Sie sind auf Seite 1von 158
Sociedade as Cigucias Antigas f A Cabala Mistica Dion Fortune Sociedade das Ciéncias Antigas A CABALA MISTICA POR DION FORTUNE TRADUZIDO DO ORIGINAL INGLES “MYSTICAL QABALAH” EDIGAO DE 1935 Goog Capitulo I 1A IOGA DO OCIDENTE 1. Sio poucos os estudantes de ocultismo que sabem alguma coisa a respeito da fonte de onde surgiu a sua tradigGo. Muitos deles sequer sabem que existe uma Tradig4o Ocidental. Os eruditos sentem-se perplexos diante dos subterfiigios a das defesas intencionais de que se valeram tanto os iniciados antigos como os modernos para ocultar-se, concluem que os poucos fragmentos que ainda nos restam dessa literatura ndo passam de contrafagdes medievais. Muito se espantariam se soubessem que esses mesmos fragmentos, suplementados por manuscritos que jamais se permitiu safrem das maos dos iniciados, complementados por uma tradicao oral, ainda sio transmitidos até hoje nas escolas de iniciagdo, constituindo a base do trabalho pratico da ioga do Ocidente. 2. Os adeptos das ragas cujo destino evolutivo consiste em conquistar o plano fisico desenvolveram uma técnica iogue propria que se adapta aos seus problemas especiais ¢ as suas necessidades peculiares. Essa técnica baseia-se na bem conhecida, mas pouco compreendida Cabala, a Sabedoria de Israel. 3. Poder-se-4 perguntar por que as nagdes ocidentais teriam qualquer razo para procurar a sua tradig&o mistica na cultura hebraica. A resposta a essa questo serd facilmente compreendida por aqueles que esto familiarizados com a teoria esotérica relativa as ragase sub-racas. Tudo tem uma fonte. As culturas nao brotam do nada. As sementes de cada nova fase de cultura devem surgir necessariamente da cultura anterior. Nao podemos negar que o judaismo foi a matriz da cultura espiritual europeia, quando recordamos que tanto Jesus como So Paulo eram Judeus. Nenhuma utra raga além da judia poderia ter fornecido a base para uma nova revelagdo, visto que nenhuma outra raga abracava um credo monoteista. O panteismo e politeismo tiveram seus dias de esplendor, mas uma nova cultura, mais espiritual, se tomou necesséria. As ragas cristas devem sua religido cultura judaica, assim como as ragas Budistas do Oriente devem a sua a cultura Hindu. 4. O misticismo de Israel fornece os fundamentos do moderno ocultismo ocidental, constitui o fundo te6rico com base no qual se desenvolveram os rituais ocultistas do Ocidente. Seu famoso hierdglifo, a Arvore da Vida, é o melhor simbolo de meditago que possuimos, exatamente porque é 0 mais compreensfvel. 5. Nao & minha inteng¥o escrever um estudo hist6rico sobre as fontes da Cabala, mas, antes, mostrar 0 emprego que dela fazem os modernos estudantes dos Mistérios. Embora as rafzes de nosso sistema estejam na tradig4o; nfo hé razfo alguma para que esta nos escravize. Uma técnica empregada nos dias que correm & um proceso que esti em pleno desenvolvimento, pois a experiéncia de cada trabalhador a enriquece a se torna parte integrante da heranga comum, 6. Nao devemos necessariamente seguir tais e tais atitudes ou manter tais e tais ideias apenas porque os rabinos que viveram antes de Cristo assim o determinaram. O mundo nao deteve sua marcha na era dos rabinos, e vivemos hoje uma nova revelagio, Mas © que era verdadeiro - em prinepio no passado é verdadeiro - em prinefpio - na atualidade e, por conseguinte, de muito valor para nés. O cabalista modemno é o herdeiro da Cabala Antiga, mas cabe-the reinterpretar a doutrina € reformular 0 método 3 luz da revelagdo atual, caso queira extrair dessa heranga algum valor pritico para si. 7. Nao pretendo que os modernos ensinamentos cabalisticos, tal como os aprendi, sejam idénticos aos dos rabinos pré-cristios, mas afirmo que esses ensinamentos s40 os legitimos descendentes daqueles, constituindo o desenvolvimento natural que deles proveio. 4 8. Quanto mais préxima estiver da nascente, mais pura serd a dgua do rio. Para descobrir os prineipios primeiros, devemos it & fonte-me. Mas um rio recebe muitos afluentes em seu curso, € estes no esto necessariamente poluidos. Se desejarmos descobrir se a égua desses afluentes € pura ou nio, basta-nos compard-la com a corrente original; se ela passa por esse teste, nada impede que se misture com as Aguas principais e aumente sua forga. Ocorre 0 mesmo com uma tradiggo: 0 que nao € antagdnico deve ser assimilado: Devemos sempre testar a pureza de uma tradigdo no que diz respeito aos primeiros principios, mas devemos igualmente julgar a vitalidade de uma tradigdo por sua capacidade de assimilagio, Apenas a fé morta nao recebe influéncias do pensamento contemporaneo. 9. A corrente original do misticismo hebraico recebeu muitas adigdes. A sua culminago ocorreu entre os némades adoradores de estrelas da Caldéia, onde Abraio, em sua tenda, rodeado pelos rebanhos, ouvia a voz de Deus. Mas Abraio defrontava-se também com um sombrio pano de fundo, em que vastas formas se moviam semidistintas. A misteriosa figura de um grande rei- sacerdote, "nascido sem pai, sem mie, sem descendéncia, que nfo tinha nem principio nem fim", concedeu-Ihe a primeira ceia eucaristica de pao e vinho apés a batalha com os reis do vale, os sinistros reis de Edom, "que governaram antes que houvesse um rei em Israel, € cujos reinos eram forgas desorganizadas” 10. De geragdo em geragio, podemos tracar o relacionamento dos principes de Israel com os reis- sacerdotes do Egito. Abraio e Jacé por 14 passaram; José e Moisés estiveram intimamente associados & corte dos adeptos reais. Quando lemos que Salomdo se dirigiu a Hiram, rei de Tiro, solicitando-Ihe homens e materiais para a construgio do Templo, aprendemos que os famosos Mistérios de Tiro devem ter influenciado profundamente o esoterismo hebraico. Quando lemos que Daniel foi educado nos palécios da Babil6nia, aprendemos que a sabedoria dos Magi deve ter sido acessivel aos Iluminati hebreus. 11. A antiga tradigao mistica dos hebreus possufa trés escrituras: os Livros da Lei e dos Profetas, que conhecemos como Velho Testamento; 0 Talmude, ou colegio de comentirios eruditos sobre aquele; ¢ a Cabala, ou interpretagio mistica do mesmo livro. Desses trés livros, dizem os antigos rabinos que 0 primeiro € 0 corpo da tradiga0; 0 segundo, a sua alma racional; e 0 terceiro, 0 seu espirito imortal. Os homens ignorantes leem com proveito o primeiro; os homens eruditos estudam o segundo; mas 0 sabio medita sobre o terceiro. E realmente muito estranho que a exegese crist jamais tenha buscado as chaves do Velho Testamento na Cabala. 12, No tempo de Nosso Senhor, havia trés escolas de pensamento religioso na Palestina: a dos fariseus e dos saduceus, sobre os quais temos muitas informagdes nos Evangelhos, e a dos essénios, a quem nunca se faz referéncia. A tradi¢ao esotérica afirma que © menino Jesus Ben Joseph, na idade de doze anos, foi encaminhado, pelos eruditos doutores da Lei, que O ouviram e Lhe reconheceram o valor, 4 comunidade Essénia localizada nas proximidades do Mar Morto, para ali ser treinado na tradigdo mistica de Israel, e que Ele permaneceu nessa comunidade até dirigir-se a Joao, a fim de receber 0 batismo no rio Jordio antes do inicio de Sua miss4o, empreendida aos trinta anos. Seja como for, o fato € que a frase final do "Pai Nosso" € puro cabalismo. Malkuth, © Reino, Hod, a Gléria, Netzach, 0 Poder, constituem o triangulo basico da Arvore da Vida, tendo Yesod, o Fundamento ou Receptéculo de Influéncias, como ponto central. Quem formulou essa orago conhecia muito bem a Cabala, 13, O esoterismo cristo baseia-se na Gnose, que, por sua vez, radica tanto no pensamento Grego como no Egipcio. O sistema pitagérico constitui uma adaptagio dos principios cabalisticos ao misticismo Grego. 14, A segdo exotérica da Igreja Crista, organizada pelo Estado, perseguiu a aniquilou a seco esotérica, destruindo toda a literatura e lutando por apagar da hist6ria humana a propria lembranga 5 de uma doutrina gnéstica. Registra a histéria que as termas a as padarias de Alexandria foram alimentadas durante seis meses com os manuscritos retirados da grande biblioteca. Pouco nos restou da heranga espiritual da sabedoria antiga. Tudo o que estava acima do solo foi arrancado, e apenas com a escavagio dos antigos monumentos encobertos pela areia que estamos comegando a redescobrir os fragmentos. 15. $6 depois do século XV, quando © poder da Igreja comecou mostrar sinais de fraqueza, ousaram os homens confiar a0 papel a tradicional Sabedoria de Israel. Os eruditos declaram que a Cabala € uma fantasia medieval, pois nao Ihe podem tragar a sucesso desde os manuscritos primitivos. Mas aqueles que conhecem o sistema de trabalho das fraternidades esotéricas sabem que toda uma cosmogonia ¢ toda uma psicologia podem ser ocultadas num hieréglifo que, para o nio iniciado, nao tem qualquer sentido. Esses estranhos e antigos diagramas foram passados de geragdo para gerago, e a explicagdo que os acompanha, transmitida apenas verbalmente, de modo que a verdadeira interpretagdo jamais se perdeu. Quando existia alguma diivida quanto 4 explicaga0 de algum ponto abstruso, recorria-se a0 hierdglifo sagrado, e a meditagdo sobre ele comunicava © que geragdes de trabalho meditativo haviam nele infundido. Sabem muito bem os misticos que, se alguém medita sobre um sfmbolo ao qual a meditagao do pasado associou certas ideias, tal pessoa tera acesso a essas mesmas ideias, ainda que o hierdglifo jamais Ihe tenha sido explicado por aqueles que receberam a tradigdo oral "da boca ao ouvido" 16. A forga temporal organizada da Igreja expulsou seus rivais desse campo e destruiu-Ihes os vestigios. Pouco sabemos das sementes que brotaram e logo foram cortadas durante a Idade Negra, mas 0 misticismo é inerente & raga humana e, embora a Igreja tenha destruido todas as rafzes da tradigdo em sua alma grupal, os espiritos devotos de seu proprio rebanho redescobriram a técnica da unio entre a alma e Deus e desenvolveram uma ioga caracteristica, estreitamente semelhante & ioga Bhakti do Oriente. A literatura do Catolicismo é rica em tratados sobre teologia mistica que revelam uma familiaridade pritica com os estados superiores de consciéneia, embora apresentem uma concepgJo um tanto quanto ingénua da psicologia desse fendmeno, revelando assim a pobreza de um sistema que no dispde da experiéncia fornecida pela tradicao. 17. A ioga Bhakti da Igreja Catdlica s6 é adequada aqueles cujo temperamento € naturalmente devocional e que descobrem no auto sacrificio amoroso a sua expressio mais esponténea. Mas nem todos tém esse temperamento, e € uma pena que 0 Cristianismo nao tenha outros sistemas a oferecer aos seus devotos. O Oriente, por ser tolerante, & sdbio, e desenvolveu varios métodos i6guicos. Cada um desses métodos pode ser seguido com exclusio dos outros, sem que para isso tenha de negar aos outros métodos o valor como meio de acesso a Deus. 18. Em consequéncia dessa deploravel limitagio de nossa teologia, muitos devotos ocidentais recormem a métodos orientais. Para aqueles que so capazes de viver em condigdes orientais & trabalhar sob a imediata supervisao de um guru, essa escolha poder revelar-se satisfatéria, mas ela raramente dé bons resultados quando esses mesmos devotos seguem virios sistemas sem outra supervisio além da de um livro e sob as condigdes que regem a vida no Ocidente. 19. E por essa razfio que recomendo a raga branca o sistema tradicional do Ocidente, pois este se adapta perfeitamente 4 sua constituigdo fisica. Esse sistema produz resultados imediatos e, quando praticado sob a supervisio adequada, nao afeta 0 equilibrio mental ou fisico - como acontece com desagradavel frequéncia quando se utilizam sistemas imprdprios - e ainda estimula uma excepcional vitalidade. E essa vitalidade peculiar dos adeptos que deu origem a tradigio do “elixir da vida". Conheci varias pessoas em minha vida que mereciam 0 titulo de Adepto, e sempre me surpreendi com a extraordinéria vitalidade que exibiam. 20. Por outro lado, s6 posso endossar 0 que todos os gurus da tradigdo oriental sempre afirmaram, ou seja, que qualquer sistema de desenvolvimento psicoespiritual s6 pode ser seguido 6 adequadamente e em seguranga sob a supervisio pessoal de um mestre experiente. Por essa razo, embora me proponha a fornecer nestas pAginas os prineipios da Cabala mistica, nao creio que seja prudente dar também as chaves de sua pritica, mesmo que, pelos termos de minha propria iniciagao, eu ndo estivesse proibida de fazé-lo. Mas por outro lado, nao considero justo para com 0 leitor comunicar-lhe informagdes erradas ou deformadas. Assim, na medida de meus conhecimentos a de minha crenga, posso afirmar que as informagdes dadas neste livro so exatas, ainda que, em certo aspecto, incompletas. 21. Os Trinta e Dois Caminhos Misticos da Gléria Oculta sio sendas da vida, e aqueles que desejam desvendar-Ihes os segredos nfo tém outra saida sendo trilhd-los. Assim eu propria fui treinada, todos os que desejam sujeitar-se & disciplina devem fazé-lo, e eu indicarei com prazer 0 caminho que todo aspirante sério deverd seguir. Il. A ESCOLHA DE UM CAMINHO 1. Nenhum estudante jamais realizaré qualquer progresso no desenvolvimento espiritual se saltar de uum sistema a outro, utilizando ora algumas afirmagdes do Novo Pensamento, ora alguns exercicios de respiragio e posturas meditativas da ioga, para prosseguir depois com algumas tentativas nos métodos misticos de oragaio. Cada um desses sistemas tem 0 seu valor, mas esse valor s6 € real se © sistema € praticado integralmente. Representam eles os exercicios calisténicos da consciéncia, e tem por objetivo desenvolver gradualmente os poderes mentais. O seu valor ndo reside nos exercicios em si, mas nos poderes que despertardo se forem praticados com perseveranca. Se decidirmos empreender nossos estudos ocultos com seriedade e fazer deles algo mais do que leituras de entretenimento, devemos escolher nosso prdprio sistema e perseverar nele até chegarmos, se nfo a0 seu objetivo final, pelo menos a resultados priticos definitivos © intensificagao permanente da consciéncia. Uma vez isso alcangado, podemos, nao sem vantagem, experimentar os métodos que foram desenvolvidos em outros Caminhos, e formar uma técnica e uma filosofia eclética; mas o estudante que pretende ser um eclético antes de ter obtido muita pratica jamais seré mais do que um diletante. 2. Todo aquele que tem alguma experiéncia pritica dos diferentes métodos do sistema espiritual sabe que 0 método deve ser adequado ao temperamento, devendo adaptar-se também ao grau de desenvolvimento do estudante, Os ocidentais, especialmente aqueles que preferem 0 Caminho oculto ao mistico, buscam geralmente a iniciagdo num estégio de desenvolvimento espiritual que um guru oriental consideraria extremamente imaturo. Todo método que pretende ser adequado para © Ocidente deve ter em seus graus inferiores uma técnica que possa ser galgada como uma escada por esses estudantes que carecem de maturidade; insti-los a atingir imediatamente as alturas metafisicas ¢ tarefa initil na grande maioria dos casos, e que apresenta, ademais, o agravante de impedir o inicio no trabalho da senda. 3, Para que um sistema de desenvolvimento possa ser aplicado no Ocidente, cumpre-Ihe preencher certos requisitos bem definidos. Em primeiro lugar, a sua técnica elementar deve ser facilmente compreendida pelas mentes que no so absolutamente misticas. Em segundo lugar, as forgas que essa técnica poe em movimento a fim de estimular 0 desenvolvimento dos aspectos superiores da consciéncia devem ser suficientemente poderosas e concentradas para penetrar os organismos relativamente densos do ocidental médio, que € completamente incapaz de perceber vibragdes sutis. Em terceiro lugar, como poucos europeus ~ devido ao dharma racial de desenvolvimento da matéria - tém a oportunidade ou a inclinagdo para levar uma vida reclusa, as forgas empregadas devem ser manipuladas de tal maneira que permanegam disponiveis durante os breves periodos que 0 homem ou a mulher modemos, no inicio do Caminho, roubam de suas atribuigdes didrias para se entregarem a pratica. Ou seja, essas forgas precisam ser manipuladas por meio de uma técnica que permita ao estudante concentrar-se e desconcentrar-se com facilidade, porque nio € possivel manter elevadas tensdes psiquicas nas duras condigdes da vida de um individuo de uma cidade europeia. A 1 experiéncia tem demonstrado com regularidade infalivel que os métodos de desenvolvimento psiquico que sio efetivos e satisfatérios para o recluso, produzem estados neursticos ¢ colapsos na pessoa que procura segui-los suportando concomitantemente as tensdes da vida moderna, 4, Tanto pior para a vida modema, poderia alguém dizer, aduzindo esse fato inegavel como um argumento para modificar nosso modo de vida ocidental. Longe de mim afirmar que nossa civilizagdo € perfeita ou que a sabedoria nasceu e morrerd conosco, mas parece-me razodvel concluir que, se nosso Carma (ou destino) nos fez encarar num corpo de um certo tipo e temperamento racial, € precisamente essa disciplina e essa experiéncia que os Senhores do Carma consideram que precisamos enfrentar nesta encarnago, e que nio avangaremos na causa de nossa evolugao se evitarmos ambas ou delas fugir. Presenciei imimeras tentativas de desenvolvimento espiritual que eram simples evasdes dos problemas da vida, desconfio de qualquer sistema que envolva um rompimento com a alma grupal da raga. Pouco me impressiona também a dedicagZo 3 vida superior que se manifesta por modos peculiares de vestir e agir ou pela maneira de cortar ou de no cortar os cabelos. A verdadeira espiritualidade jamais faz propaganda de si mesma. 5. O dharma racial do Ocidente é a conquista da matéria densa, se pudéssemos compreender tal fato, terfamos a explicago para muitos dos problemas existentes nas relagdes entre Oriente e Ocidente. Para podermos conquistar a matéria densa e desenvolver a mente conereta, fomos dotados pela nossa heranga racial de um corpo fisico e de um sistema nervoso peculiares, assim como outras ragas, como a mongélica e a negra, foram dotadas de outros tipos. 6. E insensato aplicar a um tipo de constituigao psicofisica os métodos de desenvolvimento adaptados a outro organismo, pois esses métodos no produzirio os resultados adequados ou produzirdo resultados imprevistos e, com toda probabilidade, possivelmente indesejaveis. Dizer isso no & condenar os métodos ocidentais, nem menosprezar a constituigdo ocidental, que € como Deus a fez, mas reafirmar 0 velho adagio de que "mel para um, veneno para outro”. 7. O dharma do Ocidente difere do dharma do Oriente. Seré, portanto, aconselhdvel tentar implantar 0 ideais orientais num homem ocidental? A fuga ao plano terrestre nao é a sua linha de progresso. O ocidental normal e sio no deseja escapar da vida; seu objetivo & conquisté-la e dar-Ihe ordem e harmonia, $6 0s tipos patolégicos desejam "morrer 4 meia-noite, sem dor”, libertando-se da roda do nascimento e da morte; 0 temperamento ocidental normal deseja "vida, mais vida" 8. E essa concentracio da forca vital que o ocultista ocidental busca em suas operagdes. Ele no tenta escapar da matéria refugiando-se no espirito e deixando a terra inconquistada atrés de si arrumar-se como puder, mas procura, antes, trazer a Divindade até a humanidade e fazer a Lei Divina reinar até mesmo sobre 0 Dominio das Sombras. E esse 0 motivo que justifica a aquisigao dos poderes ocultos no Caminho da Mao Direita, € que explica por que os iniciados nao abandonam tudo em favor da Unio Divina, mas cultivam a Magia Branca. 9. A Magia Branca consiste na aplicag4o de poderes ocultos para fins espirituais e é ela que propicia boa parte do treinamento e do desenvolvimento do aspirante ocidental. Conhego alguma coisa a respeito de muitos sistemas e, em minha opinido, a pessoa que tenta renunciar a0 cerimonial trabalha com grande desvantagem. O desenvolvimento que se obtém no Ocidente por meio apenas da meditagdo € um processo lento, pois a substincia mental sobre a qual se tem de operar e a atmosfera mental na qual o trabalho se deve cumprir sfo muito resistentes. A tinica escola de ioga ocidental puramente meditativa é a dos quacres, € penso que eles concordam em que seu caminho se destina a poucos: a Igreja Catélica combina a ioga mintrica com a ioga Bhakti. 10. E por meio das férmulas que 0 ocultista seleciona e concentra as forcas com as quais deseja operar. Essas formulas baseiam-se na Arvore Cabalistica da Vida, seja qual for o sistema com que esteja trabalhando, seja imaginando as formas de Deus do Egito, seja evocando a inspiragao 8 Tacchus com cantos e dangas, o ocultista tem o diagrama da Arvore no fundo de sua mente. E por meio do simbolismo da Arvore que os iniciados ocidentais se disciplinam, e esse diagrama fornece a estrutura essencial de classificago A qual todos os outros sistemas podem ser referidos. O Raio sobre 0 qual o aspirante do Ocidente trabalha manifestou-se em diversas cultural © desenvolveu uma téenica caracteristica em cada uma delas. O iniciado moderno opera um sistema sintético, utilizando, as vezes, um método Egipeio ¢, em outras, um método Grego ou mesmo Druida, pois esses diferentes sistemas esto mais bem adaptados aos seus diferentes prop6sitos € condigdes. Em todos os casos, contudo, a operacdo que realiza esti estreitamente relacionada com os Caminhos da Arvore, em que € mestre. Se possui o grau que corresponde a Sephirah Netzach, ele pode operar com a manifestagio da forga desse aspecto da Divindade (conhecida pelos cabalistas sob o nome de Tetragrammaton Elohim), seja qual for o sistema que tenha escolhido. No sistema egipcio, seria a Isis da Natureza; no Grego, Afrodite; no Nérdico, Freya; no Druida, Keridwen, Em outras palavras, ele possui os poderes da Esfera de Vénus, seja quai for o sistema tradicional que esteja utilizando. Ao alcangar um grau em um sistema, ele tem acesso aos graus equivalentes de todos os outros sistemas de sua tradicdo. 11. Mas, embora ele possa utilizar esses outros sistemas quando a ocasiio. se apresenta, a experiéncia prova que a Cabala fornece o melhor plano fundamental e 0 melhor sistema para 0 adestramento do estudante, antes que ele esteja apto a fazer experiéncias com os sistemas pagdos. A Cabala € essencialmente monoteista; os poderes que ela classifica so sempre encarados como mensageiros de Deus e nao como Seus companheiros. Esse principio estabelece 0 conceito do governo centralizado do Cosmo a do controle da Lei Divina sobre todas as manifestagdes - principio muito necessério que todo estudante das Forgas Arcanas deve assimilar. E a pureza, a sanidade e a clareza dos conceitos cabalistas resumidos na formula da Arvore da Vida que faz desse hieréglifo um simbolo admirével para as meditagdes que visam exaltar a consciéncia, dando- nos a justificativa para chamar a Cabala de "loga do Ocidente” III. O METODO DA CABALA 1. Ao expressar-se a respeito do método da Cabala, disse um dos antigos rabinos que, se desejasse um anjo vir a Terra, teria ele de tomar a forma humana para poder conversar com os homens. O curioso sistema simbélico que conhecemos como Arvore da Vida é uma tentativa de reduzir a forma diagramética as forgas ¢ fatores ndo s6 do universo manifesto como também da alma humana, de correlacioné-los mutuamente e de ordené-los como num mapa, para que as posigdes relativas de cada unidade possam ser compreendidas, de modo a hes tragar as relagdes miituas. Em resumo, a Arvore da Vida é um compéndio de ciéncia, psicologia, filosofia e teologia. 2. O estudante de Cabala trabalha de maneira exatamente oposta & do estudante das ciéncias naturais: este, formula conceitos sintéticos; aquele, analisa conceitos abstratos. Nao € preciso dizer, contudo, que, para se analisar um conceito, ele deve antes ser integrado num sistema Alguém deve, por conseguinte, ter imaginado os principios que esto resumidos no simbolo sobre o qual incide a meditag4o do cabalista. Quais foram os primeiros cabalistas que idearam todo o esquema? Os rabinos so unanimes quanto a esse ponto: foram os anjos. Em outras palavras, foram seres de outra ordem de criagio, diferente da humana, que conferiram ao povo eleito a sua Cabala. 3, Para a mente modema, isso pode parecer uma afirmagdo to absurda quanto a doutrina de que sflo as cegonhas que trazem os bebés. Mas, se estudarmos os varios sistemas misticos 4 luz da religido comparada, descobriremos que todos 0s Illuminati esto de acordo quanto a esse ponto Todos os homens ¢ mulheres que tiveram experiéncias préticas da vida espiritual afirmam que foram adestrados poo seres divinos. Serfamos muito tolos se negdssemos testemunhos tio numerosos, especialmente aqueles de nés que nunca tiveram qualquer experiéncia pessoal dos estados superiores de consciéncia. 