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O RETORNO AO FUNDAMENTO DA METAFISICA Discanrres escreve a Picot, que traduzira os Principia Philosophiae fara o francés: "Ainsi toute la philosophie est comme un arbre, dont les Hebe sont la Metaphysique, le tronc est la Physique, et les branches qui ‘sortent de ce tronc sont toutes les autres sciences..." (Oeuvres de Descartes, ‘editadas por C. Adam e P. Tannery, vol. IX, 14.) : co. esta imagem, perguntamos: Em que solo encontram as 7 Arvore da filosofia seu apoio? De que chao recebem as rafzes e, delas, toda a arvore as seivas e forcas alimentadoras? Qual o elemento Bi ass ‘oculto no solo, as raizes que dao apoio e alimento 4 drvore? € se movimenta a metafisica? O que é a metafisica vista seu ? O que, em tiltima andlise, é a metafisica? "Ela pensa 0 ente enquanto ente. Em toda parte, onde se pergunta € 0 ente, tem-se em mira o ente enquanto tal. A representacdo ca deve esta visdo a luz do ser. A luz, isto é, aquilo que tal pen- ‘experimenta como luz, nao é em si mesma objeto de andlise; pois mento analisa e representa continuamente e apenas o ente sob de vista do ente. E, sem dtivida, sob este ponto de vista que o mento metafisico pergunta pelas origens énticas e por uma causa A luz mesma vale como suficientemente esclarecida pelo fato de nsp cia a cada ponto de vista sobre o ente. foro modo de explicacao do ente, como espirito no sentido lismo, como matéria e forca no sentido do materialismo, como da, como representa¢ao, como vontade, como substAncia, como ‘enérgeia, como eterno retorno do mesmo, sempre 0 ente en- parece na luz do ser. Em toda parte, se iluminou o ser, ica Tepresenta o ente. O ser se manifestou num desve- - Permanece velado 0 fato e 0 modo como o ser traz nto, 0 fato € o modo como o ser mesmo se situa na enquanto tal. A verdade do ser pode chamar-se, por isso, © cho no qual metafisica, como raiz da drvore da filosofia, se apéia e do qual retira ‘seu alimento. Pelo fato de a metafisica interrogar o ente, enquanto ente, 5 ela junto ao ente e nao se volta para 0 ser enquanto ser. Como : eda titorsels enyia todas as seivas e forcas para 0 tronco e os ramos, A raiz se espalha pelo solo para que a drvore dele surgida possa crescer e abandoné-lo. A arvore da filosofia surge do solo onde se ocultam as raizes da metafisica. O solo 6, sem diivida, o elemento no qual a raiz da 4rvore se desenvolve, mas o crescimento da drvore jamais ser4 capaz de assimilar em si de tal maneira o chao de suas rafzes que desaparega como algo arbéreo na drvore. Pelo contrario, as raizes se perdem no solo até as tiltimas radiculas. O chao é cho para a raiz; dentro dele ela se esquece em favor da drvore. Também a raiz ainda pertence A arvore, mesmo que @ seu modo se entregue ao elemento do solo. Ela dissipa seu elemento e @ si mesma pela drvore. Como raiz ela nao se volta para 0 solo; ao menos nao de modo tal como se fosse sua esséncia desenvolver-se apenas para simesma neste elemento. Provavelmente, também 0 solo nao é tal elemento sem que 0 perpasse a raiz. Na medida em que, constantemente, apenas representa o ente en- quanto ente, a metafisica nao pensa no proprio ser. A filosofia nao se tecolhe em seu fundamento. Ela o abandona continuamente e o faz pela metafisica. Dele, porém, jamais consegue fugir. Na medida em que um Pensamento se poe em marcha para experimentar o fundamento da me- tafisica, na medida em que um pensamento procura pensar na propria verdade do ser, em vez de apenas representar o ente enquanto ente, ele abandonou, de certa maneira, a metafisica. Visto da parte da metafisica, © pensamento se dirige de volta para o fundamento da metafisica. Mas, aquilo que assim aparece como fundamento, se experimentado a partir de si mesmo, é provavelmente outra coisa até agora nao dita, segundo a qual a