Sie sind auf Seite 1von 60
Arjun Appadurai + A VIDA SOCIAL DAS COISAS AS MERCADORIAS SOB UMA PERSPECTIVA CULTURAL Thalocnnal The scl io ng: commode clu perpcve ‘5 ale bones BAU Esra ca Ueda Fee Plan aa Miele Fan, aes olen Ne, I ~CEP 2420300 {Tr elyaioe S07 Tele 1 262028 hap en br Ema etfrmettie paso opr ets ro emasd r, Dodo aca aaa Pb -(C1) ae appa ac eps as“ Nis Yn ds Ur 2999 2en.- (Cae awa Cl ei Asengtgs 2 Sito 3 Moca Lia Se Nome Carine Beto Reva eka Feito © Taian Ania rage Tro: Agatha Bae apo tars Atrio de esis “Etre Nos Cane ea Diogrmoci: Vira Mace Sous Sper ria: Ka MP Macedo LUNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE oe Kr Eman Pave de Anaad Pr eter de Psgunaei Granary Hane erandes Macao ‘Dor da AUPE Ms Romer Leal sos Dinar da Dio de Eran c Pru Rico Bogs ‘inaar a iia de Dronvimonts «Merce Lace Pde Mes “smeared Comarca «Bots: At Pal Caos aay “ ut wv vi ‘SUMARIO AUTORES, 7 [BREVE INTRODUCAO A EDIGAO BRASILEIRA, 9 PREFACIO, 11 PARTE I- Por uma antropoogie das coisas svrRoDUCAO. MERCADORIAS E A POLITICA DE VALOR, 15 Arjun Appadirat [ABIOGRAFIA CULTURAL DAS COISAS: [AMERCANTILIZAGAO COMO PROCESSO, 89 Igor Koprof PARTE I Treca consume e exibisto _DOIS IPOS DE VALOR NAS ILHAS SALOMAO ORIENTAIS, 125 Walia H Daseport RECEM-CHEGADOS AO MUNDO DOS BENS: © CONSUIMO ENTRE OS GONDE MURIA, 18 ‘Are Gell PARTE I - Prestigio comemoraio eval VARNA OSURGIMENTO DA RIQUEZA KA EUROPA PRE-HISTORICA, 181 Coli Renfrew -MERCADORIAS SAGRADAS: ‘ACIRCULACAO DE RELIQUIAS MEDIEVAIS, 217 Parick Geary PARTE IV - Regimes de produgio ea socalgla da demanda “TECELOES ENEGOCIANTES: ‘A AUTENTICIDADE DE UM TAPETE ORIENTAL, 247 Bran Spooner VIll_ QAT: MUDANCAS NA PRODUCAO E NO CONSUMO DE UMA MEKCADORIA QUASE-LEGAL, NO NORDESTE DA AFRICA, 209 Lee VCascanll PARTE Y -Transformagies histérieas e céigos rmercantis TX AESTRUTURA DE UMA CRISE CULTURAL: PENSANDO SOBRE TECIDOS NA FRANCA, ANTES E DEPOIS DA REVOLUGAO, 329 Willian BM. Reddy X _ASORIGENS DO SWADESHI (INDUSTRIA DOMESTICA): TECIDOS EA SOCIEDADE INDIANA DE 1700-A 1930, 357 CA Bayly AUTORES [ARJUN APRADURAI associate professor de antropoogiaeestudos sul-asidiens a Universidade da Pensilvania. Eo autor de Worship and conflict under colonia ale (1981) CA. BAYLL fellow do St Catharine's College, na Universidade ‘de Cambridge, © smuts reader em Estudos do Commonwealth. Publicow The local roos of inlan politics: Alakabad, 1880-1920 (1975)e Rulers, cownsmen and bacaars: North Indian socieyin the lage of Brisk eqpnsion, 1720-1870 (1982) LEE \. CASSANELLI 6 professor do Departamento de Histria da Universidade da Penslvins, & © autor de The shaping of somali socier) reconstructing the history ofa pastoral pecple (1982). WILLIAM H, DAVENPORT ensina antropologia na Universidade a Ponslvni, onde também ¢ curadr eneartegado é2 Oceania 90 ‘University Museum. Realizou pesquisa de campo na Jamaica « mas thas Salomaoe pesquisa histlrcas sobre o Hava pré-curopes, Tem publicado divers tabalhos sobre esas dreas de estudos PATRICK GEARY ¢assaciate profesor dehistra da Universidade da lori. Eo autor de Fara sucra heft of ris inthe conral middle ‘ages (1978) ¢ Arisioracy in Provence: he Rhone Basin at he das of the carolingan age (1985) ALFRED GEL ensina antropolog social na Escola de Economia e Ciéncia Politica de Londres. F 0 autor de Metamorphosis of the ‘assomaries:umeda society, language and ritual (1973) IGOR KOFYTOFF, do Departamento de Antropologia da Universidade da Ponsilvina, € co-editor (com Suzanne Miers) de Slavery InAfrica: historical and anthropological perspectives (1977) autor Vries of chr the ell economy ofserepower (no pelo). WILLIAM M. REDDY € assistant professor de histéria na Universidade de Duke eescreveu Therise of market culture: the textile ‘rade and French sciesy, 1750-1900 (1984). COLIN RENFREW ¢ Disney professor de arqueclogia da Universidade de Cambridge e Fellow do St. John's College. Eo autor de Problems in European prehistory (1979) e Approaches to social drchaeoogy (1984). BRIAN SPOONER ensina no Departamento de Antropologia da Universidade da Pensivinia. Escreveu Ecology in development: & rationale for three dimensional poiey (1988) BREVE INTRODUCAO AEDICAO BRASILEIRA Laure Graciela Gomes A presente publcagio em ingua portuguest da coletines organizada ‘or Arjun Appadurai (1988) vem completa esomar-se ao conjunto {Se exts seadémics prodazides no contexto da antropolog aglo- americana ¢ francesa sobre o tema do Consumo e do consumismo ‘movernos nas rs lias décadas do sulo XX, mas que comeca- tama ser publicados ente nos somente nos tims anos (a pari de 2000) Deve ser ressaado que uma caractersica fundamental desss textos, «uj pblicagéo no Bas se inicioucomA éiicarominica eo espirito do consumismo moderno de Colin Camel (200), oi a etomada de ‘uma perspectivapropriamentesecioantropolgca sobre o fenémneno consumo, que desautorzavaalgumas ses vigentes e carter tans- ‘cendentee moral Esta abowdagem surg, portanto,como umatereita vi" para aqueles que aia se adequavam ov nin consegiam raise -ergar este importante fo social do mundo contemporineo ‘consumo ~ pla ética exclusiva ds poarizagées e dos