4, Dirdo alguns psic6logos que 0s anjos dos cabalistas e os deuses e manus de outros sistemas so 08 nossos prdprios complexos reprimidos; outros, de visdo menos estreita, afirmardo que esses seres divinos sio as capacidades latentes de nosso prprio eu superior. Para 0 mistico devocional, essa é uma questo que Ihe interessa muito pouco; ele obtém resultados, e apenas isso Ihe importa; mas 0 mistico fildsofo, ou, em outras palavras, 0 ocultista, faz reflexGes sobre a matéria e chega a certas conclusdes. Estas, contudo, s6 podem ser entendidas quando sabemos com exatidio 0 que entendemos por realidade e quando temos uma clara linha de demarcacio entre 0 subjetivo e 0 objetivo. Todo aquele que est4 familiarizado com 0 método filoséfico conhece a dificuldade de estabelecer esses pontos. 5. As escolas indianas de metafisica tém sistemas filos6ficos muito elaborados e complexos que procuram definir essas ideias e tornd-las concebiveis; e, embora geragdes de videntes tenham dedicado suas vidas a essa tarefa, os conceitos permanecem ainda tao abstratos que s6 depois de um longo curso de disciplina, que no Oriente se chama ioga, toma-se a mente capaz de compreendé-los. 6. O cabalista trabalha de maneira diversa. Ele nao tenta elevar a mente nas asas da metafisica até atingir o ar rarefeito da realidade abstrata; ele formula um simbolo concreto que 0 olho pode ver, € com ele representa a realidade abstrata que nenhuma mente humana pode conceber. 7. Besse, exatamente, 0 mesmo princfpio da algebra. Que x represente a quantidade desconhecida, y a metade de x, e Z algo que conhecemos. Se comecarmos por fazer experiéncias com y € descobrirmos sua relago com z, y deixard em breve de ser totalmente desconhecido; teremos descoberto pelo menos algo a respeito dele; e, se formos suficientemente hibeis, poderemos, no final, expressar y nos termos de z, e assim comegarmos a entender. 8. Existem muitos simbolos que so empregados como objetos de meditagio; a cruz, na Cristandade; as formas de Deus no sistema Egipcio; os simbolos félicos em outras fés. O iniciado utiliza esses simbolos como meios para concentrar a mente e nela introduzir certos pensamentos, evocando determinadas ideias e estimulando determinados sentimentos. O iniciado, contudo, utiliza de modo diverso o sistema simb6lico; ele o utiliza como uma dlgebra, por meio da qual é capaz de ler os segredos dos poderes desconhecidos; em outras palavras, ele utiliza 0 simbolo como um meio de guiar 0 pensamento no Invisivel e no Incompreensfvel. 9. E como ele faz isso? Utilizando um simbolo composto, porquanto um simbolo unitério nao serviria a0 seu propésito. Contemplando um simbolo composto como a Arvore da Vida, ele observa que existem relag6es definidas entre as suas partes. Hé algumas partes sobre as quais conhece alguma coisa; hd outras sobre as quais pode intuir algo, ou, em outras palavras, a respeito das quais, pode ter um "palpite”, raciocinando em fungdo dos princfpios primeiros. A mente salta de um principio conhecido a outro conhecido, e, assim fazendo, atravessa as mais diversas distdncias, para falar metaforicamente; é como um viajante no deserto que conhece a localizagio de dois ofsis e que faz uma marcha forgada entre ambos. Ele jamais se atreveria a langar-se a0 deserto partindo do primeiro osis e desconhecendo a localizagaio do segundo; mas, ao fim de sua jornada, ele no apenas teré conhecido muito mais coisas a respeito das caracteristicas do segundo ofsis, como também teré observado 0 terreno que se encontra entre ambos. Assim, marchando de um ofsis a outro, para frente e para tras no deserto, ele gradualmente o explora; no entanto o deserto € incapaz de Ihe sustentar a vida. 10. Ocore 0 mesmo com o sistema cabalistico de notago. As coisas que ele traduz so inimagindveis - e, no entanto, a mente, correndo de um simbolo a outro, é capaz de pensar nessas coisas; e, embora tenhamos de nos contentar em ver através de um vidro esfumado, temos toda razo para esperar que, ao fim, vejamos essas coisas diretamente e as conhegamos por completo, pois a mente humana se desenvolve por meio do exercicio, aquilo que no inicio era tio 10 inimaginavel quanto 4 matemética para uma crianga que no consegue resolver suas contas, chega ao limiar de nossa compreensio. Pensando sobre uma coisa, formamos conceitos sobre ela. 11, Parece verdade que 0 pensamento se originou da linguagem, ndo a linguagem do pensamento. Aquilo que as palavras so em relago ao pensamento, os simbolos 0 s0 no que respeita a intuigdo. Por mais curioso que possa parecer, 0 simbolo precede a elucidacao; € por isso que afirmamos, no inicio desta obra, que a Cabala € um sistema em desenvolvimento, no um monumento hist6rico Temos hoje muito mais coisas a extrair dos simbolos cabalisticos do que nos tempos da antiga revelagdo, pois nosso contetido mental € mais rico em ideias. Por exemplo, muito mais rica € hoje para 0 bidlogo a Sephirah Yesod, na qual operam as forgas do crescimento e da reprodugio, do que © era para 0 antigo rabino. A Esfera da Lua resume tudo 0 que se refere a0 crescimento € & reprodugdo. Mas essa Esfera, tal como é representada na Arvore da Vida, localiza-se nos Caminhos que conduzem a outras Sephiroth; por conseguinte, 0 cabalista biGlogo sabe que deve haver certo relacionamento definido entre as forgas resumidas em Yesod ¢ as forgas representadas pelos simbolos consignados a esses Caminhos. Meditando sobre esses simbolos, ele obtém vislumbres de relagdes que no se revelariam quando se considera apenas o aspecto material das coisas; e, quando ele tenta trabalhar esses vislumbres no material de seus estudos, descobre que af se ocultam indicios importantes. Dessa forma, na Arvore, uma coisa leva a outra, € a explicagao das causas ocultas surge das proporgdes € das relagdes dos virios simbolos individuais que compdem esse poderoso hierdglifo sintético, 12. Cada simbolo, ademais, admite diferentes interpretagdes nos diferentes planos e, por meio de suas associagSes astrolégicas, pode ele ser referido aos deuses de qualquer pantedo, abrindo, assim, novos e vastos campos de aplicago, nos quais a mente viaja sem descanso, pois um simbolo leva a outro numa cadeia continua de associagdes, e ambos se confirmam mutuamente, da mesma maneira como os fios de muitos ramos se retinem num hierdglifo sintético, sendo cada simbolo passivel de interpretagdo nos termos de qualquer plano em que a mente possa estar funcionando. 13, Esse poderoso e abrangente hierdglifo da alma humana e do Universo, gragas & associagio ldgica de simbolos, evoca imagens na mente; essas imagens, porém, ndo se desenvolvem a0 acaso, mas seguem uma linha de associagdes bem definidas na Mente Universal. O simbolo da Arvore €, para a Mente Universal, 0 que 0 sonho é para 0 eu individual - um hierdglifo sintético, oriundo da subconsciéncia, que representa as forcas ocultas. 14. © universo , na realidade, uma forma mental projetada pela mente de Deus. A Arvore Cabalistica pode ser comparada a uma imagem onirica que surge da subconsciéncia de Deus € dramatiza 0 contetido subconsciente da Divindade. Em outras palavras, se 0 universo € 0 produto final da atividade da mente do Logos, a Arvore é a representagZo simbélica do material rude da consciéncia divina a dos processos pelos quais 0 universo veio & existéncia. 15. Mas a Arvore ndo se aplica apenas a0 Macrocosmo, e sim, também, ao Microcosmo, que, como sabem todos os ocultistas, é uma réplica em miniatura daquele. Eis a razio por que a adivinhagao é possivel. Essa arte té0 pouco compreendida e to caluniada tem por base filos6fica 0 Sistema de Correspondéncias representado pelos simbolos. As correspondéncias entre a alma humana © 0 universo nao so arbitrérias, mas surgem de identidades em desenvolvimento. Certos aspectos da consciéncia foram desenvolvidos em resposta a certas fases de evolugio e, por conseguinte, incorporaram os mesmos prinefpios; consequentemente, reagem as mesmas influéncias. A alma humana é como um lago que se comunica com o mar por meio de um canal submerso; embora aparentemente 0 lago esteja cercado de terra, seu nivel de gua baixa ou se eleva com as marés, por obra dessa conexio oculta. Ocorre 0 mesmo com a consciéncia humana; existe uma conexio subterrinea entre as almas individuais e a alma do mundo, e essa comunicago se acha profundamente encerrada nos escaninhos mais primitivos da subconsciéncia, e é por essa razdo que participamos do fluxo ¢ refluxo das marés eésmicas. iW 16. Cada simbolo da Arvore representa uma forga ou um fator c6smico. Quando a mente se concentra no simbolo, ela se poe em contato com essa forga; em outras palavras, um canal superficial, um canal na consciéncia, se estabelece entre a mente consciente do individuo e um fator particular da alma do mundo, e € por esse canal que as Aguas do oceano refluem para o lago. O aspirante que utiliza a Arvore como seu simbolo de meditagio estabelece ponto por ponto a uniao entre a sua alma e a alma do mundo. Essa unio resulta num tremendo influxo de energia para a alma individual, e é esse influxo que Ihe confere poderes mAgicos. 17. Mas, assim como 0 universo deve ser governado por Deus, assim também a multifacetada alma humana deve ser governada por seu deus - 0 espirito humano. O eu superior deve governar 0 seu universo, pois, do contrério, haveriam forgas em desequilibrio e cada fator governaria o seu préprio aspecto, fazendo estalar a guerra entre eles. Terfamos, ento, o dominio dos Reis de Edom, cujos reinos eram forgas desequilibradas. 18. Temos, assim, na Arvore, um hierdglifo da alma do homem e do universo, bem como nas lendas que a histéria da evolugao da alma e do Caminho da Iniciagao associam a ela. IV. A CABALA NAO-ESCRITA. 1. ponto de vista do qual abordo a Cabala Sagrada difere, nestas paginas, até onde eu saiba, do adotado por todos os outros escritores que se ocuparam do assunto, pois, para mim, a Cabala é um sistema vivo de desenvolvimento espiritual, nao uma curiosidade hist6rica. Poucas pessoas, mesmo entre aquelas que se interessam pelo ocultismo, sabem que ha uma tradigo esotérica ativa em nosso meio, que se transmite por meio de manuscritos particulares e "de boca a ouvido", E menos pessoas ainda sabem que essa tradigao consiste na Cabala Sagrada, o sistema mistico de Israel. Mas onde poderfamos buscar a nossa inspirago oculta, a no ser na tradiglo legada pelo Cristo? 2. A interpretagZo da Cabala no se encontra, contudo, entre os rabinos do Israel Externo, que so hebreus apenas pela carne, mas entre aqueles que so 0 povo escolhido segundo 0 espirito - em outras palavras, 0s iniciados. A Cabala, como a compreendo, tampouco é um sistema puramente hebreu, pois ela foi suplementada, durante a Idade Média, por muitos conhecimentos alquimicos e pela estreita associagiio a este extraordindrio sistema simbélico que é 0 Tard. 3. Por conseguinte, em minha apresentagio do assunto, nao recorro muito a tradiga0, em apoio as minhas concepgdes, bem como a pritica moderna, quanto aqueles que fazem uso da Cabala como seu método de técnica oculta, Poder-se-ia alegar contra mim que os antigos rabinos nada sabiam de alguns dos conceitos aqui expostos. Replico que seria mesmo impossivel que eles os conhecessem, pois tais ideias no eram conhecidas em seus dias, resultando, a0 contrario, do trabalho dos herdeiros do Israel Espiritual. De minha parte - embora nfo pretenda desviar ninguém dos ensinamentos do mundo antigo € querendo, no tocante aos assuntos de precisdo histérica, que estes permanecam sujeitos & correco de todo aquele que estiver mais informado do que eu a respeito desses assuntos (e seu ntimero € legifo) -, atribuo escassa importancia a tradigfio quando ela impede © livre desenvolvimento de um sistema de tanto valor como a Cabala Sagrada, e utilizo as obras de meus predecessores como uma pedreira de onde retiro as pedras para construir minha Cidadela. Mas ndo me limito a essa pedreira por qualquer ordem de que tenha conhecimento, colhendo também o cedro do Libano € 0 ouro de Orfir, se isso convém ao meu propésito. 4, Fique bem claro, portanto, que nao digo "Este é o ensinamento dos amigos rabinos", mas sim "Esta € a pritica dos modemos cabalistas, que constitui, para nés, assunto de vital importancia, por se tratar de um sistema prético de desenvolvimento espiritual’; é a ioga do Ocidente. 12 5. Depois de me ter assim precavido, na medida do possfvel, contra a acusagiio de nao ter feito aquilo que jamais pretendi fazer, julgo conveniente definir agora minha propria posigdo, no que toca & erudigdo € as qualificagdes gerais para a tarefa a cumprir. No que concerne & erudigao real, estou na mesma classe de William Shakespeare, pois tenho pouco Latim e nenhum Grego, conhecendo do Hebraico apenas 0 aspecto cultivado pelos ocultistas, ou seja: a habilidade para transliterar a dificil escrita hebraica em fungio dos célculos gemitricos. Da acusagao de nao possuir nenhum conhecimento do Hebraico enquanto lingua, sou inocente. 6. Nao sei se este franco reconhecimento de minhas deficigncias serviré para desarmar as criticas; no hé diivida de que se alegaré contra mim e nao sem justificativas - que uma pessoa assim tio mal equipada nao deveria empreender a tarefa. Posso perguntar, em minha defesa, se alguém, encontrando um homem ferido, deveria, na auséncia de qualificag40 médica, recusar-se a socorré-lo € a dar-lhe a ajuda que pudesse, esperando, a0 contririo, a chegada da assisténcia qualificada? Minha obra sobre a Cabala tem a natureza dos primeiros socorros. Procuro desvelar um inestimavel sistema até agora negligenciado, e por mais desqualificada para a tarefa que eu possa ser, procuro chamar a atengo para as suas possibilidades e Ihe restaurar o lugar adequado como chave do Ocultismo oOidental; e & minha esperanga que esta obra possa atrair a atengdo dos eruditos & animé-los a continuar a tarefa de tradugio e investigagio dos manuscritos cabalisticos, que constituem, até agora, um veio do qual apenas os afloramentos superficiais foram aproveitados. 7. Posso alegar, contudo, uma qualificag2o para a minha tarefa: nos tltimos dez anos, vivi e exist na Cabala Pritica; utilizei-Ihe os métodos tanto subjetiva como objetivamente, até que eles se tomassem parte de mim mesma, e conheco por experiéncia propria os resultados psiquicos e espirituais que podem produzir, tanto quanto seu incalculavel valor como método de manipulagio mental. 8. Aqueles que desejam utilizar a Cabala como sua ioga nfo precisam obter necessariamente um extenso conhecimento da lingua hebraica; tudo o de que precisam é ler e escrever os caracteres hebraicos. A Cabala moderna ganhou certificado de naturalizagio nas linguas ocidentais, mas retém, e deve reter, as suas Palavras de Poder em Hebraico, que é a lingua sagrada do Ocidente, assim como o Sanscrito é a lingua sagrada do Oriente. Muitos so aqueles que se opuseram ao livre emprego dos termos sanscritos na literatura ocultista, poderiam eles objetar ainda mais fortemente contra 0 emprego de caracteres hebraicos; mas sua utilizagdo é inevitavel, porquanto cada letra é também um miimero, e os niimeros que as letras compdem sdo ndo apenas ‘uma importante pista para o seu significado, mas podem também expressar as relagdes existentes entre diferentes ideias poderes. 9. Segundo MacGregor Mathers, no admiravel ensaio que constitui a introdugdo de seu livro, a Cabala € comumente classificada sob quatro categorias: a Cabala Pratica, que trata da magia talismanica e cerimonial; a Cabala Dogmitica, que consiste na literatura cabalistica; a Cabala Literal, que trata do uso das letras e dos mimeros; ¢ a Cabala Nao-eserita, que consiste no conhecimento correto da maneira pela qual os sistemas simbélicos estao dispostos na Arvore da Vida, e a respeito da qual diz MacGregor Mathers: "Nada mais posso dizer sobre esse ponto, nem mesmo se eu 0 recebi ou no”. Mas, como essa valiosa sugestdo foi desenvolvida pela falecida Sra, MacGregor Mathers em sua introdugo 3 nova edigio do livro ("Simultaneamente & publicago da Cabala, em 1887, ele recebeu instrugdes de seus mestres ocultos para preparar o que posteriormente se tornou a sua escola esotérica"),€ justificdvel dizer que, embora Mathers tenha recebido a Cabala Nao-escrita, esta deixou por alguns anos de ser 13 no-escrita, pois, apés uma disputa com esse autor, Aleister Crowley, 0 conhecido autor e erudito, publicou integralmente 0 conjunto. Seus livros so agora raros e dificeis de encontrar e, por serem muitos estimados pelos esoteristas mais eruditos, seu valor se tomou extraordinério € raramente chegam aos sebos. 10. A violagdo de um juramento iniciético é um assunto sério e uma coisa que, de minha parte, no pretendo fazer; mas nao acredito em nenhuma autoridade que me impega de coletar e comparar todo © material disponivel j4 publicado sobre qualquer assunto e de interpreta-lo de acordo com a minha melhor habilidade. Nestas paginas, € ao sistema referido por Crowley que recorro para complementar os pontos sobre os quais silenciam MacGregor Mathers, Wynn Westcott e A. E. Waite, principais autoridades modernas da Cabala. 11. Quanto a ter recebido eu propria qualquer conhecimento da Cabala Nao-escrita, seria muito inconveniente para mim, tanto quanto o foi para MacGregor Mathers, discorrer sobre esse ponto; e, seguindo seu clissico exemplo de enterrar a cabega na areia e balangar a cauda, volto & consideragio do material de que disponho. 12. A esséncia da Cabala Nao-escrita repousa no conhecimento da ordem em que determinadas séries de simbolos esto dispostas na Arvore da Vida. Essa Arvore - Otz Chiim - consiste em Dez Sephiroth Sagradas, dispostas num padrao particular e unidas por linhas, as quais recebem 0 nome de Trinta a Dois Caminhos do Sepher Yetzirah, ou Emanagdes Divinas (ver The Sepher Yetzirah, de Wynn Westcott). Aqui esté um dos "labirintos” ou armadilhas em que se deleitavam os rabinos. Se contarmos os Caminhos, descobriremos que h4 vinte e dois, ndo trinta e dois deles; mas, para seus propésitos, os rabinos trataram as prprias Dez Sephiroth como Caminhos, enganando dessa maneira 0s nao iniciados. Os dez primeiros Caminhos do Sepher Yerzirah esto, portanto, atribuidos as Dez Sephiroth, € os vinte e dois seguintes, aos préprios Caminhos reais. Vemos, assim, que também as vinte e duas letras do alfabeto hebraico podem ser associadas aos Caminhos, sem discrepincias ou sobreposigdes. Associam- se também a eles os vinte e dois trunfos do Tard, 0s Atus, ou Moradas de Thoth. No que conceme as cartas do Tard, hd trés autoridades dignas de nota: o Dr. Encausse ou "Papus", o escritor francés; 0 Sr. A. E, Waite; os manuscritos da Ordem da Aurora Dourada, de MacGregor Mathers, que Crowley publicou sob sua propria responsabilidade. Essas trés autoridades apresentam pontos de vista muito diferentes. Quanto ao sistema dado pelo Sr. Waite, diz ele: "Ha um outro método conhecido pelos iniciados’. E razodvel supor que esse seja 0 método utilizado por Mathers. Papus discorda de ambos em seu método, mas, como seu sistema violenta muitas vezes as correspondéncias com os padrées da Arvore - a prova final de todos 0s sistemas -, € como os sistemas de Mathers e Crowley se ajustam admiravelmente, penso que podemos concluir com exatidio que 0 método de ambos constitui a ordem tradicional correta, pretendo ater-me a ele nestas paginas. 13. Os cabalistas depuseram, ademais, sobre os Caminhos da Arvore, os signos do Zodiaco, os planetas e os elementos. Ora, existe doze signos, sete planetas e quatro elementos, perfazendo vinte e trés simbolos. Como se ajustam eles aos vinte © dois Caminhos? Aqui esté outra "emboscada", mas a solugio é simples. No plano fisico, encontramo-nos no elemento Terra e, por essa raz, tal simbolo nfo aparece nos Caminhos que conduzem ao Invisivel. Deixemos de lado esse simbolo e teremos vinte e dois sfmbolos, que correspondem perfeitamente, corretamente colocados, aos triunfos do Tard, pois eles se esclarecem mutuamente de forma notével fornecem as chaves da Astrologia Esotérica e da adivinhagdo do Tard. 14. A esséncia de cada Caminho reside no fato de que ele constitui a unio de duas Sephiroth. $6 podemos compreender o significado levando em conta a natureza das Esferas unidas na Arvore. Mas uma Sephirah nao pode ser entendida num tnico plano: ela tem uma natureza quédrupla. Os cabalistas 0 afirmam claramente ao dizerem que existem quatro mundos (ver MacGregor Mathers, The Qabalah Unveiled). 14 Atziluth, o mundo Arquetipico, ou Mundo das Emanagdes; 0 Mundo Divino; Briah, 0 Mundo da Criagdo, também chamado Khorsia, 0 Mundo dos Tronos; Yetzirah, o Mundo da Formagao e dos Anjos; Assiah, 0 Mundo da Agdo; 0 Mundo da Matéria. 15. Afirmam eles, também, que as Dez Sephiroth Sagradas tém, cada uma, seu proprio ponto de contato com cada um dos Quatro Mundos dos cabalistas. No Mundo Atzilttico, elas se manifestam por meio dos Dez Nomes Sagrados de Deus; em outras palavras, 0 Grande Inmanifesto, simbolizado pelos Trés Véus Negativos da Existéncia, que pendem atrés da Coroa, manifesta-se em dez diferentes aspectos, representados pelos diferentes Nomes utilizados para denotar a Divindade nas Escrituras hebraicas. Esses Nomes sao traduzidos de diversas maneiras na Versio Autorizada, e © conhecimento de seu verdadeiro significado, aliado ao das Esferas as quais esses Nomes pertencem, permite-nos elucidar muitos enigmas do Velho Testamento. 16. No mundo Bridtico, as EmanagSes Divinas manifestam-se por meio dos Dez Poderosos Arcanjos, cujos nomes exercem um importante papel na Magia Cerimonial; so eles os vest{gios gastos e apagados dessas Palavras de Poder que constituem os "barbaros nomes de evocagio" da Magia medieval, "nenhuma de cujas letras pode ser alterada”. A razio disso é que, em hebraico, uma letra € também um numero, e os ntimeros de um Nome tém um significado importante. 17. No Mundo Yetziratico, as Emanagdes Divinas manifestam-se nao por meio de um tinico ser, mas através de diferentes tipos de seres, chamados de Hostes ou Coros Angélicos. 18. O Mundo Assidtico nao é, estritamente falando, 0 Mundo da Matéria, se 0 encararmos do ponto de vista Sephirético, mas antes sim os planos astral e etéreo inferiores, que, juntos, formam a base da matéria, No plano fisico, as Emanagdes Divinas manifestam-se por meio do que poderiamos chamar, com propriedade, de Dez Chacras Césmicos, porque esses centros de manifestag4o correspondem perfeitamente aos centros que existem no corpo humano. Os Chacras consistem no Primum Mobile, ou Primeiro Remoinho, a Esfera do Zodiaco, os Sete Planetas € os Elementos - perfazendo 0 total de dez. 19, Pelo que precede, pode-se observar que cada Sephirah se comp3e, em primeiro lugar, de um chacra césmico; em segundo lugar, de uma hoste angélica de seres, Devas ou Archons, Principalidades ou Poderes, de acordo com a terminologia empregada; em terceiro lugar, de uma Consciéncia Arquiangélica, ou Trono; em quarto lugar, de um aspecto especial da Divindade. Deus como Ele é, em Sua Integridade, est absolutamente oculto atris dos Véus Negativos da Existéncia, sendo, por essa razdo, incompreensivel 3 consciéneia humana ndo-iluminada, 20. Podemos considerar corretamente as Sephiroth como macrocésmicas e os Caminhos como microcésmicos, pois as Sephiroth, unidas, como as vezes 0 so nos velhos diagramas, por um raio de luz, ou por um punho provido de uma espada de fogo, representam as sucessivas Emanagdes Divinas, que constituem a evolucdo criadora, ao passo que os Caminhos representam os estégios sucessivos do desdobramento da compreensio césmica na consciéncia humana; nas imagens antigas, uma serpente enrodilhada aparece as vezes nos ramos da Arvore. Trata-se da serpente Nechushtan, "que morde a propria cauda”, simbolo da sabedoria e da iniciagdio. As espirais dessa serpente, quando corretamente dispostas na Arvore, cruzam todos os Caminhos e servem para indicar a ordem na qual eles devem ser enumerados. Com a ajuda desse hierSglifo, toma-se muito facil dispor os simbolos estampados pelas tabelas em suas posigdes corretas na Arvore, desde que tais tabelas apresentem os simbolos na ordem exata. Em alguns livros modemos, considerados 15 como autoridades sobre 0 assunto, nio se dé a ordem correta, pois seus autores acreditam, aparentemente, que essa ordem ndo deva ser revelada ao nao iniciado. Mas, como essa ordem & corretamente explicitada em alguns livros antigos e, de mais a mais, na propria Biblia e na literatura cabalfstica, nao vejo razio para confundir os estudantes com informagSes esptirias. A recusa A divulgagao de algum assunto pode ser justificavel, mas como se pode explicar a transmisso de informagdes que semeiam a confusio? Ninguém sera perseguido hoje por seus estudos em ciéncias heterodoxas, de modo que existe um tnico objetivo para ocultar os ensinamentos referentes a teoria do universo e a filosofia que dela resulta, e de maneira alguma aos métodos da Magia Pritica, e esse objetivo € reter 0 monopélio do conhecimento que confere prestfgio, se néio poder. 