esséncia da metafisica é bem outra coisa que a metafisica. Um pensamento que pensa na verdade do ser nao se contenta certamente mais com a metafisica; um tal pensamento também nao pensa contra a meta- fisica. Para voltarmos a imagem anterior, ele nao arranca a raiz da filosofia. Ele lhe cava o chao e lhe lavra o solo. A metafisica permanece a primeira instancia da filosofia. Nao alcanca, porém, a primeira instancia do pen- samento. No pensamento da verdade do ser a metafisica esté superada. Torna-se caduca a pretensao da metafisica de controlar a referéncia decisiva com © ser e de determinar adequadamente toda a relacio com o ente enquanto tal. Esta "superagao da metafisica", contudo, nao rejeita a me- tafisica. Enquanto o homem permanecer animal rationale é ele animal me- taphysicum. Enquanto o homem se compreender como animal racional, pertence a metafisica, na palavra de Kant, 4 natureza do homem. Se bem- sucedido, talvez fosse possivel ao pensamento retornar ao fundamento da metafisica, provocando uma mudanga da esséncia do homem de cuja me- _tamorfose poderia resultar uma transformacdo da metafisica. se falar assim, no desenvolvimento da questao da verdade (oo eee eae alee Pensar no modo de pensar ultrapassa 0 pensamento atual que chao em que se desenvolve a raiz da filosofia. O pensamento ) er e Tempo poe-se em marcha para preparar a superacdo da ca assim entendida. Aquilo, porém, a que este pensamento dé o is irio somente pode ser aquilo mesmo que deve ser pensado. to ea maneira de o ser mesmo abordar um pensamento nunca de- rimeira e unicamente do pensamento. Se o ser atinge um pen- 10 modo como o consegue, pGe-no em marcha para sua matriz que rio ser, para, desta maneira, corresponder ao ser enquanto tal. or que, afinal, é necessdria uma tal espécie de superagéo da 'Deverd, desta maneira, ser apenas substituida e fundamentada disciplina mais origindria aquela disciplina da filosofia que até ‘a raiz? Trata-se de uma modificagdo do corpo doutrindrio da o. Ou deverd ser descoberto, pelo retorno ao fundamento da , um pressuposto da filosofia até agora esquecido para mostrar- da nao assenta sobre seu fundamento inconcusso, nao podendo, ser a ciéncia absoluta? Nao. n o advento ou a auséncia da verdade do ser, est4 em jogo outra a constituigao da filosofia, nao apenas a prépria filosofia, mas dade ou distancia daquilo de que a filosofia, com o pensamento © ente enquanto tal, recebe sua esséncia e sua necessidade. decidir é se o préprio ser pode realizar, a partir da verdade répria, sua relagdo com a esséncia do homem ou se a metafisica, de seu fundamento, impedir4, no futuro, que a relagao do O chegue, através da esséncia desta mesma relacdo, a leve o homem 8 pertenga ao ser. suas respostas 4 questao do ente enquanto tal a me- ntou o ser. Ela expressa necessariamente o ser e, por isso ‘constantemente. Mas a metafisica nao leva o ser mesmo a nao considera o ser em sua verdade e a verdade como o ye este em sua esséncia. A esséncia da verdade sempre apa- na forma derivada da verdade do conhecimento Odesvelamento, porém, poderia ser algo mais origindrio ‘no sentido da veritas. Alétheia talvez fosse a palavra que no experimentado para a esséncia impensada do esse. sem diivida o pensamento da metafisica que apenas poderia alcancar esta esséncia da verdade, por mais historicamente pela filosofia pré-socré- renascimento do pensamento pré-socratico “yao e sem sentido —, trata-se, isto sim, de prestar da ainda nao enunciada esséncia do desvelamento ‘como 0 s¢ nunciou. Entretanto, velada permanece para verdade do ser ao longo de sua hist6ria, , de Anaximandro a Nietzsche. Por que nao pensa a metafisica na verdade do ser? Depende uma tal omissio apenas da espécie de pensamento que € o metafisicg? Qu pertence ao destino essencial da metafisica, que se lhe subtraia