duaismes. De algum modo, todos esses teats apresentam um pono em comum, "Todos eles respondem, de uma forma ov de outa, a algumas ucusa- hes graves fits a0 consumo e 20 consumismo, slém da cassia atrbugto de fetichizaco dos objets, Una dessasscusagies seria a incapuciade de ambos para esiabelecer vinculos soins “autém ‘on”, Ao contri, tl eomo uma especie de cincer, o consumisme ‘modetnoveio para desta o “verdadero lagossociais, Para com eta este cenaro de Deus ¢ 0 Dabo na Trt do So, a iterature de _Begécios, salvo exces, também sempre deixou muito 2 desejar (porque, partindo de premissas reificadoras, ela acabou consagrando uma enncepgio pecaminosa do consuoo de Mall Sin Cerri Ya ein en Sitemaps minum ponent Autores como Bourdieu, Mary Douglas, Marshll Sains, Colin Campbell, Daniel Miller eeutras éemonstraram exatamente 0 com tein, sm catem na tntagio de desu o sentido ea importancis {as formas de sociabildade tradicionas criada a parti familia, {da produgio do trabalho. Baseados em pesquisas empiicas. eles riotraram que 0 consumo esté aa base da formagio do gosto, da isting, ser o que mio se podera falar de ndividualismo e de es- tuatgias de reprodgo de muitos grupos e identidades sociais no ‘unde moderna. Assim, além de poduzitvinculos sociis, 0 consa- ‘mo também geta formas particulares de sliduriedade,confianga © ‘sciabilidide fundamentas para a vida social (Como as demas obras, acoletines organizada por Arjun Appar é tum demonstra eloqiente dessa perspeciva.Elaaindatem a vaniae {gem de tazerconsigotodo o vigoe provocative que polfmicaadguiri dante a décadas de 1980/1990 Isso se tna evidente no momento tem que Appadial apresenta0 pont de vita que props aos autores das eapulos que acontec sé deixarmos depres atengio apenas ‘as vinculossocais que supostamente precedem ou deveriam prec ‘eras eos, eomeganmos a abservar as coisas dante os Varad percurtsetajetiia qu elas fazem e raga na sociedad por meio tas ciferenesesfera de circulagionelaexstemtes? © liv é importante nto opens polasresposias que cada auto en- ‘onirou no seu universo de pesquisa para esta proposicio, © que © Teitor ter condigoes de avaliar, mas pea evoragao de algo itmportas- teem termos metodalopicos. A eoeténea nos faz lembrar que & [pesquisa sociolégica nio pode, de forma alguma,ficarrelém de ob- Jetospré-consrados. ited 13 de feverico de 2008, 10 PREFACIO Emborasntropélogos ¢ historiadores falem cada vez mais uns s0- ‘bre os outros, eles raramente falam uns com 0s outros. Este Livro é ‘resultado de um dilogo ene antropslogos ¢ historadores sobre ‘tema das mercadorss, que se estendeu por um ano, Tes dos ati- 0s (os de Cassanelli, Geary Spooner) foram apresentados no ‘rorkshop de Eino- historia wa Universidade da Peaslviniaem 1983- 1984, Os outros @ excecio de meu proprio cnsaio introdutio) um apresentados em Um simpdsio sobre as relagSes entre merea- dorias e culture, sede no Programa de Etno-histra, a Fladltia, nos dis 23 225 de maio de 1984 Lee Cassanelli, meu colega no Departamento de Histria da Unive sade da Peosilvinia,propés primeiramente o tema "Merealorias © ‘cultura para o workshop de Etnohistéra de 1983-1984. A ele e a [Nancy Farriss (Lamb do Departamento de isis, © mentora do ‘workshop desde ses principio em 1975), devo visas anos de estmu- Tantes didlogos interdisciplinaes, A proposta de Lee Cassanel coineiiv frautamente com uma conversa gue eu haviatido €om Igor Kopytoffe William Daveaport (meus cologas no Departamento «e Anicopologia, na Universidade da Pensivinia), no desenrolar da ‘ual concordamos que ji ra tempo de ser feta uma revitlizagio da antropologi das cols, (0 simpésio de malo de 1984, que levou dretamente a projeto deste live, fo posibilitad pelos slins que o programa de Fino hits ria recebeu do National Endowment for ste Humanities ¢ ds Escola ‘de Anes © Cigncias da Universidade da Pensilvinia, O sesso desse ‘simp6sio deve muito ao apoio organizacional eimelectaa! de estu- 2o em observar, como & fer Polanyi, qs permuta 4 toss Sepia de meteors tna om exit conam, iad (em Sed pono de visa) aturzs cena me bt, rltvament esto e associ de amas a formas de oct Em versa formas Simple do permit, potetcmos um esforgoem rca cosas cm a2 oer ascii nem complies dono Nome ‘ocontemprdnes peta eter alarhi uma esimativa de que 2 ‘movimente 12 bilhdes de délares em bens c servigo por ano apenag nos Estados Unidos. Perm internacional (por exemple, xarope ‘de Peps por vo rss; Coeacola por palitos de dente coreanos by por empihadeirs bilgaras)estio-setransformando em uma com plexa economia alternatva, Nests crcunstinias, a permuta € oma ‘eagio ao mimero cada ve7 maioe de barreirasimpastas 20 comércio| © finangs internacionais¢ tem um papel especifico a exerer na conomia global. Assim, ecme forma de comercio, a perma ated Ta toca de mereadoras nas mais diversas circuntGncis soca, teenoligicas e instiucionas. Pode-se, portano, conside forma especiat de toca de mercadoras, ns qual, por uma série de ‘az0es, odinheio nfo desempenha qualquer papel, ou um papel muito indireto (como ama mera uidade de ecu). Com esa definigio de permut, seria praticamente impossivel encontrar