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Manual de Tiro

Tecinicas de Tiros de Pistola pg.003


Segurança e Conduta Pessoal pg.095
Tecnicas de Tiro de Espingarda pg.118
Pistola Hk70m 9mm pg.147
Utilização de Armas de Fogo pg.168
Armas Especiais pg.172
Glossário pg.174

2
TÉCNICA DE TIRO DE PISTOLA
1. TIRO DE PRECISÃO

Atendendo a que, para o cumprimento da sua missão, os militares


da GNR podem vir a utilizar armas de fogo, é de primordial
importância ter sempre presente os elementos fundamentais em que
se divide a técnica de tiro de pistola. Só através da conjugação dos
seus aspectos particulares será possível atingir uma qualidade de
desempenho que permita tirar o melhor rendimento dessa utilização.
O mesmo é dizer que só assim é possível maximizar as hipóteses de
efectuar tiro de uma forma eficiente e eficaz.
Para cumprir este objectivo, esta matéria deve ser abordada após a
instrução sobre a pistola e antes da execução de tiro em carreira de
tiro (CT). Só após confirmação de uma correcta apreensão da técnica
de tiro é que se pode considerar a possibilidade de deslocamento à
CT. Esta complementaridade entre a teoria e a prática permitirá ao
militar aperceber-se de todos os pormenores relevantes que têm
interferência no resultado do desempenho.
Para tal, e antes propriamente de passarmos à abordagem da
técnica de tiro de pistola, convém relembrar algumas das
especificidades deste tipo de arma. Estas características servem para
reforçar algumas das considerações que mais adiante serão tecidas no
âmbito da técnica de tiro com este tipo de arma. Talvez a mais
importante decorra da sua própria natureza. Na realidade, a pistola é
uma arma de defesa pessoal, utilizada apenas a curtas distâncias e
onde a rapidez da acção é preponderante, tendo como características
mais salientes as seguintes:
• Curto comprimento do cano e da própria arma;
• Falta de apoio para empunhar a arma e executar o disparo.
Destas características, resultam alguns efeitos que se torna
necessário identificar e compreender, sendo de salientar os que têm a
ver com:
• O curto comprimento do cano e da arma, dando origem a
que, qualquer pequeno desvio, resulte numa maior dispersão
sobre o alvo. Do mesmo modo, um pequeno movimento da
3
mão pode comprometer a segurança dos restantes elementos na
CT;
• A falta de apoio, originando uma maior fadiga no braço, o que
acaba por resultar em erros por parte do atirador, aumentando
também a dispersão;
• O nervosismo - factor psicológico -, provocado pelo primeiro
contacto com uma arma muitas vezes desconhecida. O “medo”
desta ou o facto de não se executar tiro regularmente, aliados
aos efeitos anteriormente vistos, poderão provocar dispersões
para além do aceitável, tanto em relação aos resultados
pretendidos na instrução, como em termos de segurança. Este
será um dos pormenores a acautelar, obrigando a adoptar
algumas medidas de prevenção, as quais se podem
consubstanciar num reforço especial dos aspectos com ela
relacionados.

1.1 Técnica do tiro de Precisão


A técnica de tiro de precisão divide-se em 5 elementos
fundamentais:
1. Tomar a posição;
2. Suspender a respiração;
3. Fazer a pontaria;
4. Executar o disparo;
5. Fazer o “seguimento”.

1.1.1 Tomar a posição para o atirador direito1


A posição mais comum e a que oferece maior
segurança é a chamada de “Método de Weaver”, cujas
características são conforme a seguir se enunciam.
1
Se o atirador for esquerdo, pratica-se o inverso daquilo que irá ser definido.
Admitem-se, contudo, algumas variações, as quais decorrem da constituição
anatómico-fisiológica de cada militar. Não obstante, devem ser observados e
respeitados os princípios subjacentes a cada um dos itens a serem abordados para o
“tomar da posição” e para os outros elementos em que se divide a técnica de tiro de
precisão.
4
Contudo, se um atirador tiver uma boa posição de tiro,
já por si estabelecida, e atira bem, não vale a pena
tentar alterá-la. Para um iniciado é conveniente
ensinar a posição referida. Esta deve, no essencial, ser
a mais natural possível, de forma a proporcionar
conforto e liberdade de movimento ao atirador.
O tiro de precisão com pistola pode ser executado em
qualquer posição, segurando a arma com as duas
mãos. Contudo, em termos de instrução (para os
cursos), só é considerada a posição de pé e em que a
arma é empunhada sem qualquer espécie de apoio.
Assim, o atirador deve tomar os procedimentos que
dizem respeito a cada um dos itens que se seguem.

1.1.1.1 Enquadramento com o alvo


• O atirador afasta os pés e coloca-se
exactamente em frente ao alvo como se
o observasse “olhos nos olhos”;
• Seguidamente, faz rodar ambos os pés
para a direita de forma a que se fosse
traçada uma linha imaginária passando
pelo meio dos seus pés, esta faria um
ângulo de cerca de 40º2 com a linha do
alvo.

40º

2
Esta medida angular é meramente indicativa. O importante é que o militar defina
a sua posição, a que lhe parecer mais cómoda.
5
1.1.1.2 Posição dos pés, pernas e peso do corpo
• Os pés devem estar afastados
naturalmente, tendo como referência a
largura dos ombros;
• As pernas não devem estar flectidas nem
rígidas;
• O peso do corpo deverá ser repartido
igualmente pelas duas pernas, de modo a
que o equilíbrio seja perfeito sem
qualquer tipo de rigidez no corpo.

1.1.1.3 Posição do tronco


Após achar a posição correcta dos pés, o
tronco deve também ser mantido numa
posição “natural”, ou seja, não o torcer
excessivamente pela bacia.

1.1.1.4 Posição do ombro e braço direito


• O ombro direito vai ficar mais afastado
do alvo, de maneira a que o braço fique
esticado e direccionado ao seu centro,
mantendo o pulso firme;
• Para executar o tiro, o braço direito deve
estar esticado (nunca flectido no
cotovelo), mas com uma rigidez natural
(para que não trema com o excesso de
6
força) e de forma a que qualquer
movimento ou balanço que nele ocorra
só possa ter origem nas ancas, nos
joelhos ou nos tornozelos e nunca no
ombro;
• Para descanso, após cada disparo, deve
baixar-se o braço, o qual deve ter uma
inclinação nunca inferior a 45º3,
levantando-o de seguida para cada
disparo.

1.1.1.5 Empunhamento da arma na mão direita


• A mão deve ser aberta, de modo a que a
parte posterior do punho da arma fique
apoiada na “chave da mão” (entre o
indicador e o polegar), ficando o punho
apoiado entre a região hipotenar (base do
dedo polegar) e a palma da mão.
O empunhamento deve ser o mais alto
possível, para evitar balanços da arma;

• Os dedos médio, anelar e mínimo


abraçam o punho, fazendo força na
direcção do eixo da arma, ficando o
indicador livre para actuar no gatilho.
Esta força ajuda a controlar a reacção da

3
Esta inclinação tem por objectivo minimizar o risco que possa ser provocado por
um disparo negligente.
7
arma após o disparo, fazendo diminuir o
tempo para a execução de um 2º tiro
preciso.
O polegar pode accionar a patilha de
segurança4, exercendo um mínimo de
pressão sobre o local onde assenta –
normalmente perto da parte superior do
punho -;
• A mão direita dirige a arma para a frente,
como que empurrando-a, enquanto a
outra, a mão fraca, a empurra em sentido
contrário, da frente para trás, e para
baixo, para controlar o recuo e o salto da
arma, permitindo uma rápida
recuperação;

• Não esquecer que qualquer força que


seja exercida fora da direcção do eixo do
cano poderá provocar desvios no tiro
pelo que o eixo do cano deve ser paralelo
à direcção do braço estendido e a mão
não deve “quebrar pelo pulso”;

4
O mais indicado é que este movimento seja feito pelo polegar esquerdo, visto
estar mais liberto para esta acção.
8
• A pistola deve ser segura apenas com a
força necessária para a manter na mão - a
força necessária para cumprimentar
alguém -. O excesso de tensão leva à
fadiga e a que a mão comece a tremer,
aumentando os desvios e enervando o
atirador, que não consegue fixar o alvo;
• Um processo simples e prático de se
verificar se a arma está bem empunhada
é espreitando por cima do ombro, ao
longo do braço, e verificar se está
perfeitamente alinhada com esse mesmo
braço ou mão. Caso não esteja, retirar a
pistola da mão e empunhá-la de novo,
repetindo-se as vezes necessárias até se
obter um empunhamento correcto.

1.1.1.6 Posição do ombro e braço esquerdo


Este ombro, vai ficar mais próximo do alvo,
ficando o braço flectido e com o cotovelo
junto ao peito, sendo essa flexão
aproveitada para não só ajudar ao apoio do
braço direito, como também para conferir
protecção aos órgãos vitais, como o coração
e o baço.

9
Ma Ma Bem
1.1.1.7 Posição da mão esquerda
A mão esquerda vai encaixar na arma de
modo a cobrir com a palma da mão, a parte
do punho da arma que se encontra
descoberto, ficando os dedos apoiados sobre
os da outra mão (e com o polegar esquerdo
sobre o polegar direito).

1.1.1.8 Posição da cabeça


Deve manter-se erguida, sem estar forçada,
por forma a ficar nivelada com a linha de
mira, na direcção do alvo, estando a arma
entreposta entre ambos. Qualquer posição
que dificulte a respiração deve,
evidentemente, ser evitada.
É importante aqui realçar que a arma deve
ser trazida à linha de vista e não o contrário.

10
1.1.1.9 Posição em relação ao alvo
Definida a posição normal do atirador, cabe
agora definir os procedimentos a executar
para que cada atirador consiga adaptar esta
posição ideal às suas características:
• Com os olhos fechados ou com a cabeça
voltada para o lado, levantar o braço
direito na direcção do alvo;
• Abrindo os olhos ou voltando a cabeça
para a frente, verificar se a arma não
“quebra pelo pulso” e se o cano está
direccionado à esquerda ou à direita do
centro do alvo. A arma deve estar no
prolongamento do braço5;
• Se o cano estiver direccionado à
esquerda do centro do alvo, mover
ligeiramente o pé direito para trás;

5
O atirador deve “espreitar” sobre o ombro para verificar que braço e arma estão
no mesmo enfiamento.
11
• Se o cano estiver direccionado à direita
do centro do alvo, mover ligeiramente o
pé direito para a frente;
• Voltar a fechar os olhos ou virar a cabeça
e conferir se o cano está direccionado ao
centro do alvo. Se ainda não estiver,
repetir os procedimentos anteriores, até
tal se conseguir, sem ter de fazer
rotações laterais do braço ou da mão;
• Para se corrigir em elevação, apenas será
necessário fazer o alinhamento das miras
ao centro ou à base do centro do alvo
(conforme a distância do atirador e
tamanho do alvo).

12
1.1.2 “Suspender” a respiração
Como os movimentos da caixa torácica, do estômago
e dos ombros fazem mover consideravelmente o braço
e mão que empunha a arma, e o que serve de apoio,
devido à respiração durante o processo de pontaria e
de disparo, esta deve quase cessar durante este
período6. No sentido de não provocar um esforço
sobre o coração e a circulação, os pulmões devem
conter apenas uma quantidade mínima de ar.
Para o tiro de precisão, deve-se adquirir a seguinte
técnica de respiração:
• Antes de levantar o braço, inspire e expire repetidas
vezes, mas não tão profundamente que eleve a
pulsação desnecessariamente;
• Ao mesmo tempo que inspira pela última vez,
levante o braço;
• Enquanto expira parte do ar contido nos pulmões,
aponte o mais rapidamente possível (isto é, levar o
braço para a posição de pontaria de forma rápida);
• “Suspender” a respiração momentaneamente;
• Aproveite a pausa que ocorre entre os períodos de
inspiração/expiração para, sem transtornar o normal
desenrolar do ciclo respiratório, efectuar tiro;

6
Não defendemos aqui a paragem total da respiração porque isso é prejudicial à
necessária oxigenação celular, o que, a não acontecer poderia trazer alguns
distúrbios a nível da visão, aumentaria a sensação de cansaço e, consequentemente,
poderia até originar a antecipação do disparo. Por esta razão, digamos que a
respiração deve ser minimizada, quase como se existisse a sensação de que o ar
não entra nem sai.
13
• Se não tiver disparado no período de
aproximadamente 12 segundos, deve interromper o
processo e recomeçar depois de uma curta pausa,
porque, após um certo tempo a apontar, ocorrem os
primeiros sinais de incerteza. Esses sinais indicam
claramente que o tempo, dentro do qual se devia ter
disparado, com certeza se esgotou. Lembre-se:
nada de tiros em pânico ou a despachar. Nestes
casos, deve-se libertar o gatilho, baixar o braço e
procurar descontrair, para depois voltar à execução
do tiro.

1.1.3 Fazer a pontaria


Fazer a pontaria7 correcta é pôr em linha quatro
elementos:
1. Olho do atirador;
2. Alça de mira;
3. Ponto de mira;
4. Alvo.
O perfeito alinhamento de cada um deles fará com que
o projéctil percorra o espaço e atinja o sítio desejado,
se não sofrer variações8 até que saia à boca do cano,
nem se verificar a intervenção de factores externos.
De entre estes, o mais importante diz respeito ao
alinhamento das miras.
7
Um conceito idêntico é o de “mirada”. Entende-se por mirada a acção de fazer
pontaria, ou seja, colocar o olho do atirador, a ranhura da alça de mira, o ponto de
mira e o alvo, na mesma linha. Como se verifica, mirada encerra um conceito
diferente de apontar, já que, neste último, o atirador limita-se a dirigir a arma para
o alvo, sem fazer pontaria. É o que se passa no tiro policial, como veremos, em que
os olhos do atirador se focam no alvo e não no aparelho de pontaria.
8
Como é óbvio, as variações aqui implícitas não têm a ver propriamente com as
alterações sofridas pela munição e pelo projéctil, do ponto de vista Físico-Químico,
mas antes com aquelas que são transmitidas pelos erros cometidos pelo atirador,
tendo como consequência desvios angulares e paralelos, os quais fazem com que o
local de impacto seja distinto do desejado.
14
Existem vários tipos de alinhamento das miras. O
método de tiro será ditado pela precisão requerida, o
tamanho do alvo e a distância ao mesmo. Para o tiro
preciso e lento – o qual estamos aqui a tratar -, deve
utilizar-se uma visão total dos elementos do aparelho
de pontaria e alvo. Tal requer a concentração no ponto
de mira mas também um alinhamento cuidadoso da
alça de mira com uma zona no alvo. Este tiro torna-se
necessário com a finalidade de ensinar o
subconsciente a reconhecer o que é uma imagem do
bom alinhamento das miras. Como as miras são duas
pode surgir a pergunta: qual delas focamos? Focando
alternadamente ponto e alça e focando um ponto
intermédio por forma a efectuar ligeiras correcções no
enquadramento do ponto ou da alça, mantendo ambos
focados até se produzir o disparo. A prática de “tiro
em seco” ajuda bastante neste processo.
Apesar de estarmos a considerar o tiro de precisão, é
conveniente que o atirador se habitue a adquirir o mais
rapidamente possível uma imagem das miras
alinhadas, uma vez que se pretende, na modalidade de
tiro policial – como adiante veremos -, um tiro com
maior rapidez, utilizando uma determinada zona de
pontaria no alvo, a qual pode ser definida pelo próprio
atirador ou por quem estiver a dirigir o tiro. Portanto,
não se aponta a um ponto definido mas a uma
zona/área, visto ser impossível parar a arma. Na
prática, esta área corresponde ao que se pode
denominar como “zona de movimento mínimo”
(ZMM) sendo nessa condição que deve ocorrer o
disparo. Efectivamente, é um erro tentar parar
completamente a arma pois tal não é possível,
contudo, se mantivermos as miras bem alinhadas e
centradas, os erros que eventualmente possam surgir

15
serão erros paralelos, bem mais fáceis de resolver que
os erros angulares9.
Independentemente das formas que o ponto de mira e
a ranhura da alça de mira possam ter, o atirador deve
preocupar-se com o seu correcto alinhamento,
evitando assim o defeito de ter a boca do cano a
apontar para o chão, por centrar a sua atenção em
focar o alvo.
Para o tipo de alças e pontos Janelas
de mira mais frequentes, o
alinhamento correcto
corresponde à imagem que se
pode ver ao lado. O topo do
ponto de mira encontra-se
alinhado com o topo da alça,
sendo que o espaço entre
ambos - as “janelas” - devem ser iguais (quando não
aparecem os já referidos erros angulares).
Ora, como é impossível à vista humana focar dois
objectos a distâncias diferentes, o atirador tem de
efectuar um movimento constante entre o alinhamento
das miras e o alvo10. Se o aparelho de pontaria não
está nítido isso é sinal de que os olhos estão focados
sobre o alvo, o que o mesmo é dizer que o atirador
está a focar por cima das miras em vez de através
delas. Se, ao contrário, o alvo estiver desfocado e o
aparelho de pontaria estiver nítido quer dizer que o
atirador está a proceder correctamente.
À medida que o atirador, após tirar a folga ao gatilho,
o vai pressionando a sua atenção vai-se
progressivamente concentrando no alinhamento das
miras e não no alvo, devendo ter uma visão nítida

9
Para ver a definição de erros angulares e paralelos, consultar o n.º 5.2
10
A este movimento também se chama o “jogo cá-lá-cá-lá”, em que “cá”
corresponde ao alinhamento do aparelho de pontaria e “lá” à projecção desse
mesmo alinhamento na zona de pontaria, mas focando o alvo.
16
deste alinhamento, enquanto o alvo surge ao fundo,
desfocado. Esta é a única forma de manter as miras
alinhadas a fim de alcançar um tiro consistente,
preciso.
A imagem das miras alinhadas, e a sua projecção na
zona de pontaria, irão fazer com que o dedo complete
a pressão sobre o gatilho, produzindo-se o disparo. O
atirador acaba assim por ser surpreendido pelo próprio
disparo, visto este ser controlado pelo reflexo olho-
dedo. A sua única preocupação deve centrar-se sobre
aquele alinhamento, deixando o dedo actuar, como
que de uma forma inconsciente. Quando as miras se
decompõem o dedo que prime o gatilho fica como que
bloqueado, retomando o seu movimento quando as
miras se voltarem a alinhar.
Podemos então considerar existir um momento
estático e outro dinâmico, sendo que este – único que
se manifesta de forma visível – corresponde à acção
do dedo sobre o gatilho, a qual obedece às
particularidades que serão referidas mais adiante.

C L
C L

Vejamos então mais pormenorizadamente cada um


dos quatro elementos.

17
1.1.3.1 Olho do atirador
É comum, neste tipo de tiro, os atiradores
“piscarem um olho” para fazerem a
pontaria. Este procedimento não está
completamente errado, mas geralmente
provoca vários efeitos:
• Fadiga do olho;
• Vista “nublada”;
• Tremuras no olho;
• Desconcentração;
• Precipitação do disparo (tiro em pânico
ou a despachar).
Estes efeitos são provocados pela
contracção dos músculos que rodeiam o
olho que se fecha, os quais acabam por
influenciar a estabilidade dos seus
congéneres do outro olho.
Esta é a razão pela qual se aconselha a
efectuar tiro com os dois olhos abertos.
Assim, o atirador com algum treino ou que
tenha dificuldades em saber qual o olho a
piscar deve ter consciência de que é
perfeitamente capaz de executar o tiro com
ambos os olhos abertos, devendo saber que:
• Quando levanta a arma e a alinha com o
centro do alvo, mantendo ambos os olhos
focados nesse alvo, fica a ver dois canos
da arma, dois aparelhos de pontaria, etc.
Este “fenómeno” fica a dever-se ao olho
direito criar uma imagem e o olho
esquerdo duplicar essa imagem. Assim, o
atirador tem de manter a focagem num
dos pontos de mira e alinhar uma das
alças de mira com ele (o que lhe parecer
18
mais real, ignorando o outro), ficando a
ver o alvo nublado (dado que, pelas
razões já aludidas, a focagem da alça de
mira, do ponto de mira e do alvo, em
simultâneo, é impossível). De referir que,
para o atirador que tenha o olho director
direito, essa imagem é a que lhe aparece
à esquerda, como se pode verificar nas
figuras seguintes:

Imagem Imagem do
do olho olho
Imagem Imagem do
do olho olho

• Um ligeiro pestanejar do olho é um


importante auxiliar para melhorar a
visão, pois permite a limpeza da córnea;
• Caso pretenda confirmar se a pontaria
estaria correcta, basta piscar o olho
esquerdo para que o aparelho de pontaria
fique alinhado com o centro do alvo;
• Se na confirmação anterior, o aparelho
de pontaria não ficou alinhado com o
centro do alvo, mas sim ligeiramente à
19
esquerda deste, piscar o olho direito que
já consegue o alinhamento (o atirador
tem o olho director esquerdo11).

1.1.3.2 Alça de mira


Tal como o ponto de mira, a ranhura da alça
de mira também pode ter várias formas
(“V”,”U”, rectangular, etc.). Em conjunto
com o ponto de mira, permite ao atirador
fazer uma pontaria correcta. Assim, o
enquadramento do ponto de mira deve ser
bem centrado na ranhura da alça e com o
topo deste à altura precisa dos bordos
superiores da ranhura da alça. Admitindo
que este procedimento é bem executado e
que a arma está imóvel, o projéctil atingirá
o alvo exactamente no local desejado.

1.1.3.3 Ponto de mira


Independentemente da forma que o ponto
de mira possa ter (quadrada, rectangular,
trapezoidal, ou outra), tem de ser sempre a
primeira coisa em que o militar deve fixar a
sua atenção (neste tipo de tiro).

11
Se o atirador está habituado a empunhar a arma com a sua mão direita e o seu
olho director for o esquerdo, não deve mudar de mão, pois não é essa a sua posição
natural. O que deve fazer é habituar-se a disparar com ambos os olhos abertos,
tendo em consideração o que aqui é referido.
20
A sua colocação na extremidade do cano
torna-o um indicador privilegiado sobre a
forma com a pontaria está a ser efectuada.
Normalmente, a arma está regulada para
que o topo do ponto de mira (em conjunto
com a ranhura da alça de mira) seja
apontado ao centro do alvo, ou à zona de
pontaria.

1.1.3.4 Alvo
• Como já foi referido anteriormente, o
atirador não deve ver o centro do alvo
nítido, pois, se isto acontecer, é sinal de
que este não está a focar o aparelho de
pontaria da arma;

Bem Mal
• Quando o centro do alvo tiver dimensões
reduzidas, ou a distância do atirador a
este for grande, deve-se fazer o
alinhamento do aparelho de pontaria à
base do centro do alvo. Se pelo contrário,
o centro do alvo tiver grandes dimensões
ou a distância for curta, deve-se optar por
fazer o alinhamento precisamente ao
centro deste;
21
Alinhamento à base Alinhamento ao centro

• O alvo mais utilizado pela GNR é o


Silhueta policial II (SPII)12, já que é
utilizado na execução do tiro de pistola e
espingarda;
• Através da “leitura do alvo”, o atirador
pode ir fazendo as correcções
necessárias. Apercebendo-se do local de
impacto, efectua as correcções que
entender convenientes.

1.1.4 Executar o disparo


A acção do atirador sobre o mecanismo de disparar,
através do gatilho, merece atenção especial, uma vez
que é aí que reside a principal causa dos erros
cometidos no tiro. Para tal o atirador deve ter em
atenção que:
• O contacto com o gatilho deve ser feito
com a “cabeça do dedo”, que é a parte
mais sensível;
• O dedo deve actuar numa direcção
paralela ao eixo da arma e nunca
obliquamente, isto é, a pressão deve

12
Para outras informações sobre alvos, consultar o n.º 4.8 e os Anexos A e B.
22
ser exercida no sentido da frente para trás e
horizontalmente;
• Conforme foi dito, o atirador, ao empunhar a arma,
fica com o dedo indicador livre. Com ele irá actuar
no gatilho, de forma que a pressão seja contínua,
sem pressas nem quebras, como que “espremendo”
o gatilho contra o punho;
• Se houver um puxar brusco do gatilho, desfaz-se a
pontaria, havendo o consequente desvio.
Este controlo do gatilho pode ser alcançado
utilizando-se o “treino em seco”, em situação de
completo relaxe, para que o atirador se aperceba da
sensação que lhe é transmitida pelo movimento de
pressão exercido pelo dedo, até ocorrer o disparo,
certificando-se de que a arma não se move, a ponto de
desfazer o alinhamento das miras.
Os militares que revelarem alguma dificuldade no
controlo do gatilho devem aprender e treinar a
pressionar lentamente o gatilho até se dar o tiro, de
forma inesperada, de surpresa. Devem igualmente
aprender a controlar a tendência natural de fechar os
olhos no momento do disparo.
A evolução para um treino em que os procedimentos
são executados de forma cada vez mais rápida – mas
sempre com precisão - auxilia o militar no
cumprimento daquele objectivo e a fazer um tiro que
quase o surpreende. Depois, à medida que os alvos se
tornam maiores e mais próximos, aprende a disparar
cada vez mais rápido. Precisão primeiro, só depois
velocidade.
Em todo este processo é preciso não descurar o
alinhamento das miras. Se o treino for conduzido em
CT, se as miras baixarem quando se prime o gatilho o
tiro realizado mostrará bem o resultado.

23
1.1.5 Fazer o “seguimento”
O “seguimento” do tiro consiste em manter a pontaria
durante alguns segundos após o disparo ocorrer. Tem
como objectivo evitar que a arma se mova antes que
os projécteis tenham abandonado a boca do cano, já
que o atirador, na ânsia de verificar o resultado do
disparo que acabou de efectuar, cria o hábito de baixar
ligeiramente o cano, a fim de observar o alvo. Tantas
vezes o faz, que acaba por antecipar o tiro uma
fracção de segundo antes do projéctil abandonar a
boca do cano, só para poder ver o alvo.
Serve também para antever o resultado do disparo,
permitindo-lhe fazer as necessárias correcções tiro a
tiro, sem ter de se deslocar à linha de alvos. O atirador
procura reproduzir a imagem mental na altura do
disparo por forma a ter uma ideia aproximada do
disparo efectuado.

1.2 Sequência ideal para o tiro de precisão


Após estarem adquiridos os elementos vistos anteriormente,
podemos agora identificar aquilo que será a sequência ideal
para executar o disparo, a qual é a seguinte:
1. Levantar o braço direito, até à altura do centro do alvo (ou
à zona de pontaria);
2. Pressionar o gatilho até lhe retirar a folga;
3. Suspender a respiração;
4. Fazer o “jogo Miras/Gatilho”, ou seja, cada vez que olha
para as miras e verifica se estão alinhadas com o centro do
alvo, pressionar um pouco o gatilho, voltar a olhar para as
miras e a pressionar mais um pouco o gatilho, até que o
disparo aconteça, para surpresa do atirador (para isto é
fundamental que a pressão exercida no gatilho seja
contínua e sem sobressaltos);
5. Fazer o “seguimento”;

24
6. Se o atirador constatar que já não consegue executar o
disparo em tempo oportuno, é preferível não o fazer (pois
o tiro seria, certamente, uma “gatilhada”), devendo baixar
o braço, retomar a respiração e, quando estiver pronto,
voltar a fazer a sequência anterior;
7. “Cada disparo é um disparo”; quer isto dizer que, para
cada disparo, a concentração deve ser igual.

25
2. TIRO POLICIAL

Este tipo de tiro é, sem dúvida alguma, aquele que deve ser mais
treinado pelos militares da GNR13, visto que, numa situação policial,
se for necessário disparar, temos de o fazer rápida e certeiramente, a
fim de evitar que inocentes sejam feridos, ou mesmo para
salvaguardar a própria integridade física.
Esta modalidade é também muitas vezes chamada de “tiro
instintivo”. Só que esta designação não é a correcta, já que a palavra
“instintivo” implica algo que nós fazemos inconscientemente, como,
por exemplo, o facto de levarmos o garfo à boca sem nos picarmos
nele. Ora o tiro policial implica a consciência do que se está a fazer,
pois se, por exemplo, o Adversário (ADV), de repente, levantar os
braços em sinal de rendição, o militar da GNR não deve fazer tiro, ou
deve suspendê-lo, caso já tenha disparado. Por isso, os nossos olhos
devem estar sempre atentos ao ADV – ao contrário do tiro de
precisão, em que se deve ter mais atenção ao alinhamento do
aparelho de pontaria -.
Existem 3 factores fundamentais no tiro policial, devendo ser
treinados pela ordem que a seguir se indica.
1.º Precisão - Desde crianças, e sem o notarmos, que praticamos
o tiro policial, pois, quando apontamos o dedo
a alguém, fazêmo-lo rápida e certeiramente e
com os dois olhos abertos. Agora, basta
transportar essa situação para quando temos
uma arma nas mãos, imaginando que o cano da arma é o
nosso dedo. Para treinar isto quase que não é necessário ir a
uma CT, já que, utilizando uma caneta e a imaginação,
consegue-se um resultado semelhante, tendo o cuidado de
ficar com a caneta na horizontal;
2.º Potência - Este é o único factor que o militar não pode
praticar, visto que diz mais respeito ao material que é

13
Apesar de todas as condições adversas que possam surgir, este tipo de tiro deve
ser efectuado, no mínimo, uma vez por ano. Numa situação considerada ideal, a
periodicidade seria de três em três meses.
26
utilizado, nomeadamente às armas e seus calibres. Neste
aspecto é de salientar que o calibre ideal para as forças
policiais continua a ser o 9 mm Parabellum14;
3.º Rapidez - Como este tipo de tiro tem duas fases, pode-se
então afirmar que:
• Na 1ª Fase, torna-se necessário “conhecer a arma” (para
poder explorar correctamente as suas potencialidades),
pois o atirador tem de se habituar à própria posição, à
mirada rápida e à execução do disparo (o que é treinado ao
nível do tiro de precisão);
• A 2ª Fase já envolve um treino mais apurado, pois, para
além dos conhecimentos adquiridos na fase anterior,
acrescenta-se o “saque” da arma do coldre. Por isso, torna-
se necessário saber o que fazer com a arma após o saque,
conhecer as características do próprio coldre para se
conseguir um saque rápido, e até mesmo o local onde
exista um segundo carregador para evitar a “procura do
carregador”, o que provoca sempre o desvio dos nossos
olhos em relação ao alvo. Só depois de consolidada a 1ª
fase é que se pode dar início a esta fase.

2.1 Evolução histórica do tiro policial


Desde a invenção das primeiras armas, que o homem chegou
à conclusão de que quem as usasse primeiro e certeiramente
obtinha vantagem sobre os seus oponentes. Com o surgimento
das primeiras armas de fogo, surgiu também uma nova
maneira destes se baterem em duelos, relegando para segundo
plano as espadas. O processo era simples: cada qual, armado
com a sua pistola na mão, era posicionado “costas com
costas” e, após a contagem (normalmente dez passos) de um
elemento neutro à contenda, viravam-se “frente a frente” e
disparavam, procurando acertar no seu oponente,
14
Pela sua potência e efeitos produzidos serem mais consentâneos com o que se
pretende em termos de cumprimento da missão. As suas características, em termos
balísticos, tornam-no mais eficaz em caso de recurso a arma de fogo.
27
evidenciando já os princípios de um tipo de tiro que, nesta
altura, se poderia chamar de duelo.
Outra forma de duelo surgiu com os cowboys, que se
defrontavam “frente a frente”, com a arma no coldre. Os
principais objectivos consistiam em sacar a arma tão rápido
quanto possível e disparar certeiramente um sobre o outro.
Nesta altura, já se faziam notar os factores do tiro policial -
Rapidez e Precisão -, que, para se obterem, tornava-se
necessário muito treino.
Até aos nossos dias, este tipo de tiro poucas alterações tem
sofrido. Nos últimos anos, face a alguns dados estatísticos
realizados nos EUA, o tiro policial tem sido mais dinâmico,
caminhando no bom sentido, que é o de efectuar um tiro
preciso e rápido e, ao mesmo tempo, fornecer relativa
protecção ao atirador, já que o ADV nem sempre é pacífico.
Observemos alguns dos exemplos mais recentes.

2.1.1 Atirador de pé, de frente para o alvo, silhueta fixa


O atirador identifica o alvo, empunha a arma com as
duas mãos, levanta os braços na direcção desse alvo e
efectua o disparo.
Tem como inconveniente o atirador expor-se
demasiado, tornando-se numa grande silhueta,
aumentando assim a possibilidade de ser atingido.

2.1.2 Atirador de pé, de frente para o alvo, silhueta móvel,


O atirador identifica o alvo e, com o objectivo de
reduzir a sua silhueta, flecte ligeiramente as pernas, ao
mesmo tempo que levanta os braços até à altura dos
olhos, efectuando então o disparo.
Tem como inconveniente o facto de, apesar do
atirador reduzir a sua silhueta, os dados estatísticos
anteriormente referidos, demonstrarem que, em
situações de confronto, os elementos das forças
policiais eram normalmente atingidos no peito ou na
28
barriga, ficando-se esta situação a dever ao tiro baixo
que os seus ADV’s efectuavam, talvez por falta de
treino.

Silhueta fixa Silhueta móvel

2.2 Técnica do tiro policial


Conforme já foi referido relativamente ao tiro de precisão, o
método actualmente utilizado é o método de Weaver.
“Inventado” por um Sheriff americano com esse nome, tem
como principais vantagens a rapidez de execução, a precisão
de tiro e a própria protecção que confere ao atirador. Este é o
tipo de tiro que mais se assemelha às necessidades da GNR,
quer pela eficiência, quer pela consciência de como é feito.
A técnica de tiro Policial, divide-se também em 5 elementos
fundamentais:
1. Tomar a posição;
2. Sacar;
29
3. Suspender a respiração;
4. Fazer a pontaria;
5. Executar o disparo.
O tiro policial requer uma atenção particular, se bem que
repartida, no ponto de mira. Sacrifica-se a precisão à
velocidade de reacção, o que pode ser fundamental em caso
de necessidade. A uma curta distância as miras quase que são
dispensáveis. O atirador, praticamente, limita-se a apontar a
arma, talvez olhando por cima do aparelho de pontaria. O
único momento que, eventualmente, possa ter disponível para
se preocupar com as miras deve ser utilizado para verificar se
o ponto de mira está direccionado para a sua zona de pontaria.
Com a vista dirigida para o alvo e trazida a arma para uma
visão periférica é então efectuado o disparo. O treino e a
repetição ajudarão na consolidação destas destrezas.
Vejamos então mais pormenorizadamente cada um dos cinco
elementos fundamentais.

