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Tectônica de Placas

Surgimento da Teoria da Deriva Continental

A teoria que os continentes não estiveram sempre nas suas posições atuais foi
conjecturada muito antes do século vinte; este modelo foi sugerido, pela primeira vez,
em 1596 por um fabricante holandês, Abraham Ortelius. Ortelius sugeriu de que as
Américas "foram rasgadas e afastadas da Europa e África por terremotos e inundações"
e acrescentou: "os vestígios da ruptura revelam-se, se alguém trouxer para a sua frente
um mapa do mundo e observar com cuidado as costas dos três continentes." A idéia
de Ortelius foi retomada no século dezenove. Entretanto, só em 1912 é que a idéia do
movimento dos continentes foi seriamente considerada como uma teoria científica
designada por Deriva dos Continentes, escrita em dois artigos publicados por um
meteorologista alemão chamado Alfred Lothar Wegener. Argumentou que, há cerca
de 200 milhões de anos, havia um supercontinente - Pangeia=Pangea - que começou a
fraturar-se. Alexander Du Toit, professor de geologia na Universidade de Joanesburgo
e um dos defensores mais acérrimos das idéias de Wegener, propôs que a Pangeia,
primeiro, se dividiu em dois grandes continentes, a Laurásia no hemisfério norte e a
Gondwana no hemisfério sul. Laurásia e Gondwana continuaram então a fraturar-se,
ao longo dos tempos, dando origem aos vários continentes que existem hoje.

A teoria de Wegener foi apoiada em parte por aquilo que lhe pareceu ser o ajuste
notável dos continentes americano e africano do sul, argumento utilizado por
Abraham Ortelius três séculos antes. Wegener também estava intrigado com as
ocorrências de estruturas geológicas pouco comuns e dos fósseis de plantas e animais
encontrados na América do Sul e África, que estão separados atualmente pelo Oceano
Atlântico. Deduziu que era fisicamente impossível para a maioria daqueles organismos
ter nadado ou ter sido transportado através de um oceano tão vasto. Para ele, a presença
de espécies fósseis idênticas ao longo das costas litorais de África e América do Sul era
a evidência que faltava para demonstrar que, uma vez, os dois continentes estiveram
ligados.
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A figura representa o ajuste, atual, da linha de costa do continente da América do Sul


com o continente de África. Com a cor roxa representam-se as estruturas geológicas e
rochas tipo perfeitamente idênticas. Repare-se na continuidade, nos dois continentes,
das manchas roxas.

Segundo Wegener, a Deriva dos Continentes após a fratura da Pangeia explicava não
só as ocorrências fósseis, mas também as evidências de mudanças dramáticas do
clima em alguns continentes. Por exemplo, a descoberta de fósseis de plantas tropicais
(na formação de depósitos de carvão) na Antártida conduziu à conclusão que este
continente, atualmente coberto de gelo, já esteve situada perto do equador, com um
clima temperado onde a vegetação luxuriante poderia desenvolver-se. Do mesmo modo
que os fósseis característicos de fetos (Glossopteris) descobertos em regiões agora
polares, e a ocorrência de depósitos glaciários em regiões áridas de África , tal como
o Vaal River Valley na África do sul, foram argumentos factuais invocados a favor da
teoria da Deriva dos Continentes.
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Esquema mostrando a distribuição geográfica de fósseis de animais e plantas no


supercontinente da Pangeia
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A teoria da Deriva Continental transformar-se-ia na "bomba" que explodiu na


comunidade científica da época, de tal modo fez surgir uma nova maneira de ver a
Terra. Contudo, apesar das evidências, a proposta de Wegener não foi tão bem recebida,
pela comunidade científica, como se possa pensar, embora estivesse, em grande parte,
de acordo com a informação científica disponível, naquele tempo. Uma fraqueza fatal
na teoria de Wegener era o fato de não poder responder satisfatoriamente à pergunta
mais importante levantada pelos seus críticos: que tipo de forças podia ser tão forte
para mover massas de rocha contínua tão grandes ao longo de tais distâncias tão
grandes? Wegener sugeriu que os continentes se separavam através do fundo do
oceano, mas Harold Jeffreys, um geofísico inglês notável, contra-argumentou, de
modo científico, que era fisicamente impossível para uma massa de rocha contínua tão
grande separar-se através do fundo oceânico sem se fragmentar na totalidade.

Entretanto, após a morte de Wegener, em 1930, novas evidências a partir da exploração


dos fundos oceânicos, bem como outros estudos geológicos e geofísicos reacenderam o
interesse pela teoria de Wegener, conduzindo finalmente ao desenvolvimento da teoria
da Tectônica de Placas.

