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A FENOMENOLOGIA E SUAS RELACOES COM A PSICOLOGIA I - Introdugao Este capitulo foi elaborado com suporte nas principais idéias de Husserl, porter sido ele iniciador da Fenomenologia modema, na qual esté fundamentado 0 método que adoto neste trabalho, Além desse renomado fil6sofo, ecorti também, aensinamentos de Merleau-Ponty, por ter sido importante continuador de Husserl e por ter desenvolvido as idéias deste, no sentido de esclarecer as possibilidades de articulagao entre a Fenomenologia ¢ a Psicologia, ‘io tive a preocupagio de comparar as idéias de tas fl6sofos e nem de apresentar a cevolugo do pensamento de Husserl. Meu objetivo foi, apenas, o de apresentar,resumidamen- te, as principas idéias deste fil6sofo © amplié-las com formulagdes de Merleau-Ponty para {entar mostrar a viablidade de sua utilizago no campo da Psicologia, Preliminarmente, apresento, de modo sucinto, o panorama da €poca na qual surgiu a ‘Fenomenologia de Husserl, para facilitar a compreensto de suas idéias; ea seguir, os temas ‘que considerei importantes para o esclarecimento do seu método. (Os dez iltimos anos do século XIX, que antecederam as publicagtes de Husserl sobre Fenomenologia, “se caractericam, na Alemanka pela derrocada dos grandes sistemas floséficos tradicionais... Ea cinca que doravante preenche o espaco deixado vazio pela Silosofia especulatva e, sobre o seu fundamento, o postvismo, para 0 qual o conhecimento objetivo parece estar defnitivamente ao abrigo das construcées subjeivas da metafiica.” (Daigus, 1973, 9.16)» ty wo NEAGAD vowed da. Entretanto, nesse mesmo periodo, a seguranca do pensamento posi omega a ser abalada, com questionamentosrelativos aos fundamentos ¢ ao alcance de seus 4 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! postulados, em virtude de serem elaborados por um sujeito conereto, ficando, portanto, dependentes do psiquismo humano. “A essas questes, 05 ttimos ramos do pensamento kantiano ow neokantiano tentam responder, concebendo um “sujito puro” que asseguraria a objetvidade ‘ea coeréncia dos diferentes dominios do conhecimento objetivo.” (Idem, p. 17.) Mas.as dividas quanto dexisténcia desse “sujeito puro” e as preocupagées com osujeito conereto em sua vida psiquica imediata passama ter predomingincia nessa época, preparando ‘terreno para o aparecimento da Fenomenologia modema, Entre as obras importantes, que para ela contibustam, encontram-se as dos fildsofos Brentano (Psicologia clo Ponto de Vista Empfrico, 1884) e Dilthey (Idéias Concernentes a uma Psicologia Descritiva e Analttica, 1894), que censuram as ciéneias humanas — especialmente a Psicologia — por terem adotado 0 método das ciéncias da natureza, cujo objeto de estudo & diferente. Dilthey afirma «que a natureza s6 ¢ acessvel indiretamente, a partir de explicagbes sobre fos e elementos, mas que a vida psiquica 6 uma totalidade da qual temos compreensio intuitiva e imediata; considera que o sentimento de viver 6 0 solo verdadero das ciéneias humanas ¢ o método compreensivo, 0 tinico adequado & sua investigagio. Brentano, cujas idéias exerceram grande influéncia no pensamento de Husser,estabe- Jece profundas diferengas entre os eventos fisicos e os fendmenos psiquicos, afirmando que nestes existe intencionalidade e um modo de percepyao origina, imediato. Propée o retomo ‘as experiéncias vividas e a descrigdo auténtica destas, livre de todo 0 pressuposto genético ou metafisico; suas investigagées, porém, permaneceram limitadas ao ambito da Psicologia (Kelkel e Scherer, 1982). ‘Nesse panorama surgem, no infcio do século XX, as primeiras obras sobre Fenomeno- logia, de Husserl (1901, 1907, 1911), que, embora partindo das idéias de Brentano sobre a jintencionalidade, vai além deste, investigando-a na “vivéncia de consciéncia” como tale chegando a uma andlise profunda do conhecimento, que ultrapassa os limites da Psicologia, Sua obra consiste, sobretudo, em problematizar o préprio conhecimento ena apresentago da Fenomenologia como o nico método para chegar a verdades apodicticas, evidentes Pretende, através deste, estabelecer o fundamento radical da Filosofia, bem como a base primordial de todo o saber humano. Ls ato ds II - Temas Fundamentais 1. 