto TW MORGAN, cuitord op | a MEMENTO PEDAGOGICO da presente anilise, os resumos elaborados com o intuito de divulga- ‘slo cicmtfica nas segdes especializadas de jornais ou revistas, mas 0 esumo como recurso de aprendizagem e como material adaptado 20 trabalho de revisio. © resumo difere do esquema e do sumério porque é formado or pardgrafos de sentido completo; sua leitura dispensa a do texto original, no que diz respeito ao levantamento dos conteiidos; no indica t6picos apenas, mas condensa sua apresentagio, Ademais, 25 resumos comportam apreciagio critica a partir dé uma porigdo assumi “Numerosas pesquisas, a propésito, provaram que recordamos muito melhor as coisas que fazemos..”” © trabalho de resumir ajuda a captagio, a andlise, 0 relacionamento, a fixagiio ¢ a inte- graco daquilo que estamos estudando, assim como facilita sua evocacio ¢ reduz 0 tempo destinado A preparagio de provas, au- ‘mentando 0 aproveitamento geral. Nao concordamos com a sugestio de se elaborar por escrito resu- mos de tudo que estudamos. Tss0 pode ser muito bom, ou mesmo ne~ cessirio, quando o texto em apreco é muito amplo ou de acesso di- ficil, pois no temos condi¢ao ou interesse de possu‘-lo; isso acontece quando estamos pesquisando obra rara em uma biblioteca pablica, por exemple, O resumo torna-se aconselhivel quando ouvimos uma’ aula ou conferéncia profunda e amplamente desenvolvida, ou quando es- tamos coletando material para um trabalho de maior folego. De testo, © resumo serd stil para testar nosso entendimento de textos mais di- ficeis, para nos cxercitar na arte de redigir com clareza e conci Mas, um texto lido, trabalhado, analisado, sublinhado, com anota- des & margem, € um resumo em potencial; niio concordamos com a osig&o daqueles que prescrevem a pratica do resumo escrito de tudo que se 18 como condigio necesséria ao estudo eficiente. Voliemos & ‘idéia fundamental: quem 1é bem sera capaz de claborar bom resumo, © obedeceré quase espontaneamente as seguintes regras: a) Nao pretender resumir antes de ler, de esclarecer todo o texto, de sublinhar, de fazer breves anotacces & margem do texto — Quem pretende fazer resumo enquanto 18 acaba sendo tio prolixo como 0 original © muito menos perfeito, Pode-se, entretanto, anotar em Papel avulso dados que, possivelmenie, serio depois incorporados ou mesmo salientados no restimo. Por outro lado, resumo 6 trabalho de “extragio” no de E possivel fazer um resumo daquilo que se sabe, independente de qualquer texto mas, restimo de “text ‘supse, necessariamente, fidelidade ao texto ¢, conseaiientemente, I tura ¢ exame prévios, TT MORGAN, Citford Top. city p. 6, ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA 4s b) Ser breve e compreensivel — Se & resumo, que néo se estenda ‘em demasia; mas, come deve ser suficient, isto &, como deve dispensar a letura do texto original, © resumo néo pode permanecer nas indi ‘cages sumétias de t6picos, como acontece com 0 esquema.. ©). Percorrer especialmente as palavras sublinhades at anotagoes 2 margem do texto — Depois de uma primeira leitura geral corrida, ‘depois de todos os esclarecimentos de termos © conceitos, depois. de uma segunda leitura com anotagées, est preparado 0 camiaho para tum resumo perfeto; nem € previso reler todo 0 texto; basta seguir as anotagées'e sublinhamentos. 4) Nos casos de transcricao textual, usar aspas e fazer referéncia completa a fonte — As vezes, © proprio autor condense admiravcl- mente seu pensamento em passagens Tnpidares; podemos transcrever tais passagens, enriquecendo'¢ valorizando nosto. resumo, mas. € lay portant destacar tals textos tarscrevélos entre aspas, indicando 2 forte. ©) Juntar, especialmente ao fina, ideias intesradoras, referéncias bi- biggrdjicas ¢ criticas de cardter pessoal — Os resumos, embora mar- cados pelo cardter de objetividade e de fideidade 8s fontes, comportam inclusoes de critica pessoal e certas anotagées de carder integrador; dirfamos que os restimos podem e devem ser “personalizados”. 2.12 — COM 0 TEXTO DIANTE DOS OLHOS Se entendermos, a0 término de nossas consideragdes sobre 0 es- tudo através da leitura trabalhada, a importfincia desse recurso, no processo de crescimento cultural, a que deve necessariamente aspirar todos os que ultrapassaram o vestfbulo de uma faculdade, para devo- tar-se 2 conquista da formagdo superior, se nos convencermos da ne- cessidade de partir, como propésito bésico, em qualquer leitura cultu- ral, & procura da idéia-mestra e dos pormenores importantes que serio sublinhados, discutides, analisados, assimilados, reduzidos a esquemas Fesumos, numa atividade de excelentes resultados préticos; se com- preendermos que é assim que nos preparamos para os exames ¢ para as responsabilidades profissionais de amanhé; se isso acontecct aos nossos leitores como acontece aos nossos alunos em classe, no pri- tmeiro més de aula, estamos atingindo nosso objetivo. Entretanto, € necessério por em pritica aquilo que se aceitou como importante ¢ eficaz na vida de estudos. Pode haver dificuldades, ‘uma primeira