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LIGIA BRUM MOTTA

APRIMORAMENTO VOCAL NA TERCEIRA IDADE

Monografia apresentada ao CEFAC –


Centro de Especialização em
Fonoaudiologia Clínica para a
Obtenção do Certificado de Conclusão
do Curso de Especialização em Voz.

PORTO ALEGRE – RS
1999
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – VOZ.

COORDENADOR: Prof. Dra. Silvia Maria Rebelo Pinho. Mestre e Doutora pela
UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, Especialista em Voz e Coordenadora dos
Cursos de Especialização em Voz do CEFAC.

ORIENTADOR CIENTÍFICA: Prof. Dra. Silvia Maria Rebelo Pinho

ORIENTADOR METODOLÓGICO: Prof. Maria Helena U. Caetano. Mestre pela


UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, Especialista em Audiologia e Doutoranda
em Ciências na Área de Fisiopatologia Experimental da Faculdade de Medicina da
USP.
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“ era daquela casta de mulheres que


o tempo, como escultor vagaroso,
não acaba logo, e vai polindo ao
passar dos anos”
(Personagem Sofia, de Quincas
Borba, Machado de Assis).
4

Dedico este trabalho ao meu querido


pai, por me ensinar que “a vida pode
ser um mar de rosas”.
5

AGRADECIMENTOS

À Dra. Irene Marchesan e Dr. Jaime Zorzi pela confiança e oportunidade


de coordenar o CEFAC no Rio Grande do Sul.

À Dra. Silvia Rebelo Pinho pela grande sabedoria e sensibilidade em


ensinar, pelo seu carinho, dedicação e grande amizade.

A todos os professores que passaram seus conhecimentos com tanto


profissionalismo e disponibilidade.

Às colegas de classe pela troca, apoio e amizade.

Ao Dr. Nédio Stefen pela contribuição valiosa no meu conhecimento


profissional.

À ULBRATI pela oportunidade de desenvolver junto à ULBRA o trabalho


de “Aprimoramento Vocal com um Grupo da Terceira Idade” .

À Luciane Motta Soares pela competência, seriedade, disponibilidade e


carinho.

Em especial, aos meus queridos Ewerton, Jonathas e Gabriel pelo amor,


carinho e compreensão.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................07

LITERATURA..................................................................................................11

DISCUSSÃO...................................................................................................31

CONCLUSÃO..................................................................................................48

RESUMO.........................................................................................................50

SUMMARY......................................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................52

OBRAS CONSULTADAS................................................................................59
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INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um fato universal, comum a todos os seres vivos sendo


considerada uma etapa natural do desenvolvimento que ocorre com modificações
gradativas de eventos fisiológicos, caracterizando uma degeneração psicofísica do
ser humano.

As principais teorias de envelhecimento situam-se na análise das proteínas -


substâncias básicas na estrutura das células e conseqüentemente do organismo. As
proteínas são constituídas de elementos denominados aminoácidos que carregam
dentro de si as informações genéticas próprias de cada um, isto é, nosso patrimônio
genético.

O processo de envelhecimento é um processo ativo sendo, de certa maneira,


imposto pelo próprio organismo segundo um programa localizado dentro de nosso
patrimônio genético e que também recebe influência do meio externo.

A passagem da infância para a idade adulta é considerada um processo de


amadurecimento que pode ocorrer de diversas maneiras. Ao chegarmos à Terceira
Idade carregamos todas as características mais importantes deste processo de
amadurecimento que evidentemente varia para cada um de nós. O termo Terceira
Idade é preferido por estudiosos, pois sugere a idéia de uma passagem natural, que
segue a Segunda Idade, diminuindo os aspectos negativos mal interpretados da
palavra velho.

Alguns autores relacionaram somente a aspectos cronológicos, considerando


como idoso a partir dos 65 anos (MISHARA, RIEDEL, 1984 ), outros analisam a
aspectos biológicos, apontando como um estágio de declínio de várias funções
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(MEIRE, 1992), e há ainda os que consideraram o processo uma doença que


requeira tratamento.

Existe uma clara tendência indicando o aumento progressivo da população de


idosos nas próximas décadas. Estima-se que até o ano 2025 ocorrerá um aumento
de 30% na população de idosos do Primeiro Mundo o que representará cerca de
25% da população de adultos.

Há 50 anos a expectativa de vida de um brasileiro era de 43 anos. Hoje esta


expectativa está em torno de 68 anos, sendo que para o século 21 deverá chegar a
73 anos. Segundo pesquisas, o Brasil deverá ter a sexta população mais idosa do
planeta na próxima década.

O envelhecimento é uma preocupação constante do homem em todos os


tempos. Em nossa sociedade, o homem ainda rejeita o envelhecimento, não se
conformando com sua evidência. Imortalidade e a eterna juventude são sonhos
místicos do homem. A procura da fonte da juventude é assunto nos mais antigos
escritos. A mitologia está repleta de seres imortais e a Bíblia cita com freqüência
seres de grande longevidade.

Na sociedade moderna, a Terceira Idade deve estar associada à felicidade,


experiência e sabedoria. O objetivo primeiro de uma comunidade atual é a qualidade
de vida, o reconhecimento da importância da população de idosos é o índice de
qualidade, o que justifica cada vez mais o direcionamento de estudos na área da
Gereontologia.

A efetividade da comunicação permite ao indivíduo partilhar com o meio social


suas idéias, pensamentos, desejos, sentimentos e aspirações. Devemos reafirmar
que um dos principais fatores que assegura uma boa qualidade de vida ao idoso é o
relacionamento social que depende de um adequado processo de comunicação o
que está intimamente ligado à audição e a sua voz.
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A voz humana sofre modificações durante todo o período de vida. Os pacientes


idosos podem apresentar distúrbio da voz devido aos mesmos fatores etiológicos
que afetam todos os grupos de idade, entretanto algumas modificações vocais
fazem parte do processo normal do envelhecimento do ser humano e não devem ser
consideradas como transtornos.
Os homens de idade avançada têm uma tendência a apresentar uma voz mais
aguda e de tom mais alto que a que tinha quando mais jovem e nas mulheres a voz
pode tornar-se mais grave com o avançar da idade. Torna-se difícil precisar até onde
estas mudanças ocorrem para que se considerem normais. Ajustes musculares
compensatórios a alterações estruturais pertinentes ao avanço da idade podem
ocasionar sobrecarga ao aparato vocal gerando manifestações orgânicas
secundárias.

Outros exemplos de compensações poderiam ser citados em relação as outras


características do envelhecimento da laringe como em relação ao arqueamento das
pregas vocais, atrofia muscular, elasticidade dos tecidos , diminuição da capacidade
vital que também podem levar esses indivíduos a realizarem compensações e
conseqüentemente comprometimentos vocais.

De forma análoga, podemos diferenciar desequilíbrios do sistema


neuromuscular da laringe relacionados aos processos patológicos de carácter
neurológicos degenerativos, aos psicopatológicos, às enfermidades sistêmicas e
enfermidades orgânicas, ao reflexo gastro-esofágico e às alterações iatrogênicas
que mais objetivamente podem inferir em padrões vocais compensatórios
determinando comportamentos vocais inadequados.

Na avaliação dos problemas relacionados à senescência vocal, o


otorrinolaringologista deve se preocupar não somente com aspectos relativos à
função da laringe, como também a outros fatores como os relacionados à audição,
ao grau de alerta mental, aos distúrbios de movimentos, às disfagias e às
anormalidades músculos esqueléticas e posturais relacionadas com a voz, o que
possibilita, junto à avaliação dos aspectos perceptivos e funcionais realizado pelo
fonoaudiólogo, traçar de forma adequada e específica um plano de tratamento que
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poderá estar centrado em reduzir o uso muscular inadequado, produzido pelo


paciente, com a intenção de compensar as modificações que tenham ocorrido, como
também desenvolver aspectos terapêuticos amplos e intensivos, baseado na
condição da plasticidade neural que possibilita conseqüentemente uma condição de
plasticidade vocal, concretizando a atuação do trabalho fonoaudiológico junto aos
processos vocais patológicos.

Na experiência do exercício da profissão da Fonoaudiologia, tanto nas


atividades relacionadas à prática clínica, à realidade hospitalar e à vivência
acadêmica na Universidade, podemos sentir de forma marcante o número crescente
de pessoas e grupos organizados representando a população idosa que busca o
profissional especializado na área da voz, para tratarem os problemas que já se
manifestam, tanto relativos à limitação da eficiência na sua comunicação, como
também na preservação de problemas inerentes ao envelhecimento vocal, como os
casos dos profissionais da voz.

Esse estudo busca aprofundar a importância da Fonoaudiologia na


compreensão da voz do idoso, maximizando a função vocal, através dos recursos de
tratamento e aprimoramento vocal, contribuindo para a numerosa população de
idosos do próximo milênio com uma melhor qualidade de vida e participação ativa e
integrada na sociedade moderna.
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LITERATURA

Os estudos estatísticos apontam para o final do séc.XX um aumento


significativo de uma população com mais de 60 anos no mundo. Observamos um
grande interesse em todas as especialidades no estudo da Gereontologia.

A Fonoaudiologia busca aprofundar seus conhecimentos nesta área,


principalmente no que se relaciona com a compreensão da voz do idoso e com a
chamada senilidade vocal.

Identificamos senescência quando descrevemos o processo normal de


envelhecimento no homem e a senilidade à condição patológica (GREENE, 1989).
Cada espécie de ser vivo tem seu próprio modo de envelhecer; as mudanças
associadas à idade são altamente específicas, não só para cada um de nós, mas
para cada um de nossos órgãos. O ser humano apresenta um processo de
desenvolvimento até os vinte e cinco anos, através do qual atinge o ápice de suas
funções. Esse processo dá lugar a uma série de alterações que têm início em torno
dos 25-30 anos e vão ganhando mais velocidade a partir dos 40 - o processo do
envelhecimento (RIBEIRO, 1999).

Podemos identificar esse processo de envelhecimento como sendo


progressivo e degenerativo, caracterizado por menor eficiência funcional, com
enfraquecimento dos mecanismos de defesa frente às variações ambientais e perda
das reservas funcionais, não sendo determinado por fatores ambientais, mas
podendo ser influenciados por eles, distinguindo-se das doenças e patologias que
são muitas vezes reversíveis e não observadas de forma homogênea em todas as
pessoas.
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A idade cronológica não está diretamente correlacionada à idade biológica, e


para sabê-la seria necessário medir algo que mudasse em função do passar dos
anos. Não existe uma forma de medição possível que determine a idade biológica
dos seres humanos e da maior parte dos outros animais (HAYFLICK, 1996) .

Apesar de haver, entretanto, vastas diferenças individuais na velocidade e na


extensão do envelhecimento, algumas características serão manifestadas por todos
que envelhecem. Estrutura corporal, textura da pele, andar e nível de agilidade
estão entre os sinais que visualmente fazem reconhecer uma pessoa envelhecida
(MEYERSON, 1976).