0 retorno ds “coisas mesmas” ¢ a intencionalidade Questionando os sistemas especulativos da Filosofia e as teorias explicativas das ciéncias positivas, Husserl prope retornar a um ponto de partida que seja, verdadeiramente, primeino. A FENOMENOLOGIA E SUAS RELAQOES COM A PSICOLOGIA 15 “Nao é das Filosofias que deve partir 0 impulso da investigagdo, mas sim das coisas ¢dos problemas... Aquele que édeveras independente de preconcetas no 4 imporia com uaa averiguagao ter origem em Kant ou Tomds de Aquino, em Darwin ou Aristételes... Mas éprecisamente proprio da Filosofia, o seu trabelho cienfico star se em eferas de intuigao dreta." (Husser, 1965, pp. 72 e 73 Afirma querer “voltar 3s coisas mesmas”, considerando-as. de! -Conhecimento, Enretanto, a “coisa mesma’ éentendida por ee nao como realidadeexistindo gms, mas como fendmeno 0 consider como a nica coisa qual eos astern ¢ itugio origindria;o fendmeno integra a consciénca e objet, unidos no proprio ato de Significagdo. A consciéncia & sempre intencional, esté constantemente veltady ara um, objeto, enquanto este é sempre objeto para uma consciénci; hé entre ambos ‘uma comelagdo essencial, que 86 se dé na intuigo origindra da vivencia, ‘A intencionalidade 6, essenciaimente, o ato de atribuir um sentido; 6 ela que unifia a conscénciae 0 objeto, o sueito eo mundo. Com aintencionaldade ho reconhecimento de i sujeito nfo é pura interioridade, mas a satda de si ‘Para um mundo que tem uma significagio para ele, 2.A redugiio fenomenolégica ea intuigdo das esséncias ‘A redugdo ¢ 0 recurso da Fenomenologia para chegar ao fendmeno como tal, ou & sua esstncia; pode ser sintetizada em dois prineipios: um negativo, que rejeitatudo aquilo que nfo € apodicticamente verificado; outro postivo, que apela para a intuigdo originéria do fendmeno, na imediatez da vivencia, "Na ida cotidianatemos uma atitude natural dante de tudo o que nos rodia, acreditando Fis o mundo existe por si mesmo, independentemente de nossa presenga. allude natura, ‘io refletda, ignora a existéncia da consciéncia, como a “doadora” de sentido de tudo 0 que anbs se apresenta no mundo, Por isso € necesito refletr sobre nossa vid coidana para dhe se revele a existéncia de nossa conscincia. Desse modo, suspendemos, ut colocemos Fora de agdo, a nossa fénaexistncia do mundo em si todos os preconcetoseteoras das ciéneias da natureza dela decorrentes. Deixamos fora de agi, também, 2 consciéncia, considerada independentemente do mundo, e as terias das cincias do homem, como a Psicologia, elaboradas a partir desse preconceito, ,Areduaio nfo €uma astra relativamente ao mundo a sueto, mas uma madanga de atitude — da natural para a fenomenolica — que nos permite visaliztlos cons Fenfmeno, ou como consituintes de uma totalidade, no seio da qual o mundo e o sujeito revelam-se, reciprocamente, como significagdes. No que diz respeit a teoria do conhecimento proprament dit, x atingimos a pena ¢vidéncia do fendmeno na concordéncia entre a intig ca significagdo, pois os eoneeitog 16 YOLANDA CINTRAO FORGHIERI sem intuiglo esto vazios. A significago ndo & preenchida apenas na intuigdo sensfvel, mas naintuigio eidética, ou “categorial”,na qual aevidéncia da esséncia, ou “acoisa mesma’, tem acabamento. “A esséncia (Eidos) & wm objeto de um novo tipo. Tal como na intigao do indivduo ou intigéio empiric, o dado é um objeto