seu préprio fundamento, porque em toda a eclosao do desvelamento perma- nece ausente sua esséncia, o velamento, e isto em favor do que foi des- velado e aparece como o ente? Entretanto, a metafisica expressa 0 ser constantemente e das mais diversas formas. Ela mesma suscita e fortalece a aparéncia de que a questao do ser foi por ela levantada e respondida. Mas a metafisica nao responde, em nenhum lugar, 4 questao da verdade do ser, porque nem a suscita como questao. Ela nao problematiza por que é que somente pensa o ser Tepresenta 0 ente enquanto ente. Ela visa ao ente em sua tota- lidade e fala do ser. Ela nomeia o ser e tem em mira o ente enquanto ente. Os enunciados da metafisica se desenvolvem de maneira estranha, desde o comego até sua plenitude, numa geral troca do ente pelo ser. Esta troca, sem diivida, deve ser pensada como acontecimento e nao como engano. Ela, de maneira alguma, tem suas razdes numa simples negligéncia do pensamento ou numa exatidao no dizer. Em conseqiiéncia desta geral troca, a representagao atinge o auge da confusao quando se afirma que a metafisica realmente pde a questao do ser. Até parece que a metafisica, sem seu conhecimento, esté condenada aser, pela maneira como pensa 0 ente, a barreira que impede que o homem atinja a origindria relagao do ser com o ser humano. Que seria, porém, se a auséncia desta relacao e 0 esquecimento desta auséncia desde hd muito determinassem os tempos modernos? Que seria, se a auséncia do ser entregasse 0 homem, sempre mais exclusivamente, apenas ao ente, de tal modo que o ser humano fosse abandonado pela relagao do ser com sua (do homem) esséncia, ficando, ao mesmo tempo, tal abandono velado? Que seria, se assim fosse e se desde h4 muito tempo estivesse persistindo tal situacdo? Que seria, se houvésse sinais mostrando que tal esquecimento se instalard para o futuro ainda mais decisivamente no esquecimento? Existiria ainda ocasiao para um pensador se deixar conduzir pre- Sungosamente por este destino do ser? Se as coisas estivessem neste pe haveria ainda motivo para, em tal abandono do ser, se fantasiar ainda outra coisa e isto levado até por uma disposicao de humor elevado mas artificial? Se esta fosse a situagao em torno do abandono do ser, nao haveria motivo bastante para que o pensamento, que pensa no ser, caisse no es- panto que o paralisaria de tal modo que no fosse mais capaz de outra coisa que sustentar na angistia este destino do ser para, antes de tudo, levar a uma decisao o pensamento que se ocupa do esquecimento do ser? um pensamento enquanto a angustia, herdada como ‘uma deprimente disposicao de humor? Que tem a r com psicologia e psicandlise? n, que a superagao da metafisica corresponda o esforg? so HEIDEGGER e aprender a prestar atengao ao esquecimento do ser, mentd-lo, assumir esta experiéncia na relagio do ser com o a conservar, entao a pergunta "Que é metafisica?"” perma- indigéncia do esquecimento do ser, talvez contudo 0 mais ne- le tudo o que é necessdrio para o pensamento. sim, tudo depende de que, em seu tempo oportuno, o pensamento ‘mais pensamento. A isto chega o pensamento se, em vez de pre- m grau maior de esforco, se dirige para outra origem. Entao, 0 _ pensamento suscitado pelo ente enquanto tal que por isso representa e - esclarece o ente, serd substituido por um pensamento instaurado pelo pré- i e por isso décil 4 voz do ser. _ Perdem-se no vazio consideracdes sobre 0 modo como se poderia _ levar a agir sobre a vida cotidiana e piblica de modo efetivo e util, o ainda e apenas metafisico. Pois, quanto mais o pensamento } quanto mais se realiza a partir da relagao do ser consigo, tanto mais puramente encontra-se, por si mesmo, engajado no tinico agir que Ihe é apropriado: na acdo de pensar aquilo que lhe foi destinado e que por isso ja foi pensado. "~~ Mas quem