qualquer socieda- e humana cm que a troca de mercadoras seja complctamente imelevante, A permula parece sera Fema de toa de metcadorias fem que a ciculagio de coisas mas se divorcia dos normas socials, politeas ou cultutais, Porém, onde quer que baju evidencasdisponk- ‘eis, determinacio do que pode ser permutada, onde, quando «por {guem, assim como 0 que impulsiona a demands por bens de “ou ‘Tem, € um fat social. HA uma forte tendéneia de perceber tal ‘egulamentago social como wma questio em grande pare negativ, de modo que a permuta em sociedades de pequens escala c emt periodosremotos com frqiénca,considerada wma forma de roca resiia elacho ene comunidades em ver dem interior das com ides. Neste modelo, a permutaé tomada como algo inversamente roporciona sociabiidadee, por extenso, o coméeco exterior & isto come algo que “preeedeu” ocomerci intemo (SAHLINS, 1972). ‘Masi bons motivos empiricase metodokigicns para questiona este onto de vista, [A idéia de que o comércio em economias pré-industrais nfo rmonetizada em geral,pereebido como anti-social sob a perspect- ‘vadas comunidades de Conato dete, portato, resringia-e com Freqiacia a negociagées com estranhas tem como contrapartidaim- plicta a visio d= que o esprito da didiva e o da mereadoriasio rofundamente opostes. Soba ponto de vista, a roca de presentes€| a troca de mercadoias So, por essénca,conrastantese excluem-se ‘mutuammente. Apesar das tenatvasrecentes de amenizaroexagera> so conase ent Mars ¢ Mauss (HART, 1982; TAMBIAH, 1984), 2 M cia deer ns pongo frdamenl ene xa mo setae aca conve sendo un mig distin do discaro enol (UMONT, 1980 HYDE, 1979; OREORY, 182, SINS 1972; TAUSSIG, 180) ‘Aampligb ca eiicaod contrast etre diva mercara mt rie acadtmicanbopeuige naa fut, et so nls es endl de azar as cede de pquea excl Je eo mito; conta vac deo (esa de Mars) “Ses gamelan seal de Temes) J esque ie tm ‘he's sockdades calls opera de aeordo com patos Cafu de margin e mini ex aspect cael, Gexunts cao cnlecedre da sodas nurcophalias, ans TSracis por sua vez, soo proto de uma vino demasiado Spina duopeiso cre Mute Mant oe como eervou Keith it aeons pest ptt sem mum ques verific ene lee Disdivss © esplito de reciprocidad, socibilidade eespontane dade em que sio normalmente twocadas ~ Go em geral postas em ‘oposigio an espiitoganancioso, epocénttico e calcaista que anima 2 ecclacio de mereadoras. Ademals, enquanto presenes vincalam iss a scons inserem o fuxo de coiss no fuxo de relagbes Sciais, mereadoriassupostamenterepresentam © movimento em sande pore livre do coeraBes movais ou clturais—de bens uns pe Jos outos, movimento mediao pelo dinero, no pela sccabiliéade Maitos des ensaios dest livre sir coma minha pope argue tacio aqui, destinam-se a mostrar que esta séie de contrasts é exagerada¢ simplsta. Porém, por enquanto,apreseato apenss uma Important propriedade comam trod de presents ea circulagso de rmercadoriss. ‘©modo come compreendo espiie da roca de presente deve mio 'Bourdiev (1977), que expandiv um aspect aé enti nepligenciado 4a anilise de Mauss sobre a diva (MAUSS, 197, p. 70-73), no ‘qual se enfatizam ceros paralelosesratégicos ene a roca de pre= resalla 2 dinfmica temporal do ato de presenest, capreende ima anise perspcaz do espitito comum subjaceate & tuoca de presents e circulagio de mercadorias 25 ‘Seéveiade ea itera empe inept Eo {te pomlite eno minim er toe ‘eprmenta camsum aoiagl de pee Ae, cng psd 0a to, i ee, ev cel, eth fin ar que. s0 reds © Picco a mona, abn oa Spd dese ei go, cms de preates enn a4 pretenden clears {edits prep em spent. Por ds exe na tepa tq con {Cee aot de cea emer Scrat, aimee nics mode lesanene Tecoateid, m ocedas qe, coe coca akc ng ower ala do i ¢ socom ac aie quien eden: Aristides eons seu see pane cons tim um ec em sem ps soe tratamenio dado i toca de presentes como uma forma particu larde crcl de mercadrias procede da critica que Boutdiu diigo no apenas a tatamentos“objetivsias da ao social, masa um ipo Ae etnocenirismo, om si mesmo um produto de capitalism, que toma por incontestivel uma definigio demasiado rest do iteresse oe -nbmico * Bourdieu ugere que" pritica jamais cessa de obedecer a0 eileuo econdmico, mesmo quando di uma impressio de completo desintoresse por escapar 3 Wigea do eleulointeressodo (no sentido estrto) estar nortada po apostas que sto imateriise diticilmeate «vamtificadas” (BOURDIEU, 1977, p. 177). Suponho que esta sugesto converge, anda que de um angst ligei- ‘ament ferent com as proposias de Tambiah (1984), Baudrillard (41968, 1975, 1981), Sablns (1976) e Douglas & Isherwood (1981). Teas estas propostas so teativas de resiuc a dimens3o cultural sdesociedades quase seme descits apenas, em frmos eras, como ‘economies, de restiuir a dimenséo calculista de sociedades quase ‘sempre retratadas apenas em lero esrtos de solidaiedade. Parte Senor tne dec de ln lala come alo gue oce pens ‘ZS fomarssentecomaiides end ak use ele no me rs mas posimas dtc de pesetes (DAMON, 1983. ‘$59.0 cone de tum frac woes teico © consi ate as lon us pecors pls abcon de valores cas 0 fer dais mah elves rblemaias (WEINER, 180, DAMON, 1583, CAMPBELL, 