No estudo clássico de WELFORD (1951) podemos referir que a característica


da coordenação motora, identificada como redução na velocidade dos movimentos,
é uma das características mais relevantes do envelhecimento. Estudos realizados
mais adiante relacionaram essa redução aos aspectos do sistema nervoso e não
simplesmente a uma redução do sistema muscular (BIRREN,1964; WELFORD,
BIRREN,1965; ANDRES,1976).

As alterações que são apontadas pelos pesquisadores como mais freqüentes


do envelhecimento estão relacionadas aos parâmetros de acurácia, velocidade,
resistência, estabilidade, força e coordenação motora. Também evidentes alterações
na capacidade respiratória, no batimento cardíaco e na condução nervosa
(BEHLAU,1999).

Outras características pertinentes ao envelhecimento são referidas na


literatura, como diminuição da força (STREHLER,1962) e da massa muscular
(BIERMAN, HAZZARD, 1973);redução na acuidade sensória (BIERMAN,
HAZZARD,1973); e aumento no tempo de reação motora
(BOTWICK,THOMPSON,1974).

Tem sido de grande interesse para a gereontologia social as atitudes para com
as pessoas idosas. As investigações sociolingüísticas (LAMBERT,1967; SHUY,
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FASOL,1973) demonstraram que os ouvintes podem com segurança e exatidão


identificar características como etnias, região de origem, classe social , nível de
escolaridade e traços de personalidade do falante através do seu estilo de fala.

O avanço da idade produz mudanças fisiológicas que podem alterar a voz.


Algumas dessas mudanças podem ser inevitáveis, outras podem ser evitadas ou
reversíveis (SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW, SPIEGEL, 1997).

A idade pode ser estimada com bastante precisão escutando a voz e a fala de
um indivíduo. Os processos críticos de comunicação - respiração, fonação,
articulação, linguagem e audição - são descritos em termos de mudanças biológicas
antecipadas de tecidos com a idade e o efeito dessas mudanças no processo da
fala (MEYERSON,1976). Existem muitos estudos que procuram apontar
características típicas que identifiquem a voz em processo de envelhecimento,
sendo apontado como uma dificuldade a grande variabilidade (cronológica e
fisiológica) entre a população em envelhecimento.

PTACEK & SANDER (1966) realizaram um estudo em que 10 estudantes do


curso de Fonoaudiologia testaram suas habilidade de diferenciar vozes de sujeitos
adultos jovens (abaixo de 35 anos) e adultos mais velhos ( acima de 65 anos) . Os
ouvintes diferenciaram as vozes mais jovens das mais velhas com muita precisão,
relatando que seus julgamentos foram baseados na percepção da velocidade,
hesitação, qualidade, quebra de voz, intensidade e vitalidade. Sujeitos idosos
apresentaram uma média mais baixa da velocidade de leitura e maior disfluência,
presença de rouquidão, menor variabilidade de picth predominando um pitch baixo,
loudness diminuído caracterizando menor vitalidade em suas vozes.

Mais tarde um estudo feito pôr SHIPP & HOLLIEN (1969) procurou determinar
o julgamento de idade em falantes masculinos, contribuindo com as impressões de
estimativa correta de idade ouvindo a voz de um falante. Uma investigação posterior
relacionada à freqüência vocal, pelos mesmos autores (1972), indicou um aumento
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do pitch com o avanço da idade e propuseram esse achado relacionado à atrofia


muscular e enrijecimento da mucosa das pregas vocais.

Relacionando o envelhecimento com os aspectos psicológicos manifestados


através da voz , os pesquisadores RYAN & CAPADANO (1978) realizaram um
estudo experimental no qual objetivaram avaliar a habilidade do ouvinte de julgar a
idade de um falante e de medir que extensão os valores de personalidade são
afetados quando a idade é percebida. Obtiveram como resultados que falantes
femininas percebidas como mais velhas foram vistas como mais reservadas,
passivas e inflexíveis que as mais jovens, e que homens, que soavam como mais
velhos, foram identificados como menos inflexíveis que aqueles que soavam mais
jovens. Diferenciaram as vozes que soaram mais velhas quando apresentavam um
pitch baixo, volume mais ameno e menos clara. A voz pareceu mais envelhecida
quando a leitura foi mais vagarosa, com mais autoridade. Considerando os
resultados, o estudo pretendeu fornecer uma abordagem promissora da avaliação
de estereótipos de idade.

Os efeitos da idade na laringe não têm sido tratados com a mesma


profundidade como em outras áreas de nossa especialidade. Muitos trabalhos
publicados na literatura da otorrinolaringologia e fonologia focam mudanças
fonatórias ou histológicas. Doença sistemática, particularmente neurológica é
comum no idoso e manifestações vocais e da laringe dessas desordens
freqüentemente passam despercebidas (MORRISON, HINCKMAN, 1986).

HONJO & ISSHIKI (1980) referiram ser limitado o conhecimento das


características vocais do envelhecimento o que dificulta o julgamento dessas vozes
como normais. Após um estudo realizado em 20 mulheres e 20 homens com uma
idade média de 75 anos, realizada avaliação laringoscópia indireta e avaliação da
qualidade vocal , encontraram mudanças quanto aos aspectos morfológicos, como
edema de prega vocal em 74% das mulheres e 56% em homens; amarelamento ou
descolaração (cinza escuro) das pregas vocais em 39% em homens e 47% em
mulheres, sendo a coloração amarelada a mais freqüente. Atrofia de prega vocal de
67% em homens e 26% em mulheres velhas, sendo observada fenda glótica em
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67% dos homens, menos comum em mulheres, 58%. Sulco vocal foi notado em
cerca de 10% em homens e mulheres.
Quanto ao julgamento perceptivo foi observado menor rigidez e rouquidão na
voz de mulheres. Em relação ao pitch vocal, foi encontrado um pitch mais alto em
homens idosos que em homens jovens, sendo que nas mulheres velhas o pitch
vocal tende a baixar.

Os autores concluíram que o amarelamento e descolaramento observados em


cerca da metade dos sujeitos examinados sugere estar relacionados à degeneração
da gordura ou queratose da membrana da mucosa da laringe. A atrofia da prega
vocal e fenda glótica é pensado ser uma manifestação laríngea de mudanças na
senescência de todo o músculo ou membrana de mucosa. Edema de prega vocal
em mulheres pode estar relacionado com mudanças endócrinas após menopausa.
Referem ainda que a diminuição da massa das pregas vocais é uma das causas da
mudança acentuada do pitch e da leve rigidez e rouquidão nas vozes das mulheres
idosas.

Estudos das cartilagens, da mucosa, do músculo e dos componentes do tecido


conjuntivo da laringe têm permitido um consenso sobre as mudanças esperadas no
envelhecimento normal. A ossificação das cartilagens inicia ao redor dos 25 anos e
se completa ao redor dos 65 anos (PRESSMAN, KELEMAN, 1955). Pequenas ilhas
de cartilagem permanecem na porção central da cartilagem da tiróide em homens, e
em mulheres permanecem cartilagens na porção superior. O cricóide pode ossificar
quase completamente. As aritenóides passa por ossificação do corpo e do processo
muscular permanecendo o apex cartilaginoso. Alguns estudos sugerem que o
processo vocal ossifica, outros sugerem que pode permanecer cartilaginoso
(KAHANE, 1983).

KIRCNHNER (1988) observou existir uma variação considerável na velocidade,


início e grau de ossificação, mas o processo parece ser parte do envelhecimento
normal e não um componente patológico.
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MORRISON e HINCKMAN (1986) determinou que o início do processo


de ossificação das cartilagens é tardio e menos extensivo em mulheres, sendo o
processo todo bastante variável entre indivíduos. Os mesmos autores relataram que
mudanças do tecido conjuntivo são bastante uniformes, mas novamente há
diferenças entre os sexos. Nos homens, as fibras elásticas são em menor número,
fragmentadas e agrupadas. O número absoluto de fibras colágenas decresce após
os 50 anos e as fibras afinam. Elas parecem também separar-se uma das outras e
tornar-se mais onduladas. Em mulheres , a relação de densidade e linearidade é
preservada. Os músculos da laringe mostram um afinamento e um decréscimo da
densidade das fibras, bem como uma fragmentação do septo intramuscular. O
decréscimo da densidade das fibras é também observado nos ligamentos da laringe
e no conus elástico. Essas mudanças são tanto ausentes como mínimas em laringes
femininas similares envelhecidas.

Salientaram ainda que essas mudanças referidas acima tendem a ocorrer


paralelamente umas as outras e são acompanhadas de mudanças na mucosa. As
glândulas mucosas tornam-se atrofiadas e reduzem em número, ficando a
membrana mucosa afinada e atrofiada, podendo ocorrer metaplasia do epitélio. O
tecido subjacente pode estar sujeito à infiltração de gordura e o número de canais
linfáticos fica reduzido.

Mudanças na fonação atribuída ao envelhecimento normal novamente diferem


nos sexos. Pesquisas anteriores acreditavam que a voz masculina mostrava menos
mudanças relacionadas à idade que a feminina, pela ausência do climatério
masculino . Pesquisas subseqüentes revisaram essa opinião.

LUCHSINGER & ARNOLD (1965) apontaram que a mobilidade das juntas em


regularizar as atividades complexas da laringe aparece importante nos vários
ajustamentos necessários para voz normal. A função endócrina também parece ter
relação com certos elementos da produção da voz. Como algumas respostas
hormonais declinam com a idade, a involução da voz tem sido lembrada como um
aspecto que antecede o processo do envelhecimento. Relacionam essa redução
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endócrina e a atrofia do tecido glandular como a causa da diminuição gradual do


pitch na voz feminina e aumento de níveis do pitch no idoso masculino.
MYSAK (1959) estudou filhos de meia idade comparando-os com seus pais e
descobriu um aumento na freqüência fundamental da fala com o avanço da idade,
iniciando na meia idade. HOLLIEN & SHIPP (1972) estudaram homens de 20 a 80
anos, confirmaram essa tendência e referiram que as pregas vocais mostravam-se
mais grossas nas idades de 40 e 50 anos, sendo o aumento da freqüência
fundamental secundário ao afinamento e enrijecimento das pregas vocais.
McCLONE & HOLLIEN (1963) determinaram que a variação de pitch é muito
preservada em mulheres idosas . Num estudo em que examinaram mulheres de até
95 anos de idade, não encontraram redução de níveis de pitch e nem evidencias de
voz senil. PTACEK & SANDER (1966) observaram uma perda na produção do tom
alto em ambos os sexos. KIRCHNER (1988) reconheceu diferenças individuais, mas
disse que geralmente há um declínio da função vocal após os 70 anos e que a
normalidade é reservada por mais tempo em homens do que em mulheres.

Outro aspecto estudado no envelhecimento vocal é a intensidade da voz, o que


se pensa, tradicionalmente, ser uma tendência a diminuir com a idade. PTACEK
(1966) observando o processo de envelhecimento vocal referiu diminuição da
intensidade e na duração das vogais. RYAN ( 1972), usando níveis de pressão de
som medidos acusticamente, determinou que a intensidade vocal aumenta com a
idade. FEIJÓ, ESTRELA & SCALCO (1998) encontraram na população de idosos de
seu estudo uma média de intensidade vocal forte para ambos os sexos, tanto para
fonação sustentada quanto para fala encadeada.