2.2.1 Tomar a posição de pé para o atirador direito15


O procedimento a adoptar é idêntico, em todos os
aspectos, ao referido para o tiro de precisão.
Ainda que não sejam utilizadas, na instrução, o
atirador deve ter conhecimento de que, utilizando este
método, ainda poderá tomar mais duas posições:

2.2.1.1 Tomar a posição de joelhos para o atirador


direito

2.2.1.1.1 Enquadramento com o alvo, posição dos


pés e das pernas

15
Se o atirador for esquerdo, pratica-se o inverso daquilo que irá ser definido.
Relativamente ao que aqui irá ser enunciado, admitem-se igualmente algumas
variações, desde que sejam observados e respeitados os princípios subjacentes a
cada um dos itens a serem abordados para o “tomar da posição” e para os outros
elementos em que se divide a técnica de tiro policial.
30
• O atirador afasta os pés e coloca-se
exactamente em frente ao alvo como se o
observasse “olhos nos olhos”;
• Faz rodar ambos os pés para a direita, de
forma a que se fosse traçada uma linha
imaginária passando pelo meio dos seus
pés, esta faria um ângulo de cerca de 40º
com a linha do alvo;
• Coloca o joelho direito no solo, de
maneira a ficar correctamente sentado
sobre o calcanhar desta perna;
• Seguidamente, faz os ajustamentos
necessários até estar devidamente
enquadrado com o alvo.

2.2.1.1.2 Posição do tronco


Para dar uma maior estabilidade deve estar
ligeiramente flectido para o lado direito e
para a frente.

2.2.1.1.3 Posição do ombro e braço direito


O ombro vai ficar mais afastado do alvo,
mantendo as mesmas características como
para o atirador de pé.

2.2.1.1.4 Posição do ombro e braço esquerdo


O ombro fica mais próximo do alvo. O
braço é flectido e apoia, na parte inferior
(antes do cotovelo), sobre o joelho do
mesmo lado, ficando assim o cotovelo
ligeiramente avançado em relação ao joelho.

2.2.1.1.5 Posição das mãos e cabeça


31
Mantêm-se iguais à posição do atirador de
pé.

2.2.1.2 Tomar a posição de deitado para o atirador


direito16

2.2.1.2.1 Enquadramento com o alvo, posição dos


pés, das pernas e tronco
O atirador coloca-se exactamente em frente
ao alvo e toma a posição de atirador
deitado, afastando naturalmente as pernas e
flectindo uma delas (consoante apoie ou não

16
Esta posição deve ser treinada com e sem apoio do braço que empunha a arma a
fim de que o atirador defina a posição que lhe for mais confortável.
32
o cotovelo no solo) para permitir a
estabilidade e apoio do tronco no solo.

2.2.1.2.2 Posição dos ombros e braços


O braço direito fica esticado na direcção do
centro do alvo e o braço esquerdo vai ficar
ligeiramente flectido, apoiado no solo.

2.2.1.2.3 Posição das mãos


O empunhamento é semelhante às duas
posições anteriores, não esquecendo que a
arma deve ficar na vertical, para o correcto
visionamento do aparelho de pontaria.

2.2.1.2.4 Posição da cabeça


Flectida sobre o braço direito, reduzindo a
sua silhueta e permitindo um melhor apoio
desta.

33
2.2.1.2.5 Fazer a pontaria
É também idêntica à das anteriores
posições, com a seguinte alteração: as duas
imagens, que anteriormente nos apareciam
lateralmente, agora vão aparecer quase que
sobrepostas verticalmente, sendo a imagem
de cima correspondente à do olho direito e a
de baixo, à do olho esquerdo, como se pode
ver na figura.

2.2.2 Sacar
Relativamente ao tiro de precisão, passa agora a
existir um elemento novo; o coldre. Aumenta assim o
grau de dificuldade, já que o atirador passa a ter que
“sacar a arma” mantendo a precisão e rapidez
anteriormente adquiridas. Por esta razão, não se deve
passar à modalidade de tiro policial enquanto não
tiverem sido apreendidos os procedimentos
relacionados com a técnica de tiro.
Esta modalidade tem por objectivo primordial o de
fazer a aproximação da instrução de tiro à realidade da
GNR, visto que no serviço diário os militares, se
tiverem de disparar, não terão a arma na mão, mas sim
34
no coldre. A partir daqui têm de desencadear todo um
conjunto de procedimentos, para os quais devem ser
devidamente treinados, a fim de minimizar o risco de
acidentes e aumentar a rapidez de reacção.
O saque constitui um procedimento preliminar que
conduz à execução do tiro. A importância de efectuar
um bom saque está directamente relacionada com o
coldre que temos17, para o que este deve possuir as
seguintes características:
• Deve ser seguro e permitir ao atirador correr e subir
um qualquer obstáculo sem o risco de perder a
arma;
• Apesar de seguro, deve permitir fácil acesso à
arma;
• Deve permitir ao atirador um bom empunhamento
ainda antes de sacar a arma. Mudar ou reajustar o
empunhamento a meio curso é não só perigoso
como o gesto se torna mais lento;
• Deve proteger a arma e cobrir o gatilho;
• Deve estar seguro no cinto para não se mover;
• O atirador deve ser capaz de recolocar a arma no
coldre sem ter que tirar os olhos do suspeito. Deve
conseguir fazer isto com uma só mão, deixando a
outra liberta para o que for preciso.
Uma análise cuidada dos procedimentos que devem
ser executados para efectuar o saque permite realçar
um conjunto de aspectos que devem ser observados.
Eles materializam aquilo que se pode considerar como
sendo a sequência ideal para efectuar este movimento.
Para tal atentemos nos seguintes aspectos:
• Manter os dois olhos abertos sobre o alvo18;
17
É necessário que os atiradores esquerdos usem os coldres a eles destinados.
18
Não esquecer que estamos na modalidade de tiro policial, pelo que a atenção se
deve centrar no alvo e não na arma. Cabe ao militar desenvolver e treinar toda esta
sequência por forma a que execute cada um dos seus passos sem ter a preocupação
35
• Empunhar a arma correctamente, mantendo o pulso
direito e colocando o cotovelo ligeiramente para
fora;
• A mão que não empunha a arma aproxima-se por
baixo e pelo lado (acompanhando a outra até à
linha de vista);
• Tomar a linha mais curta (recta) do coldre para o
alvo, levando a arma em direcção ao alvo logo que
sai do coldre;
• Ter a preocupação de não colocar a arma no coldre
com a patilha de segurança em fogo e o cão
armado.

Atenção Mão esquerda Pronto para


centrada no auxilia o actuar

de verificar onde está a arma e de a preparar para fogo, desviando o seu olhar do
alvo.
36
2.2.3 Suspender a respiração
Como este tipo de tiro é feito rapidamente e sem
aqueles cuidados meticulosos do tiro de precisão, pois
o objectivo é fazer um agrupamento de impactos numa
zona, torna-se irrelevante se o atirador respira ou não.
Mas se o atirador conseguir controlar a respiração no
momento que antecede o disparo, obterá melhores
resultados.

2.2.4 Fazer a pontaria


A pontaria para o tiro policial é diferente daquela
realizada para o tiro de precisão. Trata-se de apontar a
uma zona ou área maior. O que importa são os
impactos e não os pontos. Interessa, sobretudo, acertar
na silhueta.
Tal como para o tiro de precisão, fazer a pontaria
correcta é pôr em linha, rapidamente, quatro
elementos:
1. Olho do atirador;
2. Alça de mira;
3. Ponto de mira;
4. Alvo.

2.2.4.1 Os olhos do atirador


• No tiro policial, o atirador deve manter
ambos os olhos abertos. Tal facto contraria
a tendência natural de “piscar um dos
olhos” para fazer pontaria, mas oferece-lhe
algumas vantagens tais como a de não
perder a visão periférica e não perder a
fracção de segundo ao piscar o olho com a
37
consequente desconcentração e visão
nublada do outro olho;

180º 140º

Dois olhos Um olho

• Assim, o atirador, deve ter consciência de


que é perfeitamente capaz de executar o tiro
com ambos os olhos abertos, pois já “treina”
desde pequeno, conforme foi relembrado
anteriormente;
• Quando levanta a arma e a alinha com o
centro do alvo, mantendo ambos os olhos
focados neste último, também fica a ver
dois canos da arma, dois aparelhos de
pontaria, etc. Este “fenómeno”, como já
vimos, fica a dever-se ao olho direito criar
uma imagem e o olho esquerdo duplicar
essa imagem. Assim o atirador tem que
focar o alvo e alinhar um dos aparelhos de
pontaria (o que lhe parecer mais real, e
ignorar o outro);
• Não esquecer que para o atirador que tenha
o olho director direito, essa imagem é a que
lhe aparece à esquerda, como já se referiu;

38
• Se houver dificuldades de alinhamento da
imagem esquerda da arma, o atirador pode
optar por alinhar a outra imagem do lado
direito, ficando ciente que esse alinhamento
também está correcto, mas está a ser feito
com o olho esquerdo.
• Se pretender confirmar se a pontaria estaria
correcta basta fazer o “jogo cá-lá-cá-lá”,
que consiste em, rapidamente, habituar a
vista a focar às diferentes distâncias, ou
seja: cá (vista focada num dos órgãos do
aparelho de pontaria), lá (vista focada no
centro do alvo).

2.2.4.2 Alvo
• Neste tipo de tiro, o atirador já deve ver o
centro do alvo (ou a zona de pontaria)
nítido, pois os olhos têm de observar o
ADV;
• Para alvo, mantém-se a Silhueta Policial II
(SPII).

2.2.4.3 Aparelho de pontaria


Para reforçar a importância de manter os dois
olhos abertos, vamos então tentar explicar
onde devemos fazer a mirada no momento de
efectuar a pontaria, para o que se torna
necessário distinguir entre: mirar/focar e ver.
Mirar consiste na acção de focar as miras. Ver
consiste em perceber, através dos olhos, a
forma e cor dos objectos, o que o mesmo é
dizer, tudo aquilo que faz parte do campo de
visão adjacente à mirada.
Assim, podemos estar a “ver” um conjunto de
coisas, contudo estamos a “mirar/focar” algo
39
determinado. Como já vimos, a vista não
consegue focar dois objectos em simultâneo e
a distâncias diferentes, como seja o aparelho de
pontaria e o alvo. Como tal, ao contrário do
tiro de precisão, é essencial focar o alvo. É,
contudo, conveniente que este visual seja
apercebido através do aparelho de pontaria,
permitindo assim uma rápida percepção do
alinhamento das miras. Tal requer a
concentração no ponto de mira, mas também
um alinhamento cuidadoso da alça de mira e
um ponto no alvo.
Se fizermos ao contrário podemos perder
tempo que nos pode ser precioso para
neutralizar a ameaça19.

2.2.5 Executar o disparo


Também aqui, a acção do atirador sobre o mecanismo
de disparar, através do gatilho, merece uma atenção
especial, já que é aqui que continua a residir a
principal causa dos maus resultados.
• O contacto com o gatilho deve ser feito com a
cabeça do dedo, devendo a pressão ser exercida no
sentido da frente para trás e horizontalmente;
• O disparo, por ser mais rápido não significa que
tem de ser brusco, mas sim executado em “três
19
Para iniciar os atiradores a efectuar pontaria com os dois olhos abertos, apesar
do correcto ser focar o ponto de mira, diz a experiência que tal é difícil, pelo que é
preferível, de início, ensinar a fixar a vista na alça (pois é mais ampla) e uma vez
assim e com o cano da arma inclinado para baixo, ir levantando esta até que
vejamos o ponto de mira e posteriormente o alvo.
Se apesar disto o atirador tiver dificuldades, o instrutor pôr-se-á diante do atirador
para fechar-lhe a profundidade do campo de visão tentando que desta forma o
consiga. Se necessário colocar os dedos indicadores ao lado da alça para aumentar
o lugar onde concentrar a vista. Uma vez conseguido isto, tirar os dedos, retirando-
se o instrutor.
40
tempos”, ou seja tirar a folga do gatilho (arma na
direcção do alvo), “jogo cá-lá-cá-lá”, e pressionar,
continuamente, o resto do gatilho, até surgir o
disparo. Como é evidente, por este tipo de tiro ser
mais rápido que o outro, este processo deve ser
desenvolvido quase em simultâneo.

2.3 Sequência ideal para o tiro policial


Após estarem adquiridos os elementos vistos anteriormente,
podemos agora identificar aquilo que será a sequência ideal
para executar o disparo, a qual é a seguinte:
1. Levar a arma até à altura do centro do alvo;
2. Pressionar o gatilho até lhe retirar a folga;
3. Fazer o “jogo cá-lá-cá-lá” (se para tal houver tempo);
4. Pressionar continuamente o resto do gatilho até se dar o
disparo;
5. “Cada disparo é um disparo”, quer isto dizer que para cada
disparo, a concentração deve ser igual. O primeiro disparo
deve ser certeiro, por forma a imobilizar o ADV.

2.4 Métodos de tiro policial


Conforme se pode depreender daquilo que foi enunciado ao
nível do tiro de precisão e do tiro policial, a posição, o
empunhamento, o alinhamento das miras, o controlo do
gatilho e o seguimento podem ser considerados como a base
de sustentação sobre a qual deverão ser desenvolvidas as
destrezas técnicas a nível do tiro. O atirador deve, por isso,
cumprir com estes requisitos básicos antes de avançar para
tarefas mais complexas. Não se exige que faça pontuações ao
nível do tiro de precisão, mas sim que o seu tiro seja
consistente, independentemente da zona do alvo, fazendo um
grupamento cuja circunferência que contém os impactos não
exceda os 10 cm de raio - valor que diminui à medida que se
encurta a distância -. O tiro consistente é bastante mais
importante do que um tiro bom e os outros maus.
41
Após ter apreendido aqueles requisitos, deve-se passar à fase
seguinte, a qual consiste na prática das modalidades de tiro
policial mais adequadas às situações com que o militar se
poderá eventualmente confrontar.
Conforme se verá para cada uma delas, a utilização
apropriada das miras, de acordo com os requisitos da situação
em concreto, acaba por ser o resultado de um método reactivo
– conciliando rapidez de reacção e precisão -, o qual deve ser
devidamente treinado e automatizado.
As modernas técnicas de tiro de pistola estão orientadas para
um tipo de defesa considerada standard face a um ataque,
sendo esta o disparo rápido de 2 tiros dirigidos ao peito do
agressor. A razão de ser destes dois tiros tem a ver com a
necessidade de assegurar que o adversário fica efectivamente
imobilizado. Tal é conseguido não só à custa do armamento,
do poder que nos confere a arma, como também do impacto
que isso tem sobre o sistema nervoso do ADV. Para além
disto aumentam também as probabilidades de efectuar um tiro
certeiro, visto haver sempre a possibilidade de falhar o
primeiro tiro.
O método utilizado para efectuar estes dois tiros depende da
situação concreta, e sempre da habilidade e destreza do
utilizador. A cadência, por sua vez, depende da proximidade
do alvo. Geralmente, quanto mais perto estiver o ADV, maior
deverá ser a cadência (menor o tempo entre dois disparos).
Quanto mais longe estiver, menor será a cadência (maior o
tempo entre os dois disparos). Isto tem todo o sentido quando
nos apercebemos que um alvo mais próximo é um alvo mais
fácil e representa uma maior ameaça que um alvo distante. O
tempo para reagir aumenta com a distância. Desta forma um
alvo a 5 mts. deve ser imobilizado mais depressa que um alvo
a 50 mts.
O disparo destes dois tiros pode ocorrer segundo dois
métodos: o par controlado e o par acelerado. Aquele é o
primeiro e mais básico método, em que o primeiro disparo é
efectuado e o segundo só se produz quando se tiver
42
readquirido de novo a imagem e feito os necessários
ajustamentos para realinhar a pistola. A prática contínua faz
com que diminua o tempo de intervalo entre tiros, derivado a
um maior controlo do recuo da arma e ao desenvolvimento e
consolidação da melhor técnica para conseguir efectuar os
dois disparos com eficiência e eficácia. A posição, baseada no
método de Weaver, permite que a pistola volte à mesma
posição e alinhamento após ter efectuado o disparo. A
velocidade com que a arma volta ao alvo determina a
velocidade com que se pode efectuar o segundo disparo.
O segundo método é uma progressão natural do primeiro,
diferindo apenas na cadência acelerada. Por esta razão é
denominado de par acelerado. Pelo facto de, quanto mais
perto estivermos do ADV mais rapidamente o podermos
atingir, neste método a sequência é mais rápida que a anterior.
Aqui, praticamente, não há tempo para realinhar as miras,
assim que se recuperar do primeiro disparo efectua-se novo
disparo, olhando apenas de relance para as miras, mas sem
esperar “vê-las” efectivamente. A sequência do par
controlado será
miras/tiro/recuperação/verificação/alinhamento/miras/tiro. A
do par acelerado será miras/tiro/recuperação/miras/tiro. A
única diferença entre os dois é a cadência acelerada.
Existe uma variação destes dois métodos, quando estamos
perante dois adversários que estão perto um do outro. Neste
caso, após dispararmos o primeiro tiro, devemos aproveitar o
movimento que a arma faz para efectuar outro tiro sobre o
segundo indivíduo. Assim que o tivermos devidamente
enquadrado disparamos. O atirador pode reparar no ponto de
mira enquadrado com o peito do segundo alvo, mas não
esperará para o confirmar. Usando esta técnica nos dois alvos
a uma distância de 5 mts. pode-se esperar um tempo inferior a
1,5 seg. para efectuar dois disparos eficazes.
Conforme se pode ver nos alvos que se seguem, a distribuição
do tiro corresponde a prestações diferentes em termos de
precisão e rapidez de execução.
43
Atirador Atirador Atirador
lento mas rápido e conjuga

Seja qual for o método seleccionado ou a forma como os tiros


são realizados, aquilo que acontece depois deve ser pensado e
trabalhado antes da situação ocorrer. Aqueles que pretendam
sair vencedores do confronto estudam primeiro, depois
encaram os conflitos.

2.5 Tipos de carregamento


Ao utilizar a arma de fogo, não chega disparar para um sítio
qualquer do corpo do adversário. Para o imobilizar o tiro deve
ser dirigido para uma área vital por forma a maximizar o
potencial de paragem. Em seres humanos isto significa
colocar os tiros na zona torácica ou na cabeça.
Os projécteis incapacitam os alvos de duas maneiras: uma é
causando perda de sangue suficiente ao ADV para o fazer
parar. A outra é atingir o sistema nervoso central (cérebro ou
coluna vertebral). Como se pode facilmente constatar, dos
dois pontos a atingir é mais fácil disparar (e acertar) na zona
44
torácica que em qualquer uma das outras, visto neste caso a
área ser maior. Contudo, o objectivo não é aniquilar o
adversário, mas sim incapacitá-lo, atingi-lo e impedir que nos
atinja, ou a qualquer outra pessoa.
Em todo este processo, é fundamental procurar (apesar de
difícil) controlar os tiros efectuados por forma a trocar de
carregador com munição na câmara, o que previne contra
uma eventual necessidade de ter de o fazer sem ter a certeza
de quantas munições faltam para que o carregador fique
vazio. Caso tal não aconteça, e o atirador tenha notado que a
corrediça está à retaguarda, deve introduzir o segundo
carregador o mais rapidamente possível, procedimento este
que deve ser devidamente treinado.
As figuras que se seguem ilustram algumas das acções a
realizar para efectuar a troca de carregadores no mais curto
espaço de tempo possível, nunca perdendo de vista o alvo.
Este é um aspecto que não deve ser esquecido, fazendo com
que o militar se habitue a executar a operação completa sem
se preocupar com as peças que deve accionar nem com o
local onde irá buscar o carregador suplente.

A necessidade de Baixe ligeiramente a


recarregar poderá ocorrer arma e retire o

Trocar o carregador vazio pelo 45


Substituir o carregador,
carregador municiado e, se tendo a preocupação de o
possível, guardá-lo no porta ajustar no seu alojamento
Levar a corrediça à frente e voltar de novo à acção

46
Numa situação real, os alvos são difíceis de atingir pois
movem-se, não são os alvos de papel que se encontram
estáticos numa CT, contra os quais estamos habituados a
disparar, pelo que podem ser precisos vários tiros para abater
um alvo. Por essa razão devemos controlar o número de tiros
efectuados, para saber as munições que ainda restam no
carregador.
É importante que nos apercebamos da sensação do disparo,
em especial da última munição. O recuo pode ser sentido
como dois movimentos separados; o movimento recuante da
extracção/ejecção e o movimento para a frente da introdução
da munição na câmara. Quando o último tiro é disparado
apenas se sente o movimento para a retaguarda visto que o
carregador vazio irá activar o detentor da corrediça e impedir
o movimento para a frente. Esta sensação diferente deve ser
memorizada com o treino, servindo para despoletar a resposta
condicionada para um carregamento de emergência.
Existem basicamente dois tipos de carregamento que é
preciso aprender e praticar. O primeiro é o carregamento
táctico, utilizado quando o atirador se apercebe que deve
estar prestes a ficar sem munições. Para tal convém escolher
um local seguro e fazer a troca por outro carregador,
colocando o usado num local de fácil acesso, pois pode ser
necessário reutilizá-lo. O segundo tipo é o do carregamento
rápido, utilizado quando o carregador que a arma tem fica
vazio. A troca de carregador deve ser feita o mais rápido
possível. Um bom atirador não necessita de olhar para a sua
arma para a recarregar. Mesmo durante a noite e sob stress o
atirador deve estar apto a trabalhar pelo tacto.
É preciso evitar deixar cair carregadores no chão
desnecessariamente durante o treino pois podem-se danificar
47
os lábios e causar avarias. É também preciso limpar a
sujidade que tenha ficado no carregador, por isso, em caso de
treino, deve ser colocado no chão uma manta ou qualquer
objecto que impeça o carregador de entrar em contacto com o
solo, o que também previne a introdução de elementos
estranhos na arma.

48
3. TÉCNICA DE TIRO COM PISTOLAS METRALHADORAS

Este tipo de armas, derivado ao seu tamanho compacto, à maior


capacidade de transporte de munições, maior poder de fogo e aos
acessórios disponíveis, contribuíram significativamente para o
equipamento de unidades especiais, favorecendo e contribuindo para
o seu emprego táctico de uma forma mais eficiente e eficaz.
As duas maiores vantagens de uma pistola metralhadora, para
além do tamanho, são; a confiança que o atirador retira pelo facto de
a possuir e o facto de a ela poderem ser acoplados vários
equipamentos, tais como, por exemplo, um foco luminoso e um laser.
Ao seleccionar-se uma pistola metralhadora, é preciso ter em
consideração não só a capacidade de fogo a curtas distâncias mas
também a capacidade de executar um tiro extremamente selectivo e
preciso. Para além disso, estas armas exercem um forte efeito
psicológico nos adversários.
Muitos dos princípios da técnica de tiro de pistola aplicam-se ao
tiro com pistola metralhadora, tais como: uma forte empunhadura, o
alinhamento das miras e o controlo do gatilho. Ressalva-se aqui,
apenas, a particularidade do aparelho de pontaria de algumas delas,
como a HK MP5 A4, o qual dispõe de uma alça de tambor e de um
anel protector do ponto de mira, pelo que a pontaria é feita de uma
forma diferente daquela que vimos para as pistolas20.
No tiro semi-automático, o atirador pode-se colocar de forma
natural, com o pé do lado fraco ligeiramente avançado, encostar e
pressionar firmemente a arma contra o ombro, apontar e disparar. No
tiro automático é necessário flectir ligeiramente os joelhos, inclinar o
tronco um pouco para a frente e segurar com mais força, para
controlar o movimento da arma. A melhor forma para o atirador se
aperceber disto é tomar a sua posição e fazer séries curtas de 3/4/5
tiro, ajustando a mesma à medida que vai fazendo as várias séries.

20
Para mais informações sobre esta arma, consultar o Módulo III-V e o Módulo V,
referente à Técnica de Tiro de Espingarda.
49
Tiro semi- Tiro

Tiro semi- Tiro

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Apesar dos militares integrados em equipas de intervenção
obedecerem à voz do superior hierárquico, quanto a fazer tiro
automático ou semi-automático, a indicação que aqui se deixa é a de
que o tiro semi-automático deve ser empregue em situações onde se
pretende obter, para além de superioridade de poder de fogo, alguma
precisão.
Em termos de segurança, chama-se a atenção para duas coisas: é
preciso ter cuidado e não colocar a mão em frente do cano pois,
sendo uma arma compacta, facilmente a mão que a sustém,
inadvertidamente, pode-se colocar num local onde pode ser atingida;
É preciso igualmente ter cuidado com a segurança da própria arma
pois, por vezes, pode haver a tendência (despercebida) para ignorar a
presença de uma munição na câmara o que é extremamente perigoso.

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4. TREINO DE TIRO

Grande parte do trabalho policial desenvolve-se de uma forma


monótona e rotineira, o que tem como consequência um apreciável
sentido de complacência e de aborrecimento, em certas ocasiões. Isto
contribui para que essa “distracção” acabe por levar a que o militar
esteja deficientemente preparado para enfrentar as emergências que
se lhe deparam. Como é evidente, este nem sempre pode ter uma
segunda oportunidade para superar uma falha ocorrida na sua atitude
ou comportamento. É preciso ter a consciência de que, por vezes,
pode ser necessário uma actuação de emergência para a qual o
conhecimento da arma e a perícia do seu emprego, podem influir de
forma decisiva na sobrevivência, lesão ou morte do militar ou de um
camarada.
No momento em que a arma tiver de ser usada no cumprimento do
dever, as fracções de segundo e a precisão são de importância vital.
A arma deverá ser utilizada imediatamente, sem perda de tempo,
devendo o primeiro disparo ser certeiro. O saque rápido, um bom
empunhamento e um fogo certeiro são factores que devem dar-se
quase em simultâneo.
É óbvio que todo o militar, por utilizar arma de fogo no
desenvolvimento da sua missão, deve pôr o máximo interesse e
empenho no seu conhecimento e manejo adequado, porque muito
provavelmente terá que dela fazer uso no momento menos esperado.
Este pretendido domínio da arma de fogo deve adquirir-se através
de uma árdua e minuciosa prática, a qual, uma vez obtida, deve
manter-se com o exercício constante. Ninguém melhor que o próprio
militar pode saber qual a periodicidade com que deve exercitar. Em
caso de dúvidas o seu superior hierárquico deve estar à altura de
prestar os necessários esclarecimentos.
Através da criação e treino de situações fictícias conseguir-se-ão
um conjunto de respostas controladas e automatizadas, e não de
improvisação, o que pode ser um importante auxiliar quando o
militar tiver de enfrentar uma situação que poderá envolver o recurso
a arma de fogo.

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Assim, é fundamental ter uma formação adequada, perder medos e
ter confiança na arma que transportamos. Evita-se situações do
género “não consegui proteger o meu camarada porque não fui
suficientemente rápido e destro”.

4.1 A dinâmica do tiro de pistola


Para efectuar uma abordagem correcta à dinâmica envolvida
no tiro de pistola, o militar deve procurar conhecer as suas
próprias capacidades (possibilidades e limitações, trabalhando
estas), e a forma como o adversário tem por hábito agir.
Mesmo não havendo nenhum adversário especifico, faz com
que envide esforços para obter toda a informação disponível
relacionada com casos verídicos e faça uma análise dos
mesmos, procurando neles algumas regularidades que sirvam
de indicadores a ter em conta para a definição de situações de
treino, assim como a natureza do ambiente envolvente, ou
seja, os locais mais prováveis onde se desenrolem eventuais
situações de perigo.
Tendo assim por base o estudo efectuado sobre os meios
envolventes e a forma como o adversário poderá reagir em
caso de ser atacado, podem-se definir melhor as situações de
treino que procurem reflectir uma realidade o mais
aproximada possível de uma eventual situação de perigo.
Neste caso é essencial que para o exercício de treino o militar
procure estar no mesmo nível de activação que estaria se a
situação fosse verdadeira, o que envolve uma predisposição
mental muito forte e uma grande concentração nas tarefas a
desenvolver. Para tal é fundamental que o militar se lembre
que a sua prestação estará de acordo com aquilo que treinou,
portanto é preciso treinar como se tivesse a intenção de lutar.
Numa situação real, os níveis de adrenalina estarão no seu
máximo, produzindo, em consequência, um conjunto de
reacções físicas que é importante conhecer, por forma a que
se desenvolvam estratégias pessoais de controle das mesmas.
Por esta razão o treino deve ser organizado tendo em
particular atenção esta componente. Porque deve sempre
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esperar o pior, o militar deve treinar de acordo com isso,
esperando sempre sair da situação da melhor forma.
De entre as reacções físicas que podemos referir, a maior
parte das quais se produzem como resultado de um conjunto
de reacções químicas, destacam-se; a diminuição das
habilidades motoras, a confusão, o encurtamento da
focalização visual e auditiva, a aceleração do batimento
cardíaco e um estado de excitação generalizado. De acordo
com este estado, o militar pode experimentar uma distorção
do tempo e do espaço em virtude da sua mente estar a operar
a uma velocidade muito superior ao normal, o que faz com
que, para alguns, exista a sensação de que o tempo se move
em câmara lenta, ou mesmo que as distâncias parecem mais
curtas. Nem todas as pessoas experimentam estes efeitos, os
quais parecem estar ligados ao factor surpresa. Aqueles que
estão completamente desprevenidos muito provavelmente,
experimentá-los-ão todos. Por outro lado aquele que sabe que
irá estar envolvido numa situação conflituosa não os sentirá
de maneira tão intensa. Apesar de tentar constantemente
manter a mente em alerta, não se pode predizer o nível de
prontidão e a expectativa. É preciso manter estas coisas em
mente quando treinamos. É preciso procurar minimizar a sua
vulnerabilidade a estes efeitos de alarme fazendo tudo para
manter as coisas simples, manter uniformidade no
empunhamento e estabelecer um conjunto de respostas
condicionadas às quais possa recorrer com garantias de
sucesso. Treine como tenciona empenhar-se. Para tal é
importante ter em conta a sua condição física, quanto melhor
ela for menor será a possibilidade de ser vítima destes efeitos,
pois desta forma resistirá melhor ao súbito aumento da
adrenalina e aos efeitos precoces de fadiga que pode
provocar.
Estas reacções que sentimos são a prova que estamos
assustados, mas não com medo, pois esta palavra requer uma
análise mental da situação, o que leva algum tempo a fazer,
enquanto que em situações conflituosas, se o militar tiver de
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usar a arma, geralmente não se poderá dar ao luxo de parar
para pensar.
É exactamente sobre estas condições que acabam, em maior
ou menor grau, por nos limitar o desempenho, que temos de
criar a habituação necessária para fazer tiro.
É preciso ainda chamar a atenção que o militar deve treinar
gestos simples e sincronizados, pois, no essencial, é disso que
se trata o tiro. Tudo o que seja complexificar aquilo que
(aparentemente) é simples só acaba por causar uma maior
dificuldade em lidar com a situação, pois acabamos por nos
desviar das coisas que são essenciais, passando a preocupar-
nos com pequenos detalhes ou pormenores que são
irrelevantes para o caso. O militar, no treino, tem de se
preocupar, fundamentalmente, em, no mais curto espaço de
tempo possível, ter a sua arma pronta a disparar (se for o
caso) e com as miras no alvo que pretende atingir.
O militar pode sentir alguma dificuldade na tomada de
decisões críticas e na falta de habilidade em manter os
pensamentos focalizados na tarefa que está a desenvolver.
Quando tal acontece numa situação real não há lugar para
discussões mentais, o procedimento deve estar automatizado
e a concentração completamente dirigida para a actuação e
para o que se está a passar à volta, minorando assim os riscos.
Isto liberta a mente para a análise da situação e para a decisão
de quando se deve e para onde disparar, ao invés de pensar no
que fazer para que a arma dispare ou mesmo saber quantas
munições sobram depois dos tiros já efectuados. A atenção
inicial deverá ser sempre dirigida para a fonte de perigo,
excluindo tudo aquilo que não seja fundamental,
desenvolvendo para tal uma imagem ou uma visão dirigida,
uma visão de túnel. Mentalmente, o militar pode dispensar
aquilo que considera informação não essencial, e pode até
nem se recordar de alguns pormenores, contudo, uma vez
neutralizada a ameaça é importante que ele procure outros
alvos hipotéticos, a fim de não ser surpreendido por algum
pormenor que tenha escapado à sua observação. Isto pode ser
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facilmente treinável, se, por exemplo, após ter cumprido o
objectivo de treino, e antes de voltar a colocar a arma no
coldre, continuar-se a apontar a mesma para vários sítios,
seguindo o olhar, como se fosse o seu prolongamento,
esperando o surgimento de alguém que pudesse ainda
ameaçar.
Algo que também deve ser desenvolvido é a percepção
auditiva. Ouvir uma ameaça pode ser tão viável, enquanto
indicador de um alvo, como ver uma ameaça, portanto é
preciso não a descurar e ter a capacidade de isolar os sons que
se produzem à nossa volta, identificando aqueles que são
mais ameaçadores, como por exemplo, o armar de uma arma,
ou mesmo a introdução de munição na câmara.
Se tivermos em conta alguns relatórios policiais, referindo
situações onde foram efectuados disparos, chegaremos à
conclusão que mais de 80% ocorreram a uma distância não
superior a 7 mts., sendo que metade destas ocorreram a 5 mts.
e menos. Em termos tácticos, isto diz-nos que nos devemos
preocupar em maximizar a distância a que nos encontramos
da ameaça e minimizar a nossa exposição a ela. Quanto maior
a distância maior a vantagem para o atirador treinado.
Em termos de treino isto diz-nos ainda que a maior parte do
mesmo deve ser conduzido a distâncias até 7 mts., em pelo
menos 80% das vezes.
As situações que envolvam o recurso a arma de fogo são
violentas e rápidas. O tempo médio estimado é de 3 seg.,
sendo que na maior parte das vezes o suspeito está em
movimento. A mensagem é clara: dispare o mais rápido
possível, atingindo o alvo. Não tente acertar no botão do
casaco do adversário em 3 seg. Um único tiro no peito em 1.5
seg. é bem mais realista. Deve-se obter o equilíbrio
apropriado entre a velocidade e a precisão de acordo com o
contexto do problema.
Cerca de 70% dos casos ocorrem em ambientes com luz
reduzida. O adversário teme a luz, razão pela qual os
exercícios de treino não devem ser exclusivamente
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conduzidos no exterior e em pleno dia. Procure assegurar uma
oportunidade para os realizar em condições de luz reduzida,
pelo menos ocasionalmente. Fazendo isto estará a trabalhar na
resolução dos problemas e a encontrar as soluções em
ambientes de fraca luz. Para tal é preciso coordenar luz e tiro,
em especial se fizer uso de uma lanterna.
Mais de 50% das vezes podemo-nos deparar com mais do que
um adversário, pelo que convém também efectuar exercícios
com mais do que um alvo, e de preferência de vários tipos,
colocando-os em vários locais e de preferência escondidos,
por forma a dificultar o exercício. Esta dificuldade é
essencial, pois é disso que o treino trata; treinar o difícil
para facilitar o desempenho.
O mecanismo de utilização de uma arma para fins defensivos
envolve não apenas o acto físico de sacar e disparar mas
também a aquisição visual do alvo e a análise mental que
determina se é ou não uma ameaça. Esta aquisição visual e
análise mental precede o tiro e determina a rapidez da
resposta numa situação real. A determinação da ameaça
depende daquilo que o adversário faz com as mãos ou naquilo
que nelas segure.
Treine para que aquilo que conduz ao disparo não seja a voz
ou o apito de quem está a dirigir o tiro numa carreira mas
antes o próprio alvo ou a própria ameaça.