21, De minha parte, acredito que tal egofsmo exclusivista constitui, antes, a rufna do movimento oculto do que a sua salvaguarda. Trata-se do antigo pecado de reter 0 conhecimento de Deus nas mios de um clero € nega-lo aos que se encontram fora do cla sagrado; reteng3o que se justificava quando as pessoas eram selvagens, mas que € absolutamente injustificdvel no caso do estudante modemo. Além do mais, pode-se obter a informago desejada consultando-se a literatura existente ou adquirindo-se, em troca de valores muitos elevados, livros que sdo hoje muito raros. E certamente a disponibilidade de muito tempo e de muito dinheiro que constitui o teste de habilidade para a obtengdo da Sabedoria Sagrada 22. Nao duvido de que estarei sujeita as criticas dos autoconstituidos guardides desse conhecimento, 08 quais poderdo afirmar que seus preciosos segredos foram traidos. A isso replico que nao estou traindo nada que seja secreto, mas coordenando 0 que jé foi revelado a0 mundo e que € de natureza simples e bem conhecida. Quando tive acesso pela primeira vez a certos manuscritos, eu acreditava que eles eram secretos e desconhecidos para 0 mundo em geral, mas uma familiaridade maior com a literatura ocultista revelou que a informagio j4 havia sido comunicada fragmentariamente por meio dessa mesma literatura. Muitas coisas, de fato, que os iniciados juraram manter em segredo j4 haviam sido publicadas pelos proprios Mathers e Wynn Westcott, a jd em 1926 encontramos, numa nova edi¢o da obra de Mathers sobre a Cabala, publicada sob a supervisdo de sua vitiva (que conhecia certamente as intengGes), muitas das tabelas, que publico nestas paginas. Como esses catélogos de seres foram originalmente conferidos a0 mundo por Isafas, Ezequiel e diversos rabinos medievais, podemos afirmar, com propriedade, que, em razio do tempo transcorrido, essas listas ndo pertencem a nenhum autor determinado. Em todo caso, a propriedade de tais ideias foi adquirida do autor original e ndo de um determinado comentarista posterior, e esse autor, segundo a propria Cabala, é 0 arcanjo Metatron. 23. Muito do que era outrora conhecimento comum foi reunido e ocultado sob o juramento de segredo do iniciado. Crowley zomba de seus mestres porque eles obrigaram ao siléncio com juramentos terriveis € entio "Ihe confiaram o alfabeto hebraico para que o salvaguardasse". 24. A filosofia da Cabala € 0 esoterismo do Ocidente. Nela encontramos exatamente a mesma cosmogonia apresentada pelas Esténcias de Dyzian, que foram a base da obra de Mme. Blavatsky. Ela encontrou nessa obra a estrutura da doutrina tradicional, que expOs em seu grande livro, A Doutrina Secreta. A cosmogonia cabalistica é a gnose crista. Sem ela, nosso sistema religioso fica incompleto, e € essa lacuna que constitui a fraqueza do Cristianismo. Os primitivos padres, como diz 0 adagio familiar, "jogaram a crianga fora juntamente com a égua do banho". Um estudo ainda que superficial da Cabala revela que esse sistema subministra as chaves essenciais dos enigmas das Escrituras em geral a dos livros proféticos em particular. Existira alguma razio para que 08 iniciados dos tempos modemos encerrem todo esse conhecimento numa caixa secreta se sentem sobre a tampa? Se eles consideram que estou errada em passar informagdes cuidadosas sobre assuntos que julgam sua prerrogativa privada, replico que este € um pais livre e que cada um tem direito as suas proprias opinides. 16 A EXISTENCIA NEGATIVA, 1. Quando o esoterista procura formular a sua filosofia no intuito de comunicé-la aos outros, defronta-se ele com 0 fato de que 0 seu conhecimento das formas superiores de existéncia resultou de um processo diferente do pensamento habitual e de que esse processo s6 tem inicio quando se ultrapassa 0 proprio pensamento. Portanto, € apenas nessa regido da consciéncia transcendente a0 pensamento que podemos conhecer e compreender a forma superior das ideias transcendentais, apenas aqueles de nés que so capazes de utilizar esse aspecto da consciéncia estio aptos a comunicar esas ideias em sua forma original. Se procurarmos comunicar tais ideias a pessoas que nao tiveram experiéncia alguma desse modo de consciéncia, precisamos cristalizé-las na forma, pois do contrério nfo conseguiremos comunicar nenhuma impressao adequada. Os misticos utilizaram todos os s{miles imagindveis na tentativa de comunicar suas impresses; 05 fil6sofos perderam-se num labirinto de palavras, e tudo isso de nada serviu para 0 adestramento da alma niio- fulminada. Os cabalistas, contudo, utilizam outro método. Eles nfo tentam explicar 4 mente um contetido com o qual ela nao € capaz de trabalhar, mas dio-Ihe uma série de simbolos em que deve meditar, estes the permitem armar gradualmente uma escada cognitiva para com esta subir as alturas que estio fora de seu alcance. A mente € tio incapaz de compreender a filosofia transcendental quanto 0 olho o é de ver a misica, 2. A Arvore da Vida - e devemos enfatizar esta afirmago constitui antes um método do que um sistema, Aqueles que a formularam estavam perfeitamente cientes de que, para se obter a clareza de visio, cumpre circunscrever 0 campo dessa mesma visio, Muitos fil6sofos fundaram seus sistemas no Absoluto, mas essa € uma fundagdo movediga, visto que a mente humana nao pode definir ou compreender © Absoluto. Outros tentaram utilizar uma negativa como fundamento, declarando que 0 Absoluto & sempre sera incognoscivel. Os cabalistas nfo empregam qualquer desses artificios, limitando-se a afirmar que 0 Absoluto € desconhecido para o estado de consciéncia normal dos seres humanos. 3. Por conseguinte, em funcdo dos objetivos de seu sistema, os cabalistas langam 0 véu sobre certo ponto da manifestagdo, nfo porque nada hi af para descobrir, mas porque a mente, como tal, nfo pode ultrapassar esse ponto. Quando a mente humana atingir 0 seu estégio mais alto de desenvolvimento, e quando a consciéncia conseguir desligar-se dela, ficando, por assim dizer, sobre seus ombros, poderemos entdo penetrar os Véus da Existéncia Negativa, como sio eles chamados. Mas, tendo em vista os propésitos priticos, sé podemos entender a natureza do cosmo se estivermos dispostos a aceitar os Véus como convengGes filoséficas, compreendendo que eles correspondem a limitagdes humanas e nfo a condigdes césmicas. A origem das coisas € inexplicdvel nos termos de nossa filosofia. Por mais longe que remontemos em nossas pesquisas As origens do mundo da manifestagdo, encontraremos sempre um estdgio de existéncia anterior. E apenas quando aceitamos langar 0 Véu da Existéncia Negativa sobre 0 caminho que remonta aos primérdios que podemos obter uma base na qual se pode fundar a Causa Primeira. E essa Causa Primeira ndo é uma origem desprovida de raizes, mas, antes, uma Primeira Apari¢a0 no plano da manifestagio. A mente nao pode it mais além, mas devemos lembrar sempre que cada mente remonta a distincias diferentes e, para algumas, 0 Véu deve ser langado num determinado ponto e, para outras, em outro bem distante. O homem ignorante no vai além da concepcio de Deus como um ancido, de longa barba branca, sentado num trono dourado e dando ordens & criagao. O cientista caminharé um pouco mais antes de se ver obrigado a langar um véu e que chama éter, e 0 fil6sofo avancaré ainda mais um pouco antes de langar um véu e que chama Absoluto, mas o iniciado caminharé mais do que todos, pois aprendeu a avangar por meio dos simbolos, os simbolos so para a mente o que as ferramentas so para as maos - uma aplicago ampliada de seus poderes. 4. O cabalista toma como ponto de partida Kether, a Coroa, a Primeira Sephirah, que ele simboliza pelo ntimero Um, a Unidade, pelo Ponto no Circulo. Sobre essa Sephirah, ele langa os trés Véus da 7 Existéncia Negativa. Esse proceso difere bastante da tética de comecar no Absoluto, tentando remontar & evolugo, e, embora possa no comunicar um conhecimento imediatamente claro e completo da origem de todas as coisas, ele faculta, nao obstante, um ponto de partida & mente. E sem um ponto de partida nao temos esperanga de chegar a um fim. 5. O cabalista, portanto, comeca, quando pode, no primeiro ponto que esté ao alcance da consciéncia finita. Kether equivale & forma mais transcendental de Deus que podemos conceber, cujo Nome é Ehieh, traduzido na Versio Autorizada da Biblia como "Eu Sou", ou, mais explicitamente, o “Ser Puro”, que Existe por Si Mesmo. 6. Mas essas palavras no passam de palavras e, como tais, so ineapazes de comunicar uma impressio & mente. Para que tenham sentido, é preciso relacioné-las a outras ideias. Sé poderemos compreender Kether quando estudarmos Chokmah, a Segunda Sephirah, sua emanagio; s6 quando contemplarmos 0 desenvolvimento completo das Dez Sephiroth estaremos prontos para nos aproximar de Kether, mas, dessa vez, aproximar-nos-emos com os dados que nos fornecem a chave de sua natureza. Quando se trabalha com a Arvore, é mais sdbio manter a marcha do que se deter num nico ponto até dominé-lo, pois uma coisa explica a outra, e € da compreensio das relagdes entre os diferentes simbolos que surge a iluminagao. Repetimos novamente: a Arvore é um método de utilizar a mente, ndo um sistema de conhecimento. 7. Mas, por enquanto, ndo nos estamos ocupando do estudo das EmanagGes, e sim das origens que a mente humana é capaz de penetrar. Por mais paradoxal que possa parecer, podemos remontar muito mais as origens quando langamos os Véus sobre elas do que quando tentamos penetrar as trevas. Portanto resumiremos a posi¢o de Kether numa sentenga, a qual talvez tenha pouco sentido para 0 estudante que se aproxima do assunto pela primeira vez, embora ele a deva conservar na mente, pois seu significado s6 ficard mais claro posteriormente. Ao fazé-lo, atemo-nos a antiga tradigao esotérica de dar ao estudante um simbolo para incubar até que este rebente a casca, dentro da mente, porquanto uma instrugao explicita nada Ihe diria. A sentenga germinal que langamos na mente subconsciente do leitor é esta: "Kether é a Malkuth do Inmanifesto". Diz Mathers (op. cit).: *O oceano sem limites da luz negativa, no procede de um centro, pois no 0 possui. Ao contrério, € essa luz negativa que concentra um centro, 0 qual é a primeira das Sephiroth manifestas, Kether, a Coroa” 8. Essas palavras, em si mesmas, contém contradigdes e sio incompreensiveis; a luz negativa é simplesmente uma maneira de dizer que a coisa descrita, embora tendo certas qualidades em comum com a luz, nfo é, no entanto, luz tal como a entendemos. Essa sentenga é bem pouco elucidativa no que respeita aquilo que pretende descrever. Ela nos diz para nfo cometer o erro de pensar na luz como luz, mas no nos diz como devemos concedera-la em sua esséncia, ¢ isso pela simples razo de que a mente nao esta equipada com as imagens que podem representé-la; por conseguinte, devemos deixé-la até que © nosso crescimento nos permita faze-lo. Nao obstante, embora essas palavras no nos falem tudo 0 que gostarfamos de conhecer, elas comunicam certas imagens 4 imaginagdo; essas imagens caem na mente subconsciente e daf so evocadas quando as ideias correlatas penetram essa Esfera. O método cabalfstico, utilizado praticamente como a ioga do Ocidente, permite desse modo, o crescimento progressivo da compreensio. 9. Os cabalistas reconhecem quatro planos de manifestagdo, e trés planos de Imanifestagdo, ou Existéncia Negativa. O primeiro destes chama-se AIN, ou Negatividade; o segundo, AIN SOPH, o Timitado; e o terceiro, AIN SOPH AUR, a Luz imitada. E este Gltimo plano que concentra a Sephirah Kether. Esses trés termos correspondem aos trés Véus da Existéncia Negativa que pendem sobre Kether; em outras palavras, eles s0 0s simbolos algébricos com os quais podemos pensar naquilo que transcende 0 pensamento, mas que ocultam, a0 mesmo tempo, o que representam; so as méscaras das realidades transcendentes. Se pensarmos nos estados de existéncia negativa nos termos de algo que conhecemos, incorreremos em erro, pois, seja 0 que for que eles possam ser, 18 eles n&o podem ser 0 que pensamos, porquanto so Inmanifestos. A expressio "Véus", por conseguinte, ensina-nos a utilizar essas ideias como fichas, desprovidas de valor em si mesmas, mas ‘iteis para nés em nossos célculos. Essa € a verdadeira utilizagdo de todos os simbolos; eles velam 0 que representam, até que possamos reduzi-los a termos compreensiveis, permitindo-nos utilizar, em nossos célculos, ideias que de outra maneira seriam inconcebiveis. E como a esséncia da Arvore reside no fato de que seus s{mbolos se elucidam mutuamente gragas As suas posigdes relativas, esses Véus servem como 0 andaime do pensamento, habilitando-nos a marcar nossas posigdes em regides ainda ndo-cartografadas. Esses Véus, ou simbolos no concretos, ndo tém nenhum valor para nés, a menos que um lado do Véu confine com uma terra conhecida. Os Véus, embora ocultem © que representam, permitem-nos ver claramente aquilo para 0 que servem de estrutura. Essa é a sua fungio, a tinica razio pela qual sio utilizados. E apenas devido as nossas limitagdes que necessitamos desses simbolos insoliveis, mas a mente disciplinada na filosofia esotérica aprende rapidamente a trabalhar com essas limitagdes, aceitando 0 véu como simbolo daquilo que est além de seu alcance. Assim 6 0 Caminho do desenvolvimento da sabedoria, pois a mente cresce com aquilo de que se alimenta, até que, subindo um dia a Kether, possa ela erguer os bracos, desvendar © Véu e contemplar a Luz Himitada. O esoterista ndo limita a si mesmo declarando que o Desconhecido € Incognoscivel, pois ele é, acima de tudo, um evolucionista, e sabe que 0 que esté fora de nosso alcance hoje poderé ser alcangado no amanha do tempo césmico. Ele sabe, também, que o tempo evolutivo é um assunto individual nos planos internos, sendo medido (nao regulado) pela revolugao da Terra em tomo de seu eixo. 10. Esses trés Véus - AIN, Negatividade; AIN SOPH, o Ilimitado; e AIN SOPH AUR, a Luz Tlimitada -, embora nao possamos esperar compreendé-los, sugerem, nao obstante, certas ideias as nossas mentes. A Negatividade implica o Ser ou a existéncia de uma natureza que nao podemos compreender. Nao podemos conceber uma coisa que é ¢ que, no entanto, ndo & por conseguinte, devemos conceber uma forma de ser da qual nunca tivemos qualquer experiéncia consciente; uma forma de ser que, de acordo com nossos conceitos de existéncia, ndo existe e, no entanto, se assim podemos nos expressar, existe de acordo com a sua prépria ideia de existéncia. Para empregar as palavras de um grande sdbio: "H4 muito mais coisas no céu e na Terra do que as sonhadas por nossa filosofia’. 11, Entretanto, embora digamos que a Existéncia Negativa esté fora do aleance de nossa compreensio, isso ndo significa que estejamos fora do Ambito de sua influéncia. Se assim fosse, poderfamos rejeité-la por nio-existente no que nos diz respeito, a nosso interesse por ela terminaria em definitivo. Ao contrério, embora ndo tenhamos acesso direto ao seu ser, tudo o que conhecemos como existente tem suas rafzes nessa Existéncia Negativa, de maneira que, embora no possamos conhecé-la diretamente, temos dela uma experiéncia indireta. Em outras palavras, embora no possamos conhecer-lhe a natureza, conhecemos seus efeitos, da mesma maneira como ignoramos a natureza da eletricidade, embora sejamos capazes de utilizé-la em nossas vidas, estando habilitados, pela nossa experiéncia sobre seus efeitos, e chegar a certas conclusdes concemnentes pelo menos as qualidades que ela deve possuir. Aqueles que penetraram mais profundamente no Invisfvel comunicaram-nos descrigdes simbélicas por meio das quais podemos virar nossas mentes na dirego do Absoluto, ainda que no possamos alcangé-lo. Eles falaram da Existéncia Negativa como Luz: "Ain Soph Aur, a Luz Mimitada”. Falaram da Primeira Manifestagio como Som: "No prinefpio era o Verbo”, Certa vez, disse-me um homem - um adepto, se € que jamais houve algum: "Se quer saber 0 que Deus é, posso dizé-lo numa tinica palavra: Deus & pressdo”. Imediatamente, uma imagem brotou em minha mente, seguida de uma compreensio. Pude conceber a corrente da vida fluindo por todos os canais da existéncia. Senti que uma compreensio genuina da natureza de Deus me tinha sido comunicada. E, no entanto, se alguém tentar analisar as palavras, nada hé nelas; nfo obstante elas tiveram o poder de comunicar uma imagem, um simbolo, & mente, e a mente, operando no reino da intuigio, situado além da esfera da razio, alcangou uma compreensiio, ainda que essa compreensio no possa ser reduzida a esfera do pensamento conereto seno como uma imagem. 19 12. Precisamos compreender claramente que, nessas regides altamente abstratas, a mente nfo pode utilizar senio simbolos: mas esses simbolos tém o poder de comunicar compreensdes as mentes que sabem como utiliza-los; eles sio as sementes de pensamento, de onde brota o entendimento, ainda que nao sejamos capazes de expandi-los a uma realizagao conereta. 13, Pouco a pouco, como uma maré ascendente, a compreensio vai concretizando 0 Abstrato, assimilando e expressando, nos termos de sua propria natureza, coisas que pertencem a outra Esfera; cometerfamos um grande erro se tentéssemos provar, como Herbert Spencer, que, por ser uma coisa desconhecida em razo da capacidade mental que no presente possuimos, essa coisa ser para sempre Incognoscivel. O tempo a evolugio aumentam no s6 0 nosso conhecimento, como também a nossa capacidade; e a iniciagdo, que € a casa de forga da evolugio, antecipando a produciio das faculdades necessérias, permite & consciéneia do adepto atingir vastas compreensOes, até ento abaixo do horizonte mental humano. Essas ideias, embora claramente apreendidas por ele através de um outro modo de conscientizagZo, no podem ser comunicadas a alguém que nfo partilha desse modo de conscientizagao. Ele s6 pode expressé-las numa forma simb6lica; mas toda mente que, de alguma maneira, experimentou esse modo mais amplo de funcionamento seré capaz de assimilar essas ideias, embora seja incapaz de traduzi-las na esfera da mente consciente. E por essa razo que, na literatura da ciéncia esotérica, encontramos ideias germinais como "Deus ¢ pressio" a "Kether € a Malkuth da Existéncia Negativa". Essas imagens, cujo contetido nao pertence 3 nossa Esfera, so como os germes masculinos do pensamento que fecundam 6vulo da compreenso correta, Em si mesmas, elas brilham momentaneamente na consciéncia como um relmpago fugidio de compreensio, mas sem elas 0 dvulo do pensamento filoséfico seria inférti Ao contrério, impregnado por elas, embora sua substincia seja absorvida e perdida no proprio ato de impregnagio, esse 6vulo se transforma, pelo crescimento, no germe sem forma do pensamento e, por fim, apés a devida gestaciio além do limiar da consciéncia, a mente dé & luz uma ideia. 14, Se desejarmos obter o melhor de nossas mentes, devemos aprender a conceder-Ihes esse perfodo de laténcia, essa impregnago por alguma coisa que est4 fora de nosso plano de existéncia, permitindo-Ihe a gestago além do limiar da consciéncia. As invocagdes de uma cerimOnia de iniciagao tém por objetivo atrair essa influéncia impregnante para a consciéncia do candidato. Eis a razio por que os Caminhos da Arvore, que sio os estégios de iluminagio da alma, estéo intimamente associados ao simbolismo das cerim6nias Inicidticas. VI. OTZ CHIIM, A ARVORE DA VIDA 1. Para podermos compreender o significado de qualquer Sephirah em particular, devemos antes analisar as linhas gerais da OTZ CHIIM, a Arvore da Vida, como um todo. 2. Trata-se de um hierglifo, ou seja, de um simbolo composto, com o qual se procura representar © cosmo em toda a sua complexidade, e também a alma do homem nas relagdes que esta mantém com aquele; quanto mais estudamos esse simbolo, mais descobrimos que ele constitui uma representacdo perfeitamente adequada do que procura expressar; utilizamo-lo da mesma maneira pela qual o engenheiro ou o matematico utiliza sua régua de célculo - para investigar e calcular as complexidades da existéncia, tanto visivel como invisfvel, seja na natureza externa, seja nas profundezas ocultas da alma, 3. Como se pode observar pelo Diagrama II (no final do livro), 0 hierdglifo consiste na combinaga0, de dez circulos dispostos de determinada maneira e unidos entre si por linhas. Os circulos so as dez Sephiroth Sagradas e as linhas constituem os Caminhos, que perfazem o total de vinte e dois. 4, Cada Sephirah (forma singular do substantivo plural Sephiroth) representa uma fase de evolugio €, na linguagem dos rabinos, as dez Esferas recebem 0 nome de dez Emanagdes Sagradas. Os 20 Caminhos entre elas sfo fases da consciéncia subjetiva, os Caminhos ou graus (do latim gradus, “degrau"), através dos quais a alma desenvolve a sua compreensio do cosmo. As Sephiroth sao objetivas; 0s Caminhos so subjetivos. 5. Permitam-me lembrar-Ihes mais uma vez que nao exponho a Cabala tradicional dos rabinos como uma curiosidade histérica, mas sim como uma estrutura edificada por geragdes inteiras de estudantes - todos iniciados e, dentre eles, alguns adeptos - que fizeram da Arvore da Vida seu instrumento de desenvolvimento espiritual e trabalho mégico. Essa é a Cabala moderna, a Cabala alquimica, como também a chamaram por vezes, que abrange muitas coisas estranhas a tradigao rabinica, como se vers ao seu devido tempo. 6. Consideremos, agora, a disposigao geral e o significado da Arvore. Observemos que os cfrculos que representam as Sephiroth esto dispostos em trés colunas verticais (Diagrama 1), e que, no topo da coluna central, acima de todos os outros elementos, formando o vértice superior do triangulo das Sephiroth, est a Sephirah Kether, & qual nos referimos no capftulo anterior. Citando novamente as palavras de MacGregor Mathers, "O oceano sem limites da luz negativa nao procede de um centro, pois nfo o possui. Ao contrério, é essa luz negativa que concentra um centro, © qual é a primeira das Sephiroth manifestas, Kether, a Coroa” 7. Mme. Blavatsky extraiu de fontes orientais a expresso "o ponto no circulo” para expressar 0 Primeiro Impulso de manifestagdo, e a ideia est4 contida na expressio rabinica Nequdah Rashunah, o Ponto Primordial, titulo que se aplica & Sephirah Kether. 8. Mas Kether no representa uma posigo no espaco. O Ain Soph Aur é descrito como um efreulo cujo centro esta em toda parte a cuja circunferéncia ndo esté em nenhum lugar - expressa0 que, como tantas outras no ocultismo, é inconcebivel, mas que, nao obstante, apresenta uma imagem A mente e, por conseguinte, condiz com seu propésito. Kether, portanto (e, na verdade, todas as outras Sephiroth), & um estado ou uma condig20 da existéncia. Devemos ter sempre em mente que os planos nao se superpdem uns aos outros, no Empfreo, tal como os pavimentos de um edificio, constituindo, antes, estados de ser ou estados de existéncia de tipos diferentes Embora esses estados se desenvolvam sucessivamente no tempo, eles se manifestam simultaneamente no espago, pois todos os tipos de existéncia esto presentes no ser, por mais simples que este seja, poderemos compreender melhor essa afirmag30 se lembrarmos que 0 ser humano consiste em um corpo fisico, emogdes, mente e espfrito, que todos esses aspectos ocupam simultaneamente 0 mesmo espago. 9. Quem j4 observou, numa solugdo saturada, em um liquido aquecido, como vio se formando cristais a0 se baixar a temperatura, tem uma imagem adequada para simbolizar a Sephirah Kether: tomemos de um copo de Agua fervente e nele dissolvamos 0 méximo de agticar que for possivel dissolver. Entio, 4 medida que a mistura for se esfriando, veremos os cristais de agticar irem se tomando visiveis novamente. Se o leitor fizer realmente essa experiéncia, nfo se contentando apenas em ler sobre ela, obterd um conceito através do qual poderé imaginar a existéncia da Primeira Manifestago oriunda do Inmanifesto Primordial: o liquido esta transparente e sem forma; mas uma mudanga ocorre nele, os cristais comegam a aparecer, sélidos, visiveis e definidos. Podemos imaginar semelhante mudanga ocorrendo na Luz Ilimitada e Kether se cristalizando nessa Luz. 10. Nao pretend, por enquanto, aprofundar a natureza de qualquer uma das Sephiroth, mas apenas indicar 0 esquema geral da Arvore. Voltaremos muitas e muitas vezes ao assunto no curso destas paginas, até alcangarmos um conceito compreensivo desse hierdglifo, mas essa compreensio s6 poderd ser atingida gradualmente. Se despendermos muito tempo num ponto particular, sem que antes © estudante tenha entendido © conceito geral, nossa tarefa serd initil, pois ele nao compreenderi a importancia desse conceito no esquema como um todo. Os proprios rabinos a conferem a Kether os titulos de Segredo dos Segredos a Altura Inescrutdvel, sugerindo, assim, que a mente humana muito pouco pode esperar conhecer sobre Kether. 