As mudanças que ocorrem na voz com o passar dos anos estão também
relacionadas às mudanças estruturais no tecido vibratório da prega vocal.

Em homens, com o avanço da idade, a membrana da prega vocal diminui, as


fibras elásticas da camada intermediária da lâmina própria atrofiam e as fibras
colágenas da camada profunda da lâmina própria aumentam tornando-se fibrosas. A
camada intermediária torna-se mais fina, enquanto que a camada profunda
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engrossa. Além disso, a espessura da cobertura diminui após os 70 anos. A


cobertura é a camada mais flexível enquanto a camada profunda da mucosa a mais
enrijecida ( HIRANO, KURITA,1985) .

KAHANE (1983) relatou que mudanças estruturais nos ligamentos vocais, nas
camadas intermediárias e profunda da lâmina própria, foram mais evidentes em
homens após os 50 anos.

Em estudos histológicos investigados em 74 laringes de japoneses entre 70 e


104 anos , HIRANO, KURITA & SAKAGUCHI (1989) chegaram à conclusão de que
a prega vocal diminui com a idade, especialmente após os 70 anos, sendo mais
marcante em homens; a espessura de toda a mucosa da prega vocal tende a
aumentar após os 70 anos nas mulheres. Já nos homens, essa tendência foi
encontrada até os 70 anos, mostrando uma diminuição após essa idade , em muitos
casos.

Referiram os autores que o envelhecimento tende a causar edema na camada


superficial da lâmina própria, sendo o grau de edema muito variado de indivíduo
para indivíduo. Em homens a espessura da camada e a densidade das fibras
elásticas tendem a diminuir com a idade, enquanto que em mulheres essa tendência
não foi observada. As fibras elásticas tornaram-se atrofiadas e o contorno da
camada intermediária, que têm normalmente formato de foice, tornou-se mais
deteriorada em homens. Em relação à camada profunda da lâmina própria
observaram que se torna mais grossa em homens, estando isso associado ao
aumento da densidade das fibras colagenosas.

Citaram ainda, os mesmos autores, que achados histológicos variam muito de


indivíduo para indivíduo e que diferenças significantes não foram observadas entre
fumantes e não fumantes. Em jovens adultos as fibras colagenosas correm paralelas
à borda da prega vocal. Na maioria das pessoas idosas, as fibras correm em várias
direções e, em casos extremos, formam o que é chamado de fibrose. Já nas
mulheres as mudanças relacionadas à camada profunda não são marcantes.
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BACH, LEDERER & DINOLT (1941) consideraram insuficientes as mudanças


encontradas nos músculos da laringe para explicar as grandes alterações na laringe
senil e as variações características da voz senil e realizaram um estudo que
buscasse examinar melhor esses músculos, através de secções em série de
músculos de laringes de cinco pacientes bem nutridos, entre 60 e 80 anos, sem
queixas vocais. Os músculos foram divididos em três grupos: adutores, abdutores ou
cricoaritieoideo posteriores e tensores ou cricotireoideo. Apesar de considerarem
uma mostra muito pequena, tiveram como resultados das observações
microscópicas o seguinte: degeneração de gordura, aumento do tecido conjuntivo e
do núcleo do sarcolema, perfurações dos vasos sangüíneos, mudanças no tecido
muscular, glândulas e células de tumor dentro dos músculos. Os autores justificaram
alguns achados relacionando a quadros de doenças que esses pacientes
apresentaram e que foram confirmados posteriormente, e concluíram que em todos
os casos estudados o músculo abdutor da laringe foi mais afetado que os músculos
adutores.

Outro aspecto importante no estudo do envelhecimento vocal está voltado para


o sistema respiratório. Tem sido relatado que o tórax endurece com o avanço da
idade, rendendo-se menos facilmente às forças dos músculos respiratórios. Os
músculos respiratórios enfraquecem (DHAR, SHASTRI , LENORA, 1976) e a perda
da elasticidade das membranas pleurais tem sido observadas (PIERCE,
EBERT,1965). Redução na capacidade respiratória vital foi relatada por alguns
estudiosos (MORSOMME, JAMART, BOUCQUEY, REMACLE,1997).

Mudanças na laringe e na respiração como essas podem alterar a capacidade


funcional do mecanismo do idoso, bem como as características acústicas de sua
voz. Observa-se na literatura muitos estudos que procuram avaliar essas mudanças.
Comparações de tempo máximo de fonação entre mulheres jovens e idosas durante
emissão da vogal sustentada mostraram que as durações foram de 19%- 32%
menores em mulheres mais velhas que em mulheres mais jovens (PTACEK,
SANDERS, MALONEY, JACKSON, 1966). MORSOMME, JAMART, BOUCQUEY &
REMACLE (1997) em estudos realizados entre homens e mulheres idosas
constataram redução no tempo de fonação mais acentuada nas mulheres e
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quociente fonatório reduzido nos homens. MUELLER (1982) observou redução no


tempo de fonação das consoantes “s” e “z”, porém a relação s/z dentro dos limites
da normalidade. Na pesquisa de FEIJÓ, ESTRELA & SCALCO (1998) os valores
dos tempos máximo de fonação da população idosa pesquisada apresentaram-se
reduzidos quando comparados àqueles referidos por BEHLAU & PONTES (1995)
como padrão normativo para adultos da cidade de São Paulo.

Também podemos observar importantes estudos relacionando modificações na


qualidade vocal e nos aspectos relacionados ao estudo acústico da voz do idoso.
ALARCOS, BEHLAU & TOSI (1983) registraram haver deteriorização na qualidade
vocal em maior grau nos homens envelhecidos. JACKSON-MENALDI (1996)
mencionou haver uma deteriorização na qualidade vocal mais precoce na mulher, e
mais acentuada na voz cantada que na falada. HUTCHINSON, ROBINSON &
NERBONNE (1998) observaram um relativo aumento no grau de nasalidade na fala.
MORSOMME, JAMART, BOUCQUEY & REMACLE (1997) acrescentaram que a
qualidade vocal é menos comprometida nas mulheres idosas. MORRISON &
RAMMAGE (1996) referiram encontrar instabilidade vocal, incluindo emissão trêmula
no estudo do envelhecimento vocal.

Relacionado aos estudos acústico da voz no envelhecimento os autores


ALARCOS, BEHLAU & TOSI (1983) observaram uma menor uniformidade no
traçado dos formantes; redução da freqüência média do primeiro formante para
emissões em voz neutra e em voz sussurrada, indicando que características
fonatórias e ressonantais interferem na percepção da idade através da voz
(LINVILLE, FISHER,1989).

MURRY & DOHERTY (1980) referiram que os eventos acústicos que podem
ser encontrados na voz do idoso, podem estar relacionados ao aumento de jitter e
shimmer, na redução da harmonia do ruído proporcional, na diminuição da amplitude
sobre o tempo e no aumento do SD Fo.
PINHO (1998), ressaltou as transformações no padrão vocal que ocorrem no
idoso, indicando suas manifestações serem variáveis de uma pessoa para outra,
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podendo ocorrer atrofia dos músculos intrínsecos da laringe, com perdas teciduais
(causando arqueamento), deficiências hídricas, perda de elasticidade dos
ligamentos e calcificação de cartilagens. Mais raramente, podem ocorrer flacidez das
estruturas gerando quadro de hipotonia. Em mulheres, freqüentemente pode ser
encontrado edema das pregas vocais justificado pelas trocas hormonais devido à
menopausa. Aliado a estes fatores devemos considerar a deterioração do SNC.

Disfunções vocais na terceira idade podem estar relacionadas a fatores de


laringe ou não. Fatores não relacionados à laringe devem ser considerados na
avaliação da voz do idoso. São fatores mais proeminentes às doenças e disfunções
neurológicas e às disfunções pulmonares, todas com significantes efeitos na voz
(MURRY, DOHERTY, 1980). Em um estudo de LOGEMANN (1975) foi observado
que 79% dos pacientes com Parkinson experimentaram disfunções na voz. WOO,
CASPER, COLTON & BREWER (1992) verificaram que os indivíduos idosos que
consultavam suas clínicas com queixas vocais, apresentavam essas alterações
devido a processos patológicos, citando como principais as desordens centrais
neurológicas afetando a função laríngea (acidente vascular cerebral , doença de
Parkinson, tremor vocal e doença de Alzheimer) ; lesões benignas de pregas vocais
(edema de Reinke e lesões epiteliais displásicas benignas); doenças inflamatórias
(laringite sicca e conseqüências de medicamentos); neoplasias laríngeas e paralisias
laríngeas.

MORRISON & RAMMAGE (1996) afirmaram que enfermidades neurológicas


tendem a produzir-se com maior freqüência nas pessoas de mais idade e que muitas
vezes aparecem dificuldades vocais associadas a essas doenças. Citaram como
exemplos a esclerose lateral amiotrófica e as paralisias pseudobulbar. Atribuiram
que o tremor essencial que aparece nas mãos pode se manifestar também em forma
de um tremor vocal que causa flutuações de freqüência ou intensidade a 4-12 Hz.
Os mesmos autores referiram que uma voz sussurrante, monótona e débil, com
perda da expressão e alteração do ritmo pode ser um sintoma de presença inicial de
mal de Parkinson. A incoordenação da fala-respiração, da dinâmica dos músculos
22

laríngeos e articulatórios, como conseqüência da rigidez, explicam estas alterações


da prosódia, da intensidade e da qualidade da voz.

Doenças Neurológicas, mais comuns com o avançar da idade, muitas vezes


têm a sua primeira manifestação através de uma discreta alteração vocal, como a
voz fraca do parkinsonismo, a voz pastosa na esclerose lateral amiotrófica e a voz
trêmula no tremor essencial. Tais manifestações, portanto, devem ser sempre
adequadamente avaliadas (BEHLAU, 1999).

A avaliação da voz do idoso deve incluir exames de percepção, acústico,


endoscópico e fisiológico. Medidas objetivas da função fonatória podem ser a
maneira mais eficaz para determinar o efeito do tratamento. Muito importante
observar as mudanças fisiológicas que acompanham os parâmetros perceptivos e
acústicos, como o escape de ar, tensão de laringe, tremor na voz, consoantes não
precisas, velocidade da fala, freqüência fundamental, outros tremores e fadiga
generalizada por decorrência do tempo. Na avaliação do paciente idoso com
disfunção de voz, os fatores tais como ruído, variação de amplitude e intensidade,
controle da freqüência e presença de voz de falsete devem ser observados
(MURRY, WOODSON, 1996).