pensa ainda no que foi pensado? Inventam-se coisas. O Pensamento tentado em Ser e Tempo estd "a caminho" para situar 0 pen- samento num caminho em cuja marcha possa alcangar 0 interior da relagao da verdade do ser com a esséncia do homem; est4 em marcha para abrir uma senda na qual medite consentaneamente o ser mesmo em) sua verdade. Neste caminho, e isto quer dizer, a servico da questo 1 do ser, torna-se necessdria uma reflexio sobre a esséncia do a experiéncia do esquecimento do ser, ainda nao expressa do demonstracao, encerra em si a conjectura da qual tudo , de que, conforme o desvelamento do ser, a relacdo do ser com pertence ao proprio ser. Mas como poderia esta conjectura aven- se mesmo apenas uma pergunta expressa sem que antes se m todos os esforgos para libertar a determinacao fundamental | da subjetividade e da definigéo do animal rationale...? 2 ir, AO mesmo tempo, numa palavra a revelacdo do ser com ‘homem, como também a referéncia fundamental do homem ") do ser enquanto tal, foi escolhido para o Ambito essencial, ua o homem enquanto homem, o nome "ser-at". Isto foi feito, sica usar este nome para aquilo que em geral é designado de, realidade e objetividade, nao obstante até se falar, c em "ser-ai humano’, repetindo o significado me- ra. Por isso obvia toda possibilidade de se pensar o que quem se contenta apenas em averiguar que em Ser ¢ "consciéncia", a palavra “ser-ai". Como se aqui i ras diferentes, como se nao se = ae, __ mento primeiramente diante da experiéncia essencial do homem, suficiente ‘decisiva. Nem a palavra “ser-af" tomou o lugar da avra , nem a "coisa" chamada "ser-af" Passou a ocupar o a € representado sob o nome “consciéncia". Muito antes, _ com o “ser-af’ é designado aquilo que, pela primeira vez aqui, foi expe. _timentado como ambito, a saber, como o lugar da verdade do ser e que assim deve ser adequadamente pensado. _ Aquilo em que se pensa com a palavra "ser-ai" através de todo o tratado de Ser e Tempo recebe j4 uma luz desta proposicao decisiva (p. 42), que diz: "A ‘esséncia’ do ser-ai consiste em sua existéncia". Sese considera que na linguagem da metafisica a palavra “existéncia" designa o mesmo que "ser-ai’, a saber, a atualidade de tudo 0 que é atual, desde Deus até 0 grao de areia, é claro que apenas se desloca — quando se entende a frase linearmente — a dificuldade do que deve ser pensado da palavra "ser-af" para a palavra "existéncia". O nome "existéncia" é usado, em Ser e Tempo, exclusivamente como caracterizagio do ser do homem. A partir da “existéncia" corretamente pensada se revela a "esséncia" do ‘Ser-ai, em cuja abertura o ser se revela e oculta, se oferece e subtrai, sem que esta verdade do ser no ser-ai se esgote ou se deixe identificar com 0 Ser-ai ao modo do principio metafisico: toda objetividade é, enquanto tal, subjetividade. Que significa "existéncia" em Ser e Tempo? A palavra designa um modo de ser e, sem divida, do ser daquele ente que estd aberto para a abertura do ser, na qual se situa, enquanto a sustenta. Este sustentar é xperimentado sob o nome "preocupacao". A esséncia ekstdtica do ser-ai €pensada a partir da “preocupagao" assim como, vice-versa, a preocupagao somente pode ser experimentada, de modo satisfatério, em sua esséncia ekstdtica. O sustentar assim compreendido é a esséncia da ¢kstasis que deve ser pensada. A esséncia ekstdtica da existéncia é, por isso, ainda entao insuficientemente entendida, quando representada apenas como "si- tuar-se fora de", concebendo o "fora de" como o “afastado da" interioridade de uma imanéncia da consciéncia e do espirito; pois, assim entendida, a existéncia ainda sempre seria representada a partir da "subjetividade" e da “substancia", quando 0 "fora" deve ser pensado como o espago da aber- tura do préprio ser. Por mais estranho que isto soe, a