1563. MUNN, 1983). Aida Seen ln nope com eit sec a ‘are cro gi igh s acl ene oats otal Sides de ect as gas mons ¢ malhees ansscona er Ss ‘Pepi comand Klouns in ej de valor qo pote et eves ou leptinaneni reads oie apn ete ‘averse ono de Pas Dornan ete nes Sepa resi QOHANNAN 159) Nooleom cts sera inulin conceit nme nite rs ah Sas as ens qusfoma ada do mundo das oes {#BMacin. Cons mos Annte Wel, um equtoce alr “Baodesisema dence cote dstranscrencas de bjetsqee eprint mee aries ote (pr os homes) ma sfoames (WEINER, 198, asics, ) 7 i ua cone cms inka process kis de toe tangs rao nde anole omens ‘Seis, come noon Munn em relagio‘s oes fla en Ga” Em as bora os homens puregam ser os agentes na dfinigio do valor da ‘canchss, na verdade, Sem conches, cles nio podem defini seu pd prio valor, quanta a isso, conchas e homens $80 agentes rec ha defini do valor de ume de outro” (1983, p. 283). Mas, com ‘bservou Mun, na construc reciproca de Valo, ra nao sod fnieas a exercerem wm papel important: 9 desvios também o f4 ‘em. As elages ent rola edesviossioctucais para as politica ‘devalor no sistema lata, ea oruestragio aproprinda destas lag 6 prinepalestratépia do sistema [Na vera, ater ei pling {ure un dos chs de raga mis ‘hms de stants probs coor dens de nla eaableie ut, Ate go aseasse ma ‘renee pests ear repe de [Je ae nea, os hans oe poss ea ‘kote na cpaase de oa ‘ago deve domo eves repose a {ade par cdr pres en og hm dsapunga ov oe ler mes Supe da oa (MUNN. 1985p 301) sas roca de grands escala representa esforgs psicolgics pag twansconder Doxos mais huriles de esas, mes, nas polticas repulag, gantos a arena mais ampla tm implicagSes para as arg ‘nas mente, ea deia de Atcum asegura qu tanto as transfecéncig ‘quanta converses tm de ser conduzidas com cuidado com vista fos melhores ganhos no total (DAMON, 1983, p. 317-323). O Jah pode ser visto como o paradigta do que proponto chamar de forna de valor? “Tomei de valor so complexos eventos persion que, de alga forma cltralmente bem definig, se afatan ds rons da vid conbmic. A puticipagio nests eventos tendo 9 ser simultane! trent um pivegiocaqules qe etn no poder eum instrument de disputa devs etre eles. Amoeda coven destesorcios ta tm tee a ser stings por moto de acrtins cultural nl bem compreendidos. Finalmente, o que ex em paula nests torn ‘io ¢apenso stat, psig a fama reps dos ores nk laprio doe prince emblems de valoda sociedad em ane {o." Enfim, ermbora tas tncios de valor ocorram em €pocas elugael speci, suas formas ¢resados sempre trazem eonsegaenet 36 as mais mupdanasrelidades de poder e valor na vida eomam, wo Aula, do mesmo melo que em tas Corncios de valor em | nabildades estratégieas sfo medidas culturalmente pelo su- com gue 0S atores arriscam desvia ou subversies dis alas ‘Sjramente convencionada para ofuxo das coisas. ‘Aidkia de orcas de valor € uma tenatva de crat uma categoria ral equindo uma observagio recente de Edmund Leach (1983, F535), que compara o sistema da como mundo da arte no Oxide: Fi moderno. A andlise de Baudrillard dos leildes de ate no Ocidents ‘ontemporineo permite que se ampliee aprafunde esta anlogl Baverlarddbserva que 0 lilo de arte, com seus aspects liceas, ‘as recipcocos, se lcaliza for do ethos da race econdmica com ‘encioml, que Vai muito além do céleuloecendmico diz respeito ‘ods os procesos de transmutagao de valores, de ma ligica de ‘alo 2 outra, que pode ser observada em determinades lugares © insttuigdes” (BAUDRILLARD, 1981, p. 121). A andlise que ‘Baudillard faz do ethos do Icio de arte merece se citada na nte- 1, i que poderia ser faclmente uma eracerizagio apeopvia 8 ‘atos exemplos de tomcios de valor fe oni epee ome SSW Sec oe incr i at Stew psc pcos Sp Sota haem tease Sse nano orice teagan Seven lees eo cede pgs aes cin me spl tits opte Pattee reincapsnagecacae oom tt tenes ae po {eco teveteone soe attain nen cemnierd STateamauscscan eect Semper mien pe ep Spciomaioratioapuntte ePtiecaaom (on Sefer woe ise comparativa de tis torneios de valor, pode set elo sepuratendoce de Baad elise pra peace vcs cnn as nan mbna ou revel que aang dvs sana de vals utes 37 scnomicasapresente grandes varagGes. Tei mais a dizesobre tor tes de valor na dicussio acres das elagées entre conhecimento € ‘mereadois, sais adiante neste ensso, 0 tla, de qualquer modo, representa um sistem muito complexe para interealibragem das biografias de pessoas e cosas. Most os a dificuldaes de separ roca de mereworias de presents, ‘mmo nos sistemas pré-industriais emo monetizados lem te nos lembrar dos scosenvolvigs em enrelacionar de modo demasiado rigid, zonas de intimidade socal com formas distints de roa. Po- Fm, talvez o ms importane, tata-e do exemple mas nia «de politica ds foreios de valor, em que os lores manipulum a8 sontscultaralment dfindas 0 potencialestratégico dos desvion, ‘Se modo que o movimento das coisas tora mais alas suas pias posigtes No enantio, desvos no so encomados apenas como partes de os iralepias individuais em situagdes competitive, mas podem ser Insttuionalizados de vérns formas que remover ou protegem ob {ets dos contextos mereamtis sacialmenterelevates. Monopsios| indus: the ethaogrphy of pot nda cloth prodecoon sige: Cag Uv res, 1K HEBDIGE,D.Tavelig ight: on rout into mata cue. RAIN ut Anika nt NowsLndon 8p. ie 1983. ” HENCKEN How he esbdy Maca aued he Mecklenburg Calesion Symbol Harare. 