11. E digno de nota que o Judafsmo Exotérico, de cujas responsabilidades 0 Cristianismo € 0 desafortunado herdeiro, nfo apresenta qualquer concepgio das Emanagdes ou da sobreposi¢ao das Sephiroth. Ele declara simplesmente que Deus fez 0 mar e as montanhas e as feras do campo, e visualizamos esse processo - se € que realmente 0 visualizamos - como o trabalho de um artifice celestial que molda cada nova fase de manifestagdo e assenta 0 produto final no lugar que Ihe corresponde no universo. Essa concepgao atrasou por séculos 0 avango da ciéncia europeia. Os homens de cigncia tiveram, afinal, de romper com a religido e sofrer a perseguigo como heréticos, a fim de chegarem 4 concepeo da evolugao que foi explicitamente ensinada na Tradigao Mistica de Israel - tradigao, alids, com a qual os autores do Velho Testamento estavam inquestionavelmente familiarizados, pois suas obras esto repletas de referéncias e implicagdes cabalisticas. 12. A Cabala no concebe Deus como um artifice que cria o universo etapa por etapa, mas pensa em diferentes fases de manifestacZo evoluindo umas das outras, como se cada Sephirah fosse um ago que, uma vez, cheio, transbordasse num lago inferior. Citando novamente MacGregor Mathers: oculto numa bolota, existe um carvalho com suas bolotas e, oculto em cada uma destas, existe um carvalho com as suas bolotas. Assim, cada Sephirah contém a potencialidade de tudo que a segue na escala da manifestago descendente. Kether contém todas as outras Sephiroth, que so em niimero de nove; Chokmah, a segunda, contém as potencialidades de todas as suas oito sucessoras. Mas, em cada Sephirah, apenas um aspecto de manifestagdo se acha desenvolvido; as Sephiroth subsequentes permanecem em estado latente ¢ as precedentes séo recebidas por refragdo. Cada Sephirah 6, portanto, uma forma pura de existéncia em sua esséncia; a influéncia das fases precedentes de evolugio € externa & Sephirah, que recebe esses influxos por refrac. Tais aspectos, cristalizando-se, por assim dizer, nos estdgios anteriores, nao se encontram mais em solugéo na corrente exteriorizada de manifestago, que procede sempre do Inmanifesto por meio do canal de Kether. Quando, por conseguinte, desejamos descobrir a natureza essencial, base da manifestagio, de um tipo particular de existéncia, encontramo-la meditando sobre a Sephirah & qual essa existéncia corresponde em sua forma primordial. Existem quatro formas ou mundos pelos quais os cabalistas concebem a Arvore, deveremos considerd-los em seu devido tempo. Referimo-nos agora a eles para que o estudante possa contemplar essa imagem em perspectiva. 13, O estudante encontraré uma valiosa ajuda nos capitulos de “The Ancient Wisdom’, de Annie Besant, que tratam das fases de evolugdo. Essa obra langa muita luz sobre o assunto com que estamos nos ocupando, embora o sistema de classificagao nela utilizado difira do nosso. 14, Concebamos Kether, portanto, como uma fonte que flui para um recipiente, o qual, uma vez cheio, transborda para outra fonte, que, por sua vez, enche outro recipiente © 0 transborda. O Inmanifesto flui sempre sob pressio para Kether, até a evolugdo chegar 4 extrema simplicidade da forma de existéncia do Primeiro Manifesto. Formam-se assim todas as possiveis combinacdes, experimentando-se todas as possiveis permutas. Aco é reagio estereotipam-se, impedindo, em consequéncia, novos desenvolvimentos, a ndo ser por meio da associagZo mtitua das combinagdes. A forga forma todas as possiveis unidades; a fase subsequente de desenvolvimento dessas unidades consiste na sua combinagio em estruturas mais complexas. Quando isso ocorre, tem infcio uma nova e mais organizada fase de existéncia; tudo 0 que jé havia evolufdo permanece, mas aquilo que agora evolui é mais do que a soma das partes previamente existentes, pois novas capacidades vém & existéncia. 15. Essa nova fase representa uma alterago do modo de existéncia, Assim como Kether cristaliza a Luz Ilimitada, a segunda Sephirah, Chokmah, cristaliza, da mesma forma, Kether nesse novo modo de ser, nesse novo sistema de ages e reagdes, que deixaram de ser simples e diretas € se toraram complexas ¢ indiretas. Temos, entio, dois modos de existéncia, a simplicidade de 22 Kether e a relativa complexidade de Chokmah; ambas sto tlo simples que nenhuma espécie de vida conhecida por nés poderia subsistir nelas; no obstante, elas siio as precursoras da vida orginica. Poderiamos dizer que Kether é a primeira atividade da manifestagio, 0 movimento; é um estado de pura génese, Rashith ha Gilgalim, os Primeiros Remoinhos, 0 inicio dos Movimentos Girat6rios, como os chamam os cabalistas, 0 Primum Mobile, na expressio dos alquimistas. Chokmah, a Segunda Sephirah, recebe dos rabinos o titulo de Mazloth, a Esfera do Zodiaco. Encontramos aqui 0 conceito do efrculo com seus segmentos. A criagdo avanga. Do Ovo Primordial surge a Serpente que morde a propria cauda, como relata Mme. Blavatsky, em suas inestimaveis fontes de simbolismo arcaico, a doutrina secreta: Isis sem véu. 16. De maneira similar aquela pela qual Kether transbordou para Chokmah, esta, por sua vez, transborda para Binah, a Terceira Sephirah. Os Caminhos trilhados pelas Emanagdes nesses transbordamentos sucessivos so representados na Arvore da Vida por um Relimpago Brilhante ou, em alguns diagramas, por uma Espada Flamejante. Observar-se~d, no Diagrama 1, que 0 Relimpago Brilhante procede de Kether a caminha para fora e para baixo, no sentido da direita, alcangando Chokmah e dai retomando horizontalmente, a esquerda, até estabelecer a Sephirah Binah. O resultado € uma figura triangular sobre o diagrama, que recebe o nome de Tridngulo das Trés Supremas, ou Primeira Trindade, o qual € separado das demais Sephiroth pelo Abismo, que a consciéneia humana normal no consegue cruzar. Aqui esto as raizes da existéncia, ocultas 0s nossos olhos. VII. AS TRES SUPREMAS 1. Tendo considerado em linhas gerais 0 desenvolvimento das trés primeiras Emanagdes Divinas, estamos agora em posigdio de compreender mais profundamente a natureza e 0 significado, pois podemos estuda-las em seu relacionamento miituo. Esse € 0 Gnico meio de estudar as Sephiroth, pois uma tinica Sephirah, considerada em separado, carece de sentido. A Arvore da Vida é essencialmente um esquema de relagGes, tensdes ¢ reflexos (Diagrama 11). 2. Os livros rabnicos atribuem muitos nomes curiosos as Sephiroth, e muito aprendemos ao consideré-las, uma vez que toda palavra, nesses livros, tem um significado importante, nenhuma delas € utilizada superficialmente ou com vistas & mera fantasia poética; todas tém a precistio dos termos cientificos, 0 que, de fato so. 3. O significado da palavra Kether, como j observamos, é Coroa. Chokmah significa Sabedoria e Binah, Compreensio. Mas, pendente dessas dltimas Sephiroth, existe uma Terceira Sephirah, curiosa e misteriosa, que nunca é representada no hierdglifo da Arvore; trata-se da Sephirah invisivel Daath (Conhecimento), que resulta da conjungio de Chokmah e Binah e que atravessa © Abismo. Afirma Crowley que Daath é uma outra dimensfo das demais Sephiroth, constituindo o vértice de uma pirdmide cujos fngulos bdsicos correspondem a Kether, Chokmah a Binah. A meu ver, Daath representa a ideia da compreensio e da consciéncia. 4, Tentemos, agora, elucidar as Trés Supremas de acordo com o método da Cabala mistica, que consiste em prover & mente com todas as correspondéncias e simbolos conferidos as Esferas, deixando & contemplagao o trabalho de estabelecer as devidas relagdes. 5. Teremos a oportunidade de observar que essas trés Sephiroth, acrescidas de uma quarta Sephirah misteriosa, apresentam 0 simbolismo relativo 4 cabega, que, no homem arquetipico, representa o nivel mais elevado de consciéncia. Se buscarmos na literatura rabinica outros nomes que se Ihes possam aplicar, descobriremos muitos outros simbolos referentes cabeca aplicados a Kether; esses simbolos, embora ndo se refiram especificamente as demais Sephiroth, abrangem também as outras, duas Esferas Supremas, pois estas representam aspectos de Kether num plano inferior. 23 6. Os rabinos conferem a Kether, entre outros titulos, que ndo precisamos analisar no momento, os seguintes: Arik Anpin, o Rosto Imenso, a Cabega Branca, a Cabeca que Nao E. O simbolo mégico de Kether, de acordo com Crowley, é um velho rei barbado visto de perfil. Diz MacGregor Mathers: “O simbolismo do Rosto Imenso diz. respeito a um perfil gragas a0 qual s6 podemos ver uma face do rosto; ou, como se diz. na Cabala, Nele tudo é lado direito”. O lado esquerdo, voltado para o Inmanifesto, é para nds como o lado escuro da Lua. 7. Mas Kether é, em primeiro lugar, a Coroa. Ora, a Coroa ndo é a cabeca, mas repousa nela e sobre ela. Por conseguinte, Kether nao é a consciéncia, mas sim o material rude da consciéncia, do ponto de vista microcésmico, e 0 material rude da existéncia, do ponto de vista macrocésmico. Como jai observamos, podemos considerar a Arvore da Vida de duas maneiras; podemos concebé-la como sendo 0 universo ou a alma do homem, e esses dois aspectos se iluminam mutuamente. Nas palavras da Tabua de Esmeralda, de Hermes: "Como é em cima, é embaixo” 8. Kether diferencia-se em Chokmah e Binah antes de alcangar a existéncia fenomenal, os cabalistas chamam esas duas Sephiroth de Abba, o Pai Supremo, e Ama a Mae Suprema. Binah recebe também o nome de Grande Mar, Shabbathai, a Esfera de Satumo. Na sequéncia de nosso estudo, descobriremos que as Sephiroth recebem sucessivamente os nomes das Esferas Planetérias, mas Binah € a primeira das emanagdes a ser assim assinalada; Kether recebe 0 nome de Primeiro Remoinho, Chokmah, a Esfera do Zodiaco. 9. Ora, Satumo é o Pai dos Deuses; ele é 0 maior dos velhos deuses que precederam as divindades olfmpicas govemadas por Jipiter. Nos titulos secretos atribuidos as cartas do Taro, o Caminho de Saturno chama- se, de acordo com Crowley, o Grande Senhor da Noite dos Tempos. 10. Kether diferencia-se numa poténcia ativa masculina, Chokmah, ¢ numa poténcia passiva feminina, Binah, ambas as poténcias situam-se no topo de duas colunas laterais formadas pelo alinhamento vertical das Sephiroth em seu enquadramento na Arvore da Vida. A coluna da esquerda chama-se Severidade; a da direita, sob Chokmah, chama-se Misericérdia; a do meio, sob Kether, chama-se Suavidade, recebe também o titulo adicional de Coluna do Equilibrio, Essas duas colunas representam os dois pilares encontrados no Templo do Rei Salomao a também em todas as Lojas de Mistérios, constituindo 0 prdprio candidato, quando permanece entre eles, a Coluna Medial do Equilibrio. 11. Deparamos, aqui, com a ideia expressa por Mme. Blavatsky segundo a qual a manifestago nao pode ocorrer antes da diferenciagao dos Pares de Opostos. Kether diferencia seus dois aspectos como Chokmah e Binah, e € entio que ocorre a manifestagdo. Temos, assim, nesse trifngulo supremo, formado pela Cabeca Que Nao E, pelo Pai e pela Mae, 0 conceito radical de nossa cosmogonia. Voltaremos muitas vezes a esta ideia, recebendo, em cada retorno, mais e mais iluminagGes. Estes capitulos iniciais nfo pretendem tratar exaustivamente de nenhum dos pontos, pelas razdes j4 aduzidas, uma vez que 0 estudante que nfo esteja familiarizado com o assunto (e existem pouquissimos estudantes que estio familiarizados com ele) ainda no tem 0 equipamento mental necessério que the permita apreciar o significado de um estudo mais detalhado; estamos, no ‘momento, empenhados em reunir esses elementos; no devido tempo, comegaremos a disp6-los num templo vivo e a estudé-los em detalhes. 12, Binah, a Mae Superior (distinta de Malkuth, a Mie Inferior, a Noiva de Microprosopos, a Isis da Natureza, a Décima Sephirah), apresenta dois aspectos, estes se distinguem como Ama, a Mae Estéril Obscura, Aima, a Mie Fértil Brilhante. J4 observamos que essa Sephirah se chama Grande Mar, Marah; a palavra Marah ndo significa apenas Amargo, mas é também a raiz de Maria, aqui nos encontramos novamente com a ideia da Mae, no inicio virgem, depois com o filho concebido pelo Espirito Santo. 24 13, Pela associagiio de Binah com o mar, somos lembrados de que esta Sephirah se originou primordialmente nas 4guas; do mar nasceu Venus, a mulher arquetipica. A associagio a Saturno sugere a ideia da idade primordial: "Antes que os deuses que fizeram os deuses bebessem até fartar-se (..)”., lembra as rochas mais antigas: "Na sombria quietude do vale (..). sentava-se Saturno, de cabelos cinzentos, quieto como uma pedra”. Max Heindel localiza os Senhores da Forma entre as fases mais antigas da evolugo, uma obra inspiracional em minha posse, The Cosmic Doctrine, fala dos Senhores da Forma como as Leis da Geologia. 14, Considerando novamente o simbolismo das duas colunas laterais da Arvore, descobrimos que Chokmah e Binah representam a Forga e a Forma, as duas unidades de manifestacio. 15, Nada ganharfamos, por enquanto, penetrando mais profundamente nas ramificagdes sem fim desse simbolismo, pois ele nos levaria para além das trés Sephiroth ja estudadas. Consideraremos, porém, a misteriosa Sephirah Daath, que nunca aparece na Arvore e 4 qual nao se atribui nenhum nome divino ou coro angélico, visto que nao possui nenhum simbolo césmico planetério ou elemental, como as demais Esferas da Arvore. 16. Como jé observamos, Daath resulta da conjungao de Chokmah e Binah. O Pai Supremo, Abba, desposa a Mae Suprema, Ama, Daath é 0 resultado dessa unidio. Como os cabalistas conferem curiosos nomes a Daath, serd interessante observar alguns deles. 17. No verso 38 do Book of Concealed Mystery (tradugio inglesa de Mathers da tradugdo latina de Knorr von Rosenroth), lé-se: "Pois 0 Pai e a Mie estio perpetuamente unidos em Yesod, 0 Fundamento (a nona Sephirah), mas ocultos sob 0 mistério de Daath, 0 Conhecimento”; lemos, no verso 40, a propésito de Daath: "O homem que diz, Sou o Senhor, esse cairé (..). Yod (a décima letra do alfabeto hebraico) é 0 fundamento do Conhecimento do Pai; mas todas as coisas chamam-se Byodo, ou seja, todas as coisas se aplicam a Yod, a quem esse discurso diz respeito. Todas as coisas se combinam na lingua que est oculta na mae. Ou seja, gragas a Daath, o Conhecimento, por meio do qual a Sabedoria se combina com a Compreensio, e 0 Caminho da Beleza (Tiphereth, a Sexta Sephirah) com a sua nova, a Rainha (Malkuth, a Décima Sephirah); essa €.a ideia oculta, ou alma, que penetra toda a Emanagao. Daath abre-se para aquilo que dele procede; isto é, Daath é ele préprio o Caminho da Beleza, mas também 0 Caminho Interno, a que se referia Moisés; esse Caminho esté oculto na Mae, e & 0 meio de sua conjunga0”. Se observarmos que Yod € idéntico ao lingam do sistema Hindu; que Kether, Daath e 0 Caminho da Beleza, Tiphereth, a Sexta Sephirah, esto alinhados no Pilar Medial da Arvore, que equivale a espinha dorsal do homem, 0 microcosmo; que Kundalini esté enrolada em Yesod, também no Pilar Medial, descobriremos aqui uma importante chave para aqueles que esto equipados para utilizé-la 18, Na obra Greater Holy Assembly, verso 566 (tradugdo de Mathers), lemos 0 seguinte, a respeito da Cabega de Microprosopos, cujo corpo é considerado como um hierdglifo do cosmo: "Da Terceira Cavidade provém mil vezes mil conclaves e assembleias, nessa Cavidade se localiza a morada de Daath, 0 Conhecimento. A abertura dessa Cavidade localiza-se entre duas outras cavidades, todos esses conclaves estio repletos em ambos os lados. Eis 0 que lemos nos Provérbios: “E os conclaves estardo cheios de Conhecimento (Daath)”. E essas trés cavidades se expandem sobre todo 0 corpo, por todos os lados, unificando 0 corpo, e 0 corpo esta contido nelas, por todos os lados, assim, por meio do corpo, elas se expandem e se difundem”” 19. Se recordarmos que Daath esté situada no ponto em que o Abismo corta o Pilar Medial, que no Pilar Medial se localiza 0 Caminho da Flecha, 0 caminho que a consciéncia trilha quando o sensitivo se eleva para os planos, que nesse local também esti Kundalini, observaremos que em Daath reside 0 segredo tanto da geragdo quanto da regeneragio, chave para a manifestagao de todas as coisas por meio da diferenciagdo em pares de opostos e da sua unio num terceiro elemento. 20. E assim que a Arvore revela seus segredos aos cabalistas. 21. O Segundo Triangulo na Arvore da Vida é constituido pelas Sephiroth Chesed, Geburah ¢ Tiphereth. Chesed forma-se pelo desdobramento de Binah, estando localizada no Pilar da Misericrdia, & direita, imediatamente abaixo de Chokmah; 0 Angulo do Relimpago Brilhante, que € utilizado para indicar 0 curso das emanagdes na Arvore, dirige-se para baixo, cruzando o hierdglifo & direita, de Binah no topo do Pilar da Severidade até Chesed, que ocupa a segio média do Pilar da Miseric6rdia. © Relimpago volta-se novamente e dirige-se na horizontal, através do hieréglifo, em diregdo ao Pilar da Severidade, em cuja seo média se encontra a Sephirah Geburah. O simbolo da forga emanante desce uma vez mais para baixo e a direita, constituindo a Sephirah Tiphereth, que ocupa 0 centro mesmo da Arvore no Pilar da Suavidade ou do Equilibrio. Essas trés Sephiroth constituem o tridngulo funcional seguinte que devemos considerar, embora nfo pretendamos penetrar profundamente em seu simbolismo antes de completarmos nossa observagdo esquematica de todo o sistema, cumpre dizer algumas palavras para esclarecer-Ihes 0 significado e conferir-Ihes um lugar no conceito que estamos formulando. Esse conceito € to vasto € to complexo em seus detalhes que a tentativa de ensiné-lo exaustivamente de A a Z resultaria em confusdo. Seu significado s6 € revelado ao estudante gradualmente, pois um aspecto interpreta 0 outro. Meu método de ensinar a Arvore pode nio ser 0 ideal do ponto de vista do pensamento sistemstico, mas acredito que ele é 0 tinico que capacitard o iniciante a "pegar 0 jeito” do assunto. Foi na Arvore que obtive meu préprio treinamento mistico, vivi e respirei em sua companhia por muitos e muitos anos, de modo que me sinto competente para falar dela do ponto de vista do misticismo pritico, pois conhego, por minha propria experiéncia, as dificuldades de dominar 0 sistema cabalistico, aparentemente tao intrincado, abstrato e volumoso e, no entanto, to compreensivel e satisfat6rio quando temos as chaves de sua interpretagiio. 22. Antes de considerarmos o Segundo Tringulo da Arvore como uma unidade, devemos conhecer © significado das Sephiroth que o compdem. Chesed significa Miseric6rdia ou Amor, pode chamar- se também Gedulah, Grandeza ou Magnificéncia, e a ela se atribui a Esfera do planeta Jupiter. Geburah significa Forga e recebe também 0 titulo de Pachad, Temor; a ela se atribui a Esfera do planeta Marte. Tiphereth significa Beleza, e a ela se atribui a Esfera do Sol. Quando os deuses dos diversos pantedes pagéos sao correlacionados com as Esferas na Arvore, os deuses sacrificados referem-se a Tiphereth e, por essa raziio, a Cabala crist a chama de Centro Cristolégico. 23, Temos agora material suficiente para fazer uma observacdo a respeito do Segundo Tridngulo. Jupiter, 0 governante e legislador benéfico, é contrabalancado por Marte, o Guerreiro, a forga fgnea destrutiva, ambas as esferas so equilibradas em Tiphereth, 0 Redentor. No Tridngulo Supremo, temos a Sephirah primaria emanando um par de opostos que expressam os dois lados de sua natureza, Chokmah, Forga, Binah, Forma, Sephiroth masculina e feminina, respectivamente. No Segundo Triangulo, temos os pares de opostos que encontram seu equilfbrio num terceiro elemento, localizado no Pilar Medial da Arvore. Deduzimos disso que 0 Primeiro Trifingulo deriva seu significado da esfera que 0 antecede e que o Segundo Tridngulo deriva seu significado daquilo que © triéngulo anterior emana. No Primeiro Tridngulo, encontramos uma representagio das forgas criativas da substancia do universo; no Segundo, temos uma representacao das forgas que governam a vida em evolugdo. Em Chesed reside 0 rei sibio e bondoso, 0 pai de seu povo, que organiza o reino, constréi as indtstrias, promove a instrugio e implanta os beneficios da civilizagio. Em Geburah temos um rei guerreiro, que conduz 0 seu povo a guerra, defende o reino dos assaltos dos inimigos, estende-lhe os limites por meio da conquista, pune o crime e aniquila os malfeitores. Em Tiphereth, temos 0 Salvador, sacrificado na Cruz, para a salvagio de seu povo, colocando, assim, Geburah em equilibrio com Gedulah, ou Chesed. Descobrimos, aqui, a esfera de todos os deuses solares e deuses curadores benéficos. Vemos, assim, que as misericérdias de Gedulah e as severidades de Geburah se unem para a cura das nagGes. 24. Atrds de Tiphereth, atravessando a Arvore, estende-se Paroketh, 0 Véu do Templo, que 26 corresponde, num plano inferior, ao Abismo que separa as Trés Supremas do resto da Arvore. Como o Abismo, o Véu marca uma cisio na consciéncia, O modo de mentalizagdo num lado da cisdo difere, em espécie, do modo de mentalizagio que prevalece no outro. Tiphereth a Esfera superior, A qual a consciéncia humana normal pode elevar-se. Quando Felipe disse a0 Mestre, *Mostra-nos o Pai", Jesus replicou, "Aquele que viu a Mim viu também ao Pai". A mente humana 36 pode conhecer de Kether aquilo que se reflete em Tiphereth, 0 Centro Cristolégico, a Esfera do Filho. Paroketh € 0 Véu do Templo, que se rasgou no instante da Crucificagio. 25. Chegamos, agora, em nossa breve observagio preliminar, ao Terceiro Triangulo, composto das Sephiroth Netzach, Hod e Yesod. Netzach é e Sephirah bdsica do Pilar da Misericérdia, Hod é a Sephirah bésica do Pilar da Severidade, Yesod € o Pilar Medial da Suavidade ou do Equilibrio, em alinhamento direto com Kether e Tiphereth. Assim, o Terceiro Tridngulo é uma réplica exata do Segundo Triangulo num arco inferior. 26. O significado de Netzach é Vit6ria, e a ela se atribui a Esfera do planeta Vénus; o significado de Hod é Gl6ria, e a ela se atribui a Esfera do planeta Merctirio; o significado de Yesod é Fundamento, eacla se atribui a Esfera da Lua. 27. Na medida em que se pode chamar 0 Segundo Tridngulo, com alguma propriedade, de Triangulo Etico, pode-se muito bem chamar o Terceiro Triéngulo de Triangulo Mégico; e, se atribuirmos a Kether a Esfera do Trés em Um, a Unidade indivisa, e a Tiphereth a Esfera do Redentor ou Filho, poderiamos justificadamente nos referir a Yesod como a Esfera do Espirito Santo, 0 Tuminador; essa é uma atribuigio da Trindade Cristi que se enquadra melhor no contexto da Arvore do que a sua atribuicdo as Trés Supremas, que coloca o Filho no lugar de Aba, © Pai; e o Espirito Santo no lugar de Ama, a Mie, e € obviamente irrelevante a motivo de imimeras discrepancias nas correspondéncias € nos simbolismos. Temos, aqui, um exemplo do valor da Arvore como um método de meditagio probatéria; as atribuigdes corretas adomam a Arvore por meio de ramificagdes infindas de simbolismo, como vimos quando consideramos Binah como a Mie; 0 simbolismo errOneo incorreto desintegra-se e revela as suas bizarras associagdes quando se tenta seguir uma cadeia de comespondéncias. E assombrosa a multidio de ramificagbes de cadeias associativas que se podem seguir quando a atribuigéio € correta. E como se apenas a extensio de nosso conhecimento pudesse limitar a extensio das cadeias associativas; estas abrangem a ciéncia, a arte, a matemética, as épocas da histéria, a ética, a psicologia e a fisiologia. Foi esse método peculiar de utilizar a mente que, com toda a probabilidade, deu aos antigos 0 seu prematuro conhecimento da ciéncia natural, conhecimento cuja confirmagdo precisou esperar a invengdo de instrumentos de preciso. Temos indicios desse método na andlise de sonhos da psicologia analitica. Poderfamos descrevé-lo como o poder da mente subconsciente de utilizar simbolos. Constitui uma experiéncia instrutiva tomar uma massa confusa de simbolos e observé- los ajustarem-se durante e meditagao sobre e Arvore, elevando-se & consciéncia, em longas cadeias de associagio, tal como numa anilise de sonhos, 28. Netzach é a Esfera da Deusa da Natureza, Vénus. Hod é a Esfera de Merctirio, 0 anélogo grego do Thoth Egipcio, Senhor dos Livros e da Sabedoria. Da oposi¢ao de ambos, resulta um terceiro elemento em equilfbrio, que vem a ser Yesod, a Esfera da Lua, Temos, assim, um Tridngulo composto pela Senhora da Natureza, pelo Senhor dos Livros e pela Senhora da Feiticaria; em outras palavras, a subconsciéncia e a superconsciéncia correlacionadas no psiquismo. 