stdsis do ekstatico se funda no in-sistir no “fora” e ai’ do desvelamento que é o modo de o proprio ser acontecer (west). Aquilo que deve ser pensado sob o nome "existéncia", quando a palavra é usada no seio do pensamento que pensa na direg30 da verdade do ser e a partir dela, poderia ser designado, do modo mais belo, pela palavra “in-sisténcia". : ues pensar em sua unidade e como plena esséncia da existe. Deus é, mas nao existe. A frase: "Somente o homem enhum modo significa apenas que o homem é um ente real, s os entes restantes sao irreais e apenas uma aparéncia ou a taco do homem. A frase: "O homem existe" significa: o homem ‘ente cujo ser é assinalado pela in-sisténcia ex-sistente no desve- mento do ser a partir do ser e no ser. A esséncia existencial do homem éa razao pela qual o homem representa o ente enquanto tal e pode ter cia do que é representado. Toda consciéncia pressup6e a existéncia 4 ekstaticamente como a essentia do homem, significando entéo essentia aquilo que é o modo préprio de o homem ser (west) na medida em que é homem. A consciéncia, pelo contrario, nem é a primeira a criar a abertura do ente, nem a primeira que dé ao homem o estar aberto para oente. Pois, qual seria a meta, o lugar de origem e a dimensao livre para movimento de toda a intencionalidade da consciéncia se o homem ja nao tivesse sua esséncia na in-sisténcia? Meditada com seriedade, que outra coisa pode designar a palavra "-ser" ("-sein") na palavra consciéncia in = ser consciente) e autoconsciéncia (Selbstbewusstsein = ser- autoconsciente) a ndo ser a esséncia existencial daquele que é quando existe? Ser um si-mesmo caracteriza, sem diivida, a esséncia daquele ente existe; mas a existéncia nao consiste nem no ser-si-mesmo, nem a partir dele se determina. Pelo fato, porém, de o pensamento metafisico determinar o ser-si-mesmo do homem a partir da substancia ou, o que no fundo é o mesmo, a partir do sujeito, o primeiro caminho que leva da ‘melafisica para a esséncia ekstdtico-existencial do homem, deve passar através da determinacdo metafisica do ser-si-mesmo do homem (Ser e Tem- po, §§ 63 e 64). ‘Mas, pelo fato de a questo da existéncia sempre estar apenas a Servigo da tinica questao do pensamento, a saber, a servico da pergunta {a ser desenvolvida) pela verdade do ser, como o fundamento escondido de toda a metafisica, 0 tratado Ser e Tempo, que tenta o retorno ao fun- damento da metaffsica, nao traz como titulo Existéncia e Tempo, também ‘nao Consciéncia e Tempo, mas Ser e Tempo. Este titulo, porém, também nao pode ser pensado como se correspondesse a estes outros titulos de uso “corrente: Ser e vir-a-ser, ser e aparecer, ser e pensar, ser e dever. Pois em tudo o ser é ainda aqui representado de maneira limitada, como se "vir- ‘@ser', “aparecer", "pensar", "dever", nao pertencessem ao ser; pois, evi- nao s4o nada e por isso devem pertencer ao ser. Em Ser ¢ 0 "ser" nao é outra coisa que "tempo", na medida em que "tempo" é como pré-nome para a verdade do ser, pré-nome cuja verdade mento (Wesende) do ser e assim o prdprio ser. Entretanto, por ses"ser''?. © comego da histéria, em que o ser se desvela no pen- os, pode mostrar que os gregos desde os primérdios er do ente como a presenca do presente. Se traduzimos ‘por outra. Se formos mais rigorosos, mostrar-se-4 bem, os nem einai no sentido grego, nem “ser” em sua nvenientemente clara e unfvoca. Que dizemos, Portanto, t "ser" em vez de “einai” e einai e esse em vez de “sen” smos nada. Tanto a palavra grega quanto a latina e a portuguesa , do mesmo modo sem vida. Repetindo o uso corrente, reve. Di tnseistestvamente como seguidores da maior inconsciéncia que um ‘dia surgiu no pensamento e que até agora continua dominando. Aquele einai, porém, significa: presentar-se. A esséncia deste pre- “sentar est4 profundamente oculta