O exame da laringe e das estruturas a ela relacionadas é geralmente feito por


endoscopia no consultório. O exame estroboscópico é usado para acompanhar o
movimento da onda da mucosa, a simetria da vibração e as características
vibratórias microscópicas. Também deve avaliar edema de laringe, fenda glótica,
adequação da massa da prega vocal, curvatura, aproximação de bandas
ventriculares (movimentos compensatórios) e onda da mucosa. Na voz envelhecida
pode-se esperar que esses parâmetros mudem em relação a outras mudanças
neuromusculares.
O exame da laringe e das estruturas a ela relacionadas é importante para obter
informações para o diagnóstico e determinar a necessidade e tipo de tratamento.
Igualmente importante é a necessidade de entender os problemas de comunicação
do paciente ( MURRY, WOODSON, 1996).
23

A maioria das alterações da voz relacionadas com a idade devem-se a


processos degenerativos fisiológicos naturais (MORRINSON, RAMMAGE,1996).

SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997) afirmaram que é


essencial que os profissionais que cuidam da voz estejam familiarizados com as
mudanças esperadas no envelhecimento, e sejam alertados das condições de
reversibilidade, que podem afetar a fonação, e podem ser confundidas como
presbifonia.

Parece ser difícil propor um tratamento quando, em tese, as alterações vocais


do idoso são de natureza fisiológica, ou seja, inerentes à idade. Por outro lado
muitas alterações constituem-se num verdadeiro problema para o indivíduo
profissionalmente ativo, com desempenho social constante ou com uma família que
valoriza sua participação. A definição da conduta baseia-se no bom senso e numa
decisão que envolve, em primeiro lugar e principalmente, a queixa e o desejo da
pessoa (BEHLAU, 1999).

A conduta de um caso de presbifonia pode lançar mão de um ou vários


recursos de tratamento: aconselhamento, reabilitação vocal, terapia medicamentosa
ou fonocirurgia (BEHLAU,1999).

Com freqüência o paciente idoso necessita somente que se lhe tranqüilize com
respeito às modificações que observa em sua voz , e que as mesmas não
correspondem a nenhuma enfermidade que ponha em perigo sua vida. Muitas
vezes, ajudar a compreender porque se produzem as mudanças constituem o único
tratamento de que o paciente necessita (MORRISON & RAMMAGE,1996).
Os mesmos autores referiram que o tratamento dos transtornos da voz no
idoso se centra com freqüência em reduzir o uso muscular inadequado que
acompanha o paciente na intenção de compensar modificações que tenham
ocorrido. O programa de tratamento pode orientar a estimular um ajuste do tom no
homem com um alongamento das pregas vocais, combinado com as modificações
24

que podem ser necessárias em relação ao apoio respiratório e à ressonância. Na


mulher, pode consistir em recomendar a aceitação de um tom mais baixo e
desenvolver o uso mais relaxado dos músculos da laringe.

Mencionaram, para pacientes com comprometimentos neurológicos, que


apresentam debilidade e incoordenação de fala, que o trabalho terapêutico deve ser
amplo e intensivo. Os objetivos dos exercícios de tratamento podem consistir em
aumentar o apoio respiratório, a adução das pregas vocais, manter a estabilidade
vocal, as sensações de ressonância e precisão articulatória. Relacionaram que,
como ocorre com muitos problemas de incoordenação, o treinamento para reduzir a
rapidez da fala pode ter um efeito positivo generalizado na produção vocal e na
inteligibilidade da fala.

WEATHERLEY, WORRAL & HICKSON (1997) indicaram que a terapia


medicamentosa pode incluir desde uma série de complexos vitamínicos até
medicações mais específicas para controlar desordens associadas, como no caso
do refluxo gastroesofágico, que pode interferir na produção vocal do idoso.

SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997) reforçaram a


preocupação em diminuir o envelhecimento biológico enquanto a idade cronológica
avança inevitavelmente, o que pode ser realizado através de medicação, como nas
mulheres cantoras quando na menopausa, pela reposição hormonal.

A natureza do tratamento médico medicamentoso da disfonia depende da


causa e pode incluir a aplicação de medidas para o controle dos transtornos
neurológicos. Também o tratamento medicamentoso é indicado nos casos de
refluxo gastroduodenal crônico quando associado a uma disfonia (MORRINSON,
RAMMAGE, 1996).

BEHLAU (1999) referiu existirem poucos estudos cirúrgicos com pacientes


idosos o que não permite que se tenha uma avaliação ampla sobre a efetividade dos
procedimentos cirúrgicos na terceira idade.
25

A fonocirurgia na Terceira Idade geralmente está relacionada à remoção do


edema de Reinke na mulher e vários procedimentos para reduzir fendas glóticas ou
à freqüência fundamental nos homens, tais como: injeção de colágeno ou gordura, e
Tireoplastia Tipo I, para medializar a prega vocal, ou Tipo IV, para encurtar as
pregas vocais, favorecendo uma voz mais grave (HAGEN, LYONS, NUSS, 1996).

MORRISON & RAMMAGE (1996) apontaram que o tratamento cirúrgico


conservador deve ser a regra geral no tratamento com transtornos da voz , em
especial quando se trata de pacientes com degeneração polipoidea.

Observa-se na crença popular generalizada, o que é configurado pelos atores


que interpretam vozes de idosos, que pessoas idosas apresentam vozes
estereotipadas, entretanto isto não é observado nas pessoas que apresentam vozes
bem produzidas naturalmente ou através de treinamento (GREENE,
MATHIESON,1992).

Com o avanço da idade ocorrem mudanças fisiológicas que podem alterar a


voz do indivíduo. Muitas dessas alterações vocais são inevitáveis, outras podem ser
prevenidas ou tratadas (SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW, SPIEGEL, 1997).

SABOL, LEE & STEMPLE(1995) investigaram os efeitos dos exercícios vocais,


praticados regularmente durante quatro semanas, em parâmetros de produção da
voz de um cantor saudável.Dividiram vinte cantores de idades similares, cada um
contendo três homens e sete mulheres, sendo que cada grupo continuou sua prática
de canto regular e o grupo experimental adicionou o programa de exercícios de
função vocal. A avaliação incluiu medidas acústicas e aerodinâmicas,
videoestroboscopia e análises subjetivas. Os sujeitos do experimento demonstraram
melhoras significativas em testes de medida aerodinâmica do fluxo, volume fonatório
e tempos de fonação, sugerindo um aumento na eficiência vocal.
26

BROWN (1996) afirmou que a voz deve seguir as mesmas regras de


desenvolvimento muscular que são aplicadas para outros músculos do corpo; cada
voz têm sua própria capacidade de se desenvolver. O número de fibras musculares
varia de indivíduo para indivíduo e isto deve ser considerado principalmente no
período de maturação da voz. Uma voz naturalmente bonita precisa de treino
baseado em leis físicas da produção vocal para tornar-se um mecanismo de canto
saudável . Observou vários exemplos de cantores mostrando que, com o uso
correto da voz pode ser produzida uma boa saúde vocal, preservando a qualidade
vocal durante um tempo prolongado de vida. Cantores com grande carreira
conservam suas vozes com exercícios e vocalizes regulares. Afirmou que exercícios
diários são um dever, o que possibilita um bom condicionamento vocal.

BOONE (1997) afirmou que, quando o profissional amadurece, sua voz


mostra-se surpreendentemente estável. Os anos de treinamento vocal e
desempenho deram ao artista, com estilo de vida e trabalho regrado, um grande
controle respiratório e habilidade fonatória que de longe excedem o desempenho
vocal do não artista. Vários estudos acharam que o profissional da voz mais velho
mantém um padrão vocal surpreendentemente estável quando comparado à voz de
um indivíduo não treinado.

McKINNEY (1997) ressaltou a importância de um trabalho vocal consciente e


bem direcionado ao jovem cantor adulto, o que permitirá o conhecimento do
mecanismo vocal bem como estabelecerá padrões de uso vocal que garantirão a
preservação da saúde da voz e a conseqüente manutenção de sua longevidade.

SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997) pontuaram que o


envelhecimento da voz ocorre através de mudanças fisiológicas que envolvem todas
as partes do trato vocal e que as mudanças na freqüência fundamental de falantes
homens e mulheres podem ser menos proeminentes em profissionais treinados da
voz, citando como exemplo os cantores. Fizeram referências a vários autores que
afirmaram que muitas das funções vocais que ocorrem com o envelhecimento
27

podem ser mantidas com uma condição de melhor qualidade no canto e trabalho
profissional de voz para que se possa ultrapassar a década dos 70 anos.

Os mesmos autores chamaram atenção que as características vocais devido à


idade não são exclusivas e, em muitas maneiras, são semelhantes às observadas
em algumas doenças e nos repousos vocais prolongados. O desuso muscular causa
perda de fibras musculares indistingüíveis das observadas na idade avançada.

Um dos principais tratamentos da presbilaringe e da presbifonia é a reabilitação


vocal (HAGEN, LYON, NUSS, 1996) com ênfase na diminuição das compensações
hiperfuncionais supraglóticas, com estimulação simultânea do ataque vocal, além de
se desenvolver melhor suporte respiratório para a fala.

SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997) sugeriram alguns


pontos terapêuticos para manutenção de uma melhor performance da voz como uma
combinação de terapia vocal tradicional, treinamento do canto, técnicas de inflexão
vocal, condicionamento aeróbico para efetivar a performance neuromuscular.
Apontaram as atividades esportivas como um ganho para manter a função muscular
e a coordenação, o que também ajuda o sistema vascular, nervoso e respiratório.
Nutrição apropriada e controle do peso também são importantes.

FERREIRA, REALI, ESTRELA & HENDLER (1998) realizaram um trabalho de


aprimoramento da voz em um grupo de terceira idade com o objetivo de aprimorar a
eficiência vocal na velhice ativa. Foi realizada uma avaliação vocal pré e pós-
concretização do trabalho, sendo o procedimento de um atendimento semanal,
durante dois meses. Primeiramente, foi efetivado uma explanação sobre o trato
vocal, seu funcionamento e noções de higiene vocal, sendo dado, em seguida, o
início ao Programa de Aprimoramento Estético da Voz.

Os autores observaram como resultados que o grupo mostrou-se mais


consciente quanto às normas de higiene vocal e uso adequado da voz e todas as
participantes obtiveram melhora nos tempos máximos de fonação, na capacidade
vital e uma maior estabilidade vocal. Concluíram que a importância do trabalho com
28

indivíduos senescentes está relacionada com a preservação da eficiência vocal e


comunicativa nesta fase de vida.

BEHLAU (1999) mostrou que sendo possível reabilitar a função fonatória e


vocal após situações de doenças e longos períodos de desuso, sendo essas
observações semelhantes as da senescência, propôs investir na melhoria das
condições de comunicação dos indivíduos idosos e chamou atenção para trabalhos
com efeitos alentadores quanto aos resultados funcionais obtidos.

BEHLAU, PONTES, GANANÇA & TOSI (1988) realizaram um estudo com dez
indivíduos, cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino, brasileiros, na faixa
etária de 65 a 85 anos. Todos apresentavam queixa de voz baixa, fina (fina nos
homens) ou grossa (nas mulheres), dificuldade de comunicação e redução na
inteligibilidade da fala.