29. Quem quer que esteja familiarizado com o misticismo prético, sabe que sdo trés os caminhos da superconsciéncia - 0 misticismo devocional, que corresponde a Tiphereth; 0 misticismo natural, de raizes dionisfacas, que corresponde & Esfera de Vénus, Netzach; e 0 misticismo intelectual, de vinculagio ocultista, que corresponde a Hod, a Esfera de Thoth, Senhor da Magia. Tiphereth, como veremos no diagrama da Arvore, pertence a um plano mais elevado do que o dos componentes do Terceiro Tridngulo; Yesod, por outro lado, esta muito perto da Esfera da Terra. 27 30. Atribuem-se a Yesod todas as divindades do simbolismo lunar: a propria Lua; Hécate, que rege a magia negra; Diana, que governa os partos. A Lua fisica, Yesod em Assiah, como diriam os cabalistas, com seu ciclo de vinte e oito dias, corresponde ao ciclo reprodutivo da fémea humana. Se o simbolismo da Lua crescente fosse investigado em varios pantedes, descobrir-se-ia que as divindades a eles associadas sto predominantemente femininas; € interessante notar - corroborando a nossa atribuigdo do Espirito Santo a Yesod - que, de acordo com MacGregor Mathers, 0 Espirito Santo é uma forga feminina. Diz ele (Kabbalah Unveiled, p. 22): "Ouvimos com frequéncia que o Espirito Santo é masculino, Mas a palavra Ruach, “Espirito”, € feminina, como se depreende da seguinte passagem do Sepher Yetzirah: Acha (feminino, néo Achad, masculino) Ruach Elohim Chiim: 0 Um é ela, 0 Espirito do Elohim da Vida‘. Quando considerarmos 0 Pilar Medial relativamente aos nfveis de consciéncia, teremos uma confirmagao adicional desse ponto de vista. 31. Resta-nos considerar, por fim, a Sephirah Malkuth, o Reino da Terra. Essa Sephirah difere das demais em varios aspectos. Em primeiro lugar, ela nfo integra qualquer tridngulo equilibrado, mas € 0 recepticulo das influéncias dos tridngulos anteriores. Em segundo lugar, é uma Sephirah decafda, pois a Queda a separou dos demais componentes da Arvore, as espirais do Dragio Inclinado que se ergue do Mundo das Conchas, os Reinos da Forga Desequilibrada, assinalam essa separago. Por tras dos ombros da Rainha, a Noiva do Microprosopos (Malkuth), a Serpente levanta sua cabega, e € nesse local que ocorrem os julgamentos mais severos. A Esfera de Malkuth estende-se até os Infernos das Sephiroth Malignas, as Qeliphoth, ou deménios maus. Ela é 0 firmamento de onde Elohim efetuou a separagio entre as éguas supremas de Binah a as éguas infernais do Leviata. 32. Consideraremos em seu devido tempo o significado das Qeliphoth, mas, como nos referimos aqui a elas a fim de explicar a posigéo de Malkuth, devemos dizer algumas palavras que tornem a explicagio inteligivel. 33. As Qeliphoth (no singular, Qliphah, mulher indecente, meretriz) sio as Sephiroth Malignas ou Adversas, cada uma das quais uma emanagio ou uma forga desequilibrada oriunda de sua correspondente Esfera da Arvore Sagrada; essas emanagdes ocorrem durante os periodos criticos de evolugao, quando as Sephiroth se encontram em desequilibrio. E por essa razio que os textos se referem a elas como os Reis da Forga Desequilibrada, os Reis de Edom, "que governaram antes que houvesse um rei em Israel", segundo relata a Biblia, ou, conforme as palavras do “Siphrah Dazenioutha”, 0 “Book of Concealed Mystery” (tradugdio de Mathers): *Pois antes do equilibrio, 0 rosto nao via o rosto. E os reis dos tempos antigos estavam mortos, € suas coroas ndo mais foram encontradas, e a terra estava desolada”” 34. Completamos, assim, 0 nosso exame preliminar da Arvore da Vida e da disposigao das Dez Sagradas Sephiroth; tendo estudado, em linhas gerais, o significado das Esferas e sugerido a forma pela qual opera a mente quando utiliza os simbolos césmicos em suas meditagdes, podemos agora assinalar a cada nova informagdo 0 seu enquadramento correto em nosso esquema. Construiremos nosso quebra-cabeca conhecendo as linhas gerais do quadro. Crowley comparou com propriedade a Arvore a um fichério, em que cada um dos simbolos € uma gaveta. Eis uma comparacio praticamente irretocével. No curso de nossos estudos, utilizaremos essas gavetas procurando thes descobrir o sistema de indexagio sugerido pela utilizagio de um mesmo simbolo em diversas associagdes. VIII. OS PADROES DA ARVORE 1. Sio varias as maneiras pelas quais se podem agrupar as Dez Sephiroth Sagradas na Arvore da Vida. Nao se pode dizer que determinada forma seja mais correta que outra, pois elas servem a diferentes objetivos ¢ langam muita luz sobre 0 significado das Sephiroth individuais, revelando- Ihes as associagdes e 0 equilfbrio. 2. Sao valiosas também porque permitem relacionar o sistema decimal da Arvore com os sistemas temérios, quaternérios e setendrios. 3. A conformagio primédria da Arvore consiste em trés Pilares. Observaremos nos diagramas que as Sephiroth se prestam facilmente a essa divisio vertical triplice, visto que estio dispostas em tres colunas (Diagrama 1), denominadas Pilar da Misericérdia (A direita), Pilar da Severidade (a esquerda) e Pilar da Suavidade ou do Equilibrio (ao meio). 4, Antes de prosseguirmos, cumpre esclarecer o significado dos lados direito e esquerdo da Arvore Observando o diagrama, vemos Binah, Geburah e Hod em seu lado esquerdo, Chokmah, Chesed e Netzach no direito; essa é a maneira pela qual contemplamos a Arvore quando a utilizamos para representar 0 Macrocosmo. Mas, quando a utilizamos para representar 0 Microcosmo, isto é, 0 nosso préprio ser, devemos dar-Ihe as costas, de modo que 0 Pilar Medial se equipare 4 espinha, 0 Pilar que contém Binah, Geburah e Hod corresponda ao lado direito do corpo e o Pilar que contém Chokmah, Chesed e Netzach, a0 lado esquerdo. Esses trés Pilares podem também ser correlacionados com os conceitos Shushumna, Ida e Pingala do sistema iogue. E de extrema importancia nos lembrar desta reversio da Arvore quando a utilizamos como um simbolo subjetivo, pois do contrério obteremos resultados confusos. Em sua valiosa obra sobre a literatura da Cabala, The Holy Qabalah (A Cabala Sagrada), 0 Sr. Waite, no frontispicio, por alguma razo que s6 ele conhece, inverte a apresentacio habitual da Arvore; na maioria das vezes, as apresentagdes desse simbolo corespondem a Arvore objetiva, ndo 4 subjetiva. Quando empregamos a Arvore para indicar as linhas de forga na aura, devemos utilizar a Arvore subjetiva, de modo que Geburah corresponda ao brago direito. Em todos 0s casos, o Pilar Medial permanece, naturalmente, imével. 5. O Pilar da Severidade é negativo ou feminino, e o Pilar da Misericérdia € positivo ou masculino. Poder-se-ia pensar superficialmente que essas atribuigdes conduzem a um simbolismo incompativel, mas um estudo dos Pilares a luz do que agora sabemos a respeito das Sephiroth individuais revelaré que as incompatibilidades so puramente superficiais e que o significado profundo do simbolismo ¢ inteiramente concorde. 6. Observar-se-4 que a linha indicadora dos desenvolvimentos sucessivos das Sephiroth Tiguezagueia de um lado a0 outro do hierdglifo, tendo por isso recebido 0 nome apropriado de Relimpago Brilhante. Essa imagem indica graficamente que as Sephiroth so sucessivamente positivas, negativas e equilibradas. Essa é uma representag3o muito mais adequada do processo da criagdo do que e figurada pela disposigao das Esferas numa linha reta, umas sobre as outras, pois indica ndo s6 a diferenga natural das Emanagdes Divinas, como também as suas miituas relacdes; quando contemplamos 0 Hierdglifo da Arvore, percebemos facilmente as relagdes existentes entre as diferentes Sephiroth, podemos ver como elas se agrupam, se refletem e reagem mutuamente. 7. No topo do Pilar da Severidade, o Pilar feminino e negativo, esté Binah, a Grande Mae. Esta € atribuida a Esfera de Satumo, Saturno é 0 Dador da Forma. No topo do Pilar da Misericérdia esta Chokmah, o Pai Supremo, poténcia masculina. Temos aqui, ent4o, oposigao entre Forma e Forca. 8. Na Segunda Trindade, apresenta-se a oposi¢ao entre Chesed (Jupiter) e Geburah (Marte). Temos novamente os pares de opostos: da construcdo, em Jipiter, o legislador e governante benéfico; da destruigao, em Marte, 0 guerreiro e aniquilador do Mal. Poder-se-4 perguntar por que razo uma poténcia masculina como Geburah esté colocada no Pilar feminino. Cabe lembrar, contudo, que Marte é uma poténcia destrutiva, constituindo um dos planetas maléficos da Astrologia. O positivo edifica, o negativo destr6i; 0 positivo é uma forga cinética, o negativo é uma forga estatica. 9. Esses aspectos surgem novamente em Netzach, na base do Pilar da Miserieérdia, em Hod, na 29 base do Pilar da Severidade. Netzach € Vénus, 0 Raio Verde da Natureza, forga elemental, iniciagdo das emogdes. Hod é Merciirio, Hermes, a iniciago do conhecimento. Netzach ¢ instinto e emogao, forga cinética; Hod é intelecto, pensamento concreto, redugdo & forma do conhecimento intuitivo. 10. Devemos lembrar, contudo, que cada Sephirah € negativa, ou seja, feminina, em relagdo & sua predecessora, da qual emana e da qual recebe a Influéncia Divina; positiva, masculina ou estimulante, em relagio & sua sucessora, 4 qual transmite a Influéncia Divina. Portanto, toda Sephirah é bissexual, como um ima, cujos polos devem ser necessariamente um positivo e 0 outro negativo. Poderfamos explicar melhor 0 assunto se recorréssemos a uma analogia astrolégica, afirmando que uma Sephirah no Pilar feminino esta dignificada quando funciona em seu aspecto negativo, e deprimida quando funciona positivamente, que no Pilar masculino a posigaio se apresenta invertida. Portanto, Binah (Saturno) esti dignificada quando produz estabilidade e resisténcia, mas deprimida quando o excesso de resisténcia toma-se ativamente agressivo, produzindo obstrugdo © emissio da matéria estéril. Por outro lado, Chesed, Misericérdia, esté dignificada quando ordena e preserva harmoniosamente as coisas do mundo, mas deprimida quando a misericérdia se torna sentimentalismo e usurpa a Esfera de Satumno, preservando aquilo que a energia ignea, a Esfera oposta, a Sephirah Geburah, deveria eliminar da existéncia. 11, Os dois Pilares representam, portanto, as forgas da natureza: as positivas e as negativas, as ativas e as passivas, as destrutivas e as construtivas, a forma que concretiza e a forga que libera, que desagrega. 12. As Sephiroth do Pilar Medial podem ser encaradas também como os niveis representativos da consciéneia ou como os planos sobre os quais eles operam. Malkuth é a consciéncia sensorial; Yesod € 0 psiquismo astral; Tiphereth € a consciéncia iluminada, 0 aspecto mais elevado da personalidade e que a individualidade pode se unir, € que constitui 0 estado que possibilita a iniciagfo; trata-se da consciéncia do eu superior atrafda & personalidade - vislumbre da consciéncia superior oriunda da parte posterior do véu de Paroketh. E por essa razio que os Messias e os Salvadores do mundo sio ligados a Tiphereth no simbolismo da Arvore, pois sio eles que concedem a luz & humanidade; e, como todos os que roubam o fogo do céu devem sofrer, eles morrem a morte sacrificial em beneficio da humanidade. E aqui também que morremos para 0 Eu Inferior, a fim de podermos aleancar o Eu Superior. In Jesu morimur. 13. O Pilar Medial eleva-se através de Daath, a Sephirah Invisivel, que, como j4 vimos, é 0 Conhecimento, de acordo com os rabinos, a percepgi0 ou apreensio consciente, de acordo com a terminologia psicolégica. No topo desse Pilar est4 Kether, a Coroa, a Raiz de Todo Ser. A consciéneia, portanto, aleanga a esséncia espiritual de Kether por meio da compreensfio de Daath, que a faz cruzar 0 Abismo, levando-a para a consciéncia transladada de Tiphereth, para onde € conduzida por intermédio do sacrificio de Cristo, que rasga o véu Paroketh; em seguida, para a consciéneia psiquica de Yesod, a Esfera da Lua e, finalmente, para a consciéncia cerebral e sensorial de Malkuth. 14, E esse o curso da consciéncia na marcha da involugfo, que é 0 termo aplicado a essa fase de evolugdo que se dirige para baixo, desde a Primeira Manifestagio em meio aos planos sutis de existéncia até a matéria densa; por essa raziio, deveria o esoterista utilizar o termo evolugio apenas quando pretende descrever a subida da matéria ao espirito, pois & nessa diregao que ocorre a evolugao daquilo que involuiu através das fases sutis de desenvolvimento. E dbvio que nada pode evoluir e desenvolver-se se antes ndo involuiu e nao se desenvolveu. O curso real da evolucio segue a trilha do Reldmpago Brilhante ou da Espada Flamejante, de Kether a Malkuth, na ordem de desenvolvimento das Sephiroth previamente descritas; mas a consciéncia desce plano por plano, sé comega a manifestar-se quando as Sephiroth polarizantes esto em equilibrio; por conseguinte, os modos de consciéneia sao atribufdos as Sephiroth Equilibrantes no Pilar Medial, mas os poderes 30 mégicos sto atribuidos as Sephiroth opostas, cada uma das quais se encontra na haste da balanga dos pares de opostos. 15. O Caminho da Iniciagdo segue as espirais da Serpente da Sabedoria na Arvore; mas 0 Caminho da Hluminagdo segue o Caminho da Flecha langada pelo Arco da Promessa, Qesheth, 0 arco-iris de cores astrais que se estende como um halo por tras de Yesod. Esse € 0 caminho do mistico, que se distingue do caminho do ocultista; € rapido e direto, e livre do perigo da tentagdo, da forca desequilibrada que se encontra nos outros pilares, mas ndo confere nenhum poder magico, salvo 0 do sacrificio em Tiphereth e os do psiquismo em Yesod. 16. J4 fizemos meng4o as Trés Trindades da Arvore em nossa discussio preliminar das Dez Sephiroth. Recapitulemo-las novamente para maior clareza. Mathers chama a Primeira Trindade, constituida por Kether, Chokmah e Binah, de Mundo Intelectual; a Segunda Trindade, constituida por Chesed, Geburah e Tiphereth, de Mundo Moral; ea Terceira Trindade, formada por Netzach, Hod e Yesod, de Mundo Material. A meu ver, essa terminologia é equivoca, pois tais palavras nao nos comunicam 0 verdadeiro sentido desses Mundos. O intelecto é essencialmente a concretizaga0 da intuigio e da compreensao e, como tal, € um vocabulo inadequado para 0 Mundo das Trés Supremas. Concord com 0 emprego do termo Mundo Moral para Chesed, Geburah e Tiphereth, pois ele é sindnimo do meu termo Triangulo Etico; mas discordo enfaticamente da utilizagio do termo Mundo Material para a Trindade de Netzach, Hod e Yesod, pois esse vocabulo pertence exclusivamente a Malkuth. Essas trés Sephiroth no so materiais e sim astrais, e para essa Trindade eu proponho o termo Mundo Astral ou Magico; nao & conveniente utilizar as palavras fora de seu sentido dicionarizado, ainda que thes precisemos o sentido, a isso Mathers nio se preocupou em fazer. 17. A Esfera Intelectual nao é tanto um nfvel quanto um Pilar, pois 0 intelecto, sendo 0 contetido da consciéncia, & essencialmente sintético. Esses termos, contudo, parecem provir de uma traducdo algo rude dos nomes hebraicos dados aos quatro niveis em que os cabalistas dividem a manifestagao. 18, Esses quatro niveis permitem, ainda, outro agrupamento das Sephiroth. O mais elevado deles & Atziluth, 0 Mundo Arquetipico, composto por Kether. O segundo, Briah, chamado de Mundo Criativo, consiste em Chokmah e Binah, Abba ¢ Ama Supremos, 0 Pai e a Mie. O terceiro nivel € © de Yetzirah, 0 Mundo Formativo, que consiste das seis Sephirot centrais, a saber, Chesed, Geburah, Tiphereth, Netzach, Hod e Yesod. O quarto Mundo € Assiah, 0 Mundo Material, representado por Malkuth. 19. As Dez Sephiroth conformam-se também em Sete Palacios. No Primeiro Palicio esto as Trés Supremas; no Sétimo Palécio estio Yesod e Malkuth; as demais Sephiroth tém cada uma um Palécio proprio. Esse agrupamento ¢ interessante, pois revela o intimo relacionamento entre Yesod e Malkuth, e permite equacionar a escala decupla da Cabala com a escala séxtupla da Teosofia. 20. Ha também outra divisdo tripla das Sephiroth que € muito importante para 0 simbolismo cabalistico. Nesse sistema, confere-se a Kether 0 titulo de Arik Anpin, 0 Rosto Imenso. Este se manifesta como Abba, o Pai Supremo, Chokmah, e Ama, a Me Suprema, Binah, sendo esses os aspectos positivo e negativo do Trés em Um, Esses dois aspectos diferenciados, quando unidos, sto, de acordo com Mathers, Elohim, esse curioso Nome Divino que ¢ um substantivo feminino flexionado com uma desinéncia masculina. Essa unio ocorre em Daath, a Sephirah invisivel. 21. As seis Sephiroth seguintes conformam-se em Zaur Anpin, 0 Rosto Menor, ou Microprosopos, cuja Sephirah especial é Tiphereth. A Sephirah restante, Malkuth, recebe 0 nome de Noiva de Microprosopos. 31 22, Microprosopos recebe também, as vezes, 0 nome de Rei; Malkuth, em consequiéncia, o nome de Rainha. Ela se chama também Mie Menor ou Eva Terrestre, distinta de Binah, a Mae Suprema. 23. Esses diferentes métodos de classificar as Sephiroth nao sio sistemas concorrentes, mas visam permitir adequar o sistema décuplo dos cabalistas com outros sistemas, utilizando uma notagao tripla, tal como a crist@, ou, como ja observamos, um sistema sétuplo como 0 da Teosofia; todos esses sistemas so valiosos porque indicam relagdes funcionais entre as Sephiroth. 24, O sistema final de classificagdo que devemos considerar encontra-se_ sob a regéncia das Trés Letras Mies do alfabeto hebraico: Aleph (A), Mem (M) e Shin (Sh). De acordo com a atribuigio Yetziritica do alfabeto hebraico, essas trés letras esto relacionadas com os trés elementos Ar, Agua e Fogo. Sob o governo de Aleph, encontra-se a Triade Aérea de Kether, na qual esté a Raiz do Ar, que se reflete para baixo, através de Tiphereth, 0 Fogo Solar, em Yesod, a Radiancia Lunar. Em Binah encontra-se a Raiz da Agua (Marah, 0 Grande Mar), que se reflete para baixo, através de Chesed, em Hod, sob 0 governo de Mem, a Mae da Agua. Em Chokmah encontra-se a Raiz do Fogo, que se reflete para baixo, através de Geburah, em Netzach, sob 0 governo de Shin, a Mie do Fogo. 25. Cumpre ter sempre em mente esses agrupamentos, visto que eles nos ajudam enormemente a compreender 0 significado das Sephiroth individualmente; como jé salientamos em varias oportunidades, s6 podemos compreender uma Sephirah através de suas miiltiplas relagGes. IX. AS DEZ SEPHIROTH NOS QUATRO MUNDOS. 1. Jé fizemos referéncia & repartigao das Sephiroth nos Quatro Mundos dos Cabalistas, pois esse & um dos métodos de classificagdo mais empregados no pensamento cabalistico, sendo de enorme valor para 0 estudo da evolugdo. Devemos lembrar, contudo, que o fato de um autor classificar uma coisa segundo um determinado sistema nao implica que outro autor ndo possa classifica-lo adequadamente de acordo com outro sistema. O ressurgimento do mesmo simbolo numa Esfera diferente concede, amitide, indicios muito valiosos. 2. Segundo outro método de classificagdo, as Dez Sephiroth Sagradas figuram em cada Mundo Cabalistico num outro arco ou nivel de manifestagao; assim como Ain Soph Aur, a Luz limitada do Inmanifesto, concentra um ponto, que é Kether, as emanagdes operam em sentido descendente, através de graus progressivamente maiores de intensidade, até alcangar em Malkuth; assim Malkuth, em Avziluth, dé origem a Kether de Briah, assim consecutivamente através dos planos, 0 Malkuth em Briah dando origem a Kether de Assiah, e 0 Malkuth de Assiah, em seu aspecto inferior, confinando com as Qeliphoth. 3. E Atziluth, contudo, que passa por ser a esfera natural das Sephiroth como tais, e é por essa razio que recebe 0 nome de Mundo das EmanacGes. E aqui, somente aqui, que Deus age diretamente e no por meio de Seus ministros. Em Briah, Ele opera através da mediagio dos Arcanjos; em Yetzirah, através das Ordens Angélicas; em Assiah, através desses centros que chamei de Chacras Césmicos - os planetas, elementos e signos do Zodfaco. 4, Temos, entio, nesses quatro grupos de simbolos, um sistema completo de notagio, com 0 qual podemos expressar 0 modo de funcionamento de qualquer poder em qualquer nivel, esse sistema de notagdo é a base da Magia Cerimonial com seus Nomes de Poder, e também da Magia Talismanica e do sistema divinatério do Tar6. E por essa razio que nfo se pode alterar uma nica letra dos *barbaros nomes de evocaco", pois esses nomes so fSrmulas baseadas no alfabeto hebraico, que a lingua sagrada do Ocidente, assim como o sénscrito é a Iingua sagrada do Oriente. No hebraico, além disso, cada letra é também um niimero, de modo que os Nomes sio férmulas numéricas; um intrineado sistema de matemética metafisica, chamado Gematria, baseia-se nesse principio. H4 32 aspectos da Gematria que eu, pelo menos no meu presente estégio de conhecimento, considero degradados ou iniiteis, posto que se baseiam antes na supersti¢ao, mas a ideia basica do sistema de matemédtica césmica encerra indubitavelmente grandes verdades e apresenta _imtimeras possibilidades. Utilizando esse sistema, podemos desenredar as relagies de todos os modos dos fatores e6smicos, mas para isso devemos conhecer a grafia hebraica correta dos Nomes de Poder, pois esses Nomes foram formulados de acordo com os princfpios da Gematria e, por conseguinte, a Gematria Ihes fornece a chave. Mas, por mais fascinante que seja esse aspecto de nosso tema, nao podemos dele nos ocupar agora. 5. No Mundo Arquetfpico de Atziluth, conferem-se as dez formas do Nome divino as Dez Sephiroth. Todo aquele que tenha lido a Biblia teré observado que Deus é referido sob diversos titulos, tais como Senhor Deus, Pai e diversos outros Nomes. Esses Nomes nao sio estratagemas literdrios para evitar repetigGes desnecessérias, mas termos metafisicos exatos, e, de acordo com 0 Nome utilizado, podemos conhecer 0 aspecto da forga divina em questo e o plano em que esté operando. 6. No Mundo de Briah, sio os poderosos Arcanjos que executam os mandatos de Deus e Ihes so expressio, conferem-se as Esferas Sephinéticas da Arvore nesse Mundo os Nomes desses dez poderosos espiritos. 7. Em Yetzirah, acham-se os inumerdveis coros angélicos, que executam os mandamentos divinos; esses coros so também atribuidos as Esferas Sephir6ticas, permitindo-nos conhecer-Ihes 0 modo e 0 nivel de funcionamento. 8. Em Assiah, como jé observamos, certos centros naturais de forga tém correspondéncias similares. Consideraremos todas as associagdes quando estudarmos as Sephiroth em detalhes. 9. Na transposi¢ao simbélica das Dez Sephiroth Sagradas em Quatro Mundos, hé outro importante conjunto de fatores a considerar. Trata-se das quatro escalas coloridas classificadas por Crowley como a escala do Rei, atribuida ao Mundo Avilitico; a escala da Rainha, atribuida ao Mundo Bridtico; a escala do Imperador, atribuida a0 Mundo Yetziritico; e a escala da Imperatriz, atribuida a0 Mundo Assidtico. 10. Essa classificagdo quédrupla € extremamente significativa, tanto para os assuntos cabalisticos como para a Magia Ocidental, que se baseia largamente na Cabala. Afirma-se que ela esté sob 0 governo das Quatro Letras do Tetragrammaton, o Nome Sagrado popularmente traduzido como Jeova. Em hebraico, que nao tem vogais em seu alfabeto, essa palavra € grafada JHVH, ou, de acordo com os nomes hebraicos dessas letras, Yod, Hé, Vau, Hé. As vogais sfo indicadas em hebraico por pontos inseridos dentro ou sob as letras quadradas da escrita, que se faz da direita para a esquerda, Esses pontos vocélicos foram introduzidos em data relativamente recente, os manuscritos hebraicos mais antigos nfo apresentam os sinais das vogais, de modo que 0 leitor nao pode determinar a prontincia de nenhum nome por si mesmo, precisando recorrer a alguém que a conhega. A verdadeira proniincia mfstica do Tetragrammaton constitui um dos arcanos dos Mistérios. 11. Todas as classificagdes misticas quédruplas referem-se as Quatro Letras do Nome e, por meio de suas correspondéncias, podemos tragar as possiveis vinculagGes, estas sio muito importantes para 0 ocultismo pritico, como veremos mais adiante. 12. Quatro importantes divisoes quédruplas sfo referidas ao Tetragrammaton, o que nos permite observar-Ihes as relagdes miituas. So elas 05 Quatro Mundos dos cabalistas; os quatro elementos dos alquimistas; a classificagio quaterndria dos signos do Zodiaco a dos planetas em triplicidade, empregadas pelos astrélogos; os quatro naipes das laminas do Taré, empregadas na adivinhagao. 