Surgimento da Teoria da Tectônica Global

A Tectônica de Placas provou ser tão importante para as ciências de terra como a
descoberta da estrutura do átomo foi para a Física e Química, assim como a Teoria da
Evolução foi para as Ciências da Vida. Embora, atualmente, a teoria da Tectônica de
Placas seja aceite pela comunidade científica, existem várias vertentes da teoria que
continuam a serem debatidas.

Em termos geológicos, uma placa é uma "grande laje", formada por rochas rígidas. O
termo tectônica vem da raiz grega "construir." Unindo estas duas palavras, passamos a
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ter tectônica de placas, o que quer dizer que a superfície da terra é construída por
placas. A teoria da tectônica de placas diz-nos que a camada superficial da terra
(litosfera) está fragmentada numa meia dúzia de placas maiores, e algumas outras
menores, que estão em movimento relativo umas em conexão com as outras, enquanto
assentam sobre uma camada estrutural mais quente, menos rígida e mais móvel. A
tectônica de placas é um conceito científico relativamente recente, introduzido há cerca
de 50 anos, que revolucionou a nossa compreensão do planeta dinâmico ("Vivo") em
cima do qual nós vivemos. A teoria globaliza o estudo da terra recorrendo a muitos dos
domínios das Ciências da Terra, desde a Paleontologia (o estudo dos fósseis) à
Sismologia (o estudo dos terremotos). Forneceu explicações às perguntas sobre as quais
os cientistas especularam durante séculos, tais como: porque é que os terremotos e as
erupções vulcânicas ocorrem em áreas muito específicas do globo terrestre, e como é
que as grandes montanhas como os Alpes e os Himalaias se formaram?

A Tectônica de Placas é aceita atualmente de forma quase universal, os seus


mecanismos são plausíveis e com bastantes demonstrações. Entretanto, muitos detalhes
dos mecanismos terão ainda que serem comprovados, e algumas teorias que envolvem
vários detalhes da tectônica de placas são bastante questionáveis. Vamos tentar definir
alguns dos princípios básicos do mecanismo global, e examinar seu efeito na criação
das terras continentais.

O que se segue não é um sumário do pensamento atual sobre a tectônica de placas e os


seus mecanismos; freqüentemente, novas, e provavelmente controversas, idéias são
apresentadas à consideração dos cientistas. O que vamos apresentar é uma exposição
simples dos princípios básicos que devem reger os movimentos das placas, algumas
hipóteses sobre os mecanismos de convecxão, o transporte dos continentes e a sua
"reciclagem", bem como alguns cenários previstos para os eventos passados e futuros da
tectônica de placas.

Aproximadamente dois terços da superfície da terra encontram-se abaixo dos oceanos.


Antes do século 19, as profundidades dos oceanos eram matéria de pura especulação, e
a maioria das pessoas pensava que o fundo dos oceanos era relativamente liso e sem
quaisquer aspectos relevantes. A exploração oceânica, durante os tempos seguintes,
melhorou profundamente o nosso conhecimento sobre os fundos dos oceanos e a sua
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expansão. Nós sabemos agora que a maioria dos processos geológicos que ocorrem na
terra estão ligados, diretamente ou indiretamente, à dinâmica dos fundos oceânicos.

Em 1947, os sismologistas que se encontravam no navio de pesquisa Atlantis dos E. U.


A. descobriram que a camada de sedimento no fundo do Oceano Atlântico era muito
mais fina do que pensavam inicialmente. Os cientistas acreditavam que os oceanos
existiam, pelo menos, há 4 bilhões de anos, logo a camada de sedimento deveria de ser
muito espessa. Porque é que havia tão pouca acumulação de sedimento e de restos e
fragmentos sedimentares no fundo do oceano? A resposta a esta e outras perguntas, que
surgiram após uma exploração mais pormenorizada e avançada, provaria ser vital para o
surgimento do conceito de tectônica de placas.