Os dez indivíduos foram submetidos a um treinamento fonoaudiológico,


durante quatro meses, com uma sessão individual por semana, de uma hora. Do
material de fala avaliado, foram analisados os seguintes parâmetros vocais:
freqüência fundamental, jitter, shimmer e pausas articulatórias.

O treinamento fonoaudiológico realizado com cada participante foi direcionado


a quatro áreas principais: qualidade vocal, dinâmica fonoarticulatória, fatores
correlatos (controle da presbiacusia e a verificação da adaptação das próteses
dentárias) e fatores ambientais (fatores externos que pudessem influenciar
negativamente na efetividade da comunicação).
Os autores ressaltaram que todos os parâmetros escolhidos para controle do
treinamento apresentaram melhoras na avaliação final. Até mesmo a capacidade
vital mostrou valores superiores aos iniciais, embora nenhum treinamento específico
tenha sido realizado . Provavelmente, a motivação dos indivíduos fez com que eles
se esforçassem e superassem as marcas iniciais. Também relataram quanto à
freqüência fundamental e seus parâmetros de variação de altura e intensidade, uma
redução na variabilidade da sustentação do tom, expressa pelos menores valores de
jitter e schimmer, após o treinamento.
29

Finalmente, ressaltaram os autores que a flexibilidade recuperada com o


treinamento vocal também manifestou-se de modo expressivo, na tessitura vocal,
cujo número de notas em média triplicou na avaliação posterior ao treinamento.

FERREIRA (1998) acrescentou que a atuação fonoaudiológica no trabalho com


o idoso caracterizou-se pela prevenção, buscando reduzir o processo de
envelhecimento biológico e mencionou alguns aspectos considerados fundamentais
no trabalho vocal com a terceira idade, a fim de promover melhor adequação e
velocidade da fala, melhora da eficiência aérea, maior estabilidade da voz e
extensão vocal, aumento da potência e projeção vocal.

• Treinamento auditivo para identificação e percepção da própria voz e


diferentes parâmetros vocais de vozes normais e anormais.
• Melhor eficiência respiratória, através de exercícios respiratórios associados
à emissão de sons e de sons facilitadores fricativos surdos, fricativos
sonoros e vibrantes, podendo associar a movimentos cervicais e
movimentos corporais.
• Adequação do sistema de ressonância, utilizando-se de sons nasais em
tons ascendentes e descendentes, buscando melhor sinergia dos músculos
bem como uma melhor projeção da voz.
• Treino da modulação e inflexão vocal através de leitura de prosas e versos,
com entonação marcada, em voz salmodiada, associados à expressão
corporal.

Reiterou a mesma autora que todo o planejamento de atividades a ser


realizado com a população da Terceira Idade dependerá da avaliação
otorrinolaringológica prévia, como também da avaliação dos parâmetros vocais, que
se diferenciam nessa faixa etária, e que as técnicas terapêuticas utilizadas no
trabalho com o idoso serão adaptadas de acordo com as necessidades individuais e
limitações específicas de cada indivíduo.
30

As observações realizadas em vozes treinadas, as carreiras longevas de


cantores com treinamento clássico e os melhores resultados vocais em indivíduos
fisicamente ativos permitem inferir que os exercícios contribuem para minimizar os
efeitos da idade sobre a voz. Pesquisas futuras deverão indicar quais os principais
efeitos da atividade física sobre a voz e quais os parâmetros que receberiam maior
benefício (BEHLAU, 1999).

A autora citada mencionou ser necessário maiores estudos que permitam


analisar as possibilidades reais de minimizar os resultados da presbifonia o que
auxiliaria certamente a integração social do idoso, melhorando suas condições de
comunicação.

FERREIRA (1998) reforçou que no momento em que a voz se deteriora, toda a


personalidade sofre com isso, gerando sentimentos de inadequação e insegurança.
O indivíduo idoso necessita preservar a sua voz da melhor forma possível. Estimar a
voz significa buscar o equilíbrio com a natureza humana, ao mesmo ponto em que a
descoberta de um padrão vocal mais adequado reintegra o idoso à auto-estima.

Concluiu, ressaltando que o trabalho vocal com indivíduos da terceira idade


está relacionado à preservação e ao aprimoramento da eficiência vocal na velhice
ativa, permitindo ao idoso uma qualidade de vida integrada e participativa na
sociedade.
31

DISCUSSÃO

O envelhecimento ocorre em todos os seres vivos em idades avançadas,


sendo muitas vezes difícil precisar a idade dos indivíduos, pois não existem
marcadores específicos, devido a grande variabilidade individual e variações que
ocorrem dentro de um mesmo grupo, justificando a heterogeneidade encontrada
entre a população idosa.

GREENE (1989) identificou senescência descrevendo o processo normal de


envelhecimento no homem e a senilidade à condição patológica. RIBEIRO (1999)
descreveu um processo de desenvolvimento no ser humano como processo de
alterações relativos ao envelhecimento em torno dos 25-30 anos, tendo maior
velocidade a partir dos 40 anos.

MEYERSON (1976) pontuou algumas características que serão manifestadas


por todos que envelhecem, como a estrutura corporal, textura da pele, andar e nível
de agilidade, apesar de existirem diferenças individuais na velocidade e na
extensão do envelhecimento. Em contrapartida, HAYFLICK (1996) referiu que a
idade cronológica não está diretamente correlacionada à idade biológica e afirma
que não existe uma forma possível que determine a idade biológica dos seres
humanos.

WELFORD (1951) citou a coordenação motora, identificada como redução na


velocidade dos movimentos, como sendo mais relevante do envelhecimento, o que
estudos posteriores relacionaram com redução dos aspectos do sistema nervoso e
não somente com a do sistema muscular (BIRREN,1964; WELFORD, BIRREN, 1965
e ANDRES, 1976) .
32

BEHLAU (1999) relatou as principais alterações do envelhecimento apontadas


pelos pesquisadores, como as relacionadas aos parâmetros de acurácia, velocidade,
resistência, estabilidade, força e coordenação motora, como também evidentes
alterações na capacidade respiratória, no batimento cardíaco e na condução
nervosa.
Outros autores ainda chamaram atenção para as características pertinentes ao
envelhecimento, como diminuição da força (STREHLER, 1962) e da massa muscular
(BIERMAN, HAZZARD, 1973); redução na acuidade sensória (BIERMAN,
HAZZARD, 1973) e aumento no tempo de reação motora (BOTWICK, THOMPSON,
1974).

Considerando os estudos estatísticos que demonstraram que haverá um


número importante de pessoas com mais de 60 anos no mundo no final do século
XX, observamos uma preocupação na área da gereontologia social buscando
pesquisar as atitudes para com as pessoas idosas.

Investigações sociolingüisticas realizadas por LAMBERT (1967), SHUY &


FASOL (1973), demonstraram que os ouvintes podem com segurança e exatidão
identificar características como etnias, região de origem, classe social, nível de
escolaridade e traços de personalidade do falante através do seu estilo de fala.

Isto pode ser identificado nos estudos onde MEYERSON (1976) referiu que
podemos observar modificações com a idade, nos processos de comunicação
(respiração, fonação, articulação, linguagem e audição), a partir de mudanças
biológicas antecipadas de tecidos e os efeitos dessas no processo da fala.

Os estudos procuram apontar características típicas que identifiquem a voz em


processo de envelhecimento, sendo apontado como dificuldade a grande
variabilidade , cronológica e fisiológica, entre a população em envelhecimento.

No estudo de PTACEK & SANDER (1966) os ouvintes diferenciaram as vozes


mais jovens das mais velhas com muita precisão, sendo que seus julgamentos
33

basearam-se na percepção da velocidade, hesitação, qualidade, quebra de voz,


intensidade e vitalidade. Sujeitos idosos apresentaram uma média baixa da
velocidade de variabilidade de pitch (predomínio de pitch baixo), loudness diminuído,
caracterizando menor vitalidade em suas vozes. SHIPP & HOLLIEN (1969)
buscaram determinar o julgamento da idade em falantes masculinos, e mais tarde
(1972), os mesmos autores em estudos relacionando a freqüência vocal,
observaram um aumento do pitch com o avanço da idade, relacionando com a
possível atrofia muscular e enrijecimento da mucosa das pregas vocais .

RYAN & CAPADANO (1978) propuseram um estudo experimental


relacionando o envelhecimento com os aspectos psicológicos manifestados através
da voz, onde pretenderam fornecer uma abordagem promissora da avaliação de
estereótipos de idade. Avaliaram a habilidade do ouvinte de julgar a idade de um
falante e medir que extensão os valores de personalidade são afetados quando a
idade é percebida. Observaram que falantes femininas percebidas como mais velhas
foram vistas como mais reservadas, passivas e inflexíveis quando comparadas com
as mais jovens, e homens mais velhos foram identificados como menos flexíveis que
os mais jovens. Também identificaram uma voz com menor clareza, volume
diminuído, pitch baixo , e a leitura feita de forma mais vagarosa, com mais
autoridade.

Na literatura pesquisada, observa-se que muitos trabalhos na área da


otorrinolaringologia e fonologia focam mudanças fonatória ou histológica no que se
relaciona com o envelhecimento da voz. MORRISON & HINCKMAN (1986) citaram
como sendo comum no idoso doenças sistemáticas, particularmente as neurológicas
referindo que as manifestações vocais e da laringe dessas desordens
freqüentemente passam despercebidas.

HONJO & ISSHIKI (1980) afirmaram ser limitado o conhecimento das


características vocais do envelhecimento dificultando o julgamento dessas vozes
como normais. Realizaram um estudo onde encontraram como mudanças quanto
aos aspectos morfológicos, como edema de prega vocal e amarelamento ou
discoloração das pregas vocais sendo mais importante em mulheres, considerando
34

a coloração amarelada a mais freqüente. Atrofia de prega vocal e fenda glótica com
maior índice nos homens. Sulco vocal observado em ambos os sexos de forma
similar. Em relação ao julgamento perceptivo da voz, foi observado menor rigidez e
rouquidão na voz de mulheres, pitch mais alto em homens idosos que em jovens,
nas mulheres tendência a baixar o pitch.

Os autores concluíram que o amarelamento e descolaramento observado,


poderiam estar relacionados à degeneração da gordura ou queratose da membrana
da mucosa da laringe; a atrofia e fenda glótica estar relacionada a mudanças
musculares ou da membrana de mucosa; o edema de prega vocal nas mulheres,
relacionada com mudanças endócrinas após menopausa e a diminuição da massa
das pregas vocais , uma das causas da mudança acentuada do pitch e da leve
rigidez e rouquidão nas vozes das mulheres idosas.

Observa-se que os estudos relacionados às cartilagens, mucosa e dos tecidos


conjuntivos da laringe têm permitido um consenso sobre as mudanças esperadas
no envelhecimento normal. PRESSMAN & KELEMAN (1955) referiram que a
ossificação das cartilagens inicia ao redor dos 25 anos e se completa
aproximadamente por volta dos 65 anos, em contrapartida, KAHANE (1983) referiu
estudos indicando que o processo vocal ossifica e outros que sugerem que pode
permanecer cartilaginoso.