individual, asim o dado da inuigo eietica é uma esséncia pura." (Husserl, 1986, p. 21.) ‘Mhas a intuigo eidética nfo implica numa atitude mistica, nfo devendo ser entendida ‘como uma extrapolagio da intuigdo sensfvel para um dominio supra-sensivel, pois 6 sempre “fundada” no sensfvel, sem se confundir com ele, “"Naio ha intuigdo da esséncia seo har nao tem a ivr possibilidade de se voltar para um indviduo correspondente ede adguirr a conscigncia de wm exemplo; em contrapartida, nda hd intuigdo do inividuo sem que se possa operar livremente 4 ideastoe, ao fazé-lo, dirgiro olhar sobre a ess@ncia correspondente, que a visio do individuoilustra como um exemplo.” (Idem, p. 22.) Entretanto, embora estejam inteiramente relacionadas, essas duas “classes” de intuigdo so, em principio, distintas, As distingSes entre elas correspondem as relagdes essenciais entre existéncia (no sentido do que existe como individuo) e ess8ncia, (Introduzindo a nogio de “visio das esséncias” (Wesenschau), Husserl procura funda { mentar um processo de conhecimento ao mesmo tempo concreto ¢ filoséfico, ligado & \ vivencia e capaz. de universalidade, através do particular. ‘Assim sendo, 0 estudo da vivéncia, efetuado pela Psicologia, pode levar & descoberta 4deesséncias, pois oconhecimento dos fatos implica uma visdo da esséncia, mesmo que quem ‘pratique esteja preocupado apenas com os fatos. Isto nf significa que exista uma Psicologia “priori” ,ouuma Psicologia dedutiva,poisa “visto dasesséncias” consistemuma “constatagao cidética”, devendo a Psicologia Fenomenol6gica ser uma ciéncia basicamente descritiva. Em ‘outras palavras, no hé um sistema de axiomas, como na Matemitica, através do qual 0 psicélogo podetia construir as diferentes entidades ou realidades psiquicas; isto porque, ‘quandorefletimos sobre nossa vivénciaouadenossossemelhantes,ndo descobrimos*esséncias exatas”, isto é, suscetiveis de uma determinagZo univoca, mas “esséncias morfoldgicas”, inexatas por esséncia e cujos conceitos sio descrtivos (Husserl, 1986, p. 163). “0 psiquico é vivéncia averiguada na rflexo auto-evidente, num fuxo absolut, como atual e é esmorecendo, perdendo-se constantemente e evidentemente num passado. O psiquico esté integrado numa continuidade geral ‘monddica’ da cconsciéncia, numa unidade prépria que nada tem a ver com 0 Tempo, o Espaco ea causalidade." (Husse, 1965, p. 33.) # A rowfethonn E SUAS RELAGOES COM A PSICOLOGIA 7 A ideagao que chega as esséncias morfoldgicas, cuja extensio é flexivel e fluida, é radicalmente distinta daquela que apreende as esséncias por simples abstragdo, chegando a Cconceitos ideaisfixos e exatos. “As essEncias da vivencia nfo sio abstratas, mas concretas.” (Husserl, 1986, p. 163.) . ‘A Fenomenologia pertence as disciplinas eidético-concretas, propondo-se a ser uma “ciéncia descritiva das esséncias da vivéncia”. (Idem, p. 166.) Por isso encontra-se intima- ‘mente relacionada a Psicologia, fornecendo-Ihe os seus fundamentos. “Assim, a Fenomenologia & a instncia para julgar as questdes metodolégicas bésicas da Psicologia. O que ela afirma, em geral,o psicélogo precisa reconhe- cer, como condigao da possibildade de toda sua metodologia ulterior.” (Kdem,p. 188.) 3.A reflexdo fenomenoldgica, 0 mundo da vida e a intersubjetividade “O método fenomenoldgico move-se,integralmente, em atos de reflexdo”, mas a reflexao tem, agui, um sentido préprio que precisa ser esclarecido”” (Husset, 1986, p. 172). cu vive no mundo, mas ndo se encontra delimitado Aquilo que vivencia no momento atual, pois pode, também, dirigir seu penssmento para o que jé vivenciou anteriormente, assim ‘como paraas prospecgdes que fazem relago a coisas que tem aexpectativade vira vivenciar. psicélogo, na atitude natural, considera todos esses acontecimentos como fatos, procurando estabelecerrelacdes