4.2 A atitude do militar nos treinos


A importância que deve ser dada ao treino faz com que o
militar deva ter em conta um conjunto de considerações que
contribuem para realçar esta necessidade, sendo elas:
• Quanto maior for o seu à vontade para manusear a arma e
com ela fazer fogo, mais liberdade tem para se concentrar
exclusivamente no desenrolar da situação para, com o
necessário sangue-frio, avaliar e decidir pela utilização
(ou não) da arma, contribuindo assim para a salvaguarda

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da sua integridade física e de terceiros, actuando em
conformidade com a lei;
• Reconhecer que todos cometemos erros, contudo, todos
acreditamos que estamos na posse da verdade. Existe
sempre algo a aprender e a melhorar, inclusivé os erros
que não se sabem;
• Reconhecer a tendência para criticar o sistema quando
não se obtêm bons resultados;
• A continuidade apenas é assegurada através do treino. Se
não conhecermos a técnica, não a empregamos
adequadamente, logo não há continuidade;
• Um atirador não chega a nada se somente atirar. Para se
lograr um bom desempenho e à vontade é preciso treinar;
• Dosear o esforço, não ir mais depressa que o possível.
Queimar etapas no tiro apenas conduz ao fracasso. É
preciso percorrer um percurso evolutivo, começando pelo
estudo da técnica, e por uma boa preparação física e
psíquica;
• É preciso aprender correctamente as posições de tiro de
precisão e corrigir os defeitos pois logo se passará ao tiro
sem grande tempo para alinhar miras, o que servirá para
qualquer situação, inclusivé as de visibilidade reduzida;
• A tensão nervosa faz perder muito no resultado. A luta
contra o relógio, nos treinos, ajudará a minorar os seus
efeitos nocivos;
• Ao começo do tiro não deve haver tensão, só depois de
alcançar um bom nível se deve criar essa tensão para que
se aproxime o mais possível da realidade;
• O atirador deve procurar adoptar uma atitude mental
correcta. Deve estar preparado para falhar, senão o
desânimo toma dele conta. A realização dos exercícios
não deve ser tida como uma obrigação, mas antes como
um momento agradável, pelo qual se esperou;
• O cumprimento estrito das normas de segurança deve ser
tido sempre em atenção mas não de tal forma que vá

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conflituar com os objectivos da sessão, derivado à sua
sobrevalorização. Uma vez que todos somos
profissionais, quem dirige o treino de tiro deve dar o
máximo de liberdade a quem executa, supervisionando
todas as operações que seja necessário efectuar,
sobretudo em caso de interrupção de tiro, por forma a
que o atirador não pense nem sinta que nas suas mãos
está algo que é extremamente perigoso;
• Evitar o excesso de confiança. Quando parece que se
sabe demasiado, aparece o excesso de confiança e
produzem-se acidentes, por vezes irreparáveis;
• Conduzir o treino o mais perto possível da realidade.
Para tal, é preciso reproduzir situações prováveis, agindo/
reagindo como se fossem reais. É importante
movimentar-se, reduzindo a silhueta, e disparar para o
tronco e não para a cabeça, pois existe uma maior área
onde é provável acertar;
• Diversificar as situações de treino, por forma a
habituarmo-nos a diferentes estímulos. Tal pode ser
conseguido, por exemplo, através de;
♦ Selecção dos alvos para os quais vamos atirar,
♦ Selecção de zonas do alvo distintas,
♦ Adopção de diferentes posições,
♦ Criação de situações de visibilidade reduzida,
♦ Execução do tiro a partir de uma posição coberta,
♦ Etc,
• No treino de tiro, se o atirador não conhece a arma, deve
trabalhar:
♦ Segurança e empunhamento,
♦ Montagem, desmontagem,
♦ Carregar, descarregar,
♦ Resolver possíveis avarias,
♦ Treinar o carregamento.
• Os dados estatísticos revelam que o recurso a arma de
fogo se verifica a distâncias curtas, contudo, cerca de
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15% parecem ocorrer a distâncias superiores a 50 mts.
Portanto é importante conduzir pelo menos 15% do seu
treino a partir desta distância. Aqui exige-se uma maior
precisão que velocidade, podendo-se aguardar alguns
segundos até disparar. Isto significa que deve adaptar
uma posição o mais equilibrada possível. Neste aspecto,
a posição que oferece este equilíbrio e estabilidade é a
posição de joelhos, a qual pode ser assumida numa
questão de segundos, para além de proporcionar maior
protecção facilitando a sua ocultação devido à redução da
silhueta.
O treino de “tiro em seco” é uma das melhores formas -
arriscamo-nos a dizer, indispensável - de se conseguir atingir
bons resultados na execução do tiro real. Este tipo de treino
oferece-nos algumas vantagens que muitas vezes não são
possíveis de conseguir apenas com o tiro real. Destacamos
algumas delas:
• Permite o treino individualizado de cada um dos
elementos fundamentais da técnica de tiro
(desenvolvimento da posição correcta, treino do
empunhamento, de alinhamento das miras, do disparo, de
respiração e do seguimento);
• Não exige perdas de tempo com deslocações à CT;
• Pode ser praticado em qualquer local, quer no exterior,
quer em recintos fechados;
• Possibilita a economia de munições;
• Permite o desenvolvimento da condição física específica,
através do treino dos músculos empenhados no processo
de disparo.
Quando o treino é limitado apenas à realização do tiro para
alvos, os atiradores não só não chegam a detectar os seus
erros como não chegam a corrigir a sua postura. Ao efectuar
tiro a curtas distâncias, apesar de ser essencial, permite-se
uma larga margem de erro relativamente à técnica de tiro,
apesar de se acertar na silhueta. Por este motivo, é necessário
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efectuar tiro a distâncias maiores – precisão – por forma a
darmo-nos conta dos erros que são cometidos.
Conforme se pode facilmente perceber, o factor mais
importante ao nível dos treinos é usar a imaginação para a
criação de diferentes cenários.
Os exercícios de treino que a seguir se indicam devem ser
executados, de preferência, frente a um espelho, por forma a
que o atirador possa corrigir-se, e pela ordem indicada,
voltando-se ao início sempre que se pretenda avançar na
sequência, repetindo as vezes necessárias para se assimilar os
movimentos. Para a sua execução torna-se necessário dispor
do seguinte material: 1 pistola, 2 carregadores, 5 invólucros e
1 alvo AI 1/EPG, por cada atirador.

4.3 Treino de tiro de precisão

4.3.1 Treino da posição em relação ao alvo


O objectivo do exercício n.º 1 é: assumir a posição
correcta em relação ao alvo. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Com os olhos fechados ou com a cabeça voltada
para o lado, levantar a arma, na direcção do alvo
(referência);
• Abrindo os olhos ou rodando a cabeça para o alvo,
verificar se a pontaria está correcta (centro do
alvo);
• Caso não esteja apontada em direcção, deslocar a
posição dos pés, fazendo avançar ou recuar o pé
direito, conforme o cano se apresente à direita ou à
esquerda do centro do alvo, respectivamente (nunca
rodar só os braços);
• Repetir a operação, de modo a que a arma fique
apontada na direcção do centro do alvo;

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• Para corrigir a elevação, será necessário ajustar a
arma na mão, de modo a que esta fique apontada ao
centro do alvo sem qualquer esforço;
NOTA: Neste exercício não se deve disparar.

4.3.2 Treino da posição e estabilidade da arma


O objectivo do exercício n.º 2 é: assumir a posição
correcta e estabilizar a arma. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Em frente a uma parede clara, a uma distância de
cerca de 5 metros, apontar a arma a essa parede e
procurar a posição em que é mais fácil centrar e
estabilizar o ponto de mira, durante períodos até
aos 15 segundos;
NOTA: Neste exercício não se deve disparar.

4.3.3 Treino de estabilidade da arma


O objectivo do exercício n.º 3 é: alinhar correctamente
as miras e estabilizar a arma. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Este treino é realizado, colocando uma marca numa
parede clara (círculo de papel preto, círculo pintado
a giz, etc.) e apontando a arma a essa marca,
procurando a máxima estabilidade das miras;
• A dificuldade poderá ser aumentada, aumentando a
distância à marca de referência;
• De vez em quando, os olhos devem ser fechados
durante 2 a 3 segundos e abertos de seguida,
verificando se a estabilidade por memória muscular
se mantém;
NOTA: Neste exercício nunca se deve disparar.

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4.3.4 Treino de disparo
O objectivo do exercício n.º 4 é: depois de tirar a folga
do gatilho, pressioná-lo suavemente, sem produzir
“gatilhadas” (percepção do movimento e peso do
gatilho):
• Aqui o elemento importante é o disparo. Este deve
sair durante uma boa focagem do ponto de mira,
mas sem grande preocupação com o alinhamento
dos órgãos de pontaria;
• O treino é conduzido sem ponto de referência, em
frente a uma parede clara;
• Também se deve realizar de olhos fechados ou
numa sala às escuras;
• De início, o atirador deve procurar aperceber-se da
folga e peso do gatilho da arma;
• Accionar o gatilho várias vezes, tentando produzir
um disparo o mais suave possível;
• Deve procurar produzir o disparo em tempo útil, ou
seja, antes de começar a sentir fadiga por ausência
de respiração. Como regra, não deve ultrapassar-se
os 10 segundos até à execução do disparo.
NOTA: Na execução de exercícios de tiro “em seco”,
sempre que se produzam disparos, deverá ser
colocado um invólucro na câmara da arma,
uma borracha ou esponja entre o cão e o
percutor. Devendo, entre cada 5 disparos,
mudar-se de invólucro. Os invólucros podem
obter-se facilmente na arrecadação de
material de guerra.

4.3.5 Treino de estabilidade e disparo coordenado


O objectivo do exercício n.º 5 é: accionar o gatilho
suavemente, sem produzir gatilhadas e sem desalinhar
as miras (“jogo miras/gatilho”):
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• Igual ao exercício 3, mas agora pode-se executar o
disparo;
• Dar atenção a que a pressão exercida no gatilho não
deve perturbar a estabilidade da arma. Se esta não
se verificar, deve-se insistir no exercício 4.

4.3.6 Treino da respiração


O objectivo do exercício n.º 6 é: determinar e treinar a
capacidade pulmonar. Para tal deve-se ter em atenção
o seguinte:
• Em frente a uma parede clara, efectuar o
alinhamento das miras e mantê-lo durante alguns
segundos, até sentir desconforto e aumento da
dificuldade em apontar;
• Repetir o processo algumas vezes;
• De seguida, apontar e disparar dentro do tempo útil,
ou seja, antes de sentir cansaço por apneia - falta de
oxigénio -.

4.3.7 Treino do “seguimento”


O objectivo do exercício n.º 7 é: efectuar o
“seguimento” do disparo. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Tomar a posição de tiro;
• Executar o disparo, observando a técnica correcta
de todo o processo de tiro;
• Manter as miras alinhadas durante alguns segundos
após o disparo, procurando manter a estabilidade
das mesmas, e só depois, desfazer a pontaria.

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4.3.8 Treino integrado
O objectivo do exercício n.º 8 é: efectuar disparos
correctos, observando todos os elementos
fundamentais para a execução do tiro. Para tal deve-se
ter em atenção o seguinte:
• Tomar a posição;
• Levar a arma à zona de pontaria;
• Suspender a respiração
• Alinhar correctamente as miras;
• Accionar o gatilho, sempre com a preocupação de
manter as miras alinhadas e disparar
(“miras/gatilho”);
• Efectuar o “seguimento”;
• Este exercício deve ser executado em 2 fases: na
primeira, contra uma parede branca, sem qualquer
referência; e, na segunda, apontando a uma
referência.

4.3.9 Treino diversificado


O objectivo dos exercício que integram este tipo de
treino é: diversificar as situações de treino, por forma
a mecanizar procedimentos distintos. Para tal deve-se
ter em atenção o seguinte:
• Utilizar diferentes posições (disparando, também,
com a mão fraca);
• Utilizar diferentes tipos de alvos, ou combinação de
alvos.

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Utilizar uma composição de figuras geométricas coloridas, criando

4.4 Treino de tiro policial

4.4.1 Treino da posição em relação ao alvo


O objectivo do exercício n.º 1 é: assumir a posição
correcta em relação ao alvo. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Este treino é realizado colocando um alvo AI
1/EPG, para cada atirador, numa parede clara, a
uma distância de cerca de 5 metros;
• Com os olhos fechados, levantar a arma,
colocando-a na direcção do alvo;
• Abrindo os olhos, verificar se a pontaria está
correcta (centro do alvo);
• Caso não esteja apontada em direcção, deslocar a
posição dos pés, fazendo avançar ou recuar o pé
direito conforme o cano se apresente à direita ou à
esquerda do centro do alvo, respectivamente (nunca
rodar só os braços);
• Repetir a operação de modo a que a arma fique
apontada na direcção do centro do alvo;

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• Para corrigir a elevação, recordar que o cano da
arma é o prolongamento do dedo (como se fosse
para apontar a alguém) e assim não deve apontar
para o chão mas sim ao centro do alvo;
NOTA: Neste exercício não se deve disparar.

4.4.2 Treino para “armar” a pistola


O objectivo do exercício n.º 2 é: colocar a arma pronta
a disparar. Para tal deve-se ter em atenção o seguinte:
• Com a mão direita a empunhar a arma e o dedo
indicador ao longo do guarda-mato, puxar a
corrediça à retaguarda e deixá-la ir à frente,
armando a pistola.
NOTA: O carregador deve ser retirado e a arma deve
estar com a patilha em posição de tiro, para o
cão poder ficar armado. Neste exercício não
se deve disparar, mantendo a arma
direccionada para o alvo.

4.4.3 Treino do saque


O objectivo do exercício n.º 3 é: sacar a arma do
coldre. Para tal deve-se ter em atenção o seguinte:
• Sacar a arma do coldre, mantendo os olhos fixos no
alvo;
• Mão fraca vai auxiliar no empunhamento, quando a
arma já está completamente fora do coldre;
• Levar a arma à linha de vista.
NOTA: Esta sequência deve ser feita com rapidez,
sendo que a arma deve descrever uma
trajectória rectilínea, desde que sai do coldre
até à linha de vista.

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4.4.4 Treino da sensibilidade da folga do gatilho
O objectivo do exercício n.º 4 é: retirar a folga do
gatilho sem executar o disparo. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Levantar a arma e quando esta estiver na direcção
do alvo, retirar a folga ao gatilho.
NOTA: Neste exercício não se deve disparar.
4.4.5 Treino do “jogo Cá-Lá-Cá-Lá”
O objectivo do exercício n.º 5 é: habituar a vista a
focar às diferentes distâncias. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Fazer, rapidamente, o jogo “Cá-Lá-Cá-Lá” ou seja:
Cá (vista focada num dos órgãos do aparelho de
pontaria), Lá (vista focada no centro do alvo);
NOTA: Neste exercício nunca se deve disparar.

4.4.6 Treino de disparo


O objectivo do exercício n.º 6 é: executar o disparo
correcto. Para tal deve-se ter em atenção o seguinte:
• Aqui o elemento importante é o disparo, dado que a
folga do gatilho já foi retirada. Pressionar
continuamente o resto do gatilho, até surgir o
disparo.
NOTA: Na execução de exercícios de tiro “em seco”,
sempre que se produzam disparos, deverá ser
colocado um invólucro na câmara da arma e
uma borracha ou esponja entre o cão e o
percutor, devendo, entre cada 5 disparos,
mudar-se de invólucro. Os invólucros podem
obter-se facilmente na arrecadação de
material de guerra. Deve ainda ser colocado o
invólucro na câmara, e assim sendo já não
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deve ser puxada a corrediça à retaguarda.
Depois do disparo, o atirador só pode
regressar à posição inicial ou trocar de
carregador e é sobre isso que constam os
próximos dois exercícios:

4.4.7 Treino de posição inicial


O objectivo do exercício n.º 7 é: colocação na posição
inicial para o próximo disparo. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Se o atirador conseguir colocar-se rápida e
correctamente na posição inicial ganha tempo para
poder observar o resultado obtido. Assim deve
colocar a arma em posição de espera (45º) por
forma a quando ouvir a voz de fogo só tenha que
levantar a arma.

4.4.8 Treino de troca de carregador


O objectivo do exercício n.º 8 é: trocar de carregador
rapidamente. Para tal deve-se ter em atenção o
seguinte:
• O atirador deve controlar o n.º de tiros dados, com
as munições existentes no carregador. Mas quando
chegar à altura de substituir o carregador vazio, por
outro municiado, deve fazê-lo com a sua silhueta
reduzida e mantendo os “olhos no alvo”. Este
treino deve ser conduzido com e sem corrediça à
retaguarda.
NOTA: O atirador, à ordem, (na Carreira de tiro esta
não lhe deve ser dada, visto que a troca se faz
quando a corrediça fica retida à retaguarda)
simula o retirar do 1º carregador e faz a
introdução do 2º, aguardando ordem para
reiniciar o tiro.
70
4.4.9 Treino diversificado21
O objectivo dos exercícios que integram este tipo de
treino é: diversificar as situações de treino, por forma
a mecanizar procedimentos distintos. Para tal deve-se
ter em atenção o seguinte:
• Utilizar diferentes posições;
• Utilizar diferentes tipos de alvos, ou combinação de
alvos;
• Seleccionar exercícios que impliquem
deslocamento do atirador.

4.5 Treino em caso de ferimento no braço


Num confronto o militar nunca deve enjeitar a possibilidade
de vir a ser ferido num dos braços (ou em qualquer outra zona
do corpo). Se tal acontecer, a sua prioridade deve ser procurar
uma zona que o proteja, especialmente se não sabe de onde os
tiros partiram, pois até o descobrir não poderá contra-atacar.
Torna-se assim importante aprender a manejar a arma com a
mão fraca, caso tenha sido alvejado e do incidente resulte a
imobilização do braço da mão forte. Tal implica não só sacar
e atirar mas também recarregar e resolver avarias.

4.5.1 Treino de manuseamento


O objectivo dos exercícios que integram este tipo de
treino é: manusear a arma com a mão fraca, por forma
a mecanizar procedimentos. Para tal deve-se observar
a seguinte sequência:
1.º O militar, tendo sido atingido no braço direito, vai
ter que fazer uso da arma manuseando-a com a
mão fraca;

21
Ver o exemplo dado para o treino da modalidade de tiro de precisão e ver
também os exemplos de circuitos práticos no Anexo C.
71
2.º Para tal, vai ter que tirar o fiador para a empunhar
e preparar para fazer fogo com essa mão.

4.5.2 Treino de recarregamento


O objectivo dos exercícios que integram este tipo de
treino é: trocar de carregador e introduzi-lo com a mão
fraca, por forma a mecanizar procedimentos. Para tal
deve-se observar a seguinte sequência:
1.º O militar, tendo sido atingido no braço esquerdo,
verifica que a corrediça está à retaguarda e que
não existem munições no carregador;
2.º Sem tirar os olhos da ameaça, coloca a arma
numa posição que facilite o recarregamento e
substitui o carregador vazio por outro
municiado22;

22
Após esta operação, o carregador substituído deve ser colocado no mesmo sítio
de onde se tirou o outro.
72
3.º Após esta operação leva a corrediça à frente e
prossegue o exercício.

4.5.3 Treino de procedimento em caso de avaria


O objectivo dos exercícios que integram este tipo de
treino é: resolver uma avaria com a mão fraca, por
forma a mecanizar procedimentos distintos. Para tal
deve-se observar a seguinte sequência:
1.º O militar, tendo sido atingido no braço esquerdo,
verifica que existe um invólucro a impedir o
movimento da corrediça para a frente;
2.º Acto contínuo, reduz a silhueta e tenta resolver a
avaria. Para tal, utiliza o cinturão ou o calcanhar
da bota, a fim de fazer recuar a corrediça para
acabar de extrair o invólucro;
4.º Após esta operação leva a corrediça à frente e
prossegue o exercício.
73
74
4.6 Treino de pistola metralhadora
No treino da pistola-metralhadora, regra geral, não é
aconselhável efectuar tiro de rajada porque rapidamente se
fica sem munições. A tendência da própria arma em elevar-se
desaconselha-o. Se for treinado, é quase tão rápido apertar o
gatilho tiro a tiro, como disparar em rajadas, mesmo que
curtas, não havendo necessidade de fazer pontaria a cada
disparo. Para além disso há uma maior possibilidade de
atingir o alvo.
Apontar e disparar será a base para todo o treino de tiro com
pistola metralhadora. Só após se ter vencido esta etapa é que
o atirador poderá experimentar outro tipo de exercícios com a
arma, os quais podem incluir um género de tiro de precisão, o
que certamente conduzirá a um melhor conhecimento da arma
por parte do atirador.
O treino inicial consiste numa série de exercícios de
familiarização, os quais consistem em:
• Praticar operações de segurança;
• Conhecer o funcionamento e capacidades da arma;
• Desmontar/montar e fazer a manutenção da arma;
• Exercícios de carregar e descarregar;
• Procedimentos em caso de avaria;
• Adoptar posições de tiro,
• Efectuar tiro.
4.7 Treino de resolução de avarias
Sem qualquer dúvida, um dos atributos mais desejados da
pistola é a fiabilidade. Contudo, não existe nenhuma que seja
100% fiável. Tudo aquilo que o homem faz é sujeito a falhas,
muitas das vezes nos momentos mais inoportunos. Sabendo
isto é importante aprender e compreender os procedimentos

75
imediatos que se seguem a quaisquer avarias que surjam com
a pistola, tentando minimizar não só os riscos de virem a
surgir, como também procurando resolvê-los no mais curto
espaço de tempo.
As avarias têm origem nas armas, munições defeituosas,
atirador ou ainda em carregadores defeituosos. Para prevenir
o seu surgimento é preciso ter uma pistola devidamente limpa
e lubrificada - nas peças devidas - e assegurar que os
carregadores e as munições sejam de qualidade.
Cada avaria que se verifique há-de ter a sua causa, contudo,
no meio da refega não existe lugar para fazer um diagnóstico
da mesma. Os seguintes exercícios que se podem fazer para
treinar a resolução de avarias permitir-lhe-ão reconhecer as
características da cada uma e tomar os procedimentos mais
correctos, a fim de as resolver no mais curto espaço de tempo
possível. É importante que em todas estas fases a arma seja
mantida em linha de vista para não só poupar tempo como
também procurar manter uma visão periférica adequada ao
controlo da situação.
Posição 1 de avaria – Esta avaria resulta de uma falha de
disparo. Ao invés de ouvir “pum” ouve-se “click”. Tal pode
ser causado por uma munição defeituosa, um percutor partido
ou uma falha na introdução de munição na câmara. O
procedimento a ter é dar uma pancada seca no carregador
com a mão fraca para que o mesmo possa ser devidamente
introduzido, depois rodar a arma lateralmente para a direita,
puxar a corrediça à retaguarda, a fim de sair a munição
defeituosa, e deixá-la ir novamente à frente (introduzindo
nova munição). Se mesmo assim se manter a falha de disparo,
voltar a repetir o mesmo processo. Se após este procedimento
ainda se mantiver o mesmo problema então a deficiência pode
ser devida ao percutor partido, ou simplesmente o carregador
não ter munições !!!
Posição 2 de avaria – Esta avaria resulta de uma falha de
ejecção, podendo ser causada por um carregador defeituoso,
76
que interfere com a ejecção do invólucro, ou por um ejector
(ou extractor) defeituoso. Tal pode ser visualmente detectado
pela presença do invólucro que não permite à culatra recuar
(o que não permite armar novamente a arma, pelo que o
gatilho fica imobilizado). O procedimento a tomar é
semelhante ao anterior, procurando tirar o invólucro com a
mão fraca e deixar ir novamente a corrediça à frente. Esta
identidade de procedimentos entre as duas situações ajuda a
resolver os problemas surgidos e a manter as coisas simples,
fáceis de aprender e mecanizar.
Posição 3 de avaria – Esta avaria resulta de uma falha de
alimentação, em resultado do carregador não ter mais
munições. Tal pode ser facilmente detectado porque a
corrediça fica à retaguarda não existindo nenhuma munição
na câmara e estando o carregador vazio. O procedimento a
adoptar será substituí-lo por outro com munições.
Posição 4 de avaria – Esta avaria verifica-se quando a
corrediça, após ter vindo à retaguarda, não vai à frente, o que
se pode dever ao defeito dos lábios do carregador. Apesar de,
neste caso, o carregador ter de ser reparado, pode-se tentar
resolver esta situação, descendo um pouco o carregador até
que a corrediça vá à frente. Deve ainda ter o mesmo
procedimento das posições anteriores, fazendo mais duas ou
três tentativas para que a corrediça vá à frente.
Qualquer um destes exercícios pode ser aperfeiçoado com
munições inertes durante a prática de tiro em seco. A melhor
forma de prevenir estas avarias é efectuar uma manutenção
regular às armas e transportar consigo carregadores e
munições em bom estado.
No caso específico dos carregadores devem ser observados
periodicamente, em especial, o estado da mola elevadora, do
elevador, dos lábios e se o corpo não se encontra amolgado.
Aqueles que não se apresentem nas melhores condições
devem ser utilizados para os treinos e nunca no serviço
operacional propriamente dito.
77
4.8 Alvos a utilizar
Os alvos que actualmente se podem utilizar para treino são
muito mais variados que as silhuetas para as quais os
militares estão habituados a treinar. Efectivamente, existe
hoje toda uma panóplia de alvos, com especial relevo para os
“shoot/no shoot”, isto é, alvos aparentemente idênticos,
diferindo apenas no facto de uma determinada figura poder
aparecer a empunhar uma arma (“shoot” – deve-se fazer fogo)
ou um outro objecto qualquer (“no shoot” – não se deve fazer
fogo, pois não existe o pressuposto da proporcionalidade de
meios). Para além disso, os alvos podem ser estáticos ou
móveis, o que ajuda a dar um maior realismo à situação de
treino.
Os militares devem treinar com variados tipos de alvo por
forma a não dar a ideia de rotina, mas sim de diversidade.
Esta questão da diversidade, em particular, é especialmente
importante pois contribui para uma melhor preparação do
militar, possibilitando-lhe uma melhor análise e escolha de
soluções possíveis numa situação real onde possa ser
necessário utilizar uma arma de fogo.
Tendo em atenção o que se referiu anteriormente, a utilização
de um alvo táctico ajuda bastante a dar um maior realismo ao
exercício de treino, levando o atirador a pensar e a procurar
atingir (quando tal for o caso) o alvo na zona demarcada.
Relativamente a este pormenor, aconselha-se a evitar os alvos
que tenham esta zona muito pequena pois senão o atirador
tem tendência a fazer um tiro de precisão e, por isso, a
demorar mais tempo, o que numa situação real pode vir a ser
fatal.
No caso onde não seja possível adquirir estes alvos, o
formador pode optar por utilizar os alvos SP II, ou outros
quaisquer, colando-lhe algumas formas geométricas de cores
diferentes (conforme se viu no treino da modalidade de tiro
de precisão) ou simplesmente traçando/dobrando uma zona
do alvo para a qual se pode/não pode disparar. Pode ainda
78
colocar 3 alvos lado a lado ou 2 em baixo e um em cima ou a
diferentes alturas.
Na utilização destes exercícios de treino deve-se:
• Procurar alvos com tamanho realístico.
• Procurar distâncias razoáveis.
• Criar cenários com base em exercícios vividos.
• Criar cenários com base em futuros problemas.
Se o atirador não puder olhar para o cenário e imaginá-lo
como verdadeiro então o exercício de pouco servirá.
A chave para o treino de “shoot/no shoot”23 é testar a
capacidade dos atiradores para pensar com clareza sob
situações de stress. Tal pode ser feito colando figuras de
armas (“shoot”) no alvo ou outro tipo de figuras (“shoot/no
shoot”). O formador pode fazer isto enquanto o formando está
de costas e depois este recebe a indicação de apenas disparar,
por exemplo, para os alvos com quadrados vermelhos ou
círculos azuis.

23
Ver Anexo A.
79
5 CORRECÇÃO DE ERROS NA EXECUÇÃO DE TIRO

Tão importante quanto reconhecer os erros cometidos em CT é


saber como corrigi-los. Isso implica alguma perseverança e poder
analítico por parte do atirador. Mas não basta ter alguma noção
teórica sobre o motivo, ou motivos, que pode(m) estar na sua origem.
Por vezes é preciso adoptar o procedimento da tentativa erro e ir
experimentando até se ter algum sucesso. Só através desta insistência
é que será possível chegar a alguma conclusão concreta e definida.
Não obstante, existem algumas regularidades na ocorrência dos
erros mais comuns. Para a sua correcção, torna-se necessário ter em
consideração um conjunto de aspectos que podem exercer influências
distintas no resultado do desempenho. A consciência da sua
existência e forma de os controlar será um importante auxiliar para o
atirador.

5.1 Causas do desvio dos projécteis


5.1.1 Da arma
• Vibrações do cano, no momento do disparo;
• Demasiado uso do cano (estrias gastas);
• Ferrugem ou aderência de resíduos (pólvora ou
metal) à câmara da arma;
• Arma não regulada ou irregularidades no aparelho
de pontaria.

5.1.2 Das munições


• Diferenças de peso ou dimensões do projéctil;
• Diferenças de qualidade ou quantidade da pólvora.

5.1.3 Circunstâncias exteriores


• Vento (poderá desviar a trajectória ou produzir
instabilidade na arma);

80
• Sol (afecta a utilização correcta do aparelho de
pontaria, pois o atirador dirige, involuntariamente,
o ponto ou a alça de mira para o lado mais
iluminado.

So
l

5.1.4 Do atirador
É aqui que reside a principal causa de “desvio dos
projécteis”, visto que o atirador pode não ter adquirido
completamente a parte técnica do tiro. Assim, ainda é
possível na CT, fazer algumas correcções quando os
atiradores estiverem a obter resultados fracos (logo
após a sessão de ensaio). Estas devem ser feitas de
forma a que o atirador se aperceba dos erros
cometidos. Não basta dizer-lhe, é preciso que ele
próprio os reconheça, sem a interferência de ninguém.
Natureza dos erros
De uma forma geral, os erros que se verificam mais comummente
apresentam a seguinte distribuição:
3% 20%
DEFICIÊNCIAS DO MAU
ARMAMENTO ALINHAMENTO
E MUNIÇÕES DO APARELHO

81
65% 12%
COMETIDAS AO DEVIDO AO
PRESSIONAR SISTEMA
Como se pode verificar, o atirador é o responsável pela
ocorrência da maior parte dos erros cometidos. Regra geral,
estes podem-se classificar em erros angulares e erros
paralelos. Os erros angulares têm origem quando o atirador
desalinha as miras, concentrando-se em focar apenas o ponto
de mira, ou a alça e o alvo. Sucede, então, que o atirador pode
estar alinhado com o alvo mas tem um dos elementos do
aparelho de pontaria desalinhado. O resultado deste
desalinhamento causa um desvio no ponto de impacto no alvo
que é tanto maior quanto maior for a distância. Por esta razão,
este tipo de erro é considerado o mais prejudicial para o
atirador, e o mais difícil de contrariar, sendo também o que
ocorre com mais frequência.

Os erros paralelos resultam do desalinhamento do aparelho de


pontaria com o alvo. Quer isto dizer que o atirador tem as
miras alinhadas entre si, mas desalinhadas em relação ao alvo.
Este tipo de erro é menos prejudicial para o atirador e menos
difícil de contrariar, sendo também o que ocorre com menos
frequência.
82
No entanto, outros erros poderão ser cometido pelo atirador.
Vejamos, então, quais poderão ser as causas de alguns dos
erros mais frequentes.

5.2.1 Impactos distribuídos por todo o alvo sem


agrupamento definido
Verifica-se quando o atirador altera a posição do
corpo ou o empunhamento em cada disparo. Se a
empunhadura for alterada, o controlo do gatilho
também se modifica, obtendo-se deste modo impactos
sempre diferentes.
Poderá também ser motivado pelo facto do atirador
focalizar o alvo e não o aparelho de pontaria da arma.
O atirador deve ter a noção de que:
• Deve encontrar a melhor empunhadura possível. A
sua importância deve-se ao facto de afectar a
forma de controlar o gatilho;
• A posição de tiro deve ser correcta e a ideal para
si. A sua automatização permitirá mantê-la
inalterável após cada disparo;
• O aparelho de pontaria deve ser focado, deixando
o alvo na visão periférica. A arma, como
instrumento de precisão que é, necessita de ter o
aparelho de pontaria perfeitamente alinhado com o
local que pretendemos atingir no alvo. Tal só se
consegue se o focalizar e não o alvo. Caso
contrário, estará a ver a alça e o ponto de mira
83
desfocados, logo aumentados, e como tal, a sua
mirada poderá estar a ser feita por qualquer ponto
da mancha em que estes estão a ser
percepcionados, e não do modo exacto, parecendo-
lhe, mesmo assim, estar a apontar correctamente.

5.2.2 Impactos concentrados entre as 12H30 e as 02H00


Verifica-se quando o atirador encaixa o punho da
arma junto à base do dedo polegar. Ao ser assim
empunhada, a arma fica com o rebordo definido pelas
arestas posterior e lateral direita do carregador, junto à
zona hipotenar proximal. Quando efectua o disparo,
puxando o gatilho subitamente, crispa a mão. Os
músculos dessa zona, actuando em conjunto com os
dedos, empurram lateralmente a arma, fazendo com
que a boca do cano suba para o lado direito do
atirador.
O atirador deve ter a noção de que:
• A empunhadura deve ser feita encaixando a parte
posterior do punho no vértice do ângulo formado
pela inserção dos dedos indicador e polegar (zona
mole);
• Para efectuar o disparo deve mover apenas o dedo
indicador, permanecendo imóvel o resto da mão;
• A pressão sobre o gatilho deve ser lenta e suave. É
preferível perder uns décimos de segundo, a fim de
controlar correctamente o gatilho, do que falhar o
tiro. Em situação de confronto directo, um erro
deste tipo pode-lhe custar a vida, ou a de terceiros.

5.2.3 Impactos concentrados entre as 02H00 e as 03H30


Verifica-se quando o atirador exerce pressão através
da falange sobre o corpo da arma, empurrando-a para
o lado direito.