33 Essa classificago quédrupla assemetha-se & Pedra de Rosetta, que deu a chave dos hieréglifos Egipcios. Essa pedra apresentava inscrig&es em Egipcio e Grego; como 0 Grego era conhecido, foi possivel estabelecer 0 sentido dos hierdglifos Egipcios. E 0 método de dispor todos esses grupos de fatores na Arvore que dé a pista esotérica real a cada um desses sistemas de ocultismo pratico. Sem essa chave, eles ndo tém nenhuma base filos6fica e tomam-se assunto de mistificagio e superstigao. E por essa raz30 que 0 iniciado ocultista nada teré a fazer com o "tirador de sorte” nfo iniciado, pois ele sabe que, na falta dessa chave, seu sistema nfo tem valor. Dai a vital importancia da Arvore no ocultismo ocidental, Ela € nossa base, nosso sistema métrico € nosso manual de instrugdes. 13, Para compreender uma Sephirah, precisamos, portanto, conhecer, em primeiro-lugar, as suas correspondéncias primérias nos Quatro Mundos; em segundo lugar, as suas correspondéncias secundarias nos quatro sistemas de ocultismo pritico acima mencionados; e, em terceiro lugar, todas as outras correspondéncias que possamos, por qualquer meio, reunir, para que 0 concurso de muitos testemunhos possa revelar a verdade. Essa reunigo de correspondéncias poderd revelar-se uma tarefa infinddvel, pois o cosmos, em todos os seus planos, apresenta_infinitas correspondéncias. Se formos bons estudantes da ciéncia oculta, aumentaremos continuamente nossos conhecimentos. Nao poderfamos encontrar comparagdo melhor para essa tarefa do que 0 sistema de arquivos. 14, Mas devemos novamente recordar ao leitor que a Cabala é tanto um método de utilizar a mente quanto um sistema de conhecimento. Se temos © conhecimento sem ter adquirido a técnica cabalistica de meditagdo, 0 conhecimento terd pouco valor para nds. Poderfamos até mesmo afirmar que no poderemos adquirir grande grau de conhecimento se no tivermos 0 dominio dessa técnica mental. Nao € com a mente consciente que a Arvore trabalha, mas sim com a mente subconsciente, pois 0 método I6gico da Cabala € 0 método l6gico da associago de sonhos; mas, no caso da Cabala, quem sonha é a subconsciéncia racial, a alma coletiva das pessoas, 0 espfrito da Terra. Ao se comunicar com essa alma da Terra, 0 adepto penetra, pela meditagao, nos simbolos prescritos. Nisso reside a verdadeira importincia da Arvore e de suas correspondéncias. 15. O mais elevado dos Quatro Mundos, Atziluth, 0 plano da Divindade Pura, recebe dos cabalistas 0 titulo de Mundo Arquetipico, e, na tradugdo algo canhestra de MacGregor Mathers, o de Mundo Intelectual, mas este Gltimo termo € equivoco. O Mundo de Atziluth s6 seria intelectual se tomdssemos a palavra intelectual como referéncia 4 mente, ao intelecto racional, na medida em que se trata aqui do reino das ideias arquetipicas. Mas essas ideias so totalmente abstratas, concebidas por uma fungao de consciéncia que esté absolutamente fora do ambito da mente tal como a conhecemos. Portanto, chamar esse nivel de Mundo Intelectual é trazer confusao ao leitor, a menos que deixemos bem claro que por intelecto compreendemos algo completamente diferente do sentido dicionarizado desse vocabulo, mas esse é um meio pobre de expressar nossas ideias. Seria preferivel cunhar um novo termo com um sentido preciso a utilizar um termo antigo num sentido enganoso, especialmente quando, no caso de Atziluth, hé um excelente termo j4 corrente, 0 termo Arquetipico, que 0 descreve com exatidao. 16. Dizem os cabalistas que 0 Mundo Atzilttico esté sob 0 governo da letra Yod do Nome Sagrado do Tetragrammaton. Podemos, portanto, deduzir corretamente que qualquer outro sistema quédruplo governado por Yod referir-se-4 a0 Mundo Atzihitico, ou ao aspecto puramente espiritual dessa forga ou tema, Entre outras associagdes dadas por diferentes autoridades, esto o naipe de paus das cartas do Tard e o elemento Fogo. Quem quer que tenha algum conhecimento dos assuntos ocultos poder corroborar a afirmaco de que 0 conhecimento do elemento a0 qual um simbolo é atribuido subministra muitos outros conhecimentos paralelos. O simbolo nos abre em primeiro lugar todas as ramificagdes da Astrologia, podemos tragar as afinidades astrolégicas por meio das triplicidades do Zodiaco e dos planetas que lhes correspondem. Conhecendo as associagdes zodiacais e planetérias, podemos explorar 0 simbolismo correlato de qualquer pantedo, 34 pois todos os deuses e deusas de todos os sistemas que a mente humana inventou tém associagdes astrol6gicas. As histérias de suas aventuras so, na verdade, parébolas das operagdes das forgas césmicas. Jamais poderiamos descobrir nosso caminho nesse labirinto de simbolos se nao dispuséssemos de um guia e para encontra-lo precisamos apenas amarrar a cadeia de relagdes na Sephirah que Ihe corresponde. 17. Todos os sistemas de pensamento esotérico, assim como todas as teologias populares, atribuem 4 construgo e 0 governo das diferentes partes do universo manifesto 4 mediagio de seres inteligentes que trabalham sob a instrugdo das Divindades. O pensamento modemo tentou escapar das implicagdes desse conceito, reduzindo a manifestagdo a um assunto de mecdnica; nio 0 conseguiu, parece nao estar muito longe a ocasiao em que ela propria chegard a perceber que é a mente que est na raiz da forma. 18, Os conceitos da Sabedoria Antiga podem ser rudes do ponto de vista da filosofia moderna, mas somos forgados a admitir que a forca causativa atrés da manifestacZo é afim, em sua natureza, antes a mente do que a matéria. Dar um passo a frente e personificar os diferentes tipos de forca é uma analogia legitima, desde que compreendamos que a entidade que € a alma da forga pode diferir bastante em espécie e grau de nossas mentes, assim como nossos corpos diferem em tipo e escala dos corpos dos planetas. Estaremos mais perto de uma compreensio da natureza se contemplarmos a mente no plano de fundo do que se recusarmos a admitir que 0 universo visivel tem uma estrutura invisivel. O éter dos fisicos tem muito mais afinidade com a mente do que com a matéria; tempo e espago, tal como os entende 0 fildsofo modemo, sio antes modos de consciéncia do que medidas lineares. 19. Os iniciados da Sabedoria Antiga nao fossilizaram sua filosofia; eles tomaram cada fator da Natureza e 0 personificaram, deram-Ihe um nome e edificaram uma figura simbélica para representi-la, assim como os artistas ingleses produziram por seus esforgos coletivos uma Gra- Bretanha padrio - a Brittania -, uma figura feminina com um bras4o, com o pavilhao militar, um leo aos seus pés, um tridente na mo, um elmo na cabeca e 0 mar ao fundo. Analisando essa figura como o farfamos com um simbolo cabalistico, compreendemos que cada um desses simbolos individuais do complexo hieréglifo tem um significado. As varias cruzes que constituem 0 pavilhao militar referem-se as quatro ragas do Reino Unido. O elmo € 0 de Minerva, o tridente € 0 de Netuno; precisarfamos de um capitulo especial para elucidar 0 simbolismo do ledo. Na verdade, um hierdglifo oculto apresenta muitas afinidades com um brasio de arenas, e a pessoa que constréi um Hierdglifo opera da mesma forma que um heraldista que desenha um brasio. Na herildica, todo simbolo tem um sentido exato, combinando-se com outros no brasio de armas para representar a familia e os parentescos do homem que 0 ostenta e para falar-nos de sua posigao na vida. Uma figura magica é o braso de armas da forga que representa. 20. Construimos essas figuras mégicas para representar os diferentes modos de manifestagio da forga c6smica, em seus diferentes tipos e em seus diferentes niveis. Por serem figuras exatas, © iniciado pensa nelas como pessoas, sem se preocupar com seus fundamentos metafisicos. Consequentemente, para os propésitos da pritica, elas so pessoas, pois seja 0 que possam ser na verdade, elas sofreram um processo de personalizagao, as formas mentais foram construfdas no plano astral para representé-las. Essas formas, por estarem carregadas de forga, tém a natureza dos elementais artificiais; mas, sendo césmica a forga com que foram carregadas, elas sio algo totalmente diferente do que aquilo que entendemos comumente como elementais artificiais, por isso as atribuimos ao reino angélico € as chamamos de anjos ou arcanjos, de acordo com 0 seu grau. Um ser angélico, portanto, pode ser definido como uma forga césmica cujo veiculo aparente de manifestagio & consciéncia psiquica é uma forma construida pela imaginagio humana. No ocultismo pratico, essas formas s4o construidas com grande cuidado, prestando-se absoluta atengao aos detalhes do simbolismo, pois elas visam evocar a fora requerida; todo aquele que teve a oportunidade de utilizé-las concordaré em que elas so peculiarmente eficazes para os propésitos 35 para os quais foram planejadas. Mantendo a imagem mégica na mente e vibrando 0 Nome que se Ihe atribui tradicionalmente, podemos obter fenémenos notaveis. 21. Como jé observamos anteriormente, a utilizagéo da técnica mental cabalistica € necessiria se desejamos obter resultados da Cabala; a formulagdo da imagem e a vibragdo do Nome tém por objetivo estabelecer um contato entre o estudante e as forgas que correspondem as Esferas da Arvore. Ao entrar em contato com esse meio, a consciéncia do estudante se ilumina e a sua natureza obtém a energia fomecida pela forca contatada, resultando desse processo as notdveis iluminagGes originadas da contemplagao dos simbolos. Essas iluminagdes no séo uma torrente generalizada de luz, como no caso da mistica cristi, mas uma energizacio e uma iluminagio especifica de acordo com a Esfera aberta; Hod confere a compreensio das ciéncias; Yesod, a compreenséo da forga vital e de seu comportamento ciclico. Quando entramos em contato com Hod, enchemo-nos de entusiasmo e energia para a pesquisa; em contato com Yesod, penetramos mais profundamente na consciéncia psfquica e tocamos as forgas vitais ocultas da Terra e de nossas prOprias naturezas. $6 a experiéncia pode corroborar 0 que dizemos; aqueles que utilizaram 0 método sabem muito bem o que este Ihes proporcionou. Enquanto método empirico, o sistema produz resultados, quaisquer que sejam os seus fundamentos racionais. 22. Se desejamos estudar uma Sephirah - em outras palavras, se desejamos investigar o aspecto da natureza a0 qual ela se refere -, nfio devemos estud4-la apenas intelectualmente e nela meditar, mas precisamos entrar em contato psiquico e intuitive com sua influéncia e com sua Esfera, Para realizarmos essa tarefa, comecamos sempre por cima ¢ tentamos entrar em contato espiritual com 0 aspecto da Divindade que emanou essa Esfera e que por ela se manifesta. Se isso nao feito, as forgas que pertencem & Esfera nos niveis elementais podem escapar e provocar problemas. Comegando sob a proteg3o do Nome divino, contudo, nenhum mal pode acontecer. 23. Tendo adorado 0 Criador ¢ 0 Sustentador de Tudo sob 0 Seu Nome Sagrado na Esfera que estamos investigando, invocamos em seguida 0 Arcanjo da Esfera, 0 poderoso ser espiritual no qual personificamos as forgas que edificaram esse nfvel de evoluco e que continuam a operar no aspecto correspondente da Natureza. Solicitamos a béngdo do Arcanjo, suplicamos-Ihe que ordene 3 Ordem de Anjos afeta a essa Esfera que nos auxilie amistosamente no reino da natureza que Ihe estd afeto. Assim que o fizermos, estaremos perfeitamente sintonizados com a nota da Esfera que estamos investigando, estaremos prontos para seguir as ramificagdes das correspondéncias dessa Sephirah e de seus simbolos cognatos. 24, Se procedermos dessa maneira, descobriremos que as cadeias de associagdes so muito mais ricas em simbolismo do que poderfamos imaginar, pois a mente subconsciente foi despertada, abrindo uma de suas miltiplas camaras de imagens, com a exclusfo de todas as outras. As cadeias de associagdes que surgem na consciéncia devem, pois, estar livres de qualquer mistura de ideias estranhas. 25. Em primeiro lugar, revemos em nossas mentes todos os simbolos possfveis que podemos recordar e, quando estes se apresentam A consciéncia, tentamos determinar-thes a importincia e 0 papel nos segredos da Esfera investigada. Mas nfo devemos fazer um esforgo excessivo, pois, se nos concentramos num simbolo e 0 forgamos, por assim dizer, fechamos as machas do ténue véu que cobre a mente subconsciente. Nessas investigagdes - metade meditagio, metade sonho -, procuramos trabalhar nas fronteiras da consciéncia e da subconsciéncia, no intuito de induzir aquilo que € subconsciente a cruzar 0 umbral e a se por a0 nosso alcance. 26. Se assim procedermos, seguindo as ramificagdes das cadeias de associagdo, descobriremos que um fluxo intuitive acompanha 0 processo, e, aps a experiéncia ter sido repetida duas ou trés vezes, sentiremos que conhecemos essa Sephirah de uma maneira peculiarmente familiar, que nela nos sentimos em casa e que essa sensacio € completamente diferente da de outras Sephiroth com 36 que ainda nao trabalhamos. Descobriremos também que algumas Sephiroth so mais afins a nés do que outras, que obtemos melhores resultados quando trabalhamos com elas do que quando o fazemos com outras ndo afins, onde as cadeias de associagdes se quebram e as portas da subconsciéncia se recusam resolutamente a abrir-se & nossa batida. Um de meus discipulos podia realizar excelentes meditagdes com Binah-Saturno e Tiphereth, o Redentor, mas nfo obtinha tio bons resultados com Geburah-Severidade-Marte. 27. Jamais esquecerei minha propria experiéncia com a primeira tentativa que fiz utilizando esse método. Trabalhava eu no Trigésimo Segundo Caminho, 0 Caminho de Satumo, unindo Malkuth a Yesod, um Caminho muito dificil e traigoeiro. Em meu tema natal, Saturno nao esté em bom aspecto, experimento amitide a sua influéncia adversa em minha vida. Mas, apés ter conseguido trilhar 0 caminho de Satumo nas trevas de cor indigo do Invisfvel a alcangar a Lua de Yesod brithando ptrpura e prateada sobre o horizonte, senti que havia recebido a iniciagdo de Saturno, que 4 no era mais meu inimigo, mas um amigo que, embora cindido e austero, tentava proteger- me dos erros e dos julgamentos precipitados. Compreendi sua fungio como experimentador, no como antagonista ou vingador. Compreendi que ele é 0 tempo com sua ceifadeira, mas soube também por que ele era chamado em hebraico de Shabbathai, "descanso", "pois ele concedeu seu amado sono”. Depois disso, 0 Trigésimo Segundo Caminho se me abriu, no apenas na Arvore, mas na vida, pois as forgas e problemas simbolizados pelo Caminho e suas correspondéncias se harmonizaram em minha alma. Por esses dois breves exemplos, podemos perceber que as meditagdes na Arvore constituem um sistema muito pratico e exato de desenvolvimento mistico, que é peculiarmente valioso por ser equilibrado, uma vez que nele os diferentes aspectos de manifestagdo so, por assim dizer, dissecados e operados em tumos, sem nada se esquecer. Assim que trilharmos todos os Caminhos da Arvore, aprenderemos tanto as ligdes da Morte e do Deménio, como as do Anjo e do Sumo Sacerdote. X. OS CAMINHOS DA ARVORE 1. O Sepher Yetzirah confere tanto 4s Dez Sephiroth como as linhas que as unem o titulo de Caminhos; com muita propriedade, pois os Caminhos so igualmente canais da influéncia divina; mas € comum, no trabalho pritico, as linhas entre as Sephiroth serem consideradas apenas como Caminhos, as Sephiroth como Esferas da Arvore. Esse € um dos muitos ardis subterfiigios que encontramos no sistema cabalistico, pois, pensando que os Caminhos perfazem o total de trinta e dois, como se afirma no Sepher Yetzirah, nao seriamos capazes de relaciond-los com as vinte duas letras do alfabeto hebraico, que, com seu valor e suas correspondéncias numéricas, formam a chave dos Caminhos. 2. Um Caminho representa 0 equilibrio entre as duas Sephiroth que une, devemos estuda-lo & luz de nosso conhecimento dessas Sephiroth, se desejamos estudar 0 significado. Certos sfmbolos sao também consignados aos Caminhos. Sio eles, como jé observamos as vinte e duas Letras do alfabeto hebraico; os signos do Zodfaco, os planetas e os elementos. Ora, hi doze signos no Zodiaco, sete planetas € quatro elementos, perfazendo o total de vinte e trés simbolos. Como se dispdem eles nos vinte e dois Caminhos? Aqui est outro ardil cabalfstico que desorienta 0 no iniciado. A resposta é muito simples, quando Ihe conhecemos a chave. Sendo a nossa consciéncia do elemento da Terra, nao precisamos do simbolo da Terra em nossos célculos quando fazemos contato com o Invisivel, de modo que 0 descartamos e nos encontramos com 0 jogo correto de correspondéncias. Malkuth é toda a Terra de que necessitamos para os propésitos praticos. 3. O terceiro grupo de simbolos que encontramos nos Caminhos sio os vinte e dois triunfos ¢ Arcanos Maiores do Tard. Esses trés grupos de simbolos ¢ as cores das quatro escalas coloridas constituem 0 simbolismo maior; 0 simbolismo menor consiste nas imtimeras ramificagdes das correspondéncias que se espalham por todos os sistemas e planos. 37 4. A Arvore da Vida, a Astrologia e 0 Taré nao so trés sistemas misticos, mas trés aspectos de um mesmo sistema, um é incompreensivel sem os outros. Apenas quando estudamos a Astrologia relativa a Arvore € que dispomos de um sistema filoséfico. O mesmo se aplica ao sistema de adivinhagao do Tard, este, com suas interpretagdes abrangentes, fornece a chave da Arvore em sua aplicagfo 4 vida humana. S. A Astrologia é muito impalpavel porque 0 astrélogo ndo iniciado trabalha em apenas um plano; mas © astr6logo iniciado, tendo a Arvore como sua fundamentagio, interpreta os quatro planos dos Quatros Mundos, ¢ 0 efeito de Saturno, por exemplo, € muito diferente em Atziluth, onde € a Mae Divina, Binah, do que o é em Assiah. 6. Todos os sistemas de adivinhagGes e todos os sistemas de Magia Prética podem fundamentar seus prinefpios a sua filosofa na Arvore; todo aquele que tenta utilizé-los sem essa chave € como a pessoa imprudente que tem uma farmacopeia de especificos medicinais e procura curar a si mesma € aos seus amigos de acordo com as descrigdes dadas na bula, onde a dor lombar inclui todas as doengas que ndo causam dor na parte frontal do corpo. O iniciado que conhece essa Arvore é como 0 médico-cientista que compreende os principios da fisiologia e da quimica das drogas, as prescreve adequadamente. 7. Varios métodos para utilizar as cartas do Tard foram elaborados a partir de fontes originais. Em seu pequeno livro, The Key to the Tarot (A chave do Tard), A. E. Waite fornece os métodos principais, mas abstém-se de indicar qual, em sua opinido, é 0 correto, Em sua valiosa tabulago do simbolismo esotérico, 777, Crowley nao é tio reticente, dé o sistema tal como é conhecido entre os iniciados. Esse € 0 método que me proponho a seguir nestas paginas, pois acredito que ele é correto, visto que as correspondéncias se ajustam sem discrepancias, 0 que nao ocorre em outros sistemas. 8. De acordo com esse método, os quatro naipes do Tard so atribuidos aos quatro Mundos dos cabalistas e aos quatro elementos dos alquimistas. O naipe de Paus é atribuido a Atziluth e ao Fogo; naipe de Copas, Briah e 2 Agua; O naipe de Espadas, a Yetzirah e ao Ar; O naipe de Ouros, Assiah e a Terra, 9. Os quatro ases so atribufdos a Kether, a primeira Sephirah; os quatro dois, a Chokmah, a segunda Sephirah; assim sucessivamente, os quatro dez correspondendo a Malkuth. Observamos, desse modo, que as cartas dos quatro naipes do Tard representam a acdo das forgas divinas em cada Esfera e em cada nivel da natureza. Do mesmo modo, se conhecemos o significado das cartas do Tard, compreendemos melhor a natureza dos Caminhos e das Esferas aos quais elas s4o referidas. Ambos 0s sistemas, 0 Tard e a Arvore, por serem de antiguidade imemorial, mergulham suas origens nas trevas das idades, e uma enorme massa de correspondéncias simbélicas se acumulou em tomo de ambos. O ocultista pratico que trabalha com a Arvore se abastece neste estoque de associag6es, vivificando os simbolos no Astral por meio de suas operag6es. A Arvore e suas chaves fo infinitas em sua adaptabilidade. 10. As quatro cartas reais do Taré chamam-se, nos baralhos modernos, Rei, Dama, Valete e Coringa; mas, nos baralhos tradicionais, sto elas, de acordo com Crowley, dispostas ¢ simbolizadas de maneira diferente. O Rei, por ser uma figura e cavalo, indica a agdo répida de Yod do Tetragrammaton na Esfera do naipe, correspondendo, assim, a0 Coringa do baralho modemo. A Rainha, como nos baralhos modemnos, é uma figura sentada, representando as forgas iméveis do Hé do Tetragrammaton; 0 Principe do Tard esotérico € uma figura sentada, correspondendo a0 Vau do Tetragrammaton; e a Princesa, 0 Valete dos baralhos modemnos, corresponde ao Hé final do Nome Sagrado. 11. Os vinte ¢ dois Arcanos Maiores so dispostos de varias maneiras, de acordo com o sistema seguido por cada autor; 0 Sr. Waite selecionou, em seu livro, algumas dessas disposigdes, mas em nosso sistema seguiremos a ordem adotada por Crowley, pelas razSes j4 aduzidas. 12. Nestas paginas, proponho-me a apresentar a Arvore da Vida filos6fica, comunicando as instrugdes préticas necessdrias para a sua utilizagdo nas atividades meditativas. Nao apresentarei, porém, a Cabala Pritica, que é utilizada para propésitos mégicos; esse aspecto da Cabala s6 pode ser aprendido e praticado convenientemente e em seguranca num Templo dos Mistérios. Devemos fazer referéncia A Cabala Prética, contudo, a fim de tornar alguns dos conceitos inteligiveis. Aqueles que possuem legitimamente essas chaves ndo precisam temer que eu as revele nestas paginas ao nao iniciado, pois estou bem a par das consequéncias que enfrentaria se 0 fizesse. 13. Se, gragas as informagdes dadas aqui, como resultado da persisténcia nos métodos descritos, alguém € capaz de operar por si mesmo as chaves da Cabala Pratica, como bem pode ocorrer, poderd alguém objetar-Ihe esse direito? 14, A Arvore apresenta um incalculdvel valor como um hieréglifo meditativo, totalmente a parte de sua utilizagdo na Magia. Gragas as meditagdes, tais como a descrita no relato de minhas préprias experiéncias no Trigésimo Segundo Caminho, podemos equilibrar 0 elemento belicoso na nossa propria natureza e contrabalanca-lo harmoniosamente. Podemos também entrar em relagio simpdtica com os diferentes aspectos da Natureza que esses simbolos representam quando se aplicam a0 Macrocosmo, mesmo se nfo dermos a essas forgas uma forma definida na Magia Talismanica. A informago que se obtém do estudo de nosso proprio tema natal no deve ser aceita passivamente como um decreto do destino contra 0 qual ndo hé apelagio. Deverfamos compreender que a Magia Talismanica, método menos concentrado de meditagao sobre a Arvore, deveria ser utilizada para compensar todas as forgas em desequilibrio no tema natal e colocé-las em equilibrio ‘A Magia Talismanica € para a Astrologia o que a terapéutica & para 0 diagndstico médico. 15, Nao me é possivel comunicar aqui quaisquer das f6rmulas da Magia Pritica; antes de podermos utilizé-las, precisamos ter recebido os graus de iniciagdo a que correspondem. Sem esses graus, 0 estudante se assemelharia & pessoa que tenta diagnosticar e tratar sua prdpria enfermidade apés a leitura de um manual médico. O humorista Jerome K. Jerome conta-nos o que acontece em tal caso. O infeliz imagina que tem todas as doengas Id descritas, salvo as do parto, nao consegue descobrir 0 tratamento apropriado, pois tudo que imagina é contraindicado. 16. As iniciagdes rituais dos Mistérios Maiores da Tradig&o Esotérica Ocidental baseiam-se nos prinefpios da Arvore da Vida. Cada grau corresponde a uma Sephirah e confere, ou deveria conferir, se a ordem que as manipula € digna do nome, os poderes dessa Esfera da natureza. Assim como ela abre os Caminhos que conduzem a essa Sephirah, também 0 iniciado se diz ser Senhor do Trigésimo Segundo Caminho quando toma a iniciag4o que corresponde a Yesod, ou Senhor do Vigésimo Quarto, do Vigésimo Quinto ou do Vigésimo Sexto Caminhos, quando toma a iniciagao correspondente a Tiphereth, que 0 converte num iniciado perfeito. Os graus superiores acham-se mais adiante. 17. 