KIRCHNER (1988) mostrou existir uma variação considerável na velocidade,


início e grau de ossificação das cartilagens, mas o processo parece ser parte do
envelhecimento normal e não um componente patológico, entretanto MORRISON &
HINCKMAN (1986) identificaram que o início do processo de ossificação das
cartilagens é tardio e menos extensivo em mulheres, sendo o processo todo
bastante variado entre os indivíduos. Acrescentaram que nos homens as fibras
elásticas são em menor número, fragmentadas e agrupadas, sendo que o número
absoluto de fibras colágenas decresce após os 50 anos com uma tendência a
afinarem e tornarem-se mais onduladas. Em mulheres , a relação de linearidade é
preservada. Os músculos da laringe mostram um afinamento e um decréscimo da
35

densidade de fibras, que também é observado nos ligamentos da laringe e no conus


elástico.
Salientaram ainda que essas mudanças ocorrem paralelamente umas as
outras, observando-se mudanças nas glândulas mucosas, que se tornam atrofiadas,
reduzem em número, ficando a membrana mucosa afinada e atrofiada. Também
observa-se metaplasia do epitélio, o tecido subjacente pode estar sujeito a infiltração
de gordura e o número de canais linfáticos fica reduzido.

Em estudos que analisam os resultados do exame de laringe, HONJO &


ISSHIKI (1980) verificaram que 39% de laringes masculinas e 47% de laringes
femininas examinadas, mostraram anormalidades significantes. Observaram que
67% dos homens tinham fenda glótica, uma porção similar tinham atrofia e 56%
apresentavam edema de prega vocal. Nas mulheres ocorria 74% de edemas
significantes, 58% de fenda glótica e somente 26% de atrofia. Aproximadamente 1
em cada 10, de cada sexo , mostrava sulcos nas pregas vocais.

Algumas pesquisas acreditavam que a voz masculina mostrava menos


mudanças relacionadas à idade que a voz feminina, pela ausência do climatério
masculino. Pesquisas subseqüentes revisaram essa opinião.

LUCHSINGER & ARNOLD (1965) apontaram a mobilidade das juntas em


regularizar as atividades complexas da laringe e a função endócrina, como fatores
importante nos vários ajustamentos necessários para voz normal. Relacionaram
essa redução endócrina e a atrofia do tecido glandular como a causa da diminuição
gradual do pitch na voz feminina e o contrário, aumento do pitch no idoso masculino.

MISAK (1959) em seus estudos também encontrou um aumento na frequência


fundamental da fala com o avanço da idade em homens, iniciando na meia idade.
Confirmaram esses estudos HOLLIEN & SHIPP (1972) acrescentando que esse
aumento da freqüência fundamental, seria secundário ao afinamento e
enrijecimento das pregas vocais. Entretanto, McCLONE & HOLLIEN (1963)
determinaram que a variação de pitch é muito preservada em mulheres idosas e cita
um estudo em que examinaram mulheres de até 95 anos de idade, onde não
encontraram redução de níveis de pitch e nem evidências de voz senil. PTACEK &
36

SANDER (1969) observaram perda na produção do tom alto em ambos os sexos,


mas KIRCHNER (1988 ) reconheceu diferenças individuais entre os sexos, referindo
haver um declínio da função vocal após os 70 anos, sendo a normalidade
preservada por um tempo maior em homens do que em mulheres.

Outro parâmetro a ser considerado no envelhecimento vocal , vindo a afetar a


qualidade da voz do falante é o que se relaciona à intensidade vocal. Algumas
diferenças relacionadas à idade na intensidade vocal têm sido observadas. PTACEK
(1966) em seus estudos referiu diminuição da intensidade e na duração das vogais,
o que RYAN (1972) usando níveis de pressão de sons medidos acusticamente,
discordou , determinando que a intensidade vocal aumenta com a idade. FEIJÓ,
ESTRELA & SCALCO (1998) encontraram em seus estudos junto à população de
idosos, uma média de intensidade vocal forte para ambos os sexos, tanto para
fonação sustentada quanto para fala encadeada.

Em relação às mudanças que ocorrem na voz com o passar dos anos, as


relacionadas com as mudanças estruturais no tecido vibratório da prega vocal
requerem estudos especiais.

HIRANO & KURITA (1985) citaram que em homens, a membrana da prega


vocal diminui, as fibras elásticas da camada intermediária da lâmina própria atrofiam
e as fibras colágenas da camada profunda da lâmina própria aumentam tornando-se
fibrosas. A camada intermediária torna-se mais fina, enquanto que a camada
profunda engrossa. Além disso, a espessura da cobertura diminui após os 70 anos,
sendo que a cobertura é a camada mais flexível, enquanto a camada profunda da
mucosa a mais enrijecida.

KAHANE (1983) acrescentou que as mudanças estruturais nos ligamentos


vocais, nas camadas intermediárias e profunda da lâmina própria, tornam-se mais
evidentes em homens após os 50 anos.

Em um estudo posterior , HIRANO,KURITA &SAKAGUGHI (1989) identificaram


que a prega vocal diminui com a idade especialmente após os 70 anos, sendo mais
37

marcante em homens; a espessura de toda a mucosa da prega vocal tende a


aumentar após os 70 anos nas mulheres, o que nos homens essa tendência foi
encontrada até a idade de 70 anos, mostrando uma diminuição após essa idade,
em muitos casos.

Também relataram a presença de edema na camada superficial da lâmina


própria, com grau da variação de indivíduo para indivíduo. Nos homens, a espessura
da camada e a densidade das fibras elásticas tendem a diminuir com a idade,
enquanto que em mulheres, essa tendência não foi observada. As fibras elásticas
tornaram-se atrofiadas e o contorno da camada intermediária, que têm normalmente
formato de foice, tornam-se mais deterioradas em homens: a camada profunda da
lâmina própria torna-se mais grossa em homens, estando isso associado ao
aumento da densidade das fibras colagenosas. Destacaram que os achados
histológicos variam muito entre essa população, e que não foram encontradas
diferenças significantes entre fumantes e não fumantes. Fazem uma relação entre as
fibras colagenosas de jovens e nas pessoas idosas. No primeiro caso, as mesmas
correm paralelas à borda da prega vocal, e que na maioria das pessoas idosas, as
fibras colagenosas correm em várias direções e, em casos extremos, formam o que
se caracteriza de fibrose.

MORRISON & HINCKMAN (1986) descreveram mudanças que ocorrem no


idoso em relação ao tecido conjuntivo. As fibras elásticas são em menor número,
fragmentadas e agrupadas. O número absoluto de fibras colagenosas decresce
após os 50 anos . Tornam-se mais finas, separam-se umas das outras, parecendo
mais onduladas. Nas mulheres a relação de densidade e linearidade é preservada.
Os músculos da laringe mostram um afinamento e um decréscimo da densidade das
fibras, bem como uma fragmentação do septo intramuscular. Esse decréscimo é
também observado nos ligamentos da laringe e no conus elásticos. Essas mudanças
são tanto ausentes como mínimas em laringes femininas similares envelhecidas.
Também relacionaram os autores que essas mudanças ocorrem paralelamente
umas as outras e são acompanhadas de mudanças de mucosa. A membrana
mucosa é afinada e atrofiada. As glândulas mucosas tornam-se enfraquecidas e
38

reduzem em número. Ocorre metaplasia do epitélio e o tecido subjacente pode estar


sujeito à infiltração de gordura e o número de canais linfáticos fica reduzido.

BACH, LEDERER & DINOLT (1941) realizaram um estudo buscando examinar


melhor os músculos da laringe, considerando insuficientes as mudanças
encontradas neles que justifique as grandes alterações encontradas numa laringe
senil e nas variações características da voz do idoso. Apesar de considerarem uma
amostra muito pequena, observaram na avaliação microscópicas uma degeneração
de gordura, aumento do tecido conjuntivo e do núcleo do sarcolema, perfurações
dos vasos sangüíneos, mudanças nos tecidos musculares, glândulas e células de
tumor dentro dos músculos. Relataram os autores que alguns desses achados
estavam relacionados a quadros de doenças que esses pacientes apresentaram e
que foram confirmados posteriormente, e concluíram que em todos os casos
estudados o músculo abdutor da laringe foi mais afetado que os músculos adutores.

No estudo do envelhecimento vocal é também relevante as análises dirigidas


ao sistema respiratório. Observa-se perda da elasticidade das membranas pleurais
(PIERCE, EBERT,1965), o tórax endurece , rendendo-se menos facilmente às forças
dos músculos respiratórios (DHAR, SHASTRI, LENORA, !976) e ocorre uma redução
na capacidade respiratória vital (MORSOMME, JAMART, BOUCQUEY, REMACLE,
1997).

Essas mudanças associadas às que ocorrem na laringe podem alterar a


capacidade funcional do mecanismo do idoso, como também as características
acústicas de sua voz, o que leva os autores a aprofundarem os estudos que
viabilizem melhor avaliar essas mudanças. Comparações do tempo máximo de
fonação entre mulheres jovens e idosas, mostraram que as durações das vogais
foram de 19% - 32% menores em mulheres mais velhas quando comparadas com
mais jovens (PTACEK, SANDERS, MALONEY, JACKSON, 1966). Também
MORSOMME, JAMART, BOUCQUEY & REMACLE (1997) em seus estudos
constataram redução no tempo de fonação predominante em mulheres e quociente
fonatório reduzido nos homens. MUELLER (1993), FEIJÓ, ESTRELA & SCALCO
(1999) observaram os valores dos tempos máximo de fonação reduzidos, porém a
39

relação s/z nos estudos de MUELLER (1982) foi identificada dentro dos limites da
normalidade.

Quanto as modificações na qualidade vocal e nos aspectos relacionados ao


estudo acústico da voz do idoso, ALARCOS, BEHLAU & TOSI (1983), relataram
haver deteriorização na qualidade vocal em maior grau nos homens envelhecidos,
discordando do que JACKSON-MENALDI (1996) afirmou posteriormente,
determinando essa deteriorização ser mais precoce em mulheres, e mais acentuada
na voz cantada que na voz falada. MORSOMME, JAMART, BOUCQUEY &
REMACLE (1997) acrescentaram que a qualidade vocal é menos comprometida nas
mulheres idosas. HUTCHINSON, ROBINSON & NERBONNE (1998) citaram um
aspecto importante relacionado ao aumento do grau de nasalidade na fala
encadeada.

ALARCOS, BEHLAU & TOSI (1983), nos estudos acústicos da voz do idoso,
observaram uma menor uniformidade no traçado dos formantes o que foi indicado
por LINVILLE & FISHER (1989) também estudando os aspectos acústicos da voz do
idoso, relacionaram a redução da freqüência média do primeiro formante para
emissões em voz neutra e em voz sussurrada, indicando que características
fonatórias e ressonantais interferem na percepção da idade através da voz .

MURRY & DOHERTY (1980) relacionaram mudanças, como aumento de jitter


e schimmer, na redução da harmonia do ruído proporcional, na diminuição da
amplitude sobre o tempo e no aumento do SD Fo.