84
Outra causa provável será uma empunhadura
deficiente. A palma da mão de apoio, ao ser posta
muito à frente, e não da forma correcta já referida,
também pode ser responsável por este erro. Colocada
da forma descrita, o seu vector de força não se
efectuará no sentido pretendido, mas para o lado
direito.
Este tipo de concentração poderá advir ainda do facto
de colocar qualquer porção da falange ou falanginha
do dedo indicador sobre o gatilho, envolvendo-o
totalmente. Estará assim a exercer dois tipos de
pressão sobre o gatilho. Um provocado pela flexão do
dedo, e para a esquerda. O outro, pelo envolvimento
do gatilho, e para a direita. Como este último é o
dominante, a arma irá deslocar-se no seu sentido.
O atirador deve ter a noção de que:
• O dedo polegar deve acompanhar a arma sem
exercer qualquer pressão. Só a sua base é que
actua e apenas para efectivar a empunhadura;
• Deve concentrar a atenção na posição da mão
esquerda. Não esquecer que é a zona de flexão da
palma, junto à implantação dos dedos, que se
sobrepõe aos dedos da mão direita. A pressão é
efectuada, da frente para trás, sobre a face anterior
do punho. Deste modo, a força (de aperto)
exercida pela palma e pelos dedos desta mão,
necessária para segurar a arma, ficará equilibrada,
não provocando desvios;
• Só a falangeta do dedo indicador, pela sua porção
média, é que pode accionar o gatilho. Como já
referido, deve encontrar uma situação de
compromisso entre a forma anatómica da sua mão
e a arma que utiliza.

5.2.4 Impactos concentrados entre as 03H30 e as 05H00

85
Verifica-se quando o atirador contrai a mão ao aplicar
a pressão no gatilho. Não estando a arma segura com a
tensão suficiente, os dedos polegar e mínimo, fazendo
excessiva força, são os principais responsáveis por
este erro. O polegar empurrando para a direita, e o
mínimo, ao pressionar na zona terminal do punho,
puxando para baixo.
O atirador deve ter a noção de que:
• Numa empunhadura perfeita, a mão direita apenas
sustem a arma, cabendo à mão esquerda segurá-la
e guiá-la. A força, a aplicar pela mão que
empunha, limita-se às bases dos dedos polegar e
indicador. Mesmo o dedo médio não pode efectuar
pressão excessiva;
• Os dedos não devem apertar a arma, como se a
quisessem espremer.

5.2.5 Impactos concentrados entre as 05H00 e as 06H30


Verifica-se quando o atirador, por saber que no
momento do disparo o coice levantará a arma, dobra o
pulso no sentido contrário procurando compensá-lo.
Este movimento é puramente reflexo.
No momento do disparo, o atirador pressiona
excessivamente o punho com os dedos anelar e
mínimo, provocando um desequilíbrio na arma que se
manifesta por abaixamento da boca do cano. Este erro
é designado, incorrectamente, de “gatilhada”.
O atirador deve ter a noção de que:
• A acção a efectuar sobre o gatilho, deverá ser
lenta, suave e progressiva. Só deste modo
conseguirá obter um tiro de surpresa, evitando o
acto reflexo de antecipação do coice. Com o treino
adequado, este movimento passará a ser cada vez
mais rápido, mas sem provocar alterações na
posição da arma;
86
• Numa empunhadura correcta, a arma é segura
apenas pelas bases dos dedos polegar e indicador,
e apoiada pela zona de implantação dos dedos da
mão. Os dedos médio, anelar e mínimo limitam-se
a acompanhar a parte anterior do punho, sem
exercerem pressão excessiva. No momento do
disparo, estes dedos devem permanecer estáticos.
Só o dedo indicador é que irá exercer pressão
sobre o gatilho, com o cuidado de não tocar em
mais nenhuma parte da arma.
Outra das causas pode estar relacionada com a
“gatilhada”, isto é, quando as miras estão alinhadas,
instintivamente o atirador pensa em disparar e então o
dedo efectua um movimento brusco e forte sobre o
gatilho. Também ocorre quando começamos a apertar
pouco a pouco o gatilho e, ao não sair o disparo parece
que nos cansamos, razão pela qual exercemos maior
força no gatilho produzindo-se dessa forma a
“gatilhada”. O dedo não deve perder nunca o contacto
com o gatilho pois se não existir esse contacto
aumenta a possibilidades de dar “gatilhadas”.
Igualmente se produz porque o ruído da detonação
incomoda, tendo assim os mecanismos de defesa
preparados. Provocamos então o disparo para aliviar a
tensão que produz o estar pendente do disparo do
camarada que está ao lado.

5.2.6 Impactos concentrados entre as 06H30 e as 08H00


Verifica-se quando o atirador puxa
repentinamente o gatilho, dada a sua
tendência em dar demasiada atenção
ao alvo. Assim, devido aos
movimentos da mão, o aparelho de
pontaria surge-lhe enquadrado com o
alvo, 1 em cada 5 segundos, levando-
87
o a tomar uma atitude expectante. Ao procurar
efectuar o tiro no segundo em que tem a mirada
correcta, o atirador puxa violentamente o gatilho que,
ao ser assim accionado, provoca um desvio para baixo
e para a esquerda.
O desvio para a esquerda deve-se ao facto de, ao
flectir o dedo indicador, este tender naturalmente
(anatomicamente) a deslocar-se na direcção do dedo
polegar.
O atirador deve ter a noção de que:
• Deve concentrar mais a atenção no aparelho de
pontaria deixando o alvo na sua visão periférica.
Só assim conseguirá verificar qualquer alteração
que eventualmente provoque, tendo hipótese de a
corrigir de imediato;
• Obterá deste modo a estabilidade da arma
necessária para poder efectuar um disparo
correcto;
• Não se deve esquecer que a pressão no gatilho se
deve efectuar de modo uniformemente crescente,
mas o mais lenta possível, para não alterar a
posição da arma e conseguir que o tiro o
surpreenda.

5.2.7 Impactos concentrados entre as 08H00 e as 09H30


Verifica-se quando o atirador pressiona o gatilho de
uma forma incorrecta.
Os atiradores com a mão pequena, ao efectuarem uma
boa empunhadura para terem o controlo eficaz da
arma, só conseguem alcançar o gatilho com a ponta do
dedo indicador. Ao accionarem-no, a pressão exerce-
se sobre a sua aresta lateral direita, e não na porção
anterior.
Em relação a atiradores com a mão ou dedos
compridos, este erro é motivado por utilizarem a
88
falanginha ou a dobra existente entre esta e a falange
para pressionarem o gatilho, mas sem o envolverem.
Em ambas as formas anteriores, o atirador empurrará
o gatilho para a esquerda em vez de o puxar em linha
recta para trás.
Finalmente, a mão esquerda, que deve apoiar e guiar a
arma, também pode provocar este tipo de erro se a sua
colocação for deficiente. Se colocarmos a palma da
mão muito atrás, em vez de ficarmos com a base de
implantação dos dedos a pressionar na face anterior da
coronha, serão as falanges a fazê-lo. Desta forma
serão os dedos a exercer maior pressão, puxando a
arma para a esquerda.
O atirador deve ter a noção de que:
• Deve utilizar a parte média da falangeta para
pressionar o gatilho, exercendo uma acção lenta,
suave, crescente e em linha recta da frente para
trás;
• O dedo nunca empurra o gatilho, e, ao inserir-se
nele, a falangeta deverá fazer com o sentido
longitudinal do corpo da arma um ângulo de 90º;
• Nos casos de atiradores com mãos
desproporcionadas em relação à arma que utilizam,
deverão, em pretérito de uma boa empunhadura,
encontrar uma situação de compromisso
empunhadura/arma, que lhes permita efectuar o
controlo do gatilho da forma descrita;
• As zonas tenar e hipotenar da mão de apoio
deverão cobrir a platina esquerda, de modo a que
seja a zona de flexão da palma - inserção dos
dedos – a pressionarem, da frente para trás, a parte
anterior do punho.

5.2.8 Impactos concentrados entre as 09H30 e as 11H00

89
Verifica-se quando o atirador, por saber que, ao ser
deflagrada, a arma irá subir, numa
tentativa de amortecer a violência do
seu impacto, começa a executar este
movimento quando ainda está a
pressionar o gatilho.
Por sentir o momento em que o cão
ultrapassa o ressalto que lhe permite
vir à frente para embater no percutor,
o atirador larga violentamente o gatilho.
Sendo estes movimentos simultâneos com a
deflagração, vão alterar a posição da arma, fazendo-a
saltar para cima e para a esquerda.
O atirador deve ter a noção de que:
• Não deve antecipar o movimento provocado pelo
coice antes dele existir. Deverá efectuar a força
necessária e suficiente com a mão esquerda para
não deixar que a arma levante muito. Isto
consegue-se se a mão esquerda pressionar a direita
para trás, mantendo o cotovelo em direcção ao
solo;
• Após a deflagração, o gatilho deve ser seguido
pelo dedo indicador no seu movimento de
recuperação. Quer isto dizer que, ao ir à frente, o
dedo não perde o contacto com o gatilho,
deixando-o armar de forma lenta e suave.

5.2.9 Impactos concentrados entre as 11H00 e as 12H30


Verifica-se quando o atirador coloca a arma com a
aresta posterior direita do punho junto à zona de
flexão da mão.
Nesta posição, ao apertar o punho no instante que
antecede o disparo, o atirador empurra-o com a palma
da mão – empalmar -. Como o eixo de rotação da
arma se encontra na junção do punho com a carcaça, a
90
boca do cano é elevada. Ao aperceber-se deste
movimento, a atenção do atirador é desviada para o
ponto de mira, foca-o, recentrando a pontaria apenas
por ele. Como a alça baixou mas está desfocada, o
atirador não toma consciência do erro, pois vê o ponto
de mira no centro do alvo.
O atirador deve ter a noção de que:
• Ao fazer a pontaria, deve manter sempre focados
com nitidez quer a alça quer o ponto de mira,
principalmente no lapso de tempo que antecede o
disparo. Só assim se conseguirá aperceber das
alterações da mirada que possam advir, e corrigi-
las atempadamente;
• Deve empunhar a arma convenientemente, o que
lhe proporcionará o seu correcto controlo. No caso
vertente, e para que os músculos da palma da mão
não interfiram com a estabilidade da arma, não se
pode esquecer que, a empunhadura deve ser
conseguida através de uma pressão limitada da
mão direita, devidamente acompanhada da mão
esquerda.

5.2 Correcções a efectuar pelo Oficial de Tiro


5.3.1 Confirmar o alinhamento do aparelho de pontaria
• Mostrando a figura correspondente ao aparelho de
pontaria

91
• Na pistola, por exemplo, a perspectiva que o
atirador deve ter da mirada aos 10, 15 e 20 mts. É,
sensivelmente, a seguinte:

10mts. 15mts. 20mts.


Como, à medida que a distância aumenta se torna
mais difícil enquadrar o ponto de mira na zona de
pontaria, o resultado traduz-se numa maior
dispersão.

5.3.2 Folga do gatilho e disparo


• Depois da sessão de ensaio, aproveitando o
intervalo após a colagem de pastilhas, e não
havendo ninguém à frente dos atiradores, isolar um
dos piores atiradores e chamar os restantes,
informando-os de que, quando este atirador estiver
a disparar, devem ter especial atenção ao gatilho e
ao cano da arma;
• De seguida, chamar o atirador que não obteve bons
resultados, fingir que vai municiar-lhe a arma
(introduzindo um invólucro na câmara), dizendo-
lhe que se enquadre com o alvo e faça um disparo;
• É quase certo que este atirador vai dar uma
gatilhada (o cano vai baixar, no momento do

92
disparo) facto que todos os outros atiradores
poderão confirmar;

• Explicar ao atirador onde errou, e demonstrar-lhe o


jogo Miras/Gatilho ou Cá-Lá-Cá-Lá, deixando-o
disparar duas ou três vezes “em seco” (até que o
cano não se mova ao disparar);
• Argumentando que se vai proceder à troca do
invólucro, introduzir uma munição na câmara,
dizendo-lhe para efectuar mais um disparo,
utilizando toda a técnica vista anteriormente;
• Assim, o resultado obtido com este disparo, será
bem melhor que os antecedentes, dando confiança
ao atirador e demonstrando aos restantes como
poderão melhorar o seu tiro.

5.3.3 Exercer demasiada força nos dedos ao disparar


• Para detectar este erro, é necessário que o atirador
dispare “em seco”. Para se corrigir, basta
relembrar-lhe que a arma deve ser empunhada com
a força necessária para se cumprimentar alguém;
• Se não resultar, obrigá-lo a empunhar a arma
apenas com o polegar e o indicador, mantendo os
restantes dedos afastados do punho, e disparar uma
ou duas vezes.

93
94
SEGURANÇA E CONDUTA PESSOAL
“Uma brincadeira com uma arma de fogo acabou da pior
maneira num bar em Grândola, com um soldado da GNR a
desfechar um tiro na sua própria cabeça, soube o Correio da
Manhã.
O acidente teve lugar por volta da uma hora da manhã de ontem
num bar da vila de Grândola e foi presenciado por um colega da
vítima e um grupo de mais de cinco pessoas.
Os dois soldados da GNR, ambos a prestar serviço no posto
territorial de Grândola, estavam a conversar sobre armas de fogo,
quando, um deles pediu ao colega a arma pessoal emprestada para,
segundo consta, mostrar um “truque novo”.
Fonte do Comando Geral da GNR disse que o guarda Luís
Fernando Branco Nunes, de 29 anos, alistado na corporação desde
1993 retirou as munições que estavam no tambor do revólver.
Todavia, tudo leva a crer que uma bala .32 ficou esquecida no
tambor e quando o militar levou o revólver à cabeça e premiu o
gatilho foi atingido mortalmente, perante a estupefacção de todos os
presentes. O militar da GNR ainda foi evacuado para uma unidade
hospitalar, mas chegou cadáver.
O mesmo responsável do Comando Geral da GNR, em Lisboa,
adiantou que o soldado falecido estava fora de serviço, assim como
o camarada. Recorde-se que este não foi o primeiro acidente com
armas de fogo manuseadas por agentes de autoridade em aparentes
brincadeiras que acabam por culminar em morte.”
In Correio da Manhã de 17DEC96

5. A SEGURANÇA NO USO DE ARMAS DE FOGO

Talvez este exemplo sirva de alerta quando não é atribuída a


devida importância a um princípio irredutível que deve estar sempre
presente em todos aqueles que fazem uso de armas de fogo, com
especial incidência nos militares de uma Força de Segurança. A
segurança é, efectivamente, uma das suas principais
95
responsabilidades. A inobservância das suas mais elementares regras
pode conduzir à situação que aqui se reproduz.
A segurança é um conceito que aparece intimamente ligado ao de
arma de fogo. Com efeito, se perguntarmos a alguém o que tem a
dizer sobre as armas de fogo, aquele que se sente incomodado com o
assunto dirá que todas as armas são perigosas. Esta opinião é
partilhada por aquele que a elas está habituado, pois caso o não
fossem seriam inúteis. Na realidade, as armas, por si só, são
ferramentas inofensivas e inertes, até que alguém lhes toque, razão
pela qual se costuma dizer que não existem armas perigosas, as
pessoas é que são perigosas. Uma pessoa qualquer que veja uma
arma carregada pode-a considerar perigosa, contudo a segurança é da
responsabilidade do utilizador e não tanto de quem o está a observar.
A segurança com as armas de fogo deve significar que apenas o
adversário, ou o alvo de papel que se encontra numa carreira de tiro,
se encontra em perigo de vir a ser alvejado, e nada nem ninguém
para além disso.
A segurança - a todos os níveis -, é um processo mental que deve
ser aprendido e praticado para que seja efectivo. Os acidentes que
ocorrem não podem ser prevenidos com leis ou sistemas de
segurança demasiado seguros que tornem as armas de fogo em
instrumentos de pouco valor táctico, ou mesmo inúteis. Os acidentes
com estas armas são causados pela inépcia e pelo descuido
negligente do seu manuseamento, por intermédio de pessoas que não
possuem o necessário estado de espírito que lhes permita ter esta
preocupação sempre presente.
As armas não disparam por elas próprias, alguém, ou algo, faz
com que elas disparem. As armas que são disparadas
inadvertidamente ou acidentalmente causam grandes embaraços,
quando não, tragédias. Quando tal acontece torna-se mais fácil para o
prevaricador culpar a arma que admitir o erro e aceitar a
responsabilidade do mesmo.
Disparos acidentais não são de forma alguma “acidentes”, eles são
causados pela negligência e devem antes ser sempre apelidados de
disparos negligentes. Esta constatação remete-nos para a conduta
pessoal do militar, para a sua atitude, assunto a abordar mais à frente.
96
A fim de minimizar a ocorrência deste tipo de disparos, o ensino
da moderna técnica de tiro tem reservado uma parte dedicada em
exclusivo à compreensão das regras de segurança. De entre todas as
que possamos considerar, talvez a mais importante, a regra de ouro
relativamente à segurança, é: nunca colocar o dedo no gatilho, a
não ser quando pretenda fazer tiro.
Não obstante a sua importância, e uma vez que as regras devem
ser vistas numa perspectiva de complementaridade, aqui ficam quatro
sugestões claras, concisas e fáceis de lembrar:
• Regra um: Todas a armas estão sempre carregadas. Temos
muito mais confiança com uma arma que sabemos estar
carregada, pois se tal não acontecer tornam-se inúteis. Por esta
razão devemos sempre partir do pressuposto de que a arma está
sempre carregada;
• Regra dois: Nunca aponte a arma a ninguém, se não for para
fazer tiro. Se alguém lhe apontar a arma tem de partir do
pressuposto de que está pronto para o atingir, pelo que tem todo o
motivo para reagir agressivamente contra ele(a). Quando tal
sucede, a desculpa habitual é que “a arma não está carregada”.
Deveria então ter em atenção a regra um. Uma excepção a esta
regra, ocorre quando, por razões evidentes, não se pretende
disparar sobre o adversário, mas torna-se necessário intimidá-lo
ou dar-lhe a ordem de largar a arma que tiver empunhada. Se por
acaso se confirmar que a pessoa está inocente ou não há razão
para continuar com aquele procedimento, então baixa-se a arma.
Contudo, quaisquer problemas poderão facilmente ser
prevenidos, através da observação da regra três;
• Regra três: Mantenha o dedo fora do gatilho até que as miras
estejam no alvo. Lembre-se que num cenário táctico, as miras
ainda não estarão no alvo, sendo esta a última possibilidade que
há de prevenir quaisquer tiros inadvertidos. Mesmo (e sobretudo)
em deslocamento o dedo que acciona o gatilho deve estar sempre
colocado ao longo do guarda-mato;

97
• Regra quatro: Certifique-se do seu alvo e do que está por trás
dele. Não dispare para um som ou um barulho, certifique-se
sempre que se trata do alvo para o qual quer atirar.
Conforme se pode facilmente concluir, nenhuma destas regras se
baseiam em dispositivos de segurança, mas antes num adequado
estado de espírito o qual deve ser sempre observado quando se
manuseiam armas.

1.2 Instruções de segurança


A preocupação com a segurança começa logo que se toma
contacto com uma arma. Mas antes de a manusear deve ler-se
atentamente o manual de instruções, com particular atenção às
medidas de segurança preconizadas, o que permite ao
utilizador conhecer tudo aquilo que o fabricante considera
essencial para uma correcta utilização da sua arma. A razão
para tal é, fundamentalmente, evitar que um manuseamento
impróprio ou descuidado da arma possa resultar no tiro
inesperado (não intencional) podendo, em consequência, causar
ferimentos, danos patrimoniais ou mesmo a morte do atirador
ou de outra qualquer pessoa. As mesmas consequências podem
também advir de modificações não autorizadas, corrosão, ou
utilização de munições danificadas ou não aconselhadas.
Apesar das armas serem testadas, inspeccionadas e
empacotadas antes de saírem da fábrica, o fabricante aconselha
sempre ao potencial utilizador de a inspeccionar
cuidadosamente, a fim de se assegurar de que não está
carregada ou avariada, reforçando assim a preocupação
relativamente à segurança.
Conforme se pode constatar, o próprio fabricante chama desde
logo a atenção do utilizador para que confirme se a arma está
ou não descarregada, uma vez que, sem a menor dúvida, uma
arma descarregada e em segurança é a arma mais segura.
Neste aspecto particular, mais que em qualquer outro, todo o
cuidado é pouco. O militar deve ter extremo cuidado ao
manusear a arma. Como é sabido, e de acordo com o artigo
98
transcrito, os acidentes ocorrem muito rapidamente e ferir ou
matar alguém pode ter consequências muito graves.
Para segurança do utilizador e de terceiros, é sempre
conveniente proceder de acordo com as seguintes instruções de
segurança:
• Nunca esquecer que uma arma de fogo é um instrumento de
defesa, pelo que só deve ser utilizado para repelir uma
agressão actual ou iminente, em legítima defesa ou de
terceiros, esgotados que tenham sido quaisquer outros meios
para o conseguir;
• O utilizador de qualquer arma de fogo deve estar
perfeitamente apto a manuseá-la, conhecer o seu
funcionamento, montagem e desmontagem e a efectuar as
operações de segurança;
• Todo o militar deve estar seguro de que conhece e sabe pôr
em prática os princípios da técnica de tiro;
• Quando pegar na arma manuseá-la sempre como se
estivesse carregada;
• Não confie na memória nem na palavra de alguém. Uma
arma deve sempre considerar-se como estando carregada e
pronta a fazer fogo, até ao momento em que o utilizador se
assegure pessoalmente do contrário, executando as
operações de segurança;
• Excepto em situações de serviço que assim o exijam24, uma
arma de fogo deve ser sempre transportada em segurança e
sem munição introduzida na câmara;
• Introduza apenas a munição na câmara quando estiver
pronto para atirar a um alvo conhecido e seguro;
• Sempre que empunhar uma arma, qualquer que seja o
propósito, aponte-a numa direcção segura, desarme o cão e
verifique se está descarregada;

24
Estas situações são as decorrentes do enquadramento legal (em particular o DL
n.º 457/99 de 05 de Novembro). A ordem de introdução de munição na câmara será
dada pelo Cmdt da força que estiver empenhada ou, na sua impossibilidade, deverá
ser o próprio militar, mediante a análise que fizer da situação envolvente, a decidir.
99
• Nunca apontar a arma a alguém ou algo - excepto em
situações imperiosas de serviço -, se não pretende fazer
fogo, mesmo sabendo que está descarregada;
• Nunca aceite, devolva ou pouse uma arma sem que esteja
descarregada, com o cão desarmado e com o tambor aberto
(no caso dos revólveres);
• Verifique com frequência o estado de conservação e limpeza
da sua arma, pois só assim poderá prevenir futuras avarias,
que teriam consequências graves em situação de crise.
Tenha especial atenção ao bom funcionamento e
desobstrução do carregador, corrediça/culatra, câmara e
cano;
• Ao terminar o serviço, se possível, guarde a arma na
arrecadação de material de guerra;
• Não leve a arma para a caserna, nem a deixe guardada no
armário;
• Não se iniba de chamar à atenção ou repreender um seu
camarada ou subordinado, sempre que verificar que estão a
ser desrespeitadas as normas elementares de segurança;
• Ao guardar a sua arma em casa, descarregue-a e efectue as
operações de segurança, coloque-a num local onde seja
inacessível a qualquer outra pessoa, em especial a crianças,
de preferência num compartimento fechado à chave. A arma
e as munições devem ser guardadas em locais separados;
• Não abandone nunca a sua arma, pois pode ser usada contra
si;
• Nunca deixe a arma em local onde possa ser facilmente
furtada, como por exemplo no porta-luvas do carro;
• Quando trajar à civil, transporte a sua arma num local
dissimulado. Deve de preferência usar uma “sovaqueira”;
• Nunca trepe ou salte um obstáculo, com munição
introduzida na câmara da arma;
• De igual modo, nunca a aponte para si agarrando na boca do
cano;

100
• Quando transportar a arma na mão, nunca deixe que
qualquer parte da mão ou outro objecto toquem no gatilho;
• Nunca deixar a pistola pronta a fazer fogo, se essa não for a
sua intenção;
• Utilize sempre munições de qualidade e do calibre
apropriado para a sua arma;
• Nunca ingira bebidas alcoólicas ou drogas antes ou durante
a realização do tiro;
• Utilize sempre óculos de protecção e protectores de ouvidos
durante o tiro;
• Tenha sempre a patilha de segurança em segurança e o cão
abatido, apenas alterando esta posição quando estiver pronto
para fazer tiro. Mantenha a arma apontada numa direcção
segura - linha de alvos ou espaldão - quando colocar a
patilha de segurança em fogo;
• Contar os disparos para saber as munições que ficam no
carregador, para que se possa, numa acção rápida, trocar de
carregador enquanto existe munição na câmara;
• Mantenha-se fora da zona normal de ejecção dos invólucros,
afastando da mesma eventuais camaradas que estejam perto
de si;
• Nunca premir o gatilho ou colocar o dedo no guarda-mato,
se não tiver em condições de apontar a um alvo e fazer fogo;
• Tenha sempre absoluta certeza quanto ao seu alvo e à zona
por detrás dele, antes de premir o gatilho. Um projéctil pode
percorrer uma distância de várias dezenas/centenas de
metros, para além do alvo - se o espaldão não o retiver -;
• Nunca dispare contra uma superfície dura, como rocha ou
aço, ou uma superfície líquida, como água;
• Nunca dispare perto de um animal, a não ser que esteja
treinado para aceitar o som produzido;
• Nunca incorra em “brincadeiras” quando tiver a sua arma
empunhada;
• Em caso de falha de disparo, mantenha sempre a arma
apontada ao alvo, ou para uma área segura, e espere 10 seg.
101
Se por acaso ocorreu uma falha na ignição da munição,
retardando a mesma, o disparo pode ocorrer passados 10
seg. Se, após transcorrido este tempo a situação se mantiver,
accione novamente o gatilho. Se mesmo assim não ocorrer o
disparo, e o motivo não seja visível (como poderia acontecer
se não tivesse havido extracção completa, e o invólucro
estivesse a impedir a introdução da munição seguinte) deve-
se proceder de acordo com a seguinte sequência:
♦ Colocar a patilha/comutador de segurança em segurança,
♦ Retirar o carregador,
♦ Puxar a culatra/corrediça à retaguarda,
♦ Retirar a munição e examiná-la, a fim de determinar se
houve ou não percussão. Se não houve, a causa pode
ficar a dever-se ao percutor estar partido, pelo que é
aconselhável fazer com que a arma seja observada pelo
mecânico de armamento. Se houve, a causa é a munição.
• Assegure-se sempre que a sua arma não está carregada antes
de a limpar ou guardar;
• Não efectue modificações na arma, pois o mecanismo de
segurança e o seu próprio funcionamento podem ser
afectados;
• Tenha sempre particular atenção a sinais de corrosão,
utilização de munições danificadas, deixar cair a arma no
chão, ou outro qualquer tipo de tratamento inapropriado,
pois tal pode causar estragos imperceptíveis. Se tal
acontecer entregá-la ao mecânico de armamento da Unidade
para que seja vista;
• Nunca abusar da utilização da arma, para fins distintos da
realização de tiro (real/“em seco”);
• Não deixe que lhe aconteça a si, ou junto de si, acidentes em
que posteriormente diga ou oiça dizer “pensava que a arma
estava descarregada!...”;
• NÃO LEIA apenas estas regras básicas!, PRATIQUE-AS e
obrigue quem estiver junto a si a fazê-lo.

102
Pense sempre que o primeiro e mais importante aspecto da
segurança de qualquer arma é o atirador. Todos os dispositivos
de segurança são mecânicos e o atirador é o único que põe a
arma em fogo/segurança. Não confie naqueles dispositivos,
pense de forma prevista e evite situações que possam provocar
acidentes.
Pelo facto das armas se distinguirem pelo seu manuseamento, o
atirador nunca deve disparar com a arma antes de com ela se
ter familiarizado. É necessário estudar o seu funcionamento e
praticar o seu manejo, sem a carregar - exercícios “em seco” -,
para se familiarizar com ela.

1.3 Operações de segurança


Tal como o próprio nome indica, as operações de segurança
consistem num conjunto de procedimentos sistematizados cujo
objectivo é garantir ao atirador que a sua arma se encontra em
segurança.
Independentemente de noutros casos serem necessárias, as
operações de segurança executam-se obrigatoriamente nas
seguintes situações:
• Sempre que se manuseia uma arma;
• Sempre que se levanta ou entrega a arma na arrecadação, no
acto da sua recepção ou guarda;
• Antes e depois da limpeza;
• Antes de executar qualquer operação de desmontagem;
• Imediatamente após a execução de tiro;
• Após o regresso de qualquer serviço em que se utilize a
arma;
• Ao entregar a arma a um camarada por motivo de serviço.
A fim de verificar se uma arma está descarregada, as operações
deverão ser executadas respeitando a seguinte sequência:
• Colocar a patilha de segurança/comutador de tiro na posição
de segurança;
• Retirar o carregador;
103
• Puxar a corrediça/manobrador à retaguarda para verificar se
existe munição na câmara, verificação essa que deverá ser
visual e física25 (pela introdução do dedo na câmara);
• Levar a corrediça/manobrador à frente;
• Colocar a patilha de segurança/comutador de tiro em
posição de tiro;
• Efectuar um (e só um) disparo de segurança em direcção
segura;
• Voltar a colocar a patilha de segurança/comutador de tiro na
posição de segurança;
• Introduzir o carregador, verificando se este está
desmuniciado.

1.4 Segurança na Carreira de Tiro


As regras de segurança enunciadas devem ser tidas em
consideração quando nos encontramos numa Carreira de Tiro
(CT), local destinado à prática de tiro. De entre elas,
sublinham-se as que se seguem, com alguns procedimentos
específicos.
1.º Na CT, todos os procedimentos são ordenados por
quem dirige o tiro;
2.º É expressamente proibido manejar as armas sem ter
sido para tal autorizado;
3.º Na CT é obrigatório o uso de protectores de ouvidos
(auriculares) já que:
• O som, que é uma perturbação periódica e agradável,
por vibração do ar, converte-se em barulho ou ruído,
quando a sua tonalidade, timbre e intensidade
aumentam até alcançar níveis que o tornam
desagradável;
25
Esta verificação física auxilia o atirador a reconhecer a sensação que lhe é
transmitida pelo toque do dedo numa câmara com/sem munição. Isto é
particularmente importante quando se conduzem operações em condições de fraca
visibilidade.
104
• A quantidade mínima de décibeis (dB) de um disparo é,
então, um ruído, pois atinge, normalmente, valores
acima de 115 dB, valor esse que se enquadra na
chamada “zona muito perigosa de audição”, como se
pode observar no quadro seguinte:

Grau de perigo Exemplo e


para a audição humana décibeis registados
Zona muito perigosa • Reactor de avião (120/140 dB)
• Disparo (110/120 dB)
Zona perigosa • Banda Rock (100/110 dB)
• Walkman (90/100 dB)
Zona desagradável • Trânsito de uma cidade (70/90 dB)
Zona agradável • Conversação normal (45 dB)

• Se ao ruído provocado pelo disparo (que acaba por


destruir as células responsáveis pela transformação das
vibrações sonoras em impulsos nervosos), juntarmos a
destruição que essas células sofrem à medida que a
idade aumenta, conclui-se que estão reunidas as
condições para o aparecimento da surdez;
• Todo o atirador deve, aquando da execução das tabelas
de tiro, usar dispositivos para limitar esse ruído,
provocado pelos disparos, tais como protectores de
ouvidos ou tampões-esponja. Quando tais dispositivos
não existirem, poderão ser utilizadas duas munições
calibre 9 mm, obtendo-se um efeito similar.

105
4.º Quando não estão a ser manuseadas, as armas devem
estar com:
• A corrediça/culatra à retaguarda (ou, no caso dos
revólveres, com o tambor aberto);
• A patilha/comutador de tiro em segurança e visível;
• Cano direccionado ao alvo – quando não estiverem nos
coldres -;
• Janela de ejecção virada para cima (Espingarda
Automática G-3 e pistolas metralhadoras);

É ainda admissível que as pistolas sejam transportadas nos


coldres, mas sempre com a corrediça à retaguarda, sem
munição na câmara e sem carregador. As pistolas apenas
não estão assim acondicionadas aquando da execução de
tiro.
Cabe a quem dirige o tiro determinar qual a modalidade a
adoptar.
5.º Mesmo depois da explicação do exercício, em caso de
dificuldade de compreensão, é importante realizar uma
sessão de ensaio de tiro “em seco”;
6.º Quando for ordenado o sacar da arma (na modalidade
de tiro policial) esta deve ficar dirigida para a frente e
para o solo, com uma inclinação de 45o;
7.º Enquanto o atirador não estiver a executar o tiro, deve
manter o dedo indicador ao longo do guarda-mato,
evitando assim disparos involuntários;

106
8.º No caso de se efectuar tiro com movimento, um meio
expedito para reforçar as condições de segurança, a fim
de evitar um disparo fortuito, é colocar o dedo polegar
da mão fraca (mão que auxilia aquela que empunha a
arma) entre o cão e o percutor.

9.º Para realizar qualquer operação, nunca apontar a arma


em outra direcção que não seja a do alvo;

107
10.º Durante a execução do tiro com pistola, evitar o
“hábito” de, após o disparo, observar o alvo, apontando
a arma para o próprio pé do atirador;

11.º Ter particular atenção à colocação do dedo polegar


esquerdo sobre o outro polegar e nunca sobre o pulso
direito (pois a corrediça ou o cão, ao virem à retaguarda
podem ferir a mão esquerda do atirador);

108
12.º Durante a execução do tiro com espingarda ou com
pistolas metralhadoras, os atiradores esquerdinos devem
ter particular atenção à colocação do dedo polegar
direito (nunca sobre a janela de ejecção);

13.º A execução de tiro não deve ser conduzida em


ambiente repressivo, de maneira a permitir que os
atiradores estejam concentrados na execução das
técnicas e na observação dos cuidados de segurança. Ao
contrário do que por vezes se pensa, um ambiente de
tensão e nervosismo26 conduz facilmente à perda de
segurança, além de se reflectir negativamente nos
resultados do tiro.
14.º Quando houver qualquer interrupção na execução do
tiro, tomar sempre os seguintes procedimentos,
adaptando-os às várias armas:

26
Não obstante, este ambiente de tensão e nervosismo é adequado para o treino de
situações que possam vir a ocorrer, contribuindo para criar um maior realismo. Por
esta razão, esse treino apenas deve ser conduzido numa fase posterior à técnica de
tiro e ao tiro em CT. Após a apreensão destes pressupostos, pode-se então partir
para a criação daquelas situações.
109
• Aguardar 10 seg. e efectuar novo disparo, pois a
primeira percussão do fulminante pode não ter sido bem
efectuada;
• Colocar a patilha/comutador de tiro em segurança;
• Retirar o carregador;
• Puxar a corrediça/culatra à retaguarda;
• Tentar identificar e solucionar a avaria. Caso não seja
possível, levantar o braço livre, chamando a atenção de
quem estiver a dirigir o tiro, aguardando que este se lhe
dirija;
• Em todo este processo a arma e o atirador estão sempre
direccionados para a linha de alvos.
15.º Fora da linha de tiro a arma está sempre no coldre ou
devidamente acondicionada;
16.º Se tem que manusear a arma fora da linha de tiro deve:
• Pedir autorização a quem estiver a dirigir o tiro;
• Transportar a arma desmuniciada e descarregada;
• Afastar-se dos camaradas e dirigir-se para zona segura;
17.º Após haver terminado o manuseamento deve pedir
autorização para se reintegrar, transportando a arma da
mesma forma quando saiu da linha de tiro;
18.º Quando estiver terminada cada série/sessão de tiro,
tomar sempre os seguintes procedimentos, adaptando-
os às várias armas:
• Colocar a patilha/comutador de tiro em segurança;
• Retirar o carregador;
• Puxar a corrediça/manobrador à retaguarda, fixando-
a/o;
• Colocar a arma em cima do pano de tenda, ou colocá-la
no coldre, conforme foi visto no n.º 4;
• Recuar cerca de 2 metros e municiar o carregador
vazio;

110
• Aguardar a voz de ir “aos alvos”. Após esta, deslocar-se
até à frente do alvo e verificar o resultado obtido - na
CT de 100 metros o atirador não se desloca aos alvos,
pois o resultado é-lhe dado através do
apontador/pastilheiro e confirmado via rádio -;
• Aguardar a voz de regressar “às linhas” - após esta,
deslocar-se até à linha -;
19.º Quando estiver terminada a tabela de tiro, quem dirige
o tiro deve dar indicações a todos os atiradores para:
• Efectuarem as operações de segurança;
• Acondicionarem novamente as armas nos locais onde
foram transportadas;
• Certificarem-se de que nada fica esquecido e que a CT
continua limpa.