entre eles e deles com outros fatos, paraexplicaro psiquismo hhumano, Porém, ele pode refletir sobre tudo isto, em atitude fenomenolégica tanto em nivel superior de universalidade, ou de acordo com aquilo que se pOe de manifesto como essencial, para formas especiais de vivéncia, Neste caso, todos aqueles fatos © explicagdes’ sio colocados entre parénteses ou fora de ago, pemmitindo a reflexfo sobre a experiéncia variada da vivéneia, chegando ao que Ihe ¢ essencial, ou invariével nas suas transformagées, ‘Se eu considerar 0 exemplo de uma vivéncia de alegria, na qual eu “desaparego”, 20 completar um trabalho com eficiéncia; fizer uma “suspensio” dos fatos nela envolvidos e refletir sobre o seu agradvel decomrer, “a alegria se converte na vivencia visualizada e imediatamente percebida, que ‘Flutuae declna deste ou daquele modo, ante a mirada da reflexdo... A primeira reflexdo sobre a alegria encontra-se presente com esta, atualmente, mas no como iniciante nesse mesmo momento. A clegria esté af como algo que segue dlurando, 6 aneriormente vvido, no que apenas ndo se haviam fixado os olkos.” (Hasse, 1986, p. 174.) 18 YOLANDA CINTRAO FORGHIERI Posso, enti, refletir sobre a reflexdo da alegriae fazet uma distingZo entre a alegria vvivida mas nfo visualizada e aalegria visualizada,¢, jgualmente, as modificagdes que trazem consigo os atos de aprender, explicitar ec., que entram em jogo na visualizago da mesma. “As reflexes, por sua vez, também sao vivéncia e podem, enquanto tl, tornar- se substratos de novasreflexdes, e assim ‘ad infinitum’.” (Idem, . 173.) Entretanto, embora possa refletir sobre a vivencia reflexiva, esta, em iltima andlise, remonta a0 “mundo da vida”, ou & minha vivencia imediata, pré-teflexiva, “A vivéncia origindria, em sentido fenomenol6gico... tem em sua concregto ‘apenas uma fase absolutamente origindria, embora em fluxo continuo, que é 0 ‘momento da ‘agora vivo.” (dem, p. 177.) Esse “agora vivo” perene € 0 ponto de partida de todas as nossas reflexes. Porém, & apenas refletindo sobre minha vivencia reflexiva que chego a compreender a minha vivéncia origindria como uma totalidade, ou um fluxo continuo de retengées e protensdes, wnificado nesse “agora vivo”, que é 0 “mundo da vida”. ‘A reflexdo fenomenol6gica vai em direglo ao “mundo da vida", ao mundo da vivencia cotidiana imediata, no qual todos nés vivemnos, temos aspiragées e agimos, sentindo-nos ore satisfeitos e ora contrariados. Os pensamentos, as representagées tém origem nessa vivencia pré-reflexiva, ov “antepredicativa”, que ¢ anterior a toda a elaboragio de conceitos ¢ de jutzos; até as mais iéncia nfo comeca _guando articula uma teori do cientista ao desejar escl Por isso a Fenomenologia “ncitao cientsta a reencontrar, numa ciéncia, sua propria histéria, que nela se sedimentou,.. buscar em que, para além de todas as mediacGes, ela repousa sobre ‘o mundo da vida e ndo no ar.” (Busser, referido por Dartigues, 1973, p. 80.) ( ‘A “suspensio” fenomenolégica ni € feita apenas em rela¢ao ao mundo, mas abrange, \ também, o préprio sujeito, que & entio, tomado como tema de reflex, deixando aparecer J ocupuro ou o “ego transcendental”, como expectador parcial apto aapreender tudo o que \ ale se apresente como fenémeno, XX “Todo o sentido e todo o ser imagindveis fazem parte do dominio da subjetividade transcendental, enquanto consttuinte de todo o sentido e todo o ser... O ser ea 'AFENOMENOLOGIA E SUAS RELAGOES COM A PSICOLOGIA 19 consciéncia pertencem essencialmente um ao outro.” (Extrato de Meditacées Cartesianas de Husserl, em Kelkel e Scherer, 1982, p. 101.) “heamente. Possufmos, de ceto modo, uma “comunalidade”, pois todos nés vivernos no “undo e existimos uns com os outros, com a capacidade de nos compreendermos mutuamente as nossas vivéncias. “A partir da