No início dos anos de 1950, os cientistas, usando instrumentos de medida do


magnetismo (magnetômetros), começaram a reconhecer variações magnéticas impares
através do fundo dos oceanos. Esta descoberta, embora inesperada, não foi inteiramente
surpreendente porque se sabia que o basalto -- uma rocha vulcânica rica em ferro e que
faz parte dos fundos dos oceanos -- contêm um mineral fortemente magnético
(magnetita), que pode localmente obrigar à distorção das leituras da bússola. Sabendo
que a presença da magnetita dá ao basalto propriedades magnéticas mensuráveis, estas
variações magnéticas, recentemente descobertas, forneceram novos meios para o estudo
dos fundos dos oceanos profundos.
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Um modelo teórico da formação da banda de anomalias magnéticas. A nova crosta


oceânica que resulta da consolidação do magma que sai, de forma praticamente
contínua, da crista médio-oceânica, esfria e torna-se cada vez mais velha enquanto se
move (sentido dado pelas setas - bandas de cor laranja e creme) afastando-se da crista
médio-oceânica originando a expansão do fundo oceânico (veja o texto): a. a crista
médio-oceânica e a banda magnética há, aproximadamente, 5 milhões de anos; b. há,
aproximadamente, 2 a 3 milhões de anos; e c. atualmente.

Modelo do relevo do fundo oceânico, ao longo de uma crista médio-oceânica (vermelho


acastanhado). O azul corresponde às regiões mais baixas (vales), enquanto, do verde
passando pelo amarelo até ao castanho-avermelhado, corresponde às regiões elevadas
(montanhas).

Como, durante os anos das décadas de 1950 e 60, foram sendo traçados mais mapas das
anomalias magnéticas dos fundos oceânicos, logo mais informação, ficou provado que
as variações magnéticas não eram aleatórias mas obedeciam a padrões determinados.
Quando estes padrões magnéticos foram traçados sobre grandes regiões, o fundo do
oceano apresentou um padrão do tipo “zebra” (Ver figura da página anterior-
formação da banda de anomalias magnéticas-). As bandas alternas de diferente
polaridade magnética estavam colocadas, do lado de fora, em faixas, de um e do outro
lado da crista médio-oceânica (meso-oceânica): uma faixa com polaridade normal e a
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faixa adjacente com polaridade invertida. O teste padrão total, definido por estas
faixas alternadas de rocha magnetizada com polarização normal e inversa, tornou-se
conhecido como o “listado” magnético.

A descoberta do “listado” magnético alertou, naturalmente, para mais perguntas: como


se forma o teste padrão magnético do “listado”? E por que são as faixas simétricas em
torno das cristas ou dorsais médio-oceânicos? Estas perguntas não poderiam ser
respondidas sem se saber o significado destas dorsais. Em 1961, os cientistas
começaram a teorizar sobre a estrutura das zonas das dorsais da crista médio-
oceânica onde o fundo oceânico era rasgado em dois, longitudinalmente, ao longo da
crista. O magma novo, proveniente de grandes profundidades da terra, subia
facilmente, ao longo destas zonas de fraqueza, e era expelido ao longo da crista,
criando uma crosta oceânica nova. Este processo, operado durante muitos milhões e
anos construiu o sistema de 50.000 quilômetros ao longo das cristas ou dorsais médio-
oceânicos. Esta hipótese era suportada por diversas linhas da evidência: (1) junto da
crista, as rochas são muito novas, e tornam-se progressivamente mais velhas quando
afastadas da crista; (2) a rocha, mais nova, junto à crista, tem sempre uma polaridade
(normal) atual; e (3) as “listas” das rochas paralelas e simétricas à crista alternam na
polaridade magnética (normal-invertida-normal, etc.), sugerindo que o campo
magnético da terra se inverteu muitas vezes.
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A evidência adicional da expansão do fundo oceânico veio de uma fonte inesperada, a


exploração do petróleo ao longo das margens continentais, nas plataformas marinhas.
Quando as idades das amostras foram determinadas por métodos de datação
paleontológica e isotópica (datação radiométrica - "absoluta"- ver apostila de Tempo
geiológico), forneceram a evidência que faltava para provar a hipótese da expansão dos
fundos oceânicos. Uma conseqüência profunda da expansão dos fundos oceânicos seria
que a nova crosta oceânica, sendo, continuamente, criada ao longo das cristas oceânicas,
implicava um grande aumento no tamanho da terra desde a sua formação. A maioria
dos geólogos sabe que a terra mudou pouco no tamanho desde sua formação há 4,6
bilhões de anos, levantando uma pergunta chave: como pode a nova crosta oceânica
ser adicionada, continuamente, ao longo das cristas oceânicas sem aumentar o tamanho
da terra? Esta pergunta intrigou, particularmente, Harry H. Hess e Robert S. Dietz. Hess
formulou o raciocínio seguinte: se a crosta oceânica se expandia ao longo das cristas
oceânicas, ela tinha de ser "consumida" noutros lugares da terra. Deste modo,
sugeriu que a nova crosta oceânica espalhou-se, continuamente, afastada das cristas,
segundo um movimento de transporte do tipo "correia". Milhões de anos mais tarde, a
crosta oceânica desce, eventualmente, nas fossas oceânicas, onde seria "consumida".
De acordo com Hess, enquanto o Oceano Atlântico estava a expandir-se o Oceano
Pacífico estava a contrair-se. Assim, as idéias de Hess, davam uma explicação clara
porque a terra não aumentava de tamanho.