PINHO (1998) descreveu as transformações no padrão vocal do idoso,


indicando serem as manifestações variáveis de uma pessoa para outra. Discorreu
afirmando que podem ocorrer atrofia dos músculos intrínsecos da laringe, com
perdas teciduais (causando arqueamento), deficiências hídricas, perda de
elasticidade dos ligamentos e calcificação das cartilagens. Mais raramente, pode
ocorrer flacidez das estruturas gerando quadro de hipotonia. Em mulheres, pode ser
encontrado edema de pregas vocais justificado pelas trocas hormonais devido à
menopausa. E concluiu, ser importante aliar a todos esses fatores a deteriorização
40

do SNC. MORRISON & RAMMAGE (1996) acrescentaram encontrar instabilidade


vocal incluindo emissão trêmula no estudo do envelhecimento vocal.

Na avaliação da voz do idoso deve ser relevante considerar não somente


fatores relacionados à laringe, e podemos citar como fatores mais proeminentes as
doenças e disfunções neurológicas e pulmonares , todas com significantes efeitos
na voz (MURRY, DOHERTY, 1980). LOGEMANN (1975) observou que 79% dos
pacientes com Parkinson experimentaram disfunções na voz. WOO, CASPER,
COLTON & BERWER (1992) verificaram que indivíduos idosos com queixas vocais,
apresentavam essas alterações devido a processos patológicos, citando como
principais as desordens centrais neurológicas ( acidentes vascular cerebral, doença
de Parkinson, tremor vocal e doença de Alzheimer); lesões benignas de pregas
vocais (edema de Reinke e lesões epiteliais displásicas benignas); doenças
inflamatórias (laringite sicca e conseqüências de medicamentos); neoplasias
laríngeas e paralisias laríngeas.

MORRISON & RAMMAGE (1996) afirmaram que enfermidades neurológicas


tendem a aparecer com maior frequência nas pessoas de mais idade e concordaram
com os autores acima, referindo que muitas vezes aparecem dificuldades vocais
associadas a essas doenças. Citaram como exemplos a esclerose lateral amiotrófica
e as paralisisas pseudobulbar. Referiram que o tremor essencial que aparece nas
mãos pode se manifestar também em forma de um tremor vocal que causa
flutuações de frequência ou intensidade a 4-12 Hz.

Também identificaram comprometimentos vocais na doença de Parkinson,


como voz sussurrante, monótona e débil, com perda da expressão e alteração do
ritmo e ainda citam que a incoordenação da fala-respiração, da dinâmica dos
músculos laríngeos e articulatórios como conseqüência da rigidez, explicam as
alterações da prosódia, da intensidade e da qualidade vocal encontradas nessas
doenças.

BEHLAU (1999) também chama a atenção para as doenças neurológicas no


idoso, que podem manifestar-se através de uma discreta alteração vocal, como a
voz fraca do parkinsonismo, a voz pastosa na esclerose lateral amiotrófica e a voz
41

trêmula no tremor essencial, reforçando a importância de tais manifestações serem


sempre adequadamente avaliadas.

Podemos ressaltar a importância da avaliação vocal no idoso, que não deve


restringir-se apenas ao exame funcional da laringe mas a todos os aspectos
relacionados ao envelhecimento do indivíduo.

Quanto a avaliação propriamente dita da voz do idoso, esta deve incluir exames
de percepção, acústico, endoscópico e fisiológico. As medidas objetivas da função
fonatória podem ser a maneira mais eficaz para determinar o efeito do tratamento.
Importante observar as mudanças fisiológicas que acompanham os parâmetros
perceptivos e acústicos (escape de ar, tensão de laringe, tremor na voz, consoantes
não precisas, velocidade da fala, freqüência fundamental, outros tremores e fatiga
generalizada por decorrência do tempo). Fatores como ruído, variação de amplitude
e intensidade, controle da freqüência e presença de voz de falsete também devem
ser observados (MURRY, WOODSON, 1996).

Os autores acima citaram que o exame da laringe e das estruturas a ela


relacionadas normalmente é feito por endoscopia no consultório, e o exame
estroboscópico é usado para acompanhar o movimento da onda da mucosa, a
simetria da vibração e as características microscópicas.

MORRINSON & RAMMAGE (1996) consideraram que a maioria das alterações


da voz relacionadas com a idade devem-se a processos degenerativos fisiológicos
naturais, enquanto que SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997)
afirmaram que é essencial que os profissionais que cuidam da voz estejam
familiarizados com as mudanças esperadas no envelhecimento, e sejam alertados
das condições de reversibilidade que podem afetar a fonação, e podem ser
confundidas como presbifonia. MURRY & WOODSON (1997) reforçaram como
importante a necessidade de entender os problemas de comunicação do indivíduo
idoso.

BEHLAU (1999) constatou ser difícil a proposta de um tratamento quando, em


tese, as alterações vocais do idoso são de natureza fisiológica, ou seja, inerentes à
42

idade. Considerando que muitas das alterações constituem-se num verdadeiro


problema para o indivíduo profissionalmente ativo, a definição da conduta baseia-se
no bom senso e numa decisão que envolve, em primeiro lugar e principalmente, a
queixa e o desejo do indivíduo. Acrescenta assim alguns recursos de tratamento
como aconselhamento, reabilitação vocal, terapia medicamentosa ou fonocirurgia.

MORRINSON & RAMMAGE (1996) concordaram no que se refere ao


aconselhamento. Muitas vezes o paciente idoso necessita somente que se lhe
tranquilize com respeito às modificações que observa em sua voz, o que pode
constituir no único tratamento de que o paciente necessita.

Em relação ao tratamento dos transtornos da voz no idoso, os mesmos autores


mencionaram que este deve ser centrado em reduzir o uso muscular inadequado
que acompanha o paciente na intenção de compensar modificações que tenham
ocorrido, como também ajustar uma melhor adequação do tom habitual adequando
ao padrão da voz feminina e masculina. Nos pacientes neurológicos propõem um
trabalho terapêutico amplo e intensivo, com objetivos de aumentar apoio respiratório,
a adução das pregas vocais, manter a estabilidade vocal, as sensações de
ressonância e precisão articulatória.

WEATHERLEY, WORRAL & HICKSON (1997) fizeram referência à terapia


medicamentosa que pode incluir desde uma série de complexos vitamínicos até
medicações mais específicas para controlar desordens associadas, como no caso
do refluxo gastroesofágico. SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997)
também incluíram a terapia medicamentosa , com o intuito de diminuir o
envelhecimento biológico enquanto a idade cronológica avança inevitavelmente,
como nas mulheres cantoras, quando na menopausa, pela reposição hormonal.

MORRISON & RAMMAGE (1996) acrescentaram que a natureza do tratamento


médico medicamentoso da disfonia depende da causa e pode incluir a aplicação de
medidas para o controle dos transtornos neurológicos, abrangendo também a
indicação nos casos de refluxo gastroduodenal crônico quando associado a uma
disfonia.
43

Em relação aos estudos cirúrgicos com pacientes idosos, BEHLAU (1999)


citou não ser possível uma avaliação ampla sobre a efetividade dos procedimentos
cirúrgicos na Terceira Idade, devido ao reduzido número de estudos nessa área.

HAGEN, LYONS & NUSS (1996) relacionaram a fonocirurgia na terceira idade


com a remoção do edema de Reinke na mulher e vários procedimentos para reduzir
fendas glóticas ou a freqüência fundamental nos homens, como injeção de
colágeno, ou gordura, Tireoplastia Tipo I, para medializar a prega vocal, ou Tipo IV,
para encurtar as pregas vocais, favorecendo uma voz mais grave. Mas, segundo
MORRINSON & RAMMAGE (1996), o tratamento cirúrgico conservador deve ser a
regra geral no tratamento do idoso com transtornos da voz, em especial quando se
trata de pacientes com degeneração polipoidea.

GREENE & MATHIESON (1992) mencionaram que os profissionais do teatro


ao interpretarem vozes de idosos apresentam vozes estereotipadas, o que,
entretanto, não é observado nas pessoas que apresentam vozes bem produzidas
naturalmente, ou através de treinamento. SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW &
SPIEGEL (1997) ressaltaram que muitas mudanças que ocorrem na voz do indivíduo
com a idade são inevitáveis, mas outras podem ser prevenidas ou tratadas.

Isto é confirmado pelo estudo de SABOL, LEE & STEMPLE (1995), que
investigaram os efeitos dos exercícios vocais em parâmetros de produção vocal de
um cantor saudável. Essa avaliação incluia medidas acústicas e aerodinâmicas,
videoestroboscopia e análises subjetivas , sendo observado nos resultados um
aumento na eficiência vocal de todos os indivíduos do estudo.

BROWN (1996) reforçou o mesmo pensamento, salientando que uma voz


naturalmente bonita precisa de treino baseado em leis físicas da produção vocal ,
relacionando ao mecanismo do canto saudável, e dirige suas observações aos
vários exemplos de cantores que mostram que com o uso correto da voz produz-se
uma boa saúde vocal, preservando a qualidade da voz durante um tempo
44

prolongado de vida. Enfatiza que exercícios diários são um dever, o que possibilita
um bom condicionamento vocal.

Também BOONE (1997) acrescentou que anos de treinamento vocal


promovem ao artista, com estilo de vida e trabalho regrado, um grande controle
respiratório e habilidade fonatória o que de longe excedem o desempenho do não
artista. Chamou atenção para os estudos que apontam que o profissional da voz
mais velho mantém um padrão surpreendentemente estável quando comparado à
voz de um indivíduo não treinado.

McKINNEY (1997) ressaltou que a manutenção da longevidade da voz,


dependerá de um trabalho vocal consciente e bem direcionado ao jovem cantor
adulto, o que foi abordado também pelos autores, SATALOFF, ROSEN,
HAWKSHAW (1997) que observaram que muitas das funções vocais que ocorrem
com o envelhecimento podem ser mantidas com uma condição de melhor qualidade
no canto e trabalho profissional da voz, para que se possa ultrapassar a década dos
70 anos. Justificaram acrescentando que as características vocais devido à idade
não são exclusivas e, em muitas maneiras, são semelhantes às observadas em
algumas doenças e nos repousos vocais prolongados. O desuso muscular causa
perda de fibras musculares indistingüíveis das observada na idade avançada.

Considerando a referência de vários autores consultados, acreditamos que o


treinamento vocal no paciente idoso apontaria como significativo recurso na melhor
adequação e estabilidade da voz em processo de envelhecimento.
Um dos principais tratamento da presbilaringe e da presbifonia é a reabilitação
vocal (HAGEN, LYON, NUSS, 1996). Vários autores sugerem procedimentos
diferenciados para reabilitação da voz em envelhecimento.

Os autores acima citados, acreditam que a ênfase no tratamento deva ser dada
na diminuição das compensações hiperfuncionais supraglóticas, com estimulação
simultânea do ataque vocal, além de desenvolver melhor suporte respiratório para a
fala. Entretanto, SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW & SPIEGEL (1997) sugeriram
uma combinação de terapia vocal tradicional, treinamento do canto, técnicas de
45

inflexão vocal, e condicionamento aeróbico para efetivar a performance


neuromuscular. Apontaram as atividades esportivas como um ganho de manter a
função muscular e a coordenação, o que também ajuda o sistema vascular, nervoso
e respiratório, acrescentando também nutrição apropriada e controle do peso como
fatores importantes.