intersubjetividade constitu- {da em mim, constitui-se um mundo objetivo comum a todos.” (Idem, p. 102). Assim sendo, o mundo recebe o seu sentido, nfo apenas a partir das consttuigées de um sujeto soltério, mas do intercdmbio entre a pluralidade de constituigSes dos varios sueitos existentes no mundo, realizado através do encontro que se estabelece entre eles, III - Possibilidades de Articulagao entre a Fenomenologia ea Psicologia Este tema encontra-se enraizado na problemética das relagSes entre Filosofia Cigncia, AA Filosofia apresenta-se como conhecimento da profundidade ou do fundamento; propde-se a captar a totalidade como tale a individualidade como tal, interligando-as, Ela pretende climinar, progressivamente, “todas as instdncias fundadoras que ainda s6 se apresentam afetadas por um certo caréter de regionaidade... para chegar a um saber verdadeiramente universal, isto é saber da traidade, nao no sentido de um sistema que englobasse todos os conhecimentos, mas no sentido de uma apreenséo de fundamentos universais”, (Ladriére, 1977, pp. 180 ¢ 181.) ‘A tarefa caracterstca da Filosofia € eluidaranatureza propria da vida universal, ou ‘a génese do mundo, mas ela tem que pagar por este empreendimento, com sua incapacidade a de conhecer o mundo em seu contetido concreto, A Ciéncia apresenta-se como conhiecimento da realidade concreta; visa a ser objetiva (2... a abranger um dominio particular, delimitado e sem profundidade. Sua prética assumiu surpreendente éxito na época atual; “suas implicagdes no nivel de habilitagdo ténica e sua universalidade revelamse, cada vez mais, como forma privlegiada de conhecimento. trazendo «a idéia de que somente 0 método cienfico & capac de nos obter uma visio do ‘mundo que sea acetdvel.” (Ladtitre, 1977, p. 6.) 20 YOLANDA GINTRAO FORGH esse modo, assume uma posi¢io reducionista e autortéria, pois “., pretend aplicar a todos os dominios e todas as situagées aquilo que 86 & Legitino e fecundo no dominio do ensinamento verificéve.” (Idem, p. 157) Examinadas sob a perspectiva acima descrita, de acordo com a qual vém se cconsideradas, tradicionalmente, a Filosofia a Cigncia, a Fenomenologia e a Psicol: seriam dois campos distintos do saber que se apresentariam como inconcilidveis, * Bnretanto,é possvel, também, sob outra perspectiva, chegar a algumas aproximas centre ambas. Assim, verifica-se que tanto a Ciéneia como a Filosofia aparecem cx espocticagdes da idéia de conhecimento racional,e na medida em que se apresentam “portadora de uma metodologia da verdade, existe uma questio concerindo as rls centre elas” (Ladriére, 1977, p. 157). Poder-se-ia considerar que, sob um ponto de vista existencial, “ammbas consttuem procedimentos globais em que 0 homem se compromete inteiramente e através dos quais fenta insaurar, de maneira satisfatia, suas relagdes com o mundo e consigo mesmo.” (Idem, p. 158.) ‘A Fenomenologia de Husserl,contribuiu, consideravelmente,paraapossibilide estabelecimento de relagSes entre a Filosofia e a Psicologia, pois, embora ele tives intengdo dechegarao fundamento do préprioconhecimentoc de todo saber, omowo vivido como ponto de partida para realizar este seu ideal. Além disso, Husserl no ch ‘elaborarum sistema filos6fico completo, pois revelouestar sempre revendo erecome do este empreendimento, até o final de sua vida, sem chegar a reconhecer que 0 I ccompletado, Este fto pode serobservado emreferéncias que fazemalgumasde suas como no Epflogo de Idéias Relativas a uma Fenomenologia Pura ¢ wma Filo: Fenomenoldgica, onde afirma: c i "Se por um lado o autor precsou praticamente rebaixar o ideal de suas . Q., Sp amine ilosdfiea, ao de um simples princpiante, por outro lado chegou, com : 1s idade, & plena certeza de poder chamar-se um efetivo principiante... Vé l ‘stendida diante de si a tera