Durante o século 20, os cientistas chegaram à conclusão que os sismos (tremores de


terra) tendem a concentrar-se em determinadas áreas, ao longo das fossas e das cristas
oceânicas. Os sismologistas começaram a identificar diversas zonas proeminentes dos
tremores de terra. Estas zonas tornaram-se, mais tarde, conhecidas como zonas de
Wadati-Benioff, ou simplesmente zonas de Benioff. Os dados permitiram que os
sismologistas traçassem com precisão as zonas de concentração dos sismos de todo o
planeta Terra.
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Mapa mostrando a concentração dos terremotos ao longo de zonas, estreitas e muito


específicas (cristas e fossas), assinaladas por pontos e áreas tracejadas.

Mas qual era o significado da relação entre os sismos e as fossas e cristas oceânicas?
O reconhecimento de tal conexão ajudou a confirmar a hipótese da expansão-consumo
da crosta oceânica, localizando as zonas onde Hess tinha previsto que a crosta oceânica
estava a ser gerada (ao longo das cristas) e as zonas aonde a litosfera se afunda para
dentro do manto (abaixo das fossas). São zonas onde se geram e libertam quantidades
de energia muito elevadas.

Os cientistas têm, agora, uma compreensão razoavelmente boa de como as placas se


movem, e de como tais movimentos se relacionam com a atividade sísmica. Grande
parte do movimento ocorre ao longo das zonas estreitas entre placas, onde os resultados
das forças tectônicas são mais que evidentes.
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Placas Tectônicas

Esquema mostrando um mecanismo de transporte das placas. Por exemplo, o calor


radioativo acumulado no interior da Terra e não completamente dissipado pelo
vulcanismo será suficiente para aquecer as camadas do manto e gerar correntes de
convecção térmica ascendentes, semelhantes às que se formam com a água a ferver, que
transportam as placas por arrastamento ("efeito de correia").

Esquema de seção do globo terrestre, mostrando, noutra perspectiva o mecanismo do


movimento das placas ("Tração da placa") por efeito de correntes de convecção térmica.
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Há quatro tipos de limites de placa:


placa
· Limites divergentes -- onde a nova crosta é gerada,
gerada enquanto as placas são
"empurradas" afastando-se.
· Limites convergentes -- onde a crosta é destruída,
destruída enquanto uma placa
"mergulha" sob outra.
· Limites transformantes -- onde a crosta nem está a ser produzida nem a ser
destruída,
destruída enquanto as placas deslizam horizontalmente uma em relação à
outra.
· Zonas dos limites entre placas -- as largas bandas em que os limites entre
placas não estão bem definidos,
definidos e os efeitos da interação das placas não são
claros.
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Modelo esquemático da representação dos limites das placas, bem como dos principais
aspectos determinantes da tectônica das placas. É notável a ligação entre a atividade
vulcânica e as placas oceânicas e continentais, particularmente nos limites das placas.
Deste modo, podemos falar em vulcanismo de subducção resultante do choque de
placas oceânicas, originando, por exemplo, os arcos insulares ativos, e do choque de
uma placa oceânica com uma placa continental, originando a formação de cadeias
montanhosas costeiras com atividade vulcânica (limites convergentes); vulcanismo no
interior das placas oceânicas, o vulcanismo associado aos pontos quentes, o qual resulta
da ascensão de plumas de material sobre aquecido nos níveis mais profundos do manto;
vulcanismo de crista oceânica em expansão, originando a libertação do magma com
formação de nova crosta oceânica (limites divergentes); no interior das placas
continentais, a formação de riftes continentais precursores de cristas médio-oceânicas
explica a existência de vulcanismo em locais afastados do limite das placas.
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Modelo de placas Modelo de placas

de limites convergentes, de limites transformantes,

mostrando o movimento mostrando o movimento relativo

relativo das placas. das placas.