23, fall 198 HODGSON, M. the vem ola consciences ior inn Shilaon 3. Chea’ Univer of Ching Press 1998 LIYDE The gy imagination andthe erie Hie of prope. New ‘York: Random House, 1979, wel eels LEACH. Thelaian shen view. ngLBACTL W:LEACH (EA). The ula: new perspectives on Massin exchange. Canbidge: Canietge Univers Pca 15 p. 39.898 LEACH, IW; LEACH F (Ed) he al : lene penpecives on Nass exchange: Cambie! Canbrige Union Pos 18 BARS, .Noplace of rac a-oerism ante uansmaon Ot Ament, 180190 New Yor Pate, LOPEZ, RS. The commercial revlin of the mide a, 98 1830 apewond Cif Ns Mente a MALINOWSAI, Argonauts of the weve Pail. Lond Routledge, 1922. % sie “ MARCUS, G.Spemfing he Hany, ser, and dys sive a gn asf Aetin. Erpean ona of Soon. ope) ARRIOT M Cates olan ama ans WSINGER M; COHN, B's (Ed) Sct ancange don sre Cha Alig 1968p LST MARS, K: Cpt. f ¥.1: acti aay of expat practon. lnc: Fog ais, 17 (Orin! pean 18) as Grundrise:fodnions ofthe evitque ot poiea economy. New Work: Vintage Books, 1973. MAUSS, M. The gift. New York: Norton, 1976 MEDICK, Hs SABEAN, D. (Pd), Interest and emotion: essays on the sudy of family and Kinship. Cambridge: Cambridge University Press; Paris: Estions de Ia Matson des Seiences de Homme, 1984. MILLER, D. (Ed), Things an" what they used tobe. RAIN = Royal ‘Anthropological Intute News, London, Dee. 1983. Special section, pe. MINTZ, W-Time, sugar, andsweotness. Marsstperspectves, [SI v. 2pm. dp. 56-73, winter 1980, [MUKER!,C. From graven images patterns of moder materialism, New York: Columbia University Pres, 1983, MUNN, N. D. The sptiotemporal transformation of Gan Canoes. etal dela Societe des Oceanises, Pain, v.33, 0.5455, p. 39-53, Marsiin. 1977 Gavan kalo: spatiotemporal coat! ad the symbolism of influence. In; LEACH, 5. W; LEACH, E. (Ee, The hula: new perspectiveson Massin xchange. Cambridge: Cambridge University Dress 1985, 277-308, NAPPI, €. Commodity market controls: a historical review. Lexington, Mass. Lexington Books, 1979. NER. J. Cuftural foundations of industrial civitzation. New York: Harper, 1958. PERLIN, F Proto-industriaiationand precolonal South Asia, Past land Present, Oxford, ¥-98, p. 30-94, 1958. POWERS, MJ, Geuting stared in commodity futures trading. Columbia, Md: Tovesior Publications 1973. PRICE, JA Thesilent trade nf: DALTON, G. (Fl). Rescarchit Economic Antropotogy. Greevod, Conn. JAL Press, 1983. ¥. 3, p. 75.96, 1986, SSAHLINS, M. Cure and practical reason. Chicago: Ur Chicago Press, 1976. 86 Historica metaphors and mythical realities sactce in iE eay history of the Sandwich Islinds Kingdom. Ann Avbot Univesity of Michigaa Press, 1981 Stone age economics. New York: Aldine, 1972 SCHMIDT, A. The concept of mature in Mars, Landon: NLB, 1971 SCHUDSON, M, Advernisng, the uacasy persuasion: dubious ‘impact on American society. New York: Basic Books, 984, ‘SEDDON, D. (Ea) Relains of production: marist approaches to {esonomic anthropology, London: Frank Cass, 1978, SIMMEL, G. Fashion. American Journal of Saciology, Chicago, 62,16, p. S4L-588, 1957, The philosophy of Money. London: Routledge, 1978, SOMBART, W. Lasury ond capitalism, Aan Asbor. University of ‘Michigan Press, 1967 SRAFFA, P Production of commodities by means of commodities Cambridge: Cambridge University Press, 1960 STEWART S. On longing: nanatives ofthe miniature, the eigen, the souveni, the collection. Baltimoee: Johns Hopikins University Pres, 1084, STRATHERN, A.1.Thekulain comparative perspective: LEACH, J. Ws LEACH, E. (Ed). The hula: now perspectives on Massio| ‘exchunge. Cambie: Cambridge University Pres, 1983. p, 73-88, ‘SWALLOW, D. Production and contol in the Indian garment export industry. tn: GOODY, E. (Ed.). From craft to indusiry: the ethnography of protc-industrial cloth produetion. Cambridge: Cambridge University Press, 1982. p. 133-165. TAMBIAH, S.J. The Buddhist saints ofthe forest and the cult of ‘ules, Cambridge: Cambride University Press, (584, ‘TAUSSIG, ML. The del and commodity feishizm in South America, ‘Chapel Hill: University of Nosh Carona Press, 1980, ‘THIRSK, 1. Economic policy and proces. Oxford: Clarendon Pres, sti policy and pro Press, a7 THOMPSON, M. Rubbish theory: Oxford: Oxford University Pros, 197. UBEROL LPS. Politics in the Kula ring. Manchester: Manchester University Press, 1962. WEBER, M. Clases, status groups and parties. fa: RUNCIMAN, WG. (E4,) Max Weber: selections in translation. Cambridge: Cambridge University Pres, 1978, p. 43-61 The protestant the a the spirit of capaism. New York: Sesibor's, 1988. (Original plication 1904-5) WEINER, A.B. A world of made isnot a world of born: Doing kala to Kiriwana. In: LEACH, J. Ws LEACH, E. (Ed). The hla: new perspectives on Massin exchange. Cambridge: Cambridge University Pres, 1983, p. 147190. WOLKE. Europe andthe people without history. Berkeley: University of California Pres, 1982. 