6. A ATITUDE DO MILITAR

A natureza específica da missão da GNR faz com que a atitude do


militar, no que diz respeito às armas de fogo e sua posse, seja
desenvolvida no sentido de ir de encontro a algumas considerações
que irão aqui ser tecidas. A prática e adopção de uma atitude correcta
constituirá um forte contributo para minimizar as possibilidades de
ocorrência de acidentes.
Para além das limitações legais já referidas, sempre que se trate do
emprego de armas de fogo ou outros meios mortíferos, o militar deve
ainda observar o seguinte:
• Ser conhecedor das condições em que pode “abrir fogo”,
procurando, quando tal for absolutamente necessário, e sempre
que possível, ferir e não matar;
• Antes de “abrir fogo”, e sempre que possível, avisar o Adversário
(ADV) no mínimo três vezes, de que se vai recorrer a esse meio.
Para tal, é preciso ter a percepção que o próprio acto de introduzir
munição na câmara pode ter um efeito psicológico sobre o
presumível infractor;

111
• Procurar avaliar o local onde se vai “abrir fogo”, incluindo o
disparo de aviso para o ar, visto que nos centro urbanos, há
possibilidade de atingir inocentes, dentro ou fora do local da
actuação;
• Não abandonar nunca a arma, a qual deve estar sempre em
contacto físico com o atirador nem mudá-la de mão para efectuar
qualquer operação. Por regra, a mão que empunha a arma
nunca a deve largar, servindo a outra para a execução das
operações que forem necessárias;
• Se for necessário disparar contra uma viatura em fuga, tomar uma
posição o mais baixa possível - de joelhos ou deitado - e apontar
para os pneus da mesma, nunca directamente para o habitáculo
dos passageiros;
• É totalmente interdito o fogo de “rajada”;
• Ao ser alvejado de local incerto, é interdita a abertura imediata de
fogo, pois o procedimento correcto será procurar abrigo e tentar
localizar a ameaça para posterior neutralização;
• Deve praticar o disparo e o municiamento com a mão fraca porque
pode ter essa necessidade em virtude de, por exemplo, ter sido
ferido na mão forte (mão que empunha a arma);
• Neste sentido, deve também praticar a montagem, desmontagem e
municiamento da pistola com uma só mão;
• Em situações de alteração da Ordem Pública, as armas devem ter
o carregador municiado e introduzido, a câmara sem nenhuma
munição e a patilha de segurança/comutador de tiro em segurança.
A ordem de introdução de munição na câmara só deve ser dada
pelo comandante das forças empenhadas e apenas quando houver
fortes probabilidades de emprego das armas de fogo, já que em
ambientes de grande tensão, qualquer provocação poderá conduzir
a um disparo involuntário, levando o resto das forças a julgarem
que teria sido dada ordem para abertura de fogo. Quando o
comandante tiver necessidade de dar esta ordem, poderá indicar
um número reduzido de atiradores.
No caso da patrulha se deparar com uma situação que motive o
recurso a arma de fogo, e não sendo possível ao militar mais
antigo dar a ordem de introdução de munição na câmara, terá de
112
ser o próprio militar a proceder em conformidade com o
desenrolar da situação;
• Depois de abrir fogo, devem ser tomadas as seguintes medidas:
♦ Identificar os feridos e prestar os primeiros socorros;
♦ Solicitar assistência médica;
♦ Caso tenham ocorrido mortes, não permitir que os corpos
sejam removidos por parentes ou amigos;
♦ Recolha de identidades de testemunhas neutras, que possam
ter presenciado a situação;
♦ Preservar os meios de prova (localizando e referenciando
vestígios dos disparos);
♦ Deter os suspeitos;
♦ Comunicar a ocorrência (de forma verbal e escrita).
É preciso, igualmente, não esquecer que a Comunicação Social
pode aproveitar uma qualquer situação para denegrir a imagem das
forças policiais, conforme se exemplifica através da legenda e
fotografias a seguir indicadas:
“A sequência exemplar: um agente da GNR, emboscado atrás de
um muro, tira a pistola e carrega-a. Agora, ninguém sabe quem
atirou a matar” in Revista Visão n.º 66 de 27JUN94.

113
2.1 Adequação do estado de espírito/prontidão à situação
As potenciais situações de conflito que actualmente ocorrem a
todo o momento na nossa sociedade, conduzem à necessidade
dos agentes das Forças de Segurança, para salvaguarda da sua
integridade física e da de terceiros, adoptarem uma atitude de
prontidão, a qual se torna mais perceptível e real quando o
agente se apercebe que a munição que entretanto introduziu na
câmara pode ser aquela que lhe poderá salvar a vida.
Enquanto agente de uma Força de Segurança, o militar da
Guarda pode, com efeito, ver-se envolvido numa situação
conflituosa que pode ocorrer a qualquer momento em qualquer
lugar, razão pela qual é preciso que esteja preparado para tal. É
este estado de permanente prontidão que pode muitas das vezes
superar a intromissão de um factor surpresa que claramente
possa jogar contra o militar.
É preciso estar sempre preparado para lidar com situações
difíceis, as quais podem mesmo envolver a utilização de uma
arma de fogo. Também é evidente que é impensável estar num
estado de permanente alerta. A análise constante do evoluir da
situação deverá dizer ao militar se aquela é ou pode vir a ser
uma situação de potencial perigo, obrigando-o a reagir em
conformidade. O essencial é que não se deixe surpreender por
qualquer evolução inesperada.
O militar deve assim procurar desenvolver um estado de
espírito em que o surgimento de uma possível ameaça não
constitua uma surpresa para si. Ao invés de perguntar o que se
está a passar, ou a tentar perceber isso, o militar deve ter a
consciência de que o que eventualmente possa estar a acontecer
é algo que por si já era esperado. Em vez de enfrentar a
situação com perplexidade, deve-a enfrentar com coragem e
tenacidade.
A maior parte dos seres humanos têm alguma relutância em
produzir violência contra os seus semelhantes. Efectivamente,
mesmo ao ler estas linhas, o leitor não estará emocional e
psicologicamente preparado para exercer violência contra
alguém. Mesmo se fosse atacado repentinamente, demorariam
114
alguns (preciosos) segundos até que se apercebesse aquilo que
estava de facto a acontecer.
A reacção que muitas pessoas revelam à súbita violência é de
descrença. A realidade é algo que, momentaneamente, lhes
escapa. Tal é facilmente perceptível, porque a violência não é
algo com que tenham de lidar diariamente, sendo esta falta de
“estímulo” que acaba por conduzir a alguma acomodação.
Com alguma frequência, quando os agentes das forças policiais
se envolvem em situações potencialmente perigosas, parecem
inclinados a “negociar” uma saída pacífica duma situação que
nada tem de pacífico. Para assegurar a execução das reacções
mais adequadas, o militar precisa de desenvolver um estado
crescente de alerta e prontidão. Isto auxilia-o na adopção das
reacções mais apropriadas a qualquer tipo de situação, assim
como a controlar eventuais tendências de “sobrereacções”. A
melhor maneira para desenvolver isto é através da definição de
um código de cores que representam diferentes estados de
alerta e prontidão, relacionados com diferentes estados de
espírito.
• Condição branca - O primeiro estado mental corresponde a
um estado de vigilância normal, de alguma despreocupação
relativamente ao ambiente circundante, correspondendo à
situação que experienciamos quando estamos a dormir ou
envolvidos numa qualquer tarefa, como por exemplo, ler um
livro. Este estado é caracterizado pela cor branca, sendo de
evitar sempre que estamos no desempenho do serviço e, em
especial, quando estamos armados.
• Condição amarela - Se a condição branca corresponde, de
certa forma, a um relaxamento praticamente total, a uma
desatenção, esta condição amarela corresponde a algum
relaxamento, mas de forma atenta. Quando nos encontramos
neste estado, apercebemo-nos daquilo que se vai
desenrolando à nossa volta. Digamos que, 99% das vezes o
ambiente circundante pode não ser hostil, mas encontramo-

115
nos prontos para a eventualidade da situação se inverter.
Estamos atentos e em alerta.
• Condição laranja - Nesta condição apercebemo-nos da
possibilidade de um problema específico relativamente ao
qual começamos a desenvolver um plano táctico. Agora
apercebemo-nos de que não só pode haver a possibilidade
de usar uma arma como o alvo específico contra o qual a
usar. Mentalmente, é fácil transitar da condição amarela
para a laranja, mas não tanto da branca para a laranja.
• Condição vermelha - A transição da condição anterior para
esta depende das acções do possível infractor. Atingimos a
condição vermelha quando nos apercebemos de que é muito
provável desenrolar-se uma situação com alguma violência,
pelo que o nosso sistema está em alerta total e pronto para
uma resposta imediata. Muito provavelmente a pistola
poderá já estar empunhada e pronta para efectuar o primeiro
disparo num curto espaço de tempo, aguardando apenas o
momento ideal para iniciar a acção, o qual corresponde a
uma acção suficientemente agressiva que, à luz da
legislação vigente, justifique a nossa resposta. Esta será
assim uma resposta condicionada, instantânea.
Quando a luta começar não nos podemos prender a
pormenores irrelevantes que nos possam condicionar a
nossa acção. É preciso focar toda a atenção no desenrolar da
situação. Não devemos pensar sequer na possibilidade de
falhar um tiro. Se por acaso falharmos tal não deve ser
motivo de preocupação, outras oportunidades surgirão, tal
como também não devemos pensar de que poderemos ser
atingidos, contudo devemos sempre minorar o risco de tal
vir a acontecer. A chave é concentrarmo-nos no momento
que está a decorrer e nas tarefas a desenvolver, o que
significa que estamos a focar a nossa concentração e atenção
naquilo que estamos a fazer.
Mentalmente falando, existe uma linha muito ténue entre
aquilo que experienciamos e aquilo que imaginamos, sendo
116
este o segredo. Temos tendência a reagir antes, durante e
depois de uma situação conflituosa da forma como
programámos a nossa acção. Treinámos e programámos as
reacções adequadas a ter em determinadas situações, as quais
devem ser o mais variadas possível, sendo dessa forma que
esperamos vir a reagir.
Podemos também programar a forma como pensamos, através
de treinos mentais baseados nas probabilidades com que nos
podemos defrontar. Estes problemas tácticos serão resolvidos
mentalmente, imaginando-nos a ter o controlo completo do
nosso corpo, a não vacilar perante a situação e a disparar como
deve ser, não nos preocupando tanto com o resultado.
Visualisamos o adversário como alguém que está condenado
pelos seus próprios actos, não sentindo quaisquer remorsos,
quando não será a nossa própria integridade física, e a de
eventuais terceiros, que poderá estar seriamente afectada.
É preciso aprender a controlar a nossa mente da mesma forma
que é preciso aprender a disparar correctamente.
Todos estes processos que têm a ver com a concentração nas
tarefas, a visualização mental e o controlo corporal são
aspectos bastante desenvolvidos ao nível da prática de quase
todas as modalidades desportivas. Se tiver curiosidade existe
vasta bibliografia especializada sobre a matéria que lhe dará
uma visão mais pormenorizada sobre o assunto.
Após a refega, existirá provavelmente a sensação de alívio
seguida por uma sensação de cumprimento da missão e de
exaltação por estarmos vivos. Este sentimento poderá durar
alguns dias, havendo também a tendência para contar o
sucedido a todos os camaradas e amigos. É preciso resistir a
esta manifestação entusiástica, tornando-se antes necessário
manter alguma descrição.
Existirão aqueles que, eventualmente, nos criticarão, nos
acharão rudes, independentemente da nossa acção ter sido legal
e necessária, tornando-se mesmo inconvenientes. Para quem
procede assim, a melhor resposta a dar é ignorar a sua
presença.
117
É igualmente necessário estarmos preparados para eventuais
referências pouco abonatórias por parte da comunicação social,
pelo que, se agimos em consciência e dentro da legalidade,
cumprimos a nossa missão.
Antes de irmos à luta é preciso estarmos alerta, estarmos
prontos e decididos. Durante a luta, concentremo-nos na
solução dos problemas que nos forem surgindo, o que implica
termos sempre a preocupação de disparar bem. Depois da luta,
devemos estar conscientes de ter cumprido o nosso dever, mas
mantendo sempre a tal descrição.

TÉCNICA DE TIRO DE ESPINGARDA

7. TIRO DE ESPINGARDA

1.3 Introdução
A Técnica de Tiro de Espingarda apresenta muitas afinidades
com a Técnica de Tiro de Pistola. Conforme iremos ver, os
elementos que as constituem são idênticos. A grande
diferença reside nas miras27 e nas características da própria
arma. De tamanho superior, a espingarda é uma arma útil para
o cumprimento de determinado tipo de missões que podem
obrigar à utilização de um maior poder de fogo, como forma
dissuasora. Por esta razão, tal como se referiu para a pistola, o
militar deve identificar todos os procedimentos que lhe
permitam tirar o máximo rendimento deste tipo de arma, caso
dela tenha de fazer uso. Não basta apenas transportar a arma
consigo, é preciso saber o que fazer e os cuidados a ter
quando se utiliza uma arma que tem um alcance máximo
superior aos 1000 metros. A inobservância dos princípios que
irão aqui ser enunciados poderá conduzir a erros grosseiros

27
Na pistola temos miras abertas, isto é, os seus contornos não são circulares,
enquanto na espingarda, ao invés, temos miras fechadas.
118
que, no limite, poderão causar danos em alguém, ou algo,
situado muito longe do local da contenda.
Comecemos então por tecer algumas considerações
relativamente aos aspectos mais relevantes que o utilizador
deve ter em mente para conseguir utilizar a arma de forma
eficaz.
A eficácia do tiro depende:
• Do conhecimento, manutenção e preparação da arma para
o tiro, tornando-se absolutamente necessário que o
atirador:
♦ Conheça perfeitamente a arma que utiliza;
♦ Mantenha a arma em boas condições de limpeza e de
funcionamento;
♦ Prepare cuidadosamente a arma para o tiro;
♦ Mantenha o aparelho de pontaria rectificado, limpo,
seco, sem brilho e sem folgas;
♦ Prepare e inspeccione cuidadosamente as munições que
vai utilizar.
• Do correcto manuseamento da arma e aplicação da técnica
de tiro, exigindo-se que o atirador:
♦ Saiba manusear a arma com segurança;
♦ Proceda com rapidez e facilidade às mudanças de
carregador;
♦ Conheça o aparelho de pontaria e seja capaz de
escolher, com facilidade, a alça apropriada para bater o
alvo;
♦ Faça um criterioso aproveitamento na escolha da
posição de tiro;
♦ Execute uma pontaria correcta e a mantenha até ao
momento do disparo.

8. REQUISITOS FUNDAMENTAIS DO TIRO

119
Para que o atirador possa obter eficácia no tiro, terá de fazer uso
dos requisitos, ou elementos, fundamentais de tiro, que são:
• Tomar a posição;
• Suspender a respiração;
• Fazer a pontaria;
• Executar o disparo;
• Fazer “seguimento”.

2.1 Tomar a posição


Um dos mais importantes requisitos para o tiro é a posição, a
qual é evidentemente completada com o correcto
empunhamento da arma.
Sem uma posição correcta, é quase impossível ao atirador
conseguir um tiro eficaz e ajustado e muito menos manter a
pontaria após o primeiro disparo, quando tenha que executar
uma série de tiros ou uma rajada.
Existem três posições características para o tiro de
espingarda: a posição de deitado, de joelhos, e de pé.
Estas posições são definidas em função dos seus elementos
essenciais; no entanto, elas devem sempre conferir ao atirador
a possibilidade da execução do tiro com o mínimo de esforço
e o máximo de comodidade, pelo que devem ser sempre feitos
ajustamentos de pormenor de acordo com a compleição física
de cada atirador, de forma a obter uma maior eficácia do tiro.
Assim, se a melhor posição para um atirador é aquela que,
sem desobedecer aos elementos essenciais, lhe permita
executar o tiro com a arma estabilizada, naturalmente
suportada sem esforço e com comodidade, conclui-se, então,
que a melhor posição para esse atirador não é
necessariamente igual à de outro. De qualquer modo, seja
qual for a posição tomada, a arma deve ser sempre suportada,
de forma a que nem os ossos nem os músculos sejam forçados
a tomar posições tensas, mas sim, constituírem um firme e
natural suporte para a arma, sem o que não se conseguirá dar
estabilidade a esta durante o tiro.
120
Para evitar a rigidez da posição, os ossos devem constituir a
estrutura de base que garanta a firmeza da posição, nunca os
músculos deverão ser usados para levar a arma à posição
correcta quando se faz pontaria. Isto conduziria, por um lado,
a um esforço suplementar dos músculos e, por outro, forçaria
os ossos a uma posição anti-natural, que não poderia ser
mantida por longo tempo e que, após o primeiro disparo, seria
alterada (dada a tendência que os ossos têm de voltar à
posição inicial).
Daqui resulta que a posição deve garantir que, com a arma
devidamente empunhada, esta se dirija naturalmente para o
alvo e esteja praticamente apontada ao mesmo.

2.1.1 Tomar a posição deitada para o atirador direito28


A posição de atirador deitado é a mais adoptada. É
fácil de tomar, estável, confortável e aquela que mais
diminui a silhueta do atirador. É a posição que
oferece, em condições normais, maiores garantias de
precisão do tiro, dada a grande estabilidade que
permite. No entanto, não se deve pensar que é uma
posição ideal em todas as situações (aspecto que será
desenvolvido à frente). Assim, o atirador deve ter em
consideração o seguinte:

2.1.1.1 Enquadramento com o alvo


O atirador coloca-se exactamente em frente ao
alvo e toma uma posição deitada, ficando com
o corpo a fazer um ângulo com cerca de 30º29
com o eixo da arma, de forma a que a energia
28
Se o atirador for esquerdo, pratica-se o inverso daquilo que irá ser definido.
Admitem-se, contudo, algumas variações, as quais decorrem da constituição
anatómico-fisiológica de cada militar. Não obstante, devem ser observados e
respeitados os princípios subjacentes a cada um dos itens a serem abordados para o
“tomar de posição”.
29
Esta medida angular é meramente indicativa. O importante é que o militar defina
a sua posição, a que lhe parecer mais cómoda.
121
do recuo seja suportada por todo o corpo e não
somente pelo ombro.

30º

2.1.1.2 Posição dos pés


• Os pés estão naturalmente estendidos e com
as pontas voltadas para fora;
• O pé direito com a face interna voltada para
baixo, na direcção do solo;
• O pé esquerdo com a biqueira voltada para
baixo, conferindo apoio ao atirador.

2.1.1.3 Posição das pernas e tronco


• As pernas confortavelmente afastadas;
• Poderá flectir a perna direita pelo joelho,
relaxando assim o corpo e conferindo maior
apoio;
• O tronco deve estar direito.

2.1.1.4 Posição do braço e mão esquerda


• O braço deve ser flectido pelo cotovelo e
este, deve situar-se, tanto quanto possível,
por baixo da arma;
• A mão esquerda deve segurar a arma pelo
guarda-mão com firmeza, mas sem fazer
esforço, encaixando a arma sobre o “V”
formado pelo polegar e pelo indicador e
sobre a palma da mão, mantendo o pulso
122
direito e os dedos relaxados (o pulso deve
ficar a cerca de, aproximadamente, 20 cm
do solo);
• Para os atiradores que não consigam segurar
a arma na zona do guarda-mão, esta poderá
ser agarrada na junção do alojamento do
carregador com o guarda-mão, situando o
cotovelo esquerdo, por baixo da arma, tanto
quanto possível. A incapacidade de colocar
o cotovelo esquerdo por baixo da arma é
normalmente provocada por um músculo do
ombro contraído ou preso. A descontracção
do ombro esquerdo permitirá a tomada da
posição correcta.

2.1.1.5 Posição do braço e mão direita


• O braço direito deve fazer um ângulo de
cerca de 45° com o solo e o cotovelo direito
deve ficar avançado em relação à linha dos
ombros, de forma a criar no ombro o
encaixe para o coice da coronha;
• A mão direita deve envolver naturalmente o
punho, deixando o dedo indicador (dedo
que dispara) livre para ser apoiado no
guarda-mato (enquanto não está a executar
o tiro) ou correctamente colocado no gatilho
(para disparar).

2.1.1.6 Posição dos ombros, pescoço e cabeça


• Os ombros devem estar praticamente ao
mesmo nível;
• O pescoço deve estar relaxado, de forma a
não afectar a circulação;
• A face deve permanecer firmemente
apoiada contra a coronha (exactamente
123
abaixo da maçã do rosto, mas sem encostar
o delgado a esta última. Caso contrário, o
atirador, corre o risco de se magoar).

124
2.1.1.7 Situações em que se deve utilizar esta
posição
Idealmente, a posição de atirador deitado
deverá ser adoptada nas seguintes situações:
• Quando haja necessidade de grande
precisão na execução do tiro;
• Para bater um alvo móvel;
• Quando o tempo disponível para a tomada
de posição o permita (já que esta posição
exige mais tempo de preparação do que a de
joelhos ou de pé);
• Quando o alvo a atingir esteja à mesma
altura do terreno onde se encontra o
atirador;
• Quando se pretenda imobilizar uma viatura
em andamento, atingindo as rodas, visto
oferecer maiores garantias de que o tiro não
atingirá os ocupantes;
• Para bater alvos colocados a grandes
distâncias.
2.1.2 Tomar a posição de Joelhos para o atirador direito
É uma posição equilibrada e também bastante estável.

2.1.2.1 Enquadramento com o alvo


O atirador afasta os pés e coloca-se
exactamente em frente ao alvo, como se o
observasse “olhos nos olhos”.

2.1.2.2 Posição dos pés, pernas e tronco


• Rodar ambos os pés para a direita, de forma
a que se fosse traçada uma linha imaginária
passando pelo meio dos seus pés, esta

125
última fizesse um ângulo de cerca de 40º30
com a linha do alvo;

• Seguidamente, colocar a ponta do pé e o


joelho direito no solo, de maneira a ficar
correctamente sentado sobre o calcanhar
desta perna;
• Inclinar, ligeiramente, o tronco para a
frente, de forma a deslocar o peso do corpo
para cima da perna esquerda. Assim, cerca
de 60% do peso será suportado por esta
perna, enquanto que o pé e a perna direita
servem de suporte ao recuo da arma,
estabilizando a posição durante o tiro;
• A perna esquerda tomará uma posição tal,
que ficará vertical, quando vista de frente, e
inclinada, quando vista de lado, ficando o
pé mais recuado que o joelho.

2.1.2.3 Posição do braço e mão esquerda


• O braço esquerdo fica flectido, apoiando a
parte inferior (antes do cotovelo) no joelho
do mesmo lado, (ficando assim o cotovelo

30

126
ligeiramente avançado em relação ao
joelho);
• O joelho e o cotovelo esquerdo deverão
situar-se tanto quanto possível por baixo da
arma;
• A mão esquerda deve segurar a arma na
junção do alojamento do carregador com o
guarda-mão com firmeza, mas sem fazer
esforço, encaixando a arma sobre o “V”
formado pelo polegar e pelo indicador e
sobre a palma da mão.

2.1.2.4 Posição do braço e mão direita


• O cotovelo direito é descaído, de forma a
criar no ombro encaixe para o coice da
coronha, devendo ser mantido um contacto
firme da arma contra o ombro;
• A mão direita deve envolver naturalmente o
punho, deixando o dedo indicador (dedo
que dispara) livre para ser apoiado no
guarda-mato (enquanto não está a executar
o tiro) ou correctamente colocado no gatilho
(para disparar).

2.1.2.5 Posição dos ombros, pescoço e cabeça


• O ombro esquerdo deve estar ligeiramente
avançado, enquanto que o direito deve estar
mais recuado, isto em relação ao alvo;
• O pescoço deve estar relaxado, de forma a
não afectar a circulação;
• A face deve permanecer firmemente
apoiada contra a coronha (exactamente
abaixo da maçã do rosto, mas sem encostar
o delgado a esta última).

127
2.1.2.6 Situações em que se deve utilizar esta
posição
• Quando não há tempo para assumir a
posição de deitado;
• Sempre que o terreno, pelas suas
características, não permita a posição de
deitado;
• Quando o alvo não for visível da posição de
deitado.

128
2.1.3 Tomar a posição de pé para o atirador direito
É a posição menos estável e que exige maior esforço
muscular. Por estas razões, a aquisição de uma boa
posição de pé exige bastantes cuidados e treino,
podendo ocupar bastante tempo.

2.1.3.1 Enquadramento com o alvo


O atirador afasta os pés (sensivelmente a uma
distância igual à largura dos ombros) e coloca-
se exactamente em frente ao alvo como se o
observasse “olhos nos olhos”.

2.1.3.2 Posição dos pés, pernas e tronco


• Rodar ambos os pés para a direita, de forma
a que se fosse traçada uma linha imaginária
passando pelo meio dos seus pés, esta
última fizesse um ângulo de cerca de 40º
com a linha do alvo;
• O tronco deve ser flectido, ligeiramente,
para a esquerda.

2.1.3.3 Posição do braço e mão esquerda


• O braço esquerdo fica flectido, devendo
situar-se, tanto quanto possível, por baixo
da arma;
• A mão esquerda deve segurar a arma pelo
guarda-mão com firmeza mas sem fazer
esforço, encaixando a arma sobre o “V”
formado pelo polegar e pelo indicador e
sobre a palma da mão, mantendo o pulso
direito e os dedos relaxados;
• Para os atiradores que não consigam segurar
a arma na zona do guarda-mão, esta poderá
129
ser agarrada na junção do alojamento do
carregador com o guarda-mão, encostando e
apoiando o cotovelo e a parte interna do
antebraço esquerdo ao peito. A
incapacidade de executar a posição
anteriormente referida fica-se a dever a que
normalmente o atirador tem um músculo do
ombro contraído ou preso. A descontracção
do ombro esquerdo permitirá a tomada da
posição correcta;
• O atirador também pode optar por assentar
o fundo do carregador sobre a palma da mão
esquerda; mas deve ficar ciente que passa a
existir a possibilidade de a arma “ficar
encravada”. Este facto fica-se a dever à
oscilação do carregador no momento do
disparo, por existir folga entre este e o seu
alojamento na arma.

2.1.3.4 Posição do braço e mão direita


• O cotovelo direito é descaído, de forma a
criar no ombro encaixe para o coice da
coronha;
• A mão direita deve envolver naturalmente o
punho, deixando o dedo indicador (dedo
que dispara) livre para ser apoiado no
guarda-mato (enquanto não está a executar
o tiro) ou correctamente colocado no gatilho
(para disparar);
• A arma deve ser agarrada firmemente,
puxando-a para trás, de forma a ficar bem
encaixada contra o ombro.

130
2.1.3.5 Posição dos ombros, pescoço e cabeça
• O ombro esquerdo deve estar ligeiramente
avançado, enquanto que o direito deve estar
mais recuado, isto em relação ao alvo;
• O pescoço deve estar relaxado, de forma a
não afectar a circulação;
• A face deve permanecer firmemente
apoiada contra a coronha (exactamente
abaixo da maçã do rosto, mas sem encostar
o delgado a esta última).

131
2.1.3.6 Situações em que se deve utilizar esta
posição
• Quando se torna necessário executar o tiro
rapidamente;
• Quando se necessita tomar uma posição
elevada para bater o alvo;
• Para bater alvos em movimento;
• Dado a sua pouca estabilidade, só deve ser
assumida para bater alvos colocados a
distâncias inferiores a 100 metros.

2.2 Suspender a respiração


A respiração é um factor importante para a obtenção da
pontaria correcta, na medida em que, tal como a estabilidade
da posição, pode provocar oscilação da arma quando se
efectua a pontaria. Se um atirador respira enquanto tenta
apontar, a subida ou abaixamento do seu peito provocará a
oscilação da arma para cima e para baixo, tornando
impossível a manutenção do alinhamento do aparelho de
pontaria. O único processo de evitar estes movimentos é

132
suspender31 a respiração por alguns segundos, momentos
antes de ultimar a pontaria e efectuar o disparo.
A maneira correcta de respirar e suspender a respiração
enquanto se faz pontaria é a seguinte:
• Fazer uma inspiração normal e expirar parte do ar
inspirado;
• Manter algum ar nos pulmões, evitando manter o
diafragma sobre tensão;
• Não fazer uma suspensão demasiado prolongada, de forma
a não ultrapassar 10 a 12 segundos;
• Se não se conseguir fazer o disparo, retomar a respiração
normal com dois ou três ciclos de respiração completa para
relaxar e repetir então novamente o processo.

2.3 Fazer a pontaria


Na pontaria, o atirador deve preocupar-se fundamentalmente
com:

2.3.1 O alinhamento correcto do aparelho de pontaria


O alinhamento correcto do aparelho de pontaria
(ranhura de mira ou furo dióptrico, ponto de mira e
túnel de protecção do ponto de mira), define a linha de
mira; isto é, a correcta relação entre os três
componentes vistos anteriormente;
De notar, que se for traçada uma linha horizontal
(imaginária), passando pela extremidade superior dos
ramos da ranhura de mira em “V” ou pelo centro do
diópter, ela deverá ser tangente ao topo do ponto de
mira (e cortando em dois, o túnel de protecção do
ponto de mira). Por outro lado, se fizermos passar uma
31
Observam-se aqui os mesmos reparos feitos na Técnica de Tiro de Pistola. A
“suspensão” da respiração não significa que o atirador deve deixar de respirar, mas
antes que deve ter a noção de que o ar não entra nem sai. Para optimizar esta
procedimento deve aproveitar a pausa que se verifica entre cada ciclo
inspiração/expiração.
133
outra linha vertical pelo vértice da ranhura de mira em
“V” ou pelo centro do diópter, ela deverá cortar o
ponto de mira exactamente ao meio (cortando,
também, em dois, o túnel de protecção do ponto de
mira);
Para se obter um alinhamento correcto do aparelho de
pontaria, este deve estar alinhado como se ilustra na
figura:

Ranhura
Alinhamento

2
Furo

134
2.3.2 A mirada,
A mirada, ou seja o alinhamento do aparelho de
pontaria em relação ao alvo, inclui o alinhamento do
aparelho de pontaria e a sua colocação sobre o centro
(para pequenas distâncias ou centro do alvo de
grandes dimensões) ou base do alvo (para grandes
distâncias ou centro do alvo de pequenas dimensões);
Se uma linha vertical cortar ao meio o ponto de mira,
o centro do alvo deverá aparecer também cortado em
duas metades. Se uma linha horizontal passar pelo
topo do ponto de mira, ela deverá ser tangente ao
bordo inferior do centro do alvo ou, no caso deste ser
de grandes dimensões, cortá-la horizontalmente em
duas metades;
Para se obter uma mirada correcta, o aparelho de
pontaria deverá estar perfeitamente alinhado e
centrado com o alvo, como se ilustra na figura:

Mirada ao Mirada à

2.3.3 Importância do alinhamento do aparelho de pontaria e


da mirada
A execução correcta das duas acções é fundamental
para a obtenção de um tiro eficaz; no entanto, revela-
se mais importante o alinhamento do aparelho de
135
pontaria do que a mirada, dado que os erros cometidos
no primeiro são muito mais significativos do que os
que se cometem no segundo. Como se sabe, quando o
aparelho de pontaria não está devidamente centrado,
comete-se um desvio angular em relação ao eixo do
cano; erro esse que se traduz, às várias distâncias, num
desvio tanto maior, quanto mais distante estiver o
alvo. Todavia, se o alinhamento do aparelho de
pontaria for correcto, um erro na mirada representa
um desvio paralelo, que se mantém constante a todas
as distâncias e que, se for pequeno, tem relativamente
pouca importância.

Desvio Desvio Pontaria

136
Como conclusão, um pequeno erro no alinhamento do
aparelho de pontaria produzirá um maior desvio do
impacto no alvo do que um pequeno erro na mirada,
pelo que, a imobilidade da arma durante o disparo é da
maior importância.
Dada a importância da obtenção do perfeito
alinhamento do aparelho de pontaria e da sua
manutenção até ao momento do disparo, o atirador
deve concentrar-se no mesmo antes e depois de
efectuada a mirada; isto é, procurará inicialmente
alinhar o ponto de mira e a ranhura de mira ou o furo
dióptrico e o túnel do ponto de mira, colocando em
seguida o centro do alvo sobre o ponto de mira e
finalmente, enquanto prime, lentamente, o gatilho,
ajusta de novo o alinhamento do aparelho de pontaria.
Com a prática, estas três acções constituem um
contínuo e automático processo, sendo efectuadas
quase simultaneamente. Todavia, apesar da rapidez
com que possam ser efectuadas, elas são sempre
distintas, uma vez que a vista humana não consegue
focar ao mesmo tempo objectos situados em planos
diferentes, mas somente um de cada vez. Assim,
quando o atirador olha através da ranhura de mira ou
furo dióptrico, ele não verá com a mesma nitidez o
ponto de mira com o seu túnel e o centro do alvo ao
mesmo tempo. Assim, ele concentra-se primeiro no
aparelho de pontaria, para estabelecer o alinhamento
correcto; depois, concentra-se sobre o centro do alvo,
para obter a mirada correcta e, finalmente, enquanto
prime o gatilho, deverá focar, novamente, o aparelho
de pontaria, de forma a assegurar o alinhamento
correcto. Nesta altura, ele deverá ver com nitidez o
ponto de mira, enquanto que o centro do alvo não lhe
aparece nítido, mas sim enublado, conforme se vê na
ilustração:
137
Mal Bem

Com o objectivo de se manterem os contornos do


ponto de mira nítidos, normalmente não se deve
apontar directamente para o centro do alvo, mas sim à
sua base, evitando assim, que o aparelho de pontaria,
ao projectar-se sobre a cor escura do centro do alvo
(não no caso do alvo da figura), perca a nitidez e
origine o seu desalinhamento.