Em princípio os interiores das placas são geologicamente calmos. Existem, contudo,


algumas exceções. Por exemplo, uma observação a um mapa do oceano Pacífico revela
muitas ilhas na placa pacífica, afastadas dos seus limites. Todas elas são ou foram
vulcões, isto é, tiveram origem no vulcanismo do fundo do mar. As ilhas do Havai são
um exemplo típico, formando um arquipélago alinhado. A datação de lavas da cadeia
havaiana (e outras) mostrou que as suas idades aumentam à medida que nos
afastamos do vulcão atualmente ativo.

Esquema mostrando uma secção (a) e um plano (b) de parte da placa pacífica,
na região da cadeia havaiana. Observa-se o ponto quente estático dando
origem a novas ilhas (Hawai-vulcanismo ativo). As ilhas mais velhas,
vulcanismo extinto (inativo), foram arrastadas pela placa pacífica, na direção
Noroeste, sendo a mais velha a ilha de Kauai.
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Bloco diagrama mostrando o mecanismo de formação da cadeia havaiana, constituída


por ilhas vulcânicas assentes na placa pacífica e longe dos limites desta.

A maior parte dos vulcões que surgem no interior das placas serão criados por pontos de
erupção, fontes fixas de material vulcânico (magma) que se erguem das profundezas do
manto. À sua expressão atual, como no Havai, chamamos pontos quentes (Hot Spots).
A maior parte dos grandes vulcões ativos no interior das placas apresenta um rasto de
vulcões extintos cada vez mais velhos que assinala o percurso da placa litosférica sobre
o ponto de erupção. Os pontos quentes parecem ter origem a grande profundidade,
talvez até nos limites entre o núcleo e o manto; muitos deles estão ativos há muito
tempo. Os vulcões mais antigos originados pelo ponto havaiano têm idades próximas
dos 80 milhões de anos.

Os limites divergentes ocorrem ao longo das placas que estão em movimento de


separação (afastamento; divergente) e a nova crosta é criada pelo magma que se eleva
do manto. A imagem, é a de duas "correias" gigantes transportadoras, semelhantes a
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tapetes rolantes, enfrentando-se mas movendo-se, lentamente, em sentidos opostos


transportando a crosta oceânica recentemente formada a partir da crista oceânica.
Talvez, os limites divergentes melhor conhecidos sejam os da crista oceânica Médio-
Atlântica (Meso-Atlântica). Esta gigantesca montanha submersa estende-se desde o
Oceano Ártico até ao extremo sul de África. A velocidade de expansão (afastamento)
das placas ao longo da crista oceânica Médio-Atlântica é de aproximadamente 2,5
centímetros por ano (cm/ano), ou de 25 quilômetros num milhão de anos. Esta
velocidade de expansão pode parecer lenta para os padrões humanos, mas porque este
processo teve a sua origem há cerca de 200 milhões de anos, resultou num afastamento
das placas da ordem dos milhares de quilômetros. A expansão do fundo oceânico ao
longo dos 200 milhões de anos passados fez com que o Oceano Atlântico crescesse a
partir de uma minúscula entrada de água, entre os continentes da Europa, África e das
Américas, dando origem ao vasto oceano que hoje existe. A Islândia é um país
vulcânico, que está sobre a dorsal Médio-Atlântica, oferecendo aos cientistas um
laboratório natural para estudarem, em terra, os processos que ocorrem ao longo das
partes submersas de uma crista médio-oceânica. A Islândia está a abrir ao longo do
centro, expandindo-se entre as placas Norte-Americana e Euro-Asiática, dado que a
América do Norte está em movimento para Oeste relativamente a Euro-Ásia.

Já anteriormente foi referido que o tamanho da terra não mudou significativamente


durante os últimos 600 milhões de anos, e muito provavelmente logo após sua formação
há 4,6 bilhões de anos. O tamanho da terra, praticamente constante desde a sua
formação, implica que a crosta tem de ser destruída segundo uma velocidade mais ou
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menos idêntica à que está a ser criada. Tal destruição (reciclagem) da crosta ocorre ao
longo dos limites convergentes das placas que se movem uma contra a outra. Uma placa
afunda-se (subducção) sob a outra. A região onde uma placa mergulha por baixo de
outra é chamada zona de subducção. O tipo de convergência -- chamada por alguns uma
" colisão muito lenta " -- que ocorre entre placas depende do tipo de litosfera envolvido.
A convergência pode ocorrer entre uma placa oceânica e uma continental, entre duas
placas oceânicas, ou entre duas placas continentais.