no primitivo nome do ser. Para nés, pois, einai e ousia enquanto parousta e apousta significam primeiramente ‘isto: no presentar-se impera impensada e ocultamente o presente e a du- ‘Tago, acontece (west) tempo. Desta maneira, o ser enquanto tal se constitui ‘ocultamente de tempo. E desta maneira ainda o tempo remete ao desve- lamento, quer dizer, 4 verdade do ser. Mas o tempo, a ser agora pensado, nao € extrafdo da inconstancia do ente que passa. O tempo possui ainda bem outra esséncia que nao apenas ainda nao foi pensada pelo conceito de tempo da metafisica, mas nunca o poderd ser. Assim o tempo se torna © primeiro pré-nome que deve ser considerado para que se experimente © que em primeiro lugar é necessdrio: a verdade do ser. Assim como nos primeiros nomes metafisicos do ser fala uma es- séncia escondida de tempo, assim também no seu tiltimo nome: no "eterno Tetorno do mesmo”. Durante a época da metafisica, a histéria do ser esté perpassada por uma impensada esséncia de tempo. O espaco ndo esté ordenado nem paralelamente a este tempo nem situado dentro dele. Uma tentativa de passar da representacao do ente enquanto tal para © pensamento da verdade do ser deve, partindo daquela representacio, também representar ainda, de certa maneira, a verdade do ser, para que esta, finalmente, se mostre como representacado inadequada para aquilo que deve ser pensado. Esta relacdo que vem da metafisica e que procura penetrar na referéncia da verdade do ser ao ser humano é concebida como compreensao. Mas a compreensao é pensada aqui, ao mesmo tempo, a partir do desvelamento do ser. A compreensao é o projeto ekstdtico jogado, quer dizer, 0 projeto in-sistente no ambito do aberto. O ambito que no Ptojeto se oferece como o aberto, para que nele algo (aqui o ser) se mostre enquanto algo (aqui o ser enquanto tal em seu desvelamento) se chama ‘sentido (cf. Ser e Tempo, p. 151). "Sentido do ser" e "verdade do ser" dizem a mesma coisa. O prefacio de Ser e Tempo, na primeira pagina do tratado, encerra ‘com as frases: “A elaboracdo concreta da questo do sentido do ‘ser’ 6 0 objetivo do presente trabalho. Seu fim provisério e fornecer uma inter- ‘pretacao do tempo como horizonte de toda compreensao possivel do ser’. ___A filosofia nao podia trazer facilmente uma prova mais clara para do ser em que toda ela se afundou — esqueci- ‘se tornou e permaneceu 0 desafio herdado pelo do se trata de mal-entendidos em face daquele livro, mas dono por parte do ser. ___ A metafisica diz 0 que é 0 ente enquanto o ente. Ela contém um légos (enunciacao) sobre 0 dn (0 ente). O titulo tardio “ontologia" assinala sua esséncia, suposto, é claro, que o compreendamos pelo seu contetido auténtico € nao na estreita concepeao "escoldstica". A metafisica se movi- menta no ambito do on he én. Sua representacao se dirige ao ente enquanto ente. Desta maneira, a metafisica representa, em toda parte, o ente en- quanto tal e em sua totalidade, a entidade do ente (a ousia do On). A metafisica, porém, representa a entidade do ente de duas maneiras: de um lado a totalidade do ente enquanto tal, no sentido dos tragos mais getais (Gn kathdlou, koindn); de outro, porém, e ao mesmo, a totalidade do ente enquanio tal, no sentido do ente supremo e por isso divino (6n kathdlou, alséiaton, theion). Em Aristételes o desvelamento do ente enquanto tal pro- Priamente se projetou nesta dupla direcao (vide Metafisica, Livros XI, V e X). Pelo fato de representar o ente, enquanto ente é a metafisica em si a unidade destas duas concepgdes da verdade do ente, no sentido do getal e do supremo. De acordo com sua esséncia ela é, simultaneamente, Ontologia no sentido mais restrito e teologia. A esséncia ontoteolégica da filosofia propriamente dita (préte philosophia) deve estar, sem davida, fun- dada no modo como Ihe chega ao aberto