2.3.4 Utilização do olho director


O olho director é o olho que aponta a direito.
Preferencialmente, o atirador deve apontar com o olho
director. No entanto, se o olho director não
corresponder à “mão” que atira, o atirador deve optar
por atirar com a mão que lhe dá jeito, desprezando o
olho director, não se devendo contrariar a tendência
natural para a tomada de posição;
Há atiradores que têm dificuldade em fechar um olho
para fazer a pontaria. Esses atiradores poderão
solucionar facilmente o problema, colocando um
pedaço de cartão improvisado (por exemplo uma
embalagem exterior de munições) ou o próprio
bivaque à frente do olho que pretendem tapar,
podendo assim apontar com os dois olhos abertos, que
é o processo mais correcto para se fazer pontaria, pois
não provoca o cansaço inerente ao piscar o olho.
138
2.4 Executar o disparo
Um pormenor importante do tiro com espingarda é o modo
como se prime o gatilho, de forma que tal acção não
modifique ou altere a pontaria feita até ao momento em que o
projéctil abandona a boca do cano. Os maus impactos
resultam normalmente da alteração da pontaria no momento
em que se prime o gatilho e que antecedem a percussão da
munição. Esta modificação do alinhamento do aparelho de
pontaria pode ficar a dever-se, por um lado, à forma como se
prime o gatilho e, por outro, a uma hesitação ou precipitação
em relação ao momento em que se espera o recuo da arma.
Dos dois factores apontados, o mais prejudicial é sem dúvida
o segundo, pois provoca uma reacção do atirador, que o leva a
alterar a posição, efectuando assim um movimento com o
corpo, antes de o projéctil abandonar a boca do cano. Em
suma, o atirador receia o disparo.
Para evitar este inconveniente, o atirador deve concentrar
mais a sua atenção na pontaria e menos no gatilho, devendo
este ser premido tão suavemente que não permita ao atirador
aperceber-se do momento em que o cão é solto. Esta pressão
deve, com a habituação, fazer-se automaticamente, sem
desviar a concentração do atirador na pontaria.
Quando o atirador prime o gatilho instantaneamente logo que
tenha ultimado a pontaria, só por mero acaso conseguirá um
impacto satisfatório. O atirador deve manter a pontaria,
exercendo sobre o gatilho uma pressão que vai aumentando
constante e gradualmente, até se verificar o disparo.
A maneira correcta de premir o gatilho deve constituir uma
acção livre do dedo indicador para a retaguarda, segundo o
eixo do cano, com uma pressão que aumente uniformemente
depois de retirada a folga, de tal forma que o atirador não se
aperceba do momento em que vai surgir o disparo. Se a
pressão sobre o gatilho não se exercer segundo o eixo do
cano, essa força, aplicada obliquamente, desviará o cano para

139
um ou outro lado, provocando assim o desalinhamento do
aparelho de pontaria.
Como o gatilho das espingardas é, normalmente, muito
“pesado”, o atirador poderá optar por colocar o dedo neste, de
forma a que o seu accionamento seja efectuado pela junção da
falanginha com a falangeta (curva a seguir à cabeça do dedo).

Assim, mesmo que o disparo aconteça antes do atirador


esperar, será, em princípio, um bom tiro, porque a pontaria
era correcta e o atirador foi surpreendido pelo disparo.

2.5 Fazer “seguimento”


O “seguimento” do tiro consiste em manter a pontaria durante
alguns segundos após o disparo ocorrer. Tem como objectivo
evitar que a arma se mova antes que os projécteis tenham
abandonado a boca do cano, já que o atirador, na ânsia de
verificar o resultado do disparo que acabou de efectuar, cria o
hábito de baixar ligeiramente o cano, a fim de observar o
alvo; e tantas vezes o faz, que acaba por antecipar o tiro uma
fracção de segundo antes do projéctil abandonar a boca do
cano, só para poder ver o alvo.

140
2.6 Sequência ideal para o tiro
Em resumo, e para se obter um tiro eficaz, o atirador deve
executar a seguinte sequência:
1. Tomar a posição correcta;
2. Fazer a pontaria;
3. Retirar a folga do gatilho;
4. Suspender a respiração;
5. Rectificar a pontaria;
6. Pressionar o gatilho;
7. Fazer o “seguimento.

9. EXERCÍCIOS DE PONTARIA E “TIRO EM SECO”


Já foram vistas as vantagens dos exercícios do “tiro em seco”,
aquando da explicação da técnica de tiro com pistola, que devem ser
executados pela ordem a seguir indicada.

3.1 Treino das posição em relação ao alvo


O objectivo do exercício n.º 1 é: assumir a posição correcta
em relação ao alvo. Para tal deve-se ter em atenção o
seguinte:
• O atirador coloca-se numa das posições de tiro e verifica
se está bem posicionado em relação ao alvo;
• Repetir este exercício várias vezes, para cada uma das três
posições anteriormente vistas.
NOTA: Neste exercício, não se deve disparar.

3.2 Treino de alinhamento do aparelho de pontaria


O objectivo do exercício n.º 2 é: assumir uma posição e
alinhar o aparelho de pontaria. Para tal deve-se ter em atenção
o seguinte:
• Começar pela execução do exercício n.º 1;

141
• Depois do atirador assumir a posição correcta, vai alinhar
o aparelho de pontaria, concentrando-se durante períodos
de cerca de 15 segundos (deve apontar a uma parede
branca). Durante a execução deste exercício, a
preocupação fundamental e exclusiva deverá ser o
alinhamento do aparelho de pontaria;
• Repetir este exercício para uma das três posições
anteriormente vistas.
NOTA: Neste exercício, não se deve disparar.

3.3 Treino de mirada


O objectivo do exercício n.º 3 é: alinhar o aparelho de
pontaria com a base do centro do alvo. Para tal deve-se ter em
atenção o seguinte:
• Este treino é realizado, colocando um alvo SPIII/ EPG a
uma distância de cerca de 10 a 25 metros;
• Começar pela execução do exercício n.º 1;
• Depois do atirador assumir a posição correcta, vai alinhar
o aparelho de pontaria com a base do centro do alvo;
NOTA: Neste exercício, não se deve disparar.

3.4 Treino de “folga do gatilho”


O objectivo do exercício n.º 4 é: retirar a folga do gatilho.
Para tal deve-se ter em atenção o seguinte:
• Começar pela execução do exercício n.º 1;
• Sem ter a preocupação de alinhamento do aparelho de
pontaria ou da mirada, pressionar o gatilho até lhe retirar a
folga (depois de ter armado a culatra);
NOTA: Neste exercício, nunca se deve disparar.

142
3.5 Treino de disparo
O objectivo do exercício n.º 5 é: depois de retirar a folga do
gatilho, pressioná-lo suavemente, sem produzir “gatilhadas”
(percepção do movimento e peso do gatilho). Para tal deve-se
ter em atenção o seguinte:
• Começar pela execução do exercício n.° 1, adoptando uma
posição à escolha do atirador;
• Depois de assumida a posição de tiro, fechar os olhos e
concentrar-se única e exclusivamente no accionamento do
gatilho (atenção à colocação correcta do dedo no gatilho);
• O atirador, de início, deve retirar a folga do gatilho e
procurar aperceber-se do peso do mesmo, até ser
produzido o disparo;
• Accionar o gatilho várias vezes, tentando produzir um
disparo o mais suave possível. No entanto, deve procurar
produzir o disparo em tempo útil, ou seja, antes de
começar a sentir fadiga por ausência de respiração; como
regra, não deve ultrapassar-se os 10 segundos até à
produção do disparo.

3.6 Treino do “seguimento”


O objectivo do exercício n.º 6 é: efectuar o “seguimento” do
disparo. Para tal deve-se ter em atenção o seguinte:
• Tomar a posição de tiro;
• Executar o disparo, observando a técnica correcta de todo
o processo de tiro;
• Manter o aparelho de pontaria e a mirada alinhada durante
alguns segundos após o disparo, procurando manter a
estabilidade dos mesmos, só desfazendo a pontaria depois.

3.7 Treino integrado

143
O objectivo do exercício n.º 7 é: efectuar disparos correctos,
observando todos os elementos fundamentais para a execução
do tiro. Para tal deve-se ter em atenção o seguinte:
• Tomar a posição de tiro;
• Levar a arma à zona de pontaria;
• Alinhar correctamente o aparelho de pontaria;
• Fazer correctamente a mirada;
• Pressionar o gatilho, retirando a sua folga;
• Suspender a respiração;
• Executar o disparo;
• Efectuar o “seguimento”.

10. TIRO COM ESPINGARDAS CAÇADEIRAS

4.1 Generalidades
O poder derrubante da caçadeira é comparável com a sua
reputação e aparência intimidativa.
A caçadeira é uma arma versátil e rápida capaz de efectuar
um tiro preciso a pequenas distâncias, tendo boa penetração e
derrube. Em caso de haver problemas com a super-penetração
é aconselhável utilizar munições com chumbos diferentes,
permitindo assim que os mesmos reduzam a sua velocidade e
potencial letais se não atingirem o alvo.
Este tipo de armas oferece as seguintes vantagens:
• Reduz a possibilidade de que um presumível infractor
tenha para a tirar ao militar;
• O seu alcance limitado torna-a aconselhável para
operações em que tal seja um cuidado acrescido a ter em
conta (exemplo; busca e montar segurança a essa
operação).
Contudo, oferece as seguintes desvantagens:
• Reduzida capacidade de carregamento;
144
• Reduzida precisão;
• Fracas características de empunhamento;
• Grande dispersão de tiro (à medida que aumenta a
distância);
• O recuo é mais pronunciado;
• É mais perigoso para o atirador.

4.2 Técnica de tiro


A caçadeira é encostada ao ombro, da mesma forma que a
espingarda, contudo é mais concebida para ser apontada que
para alinhar miras.
Deve-se ensinar o atirador a flectir ligeiramente o joelho da
perna avançada e inclinar-se para a frente, a fim de
compensar o recuo, em especial quando se dispara mais que
um tiro. O recuo da caçadeira é mais parecido com um puxão
do que propriamente com um “pontapé”, e facilmente levará a
que o atirador se desequilibre se não fizer esta compensação.
Relativamente à segurança, porque este tipo de armas tem um
carregador tubular, é frequentemente difícil dizer se o tubo
tem ou não munição.

145

Manobrador à Manobrador
4.3 Treino com caçadeira
Tal como com as outra armas, os militares devem estar
totalmente familiarizados com a caçadeira. Os tópicos a rever
são:
• Segurança e manuseamento.
• Carregar e descarregar.
• Fazer a manutenção.
• Resolução de possíveis avarias.
• Execução do tiro.
NOTA: A desmontagem e montagem da arma só deve ser
feita por pessoal especializado.
O treino com este tipo de armas deve envolver a
criação de situações que levem o militar a fazer tiro
para uma determinada área, utilizando alvos ou
pontos de referência (tais como uma caixa em
cartão). Conforme se referiu, não é tanto a precisão
que interessa, mas sim a habituação em

146
carregar/descarregar32 (normal e alternativo) e fazer
tiro com rapidez.

PISTOLA HK VP 70 M/978 Calibre 9 mm

2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ARMA

2.1 Ficha histórica e destino


Na década de 1950, a produção de armas voltou a ser uma
actividade permitida na Alemanha. A empresa HECKLER &
KOCH GMBH, fixou-se nas antigas instalações da Mauser
em OBERNDORF-AM-NECKER, na Alemanha Ocidental,
tendo no início de 1970, começado a produzir a HK Modelo P
7, rapidamente substituída pela VP 70. Esta arma, apesar de
algumas inovações, como possuir parte do punho em plástico,
não obteve o sucesso esperado, devido ao sistema de disparo
de dupla acção (muito difundido actualmente), ao mau
posicionamento da patilha de segurança e à falta de estética
da própria arma. Na GNR, a pistola HK VP 70 Calibre 9 mm,
Modelo 1978 é uma arma ligeira, individual e de tiro tenso,
podendo ser destinada à defesa própria do militar da Guarda
(apesar de ter um gatilho demasiado pesado), ou para “abater
alvos seleccionados”, através de uma coronha que se pode
adaptar, conferindo elevada precisão, até à distância de 50
metros.

2.2 Características de Funcionamento

32

147
2.2.1 Tipo de Funcionamento
É uma arma semi-automática, de cano fixo, que funciona pela
acção indirecta dos gases (os gases resultantes da explosão da
carga da munição exercem a sua acção na culatra, por intermédio
da base do invólucro).
2.2.2 Corrediça
A arma não dispõe de culatra propriamente dita, mas sim de um
bloco, designado de corrediça, que desempenha as mesmas
funções.
2.2.3 Armar
Arma no movimento de puxar a corrediça à retaguarda
e levá-la à frente.
2.2.4 Mecanismo de disparar
O mecanismo de disparar permite a execução de tiro
semi-automático (tiro a tiro), sendo o disparo feito em
acção dupla (ao ser puxado o gatilho, o percutor
acompanha o movimento deste, através da peça de
arraste e, quando esta faz o seu abaixamento, o
percutor solta-se, indo embater no fulminante da
munição) e ainda, permite o tiro automático (rajadas
de 3 tiros), quando se lhe adapta uma coronha.
2.2.5 Segurança
É conseguida através de
uma patilha de segurança,
situada à frente e por
cima do gatilho, que,
estando na sua posição
mais baixa, coloca a arma
em segurança (por imobilização do gatilho) e, estando
na sua posição mais elevada, coloca a arma pronta a
efectuar o tiro, sendo apenas necessário pressionar o
gatilho.

148
2.2.6 Indicador de posição do percutor
A alavanca esquerda do gatilho indica a posição do
percutor, já que se torna saliente à medida que se vai
accionando o gatilho.

2.3 Aparelho de pontaria


• Ranhura da alça de mira com forma rectangular;
• Ponto de mira “tipo rampas” (baseado no efeito de
contraste de luz e sombra, sendo as rampas a luz e o centro
destas, a sombra).

Alça de mira Ponto de mira

2.4 Alimentação
• Carregamento por carregador com capacidade para 18
munições;
• Transporte no carregador através do elevador e mola.

149
2.5 Munições
A pistola utiliza munições de calibre 9 X 19 mm Parabellum
M/70, com projéctil derrubante e encamisado.
Chama-se a atenção de que, para além desta munição, existe
também a munição calibre 9 mm M/47, sendo esta mais
potente e distinguindo-se da primeira, por o projéctil ter uma
ogiva mais afilada, não devendo ser utilizada nesta pistola,
visto provocar o desgaste prematuro do material.
A munição 9 mm M/47 foi concebida para ser utilizada nas
pistolas metralhadoras e noutras pistolas.

3 DADOS NUMÉRICOS

3.1 Pesos
• Peso da arma com carregador municiado
..............................................................................................
1,161 Kg
• Peso da arma
..............................................................................................
845,3 g
• Peso do carregador
..............................................................................................
101,5 g
• Peso da coronha
..............................................................................................
574,1 g
• Peso da munição
..............................................................................................
11,9 g
150
• Peso do projéctil
..............................................................................................
7,5 g

3.2 Dimensões
• Da arma
..............................................................................................
20,4 cm
• Da coronha
..............................................................................................
34,2 cm
• Do cano
..............................................................................................
11,6 cm
• Altura
..............................................................................................
14,2 cm
• Largura
..............................................................................................
3,2 cm

3.3 Estriamento
• N.º de estrias
..............................................................................................
6
• Sentido das estrias
..............................................................................................
Dextrorsum

3.4 Calibre
• Calibre da arma
..............................................................................................
9 mm Parabellum

151
3.5 Capacidade
• Capacidade do carregador
..............................................................................................
18 munições

3.6 Dotações
• Carregadores
..............................................................................................
3
• Munições
..............................................................................................
54

4 DADOS BALÍSTICOS

4.1 Velocidade Inicial


• (V0)
..............................................................................................
360 m/s

4.2 Alcances
• Prático
..............................................................................................
50 m

5 ORGANIZAÇÃO MECÂNICA DA ARMA

5.1 Divisão da arma


A Pistola HK VP 70 divide-se em 3 grupos:
1. Corrediça;
2. Punho;
3. Carregador.
152
1

5.2 Descrição das partes principais

5.2.1 Corrediça
1 - Corrediça com ponto de mira; 2 - Extractor;
3 - Perno de pressão do extractor; 4 - Mola do
extractor;
5 - Alça de mira; 6 - Mola
recuperadora do percutor;
7 - Percutor; 8 - Haste-guia
da mola do percutor;
9 - Cilindro da haste-guia; 10 - Mola do
percutor;
11 - Eixo do percutor; 12 - Tampa do
percutor.

5.2.2 Punho
13 - Alavanca direita do gatilho;
14 - Alavanca esquerda do gatilho com indicador de posição
do percutor;
15 - Peça de arraste do percutor; 16 - Eixo da
peça de arraste;
17 - Cavilha da peça de arraste; 18 - Mola da
peça de arraste;
153
19 - Anilha de fixação; 20 - Alavanca-
guia da peça de arraste;
21 - Gatilho; 22 - Mola do
gatilho;
23 - Haste-guia da mola do gatilho; 24 - Suporte da
haste-guia do gatilho;
25 - Alavanca de segurança (contra disparo involuntário);
26 - Mola da alavanca de segurança; 27 - Garfo da alavanca
de segurança;
28 - Cilindro-guia do eixo do garfo; 29 - Eixo do garfo;
30 - Mola recuperadora; 31 - Armação
do punho com cano;
32 - Anilha com rosca; 33 - Haste-guia
da mola amortecedora;
34 - Anel de travamento; 35 - Peça de
pressão;
36/37 - Molas amortecedoras; 38 - Travão da
patilha de segurança;
39 - Cavilha de fixação; 40 - Mola do
armador;
41 - Armador; 42 - Patilha de
segurança;
43 - Tampa de fecho; 44 - Cilindro-
guia;
45 - Tampa de fecho; 46 - Cavilha de
fixação;
47 - Detentor do carregador;
48 - Cavilha de fixação do detentor do carregador;
49 - Mola do detentor do carregador.

5.2.3 Carregador
50 - Corpo do carregador; 51 - Elevador;
52 - Mola elevadora com fixador do fundo do carregador;
53 - Fundo do carregador.

154
155
5.3 Acessórios
Esta arma é constituída pelos seguintes acessórios:
1. Bolsa de Cabedal (coldre);
2. Fiador;
3. Coronha-coldre com francaletes de botões, molas (3 a) e
placa-bandoleira (3 b);
4. Livro de instruções.

2
3
b 1

3
a

156
6 DESMONTAR E MONTAR A ARMA

6.1 Generalidades
A desmontagem e montagem da arma são executadas sempre
que se torne necessário efectuar a sua limpeza ou qualquer
outra operação de manutenção e ainda durante a instrução
sobre a arma. Ao utente, estão vedadas quaisquer outras
operações de desmontagem para além das autorizadas, que se
resumem às seguintes: Separar a corrediça do punho,
desmontar o carregador e desmontar o percutor. Quaisquer
outras operações, somente devem ser executadas pelos
mecânicos de armas ligeiras ou pessoal técnico autorizado.
Antes de executar qualquer operação de desmontagem, deve
considerar-se sempre a possibilidade de a arma estar
carregada, pelo que obrigatoriamente devem executar-se as
operações de segurança com vista a descarregar a arma.

6.2 Operações de segurança


Para verificar se a arma está descarregada, executar-se-ão as
operações a seguir descritas, respeitando a sua sequência:
1.º A patilha de segurança deve ser mantida na posição de
fogo (posição superior), pois, caso contrário, corre-se o
risco da arma se desmontar ao puxar a corrediça à
retaguarda;
2.º Retirar o carregador, empurrando com o polegar esquerdo
o detentor do mesmo para a retaguarda, extraindo assim o
carregador do seu alojamento;

157
3.º Puxar a corrediça à retaguarda e segurá-la nessa posição;
4.º Observar se não há nenhuma munição na câmara;
5.º Levar de novo a corrediça à frente e efectuar um disparo,
em direcção segura;
6.º Colocar a patilha de segurança em segurança e introduzir
o carregador, verificando se está desmuniciado.

6.3 Desmontagem da arma autorizada ao utilizador


6.3.1 Separar a corrediça do punho
1.º Efectuar as operações de segurança. De notar, que
a arma só pode ser desmontada se tiver a patilha de
segurança na posição inferior;

2.º Retirar o carregador;


3.º Segurar a arma com a mão direita e, com a mão
esquerda, puxar a corrediça à retaguarda,
levantando-a e deixando-a deslizar para a frente;

158
4.º A corrediça está separada do punho;
5.º Retirar a mola recuperadora.
6.3.2 Desmontar o carregador
1.º Mantendo o carregador agarrado com a mão
esquerda, com o fundo deste voltado para cima e a
face posterior voltada para a retaguarda, premir
com um punção, vareta, escovilhão ou outro
objecto pontiagudo o perno de fixação do fundo;

2.º Ao mesmo tempo, actuar com o polegar da mão


esquerda no fundo do carregador, fazendo-o
avançar ligeiramente;
3.º Colocar agora o polegar sobre a abertura inferior
do corpo do carregador e, com a outra mão, retirar
o fundo do carregador, de forma a não deixar saltar
a mola elevadora e o fixador do fundo;

159
4.º Aliviar gradualmente a pressão do polegar
esquerdo, até retirar o fixador do fundo e a mola
elevadora;
5.º Extrair finalmente o elevador, inclinando a
abertura inferior do carregador para baixo.

6.3.3 Desmontar o percutor


1.º A mão esquerda segura na corrediça com a parte
inferior para baixo e o orifício da boca do cano
para a esquerda;
2.º A mão direita segura no fundo do carregador e
introduz o mesmo na ranhura existente na tampa
do percutor, conforme se mostra na figura,
rodando um quarto de volta para a esquerda,
ficando a tampa solta;

160
3.º Retirar o conjunto da haste-guia do percutor;

4.º Rodar a corrediça de forma a ficar com a parte


inferior virada para cima e, com o polegar
esquerdo, pressionar o percutor e a sua mola
recuperadora, até os retirar do seu alojamento da
corrediça.

6.4 Montagem da arma


A montagem é feita pela ordem inversa. Para tal:
6.4.1 Montar o percutor
1.º A mão esquerda segura na corrediça com a parte
inferior para cima e a mão direita introduz o
161
percutor com a sua mola recuperadora no
alojamento da corrediça, tendo o cuidado de
colocar o seu ressalto voltado para cima;

2.º Introduzir o conjunto da haste-guia do percutor,


com a ranhura da tampa na horizontal, conforme se
mostra na figura;

3.º Introduzir o elevador do carregador na ranhura da


tampa do percutor e rodá-lo um quarto de volta
para a direita.

6.4.2 Montar o carregador


1.º Mantendo o corpo do carregador empunhado na
mão esquerda, com a abertura inferior voltada para
cima e a face posterior voltada para a retaguarda,
introduzir o elevador. Este, deve deixar-se
escorregar no interior do corpo do carregador, com

162
o ramo maior voltado para a sua face posterior e a
extremidade voltada para cima;
2.º Introduzir a mola elevadora e o fixador do fundo
do carregador, de forma que a extremidade da
mola fique paralela aos rebordos da abertura
inferior do corpo do carregador;
3.º Colocando o polegar esquerdo sobre o fixador do
fundo do carregador, inserir este, completamente,
no interior do corpo do carregador e mantê-lo
nessa posição;
4.º Colocar o fundo, introduzindo as suas guias nos
rebordos do corpo do carregador e fazendo-o
deslizar para a retaguarda até que o perno do
fixador entre no seu orifício central;
5.º Pressionar finalmente o elevador para baixo,
verificando o funcionamento do carregador.

6.4.3 Montar a corrediça no punho


1.º Empunhar a arma com a mão direita e, com a outra
mão, introduzir a mola recuperadora no cano;
2.º Introduzir a parte anterior da corrediça no cano
com a mola recuperadora;

163
3.º Puxar a corrediça à retaguarda até ao fim do seu
curso, baixando-a para agarrar nas ranhuras da
armação e deixá-la voltar à frente;
4.º A corrediça está de novo na sua posição normal;
5.º Colocar a patilha de segurança na posição de fogo;
6.º Introduzir o carregador.
A arma está montada.

6.5 Colocar/retirar a coronha


6.5.1 Colocar a coronha
1.º Segurar na arma com a mão esquerda e com a
outra mão segurar na coronha;
2.º Fazer coincidir as ranhuras da coronha com os
respectivos entalhes na arma e pressionar para
cima até ao seu total encaixe.

6.5.2 Retirar a coronha


1.º A coronha só pode ser retirada se o comutador de
tiro estiver na posição 1;
2.º Segurar na arma e na coronha conforme foi visto
para a sua colocação e pressionar o fixador da
coronha, separando-as.

164
7 MANUSEAMENTO PARA EXECUÇÃO DE TIRO

7.1 Municiar
Municiar e desmuniciar os carregadores é feito manualmente.
Para tal o utilizador deve:
1.º Empunhar o carregador com a mão esquerda, tendo a base
voltada para baixo e a face posterior voltada para a chave
da mão;
2.º Agarrar na munição com a outra mão (ficando a base
desta na direcção do carregador);
3.º Fazer pressão com a munição sobre a parte de cima do
elevador, forçando-o a baixar e, simultaneamente,
fazendo-a deslizar por baixo das orelhas do carregador,
encostar a sua base à face posterior deste último;
4.º As munições seguintes são introduzidas da mesma forma,
fazendo pressão sobre a munição colocada anteriormente.
7.2 Carregar
1.º Estando a arma com a patilha de segurança em posição de
tiro (posição superior), empunhar a mesma com a mão
direita e introduzir o carregador já municiado;
2.º Com os dedos indicador e polegar da mão esquerda, puxar
com energia, a corrediça à retaguarda, fazendo-a atingir a
sua posição mais recuada, largando-a depois.

165
7.3 Tiro semi-automático em Acção dupla
1.º Apontar a arma e premir o gatilho, afrouxando, de
seguida, o dedo indicador para deixar o gatilho voltar
livremente à sua posição primitiva;
2.º Depois do carregador ficar vazio, após o último tiro, a
corrediça desta arma não fica retida à retaguarda. Se for
necessário continuar o tiro basta introduzir novo
carregador municiado, puxar de novo a corrediça à
retaguarda e levá-la novamente à frente, introduzindo
assim uma munição na câmara;
3.º A execução do tiro semi-automático pode ser feita apenas
com a pistola ou com a coronha, através do seu comutador
de tiro na posição 1.

7.4 Tiro automático em Acção dupla


A execução do tiro automático apenas pode ser feita através da coronha,
ficando a arma pronta a efectuar rajadas de 3 tiros pela simples mudança
do comutador de tiro da posição 1 para a posição 3, seguida da pressão
sobre o gatilho.

166
7.5 Descarregar
Quando o tiro é interrompido e possam existir munições no
carregador e/ou na câmara da arma, procede-se da seguinte
forma:
1.º Extrair o carregador;
2.º Puxar, com energia, a corrediça à retaguarda e verificar se
não ficou nenhuma munição na câmara, deixando a
corrediça ir novamente à frente.
7.6 Desmuniciar
Para desmuniciar o carregador, basta empurrar as munições
para a face anterior deste, fazendo pressão na base destas, até
saírem do carregador.

8 AVARIAS

8.1 Generalidades
Uma avaria ou interrupção de tiro pode ocorrer por
deficiência do funcionamento da arma ou por deficiência da
munição.
Não sendo possível distinguir de imediato se se trata de uma
ou outra avaria, os procedimentos imediatos devem ser
sempre tomados admitindo que se trata de uma deficiência da
munição.
Assim, sempre que ocorra uma interrupção de tiro, devem ser
executados os procedimentos que a seguir se descrevem, sem
omissões e pela ordem indicada, os quais constituem a Acção
Imediata do atirador:
1.º Puxar o cão à retaguarda e, apontando novamente ao alvo,
disparar de novo, pois pode acontecer que desta segunda
percussão resulte o tiro;
2.º Caso não ocorra o disparo, colocar a arma em segurança
mantendo a arma sempre direccionada para o alvo;
3.º Retirar o carregador;
167
4.º Puxar a corrediça à retaguarda, retirando assim a munição
que se encontrava introduzida na câmara, e fixá-la,
pressionando o detentor da corrediça;
5.º Identificar e resolver a avaria;
6.º Caso não o consiga fazer, levantar o braço livre para
chamar a atenção e esperar que o instrutor se lhe dirija.

8.2 Procedimentos a executar nas avarias mais frequentes


8.2.1 Falta de alimentação
• Verificar se o carregador está bem introduzido;
• Verificar se o carregador tem alguma amolgadela.
Em caso afirmativo, substituir o mesmo.

8.2.2 Falha na percussão


• Em caso de defeito da munição ou do fulminante,
substituir a munição;
• Após verificar que não foi introduzida munição,
puxar a corrediça à retaguarda e levá-la de novo à
frente, introduzindo-se assim a munição na câmara;
• Mantendo-se a falha da percussão, existe a
possibilidade do percutor estar partido.

8.2.3 Falha na extracção/ejecção


• Puxar a corrediça à retaguarda e remover, se
necessário manualmente, o invólucro que não foi
extraído ou ejectado. Levar de novo a corrediça à
frente, introduzindo a munição na câmara;
• Mantendo-se a falha da extracção/ejecção, existe a
possibilidade do extractor estar com defeito.

9 MANUTENÇÃO

168
9.1 Generalidades
Tratando-se de uma arma de defesa pessoal, a garantia do seu funcionamento

em qualquer circunstância é fundamental para o utilizador. A fim de se garantir

o seu funcionamento, este deverá observar todos os cuidados de manutenção da

arma, não só no que se refere à execução das operações a seu cargo, mas

também na solicitação daquelas que estejam a cargo de outros escalões de

manutenção.

9.2 Manutenção de 1º Escalão


Regra geral, os trabalhos de manutenção de 1º Escalão
consistem em:
• Desmontagem para limpeza ordinária;
• Passar várias vezes a vareta de limpeza com a mecha
impregnada em óleo no cano e na câmara. De seguida
enxugar com um pano seco;
• Limpar a corrediça, o punho e a garra do extractor;
• Lubrificar ligeiramente (com óleo) as peças móveis;
• Limpar o carregador33 e as munições e verificar se a
distribuição destas permite um manuseamento normal do
elevador, indispensável ao bom funcionamento da arma;
UTILIZAÇÃO DE ARMAS DE FOGO

A. CUIDADOS GERAIS
Neste capítulo pretende-se tecer algumas considerações genéricas sobre os

cuidados a ter por qualquer militar da Guarda com o uso e porte da sua arma de

33
Os carregadores das armas não devem estar permanentemente com munições, a
fim de não pasmarem as suas molas.
169
defesa, quer de serviço quer particular. Conselhos úteis, imprescindíveis que

não devem ser esquecidos, pois constituem a garantia de que o militar está

consciente da sua correcta utilização. Sendo assim:

1) O utilizador de qualquer arma de fogo, deve estar


perfeitamente apto a manuseá-la, conhecer o seu
funcionamento, montagem e desmontagem e a efectuar
as operações de segurança, pelo que ao requisitar ou
adquirir uma arma de fogo, deve sempre ler atentamente
o seu manual de instruções;
2) Todo o militar deve estar seguro de que conhece e sabe
pôr em prática os princípios da técnica de tiro;
3) Não confie na memória. Uma arma deve sempre
considerar-se como estando carregada e pronta a fazer
fogo, até ao momento em que o utilizador se assegure
pessoalmente do contrário, executando as operações de
segurança;
4) Excepto em situações de serviço que assim o exijam,
uma arma de fogo deve ser sempre transportada em
segurança e sem munição introduzida na câmara;
5) Sempre que empunhar uma arma, qualquer que seja o
propósito, aponte-a numa direcção segura, desarme o
cão e verifique se está descarregada;
6) Nunca apontar a arma a ninguém, mesmo sabendo que
esta está descarregada;
7) Nunca aceite ou devolva uma arma sem que esteja com o
cão desarmado ou com o tambor aberto, no caso dos
revólveres;
8) Verifique com frequência o estado de conservação e
limpeza da sua arma, pois só assim poderá prevenir
futuras avarias, que teriam consequências graves em
situação de crise;
170
9) Ao terminar o serviço, se possível, guarde a arma na
arrecadação do material de guerra;
10)Não leve a arma para a caserna, nem a deixe guardada
no armário;
11)Não se iniba de chamar à atenção ou repreender um seu
camarada ou subordinado, sempre que verificar que
estão a ser desrespeitadas as normas elementares de
segurança;
12) Ao guardar a sua arma em casa, descarregue-a e efectue
as operações de segurança, coloque-a num local onde
seja inacessível a qualquer outra pessoa, em especial a
crianças, de preferência num compartimento fechado à
chave. A arma e munições devem ser guardadas em
locais separados;
14)Nunca deixe a arma em local onde possa ser facilmente
furtada, como por exemplo no porta-luvas do carro;
15) Quando trajar à civil, transporte a sua arma num local
dissimulado;
16) Nunca trepe ou salte um obstáculo, com munição
introduzida na câmara da arma;
17) Nunca a arma aponte para si próprio;
18) Introduza apenas a munição na câmara quando estiver
pronto para atirar a um alvo conhecido e seguro;
19) Quando transportar a arma na mão, nunca deixe que
qualquer parte da mão ou outro objecto toquem no
gatilho;
20) Verifique sempre por si mesmo se as armas estão ou
não carregadas;
21) Não deixe que lhe aconteça a si, ou junto de si,
acidentes em que posteriormente diga ou oiça dizer
“pensava que a arma estava descarregada!...”;
22) NÃO LEIA estas regras básicas!, PRATIQUE-AS e
obrigue quem estiver junto a si a fazê-lo.