A zona entre duas placas que deslizam horizontalmente, uma em relação à outra, é
chamada um limite de falha transformante, ou simplesmente um limite transformante. O
conceito de falhas transformantes foi proposto pelo geofísico canadense J. Tuzo Wilson,
tendo determinado que estas falhas ou grandes zonas de fratura ligam dois centros de
expansão (limites divergentes de placas) ou, menos freqüentemente, centros de
destruição, as fossas (limites convergentes de placas). A maioria das falhas
transformantes são encontrados no fundo oceânico. Deslocam, geralmente, as dorsais
ativas (em expansão), originando margens da placa em "zig-zag". Aqui, têm origem,
geralmente, os tremores de terra de baixa profundidade, também designados sismos
rasos. Algumas falhas transformantes ocorrem nos continentes, por exemplo, a zona de
falha de Santo André (San Andreas) na Califórnia e a falha Alpina na Nova Zelândia.
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Nem todos os limites das placas são tão simples quanto os tipos principais discutidos
acima. Em algumas regiões da terra, os limites não estão bem definidos porque a
deformação da placa em movimento que ali ocorre estende-se sobre uma larga
região (chamada uma zona do limite entre placas). Uma destas zonas marca a região
Mediterrânica-Alpina entre as placas Euro-Asiática e Africana, na qual diversos
fragmentos menores das placas (microplacas) foram reconhecidos. Porque as zonas dos
limites entre placas envolvem pelo menos duas grandes placas e uma ou mais
microplacas, tendem a ter estruturas complicadas.
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Mapa mostrando as principais placas da Terra e as respectivas designações, bem como o


traçado das cristas e fossas mais importantes. As direções dos grandes movimentos
relativos das respectivas placas estão indicadas com setas azuis.

Hoje é possível medir, com precisão, a velocidade de expansão e de subducção das


placas. Mas, como é que os cientistas podem saber quais foram às velocidades do
movimento das placas ao longo do tempo geológico? Os oceanos guardam uma das
chaves do enigma. Porque o listado magnético dos fundos oceânicos grava as inversões
do campo magnético terrestre tal como já foi referido anteriormente, e os cientistas
sabendo a duração aproximada de uma inversão, podem calcular a velocidade média do
movimento da placa durante uma dada extensão de tempo. Estas velocidades médias de
afastamentos (cristas ou dorsais) e desaparecimentos (fossas-zonas de subducção) das
placas podem variar muito, como é visível nos exemplos atuais apresentados no mapa
representado em baixo.
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Mapa mais pormenorizado. As setas negras indicam o movimento relativo das placas,
limites divergentes setas de sentido contrário e limites convergentes setas com o mesmo
sentido, encontrando-se junto a elas os valores das velocidades médias relativas das
respectivas placas.
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Formação das Montanhas

As montanhas são formas de relevo da superfície da Terra que, normalmente, se elevam


para um topo estreito em forma de cume, originando escarpas. São vastas elevações e
depressões. Podem apresentar-se segundo extensos alinhamentos de relevo, ou sob a
forma de Montanhas Isoladas, estas normalmente associadas a fenômenos vulcânicos.
Vamos procurar dar algumas explicações, tendo sempre em conta o conhecimento atual,
para a formação das montanhas. Na Terra os extensos alinhamentos de relevo que
cruzam oceanos e continentes têm uma origem, direta ou indiretamente, ligada ao
movimento das grandes placas litosféricas terrestres. Dentre estas estruturas, as cadeias
de montanhas são as que melhor se conhecem e as que, com certeza, foram objeto das
mais antigas investigações científicas. Vejamos a figura, abaixo, que nos mostra as
cadeias de montanhas continentais dos Andes, Montanhas Rochosas, Apalaches, Atlas,
Pirinéus, Alpes, Cárpatos e os Himalaias.

Mapa mundi mostrando


mostrando as grandes cadeias de montanhas continentais e o respectivo
alinhamento.
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As montanhas formam-se através de diversos processos geológicos. Assim, podemos


considerar quatro tipos diferentes de montanhas: vulcânicas, erodidas, falhadas, e
dobradas.

Montanhas vulcânicas, também conhecidas como vulcões. Apresentam, na maioria


dos casos, uma parte emersa que por sua vez faz parte de uma sucessão de grandes
vulcões. Uma região com uma sucessão de vulcões é o Havai. O Mauna Kea (4.205 m)
é um exemplo típico de uma montanha vulcânica.

Mauna Kea (4.205 m), montanha vulcânica do Havai.


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Arco de Fogo do Pacífico, mostrando algumas montanhas vulcânicas, entre elas a


Mauna Kea do Havai.