0 objetivo de cada grau de iniciagdo dos Mistérios Maiores é introduzir 0 candidato na Esfera de cada Sephirah ordenadamente, ascendendo de Malkuth até a Arvore. As instrugdes dadas em cada grau concernem ao simbolismo e as forgas da Esfera & qual se refere aos Caminhos que a equilibram. O signo e a palavra do grau sio utilizados quando trilhamos esses Caminhos na visio espiritual ou quando nos elevamos até eles no plano astral. Consequentemente, 0 iniciado é capaz de mover-se com certeza e seguranga em qualquer esfera do invisivel que queira penetrar, e impedir todos os seres que encontre € todas as visGes que veja, pois ele sabe que as cores dos Caminhos existem nas quatro escalas, ele testa sua visio por essas cores. Se trabalha no Trigésimo Segundo Caminho de Saturno, cujas cores se situam todas nos matizes sombrios do indigo, do azul- escuro e do negro, ele sabe que algo estard errado se uma figura vestida de escarlate se apresentar. Ou essa figura € iluséria ou ele se desviou do Caminho. 39 18, Para projetar 0 corpo astral a0 longo do Caminho é necessério, por muitas razSes, possuir os graus de iniciag4o ao qual o Caminho corresponde; em primeiro lugar, porque, nao tendo alguém recebido 0 grau, os guardides dos Caminhos nao 0 conhecerio, portando-se, em consequéncia, antes como inimigos do que como benfeitores, tudo fardo para fazé-lo voltar. Em segundo lugar, porque, mesmo que conseguisse ele forgar passagem pelos guardides, ndo teria os meios de controlar a visio ou saber se est4 dentro ou fora do Caminho, hé muitos seres na Esfera inferior que se comprazem em aproveitar da ignordncia atrevida. 19, Essas consideragdes, contudo, nfo visam desencorajar ninguém que deseja meditar nos Caminhos e nas Esferas na maneira que descrevi; e, no curso de suas meditagdes, ele pode, assim, entrar no espfrito do Caminho para que seu guardido venha até ele e Ihe dé boas-vindas. Ele se tera literalmente iniciado e si proprio, ninguém pode negar-Ihe esse direito. 20. A Arvore, considerada do ponto de vista inicidtico, € 0 vinculo entre o Microcosmo, que € 0 homem, e © Macrocosmo, que é 0 Deus manifesto na Natureza. Um ritual de iniciagdo € 0 ato de unir a Sephirah microcésmica, 0 chacta, com a Sephirah macrocésmica; € a introdugo de um candidato numa Esfera por aqueles que j4 estio 14. Estes constroem uma representacao simbélica da Esfera no plano fisico, utilizando a mobilia do templo; eles 0 fazem formulando uma réplica astral da Sephirah por meio da imaginag3o concentrada; e, por meio da invocagio, eles chamam para esse templo mental as forgas da Esfera da Sephirah com que esto operando. 21. Essas forgas estimulam os Chacras correspondentes do iniciado e the despertam as atividades nna aura, O proceso de auto iniciago por meio das meditagdes que descrevi é mais lento do que os processos da iniciagao ritual, mas ser4 seguro o bastante se a pessoa adequada neles perseverar, mas nao se pode ensinar uma medusa e cantar alimentando-a com alpiste. XI AS SEPHIROTH SUBJETIVAS 1. Como € encima, é como € embaixo; 0 homem é um macrocosmo em miniatura. Todos os fatos que integram 0 universo manifesto estdo presentes em sua natureza. Eis por que se diz que, em sua perfeigao, ele é maior do que os anjos. No presente, contudo, os anjos sio seres plenamente desenvolvidos e o homem nao. O homem é inferior aos anjos da mesma maneira, que uma crianga de trés anos é menos desenvolvida do que um cio de trés anos. 2. Até agora, consideramos a Arvore da Vida como um epitome do Macrocosmo, 0 universo, observando a utilizagao de seus simbolos como meio de entrar em contato com as diferentes Esferas da natureza objetiva. Vamos consideri-la, agora, em relagio com a Esfera subjetiva da natureza do individuo. 3. As correspondéncias tradicionais dadas por Crowley (que, infelizmente, nunca cita suas fontes, de modo que nao sabemos quando utiliza o sistema de MacGregor Mathers e quando recorre s suas proprias pesquisas) baseiam-se, em parte, na atribuigéio astrolégica dos planetas as Sephiroth e, em parte, num sumério-esquema anatémico da forma humana que di as costas a Arvore, Essa correspondéncia muito primitiva para os nossos propésitos, representa provavelmente o trabalho das ‘iltimas geragdes de escribas; durante a Idade Média, a Cabala foi redescoberta pelos fildsofos europeus, eles enxertaram nesse sistema simbolismos astrolégicos ¢ alquimicos. Além disso, os proprios rabinos utilizavam um grupo extremamente detalhado de metéforas anat6micas, discutindo em detalhes o significado de todos os cabelos sobre a cabeca de Deus, mesmo as partes mais intimas de Sua anatomia, Essas referéncias ndo devem ser tomadas literalmente quando se aplicam & forma humana. 4. As Sephiroth, tanto em separado como em seu padrio de relagdes, representam, com referéncia 40 a0 Macrocosme, as fases sucessivas de evoluco, e, com referencia ao Microcosmo, os diferentes niveis de consciéncia e fatores do cariter. E razodvel supor que esses niveis de consciéncia tenham alguma relago com os centros psiquicos do corpo fisico, mas nao devemos ser primitivos € medievais nas conclusdes a que chegamos. A anatomia e a fisiologia oculta foram elaboradas em detalhe na ciéncia da ioga Hindu, e muito podemos aprender de seus ensinamentos. Os avangos mais recentes da Fisiologia propendem 4 conclusio de que o vinculo entre a mente a matéria deve ser buscado primeiramente no sistema das glindulas endécrinas e apenas secundariamente no cérebroe no sistema nervoso central. Podemos aprender muito também dessa fonte de conhecimento, e, reunindo todas as informagGes que pudermos coletar de varias fontes, poderemos finalmente chegar, por raciocinio indutivo, aquilo que os antigos sabiam por meio de métodos intuitivos e dedutivos a que levaram a altissimo grau de perfeigao em suas escolas de Mistério. 5. Concordam geralmente os autores em que os Chacras, os centros psiquicos descritos na literatura iogue, nao se situam dentro dos 6rgaos aos quais eles sio associados, mas sim no envolt6rio 4urico, nos pontos que Ihes correspondem aproximadamente. Nao deverfamos, por conseguinte, associar as Sephiroth com os membros e outras partes de nossa anatomia, mas encarar a utilizagao de tais analogias como metiforas e buscar os prinefpios psiquicos nas correspondéncias que possam apresentar. 6. Antes de procedermos a um detalhado estudo de cada Sephirah desse ponto de vista, seré muito Util termos uma visio geral da Arvore como um todo, porque a compreensio total do simbolismo depende do miituo relacionamento entre os simbolos no padrlo da Arvore. Este capitulo serd necessariamente discursivo € inconclusivo, mas tomar muito mais fécil o estudo em detalhe das Sephiroth individualmente. 7. A primeira e mais Sbvia divisio da Arvore € em trés Pilares, isso nos lembra imediatamente os trés canais do prana descritos pelos iogues: Ida, Pingala e Sushumna; e os dois prineipios, o yin e o yang, da filosofia chinesa, e 0 Tao ou Caminho, que & 0 equilibrio entre eles. O testemunho universal estabelece a verdade e, quando descobrimos trés dos grandes sistemas metafisicos do mundo em completa concordincia, podemos concluir que estamos tratando com prineipios estabelecidos, devendo aceité-los como tais. 8. 0 Pilar Central representa, em minha opinio, a consciéncia, os dois pilares laterais, os fatores positivo e negativo da manifestagio. E digno de meng&o que, na ioga, a consciéncia da qual a Kundalini flui através do canal central do shushumna, e que a operagio mégica ocidental da Elevagao nos Planos ocorre na rea central da Arvore; ou seja, 0 simbolismo empregado para induzir essa extensio da consciéncia nfo toma as Sephiroth em sua ordem numérica, comegando por Malkuth, mas vai de Malkuth a Yesod, de Yesod a Tiphereth, razo pela qual recebe 0 nome de Caminho da Flecha. 9. Os ocultistas consideram Malkuth, a Esfera da Terra, como a consciéncia real, como se prova pelo fato de que, ap6s qualquer projecao astral, 0 retorno cerimonial ocorre em Malkuth, restabelecendo-se af a consciéncia normal. 10. Yesod, a Esfera de Levanah, a Lua, € a consciéncia psfquica, e também o centro reprodutivo. Tiphereth € o psiquismo superior, a verdadeira visio iluminada, associa-se com o grau superior da iniciagao da personalidade, como se evidencia pelo fato de que a ela se atribui, no sistema que Crowley toma de Mathers, o primeiro dos graus do caminho do adepto. 11. Daath, a Sephiroth invisivel e misteriosa, que nunca é assinalada na Arvore, associa-se, no sistema ocidental, nuca, 0 ponto em que a espinha encontra 0 cranio, 0 ponto no qual o desenvolvimento do cérebro, a partir do notocérdio, ocorreu em nossos ancestrais primitivos. Daath representa geralmente a consciéncia de outra dimensio, ou a consciéncia de outro nfvel ou plano; 41 denota essencialmente a ideia de mudanga da clave. 12, Kether chama-se Coroa. A coroa esté acima da cabeca, Kether representa uma forma de consciéncia que nao é alcangada durante a encarnacdo, pois esti essencialmente fora do esquema das coisas no que diz respeito aos planos da forma. A experiéncia espiritual que se associa a Kether € a Unidio com Deus, aquele que atinge essa experiéncia entra na Luz, dela nao mais retornando. 13, Essas Sephiroth tém inquestionavelmente as suas correlages nos Chacras do sistema Hindu, mas as correspondéncias so expressas de maneira diversa por autoridades diferentes. Como o método de classificago € diferente - 0 Ocidente utiliza um sistema quédruplo e 0 Oriente, um sistema sétuplo -, nao € fécil obter a correlagdo e, em minha opinio, seria melhor antes buscar os princfpios primeiros do que obter um padrio ordenado de disposigo que violente as correspondéncias. 14. Os dois tinicos escritores que, até onde eu saiba, tentaram estabelecer essa correlagio sio Crowley e 0 General J. F.C. Fuller. O General Fuller atribui a Malkuth o Létus Muladhara, assinalando que suas quatro pétalas correspondem aos quatro elementos. E interessante notar que, na escala de cores da Rainha, dada por Crowley, a Esfera de Malkuth se divide em quatro segdes, coloridas respectivamente de citrino, oliva, castanho-avermelhado a preto, para representar 0s quatro elementos, tendo uma estreita semelhanga com as representagdes usuais do Lotus de Quatro Pétalas. 15, Esse L6tus situa-se no perineo a associa-se com o anus e a fungo excretora. Na coluna XXI da tabua de correspondéncias dada por Crowley em 777, esse autor atribui as nédegas e o anus do Homem Perfeito a Malkuth. Considero que, de todos os pontos de vista, a atribuigio de Fuller, que refere o Létus Muladhara a Malkuth, € preferivel 4 de Crowley, que, na coluna XVIII, o refere a Yesod, contradizendo, assim, a si pr6prio. Na mente infantil, de acordo com Freud, as fungdes de reprodugio a excrego esto confundidas, mas nao creio que essa atribuigdo possa ser aceita sem restrigdes. 16, Malkuth, considerado como o Létus Muladhara, representa, por assim dizer, 0 resultado final do processo vital, sua concretizagao final na forma, a sua submissio as influéncias desintegradoras da morte para que a sua substancia possa ser novamente utilizada. A forma pela qual esse processo foi organizado pelos lentos mecanismos da evolugdo serviu a seu propdsito, e a forga deve ser libertada, é esse o significado espiritual do proceso de excrecio, putrefacdo a decomposi¢io. 17.0 chacra Svadisthana, 0 Létus de Seis Pétalas, na base dos érgdos geradores, é atribuido pelo General Fuller a Yesod. Isso est de acordo com a tradigZo ocidental, que atribui Yesod aos érgdos reprodutivos do Homem Divino; sua correspondéncia astrolégica com a Lua, Diana-Hécate, também concorda com essa atribuigo. Crowley, embora atribuindo Yesod ao falo na coluna XX1 do 777, atribui o Létus Svadisthana a Hod, Merctrio. E dificil compreender essa atribuigdo e, como ele nao cita a sua fonte, considero melhor aderir ao principio de referir os niveis de consciéncia ao Pilar Central. 18, Tiphereth, por consenso universal, representa o plexo solar e 0 peito; parece razodvel, portanto, atribui-la aos Chacras Manipura e Anahata, como o faz Crowley. Fuller atribui esses Chacras a Geburah a Chesed, mas, como essas duas Sephiroth encontram seu equilibrio em Tiphereth, essa atribuigdo no apresenta dificuldade alguma, nem causa qualquer discrepancia. 19. Da mesma maneira, 0 chacra Visuddha - que, no sistema Hindu, corresponde a laringe, a que Crowley atribui a Binah - e 0 chacra Ajna -, situado na base do nariz, que corresponde & glndula pineal a que, pela mesma autoridade, € atribuido a Chokmah - unem-se por sua fungao em Daath, situado na base do crénio. 42 20. O chacra Sahasrara, Létus de Mil Pétalas, situado acima da cabega, é relacionado por Crowley a Kether, nfo ha razdo alguma para discordar dessa atribuigdo, pois ela se encontra prefigurada no proprio nome do Primeiro Caminho, Kether, a Coroa, que repousa sobre a cabeca a acima dela. 21. Os dois pilares laterais, da Severidade a da Misericérdia, representam os prineipios positivo a negativo, as Sephiroth que Ihes correspondem simbolizam os modos de funcionamento dessas forgas nos diferentes niveis de manifestacao, 22. 0 Pilar da Severidade contém Binah, Geburah a Hod, ou Saturno, Marte e Merctirio. Pilar da Misericérdia contém Chokmah, Chesed e Netzach, ou 0 Zodfaco, Jipiter e Venus. Chokmah e Binah, no simbolismo da Cabala, sio representados por figuras masculinas e femininas e si0, 0 Pai e a Mae supremos, ou em linguagem filoséfica, os prineipios positivo e negativo do universo, 0 Yin e Yang, cuja masculinidade a feminilidade so apenas aspectos especializados. 23. Chesed (Jtipiter) a Geburah (Marte) so antes representados no simbolismo cabalistico como figuras coroadas, a primeira como um legislador em seu trono e a segunda como um rei guerreiro em seu carro. Sao, respectivamente, os principios construtivo e destrutivo. E interessante notar que Binah, a Mae Suprema, é também Satumo, o solidificador, que se une, por meio da foice, com a Morte e a sua ceifeira, € 0 Tempo com sua ampulheta. Encontramos em Binah a raiz da Forma. Afirma-se, no Sepher Yetzirah, que Malkuth esté sentado no trono de Binah - a matéria tem sua raiz em Binah-Satumo-Morte; a forma € o destruidor da forga. Esse destruidor passivo harmoniza-se também com 0 destruidor ativo, Marte- Geburah acha-se imediatamente abaixo Binah no Pilar da Severidade; a forga encerra-se, dessa maneira, na forma libertada pela influéncia destrutiva de Marte, 0 aspecto Siva da Divindade. Chokmah, 0 Zodfaco, representa a forga cinética; Chesed (Jupiter), 0 rei benigno, representa a forga organizada; e ambas sao sintetizadas em Tiphereth, 0 centro Cristolégico, o Redentor e Equilibrador. 24, A trindade seguinte, constituida por Netzach, Hod e Yesod, representa 0 lado mégico e astral das coisas. Netzach (Venus) representa os aspectos superiores das forgas elementais, 0 Raio verde; Hod (Meretirio) representa 0 lado mental da Magia. Uma é mistica e a outra, ocultista, e ambas se sintetizam no elemental Yesod. Nao podemos considerar esse par de Sephiroth em separado, assim como o par superior de Geburah e Gedulah, que ¢ outro nome para Chesed, como podemos inferir do fato de que a Cabala os atribui, respectivamente, aos bragos direito a esquerdo a as pernas esquerda e direita, 25. As trés Sephiroth da forma acham-se, portanto, no Pilar da Severidade, as trés Sephiroth da forga, no Pilar da Misericérdia; e, entre eles, no Pilar do Equilibrio, retinem-se os diferentes niveis de consciéncia. O Pilar da Severidade, com Binah em seu topo, € o principio feminino, o Pingala dos Hindus e o Yang dos chineses; o Pilar da Miseric6rdia, com Chokmah em seu topo, é o Ida dos Hindus e o Yin dos chineses; e 0 Pilar do Equilibrio é Shushumna e o Tao. XII. OS DEUSES DA ARVORE 1. Todos os estudantes da religido comparada a de seu ramo pobre, 0 folclore, concordam em que 0 homem primitivo, quando observa os fenémenos naturais que 0 cercam a tenta analisé-los, os atribui & agdo de seres semelhantes a si préprio quanto & natureza a a0 tipo, mas superiores quanto a0 poder. Como nao os podia ver, ele os chamou, com certa razio, de “invisiveis"; como nao podia ver a sua prdpria mente durante a vida, ou a alma de seu amigo depois da morte, concluiu que os seres que produziram os fendmenos naturais eram semelhantes, quanto & natureza, & mente e alma - invisiveis e ativas. 2. Eis uma concepco aparentemente primitiva, como afirmam os antropSlogos, mas sua rudeza a3 deve-se ao fato de que estes, a0 traduzirem ideias selvagens, escolhem palavras de acepgGes rudes. Por exemplo, a traduco-padrdo de uma das principais escrituras da China refere-se a0 venerdvel fildsofo Lao-Tsé como "O Velhote”. Isso soa cOmico para os ouvidos europeus, mas nao est tio Jonge de outra escritura que teve a sorte de cair nas méos de tradutores que a reverenciavam - "A menos que vos convertais numa crianga". Nao sou sindloga, mas creio que a tradugdo “eterna crianga” teria sido igualmente apropriada e de melhor gosto. 3. Hé um ditado nos Mistérios: "Cuida para nao blasfemares 0 Nome pelo qual 0 préximo conhece seu Deus, pois, se ndo fazes tal coisa por Ald, também nao o fazes por Adonai” 4. E, ademais, estaria 0 homem primitivo tdo longe da verdade quando atribuiu a causa dos fendmenos naturais a atividades da mesma natureza que a dos processos mentais da mente humana, mas num arco superior? Nao € esse 0 ponto para 0 qual convergem gradualmente a fisica e a metafisica? Supondo que tivéssemos de reformular a afirmagao do fil6sofo selvagem e dizer "A natureza essencial do homem € semelhante 4 de seu Criador", receberfamos nds a pecha de blasfemos e tolos? 5, Podemos personificar as forgas naturais nos termos da consciéncia humana; ou podemos abstrair a consciéneia humana nos termos das forgas naturais; ambos os procedimentos sfo legitimos na Metafisica oculta, e 0 proceso nao s6 oferece algumas pistas muito interessantes, como também algumas aplicagdes préticas de muito valor. Ndo devemos, contudo, cometer o erro do tolo a dizer que A e B quando entendemos que A é da mesma natureza que B. Mas podemos também aproveitar legitimamente 0 axioma hermético "Como é encima, € embaixo", porque, se A e B sio da mesma natureza, as leis que governam A podem ser invocadas em relago a B. O que € verdade para uma gota é verdade para 0 oceano. Consequentemente, se conhecemos algo a respeito da natureza de A, podemos concluir que, tendo em conta a diferenga de escala, esse ponto se aplicaré a B. Esse € 0 método da analogia utilizado na ciéncia indutiva dos antigos, e, na medida em que € coroborada pela observago a pela experiéncia, pode oferecer-nos alguns resultados muito frutiferos, dispensando-nos de errar em intiteis divagagdes. 6. A personificagio e a deificagdo das forgas naturais foi a primeira tentativa rude e arguta do homem para desenvolver uma teoria monistica do universo e salvar-se da influéncia destrutiva e paralisante de um dualismo insoldvel. E, na medida em que aumentou seus conhecimentos ¢ refinou seus processos intelectuais, pOde ele observar mais e mais significados nas primeiras e simples classificagdes. Nao obstante, ele nunca descartou as classificagdes originais, porque elas eram fundamentalmente boas e representavam realidades. Ele simplesmente as refinou, desenvolveu ¢, finalmente, quando chegaram os maus tempos, misturou-as a superstigao. 7. Nao deverfamos, portanto, considerar os pantedes pagdos como outras tantas aberragdes da mente humana, nem deveriamos tentar compreende-los do ponto de vista do nio iniciado e do ignorante; deveriamos tentar, antes, descobrir © que podem eles ter significado para os sumos sacerdotes altamente inteligentes e de grande cultura que dirigiam esses cultos em seus tempos. Comparemos 05 textos da Sra. David-Neel e de W. B. Seabrook a propésito dos ritos pagdos com os relatos de um missionério médio. Seabrook mostra-nos o significado espiritual do vodu, e a Sra. David-Neel apresenta-nos 0 aspecto metafisico da Magia Tibetana. Esses temas aparecem de outra maneira aos olhos do observador simpatizante, que sabe ganhar a confianga dos expoentes desses sistemas & consegue ser recebido em seus recintos sagrados como um amigo, e que procura aprender em vez. de meramente observar e ridicularizar. Muito diferente de como os vé 0 "zelote hipécrita”, que passeia pelo lugar sagrado com suas botas sujas, sendo apedrejado pelos indignados adoradores. 8. Ao julgar essas coisas, consideremos a forma pela qual veriamos 0 Cristianismo se nos aproximéssemos dele da mesma maneira. Os observadores alheios concluiriam provavelmente que adoramos um cordeiro, 0 Espfrito Santo forneceria algumas interpretagdes espetaculares. Devemos 44 conceder aos outros o direito de utilizar metéforas se no queremos que as nossas prdprias sejam tomadas literalmente. A forma exterior das antigas fés pagas nao é mais rude do que o Cristianismo nos pafses latinos mais atrasados, onde Jesus é representado de cartola e fraque e a Virgem Maria, com calgas de lacinhos. A forma interior das fés antigas suporta perfeitamente uma comparagio com as nossas modemas metafisicas. Elas, pelo menos, produziram Plato e Plotino. A mente humana nfo muda, e 0 que € verdade para nds € provavelmente verdade para os pagaos. O Cordeiro de Deus que redime os pecados do mundo é apenas outra versio do Touro de Mitra, e a “nica diferenga entre eles consiste no fato de que o iniciado antigo era literalmente "banhado em sangue", a0 passo que 0 moderno entende metaforicamente essa expressio. Autres temps, autres moeurs. 9. Se nos aproximassemos daqueles a quem chamamos de pagios tanto antigos como modernos - com um espirito reverente e compreensivo, sabendo que Ald, Brama e Amon Ra sio apenas outros nomes para aquilo que adoramos como Deus, aprenderfamos muitas coisas que a Europa esqueceu quando a Gnose foi arrasada e a sua literatura, destruida. 10. Descobrirfamos, contudo, que as fés pags apresentam seus ensinamentos numa forma que nao 6 imediatamente assimilével pela mente europeia, que, para compreender o seu significado, precisamos reformuld-las em nossos termos. Devemos correlacionar a concepgio pagd com o simbolo pagdo; seremos, entio, capazes de aplicar 4 primeira a enorme massa de experiéncias misticas que geragdes de psic6logos contemplativos a experimentais organizaram em tomo do segundo. E, quando falamos de psicSlogos experimentais, no devemos cometer 0 erro de pensar que eles sfio um produto exclusivamente modemno, porque os sacerdotes dos antigos Mistérios, com seus sonhos templirios a suas visdes hipnagégicas deliberadamente induzidas, eram nada mais nada menos do que psicélogos experimentais, embora a sua arte se tenha perdido, como muitas outras artes antigas que esto sendo agora, aos poucos, redescobertas nos laboriosos cfrculos mais avancados do pensamento cientifico. 11. O método utilizado pelo iniciado moderno para interpretar a linguagem falada pelos antigos mitos é muito simples ¢ eficaz. Ele descobre na Arvore da Vida cabalistica um vinculo entre os sistemas pagdos altamente estilizados e os seus proprios métodos mais racionais; o judeu, asitico por sangue € monoteista por religido, tem um pé em cada um dos mundos. O ocultista modemo extrai da Arvore da Vida, com suas Dez Sephiroth Sagradas, os fundamentos tanto de uma metafisica quando de uma magia. Ele utiliza uma concepcio filoséfica da Arvore para interpretar 0 que ela Ihe apresenta A mente consciente, recorre a0 emprego mégico e cerimonial de seu simbolismo para unir esses contetidos & sua mente subconsciente. O iniciado, consequentemente, tira 0 melhor partido de ambos os mundos, 0 antigo e 0 modemo, pois 0 mundo moderno, que € todo consciéncia superficial, esqueceu e reprimiu a subconsciéncia, para sua propria perda; e 0 mundo antigo, que era principalmente subconsciéncia, sé recentemente desenvolveu a consciéneia. Quando os dois mundos se unem e operam de maneira polarizada, eles concedem a superconsciéncia, que é 0 objetivo do iniciado. 12, Tendo em mente as concepgdes anteriores, podemos tentar coordenar agora os pantedes da Antiguidade com as Esferas da Arvore da Vida. Ha dez Esferas, as dez Sephiroth Sagradas, e, entre estas, devemos distribuir, de acordo com o tipo, os diferentes deuses ¢ deusas de qualquer panteao que desejamos estudar; estamos, entZio, em posicdo de interpretar o significado A luz do que ja sabemos a respeito dos princfpios representados pela Arvore, e acrescentar a0 nosso conhecimento da Arvore tudo que esté dispontvel a respeito do significado das antigas divindades. 