171
B. conduta pessoal

Sempre que se trate do emprego de armas de fogo ou outros meios


mortíferos, para além das limitações legais anteriormente referidas,
deve ainda observar-se o seguinte:
1. Todos os militares devem ser conhecedores das condições em
que podem “abrir fogo”, procurando, quando tal for
absolutamente necessário, e sempre que possível, ferir e não
matar;
2. Procurar avaliar o local onde se vai “abrir fogo”, incluindo o
disparo de aviso para o ar, visto que nos centro urbanos, há
possibilidade de atingir inocentes, dentro ou fora do local da
actuação;
3. Nunca se deve disparar para o chão em zonas pavimentadas,
porque existe sempre a possibilidade dos ricochetes atingirem
inocentes;
4. Se for necessário, disparar contra uma viatura em fuga, tomar
uma posição o mais baixa possível (de joelhos ou deitado) e
apontar para os pneus da mesma e nunca directamente para o
habitáculo dos passageiros;
5. É totalmente interdito o fogo de “rajada”;
6. Ao ser alvejado de local incerto, é interdita a abertura imediata
de fogo, pois o procedimento correcto será procurar abrigo e
tentar localizar a ameaça para posterior neutralização;
7. Em situações de alteração da Ordem Pública, as armas devem
ter o carregador municiado e introduzido, a câmara sem
nenhuma munição e a patilha de segurança/comutador de tiro
em segurança. A ordem de introdução de munição na câmara e
abrir fogo só deve ser dada pelo comandante das forças
empenhadas.
8. Nunca esquecer que a Comunicação Social aproveita
qualquer pretexto para denegrir a imagem das forças
policiais, conforme as fotografias e legenda abaixo indicadas:

172
GUARDA MORRE COM TIRO NA
CABEÇA
Uma brincadeira com uma arma de fogo acabou da pior
maneira num bar em Grândola, com um soldado da GNR a
desfechar um tiro na sua própria cabeça, soube o Correio da
Manhã.
O acidente teve lugar por volta da uma hora da manhã de
ontem num bar da vila de Grândola e foi presenciado por um
colega da vítima e um grupo de mais de cinco pessoas.
Os dois soldados da GNR, ambos a prestar serviço no
posto territorial de Grândola, estavam a conversar sobre armas
de fogo, quando, um deles pediu ao colega a arma pessoal
emprestada para, segundo consta, mostrar um “truque novo”.
Fonte do Comando Geral da GNR disse que o guarda Luís
Fernando Branco Nunes, de 29 anos, alistado na corporação
desde 1993 retirou as munições que estavam no tambor do
revólver.
Todavia, tudo leva a crer que uma bala P. 32 ficou
esquecida no tambor e quando o militar levou o revólver à
cabeça e premiu o gatilho foi atingido mortalmente, perante a

173
estupefacção de todos os presentes. O militar da GNR ainda foi
evacuado para uma unidade hospitalar, mas chegou cadáver.
O mesmo responsável do Comando Geral da GNR, em
Lisboa, adiantou que o soldado falecido estava fora de serviço,
assim como o camarada. Recorde-se que este não foi o
primeiro acidente com armas de fogo manuseadas por
agentes de autoridade em aparentes brincadeiras que
acabam por culminar em morte.
(Correio da Manhã de 17DEC96)

ARMAS ESPECIAIS
As armas que a seguir se apresentam foram adquiridas para a
força do Regimento de Infantaria deslocada em Timor. Pelo facto de
poderem ser desconhecidas para o leitor, aqui fica o registo
fotográfico de cada uma delas, juntamente com os respectivos
acessórios de algumas.

10 LANÇA-GRANADAS COUGAR 56 mm
Arma utilizada sobretudo na Manutenção de Ordem Pública, com
a finalidade de lançar granadas para o interior das manifestações,
provocando a consequente dispersão dos manifestantes. O Pelotão
de Operações Especiais pode também utilizá-la para lançar
granadas de gás ou de espanto no interior de um compartimento.

174
10.1 Tipos de granadas que utiliza

175
11 HK MSG 90
Arma de sniper que equipa o Pelotão de Operações Especiais
sendo utilizada em missões de assalto como arma para cobrir o
avanço das equipas de assalto. Pode servir também nas missões de
segurança pessoal para, de um ponto elevado, neutralizar uma
ameaça perigosa e para defesa de pontos sensíveis.

176
12 STEYR SSG-69
Arma de sniper que também equipa o Pelotão de Operações
Especiais tendo a mesma função que a arma anterior, sendo menos
potente. Contudo, como o sniper policial executa tiro entre os 100
e os 300 metros, esta arma cumpre na perfeição a sua função.

13 HK MP5 SD6
Arma em tudo igual à HK MP5 A4 com a particularidade de ter
silenciador o que permite, em missões encobertas, executar tiro
sem ser detectado, não perdendo a importância do factor surpresa.

177
14 HK MP5 K A1 COM MALA PARA SEGURANÇA
PESSOAL
Mala utilizada em missões de segurança pessoal, equipada no seu
interior com uma pistola-metralhadora HK MP5 KA1. Para a pôr
em funcionamento basta premir o gatilho que se encontra situado
na pega da referida mala.

GLOSSÁRIO DE TERMOS DO ARMAMENTO


Abertura da culatra - Este é um termo que constitui uma força de
expressão, na medida em que, na realidade, pretende significar a
178
abertura da câmara pelo movimento da culatra. Tal como o termo
“fechamento da culatra”, está tão generalizado que não constitui
óbice na comunicação verbal e escrita.
A operação a que se refere é uma operação secundária do ciclo de funcionamento
duma arma, que ocorre entre o destravamento da culatra e a extracção e que
consiste em a face da culatra deixar de cobrir a entrada da câmara, deixando pois
de ficar alinhada com o cano se for uma culatra de gaveta ou passando a ficar
afastada desta abertura se tratar duma culatra de movimento longitudinal.

Adarme – Antiquíssima forma de descrever o diâmetro da alma das


armas portáteis de cano liso. Este “sistema” ainda é o que hoje se
aplica à medição do “calibre” das caçadeiras, o adarme de uma
caçadeira é, simplesmente, o número de esferas de chumbo com o
diâmetro da alma dessa arma, que perfaz o peso de uma libra. Por
exemplo, uma “caçadeira de calibre 12” é uma caçadeira tal que 12
esferas de chumbo do diâmetro da alma dessa arma, pesam uma libra
“antiga” (0,4895 kg).
Os diâmetros das almas correspondentes aos valores dos adarmes
mais comuns, são os seguintes:
Adarme 4 23.75 mm
“ 8 21.21 mm
“ 10 19.69 mm
“ 12 18.52 mm
“ 16 16.81 mm
“ 20 15.62 mm
“ 28 13.97 mm
Com o desaparecimento dos projécteis esféricos e a adopção de
projécteis oblongos a que esta forma de medição não podia ser
aplicada, ela é (exceptuando o caso das espingardas de caça)
completamente abandonada, em favor da medida (o calibre) em
milímetros, centímetros ou polegadas.

Alça (“Rear Sight”) – Designação genérica dos componentes dos


aparelhos de pontaria destinados a permitir o azeramento dos
mesmos, operação que se designa habitualmente por “regular a alça
da arma”. Dos dois elementos componentes do aparelho, é aquele
que fica mais perto do olho do atirador.
179
Alça fechada – Uma alça em que a visualização do ponto de mira e
do alvo se faz através de um orifício circular existente num
componente dessa alça.
Nas espingardas de precisão destinadas ao tiro ao alvo, esse
componente dispõe por vezes de uma provisão para a aplicação de
uma íris, tal que a dimensão do orifício do referido componente – o
dióptero -, pode ser regulada/alterada, para uma melhor adaptação da
visão às condições de luz ambiente.
Esta classe de alças tem o inconveniente de tornar bastante mais
difícil a aquisição do alvo mas, por outro lado, as vantagens de tornar
mais natural a centragem do ponto de mira – o alinhamento alça -
ponto de mira – e, em condições especiais, de aumentar a
profundidade de campo da visão.
Pode-se usar juntamente com pontos de mira de poste mas o uso
mais comum – por mais eficaz – em tiro ao alvo é em conjunto com
pontos de mira de anel ou pontos de mira de plástico.

Alcance - A distância medida na horizontal entre a origem dessa


trajectória e o respectivo ponto de cada. O alcance é função
principalmente da velocidade inicial, do ângulo de projecção e do
coeficiente balístico do projéctil.

Alcance eficaz - A distância máxima a que os projecteis disparados


de um dado sistema de arma, retêm a precisão e a capacidade de
penetração, compatíveis com a finalidade do seu emprego contra os
alvos designados.

180
Alcance máximo - A distancia máxima a que um sistema de arma,
mesmo com grande dispersão, ou sem suficiente capacidade de
penetração, pode enviar os seus projecteis. O tiro para este distância
implica, para os sistemas de arma clássicos, o uso de ângulos de
elevação mais ou menos inferiores a 45º, tanto menores quanto mais
pequeno seja o coeficiente balístico dos projecteis disparados. È
porem curioso notar que o máximo de alcance do canhão Berta,
usado pelas forças Alemãs na I Guerra para o bombardeamento de
Paris, era obtido com ângulos de elevação superiores a 45º, uma vez
que neste caso uma parte das trajectórias era percorrida na
estratosfera.
No caso dos sistemas de arma de cano estriado, para velocidades
iniciais dos projecteis e de mais condições iguais, o alcance máximo
é função directa do calibre do sistema. Isto é assim porque, sendo
aproximadamente constante a relação entre o comprimento e o
calibre/diâmetro desses projecteis – nos projecteis destes sistemas, o
comprimento ideal dos projecteis é igual a cerca de seis milímetros –
o seu peso é igual a (π.r².6d. d)=( π. r².12r.d) = (24. π. r³.), portanto
um valor proporcional ao cubo do calibre, o que faz com que, dado
que a área da secção recta é proporcional ao quadrado do calibre, a
densidade seccional e portanto o coeficiente balístico, sejam
proporcionais ao próprio calibre. Finalmente, como o alcance é tanto
maior quanto maior for o coeficiente balístico, torna-se evidente a
relação directa entre alcance máximo e calibre.
De resto, é esta a razão porque a obtenção de maiores alcances – uma
vantagem táctica suprema – requer necessariamente o emprego de
calibres maiores.

Alcance perigoso ou distância máxima de ricochete – Consiste na


maior distância que pode ser atingida por um ricochete. É igual a ¾
do alcance máximo da arma/munição.

Alimentação - O mesmo que municiamento da arma. É a operação


que consiste na introdução das munições na arma. Nas armas de
carregamento pela culatra, o carregamento não é precedido de
alimentação e portanto esta operação não ocorre.
181
Nas armas de repetição, a alimentação faz-se introduzindo as
munições num depósito da própria arma ou introduzindo um
carregador cheio nesta.
No contexto das armas automáticas, o termo sistema de alimentação
refere-se a um dos três processos como as munições são introduzidas
nessas armas:
• Por meio de uma fita
• Por meio de um tambor
• Por meio de um carregador.

Alma - Nome do furo central, longitudinal, do cano de uma arma. É


na alma das armas que, durante os disparos, os projecteis ganham a
velocidade à boca e, nas de cano estriado, o movimento de rotação
necessário à sua estabilização. As partes da alma são a câmara, a
concordância e a parte estriada. A alma termina posteriormente, na
boca.

Alma estriada - Designação de uma alma que em parte é sulcada por


estrias.

Alma lisa - Designação de uma alma cujas paredes são


completamente lisas, da câmara à boca.

Alto explosivo – Um explosivo cuja característica é a detonação, isto


é, a propagação da frente de reacção, tem velocidade superior à
velocidade do som. As velocidades das reacções destes explosivos
conhecidos, são normalmente da ordem de vários (2 a 9) quilómetros
por segundo.
Alvo – Designação genérica de um qualquer ser ou objecto –
mecanismo, área demarcada desenhada numa cartolina, etc. – que se
pretende atingir, em princípio, “no centro” com balas ou outros
projécteis. Os alvos podem ser estáticos ou móveis e, se móveis,
podem mover-se com velocidade que vão de uns poucos quilómetros
por hora a várias vezes a velocidade do som. Podem encontrar-se na
atmosfera, na superfície do solo ou da água ou abaixo desta
superfície e podem ter um movimento guiado ou não. Podem ainda
182
dispor de protecções muito variadas, incluindo armaduras
extremamente resistentes.

Alvo homotético – Alvo de tamanho inferior ao normal que se


utiliza quando as carreiras de tiro não permitem a execução de tiro às
distâncias pretendidas. As suas dimensões são calculadas segundo a
expressão:
D x d’ D = Dimensão normal do alvo conhecido
D’ = d’ = Dispersão à distância pretendida
d D = Dispersão para a distância do alvo
conhecido

Amortecimento - A absorção da energia de recuo de uma arma.


Com armas de bala é feito pelo corpo do atirador. Nas peças de
artilharia é feita pela acção conjunta do freio de amortecimento, do
recuperador e dos atritos entre as partes recuantes e as partes fixas da
peça.
Pode também ser considerado como a regulação de um sistema de
controlo que serve para que quaisquer oscilações na sua saída
venham a anular-se automaticamente.

Ângulo de queda duma coronha – Numa espingarda, é o ângulo


que o eixo do coice da coronha faz com o eixo do cano.
Dentro dos limites práticos, quanto maior este ângulo, maior o salto e
menor o coice transmitido ao atirador.

Aparelho de pontaria - Designação genérica dos equipamentos


mecânicos, ópticos ou electroópticos que são usados na pontaria das
armas, para estabelecer as linhas de mira.
Os aparelhos de pontaria das armas pesadas, e nomeadamente os da
maioria das peças de artilharia modernas, são frequentemente
sistemas complexos destinados a permitir, em comando local, o
cálculo dos ângulos de avanço.
Nas espingardas, pistolas, etc, os aparelhos de pontaria são sempre
dispositivos relativamente simples, embora por vezes extremamente
precisos. Estes, se constituídos inteiramente por componentes
183
mecânicos, constituem sistemas do género miras metálicas. Se
contêm espelhos trata-se de alças de reflexão. Se usam lentes, trata-
se das chamadas miras telescópicas ou de aparelhos de visão
nocturna. Os de natureza electroóptica constam das chamadas miras
laser.

Apontar - Por definição é a acção de dirigir e controlar uma arma


por forma a que os projecteis disparados venham atingir um (centro
do) alvo. Consiste no estabelecimento de uma certa posição
tridimensional do cano da arma em relação a uma referência especial
ou seja, no estabelecimento de uma linha de pontaria.
No tiro com peças de artilharia trata-se de movimentar o cano em
torno de três eixos, o eixo de elevação, o eixo de azimute, elevação
ou marcação e o eixo que possibilita a horizontalidade dos munhões
(o eixo de correcção de canting). Para que isto seja feito eficazmente
e em conformidade com as tácticas modernas, torna-se imperioso,
quase invariavelmente, o uso de dispositivos auxiliares de cálculo e
de servo-sistemas que, em conjunto, efectuam automaticamente a
função de apontar as armas, em função das coordenadas e as
velocidades do alvo – as chamadas direcções do tiro -, sem que seja
necessário estabelecer linhas de mira. Aqui, portanto, a noção
clássica de apontar não é sequer utilizada.
No tiro de precisão feito com armas portáteis equipadas com miras
metálicas, o acto de apontar define-se como o alinhar do olho com a
alça e com o ponto de mira e, portanto, paradoxalmente, nem inclui
geralmente, a visão clara do alvo, uma vez que, neste processo, o
olho é focado/acomodado sobre o ponto de mira. Uma outra
característica da técnica do tiro de precisão tal como é efectuado
pelos bons atiradores, tem a ver com o facto de o disparo se integrar
com o apontar da arma numa operação única, interdependente, sem
descontinuidades, vindo o disparo a resultar de um reflexo
condicionado.
No tiro de precisão feito com armas portáteis equipadas com miras
telescópicas ou aparelhos de visão nocturna, não se pondo o
problema de focagem do olho uma vez que as imagens da mira e do
alvo aparecem no mesmo plano óptico, a tarefa é muito mais fácil,
184
bastando que a mira esteja bem regulada para que o resultado da
pontaria seja bom.
No tiro de precisão feito com armas portáteis equipadas com miras
laser, o processo é completamente diferente. Aqui, o atirador limita-
se a dirigir o feixe de luz emitido pela mira para o local que quer
atingir e, isto bem feito, basta-lhe realizar o disparo, dado que o
azeramento da mira deve à partida garantir que os impactos ocorram
aproximadamente no ponto assinalado pelo feixe luminoso.
No tiro com armas de caça e com armas de tiro a pratos, embora o
aparelho de pontaria seja semelhante, o processo de apontar é
completamente diferente. Dado que aqui se trata em princípio de
alvos moveis, à partida torna-se óbvia a necessidade de o atirador ser
capaz de identificar permanentemente a posição e a direcção do
movimento dos alvos, para o que tem de focar a visão sobre eles. É
de considerar aqui o facto de que a dimensão típica de uma bagada
serve precisamente para compensar os pequenos erros angulares de
pontaria que o atirador possa cometer. Aqui, dada a existência de
uma componente transversal do movimento do alvo, torna-se obvia a
necessidade de o atirador dirigir os projécteis para uma posição
futura. Tendo em conta estas considerações é fácil entender as
técnicas usadas neste tipo de tiro e que podem ser descritas como
segue. Em qualquer dos casos o atirador mantém a sua visão focada
no alvo e, sem propriamente se preocupar com o direccionamento da
arma, deixa que seja a própria adaptação desta arma à sua anatomia,
a proporcionar, automaticamente, aquele direccionamento.
O disparo é depois executado, ou com a arma apontada para um
ponto estimado, á frente do alvo ou, no momento em que a arma
aponta para o alvo, durante um movimento contínuo e suave de
varrimento, que é iniciado com a arma a apontar para um ponto
algures atrás dele e que persegue por forma a acompanhá-lo e a
ultrapassá-lo. Esta última técnica é a mais usada.

Apresentação - É uma operação da alimentação de uma arma e que


consiste em colocar, de cada vez, um dos cartuchos introduzidos no
depósito, no caminho da peça que o há-de introduzir na câmara.

185
Arma - Um objecto ou sistema que pode ser usado pelo homem, para
a caça, para a defesa ou ataque a outros seres ou sistemas, em várias
modalidades desportivas ou ainda para fins lúdicos.
De notar que uma faca de cozinha, um martelo, uma bengala ou uma
bota e as próprias mãos podem ser armas, quando usados com
determinados intentos e consciência.
No âmbito deste trabalho, o termo é usado frequentemente como
abreviatura de arma de fogo.

Arma de acção directa dos gases - Arma automática que aproveita


uma parte dos gases produzidos pela deflagração da carga, fazendo-
os actuar sobre uma peça especial (o êmbolo) que comanda a culatra.

Arma de acção indirecta dos gases - Arma em que a culatra está


apenas fortemente encostada ao cano pela acção da mola
recuperadora que tem o seu ponto fixo na armadura.

Arma de Ar Comprimido – Designação genérica das armas em que


a propulsão dos projécteis resulta da expansão, no cano, de uma
determinada quantidade de ar ou anidrido carbónico comprimido.

Arma automática - Uma arma que, quando devidamente municiada,


faz tiros sucessivos a partir do momento em que se actue no
mecanismo do gatilho, até que este deixe de ser actuado ou até se
acabarem as munições no carregador, tambor ou na fita de
alimentação. Isto é, uma arma que realiza automaticamente todas as
operações do ciclo de funcionamento, enquanto o gatilho se mantiver
pressionado. Uma característica importante destas armas, é o ritmo
de fogo que produzem. É no contexto das armas automáticas, dado o
perigo eminente de ocorrência de acidentes do género “cook-off” (ou
disparo por auto-ignição, correspondendo este termo a uma anomalia
no funcionamento de certas armas de fogo, em particular das armas
automáticas, derivado a, após uma longa série de disparos e ao
consequente sobreaquecimento, o qual leva ao aquecimento
excessivo do invólucro metálico e da carga, poder ocorrer a ignição

186
da sua carga de pólvora e portanto o disparo) que se encontram os
conceitos de câmara aberta e câmara fechada.
As armas automáticas classificam-se quanto à forma como se operam
os seus automatismos nas seguintes classes:
• Operação com o comando externo
• Operação a gás
• Operação a gás de uma arma de tambor
• Operação por inércia da culatra
• Operação por recuo
• Operação com travamento semi-rígido
Estes automatismo são obtidos:
• Nas armas com operação com comando externo, através da
actuação de uma força motriz “exterior” que no caso das armas
modernas é fornecida por um motor eléctrico ou hidráulico.
• Em todos os restantes sistemas de armas automáticas, pelo
aproveitamento de uma pequena parte da energia libertada pelos
propulsantes da munição usada no disparo precedente.
Existem armas automáticas nas categorias seguintes:
• Pistolas Metralhadoras
• Espingardas de Assalto
• Metralhadoras
• Peças de Artilharia

Arma branca - Uma arma que, constando essencialmente de uma


lâmina, se destina à luta corpo a corpo e com a qual é a força própria
do combatente que produz os ferimentos. O termo “branca” deve-se à
cor do material - o aço - de que são feitas estas armas. Uma arma
branca pode ser “de ponta”, “de gume” ou “de ponta e gume”,
conforme a porção ou porções da lamina que, primariamente, se
destina a ser usada.

Arma curta (“Hand gun”) – Designação genérica do conjunto das


Pistolas, revólveres e eventualmente outras armas de dimensões
muito reduzidas, concebidas para poderem ser facilmente apontadas
e disparadas com a penas uma mão. Estas armas oferecem
187
adicionalmente as vantagens de, se necessário ou conveniente, a sua
posse poder der facilmente ocultada pelo vestuário e de o seu
transporte ser relativamente muito cómodo.

Armador - Um componente do mecanismo de armar. É a peça que


fixa o percutor ou o cão do mecanismo de percussão na posição de
armado e na qual o mecanismo do gatilho vai actuar, fazendo com
que ele liberte o percutor, para este realizar a percussão.
Arma de fogo - Termo genérico que designa um qualquer engenho
em que se usam as pressões dos gases gerados na queima dum
propulsante dentro de um tubo resistente, fechado numa das
extremidades, para projectar um ou mais projecteis, pela outra
extremidade. Um sinónimo deste, é o termo “Arma Pirobalística”.

Arma ligeira, ou portátil - Uma arma - arma de fogo, canhão sem


recuo ou lançador (individual) de granadas foguete -, que se destina a
ser transportado e utilizado por um só indivíduo. Nesta classificação
cabem as pistolas, revólveres, espingardas, pistolas metralhadoras,
alguns morteiros dos calibres mais pequenos e uma parte das armas
de propulsão por reacção, destinadas ao combate anti-carro por
forças de infantaria.

Arma de impulso – Designação genérica das armas em que os gases


que servem à propulsão do(s) projéctil(eis), encontrando-se
encerrados dentro dum cano, impulsionam simultaneamente a arma
em sentido contrário, naquilo que se diz ser o recuo desta.

Arma de pressão de ar - Uma arma ligeira, do género arma de


impulso, mas em que propulsão do projéctil é feita não por gases
formados na queima dum propulsante, mas sim por ar ou anidrido
carbónico (CO2) pré-comprimidos. Estas armas podem funcionar de
quatro formas distintas:
• na primeira o disparo vai libertar um êmbolo que, por acção
duma mola pré-comprimida, avançando rapidamente dentro dum
cilindro onde se comprime a quantidade de gás necessária. Este
sistema, embora permita grandes velocidades à boca, tem o grave
188
inconveniente de fazer com que a arma tenha uma grande
instabilidade no instante do disparo, em virtude do rápido
movimento do êmbolo e da mola que são corpos com uma massa
considerável. Este facto torna estas armas incapazes para a
realização de tiro ao alvo,
• Na segunda, existe também um êmbolo e uma mola mas, para
obstar ao inconveniente do sistema anterior, existe uma massa
que, durante o disparo, se desloca em sentido contrário, por
forma a que o centro de gravidade da arma se mantenha muito
aproximadamente constante. Este sistema permite uma qualidade
do tiro muito superior à do sistema anterior, se bem que inferior à
dos sistemas seguintes,
• Na terceira, a arma dispõe de um depósito cilíndrico onde um
êmbolo, comandado por uma alavanca, comprime uma certa
quantidade de ar. No disparo, liberta-se uma espécie de martelo
percutor que vai bater numa válvula, assim se libertando o gás
comprimido que é então canalizado para o cano. Este sistema,
aparte a possibilidade de ser algo permeável a um certo desgaste
do êmbolo referido e requerer um certo esforço muscular para
cada disparo, permite de facto disparos de grande qualidade,
• Na quarta, a arma tem associado um depósito de anidrido
carbónico liquefeito que comunica com uma câmara dotada de
uma válvula semelhante à do caso anterior. O funcionamento è
depois semelhante ao anterior e aparte a necessidade de dispor de
uma botija grande de CO2 e a possibilidade de haver ligeiras
variações no funcionamento, com variações na temperatura
ambiente, os disparos podem ser também de grande qualidade,
• As armas de pressão de ar utilizam-se actualmente apenas com
finalidades desportivas ou lúdicas.

Armar - Nas armas de carregar pela culatra como já antigamente,


nas armas de carregar pela boca, é a acção que consiste em levar o
percutor ou o cão a ficar retido pelo armador, com a mola real (mola,
espiral ou de lâmina, do mecanismo de percussão que é responsável
pela impulsão do cão ou do percutor durante a percussão)
comprimida onde fica pronto a agir, se a cauda do gatilho for
189
actuada. Esta acção pode constar da manipulação directa do cão ou
percutor ou ser o resultado indirecto da manipulação normal da arma
para a preparar para o disparo.
Nas armas de repetição, é essencialmente a mesma acção, mas é
apenas uma das operações que decorrem automaticamente da
manipulação da culatra, para realizar o ciclo de funcionamento.
Nas armas automáticas e semi-automáticas, é apenas uma das acções
acessórias ao ciclo de funcionamento destas que decorrem do
movimento para trás ou para a frente da culatra. A existir em
qualquer destes tipos de armas um mecanismo de segurança, a sua
manipulação para a posição de segurança deve ou impedir a acção de
disparar ou mesmo a própria acção de armar. Noutras a própria acção
de armar faz com que, automaticamente, a arma fique em segurança.
Na espoleta de um projéctil, bomba, míssil ou mina, é a acção que
decorre entre os seus componentes e que consiste em, na ocasião
apropriada, tornadas já desnecessárias a segurança de
armazenamento, segurança de queda, etc, mudar a condição da
espoleta de “segura” para a condição de pronta a fazer a iniciação do
reforçar e/ou do rebentador do engenho onde essa espoleta esteja
montada.
O armamento das espoletas faz-se como resposta a um dos seguintes
géneros de estímulos:
• Tempo (medido num mecanismo de relojoaria ou por um
dispositivo pirotécnico),
• Um conjunto de forças que actuam nos seus componentes
mecânicos (força de set-bak, força centrífuga, de resistência do
ar, etc,) que dão informação inequívoca sobre o ambiente onde o
engenho se encontra,
• A rotação, num determinado número de voltas, de um eixo
comandado por um pequeno hélice, que é actuado pela corrente
de ar que incide sobre o engenho durante a sua trajectória,
• A alimentação, com corrente eléctrica, de certos circuitos,
eléctricos ou electrónicos.
• Da operação de armar, consta frequentemente o alinhamento dos
elementos explosivos da cadeia explosiva, entre si ou com outros
componentes, o fechamento de interruptores eléctricos, etc.
190
Arma de repetição - È, essencialmente, uma arma provida com um
depósito para várias munições ou um alojamento para um carregador
e que dispõe de um mecanismo de repetição, a fim de que não seja
necessária, como acontece numa espingarda de carregar pela culatra,
a operação de carregamento efectuada manualmente entre tiros
sucessivos.
Esta classe de armas constitui de certa forma um estágio primitivo da
espingarda semi-automática, distinguindo-se desta porque requer
manipulação/acção manual da culatra entre tiros, para realizar parte
dos passos do ciclo de funcionamento.
Por outro lado porém, a rigidez intrínseca durante os disparos, de
algumas armas deste género, faz delas armas excepcionalmente
capazes como armas de tiro de precisão.

Arma semi-automática - Uma arma que, enquanto municiada, faz


um disparo por cada actuação do mecanismo do gatilho, sem que seja
necessário efectuar qualquer outra operação do seu ciclo de
funcionamento. Isto é, uma arma em que todas as operações do ciclo
de funcionamento, à excepção do disparo, se realizam
automaticamente.
A guerra moderna e os outros géneros de confronto armado, requer
volumes de fogo, nomeadamente em situação críticas, que já não
podem ser satisfeitos com armas de repetição. Daí a adopção
generalizada pelas Forças Armadas de todos os Países, como armas
de bala, de armas automáticas e semi-automáticas. Em compensação,
perdeu-se os padrões de alta consistência do tiro que era possível
realizar com boas armas de repetição.
As armas semi-automáticas existentes, podem ser classificadas
quanto à forma como operam os seus automatismos, nas seguintes
classes:
• Operação a gás
• Operação por inércia da culatra
• Operação por recuo
• Operação com travamento semi-rígido

191
Qualquer que seja o sistema de operação, nestas armas o conceito de
travamento da culatra é algo diferente do mesmo conceito para as
armas de tiro simples e armas de repetição. Com efeito, nas armas
semi-automáticas o travamento da culatra só perdura até o projéctil
ter atingido um determinado ponto do cano em que as pressões dos
gases já desceram bastante abaixo da pressão máxima.
Os automatismos são obtidos em todas estas armas pelo
aproveitamento de uma pequena parte da energia libertada pelo
propulsante da munição em cada disparo.
Existem armas semi-automáticas nas seguintes categorias:
• Pistolas
• Espingardas (a maior parte das espingardas de assalto também
podem fazer tiro automático).
• Peças de artilharia.

Arrastamento do gatilho – Um termo da tecnologia do tiro de


precisão. Designa o defeito que se encontra em alguns dos
mecanismos do gatilho, dos géneros; gatilho sem folga, gatilho com
folga e gatilho com dupla folga, e que se manifesta exactamente
antes do ponto em que o disparo deve ocorrer, tal que o atirador
sente, mais ou menos nitidamente, um atrito, um “arrastar”, entre as
peças deste mecanismo. Este defeito, que é totalmente inaceitável,
até por ser crítico o momento em que ocorre, uma vez que intervém
grosseiramente na atenção que o atirador está a prestar à pontaria,
pode ser às vezes corrigido através de afinações do mecanismo mas,
noutros casos, só pode ser solucionado por um bom armeiro.

Azeramento (“zeroing”) – A operação de ajustar o aparelho de


pontaria de uma arma ligeira, que tem em vista permitir ao utilizador
atingir uma dada zona dum alvo, a uma dada distância – a distância
para a qual a arma fica “azerada” -, com um máximo de precisão,
apontado exactamente ao centro da zona de pontaria seleccionada
previamente. Com o azeramento não de pode porém, infelizmente,
obter quaisquer efeitos na melhoria da consistência do tiro.

192
Bagada – O conjunto das bagas – em princípio feitas de chumbo rijo
– de uma munição (cartucho) de caça. O disparo de um destes
cartuchos projecta uma matriz de esferas de chumbo rijo – os bagos
ou chumbos – que, dadas as pequenas diferenças da resistência do ar
sobre cada um, se vai alargando radialmente e em profundidade ao
longo da trajectória dessa matriz. Principalmente esta dispersão em
profundidade, faz com que, em comparação com o tiro em que se
projecta um único projéctil, a probabilidade de atingir um alvo em
movimento seja muito aumentada.
Os diâmetros aproximados da bagada, em centímetros, dependente é
claro do estrangulamento do cano (choke), são os indicados na tabela
seguinte:
Distância (metros)
10 15 20 25 30 35
“choke” do Diâmetro da Bagada em Centímetros
cano
Cilíndrico 54 71 88 105 122 140
Cil. 38 55 72 89 106 124
melhorado
¼ choque 34 49 64 80 97 115
½ choque 31 44 58 73 90 108
¾ choque 27 39 52 66 82 101
Full choque 23 33 45 59 75 94

Bagos – Também designados chumbos de caça, são os projécteis


esféricos da munição (cartucho) de caça. Estes bagos são feitos de
uma liga de chumbo e zinco ou chumbo e antimónio, chamada
chumbo rijo.
Aparte as formas irregulares dos primeiros projécteis proporcionados
pela Natureza do homem (pedras?), se fizermos a comparação, do
ponto de vista aerodinâmico, com os outros projécteis modernos das
193
armas de fogo, esta sua forma esférica é a pior possível. Para já, a sua
tendência para rodopiar sobre si próprios segundo uma direcção
aleatória, torna as suas trajectórias muito imprevisíveis. Depois, a sua
densidade seccional, por mais alta que seja a densidade do material
de que sejam feitos, é muito baixa, daí resultando que a resistência
do ar que actua neles durante as trajectórias, exerce desacelerações
muito grandes.
Dada esta relativamente grande influência da resistência do ar no
avanço destes projécteis, é certamente oportuno mencionar aqui que
não faz nenhum sentido tentar, pelo aumento das cargas de pólvora,
tentar aumentar a velocidade inicial das bagadas com o intuito de
melhorar o tio, pois esses aumentos de velocidade rapidamente se
dissipam perante uma resistência do ar que duplica com esses
aumentos de velocidade.

Baixo explosivo – Por definição, é um explosivo em que a


velocidade de reacção explosiva é inferior à velocidade do som na
matéria explosiva ainda intacta.
Na realidade, as velocidades das reacções explosivas destes
explosivos, nas condições normais de utilização (a pressões médias
da ordem dos 4000 kg/cm2), são da ordem das dezenas de
centímetros por segundo.
Exactamente por isso, estes explosivos libertam energia de uma
forma relativamente lenta, o que leva à formação de pressões que
aumentam progressivamente. Nas suas aplicações como propulsantes
em munições de armas de fogo e em motores de foguete (por ser esta
a sua principal aplicação, o termo baixo explosivo é praticamente
sinónimo de propulsante), estes explosivos queimam ao longo de
períodos relativamente longos, da ordem dos poucos milisegundos ou
décimos de milisegundo.
A sua reacção explosiva distingue-se também da dos altos
explosivos, por haver transmissão de calor ao longo do material
explosivo, a acompanhar esta reacção.
Os baixos explosivos mais usados nas munições das armas de fogo e
dos canhões sem recuo, são as pólvoras químicas ou propulsantes
homogéneos.
194
Os baixos explosivos mais usados em pequenos motores de foguete,
tais como os que se empregam em mísseis e granadas foguete, são os
chamados propulsores heterogéneos.

Bala - È o projéctil inerte (construído praticamente na totalidade dos


casos apenas com materiais metálicos e portanto inertes, de diâmetro
até 15.24 mm (0.6’’)), da munição de pistola, espingarda, pistola
metralhadora, metralhadora, etc. Dada a função generalizada entre a
grande maioria dos apenas iniciados, justifica-se talvez chamar aqui
a atenção para o uso incorrecto do termo “bala”, para designar as
munições das armas referidas. A “bala” é evidentemente, apenas um
componente duma destas munições, aquele que se projecta em
direcção ao alvo. As balas podem ser formadas de um único corpo
metálico – p.e. a bala lubrificada ou a bala estriada ou, como é muito
mais frequente, por mais de um elemento, caso em que se trata das
chamadas balas compostas.
O termo bala aplica-se no entanto apenas quando os projécteis
descritos foram concebidos para disporem de estabilidade
(capacidade que o projéctil tem de manter-se com uma das
extremidades apontada para a frente ao longo dessa trajectória, isto é,
para manter aproximadamente constante o seu comportamento, com
o seu eixo longitudinal aproximadamente coincidente com a tangente
a essa trajectória) giroscópica (é a forma de estabilidade de projécteis
que resulta de, quando um corpo está animado de movimento de
rotação em torno dum dos seus eixos, a direcção espacial desse eixo
tender a manter-se inalterada). Os projecteis, como estes, mas
concebidos para usufruírem de estabilidade aerodinâmica (‘e a
estabilidade que resulta de, considerando o sentido do movimento, o
seu centro de gravidade, ficar sensivelmente à frente do seu centro de
pressão), designam-se por flechettes. Os materiais empregues, e a
construção de cada um dos componentes e a correspondente
organização do seu funcionamento, em particular no contacto com o
alvo, é o que distingue os vários géneros de balas que são descritas
nos artigos seguintes.