88 0 A BIOGRAFIA CULTURAL DAS COISAS: A MERCANTILIZACAO COMO PROCESSO or Kopott ara os economists, as mercadorissmmpesmente existe. Ou sea, ceria coisas ¢cetos diets a eoises so produzidos,existem e po- dem ser vsts ciculun por meio do sista econdmico, contre ‘io endo trocados por outras coiss,peralmente por dinheir, Essa visio, evidentemente, barca a definigdo de mereadoia segundo 0 ‘senso comums um item com vor de uso que também tem valor de ‘toca. rovisriamente, aeitarei esa defini, sulicione pars l= ‘ania eras questoespreliminares, mas mais frente eva ampliarel cconforme exija a minha arzumentagio, 1D: um ponto de vista cultural,» produgo de merctdorias € também tm processo cognitive elral as mercadoras devem ser ni ape fas produzidas materialmente como coisas, mas também calturalmente sinalizadas como um dterminado tipo de coisas, Do ‘otal de cokas dsponivois numa sociedade, apenas algumss sao apro- Piadamentesinalizaveis como mercadoris. Am &o mais, emesma ‘ise pode ser tratadn como ume meteadoria numa detcrminada cca ‘io, eno serem utr. Finalmente, a mesma coisa pode, ao mesmo ‘tempo, scr vista por uma pessoa como uma metendotia,¢ como ums ‘uta coiss por outa pessoa. Fssas madangas ¢diferengas nas cit- onstnciase nas posibildades de uma eoisa ser uma meseadoria ‘evelam uma economia moral subjacente 3 economia objetiva das leanssgoes vsiveis. DEPESSOAS ECOISAS 'Nopessamentoocidenal contemporineo,admtimos, como um panto "laiivamente pacifico, qu a coisas objtas materiais os direitos ‘8 té-tos~ represent 0 univers natural das mercadorias Situa 89 mos as possous do lado oposto, representando 0 universo natural da indvidulizagio eds sngulaizagio, ssa poarizagio conceitua entre prseoss individvlizadase cnisak mereanilizadasé recente ee tet- mos cultura, excepeional. Pode acontecer (como jéaconteceu) de ‘pessoas serem mercamilizadas, por vezes sem canta, em muitas So- iedades 20 longo da hstri, por intermedi daqueasinsiuiges bbem diseminadas, conhecss pelo nome gencrien de “eseravidio” Porano, lve sea itil abordar a noi de mercamilizaio exami indo primtelro no context da escravidao, ‘A cseraviio foi muitas vezesdefnida, no passade, como a forma de teatomento dada a pessoas consideradas como propriedades ou, em algumas definigoes sernelhantes, como objetos. Mais recentemente, thandenon se ess visio de “oi-uma-coisa-ou-outa”,€ adctou-se tum ponto de vista processba,n0 qual a marginalidadee w anbigti- dade de stats se tomaram o certo da identidade social do escravo (er MEILLASSOUX, 1975, VAUGHAN, 1977; KOPY TOFF, MIERS, 1977; KOPYTOFF, 1982: PATTERSON, 1982). Sob essa perspectiva a condo de eseravo € vista ndo como um sts fix € Uunitirio, mas como vm processo de transfrmaga socal que envol- ve uma sucesso de fasese modangas de anus, alguns das quai se funder com outros status (por excmplo,o de adotado) que, nds, 0s ‘ocidentls,consderamos muito distintos da escrav ido. [Aeseravio comeca com a captura ou a von, quando dentida- ‘e social petvia do inividuo lhe ¢arrancada,tansformandoo numa nao-pessba, ue, na verdad, ¢ um objeto uma mercadoria de fat ‘ou em potencial. © processo contin, no emtanto. © eseravo é ud- {quirid por uma pessoa ov um grape e€ reinsrido no grupo que 0 recebe, dentro do qual 6 resocializado e re-hamanizado por melo 4a aquiscao de uma nova idenidade socal O eseravo-mercadoria 6 efetivamente re-individualizado, 20 adguicir noves stars (nem sempre baixos) © uma confguragio nica de rlacionamentos pes- Soais. Assim, esse processo afasta 0 eseravo do starus simples de uma mercaderia itercambidvel eo aproxima de wm stats de um individuo singular que ocupa um nicho socal «pessoal particular [No cnlanto, o excrivo continu 4 Ser uma mercadoria em potencia te ou ela continua a te um valor potencial de toca que pode set ‘oncretizado mediante a revenda, Em muitss sociedades, 0 mesmo Se upicava aos “livres”, sujeitosa serem vendidos sob circunstncias defindan. Na media em que nessas sociedades todas as pessoas 20 tinham um valor de trea eram passives de viar mercado fea bem claw que w mereantfizagio nao eva eulturlmente timid 20 mundo das cosss. ‘0 que percebemos na carterade um escravo é um processo de rei. di inicial de um determinada contexto social original, @ ‘mercantlizagio,seguida de uma erescene singularizacéo (cu se, ‘esmereantlizagio) no novo contexto, com apossiildade de fatura re-moreantliaagio, Como ncorte na maiota dos processos, a8 si- ‘cessvasfases se sohrepiem muss outras. Em terms efetives, © ‘escravos6 ¢ uma mercadoria~ sem qualquer ambiguigade — durante ‘o period relativamenteeurlo entre 4s eaptura eu a a primeira ‘yenda & a aquisicdo de uma cova idemtdade social. O escravo se transforma menos numa mercadori ¢ mais num individ singular dorante 0 proeesso da sua gradual incorporacio i sociedade que © reoche, Essa forma biogrfics de aborda a transformacio em escra- ‘vo como um proceso sugere que pode ser sil examinar @ rmewcantilizacio de outas cosas da mesma maneira, ou sea, como pte da moldagem eultural de bigratas. A ABORDAGEM BIOGRAFICA As biogafas tm sido abordadas de vtias mancitas ta antropologia {uma senha sobre amatéia€ feta por LANGNESS, 1965). Pude-se {apresentur ua biograia de verdade, ou consiair um modelo Biogtd- Bio tfpico a pat de dads biogréfcas montads aleatoriamente, al ‘como se faz ns recrretescapitlos is cinografias dedicads 30 ‘Giclo de Vidi. Um modelo bogrfico detado de mar conscincia lerica ¢ wm aato mais eomplicado. Ele ébaseado mim amen rzo- ‘vol deistras verdad. Apesents uma varedadedepotibilidaes bografca oferecidas pela sociedade em qucstioe examina a mane ‘ela qual esis poss so coneretiacs nis histrias de vida ‘de virias categoria de pessoas. Ele examina, ainda, biogafasieal- zads,eleitas pela sociedade como modelos deseiveis,¢ como S30 Dercebidas a varagbes eas do modelo. Came disse Margarth Mead, tm manera de entender cultura € ver que tipo de biografia ela con Siders repreventativa de uma cureia social bem-sucedida, Eevidee {queo que € considerado uma vida bem vivid eumasociedade africana tem um peril diferente do que seria aceto como uma vga bem vivid olongo do ro Ganges, ow na Breanna, 00 ene os esquimes. 3” arece-me que & vantajosn fazer a mesma varedade e modaldades de pecguntas cultura para desvendar as biogvaias das coisis. No inicio deste séeulo, aum artigo intulado "The genealogical method ‘of snthcopological ingviy” (0 método genealiyico de pesquisa an- ttopotdgica) (1910), W. HL R. Rivers propds o que desde eno se tornou uma ferramenta paronizada do treba de campo einogrifco. [A pare principal do atigo ~a maior responsive plo fa de tex sia se lembrado hoje em dia € aguela que mostra como a termi- nologia as relaghes do pareniesco padm ser sobrepostas 2 um siagrama genealdgico e seguias por meio da estutra-socal-tem- oti que o diagrama ofc. Mas Rivers sugeria também uma outa ‘ois: que, por exemplo, qusndo 0 aniropdlogo busca descobrir as regres da heanga numa Sociedade, pode compara 0 enun «das regras com 0 movimento real de um objto particular, tal como um ote de eta, por meio do dagrama geneal6yieo, nota tamente como ele passa de mio em mio. O-que Rivers props fot vuma espécic de bografia das cols com buse na posse. Mas a bio- _rafia pode se concenar em inimetos duos assuntos € eventos ‘Ao fazer biografia de una coisa, far-so-iom perguntas similares de ‘que se fazem i pessoas: Quais so, sociolagicament, as possibile ‘ads biogriicasinecentes a esse "status, € a pocae a cultura, € ‘com se coneretzam esis posibilidades? De onde ver a cos, € ‘quem a fabricou? Qual fois sua careira até aqui, e qual € areca ‘Ques pessoas consderam ideal paca esse tipo de cosa? Quais sao as idades” ow fses ca “vida Yocodhocidas de uma coisa, quais ‘io 05 mereados cultras para elas? Como mudiam os usos da coisa ‘onforme ela fica mais velha, ¢0 que the acontece quando a sua ‘ilidade cepa 20 i? Enice os Suku do Zaire, por exemplo, entre os quls fiz pesqusas, ‘ida i atibuida a uma choupana gra em toro de 10 anos. bio- ‘gaia pica de uma choupuna comeca com a moradia de un casa ‘uno caso de uma familia pligna, de uma esposa e os seus hos. ‘Conformes choopanaenvethece,clapasasucessivamente aser uma ‘ssa de héspees ou de uma viva, um ponto de encnntro de adoles- cents, uma cozinha e, fnalmente, um abrigo de cabritos.ou galinhas 4 vita final dos cupins eo colapso da estrutura. 0 estado {isco da choupana em cada fase coresponde 20 uso particular que se faz dela Se uma choupans esi sendo usada de uma forma que mio corresponde sa idade, as Suku manifestam malar, ¢ 80 cons: 2 sui uma mensigem, Assim, hospedar uma visita numa choupana fue devera ser uma cozinha diz algo sobre o stares do visita se fo existe uma aldeia uma choupana disponivel para Vsiantes, a Inensagem dada & sobre o chele da aldeia~ le deve se preuigose, ose hosptaleto ou pobre, Noe tems expectativs biograticas st snfares em relagio as cosas. Para nds, a biogyata de um quadro de Renoit que acabe num incinerador 6, a manera tho rigica quan toabiografia de uma pessoa qu wcabe assassnada, Isso ¢ evident No enlanto, ma biogratia dos objetas hé outros scontcchmentos que transmitem significados mais satis. O que dizer de um Renoir que scabs numa colegio particular inacessivel? Ou de wr outro Renoit ‘squecido no porio de um museu? Como deverfamas nos seni 0 tre um terceizo Renoir qve san da Panga para os Estalos Unidos? (Ou para a Nigita? As reagoes cutras a fais detalhesbiograticos revelam um emaranhado de juluamentosestéies,histriense mes mopolitcns ede conviegiese valores que moldam as nosasatitudes quanta a objetosdesignados como “ate” Examinar as biografias dos coisas pode dar grande realce «facets ‘que do outta forma seria ignoradss. Por exemplo, em situigoes de ‘onto cultural, elas podem mostrar aquito que os antropilogostan- tus vezes enfatizaram: o que sgniicaivosobee a adocio de abjetes ‘srangeiros~ e Alas estangeitas ~ no & a sua adogio, mas sim a ‘manera pela qual eles si eulturalmenteredefinidesecolocalos em ‘so. A biogrfia de um automeével ma Africa revelaria uma grande Figueza de dagos cultures: a maneira como ele €comprado, como € ‘de quem fo conseguido.o dinhsio da compra, oelacionamentoei- treo vendedor 0 comprador, os sos rotineirs do care, aidetidade os seus passigeiros mais heenese das pessnsa quem ele