inginitamente aberta da verdadeira Filosofia, a w ‘tera prometida’ que ele mesmo jd ndo verd plenamente culivada.” (Hlusserl, 1913, tradugfo publicada em 1986, p. 304.) Fle chegoua sentr-sedesanimado desiudido, como quandoafirmouna ia publicagdes, editada originalmente em 1938, ano de sua mort: 'AFENOMENOLOGIA E SUAS RELAGOES COM A PSICOLOGIA at “Filosofia como ciéncia seria rigorosa,apoditicamente rigorosa —sonko que se desfez.” (1954, p. 508.) Aquiles von Zuben, durante a argigo do meu trabalho de Livre-Docéncia, informou- ‘nos que Husserl, nos instantes que antecederam & sua morte, referindo-se & sua obra, disse & cnfermeira que o assistia: “Eu precisaria comegar tudo de novo", Todos esses fatos levaram-me a refleti sobre © inacabamento da Fenomenologia, _reconhecido pelo seu pr6prio iniciador. — Heidegger, que foi eminente discfpulo de Husserl, também considera que a compreen- so da Fenomenologia depende unicamente de apreendé-la como possibilidade, “0 queela possuide essencial naoé ser real como correntefiloséfca” (Heidegger, 1971, p. 49). “Bla ndo 6 nenhum movimento, naguilo que the é mais préprio. & possiblidade de pensamento... de corresponder ao apelo do que deve ser pensado.” (Heidegger, 1972, p. 107.) ‘Segundo Merleau-Ponty (1971), outro importante disefpulo de Husserl, a Fenomeno- chega & elaboragao de um sistema filoséfico completado. Além disso, ela “busca as esséncias na exsténcia...para ela o mundo esté sempre ‘at’, antes da reflexdo, como una presenca inaliendvel ¢cujo esforgo esté em encontrar esse contato ingénuo com 0 mundo para the dar um ‘status’ filosfico” (Metleau- Ponty, 1971, p. 5). 22 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! “Ea ambigéio de igualar a reflexdio vida irrefletida da consciéncia,” (Idem, Pp.) Embora Hussel tenha considerado a Fenomenologia e a Psicologia como ciéncias distintas, refere-se & possibilidade de relagio entre ambas, dando, no inicio, prioridade & Fenomenologia, a0 considerar que a Psicologia, como ciéncia tesrica, encaminha-se, necessariamente, paraa Fenomenologia, Mas, na medida em que amadurece seu pensamento, deixa transparecer a existéncia de uma relagio de reciprocidade ou de entrelagamento entre ambas, como quando, em sua tiltima obra, publicada originariamente em 1938 (Krisis), afirma que a “subjetividade transcendental é intersubjetividade”, fortalecendo a idéia de que 05 limites entre o transcendental e 0 empiticojé ndo so mais completamente distintos, pois ‘hd uma interseego entre ambos. A inicial oposigio entre o transcendental e o empitico, 0 ontolégico e o Ontico, foi tomada por Husser!, apenas como “um ponto de partida encobrindo um problemaeum secreto relacionamento entre as duas espécies de pesquisa” (Merleau-Ponty, 1973, p. 76) As formulagées fornecidas por Husserl e esclarecidas por Merleau-Ponty a respeito do inter-elacionamento entre a Fenomenologia e Psicologia, levam, também, a uma considera- ‘lo mais ampla da Psicologia, de acordo com a qual ela é uma ciéncia cujo conhecimento & peculiar e paradoxal; no ¢indutivo, no sentido que esta palavra tem para os empirstas e nem € reflexivo no sentido que tem para a Filosofia tradicional. O conhecimento psicol6gico reflex © a0 mesmo tempo vivéncia; é conhecimento que pretende descobrr a significacao, no contato efetivo do psicélogo com sua prépria vivéncia e com a de seus semelhantes. I - Esclarec 1. A trajetbria p. Como para a Fenomenol cu era ainda cr cas pests omg que sentia por ndo envolvimento, porém, oalvode: amplo. Assim, noi para me sentir qu a.uma compreensio. ce conviver de me Ne de conhecimentos rminhas reflexes, Bl nto, prosseguem s estimulante certeza ¢ Entretanto, nes fazer uma pause para num conjunto de for personalidade, mas compreendo meu ¢

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