Kilimanjaro (6.000 m), imponente montanha vulcânica, situada na Região dos Grandes
Lagos, na África Oriental.
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Montanhas erodidas são formadas pelo fenômeno da erosão (vide apostila de rochas –
Rochas sedimentares). As águas, os ventos, as variações de temperatura e os seres vivos
causam o desgaste das rochas. Em simultâneo dá-se o fenômeno do transporte dos
materiais desagregados. Quando existem, na mesma região, rochas resistentes à erosão e
rochas facilmente erodidas, dá-se o fenômeno de erosão diferencial, acontecendo que as
rochas resistentes à erosão acabam por formar um grande relevo terrestre, isto é, uma
montanha. O Cume Do Lança (4,301 m) é um exemplo de uma montanha erodida. O
Cume Do Lança é uma grande massa de granito que tem resistido à erosão de milhões
de anos.

O Cume Do Lança (4.301 m) é uma grande massa de granito, situada nas Montanhas
Rochosas, na parte Ocidental da América do Norte.

Na região do Oeste da América do Norte, ocupada pelas Montanhas Rochosas encontra-


se o Grand Canyon, representado na fotografia. Existe uma grande variedade de rochas,
sobretudo arenitos, argilítos e calcários, com Idades que vão desde o Cambriano até o
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Permiano. É notável, neste exemplo, o efeito da erosão diferencial, originando vertentes


abruptas ou suaves.

Montanhas de falha são formadas pela vertical criada ao longo de grandes planos de
falha, originando grandes massas de blocos escarpados. Este tipo de montanhas é
comum nos Estados Unidos Ocidentais, tal como acontece na Serra Nevada. Vales de
falha são também formados desta maneira.

Pico Dogtooth (3.139 m) localizado na Serra Nevada, na América do Norte.

Pico Olancha (3.695 m) localizado na Serra Nevada, na América do Norte.


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Montanhas dobradas são as mais típicas e freqüentes, razão porque, a seguir, iremos
examinar, com algum pormenor, a formação destas montanhas. Foram originadas pelo
lento movimento das placas litosféricas convergentes, isto é, colisões entre massas
continentais ao longo do Tempo Geológico unindo-as e originando cadeias
montanhosas. As fotografias abaixo são exemplos de montanhas dobradas.

Himalais. Uma extensa cordilheira, com o seu Monte Evereste (8.848 m), situada no Sul
da Ásia. Esta é a região mais elevada da Terra.

Alpes franceses, com o seu Monte Branco (4.807 m).


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Orogenia é o termo que os geólogos usam para denominar o processo de formação das
cinturas de montanhas dobradas, mais vulgarmente conhecidas como cadeias de
montanhas. 0 termo Orogenia foi utilizado, pela primeira vez por G. K. Gilbert, em
1890, para descrever o processo de edificação de montanhas. Gilbert utilizou-o, tendo
no pensamento cadeias bem familiares, como as das Montanhas Rochosas ou os Alpes,
que freqüentemente se denominam de cinturas de montanhas dobradas (ou orogênicas),
na medida em que tais montanhas são constituídas por rochas dobradas como resultado
da compressão da crosta. As cadeias de montanhas com rochas dobradas, assim como os
arcos insulares e as fossas oceânicas desenvolvem-se onde há a convergência de placas
crustais. A verdade é que tal não era possível porque não existe crosta oceânica com
mais de 200 milhões de anos. Isto, porque como sabemos a crosta oceânica é
consumida, onde os Limites (Margens) das placas oceânicas deslizam para debaixo dos
continentes limítrofes, para então descer para as profundezas do manto e serem
digeridos nas zonas internas e quentes da Terra.

A região sublinhada a negro, mostra as cinturas montanhosas que se estendem desde o