em Dresiado, a frequéncia dos empréstimos, as oficinss mecénicas ‘scolhidas para levi-lo eo relacionamento do dono com os mec ‘2s, a passagem do ear de uma mio a outa, a Hongo dos anos, &, ‘of, quando o caro esté em frangulhos,o destino Final dos seus ‘emanescentes. Todos esses dtalhesComporiam wna biogafi inei- ‘amen giferente da de um caro pertencenteaum membroda classe ‘Rédia dos Estados Unidos, ou a um indigena Neva, ou 4 wm cam Ponds da Franga. Cada biografia€ fia a pane de alguma concep prévia bre 0 {deve se foclizado. Acetamos que cada pessoa tenka muitas ‘iogratias —psicolégica, profissional, politica, familiar, econdmicae 93 assim por diate -, cada ums selecionando agus aspects da histé- Tia de vida edescartando outes. As biografas das coisas nao podem Ser asim to paras. eluro que uma biogrtia etnitumentefsiea Aeronon btn de sbuiéncia mundans, Avi, 8 herargla ‘oral ds eaferse oes dos Tw omesponde diferent gras de ‘singularidade. = " Sea sacralizagio pode ser alcangada mediante a singular, asin- ‘Blardade nio garante a sacralizagao. Ser uma nao mereadoria nko é wor em si mesmo selene pa arn ala estima, emus esas Sgro oussj, esas mecnbivels) poder vale bes poco, ne oc Ag do cet da Replies dx Cuma, ua seas Ercan sa mat ifcrees das dos Ti € pov preter statetoasinds mail, tror doe tens eaubiten Car it quando tena deseo ovalorde woe -oloal e diver ‘Ss cn. nlauc bre valor de peru da andes. sepa {Slum acboceindlgando conta sade que ago despre Gala tedioe dese erosive] pragma cise: "El serve fora comel emi ma do ie uo, Ou elo € Gada, slg tener darlvecas mulheres den us ous Com” man loca e ete comidaspurci. Mos ningucr comercaica Stundince™ Pra via que ee coer ita sje ma ne {kt seaimetalzaydovo claro indians m0 fo ‘Suda pels mupestan due coapgo comer en te de Sts lune ala emo, avez 0 pio par 0 Etnponesesda Europe ociena Os Aphem eam contin st tm fv com tin comercial nin desea a negeg, Ode thet eres contin pareidocos oq im emo ds Ahem toi de ns oleate em le nga eto valor de roca dt om xtre ue loc para cendero cigar un estoho. ‘Kimani eat un ee cola singles de pou Nato que mie chogsva ater um valor de roca pblicament ‘sconce Ser uns tometer ese prego 0 sentido ‘alsamplopsivcl derma da desis oparianmese vals Ie paticlament sem vo ‘én de ois serum classifieds como mas ou menos sing ves exe tumblrn 0 oe pda et chaalo de meeailzalo [on su qul toes posto 50mg por gu 8p {tang Algumas sci ades rata 8 emedios dest maei0 Strand ain vend um emo que completamente SB tae ele efca pana par pie pas wal fA aa eal tn am cs gc “ens pea Cais Romana Ge mei nilsoaisco pose Tor poll compres as no pod evendls. Na moderna tmelcnawldontal, esa mevanaag terminal €sleanals pt foun ue bs neers um reno {pens declan da pig da vena dequabque ‘nie sem um cence aan, Ease Outs exemple sez deteniativas eas de limitar a e-mercanilizasdo: na Gri-retanha, livros publicados em forma de brochura, mon vere, tizem um ‘so itrigante gue poibeo comprar de revenc-o com qualquer ‘pa que nio ej a original. Nos Estados Unidos, uma tarjeta igual rmeote mistficadora & colocads nos colchses © nas almofadas. proibindo a sua revenda Existem outtos fatoresalém de sangies leais¢ culurais que po dem leyar 3 mercantilizagio terminal. Afinal de eonias, « maior dos bens de consumo se destina a ser terminal ~ oi, a0 menos, € {ss0 que os seus fabricantcsdesejan. Essa expectativa éfaclmente satisfelta no gue toca a coisas como ervilhtsenlatadas, embora mesmo nesse caso possa haver a intrferénes de circunsancias| externas: em épocas de guerra, todos os tipos de bens normalimente ‘consumiveis comegam a servir cum reserva de tiquezae, em vez ‘deserem consumidos,crculam sem parar no meread, No que tora «bens durivels, normalmente surge um mercado de usidos, © iusia de que posta haver tal mereado€ difundida pelos vendedores Existe uma drea de nossa economia na qual a esraégia de venda depende da énfase de que a mercaniiaacio de bers comprados para consumo ndoénecessariamerte terminal. Assim, ocore a pro rmessa de que tapes erents, embore comprados para so. 930 tm "hom investimento”, ov aerenga de que cero erros caro nt ‘um alo valor de revendt Aexisgneiy da mercamilizacao termini evanta wma questio cen tal anise da esravidio, em eujo eaten fat de uma pessoa ter sido comprada asda dos diz em si mesmo sobre cs wos 4 que se Aestinam essa pessoa (Kopytofl, 1982:22366). Algumes pessots ade {urdas vio paar nas mis, nas plantagbes ou mas prises; outras Viraram grao-vizines ou almirantotimpetiais tomanos. Da mesma forma,« flo de que um objeto tena sido comprad ou tracado ma to diz sobre ose status Subseqiente ou sobre se cle vai continua ( nao a ser uma mercedoria. No eatanto, « ado ser que seam formalmentedesmercantlizatos, tas objetos continua see mer- ‘2¢oras potencais~ continuam ater um valee de tac, mesmo Yue ‘echam sido efetivamentesubtraides da soa esters de troca e dest {uidos~ por asim dizer —desuacondigio mercantl Essa desing {8 deixa vuneriveis aos diverss tips de singularzagio que men= ‘Sion’ até aqui, mas também a redefnigbes individ, distitas das ‘edefiigdescoltivas jos

Das könnte Ihnen auch gefallen