13. Obviamente, isso tudo é de grande valor intelectual, Mas hé outro valor que o homem comum, que nfo teve nenhuma experiéncia das operagdes dos Mistérios, no percebe tio prontamente: 0 desempenho de um rito cerimonial que representa simbolicamente a atuago da forga personificada como um deus tem um efeito muito marcante e mesmo dristico sobre a mente subconsciente de 45 qualquer pessoa que seja pelo menos suscetfvel as influéncias psiquicas. Os antigos levaram esses ritos a um alto nivel de perfeigdio, quando nés, modernos, tentamos reconstruir a arte perdida da Magia Pratica, podemos recorrer a essas priticas com grande proveito. A filosofia da Magia europeia baseia-se na Arvore e ninguém pode esperar compreende-la ou utilizé-la inteligentemente se no foi treinado nos métodos cabalisticos. E essa falta de treinamento que possibilitou a degeneracio do ocultismo popular em formas supersticiosas muito rudes. A sentenga "Teu néimero em teu nome" torna-se uma coisa diferente quando entendemos a Cabala Matemitica; as sortes tiradas nas tagas de ché mudam de aspecto quando compreendemos o significado das imagens magicas e 0 método de sua formulagao e interpretagio como um processo psicolégico para penetrar © véu do inconsciente. 14, Falando claramente, entdo, temos de distribuir os deuses e deusas de todos os pantedes pagios nos dez escaninhos das dez Sephiroth Sagradas, deixando-nos guiar principalmente por suas associagOes astrolégicas, porque a Astrologia é uma linguagem universal, visto que todos os povos veem os mesmos planetas. O espago corresponde a Kether; 0 Zodfaco, a Chokmah; os sete planetas, as sete Sephiroth seguintes; e a Terra, a Malkuth. Consequentemente, qualquer deus que tem uma analogia com Saturno serd referido a Binah, assim como qualquer deusa que possa ser considerada como a Mae Primordial, a Eva Superior, em oposigio & Eva Inferior, a Noiva do Microprosopos, Malkuth. O Tridngulo Supremo composto por Kether, Chokmah e Binah refere-se sempre aos Deuses Antigos, que todo pantedo reconhece como sendo os predecessores das formas de divindades adoradas pela f€ comum. Assim, Rea e Cronos seriam referidos a Binah e Chokmah, Jipiter a Chesed. Todas as divindades do milho referem-se a Malkuth, todas as deusas Iunares, a Yesod. Os deuses da guerra a os deuses destrutivos, ou deménios divinos, referem-se a Geburah, as deusas do amor, a Netzach. Os deuses da sabedoria iniciética referem-se a Hod, os deuses do sacrificio e os redentores, a Tiphereth. Uma autoridade tao importante como Richard Payne Knight, em seu valioso livro The Symbolic Language of Ancient Art and Mythology, menciona a "notivel ocorréncia das alegorias, simbolos e titulos da mitologia antiga em favor do sistema mistico das emanagdes". De posse dessa pista, podemos classificar os pantedes, habilitando-nos a comparar e a esclarecer os aspectos semelhantes. 15, No sistema que formula em seu livro de correspondéncias, 777, Crowley atribui os deuses tanto 0s Caminhos como as Sephiroth. Isso, em minha opinido, é um erro e motivo de confusio. $6 as Sephiroth representam as forcas naturais; os Caminhos so estados de consciéncia. As Sephiroth so objetivas e os Caminhos, subjetivos. E por essa raziio que, no hieréglifo operacional da Arvore, utilizado pelos iniciados, as Sephiroth so sempre representadas numa certa Escala de Cores a os Caminhos em outra. Aqueles que possuem esse hierSglifo saberdo a que me refiro. 16. Em minha opinido, os Caminhos esto sob 0 governo direto dos Nomes Sagrados, que regem as suas atribuigdes sephiréticas, nao deveriam ser confundidos com outros pantedes, pois, embora possamos recorrer a outros sistemas para a iluminagdo intelectual, ndo € aconselhdvel tentar misturar os métodos de trabalho pritico e desenvolvimento da consciéncia, 17. Por exemplo, 0 Décimo Sétimo Caminho, entre Tiphereth e Binah, é atribuido, pela Sepher Yetzirah, a0 Elemento do Ar. E mais sensato opera-lo com 0 rito do Elemento Ar e os Nomes Sagrados que Ihe sio atribuidos, aproximar-se dele por meio do Tattva apropriado, do que confundir as tentativas com as associagdes de colegdes combinadas de divindades incompativeis como Pélux, Jano, Apolo, Merti e outras que Crowley Ihe atribui - cujas correspondéncias, alias, apresentam um intrincado labirinto de associagdes. 18. As Sephiroth devem ser interpretadas macrocosmicamente, 0s Caminhos, microcosmicamente; descobriremos, assim, a chave da Arvore, tanto no homem como na natureza. XIII. O TRABALHO PRATICO SOBRE A ARVORE 46 1. Se, entre os leitores que seguiram até aqui os nossos estudos sobre a Cabala, hd algum que esteja bem familiarizado com o ocultismo ocidental, terd ele encontrado, sem dtvida, mais coisas familiares do que novas ou originais. Ao trabalhar com esse depdsito de conhecimento antigo, achamo-nos na posigo dos escavadores que trabalham no sitio de algum templo soterrado; descobrimos antes fragmentos do que um sistema coerente; pois o sistema, embora coerente em seus dias, se fragmentou a se espalhou, deformando-se por causa das perseguigdes de vinte séculos de fanatismo ignorante e de inveja espiritual. 2. No entanto, hé muito mais trabalhos a respeito desses fragmentos do que poderiamos imaginar. Mme. Blavatsky reuniu uma enorme massa de dados e os expds a opinifo publica, que os compreendeu tanto quanto uma crianga que contempla as vitrinas de um museu a se maravilha com as coisas estranhas que elas contém. A obra erudita de G. R. S. Mead deu-nos muitas informacdes a respeito da Gnose, a tradigdo esotérica do mundo ocidental durante os primeiros séculos de nossa €poca; © monumental livro da Sra. Atwood revelou-nos o significado do simbolismo alquimico. Nenhum deles, contudo, expds a tradi¢Zo ocidental como um iniciado nessa tradigdo, abordando-a, a0 contrério, de fora e juntando-lhe os fragmentos, ou, como no caso de Mme. Blavatsky, interpretando-a por analogia & luz do sistema mais familiar de outra tradigao. 3. Aqueles que estudaram 0 assunto de dentro - isto é, com as chaves inicidticas - e 0 empregaram como um sistema prético para a exaltagdo da consciéncia mantiveram, em sua grande maioria, o segredo, comportamento que, embora pudesse ser no apenas justificdvel, mas mesmo essencial nos dias em que a Sagrada Inquisigdo recompensava essas pesquisas com a fogueira, nao se pode atribuir a qualquer motivo mais crivel em nossa era liberal do que ao desejo de criar e manter 0 prestigio. Um "monop6lio” muito efetivo da prética ocultista, se no do conhecimento oculto, se estabeleceu entre os povos de fala inglesa no dltimo quarto de século, "monopélio” que efetivamente minou o impulso espiritual que teria propiciado o renascimento dos Mistérios durante 08 iiltimos vinte a cinco anos do ditimo século. Consequentemente, estando a terra pronta para a semeadura mas nio tendo recebido o trigo, os quatro ventos trouxeram sementes estranhas 3 terra, dando nascimento assim a uma flora tropical, a qual, ndo tendo raizes na tradicGo racial, murchou ou desenvolveu formas estranhas. 4. © templo soterrado de nossa tradie2o nativa foi, na verdade, exumado em parte, mas os fragmentos que puderam ser resgatados nao foram postos ao alcance dos estudantes de acordo com as honordveis tradigGes da erudigio europeia, tendo sido, a0 contrério, reunidos em colegdes privadas, permanecendo as suas chaves em poder de individuos que abriram e fecharam as portas de uma maneira inteiramente arbitréria. Nao tenho dtivida de que estas paginas causardo rancor em alguns individuos cujas colegdes privadas ficardo dessa forma depreciadas. Mas também nfo tenho dtivida de que os indmeros estudantes que ensaiaram em vio 0 Caminho ocidental poderdo encontrar nestas paginas as chaves para o que no eram capazes de compreender no método no qual foram treinados. Falando por mim mesma, levei dez anos de trabalho nas trevas para encontrar as chaves, eu apenas as encontrei porque era suficientemente sensitiva para captar 0s contatos com os planos interiores. E dificil acreditar que, por algum propésito util, seja conveniente desorientar o estudante ou recusar-Ihe as chaves a as explicagdes que s40 essenciais & sua obra. Se o estudante € indigno de receber 0 treinamento, nfo 0 treinemos. Se ele 0 é, treinemo-lo adequadamente. 5. Nas paginas seguintes, fiz. 0 que pude para elucidar os prinefpios que govemam a utilizagao do simbolismo mégico. A utilizagdo pritica do método cerimonial s6 deve ser tentada sob a diregdo de alguém que ja tenha experiéncia em sua utilizagio; trabalhar s6 ou com colegas igualmente inexperientes correr riscos desnecessirios. Mas nao existem razOes para que uma pessoa no possa experimentar 0 método meditativo. 47 6. Para poder utilizar eficazmente os simbolos mégicos, o estudante deve entrar em contato com cada simbolo em separado. E de pouca utilidade fazer uma lista de simbolos e proceder construgdo de um ritual. Na magia, como na execugao do violino, precisamos "achar as nossas notas", pois ndo as encontramos prontas como no plano. O estudante de violino precisa aprender a “fazer” cada nota individual antes de poder executar uma melodia. Ocorre © mesmo numa operaga0 oculta: precisamos saber como encontrar e construir as imagens mégicas antes de podermos operar com elas. 7.0 iniciado emprega os grupos de simbolos associados a cada um dos trinta e dois Caminhos para construir as imagens migicas; é necessério que ele conhega esses simbolos no apenas na teoria, mas também na pritica; ou seja, ele precisa ndo apenas té-las perfeitamente enraizadas em sua meméria, mas precisa também ter realizado meditagdes sobre elas individualmente até ter-lhes penetrado o significado e experimentado a forga que representam. Conhecer 0 vasto elenco de simbolos associados a cada Caminho € naturalmente trabalho de toda uma vida, mas 0 estudante deve conhecer os simbolos-chave de cada Caminho como passo preliminar de seu estudo; ele serd, entio, capaz de desenvolver- se em dois aspects: em primeiro lugar, no conhecimento do simbolismo em suas infinitas ramificages; e, em segundo lugar, na filosofia da interpretagdo desse simbolismo. Uma vez que tenha dominado 0 conhecimento prtico dos conceitos da cosmogonia esotérica e tenha fixado em sua meméria o esquema geral do simbolismo atribuido a cada Sephirah, estard o estudante equipado com o sistema de classificag30 e poderé comegar a arquivar o material, coletando-o em todas as fontes imagindveis da arqueologia, do folclore, da religido mistica, dos relatos dos viajantes e das especulagdes da filosofia antiga a moderna e da ciéncia ultramodema. 8. O ndo iniciado poderé indagar como é possivel conservar essa enorme massa de dados na memé6ria, Em primeiro lugar, o estudante sério que utiliza a Arvore como seu método meditativo deve trabalhar com ela regularmente todos os dias. Além disso, descobrird ele, pela experiéncia, que a atribuigao de simbolos a cada Sephirah tem uma peculiar base Iégica oculta em alguma profundidade na mente subconsciente, que as sequéncias de simbolos ndo sio tao dificeis de memorizar como se poderia supor, especialmente se as utilizamos na meditagéio. Alguns desses simbolos se referem aos conceitos da filosofia esotérica; alguns outros, aos métodos de projetar a consciéneia na visio; e outros, ainda, & composi¢ao do cerimonial. O estudante deve lembrar, contudo, que os simbolos jamais comunicardo seu significado apenas & meditagdo consciente, por mais correto e completo que seja 0 seu conhecimento; devem-se utilizé-los como os iniciados pretendiam que o fossem - para evocar imagens da mente subconsciente na érea consciente. 9. Uma sequéncia de simbolos é atribuida as dez Sephiroth Sagradas e outra sequéncia aos vinte e dois Caminhos que as unem. Alguns desses simbolos, contudo, aparecem em ambas as sequéncias, interligando-se por meio das correlagdes astrolégicas e numéricas. Isso pode soar muito complicado, mas, na pritica real, é mais simples do que parece, porque o trabalho nao é feito com a mente consciente, e sim com a mente subconsciente, e importa muito pouco a maneira pela qual os simbolos so nela introduzidos, porque o estranho demOnio que se senta atrés do censor os classifica & sua maneira, tomando aquilo de que precisa a rejeitando tudo o mais, até que, finalmente, um padro coerente reaparega na consciéncia, requerendo apenas uma andlise para comunicar seu significado, exatamente como num sonho, 10. Uma visio evocada por meio da Arvore é, na verdade, um sonho desperto, artificialmente produzido, deliberadamente motivado e conscientemente relatado por algum assunto escolhido, gragas a0 qual ndo apenas a drea subconsciente, mas também as percepgdes superconscientes sto evocadas e tornadas inteligiveis a consciéncia. Num sonho espontaneo, 0s simbolos surgem a0 acaso da experiéncia; na visio cabalistica, contudo, a imagem é evocada a partir de um grupo limitado de simbolos ao qual a consciéncia é rigidamente restringida pelo habito altamente treinado da concentracio. E esse poder peculiar para manter a mente em determinados limites que constitui a técnica da meditagdo oculta, ela s6 pode ser adquirida pela prética constante num perfodo 48 considerdvel de tempo. E isso que constitui a diferenga entre o ocultista treinado e 0 nio- treinado; a pessoa ndo-treinada pode ser capaz de desvincular a consciéncia do controle da personalidade diretora a assim permitir © surgimento das imagens, mas ela nfo tem o poder de restringir e selecionar 0 que aparecer, e, consequentemente, tudo pode aparecer, inclusive uma proporedo varidvel da érea subconsciente. O ocultista treinado, contudo, acostumado a utilizar esse método em suas meditagdes, € capaz de liberar-se imediatamente da érea subconsciente normal, a menos que seja perturbado pela emogio e, nesse caso, ele pode enredar-se em suas malhas; mas, mesmo nesse caso, seu método é sua protecao, pois ele é capaz de reconhecer imediatamente © simbolismo confuso nas imagens, visto que dispde de um padrao definido com o qual comparé- las. 11. Ao estudar a Arvore, 0 estudante deveria sempre pensar em cada Sephirah sob 0 aspecto triplice, que j4 mencionamos (da filosofia, do psiquismo e da Magia); para esse fim, deveria sempre pensar na Esfera em primeiro lugar como representante de um certo fator na evolugdo do cosmos no passado imemorial do tempo c6smico, que permanece em manifestago, que desapareceu ou que ainda ndo chegou ao nivel da densa matéria. 12. Com esse aspecto da Arvore também se ocupam os criptotextos do Sepher Yetzirah, dos quais hd um para cada Caminho. Essas sentengas desconcertantes tém uma curiosa maneira de comunicar relmpagos stibitos de iluminagao 4 meditagao e nao devem jamais ser rejeitadas como tolices, por mais incompreensiveis que possam parecer & primeira vista. 13, Outra fonte de iluminagio encontra-se nos titulos adicionais das Sephiroth, tendo cada um de uma a trés dezenas de epitetos. Esses titulos so nomes grificos descritivos aplicados as Sephiroth pelos antigos rabinos e que se encontram disseminados pela literatura cabalistica, eles nos falam muitas coisas. Por exemplo, os titulos "Segredo dos Segredos" a "Ponto Primordial", que sao aplicados a Kether, revelam muitas coisas a quem saiba buscé-las. 14, Podemos também, depois de nos familiarizarmos com 0 simbolismo, atribuir as varias Sephiroth os deuses equivalentes de outros sistemas e, quando observarmos os simbolos, as fungdes, os conceitos edsmicos e 0 método de adoragdo atribufdo a essas divindades, obteremos uma torrente de iluminagao. Utilizando um bom diciondrio de mitologia ou uma enciclopédia, 0 Golden Bough (O Ramo Dourado), de Frazer, e A Doutrina Secreta e Isis sem Véu, de Mme. Blavatsky, podemos, pela simples aplicagdo da diligéncia, desvendar muitos enigmas que no inicio pareciam insoliiveis, e 0 exercicio é fascinante. Quando é assim utilizada, a Arvore tem um valor peculiar porque sua forma diagramética nos faz. ver as coisas em suas relagdes miituas, elucidando, desse modo, umas as outras. 15, Para manipular o aspecto psfquico da Arvore e seus Caminhos, 0 ocultista utiliza imagens, pois € por meio de imagens e dos Nomes que as evocam que a visio é formulada. Ele associa a cada Sephirah um simbolo primério, que é a sua Imagem Magica. Em seguida, associa a ela, em sua mente, uma forma geométrica que, por diversas maneiras, informa suas caracteristicas e, quando compée 0 simbolo, utiliza essa forma como base. Por exemplo, Geburah, Marte, a Quinta Sephirah, tem um pentégono ou figura de cinco lados. Qualquer simbolo de Geburah, seja ele um talisma, um altar e Marte ou uma imagem mental de um simbolo, deverd ter a forma de um pentdgono colorido em uma das cores da escala de cores de Marte. 16. As formas mais importantes da Arvore, contudo, sao aquelas associadas aos quatro Nomes do Poder atribuidos a cada Sephirah; a esses so associadas quatro cores que se manifestam simbolicamente em cada um dos quatro Mundos dos Cabalistas. O mais elevado deles é 0 Nome de Deus, que se manifesta em Atziluth, o plano do espirito, e € 0 supremo Nome do Poder dessa Esfera Sephirdtica que domina todos os seus aspectos, sejam eles c6smicos, evolutivos ou subjetivos. Ele representa a ideia que subjaz a0 desenvolvimento da manifestagao nessa Esfera; a 49 ideia que percorre toda a evolugdo subsequente a se expressa em todos os efeitos a manifestagdes posteriores. 17. 0 segundo Nome do Poder é 0 dos Arcanjos da Esfera, e representa a consciéncia organizada do ser, gragas a cujas atividades a evolugdo dessa fase foi inaugurada a dirigida. Embora esses seres sejam representados pictograficamente como formas humanas, embora etéreas, nfo se deve acreditar que a vida e a consciéncia tal como as conhecemos correspondem & sua natureza. Eles $0 semelhantes em esséncia as forgas naturais, mas, se os considerarmos simplesmente como energia carente de inteligéncia, nfo teremos um conceito adequado de sua natureza, porque eles sio essencialmente individualizados ¢ inteligentes. Ambas essas ideias devem penetrar nosso conceito, modificando-se mutuamente, até que, finalmente, cheguemos a um entendimento que difira completamente daquele a que o pensamento ocidental esta acostumado. 18, O terceiro Nome do Poder denomina nao um ser, mas toda uma classe de seres - os coros de anjos, como os chamavam os rabinos -, que representa também forgas naturais inteligentes. 19. O quarto denomina o que chamamos de Chacra Césmico, ou seja, 0 objeto celestial que consideramos como produto da fase particular de evolugo que ocorre sob a presidéncia dessa Sephirah e que a representa. 20. © terceiro aspecto sob o qual consideramos as Sephiroth € © aspecto migico, que € essencialmente prético. Para chegar a ele, pensamos no que pode ser experimentado sob a presidéncia desses diferentes aspectos de manifestago da divindade, nos poderes que podem ser manipulados pelo mago que dominou suas liges. 21. Cada Sephirah é atribuida a uma virtude, que representa seu aspecto ideal, 0 dom que concede & evolugio; a um vicio que é 0 resultado do excesso de suas qualidades. Por exemplo, Geburah, Marte, tem como virtudes a energia e a coragem, por vicios a crueldade e a destrutividade. O estudante de Astrologia reconhecerd facilmente que as virtudes a os vicios atribuidos as varias Sephiroth derivam das caracteristicas dos planetas que Ihes so associados, descobrird que nessa correspondéncia se abre toda uma nova linha de abordagem da Astrologia. 22. A experiéneia espiritual, como prefiro chamé-la, ou poder oculto, como a chama Crowley, consiste numa profunda compreensio de algum aspecto da ciéncia c6smica e constitui a esséncia da iniciagGo do grau atribuido a cada Sephirah, pois nos Mistérios Maiores do Ocidente os graus esto associados is Sephiroth. 23. Os cabalistas medievais atribufam também uma parte do corpo a cada Sephirah, mas nao devemos tomar literalmente essas atribuigdes; a chave real encontra-se na compreensio de que as Sephiroth representam fatores da consciéncia e, se tomamos Geburah como o brago direito, devemos compreender que ele significa, na verdade, a vontade dindmica, a capacidade executiva, a destruigao do fraco e do desequilibrado, 24, Cada Sephirah a cada Caminho tém animais, plantas a pedras preciosas simbélicas. E necessério que o estudante conhega essas atribuigdes por duas razdes: em primeiro lugar, porque elas fornecem importantes chaves para 0 relacionamento entre os deuses dos diferentes pantedes a as Sephiroth; e, em segundo lugar, porque fazem parte do simbolismo dos Caminhos Astrais e servem como pontos de referéncia quando viajamos na visio espiritual. Por exemplo, se alguém visse um cavalo (Mane) ou um chacal (Lua) na esfera de Netzach (Vénus), saberia que houve uma confusio de plano e que a visio nfo era digna de fé. Na Esfera de Vénus, s6 poderiamos ver pombas ou algum felino, como um lince ou um leopardo. 25. Poder-se-ia pensar que a associag4o dos animais simbélicos aos deuses a deusas nos mitos 50 antigos € inteiramente arbitréria e fruto da imaginago poética, que, como o vento, sopra de qualquer parte. A isso 0 ocultista responde que a imaginago poética ndo é uma coisa arbitréria, remete 0 cético s obras do Dr. Jung, de Zurique, o famoso psiquiatra, aos ensaios do poeta irlandés "A. E.”, em particular a Song and its Fountains, em que ele analisa a natureza de suas proprias fontes de inspiragdo. Pela natureza intrinseca de sua poesia a pelas muitas referéncias que perpassam por sua obra, penso que esse poeta pertence a um desses grupos que se nutriram da Cabala Mistica. Pelo menos o que ele tem para dizer € boa doutrina cabalistica e extremamente esclarecedora para 0 nosso presente argumento, 26. O Dr. Jung tem muito a dizer a respeito da faculdade mitopoética da mente humana, ¢ 0 ccultista sabe que isso é verdade. Ele sabe também, contudo, que suas implicagdes tém muito mais alcance do que a psicologia jamais suspeitou. A mente do poeta ou do mistico, que reside nas grandes forgas a fatores naturais do universo manifesto, penetra, gracas A utilizagdo criativa da imaginag2o, muito mais profundamente nas causas e fontes secretas do ser do que o faz.o cientista; no € sem razio que a imaginacao racial, operando assim, chegou a associar certos animais a certos deuses; um breve exame dos exemplos citados serve para mostrar a base da associacio. Os pombos de Vénus mostram seu aspecto gentil, os felinos, sua beleza sinistra. 27. A associagio das plantas aos diversos Caminhos repousa numa base dupla. Em primeiro lugar, hd plantas tradicionalmente associadas as lendas dos deuses, como é 0 caso do milho com Ceres e do vinho com Dionisio; esses mesmos elementos esto igualmente associados as Sephiroth com que se relacionam as fungdes desses deuses - 0 milho com Malkuth e o vinho com Tiphereth, 0 centro cristolégico, com o qual se associam todos os Deuses Sacrificados a Dadores de Luz. 28. AAs plantas associam-se de maneira diversa as Sephiroth; a antiga doutrina das rubricas atribu‘a varias plantas & regéncia de vérios planetas de uma maneira um tanto quanto errética. Em alguns casos, houve uma genuina associagdo; em outras, ela foi arbitréria e supersticiosa. O velho Culpeper e outros antigos herbanérios tém muito a dizer sobre 0 assunto, e algumas interessantes pesquisas esto sendo_ feitas nas fazendas experimentais antroposéficas. 29. De maneira similar, certas drogas so associadas as Sephiroth; e aqui precisamos distinguir novamente © supersticioso do mistico. A atribuigdo arbitraria de drogas no pode ser sempre justificada pela experiéncia real, mas podemos com certeza dizer que todas as classes de drogas esto sob a regéncia de certas Sephiroth, pois partilham da natureza de certos modos de atividade que so classificados sob essas Sephiroth. Por exemplo, todos os afrodisiacos poderiam ser justamente atribuidos a Netzach (Vénus), e todos os abortivos a Yesod em seu aspecto Hécate; os analgésicos a Chesed (Misericérdia); 0s irritantes e os céusticos a Geburah (Severidade). 30. Isso abre um aspecto muito interessante do estudo da matéria médica - 0 aspecto psiquico a psicol6gico da atividade da droga. Esse aspecto foi especialmente estudado pelos médicos iniciados como Paracelso, foi © abuso ignorante a supersticioso desse aspecto, pelos médicos nfo iniciados, que conduziu as extraordindrias aberragdes da medicina popular. 31. O ocultista sabe que hd um aspecto psicolégico em toda ago € fungao psicolégica; ele sabe também que é possfvel reforgar poderosamente a ago de todas as drogas por meio da ago mental apropriada, que certas substincias quimicamente inertes se prestam eficazmente a transmissio & acumulagao de atividades mentais, assim como outras substincias so condutoras ou isolantes eficazes de eletricidade. 32. Essa considerago leva-nos & questo da associagdo de certas pedras a metais preciosos as Sephiroth, associago que € determinada tanto pelas consideragdes astrolégicas como pelas quimicas. Como bem o sabem os sensitivos, as substncias cristalinas, os metais e certos liquidos so os melhores meios de acumular e transmitir as forgas sutis. A cor exerce um importante papel

Das könnte Ihnen auch gefallen