Com uma proposta de trabalho objetivando melhorar a eficiência vocal na


velhice ativa, FERREIRA, REALI, ESTRELA & HENDLER (1998) realizaram um
trabalho de aprimoramento vocal na terceira idade, no qual inicialmente foi realizado
uma explanação sobre o trato vocal, seu funcionamento e noções de higiene vocal,
e após a efetivação do Programa de Aprimoramento Estético da Voz. Observaram,
que o grupo de dez mulheres idosas, mostrou-se mais consciente quanto às normas
de higiene vocal e uso adequado da voz e resultados melhores foram conquistados,
em relação aos tempos máximo de fonação, capacidade vital e melhor estabilidade
vocal, concluindo que a importância do trabalho com indivíduos senescentes está
relacionada com a preservação da eficiência vocal e comunicativa nesta fase de
vida.

BEHLAU (1998) acrescentou que no momento em que se torna possível


reabilitar a função fonatória e vocal após situações de doenças e longos períodos de
desuso, o que se pode relacionar as da senescência, acredita ser importante investir
na melhoria das condições de comunicação dos indivíduos idosos.
Também observamos no trabalho realizado por BEHLAU, PONTES,
GANANÇA & TOSI (1998) com uma população idosa na faixa etária de 65 a 85
anos, com queixas de voz baixa, fina (nos homens) ou grossa (nas mulheres),
dificuldade de comunicação e redução na inteligibilidade da fala, que o treinamento
fonoaudiológico realizado durante quatro meses ( uma sessão individual semanal ),
foi efetivo, pois todos os parâmetros escolhidos para controle do treinamento
apresentaram melhoras na avaliação final. Destacaram os autores que a flexibilidade
recuperada com o treinamento vocal também manifestou-se de modo expressivo, na
tessitura vocal, cujo número de notas em média triplicou na avaliação posterior ao
treinamento.
46

FERREIRA (1998) acrescentou que a atuação fonoaudiológica no trabalho com


o idoso deve caracterizar-se pela prevenção, e cita alguns aspectos considerados
fundamentais no trabalho vocal com a Terceira Idade , a fim de promover melhor
adequação e velocidade de fala, melhora da eficiência aérea, maior estabilidade da
voz e extensão vocal, aumento da potência e projeção vocal. Ainda acrescentou,
que todo o planejamento de trabalho vocal com essa população, dependerá da
avaliação otorrinolaringológica prévia, como também da avaliação dos parâmetros
vocais que se diferenciam nessa faixa etária, e que as técnicas terapêuticas
utilizadas serão adaptadas de acordo com as necessidades individuais e limitações
específícas de cada indivíduo.

BEHLAU (1998) afirmou que os exercícios contribuem para minimizar os


efeitos da idade sobre a voz, baseando-se nas observações realizadas em vozes
treinadas, e reforçou que pesquisas futuras deverão indicar quais os principais
efeitos da atividade física sobre a voz , como também quais os parâmetros que
receberiam maior benefício. Acredita que maiores estudos ajudarão a minimizar os
resultados da presbifonia, ajudando a integração social do idoso, melhorando suas
condições de comunicação.

Quando a voz se deteriora, a personalidade do indivíduo também se ressente,


gerando sentimentos de inadequação e insegurança, comentou FERREIRA (1998).
Ressaltou que estimar a voz significa buscar o equilíbrio com a natureza humana, ao
mesmo ponto em que a descoberta de um padrão vocal adequado reintegra o idoso
à auto-estima. Finalmente, concluiu reinterando que o trabalho vocal da terceira
idade está relacionado à preservação e ao aprimoramento da eficiência da voz na
velhice ativa, permitindo ao idoso uma qualidade de vida integrada e participativa na
sociedade.

Podemos ressaltar que ao envelhecermos passamos por modificações


fisiológicas, funcionais e emocionais que refletirão no processo de inter-relação com
as pessoas do nosso meio. Com a expectativa de melhores condições de saúde e
qualidade de vida, o idoso do próximo milênio apresentará características diferentes
47

das pessoas envelhecidas do século passado. Os estudos cada vez mais


necessitam ficar próximos dessa realidade, principalmente os relacionados ao
envelhecimento vocal, já que uma voz conservada e saudável configura como um
dos principais personagem no processo da comunicação.

Destacamos os estudos que salientaram a importância de compreender todo o


processo do envelhecimento vocal como também a importância de saber avaliar
para encaminhar o melhor e mais efetivo tratamento.

Acreditamos que a Fonoaudiologia está caminhando em sintonia, na busca de


embasamento científico e resultados objetivos no que se relaciona ao tratamento
vocal da presbifonia, como também nos aspectos de prevenção e programas de
aprimoramento estético da voz na Terceira Idade.

Concordamos com os autores que reforçam a necessidade de cada vez mais


estudarmos e pesquisarmos sobre a voz do idoso, e destacamos aqueles que
propuseram a realização de programas de tratamento e/ou aprimoramento vocal
voltado paro o idoso , que possibilitará atender essa grande demanda da população
da Terceira Idade que buscará tratamento e orientações que permitam solucionar
problemas da comunicação inerentes ao envelhecimento.
48

CONCLUSÃO

A voz na senescência retém sua importância no processo de comunicação,


portanto, cuidado e atenção devem ser dados para preservar sua eficácia social e
juventude.

Este trabalho buscou realizar um levantamento na literatura dos estudos


efetivados em relação às características da comunicação das pessoas que estão
envelhecendo, como também relatar os principais enfoques relacionados à avaliação
vocal e às possibilidades de tratamento direcionado para essa população.

Os aspectos importantes a serem considerados são os seguintes:

1 O processo do envelhecimento também pode ser manifestado na voz


do indivíduo, o que pode ser estimado com bastante precisão ouvindo-o.
Vários estudos procuram apontar características típicas que identifiquem a
voz em processo de envelhecimento, entretanto ocorre uma grande
variabilidade (cronológica e fisiológica) entre pessoas idosas.
2 Existe um consenso quanto às transformações vocais que ocorrem no
idoso, e pode-se citar como principais características os seguintes
aspectos: atrofia dos músculos intrínsecos da laringe, ocorrendo perdas
teciduais e conseqüente arqueamento (presença de fenda glótica); flacidez
das estruturas gerando quadro de hipotonia; encontro de uma pitch vocal
mais alto nos homens e mais baixo nas mulheres; modificações na
intensidade vocal; deteriorização na qualidade vocal; instabilidade vocal às
vezes com presença de tremor; diminuição da extensão vocal, menor
inflexão vocal; voz em falsete; incoordenação da respiração com a fonação;
49

diminuição dos tempos máximo de fonação; prejuízo na articulação e


projeção vocal; velocidade diminuída.
3 É necessário que os profissionais que cuidam da voz estejam
familiarizados com as mudanças esperadas no envelhecimento, para traçar
resultados efetivos na avaliação vocal do idoso, diferenciando o que seria
de natureza fisiológica, dos quadros sistêmicos e patológicos. Observa-se
uma preocupação no traçado dos principais parâmetros vocais encontrados
na avaliação médica e fonoaudiológica do indivíduo em envelhecimento.
4 Vários enfoques são dados na consulta de um caso de presbifonia
podendo recorrer de um ou vários recursos de tratamento, tais como:
aconselhamento, reabilitação vocal, terapia medicamentosa ou fonocirurgia.
5 Pode-se observar o enfoque dado à reabilitação vocal como um dos
principais tratamento da presbifonia e presbilaringe. Vários estudos
reforçam a importância do treinamento vocal coadjuvante para prevenção
e/ou amenização das principais características vocais conseqüentes do
envelhecimento do indivíduo. Exemplificam, comparando as vozes treinadas
dos profissionais da voz, que mantiveram anos de treinamento vocal e que
conseguiram uma maior longevidade em suas vozes.
6 O aprimoramento vocal na Terceira Idade foi apontado como uma
possibilidade da atuação fonoaudiológica com essa população,
concretizando um trabalho efetivo no que se refere a uma maior eficiência
vocal no idoso, minimizando os resultados da presbifonia e proporcionando
às pessoas, no processo do envelhecimento, uma qualidade de vida
integrada e participativa na sociedade.
50

RESUMO

Torna-se evidente e necessário a preocupação dos profissionais da saúde com


a área da Gereontologia, considerando os estudos estatísticos que apontam para
um crescente aumento da população com mais de 60 anos no século XXI.

A Fonoaudiologia integra-se nessa realidade, considerando que a comunicação


faz parte de todas as etapas da vida, e o idoso necessita, através da mesma,
manter-se integrado e ativo na sociedade em que vive.

Na literatura observa-se uma crescente preocupação em definir parâmetros de


avaliação relacionados aos comprometimentos vocais inerentes a essa população,
como também tratamento e terapia adequadas, visando a desenvolver a plasticidade
neural do indivíduo idoso, enfocando uma plasticidade vocal, não somente nos
casos de comprometimento vocais importantes, como também nos casos de
prevenção e retardamento dos processos do envelhecimento que são manifestados
na voz e fala nesses indivíduos.

Na atividade clínica, na prática acadêmica, como também nas referências que


a literatura aponta, pode-se observar que a Fonoaudiologia desempenha um papel
importante junto à Terceira Idade, considerando principalmente uma expressiva
procura desta população com prevalência de queixas vocais, que estão buscando
ajuda para se manterem atuantes e participativas no seu convívio pessoal.

O aprimoramento vocal na Terceira Idade aponta como uma possibilidade


significativa, que têm o objetivo e o desafio de restabelecer um padrão mais
adequado de voz e fala, com a perspectiva de devolver para essa população a
efetividade da comunicação garantindo participação e melhor qualidade de vida do
idoso na sociedade moderna.
51

SUMMARY

Considering the statistical studies that show a growing increase of the


population over 60 years old for the twenty first century, it becomes obvious and
necessary the concern of health professional towards gerontology.

The speech pathology integrates itself to this reality, considering that


communication takes part on all stages of life and that the elderly neeeds
communication to keep integrated and active on the society where he lives.

The literature shows that there is a growing concern to define parameters of


evaluation related to vocal disabilities inherent to this population, and also
treatment and therapy adequate, trying to develop a neural plasticity of the
elderly subject focusing a vocal plasticity, not only on cases where there are
important vocal disabilities but also in cases of prevention and delay of the aging
process that are observed on the voice and speech of the aging subject.

In the private practice, in the academic practice and also on the literature, it
can be observed that the speech pathology has na important role, together with
the elderly population considering the demand of this population with vocal
complains that look for help to maintain active and participating of society.

The vocal accomplishment in the elderly points out a significant possibility


that has the objective nad the challlenge to reestablish a better pattern of voice
and sppech, adapting all possible resourses, with the perspective to give back
to this population effective communication for a better participation life quality of
the elderly in modern society.
52

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