o dn, a saber, enquanto dn. O €arater teolégico da ontologia nao reside, assim, no fato de a metafisica Sega ter sido assumida mais tarde pela teologia eclesial do cristianismo ter sido por ela transformada. O cardter teolégico da ontologia se funda, muito antes, na maneira como, desde a Antiguidade, o ente chega ao desvelamento enquanto ente. Este desvelamento do ente foi que propiciou @ possibilidade de a teologia crista se apoderar da filosofia grega. Se isto aconteceu para seu proveito ou sua desgraca, isto os tedlogos devem de- Cidir baseados na experiéncia da esséncia do cristianismo, enquanto con- Sidera, 0 que est escrito na primeira carta aos Corintios do apéstolo Paulo: Ouchi eméramen ho theds t2n sophian tou késmou; Nao permitiu Deus que em loucura se transformasse a sabedoria do mundo? (1 Corfntios, 1, 20). A sophia to~u késmou, porém, € aquilo que conforme 1, 22 os "Héllenes 2etousin", o que os gregos procuravam. Aristételes até designa a préte phi- losophia (a filosofia propriamente dita) expressamente de zetouméne — @ procurada. Ser4 que um dia a teologia cristé se decidiraé mais uma vez a levar a sério a palavra do apéstolo e de acordo com ela a filosofia ‘como loucura? ‘ r ica tem, enquanto a verdade do ente enquanto tal, duas Taz4o destas duas formas e mesmo sua origem esto fe- Sica, e isto, sem diivida, nao por acaso ou como con- na omissao. A metafisica aceita esta dupla face pelo fato resentacao do ente enquanto ente. Para a metafisica | | OS PENSADORES lo rest escolha, Enquanto metafisica ela esta exclufda pela sua propria da experiéncia do ser; pois ela representa o ente (n) constante. "mente apenas naquilo quea partir dele se mostrou enquanto ente (he én), Contudo, a metafisica nao presta atencdo aquilo que precisamente neste Gan em que se tornou desvelado, também ja se velou. Assim pode-se tornar necessdrio, em tempo oportuno, novamente altar sobre aquilo que propriamente é dito com a palavra dn, com a "ente". De acordo com isto foi retomada, pelo pensamento, a ques- tao do On (vide Ser e Tempo, prefacio). Mas esta repetico nao recapitula simplesmente a questo plat6nico-aristotélica, mas retorna, pela interro- gacao, aquilo que se esconde no dn. Se a metafisica realmente dedica sua representacao ao dn he on, ela permanece fundada sobre este elemento velado no 6n. A interroga¢ao que tetorna a este elemento velado procura, por isto, do ponto de vista da metafisica, o fundamento para a ontologia. E por isso que o procedimento em Ser e Tempo (p. 13) se chama "ontologia fundamental”. Mas a expressao se mostra, em pouco tempo, embara¢osa, como, alids, qualquer expressio neste caso. Ela diz algo certo se pensava a partir da metafisica; mas, jus- tamente, por isso induz a erro; pois trata-se de conquistar a passagem da metafisica para dentro do pensamento de ser. E enquanto este pensamento se caracteriza a si mesmo como ontologia fundamental, ele se interpée, com tal designacao, seu proprio caminho e o obscurece. A expressdo “on- tologia fundamental" parece induzir 4 opinido de que o pensamento que procura pensar a verdade do ser e nao como toda ontologia, a verdade do ente, 6, enquanto antologia fundamental, ela mesma ainda uma espécie de ontologia. Entretanto, j4 desde seus primeiros passos, 0 pensamento da verdade do ser, enquanto retorno ao fundamento da metafisica, aban- donou 0 ambito de toda ontologia. Mas toda filosofia que se movimenta Na representagao mediata ou imediata da “transcendéncia" permanece ne- cessariamente ontologia no sentido essencial, procure ela preparar uma fundamentagao da ontologia ou rejeitar ela a ontologia que para sua se- guranga busca apenas uma crispacao conceitual de vivéncias. Se, entretanto, esté fora de diivida que o pensamento que procura pensar a verdade do ser trazendo consigo é verdade, 0 