tentativa de Icitura trabalhada, mas € necessitio ini- ciar © perseverar nesta pritica. Em breve, sentiremos concretamente seus efeitos benéficos. E todo nosso curso ¢ todas as nossas leituras beneficiar-se-o dessa maneira correta de trabalhar sobre um texto. Tome Ié seu texto, seja ele qual for; sente-se, acomode-se & mesa, com um dicionério ¢ um bloco para apontamentos ao lado. Concen- twe-se, suavemente, no trabalho que vai iniciar, certo de que nfo 6 46 MEMENTO PEDAGOGICO hora de se distsair com problemas alhelos a0 propésito de ler com aplicagio e inteligéncia, Numa espécie de fase inicial de aquecimento € concentragio, comece lendo 0 titulo do assunto, os subtitulos, © sumério, se houver; s6 entio inicie 4 primeira leitura geral com a atengio sempre vollada para as idéias-mestras e para os pormenores importantes; caminhe decididamente; se encontrar termos desconheci- dos, anote-0s em papel avulso; no perca de vista os titulos e os sub- titulos; descubra e acompanhe a trajetéria percorrida pelo autor; as sinale’a lépis, & margem do texto, 0 que Ihe parecer digno de ulte- riores consideragdes; mas, nfo se’ detenha, caminhe alé 0 fim com velocidade compativel com a compretnsio’ do texto. Ao chegar ao fim, procure esclarecer o sentido das palavras desconhecidas que ano~ tou durante @ leitura. Essa sessio de estudos nio deve ulttapassar vinte minutos ou meia hora; programe, pois, previamente, 0 ponto a ‘que deve chegar, que pode ser um subsitulo do texto; neste caso, con tinue sua leitura até ao final do capitulo ou do texto em apreco. Recomece a segunda leitura procurando no texto respostas as questdes que 0 autor se propés analisar ou que vocé mesmo formulou ap6s a primeira leitura; atenda, agora, aos sinais que foi fazendo 3 margem do texto durante a primeira leitura. Detenha-se em cada pa- ragrafo; sublinhe as idéias principais e os pormenores importantes; examine a cocréncia, a estrutura légica do texto; pondere a natureza € a forca dos arguinentos, a validade dos exemplos e a perfeicao das divisdes; questione, compare, critique; faga breves anotagies i mar- gem do texto; assinale pontos obscuros para debater com colegas ou Professores. V4 associando novas conquistas a seus conhecimentos anteriores, integrando-as, enriquecendo-as com algo de seu, 20 mesmo tempo que se enriquece com clas, pois o crescimento cultural iio se realiza por agregacao ou superposicdo de camadas de conhecimentos, mas por gestacdo de concepeées, como diria Sécrates, Crescimento cultural € processo vital de captacdo, andlise, reconstituicao ou sinte- se, assimilagdo ou integrago unificada e unificante das partes ov cle- ‘mentos em um todo maior. Nao alegue que este trabalho supde um cabedal de conhecimen- tos; isto € ou pode ser verdade; entreianto, & preciso comecar para ir adquitindo cabedal sempre maior de conhecimentos; & ele que, em grande parte, é fruto da leitura trabalhada. A segunda leitura 6 mais trabathota, mas ofetece em troca exce- lentes gratificagdes. Ela disciplina nossa razio, desenvolve 0 senso ctitico, alimenta 0 espirito cientifico, promove 0 nosso real desenvol- vimento semelhanga da digestdo sempre mais lenta © mais provei- tosa que a ingestio. “Ao término dessa segunda leitura, est aplainado ‘© camino para qualquer espécie de esquematizagio, resumo ou fichi mento, que se queiram fazer. Dizemos “que se queiram fazer", por- Cements tbo meee steer ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA a que, como jé dissemos, nfo precisamos elaborar esquemas, resumos € fichamentos escritos de tudo que lemos. Parece-nos um exagero de te6ricos as prescriges insistentes em sentido contrério. Mas, quando © texto é muito longo ou dificil, ow mesmo elaborado sob forma de exercicio, é bom refrased-lo através de resumos, conforme as normas acima citadas, Quem nio € capaz. de resumir mentalmente ou oral- mente um filme a que assistiu, uma peca de teatro, um romance ou tum texto, sem precisar té-lo feito antes por escrito? Nao basta ler uma, duas, ou até trés vezes o mesmo texto. & preciso parar para analisé-lo, criticé-1o, discuti-lo, questioné-io, ano- télo, sublinhé-lo, reté-lo, refrased-lo mentalmente e, quando neces~ sirio, em resumos escritos; é preciso captar com discerimento, ana- lisar, associar, assimilar © retet com tenacidade, crescer através do desenvolvimento interno ¢ néo por i > sordenado de informagées superfi A leitura cultural € um trabalho de garimpeiro; € um trabalho, rao um pas satempo ocioso. Muitos alunos confessaram francamente que nfo pensavam set a leitura to importante. E declararam também que nio sabiam ler. ‘Nosso objetivo neste item é simples e direto: mostrar como se Ié © mostrar que é fécil ler bem, Quem nao sabe ler jamais amaré a Ici tura ou tiraré dela o esperado beneficio. Quem aprendeu a ler con fessa que passou a gostar de ler ¢ a tirar grandes vantagens do estudor através da leitura; passou a encontrar tempo para ler e a faz-lo mais. depressa e com melhor compreensio.

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