Noroeste de África até aos Himalaias e à Indonésia. As setas indicam a direcção de
deslocamento, de parte dos continentes da antiga Gondwana e que colidiram com a
Europa e a Ásia, originando as grandes cadeias montanhosas dobradas dos Atlas,
Pirinéus, Alpes, Cárpatos e Himalaias.
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Agora, vamos fazer uma pequena introdução para ficarmos com algumas noções muito
elementares sobre um dos domínios da Geologia, a Geologia Estrutural, a fim de
compreendermos um pouco melhor a formação das cadeias montanhosas dobradas.
Esta consiste no estudo e análise da história de uma rocha tal como fica registrada na
sua geometria, isto é, a sua posição espacial, absoluta e relativa. Este domínio faz parte
de uma matéria mais ampla, no que concerne à deformação da crosta terrestre
provocada pelos movimentos e forças causadores da alteração da disposição ou arranjo
que as rochas possuíam inicialmente, o qual se designa por Tectônica. Sempre que uma
rocha é submetida a pressões muito elevadas, pode dobrar-se ou fraturar-se. Daí
resultam as dobras e fraturas (falhas quando os blocos sofrem deslocamentos relativos).
O tipo de estrutura resultante depende das propriedades físicas das rochas e do meio em
que se produzem as deformações. Dobras são estruturas cujas superfícies primárias de
referência ficaram abauladas, curvadas ou alteradas sem perca de continuidade. Há
vários tipos de dobras. Por exemplo, de acordo com a geometria podemos distinguir três
variedades de dobras: anticlinais (dobras cujos lados ou flancos inclinam-se em
sentidos divergentes), sinclinais (dobras cujos flancos inclinam-se em sentidos
convergentes) e monoclinais (consistem numa flexão, em que as camadas mais ou
menos horizontais, assumem, localmente, uma inclinação em determinada direção). Há
dobras de escala microscópica até dobras com dezenas e centenas de quilômetros. Uma
dobra raras vezes se encontra isolada, e quase todas elas contribuem para a constituição
de um Sistema de Dobras. Os sistemas de dobras mais extensos e espetaculares
desenvolveram-se nas chamadas cinturas de montanhas dobradas ou orogênicas.

Fotografia mostrando dobras associadas em Anticlinal=A (flancos=fl inclinam-se em


sentidos divergentes - ver setas) e Sinclinal=S (flancos=fl inclinam-se em sentidos
convergentes - ver setas).
31

Fotografia mostrando uma dobra deitada.

Fotografia mostrando uma dobra deitada, entre as duas setas.


32

Fotografia mostrando pequenas dobras em quartzitos intercalados por xistos.

Fotografia mostrando pequenas dobras (observar a escala) em grauvacas alternando com


xistos.
33

Falhas são fraturas mediante as quais as rochas se deslocam, de forma que perdem a sua
continuidade original. Existe um movimento relativo, em qualquer direção, dos blocos
de rochas, ao longo do plano de falha (a superfície de fratura ao longo da qual teve lugar
o movimento relativo). Existem várias classificações para as falhas. Por exemplo, numa
classificação segundo os movimentos relativos dos blocos, vamos considerar dois tipos
de falhas, sabendo que existem muitas mais: falha normal é aquela em que os blocos
rochosos se deslocaram, um em relação ao outro, segundo a inclinação do plano de
falha; falha inversa é aquela em que um bloco (chamado teto) se desloca em sentido
ascendente sobre o plano de falha, relativamente ao bloco rochoso chamado muro.

falha=F--F1) associada a
Fotografia mostrando uma falha (traço do plano de falha=F

dobras do tipo anticlinal=DA e sinclinal=DS.


34

Fotografia mostrando falhas (F) conjugadas em siltitos gresosos alternando com siltitos
argilo-carbonosos. PF=traço do plano de falha.

Fotografia mostrando uma falha (traço do plano de falha=F-F1) associada a dobras.


DA=dobra em anticlinal.
35

Cadeia Montanhosa dos Himalaias

Fotografia parcial da Cadeia Montanhosa dos Himalaias.

Bloco diagrama simplificado mostrando a colisão entre duas placas continentais


convergentes.

Mapa esquemático mostrando as macroplacas envolvidas na formação dos


Himalaias.
36

Reconstrução paleogeográfica da Terra durante o Cretáceo, há cerca de 100 M.A.. O


Cimmeridian Superterrane deve ter sido "acrescentado" à Mega Laurásia. A crosta
oceânica ao Norte do Oceano Neotethys estará em subducção ao longo do arco
vulcânico de Dras. Abriu-se o oceano de Shigatze, como consequência do rifte e
consequente expansão do fundo oceânico. A Índia deverá ter estado separada de
África e E. Gondwana. Abriu-se o Oceano Índico. A posição da atual região de
Zanskar, nos Himalaias, é mostrada por uma estrela negra.
37

A figura mostra, de forma esquemática, o deslocamento, para Norte, do "Continente


Indiano", desde há 71 M.A. até à atualidade. De salientar a rotação anti-horária,
simultânea com a deslocação, do "Continente Indiano", o qual prossegue atualmente. A
colisão do "Continente Indiano" com a Eurásia ocorreu há aproximadamente 55 M.A..
A posição de Zanskar é mostrada por uma estrela negra.

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