peso do antigo costume da representacao do ente enquanto tal se perde até a si mesmo, nesta representa¢do, entao nada mais se torna tao necessdrio, seja para a primeira reflexdo, seja para a preparacdo da passagem do pensamento que representa para aquele que realmente pensa, quanto 4 pergunta: Que é metafisica? O desenvolvimento desta questao pela prelecdo que segue desem- boca, por sua vez, numa pergunta. Ela se chama a questdo fundamental da metafisica e diz: Por que é afinal ente e nao muito antes Nada? Dis- cutiu-se, entretanto, muito sobre a angiistia e o nada que foram abordados Mas ninguém teve a idéia de meditar por que a prelegéo que pensar, partindo do pensamento da verdade do ser, no nada, € ae Ne gt cn ee HEIDEGGER a a partir deste, na esséncia da metafisica, considera a questao formulada como a questéo fundamental da metafisica. Ser4 que isto nao poria na cabeca de algum ouvinte atento uma suspeita mais grave que todo 0 zelo contra a angistia e o nada? Pela questo final vemo-nos colocados diante da suspeita de que uma reflexio que procura pensar o ser, seguindo o caminho do nada, retorne no fim novamente a uma questdo sobre o ente. Na medida em que esta questo, ainda no estilo tradicional de questionar da metafisica, pergunta causalmente conduzida pelo "porque", o pensa- mento do ser é totalmente negado em favor do co: ‘imento representador do ente a partir do ente. Para actimulo de tudo, a questao final é, sem davida, aquela que o metafisico Leibniz formulou em seu Principes de la Nature e de la Grace: “Pourquoi il y a plutét quelque chose que rien?" (Edigéo Gerhardt, tomo VI, 602, ntimero 7). Nao fica, assim, a prelec3o aquém de seus propésitos? Isto poderia acontecer visto a dificuldade da passagem da metafisica para 0 outro pen- samento. Nao formula a exposicéo em seu final, com Leibniz, a questo metaffsica da causa suprema de tudo o que é? Por que, ent&o, o que seria conveniente, nao é citado o nome de Leibniz? Qu seré que a pergunta é formulada em sentido inteiramente dife- rente? Se ela nao interroga pelo ente e nao esclarece a ultima causa 6ntica deste, entdo deve a pergunta partir daquilo que nao é 0 ente. Tal coisa a Pergunta nomeia e o escreve com letra maitiscula: O Nada que a prelecao meditou como seu tinico tema. E preciso meditar o final desta prelecao a partir do ponto de vista que lhe é préprio e que em tudo a orienta. Entao aquilo que é citado como a questao fundamental da metafisica deveria ser formulado na perspectiva da ontologia fundamental, como a questao que brota do fundamento da metafisica e como a quest4o que por este fundamento interroga. Como devemos nés, entéo, compreender a quest&o que encerra a prelecao, se estamos de acordo que esta, no seu final, retorna a seu objetivo proprio? O teor da questao é o seguinte: Por que afinal ente e nao antes Nada? Suposto que nao pensamos a verdade do ser mais no 4mbito da metafisica e metafisicamente como de costume, mas a partir da esséncia e da verdade da metafisica, entao o sentido da questo que encerra a prelego pode ser o seguinte: Donde vem, que, em toda parte, o ente tem a hegemonia e reivindica para si todo o "é", enquanto fica esquecido aquilo que nao é um ente, o nada aqui pensado como 0 préprio ser. Donde vem que propriamente nada é com o ser e que o nada propriamente nao é (west)? Nao vem daqui a aparéncia inabalavel para a metafisica de que o "ser" é evidente e que, em conseqiiéncia disso, o nada se torna menos problematico que o ente? Tal é realmente a situacao em torno do ser € do nada. Se as coisas fossem diferentes para a metafisica, entéo Leibniz nao poderia dizer, na passagem referida, esclarecendo: "Car le rien est J plus simple et plus facile que quelque chose". : de o ente € ou 0 fato fe cies lta,

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