195
Bala de borracha - Uma bala feita de borracha sintética que é
empregue em munições especiais que se destinam a acções do tipo
controlo de multidões, onde é usada como um meio de dispersão das
pessoas pelos efeitos violentos, embora normalmente não letais, que
esse uso implica. De ter em atenção no entanto que a energia cinética
desta bala, a pequenas distâncias, é tal que pode provocar a morte de
um indivíduo, se disparada directamente sobre ele.

Bala de plástico - Aproximadamente o mesmo que bala de borracha,


com excepção do material empregue no seu fabrico que é neste caso
uma espécie de nylon.

Bala expansiva – Uma bala de munição de caça grossa que é


construída tendo em vista o aumento do poder de choque que se pode
retirar da deformação controlada da sua ponta no choque com um
alvo, por forma a que essa ponta fique com um diâmetro francamente
superior ao original, isto é, conseguindo fazer com que a bala tenda a
sofrer, no impacto no alvo, uma deformação considerável através do
colapso/rompimento parcial da camisa e do esmagamento/expansão
controlado(a) do núcleo, mantendo a partir daí, aproximadamente,
essa forma.
Tudo isto sem que haja desagregações consideráveis dos materiais da
camisa e do núcleo e, portanto, grandes perdas do seu peso original.
Uma tal deformação conduz normalmente a que ela venha a parar
num espaço relativamente curto e a libertar portanto com grande
potência, a sua energia restante.
Por vezes, para facilitar ou tornar mais rápida a dita expansão, certas
balas empregam na ponta um componente especial chamado um
expansor.
É de uma bala que funciona desta maneira no local apropriado da
anatomia dum animal, que se diz que tem um grande poder de
choque. Tendo em conta, é claro, que dadas as diferenças fisiológicas
de espécie animal para espécie animal, isto implica que haja uma
grande variedade de balas expansivas a escolher e empregar
conforme as espécies a que se destinam.

196
É no entanto de notar o emprego que se faz actualmente de balas
semelhantes em munições de pistola, pretendendo-se com estas
conseguir um maior poder derrubante, através da combinação dos
efeitos de uma penetração suficiente, com o de um poder de choque
igualmente considerável.
O uso de balas expansivas em acções de guerra, foi primeiramente
proibido pela Convenção Internacional de Haia, de 1899.

Bala sólida – Uma bala destinada à caça das espécies maiores e mais
“perigosas”. Funciona através da capacidade de, sem se deformar ou
apenas com um mínimo de deformação, vencer todas as resistências
que os tecidos do animal – incluindo a maioria dos ossos -, possam
oferecer, no trajecto para o órgão vital visado.
É sempre uma bala de ponta romba para uma melhor manutenção da
direcção original, aquando da perfuração dos tecidos do animal e de
grande calibre, dada a corpulência e a resistência das espécies
referidas.
É uma bala feita de um único corpo – como a bala de cobre puro
concebida originalmente pelo famoso caçador português, o Mestre
José Pardal -, ou uma bala composta com uma camisa muito espessa
e resistente a envolver e a reter firmemente um núcleo de material
bastante rijo.
Em qualquer dos casos, deve ter uma densidade seccional tão grande
quanto possível. Isto para lhe conferir uma grande capacidade de
penetração para que “lhe pese o rabo”, no dizer deste caçador -.

Balística – Nas armas de fogo convencionais, quando se efectua um


disparo, o propulsante (pólvora) do cartucho queima muito
rapidamente e produz grande quantidade de gases a alta temperatura.
Esses gases, confinados como estão, criam atrás do projéctil – ou
projécteis -, muito rapidamente, pressões muito altas. A sua expansão
cria forças que vão pôr em movimento o projéctil, acelerando-o e
fazendo-o ganhar uma grande velocidade até à boca do cano.
Aí chegado, o projéctil sai para a atmosfera. Os gases vão continuar
ainda durante um certo espaço a actuar nele, acelerando-o ainda mais
um pouco mas, se a sua saída do cano não for “simétrica”, imprime-
197
lhe impulsos tendentes a perturbar o seu deslocamento rectilíneo,
uma vez que já deixou de beneficiar do suporte do cano. Dada a
pressão a que estão submetidos e a sua muito menor densidade, ao
expandirem-se, os gases ganham velocidades superiores à do
projéctil e chegam a ultrapassá-lo. Nessa ocasião, o contacto dos
gases com o ar atmosférico cria vários fenómenos típicos que se
traduzem, grosso modo, na formação de chamas e ruído. Dada, no
entanto, a sua muito pequena inércia, a nuvem de gases perde
velocidade muito rapidamente e vem a ser ultrapassada pelo projéctil
que, finalmente, passa a estar somente em contacto com a atmosfera.
A partir daqui, para além da atracção terrestre, e dada a sua
velocidade muito alta, o projéctil vai encontrar pela frente uma
grande força desaceleradora, a da resistência do ar. Vai igualmente
ficar sujeito a outros efeitos dado que a atmosfera não é um meio
estático e que o seu movimento de rotação a alta velocidade o obriga
a comportamentos específicos.
Finalmente, se chega ao encontro com o seu alvo, com uma dada
velocidade restante, vai ser posta à prova a sua capacidade de
penetração e de realizar os efeitos “terminais” para que foi
concebido.
Fenómenos semelhantes, embora distintos, ocorrem nos disparos e
trajectórias dos “projécteis” das munições das armas de propulsão
por reacção e dos lançadores de granadas-foguete.
A balística é a ciência que estuda as forças actuantes sobre os
projécteis – e os foguetes – e os correspondentes movimentos destes,
nos vários meios onde eles têm movimento, isto é, desde a sua
posição inicial dentro das armas ou lançadores, até ao seu
atravessamento/penetração dos alvos que são supostos atingir.
Dada a diversidade da natureza desses meios e a consequente muito
diversa natureza dos fenómenos, existem na realidade várias
balísticas:
• Balística interna – que é o estudo das forças e movimentos dos
projécteis enquanto dentro das armas;
• Balística interna das armas de propulsão por reacção – o estudo
dos fenómenos que ocorrem durante os disparos destas armas;

198
• Balística interna dos motores de foguete – o estudo dos
fenómenos que ocorrem dentro destes engenhos;
• Balística intermédia ou de transição – o estudo das forças e outras
acções e movimentos dos projécteis e dos gases do propulsante,
no relativamente pequeno percurso logo a seguir à sua saída da
boca do cano;
• Balística externa – o estudo das acções da gravidade e do ar
atmosférico nos movimentos do projéctil ao longo das possíveis
trajectórias;
• Balística externa dos foguetes – o estudo das trajectórias destes,
principalmente dos de trajectória quente;
• Balística terminal – o estudo das forças e movimentos dos
projécteis após o contacto com os alvos e das reacções destes.

Bandoleira - Um apetrecho que consta essencialmente de uma tira


forte de tecido, com um recorte especial e que é susceptível de várias
regulações por forma a ser afinada, montada e usada, em
conformidade com uma certa técnica entre um ponto de fixação no
fuste duma espingarda e o braço do atirador que suporta a arma (o
braço esquerdo, no caso do atirador direito). Aparte a sua utilização
militar por franco atiradores, é empregue nas posições de tiro deitado
e joelhos do tiro ao alvo com estas armas, onde tem a função de
permitir que o dito braço fique completamente descontraído, uma
contribuição notável para a consistência do tiro nessas posições.
Este uso da bandoleira implica a solução técnica de dois problemas
específicos. O da sua regulação correcta, dados os terríveis efeitos
negativos que uma bandoleira mal regulada pode exercer sobre a
posição de tiro e do seu potencial para transmitir à arma os
movimentos pulsatórios da circulação sanguínea do atirador, uma vez
que fique a exercer pressão sobre a artéria humeral, o que é quase
certo acontecer principalmente na posição de joelhos, se a bandoleira
for fixada numa posição alta, perto do ombro, e/ou ficar demasiado
curta e portanto a apertar excessivamente o braço.
Para cada uma das posições a boa regulação da bandoleira só pode
ser feita eficazmente através de um trabalho sistemático de
construção da posição, durante umas tantas sessões de tiro sem
199
bandoleira, nas quais se deverá determinar pelo menos o ponto em
que a mão esquerda deve ficar sob o fuste, e a melhor regulação da
chapa de coice. A regulação da bandoleira deverá então decorrer
destes dados.
O couro não é um bom material para a confecção destes apetrechos,
porque tende a ceder um pouco sob o esforço, o que conduz,
imperceptivelmente, à transferência do peso da espingarda para o
braço.
Também pode ser designado como uma tira forte de couro, lona, ou
tecido sintético que se usa como acessório duma espingarda, carabina
ou pistola metralhadora, para facilitar o seu transporte.

Base do invólucro – É a extremidade anterior do invólucro duma


munição de invólucro metálico. Após o carregamento desta munição,
a base do invólucro vai ficar encostada à face da culatra, que lhe
serve de apoio durante o disparo. A base do invólucro tem de ser a
parte deste com paredes mais espessas, uma vez que é a parte mais
mal sustentada pelo conjunto câmara-culatra. A fim de permitir a
extracção, a periferia desta base tem um perfil especial, que pode
incluir um bocel (rebordo saliente em volta da base do invólucro de
alguns invólucros metálicos) ou uma ranhura de extracção.
Nas munições de percussão central, é no centro da base do invólucro
que é cravada ou roscada a escorva e nas munições de percussão
anelar, é no interior da sua periferia que se aloja o anel de mistura
ignidora.

Berdan – Nome de um dos primeiros invólucros metálicos que era


fabricado a partir de uma só peça de metal sucessivamente estirada e
encalçada, vindo a assumir a configuração que é hoje a única
utilizada.

Bigorna – Um dos componentes dos sistemas de ignição das


munições que empregam escorvas de percussão. Nalgumas escorvas
a bigorna é um componente da própria escorva enquanto noutras a
bigorna faz parte do invólucro do cartucho. Em qualquer dos casos, o
corpo/invólucro da escorva é constituído por um pequeno corpo
200
metálico, em cujo fundo, pela parte de fora, o percutor irá bater. No
interior deste corpo encontra-se uma pastilha de mistura ignidora. A
seguira a esta, constituindo-se em apoio desta pastilha, é que fica
situada a peça de metal que se designa por bigorna.
A parte final da percussão consta na realidade, essencialmente, do
esmagamento dessa pastilha de material explosivo, pelo percutor,
entre a base, entretanto deformada, do copo e a bigorna.
Nas munições de armas ligeiras usa-se duas configurações de escorva
de percussão, a escorva Boxer e a escorva Berdan, sendo que a
principal diferença entre elas é precisamente que na primeira a
bigorna faz parte da escorva.

Bloco da culatra – Designação do corpo principal da culatra, que


aloja o mecanismo de percussão, serve de apoio ao extractor, etc.

Boca do cano – É a extremidade posterior da alma do cano. A


perfeição do seu acabamento no fabrico e o estado de conservação
dessa perfeição ao longo da vida do cano, são factores determinantes
para a consistência do tiro que a arma pode produzir. Sendo o último
ponto onde os projécteis beneficiam do apoio do cano e,
simultaneamente, o ponto de saída para a atmosfera dos gases do
propulsante, a consistência do tiro a produzir por uma arma pode ser
completamente arruinada por qualquer imperfeição ou defeito num
dos lados da boca, uma vez que, logo a seguir ao projéctil ter
abandonado o cano, uma fuga assimétrica dos gases, devida a essa
imperfeição, actuando quando o projéctil já não beneficia de apoio,
irá provocar nele, uma forte oscilação. Daqui que, a prática frequente
de limpezas dum cano introduzindo a vareta pela boca, que conduz
necessariamente à produção de desgastes assimétricos dessa região,
seja uma prática a eliminar.

Boca do carregador – É a abertura do carregador ou tambor, por


onde se faz o seu municiamento.

Boca do invólucro – É a extremidade aberta do invólucro metálico


por onde é introduzida a carga de propulsante da munição e que, nas
201
munições de carga unida, é depois fechada pelo projéctil. A zona que
precede a boca do invólucro é a que primeiro se expande durante o
disparo, a fim de garantir a obturação para trás.

Bocel – É o rebordo saliente em volta da base do invólucro de alguns


invólucros metálicos, precisamente os que se designam por
invólucros com bocel. Nas munições que têm este tipo de invólucro,
destina-se a:
• Limitar o seu avanço nas câmaras, aquando do seu carregamento,
• Ser agarrado pelo extractor da arma, para se fazer a extracção.

Boxer – Nome de marca de um dos primeiros invólucros metálicos,


já em desuso há muitos anos, que era fabricado a partir de uma folha
de metal enrolada a formar um tubo, tubo esse a que se fixavam os
outros componentes da munição.

Braçadeira - Guarnição da espingarda cujo fim é a ligação do cano


ao fuste. É constituída por um anel de aço que pode ser fechado ou
com charneira. Esta última tem um parafuso que permite apertá-la
mais ou menos, variando, portanto, o aperto do cano ao fuste.

Bucha – Designação comum de qualquer dos cilindros de cortiça e


feltro usados entre a carga e a bagada nos cartuchos de caça tal como
estes eram carregados há cerca de 20 ou 30 anos atrás. Este
componente tinha a função de realizar a obturação para a frente dos
gases e de amortecer o choque do aumento brusco das pressões sobre
a bagada.
Note-se no entanto que estas buchas ainda se usam nesta classe de
munições quando se pretende a maior dispersão possível da bagada,
para além ainda do que se consegue usando apenas um dispersor.
Modernamente, estas munições utilizam, em vez destas buchas, as
chamadas buchas de plástico.
Também designa os discos de cartão ou plástico – muitas vezes com
a inscrição do “número do chumbo” -, que se usavam nestes
cartuchos para efectuar o seu fechamento.

202
Caçadeira - Designação comum das espingardas de caça.

Cadência de tiro - Número máximo de tiros que poderia obter-se de


uma arma sem qualquer pausa de funcionamento consecutivo durante
um minuto, sem provocar desgaste exagerado no material.

Caixa da culatra - O componente de uma arma de fogo a que se


encontra rigidamente roscado, na sua extremidade posterior, o cano e
em cujo interior se movimenta a culatra e se encontram outros
componentes como o ejector, a mola recuperadora, etc. É a caixa da
culatra que realmente, integrando todos estes componentes e
proporcionando-lhes apoio ou guiamento, faz a função de dar
unidade ao funcionamento da arma. A sua estrutura tem de ser
suficientemente pesada/forte e rígida, para suportar sem cedências as
enormes forças presentes durante os disparos e, nas armas que se
usam em modalidades em que se pretende uma grande consistência
do tiro, para praticamente anular as amplitudes das torsões e absorver
completamente as vibrações do cano, produzidas durante estes.
Na maioria das armas modernas, a caixa da culatra tem uma abertura
para a fixação do carregador ou do tambor ou por onde passa a fita
de alimentação e uma outra lateral por onde se faz a ejecção dos
invólucros, a janela de ejecção. Mas, por exemplo, nas espingardas
concebidas para oferecerem o mais alto nível de consistência do tiro,
por exemplo nas usadas na modalidade de Bench Rest (modalidade
específica de tiro ao alvo, a várias distâncias e onde, ao invés de
fazer “10”, os atiradores tentam realizar agrupamentos de,
geralmente, 5 impactos, com a menor dimensão possível) e nas
empregues em competição de tiro ao alvo, a caixa da culatra é
constituída por um volumoso bloco de aço, concebido para se
comportar com um máximo de rigidez e neste bloco existe apenas,
no máximo, uma abertura lateral, a da janela de ejecção. De tal forma
que estas armas são necessariamente apenas armas de tiro simples,
uma vez que estas não necessitam de abertura lateral para fixação
dum carregador, sendo o carregamento feito através da própria janela
de ejecção. Tudo para que a rigidez da caixa da culatra seja a
máxima possível.
203
Calibre - Termo que, em termos gerais, é usado para sugerir as
capacidades ofensiva ou defensiva do sistema da arma considerado,
capacidades estas que correspondem, em termos técnicos, a; alcance
eficaz, capacidade de penetração, capacidade de neutralização, etc.
Neste contexto, grande calibre significa portanto grande alcance
eficaz, grande capacidade de penetração, etc.
Na descrição de armas de fogo e lançadores de granadas-foguete, o
termo refere-se, grosso modo, à medida do diâmetro interno dos
canos ou tubos mas com significados algo diferentes conforme a
configuração do cano:
• Nas armas de cano estriado, é o diâmetro da alma medido entre
os salientes das estrias. Nos países de língua inglesa este
diâmetro é dado em centésimos ou milésimos de polegada.
(.22, .223, .30, .45, .357, .375, etc) e nos outros em milímetros
(5.56, 7.62, 9, etc) ou em centímetros,
• Nas peças de artilharia com cano de alma lisa, é simplesmente o
diâmetro da alma,
• Nos lançadores de granadas-foguete, é o diâmetro interno do tubo
do lançador,
• Nas armas de caça, o calibre é dado pelo adarme.
Na descrição de munições, o termo exprime, grosso modo, o
diâmetro dos seus projécteis mas aqui quer se trate de munições
destinadas a sistemas de arma de cano estriado ou destinadas a
sistemas de arma de cano liso, o calibre designa sempre o diâmetro
máximo do corpo do projéctil com a particularidade de, para validar
esta definição, se ter de considerar que nos projécteis sub-calibre que
empregam um sabot, o sabot faz parte de um corpo isto é o diâmetro
a medir é o diâmetro externo do sabot.

Calibre nominal – É o nome/designação por que são conhecidas


internacionalmente as munições a usar num dado sistema de arma.
No mesmo calibre nominal as munições só têm de ser do mesmo
calibre especificado, isto é, só têm de ter em comum as
características e dimensões do invólucro. Ou seja, cada calibre
especificado é conhecido por um nome que é o seu calibre nominal.
204
Esse “nome” pode ser formado por um número, conjunto de números
ou um conjunto de número e palavra (por exemplo. .380, 30-06,
7.62x51, 7.62x39, ou o .38 special), suficientes para designar
completamente e sem ambiguidades a munição que se aplica.
Do que foi dito pode-se, é claro, inferir que nas munições de cada
calibre nominal, se pode usar cargas de pólvora diferentes e
projécteis de diferentes configurações e/ou pesos mas todos os seus
invólucros têm de ser rigorosamente iguais, sendo que as
especificações dimensionais do invólucro de cada calibre nominal,
são dadas em termos do seu calibre especificado.
É também usual dizer-se de uma dada arma que “é de calibre tal”
empregando-se então para designar o calibre, o calibre nominal da
munição usada, por exemplo, 30.06 ou 40L70.

Cama do cano – É a preparação da coronha de uma espingarda para


receber da forma mais extensa, uniforme, íntima e estável possível, a
superfície externa da caixa da culatra, (e por vezes esta e parte do
cano) dessa espingarda. Nas espingardas para tiro de precisão, onde
se pretende levar ao maior potencial possível a contribuição da arma
para uma grande consistência do tiro, um bom “bedding” revela-se
uma operação particularmente delicada mas indispensável. Há que
garantir que, durante cada disparo, a reacção da coronha ao recuo
seja tanto quanto possível, sempre a mesma, para que as vibrações do
cano sejam sempre exactamente iguais. Esta regularidade é portanto
um contributo importantíssimo para a consistência da arma.
A cama do cano pode constar simplesmente de um entalhe na
madeira executado com rigor, tal que as partes metálicas assentem o
melhor possível conforme atrás especificado. Modernamente, a cama
do cano é frequentemente realizada com o recurso a resinas epóxidas
(produto sintético com a consistência de um líquido viscoso que
sujeito a uma “cura” operada por um reagente próprio – em geral
aminas orgânicas, altamente tóxicas -, serve principalmente para
impregnar telas resistentes de várias fibras – vidro, carbono, kevlar,
etc. -, por forma a formar placas resistentes a impactos e à corrosão,
as quais encontram grande aplicação em capacetes, coletes pára-bala,
etc.) que se aplicam com ou sem telas de fibra de vidro, numa larga
205
camada, na região do fuste sob a caixa da culatra – o único ponto
onde, nestas armas, as partes metálicas da arma ficam em contacto
com a coronha -. As partes metálicas, tratadas com um
“desmoldante” que vai permitir a sua separação, são depois assentes
sobre a resina ainda em estado pastoso, e os parafusos de fixação
apertados com a tensão normal. Após a solidificação da resina e
removidos os excedentes, a camada presente, além de garantir a
maior intimidade do contacto, permite, pela sua rigidez, que a arma
se torne praticamente insensível a possíveis “movimentos” da
madeira da coronha quando sujeita a mudanças atmosféricas.

Câmara - É a parte da alma, das armas de carregamento anterior


onde se introduzem as munições no que constitui o carregamento
destas armas. É portanto a porção anterior da alma do cano.
Conforme o calibre nominal do sistema da arma a câmara pode ter
um perfil cilíndrico ou ligeiramente troncónico e, é claro, porque o
invólucro da munição tem geralmente um diâmetro
consideravelmente superior ao do projéctil, a câmara tem um
diâmetro correspondentemente superior ao da parte estriada.
No contexto da balística interna, verifica-se que para maximizar a
eficiência balística de um qualquer sistema de arma, deve fazer-se
com que o volume da câmara seja o menor possível. Note-se ainda
que no caso de se tratar de um sistema de arma que emprega
invólucros metálicos, tratando-se da medição do volume da câmara
para este efeito ou por exemplo para determinar a razão de expansão,
considera-se que as paredes do invólucro fazem parte da câmara e
que portanto o volume a medir é o do interior do invólucro. No caso
das armas automáticas, interessando em geral que as munições sejam
tão curtas como possível, para reduzir o deslocamento da culatra
tornando mais eficaz o funcionamento da arma, isto corresponde a
fazer-se sempre o possível para que a câmara seja o mais curta
possível.
Em todas as armas de um dado calibre nominal, por razões
relacionadas com a consistência do tiro, a câmara deve ter o menor
diâmetro possível para optimizar a centragem do projéctil na
concordância e proporcionar o maior apoio possível aos invólucros
206
nos disparos. Mas, por outro lado, as câmaras terão de ter diâmetros
sempre suficientemente grandes para permitir sem falhas o
carregamento das munições fabricadas dentro das tolerância superior
e para permitir uma extracção suficientemente fácil, mesmo com os
canos muito quentes.

Camisa - É o componente das balas compostas que constitui o seu


invólucro exterior. A camisa é feita geralmente de latão, um material
muito mais duro e resistente que o chumbo rijo das balas lubrificadas
e núcleos. Nas balas de munição de espingarda, a camisa tem como
principal função, conferir-lhes a resistência/capacidade de suportar
os enormes esforços a que são submetidos no contacto com as almas
dos canos, aquando os disparos, disparos estes caracterizados pela
criação de pressões e temperaturas elevadas.
Nas balas de munição de pistola e de pistola-metralhadora, a
principal função da camisa é dar às balas a dureza suficiente para que
estas, no trânsito entre os carregadores e as câmaras, nos
carregamentos, deslizem sem ficarem presas em quaisquer
obstáculos. Nas balas destinadas a munições de caça grossa, compete
às camisas dar um contributo importante na balística terminal dessas
balas, fazendo com que, no impacto com os alvos, a sua expansão se
faça sob o melhor controlo, ou, no caso das balas sólidas, não ocorra
quase nenhuma expansão. Em qualquer dos casos mas
principalmente nos casos das balas destinadas a tiro de precisão, as
camisas requerem um fabrico muito cuidado, uma vez que a
regularidade da sua espessura, em cada secção transversal, é um
factor decisivo para que o centro de gravidade da bala se situe
exactamente sobre o seu eixo longitudinal e portanto para que a sua
oscilação na trajectória seja mínima.

Campos de tiro – São extensões de terreno destinadas à execução do


tiro em campo aberto, sobre alvos terrestres ou aéreos, com
utilização de sistemas de armas não guiadas ou guiadas, de calibres
normais ou reduzidos, em condições próximas de combate e com o
maior realismo possível.

207
Canal de fogo – Um orifício que se situa entre a escorva e o interior
do invólucro metálico duma munição e por onde os produtos da
explosão da pastilha de mistura ignidora da escorva, se introduzem,
por forma a fazerem a iniciação do ignidor ou, directamente, da carga
principal. A principal diferença, à vista, entre uma escorva Boxer e
uma escorva Berdan, depois de montadas nos seus alojamentos nas
bases dos invólucros, é precisamente que na primeira só há um canal
de fogo, enquanto na segunda há dois. Note-se que no primeiro caso
o canal de fogo faz de escorva, enquanto que no segundo os canais
de fogo são perfurações da base do invólucro.

Cano - É o componente de uma arma de fogo ou de uma arma de


propulsão por reacção que tem por funções: proporcionar o meio
para o desenvolvimento do impulso sobre os projécteis, o seu
direccionamento para os alvos e, na maioria dos casos, para impor
uma rotação sobre si próprios a fim de que venham a beneficiar de
estabilidade giroscópica durante as trajectórias.
A propulsão/aceleração dos projécteis resulta das enormes forças
desenvolvidas pelos gases produzidos pelas cargas dos propulsantes
dentro de um vaso altamente que é o próprio cano, que oferece
grandes limitações à sua expansão. Quando é imprimido um
movimento de rotação ao projéctil ao longo da sua viagem no cano,
este resulta da torção imprimida pelas estrias sobre a cinta de
forçamento ou sobre a camisa desse projéctil. O direccionamento
resulta da pontaria da arma que consta essencialmente do
posicionamento espacial do eixo do cano, numa direcção tal que o
projéctil ao sair dele com uma determinada velocidade, possa
originar a trajectória balística que passa pelo alvo que se pretende
atingir.
Os requisitos da concepção e fabrico dos canos resultam geralmente
dos valores das altas tensões radiais e axiais que têm de suportar, do
limite do peso, dum comprimento mínimo necessário à obtenção de
uma dada velocidade à boca e de uma rigidez mínima tal que a flexão
que resulta do próprio peso e as vibrações produzidas nos disparos,
se situem dentro de dados limites.

208
Estes requisitos, sendo todos conflituantes entre si, tornam a
concepção, a escolha dos materiais e o fabrico dos modernos canos
uma tarefa muito complexa que, pelo menos nos casos dos canos
para peças de artilharia, só um muito reduzido número de empresas
tem capacidade para empreender.
Por outro lado, os canos são as partes das armas mais susceptíveis de
desgaste. Este desgaste acontece através de um processo chamado
erosão, que consiste da alteração química dos aços, ao nível das
almas, alteração que resulta do seu contacto com os gases dos
propulsantes a altas temperaturas e dos atritos entre as almas e os
projécteis, durante os forçamentos e passagem dos projécteis.

Cano estriado - Um cano em que a parte posterior da alma é


estriada, isto é, cortada por sulcos helicoidais, os cavados das estrias.
Entre estes ficam os salientes das estrias cujo desenvolvimento
igualmente helicoidal à roda das paredes da alma, é verdadeiramente
responsável pela impressão de movimento de rotação aos projécteis
das munições que se disparam nesses canos. Estes projécteis ficam a
beneficiar de uma estabilidade giroscópica durante as suas
trajectórias.
À parte da alma onde existem as estrias destes canos, chama-se a
parte estriada.
A maioria das armas de fogo e das armas de propulsão por reacção e
alguns morteiros empregam canos deste tipo.

Cano liso - Designação genérica dos canos de alma lisa, isto é, em


que a alma não é cortada por estrias. Este tipo de cano é utilizado em:
• Peças de artilharia, normalmente montadas em carros de assalto,
destinadas ao disparo de projécteis de tipos específicos,
• Morteiros,
• Espingardas de caça.

Cão - Designação clássica de um componente de alguns mecanismos


de percussão, cujo movimento é caracteristicamente um de rotação
em torno dum eixo próprio, o “eixo do cão”. Nalguns destes
mecanismos é o cão que vai bater num percutor, para este realizar a
209
percussão, noutros ,quando o percutor se encontra fixado a ele, o cão
percute directamente a escorva. Em qualquer dos casos, na acção de
armar, o cão comprime a mola real, vindo a ficar retido pelo
armador, e é impulsionado por ela para realizar a percussão quando
se acciona o mecanismo do gatilho. Por outro lado, nalguns
mecanismos encontra-se um “cão exterior” (um cão que está à vista e
pode ser armado com o dedo) enquanto que noutros o cão não se vê e
não se tem acesso a ele. Trata-se então de um cão interior.
Nalgumas das armas que empregam destes mecanismos de
percussão, o cão pode ter três posições:
• A de armado em que a arma fica pronta a disparar normalmente,
• A de “desarmado ou abatido” em que se a arma estiver carregada
e o cão receber uma pancada, por exemplo numa queda, a arma
poderá disparar-se inadvertidamente,
• E uma intermédia, de “descanso ou segurança” em que, em
princípio, num acidente como este o cão estará retido,
impossibilitado de realizar a percussão.

Carabina - Designação técnica de uma qualquer espingarda de cano


curto (menos de cerca de 55 cm), originalmente destinada ao uso por
tropas de cavalaria.
Em Portugal e noutros países latinos, o termo é usado (erradamente)
para designar qualquer espingarda de cano estriado para uso civil ou
mais particularmente, qualquer espingarda de calibre pequeno.
É notável a tendência, desde há uns anos para usar carabinas as
chamadas carabinas de assalto como armamento principal dos
exércitos.

Carabina de assalto – Uma carabina concebida segundo as


especificações comuns às armas de guerra e que, em particular:
• Deve ter dimensões e peso muito reduzidos,
• Deve ter capacidade para fazer tiro semi-automático e tiro
automático,
• Deve ser desenhada para funcionar com um mínimo de recuo e
salto, para permitir fazer tiro automático com bom controlo de
pontaria.
210
Este tipo de arma, um refinamento do conceito de espingarda de
assalto, é hoje em dia adoptado, como arma comum de infantaria,
pelas Forças Armadas da maioria dos países mais desenvolvidos,
dadas as vantagens inerentes ao uso, por combatentes a quem é
exigida uma grande mobilidade, de armas mais pequenas e mais
leves que se prestam melhor a ser transportadas por forças que
frequentemente usam transportes para as suas deslocações, e de
munições que, sendo também mais pequenas e mais leves, podem ser
transportadas em maior quantidade.
Estas armas foram possíveis conceber apenas a partir do
aparecimento de calibres nominais com calibres mais reduzidos mas
de grande eficiência balística.
Não é no entanto de perder de vista que, com a adopção destes
calibres, tratando-se da realização de tiro para além dos cerca de
trezentos metros de distância, se perde alguma capacidade em termos
de consistência, precisão e capacidade de penetração.

Carabina livre – Designação de uma espingarda de precisão de


calibre nominal .22LR que se destina às duas modalidades de
competição a seguir referidas.
Estas duas modalidades de tiro ao alvo, fazem parte dos programas
da I.S.S.F. e dos Jogos Olímpicos. Trata-se da competição a 50
metros, constando a primeira de 60 tiros na posição de deitado – a
chamada “carabina deitado” ou “match inglês” -, e a segunda de 120
tiros, sendo 40 na posição de deitado, 40 na de pé e 40 na de joelhos
– a chamada “carabina três posições” -.
O termo “livre” justifica-se por esta ser um dos tipos de arma em que
o número de restrições impostas à sua constituição é mínimo.

Carabina de pressão de ar – Em geral, uma carabina que funciona


como uma arma de pressão de ar e que é utilizada para fins lúdicos.
Enquanto arma destinada a tiro ao alvo, trata-se de um objecto
altamente sofisticado, reunindo nomeadamente todas as
características próprias semelhantes às de uma espingarda de
precisão.

211
Carabina standard – Designação de uma espingarda de precisão de
calibre nominal .22LR que se destina à competição entre senhoras.
Esta espingarda emprega-se em duas modalidades de tiro ao alvo que
fazem parte dos programas da I.S.S.F. Trata-se de competições a 50
metros, constando a primeira de 60 tiros na posição de deitado - a
chamada “carabina deitado” ou “match inglês” - e a segunda de 120
tiros, sendo 40 na posição de deitado, 40 na de pé e 40 na de joelhos
– a chamada “carabina três posições” -. Esta faz parte do programa
dos Jogos Olímpicos.

Carcaça – Designação comum do componente de base das pistolas


que constitui a sua parte “fixa” sobre a qual na manipulação e nos
disparos se movimenta a corrediça, onde se introduz o carregador e
onde se fixam as platinas para que o punho possa ser confortável.

Carga – Das várias definições que se podem encontrar, deixa-se aqui


a referência a algumas delas:
• Qualquer massa individualizada de um explosivo,
• A massa de pólvora química ou propulsante heterogéneo que
constitui a principal fonte de energia potencial de um dado
cartucho ou motor de foguete,
• Qualquer massa com uma função individualizada, tal como as
que se usam como carga útil de qualquer projéctil convencional,
míssil, bomba, etc.,
• A massa de agente químico, incendiário, gás, liquefeito,
fumígeno ou material biológico que constitui o principal
conteúdo de certas granadas ou bombas,
• termo carga de chumbo significa o mesmo que bagada.

Carga inerte – Designação da “carga” de um projéctil, bomba ou


granada que simula todas as funções do seu congénere “de combate”,
excepto as do domínio da balística terminal. Trata-se de uma massa
de material inerte, com o mesmo peso da carga ou incendiário do
correspondente engenho de combate, que serve para que esse
engenho seja capaz de, para todos os efeitos pretendidos, em vários
exercícios, simular um engenho “real”.
212
Carregador - Um contentor de forma aproximadamente
paralelepipédica (direito ou ligeiramente curvo), que se destina a
armazenar uma certa quantidade de munições de uma arma de
repetição, arma semi-automática ou arma automática e que é usado
com a finalidade do municíamento dessas armas se fazer de forma
muito expedita, apenas pela introdução e fixação do carregador na
arma. Neste tipo de contentor as munições são empurradas para a
boca do carregador para a extremidade que é introduzida na arma,
por uma mola, a mola do elevador do carregador.
O armazenamento das munições nos carregadores pode ser feito “em
linha” isto é, com umas por cima das outras, ou fazendo um zig-zag.
A propósito, é de notar a enorme contribuição dada ao aumento de
poder de fogo das pistolas modernas, pela introdução de carregadores
que, por terem as munições dispostas desta última maneira são
capazes de acolher até quinze unidades.
A capacidade dos carregadores determina em boa parte a capacidade
operacional das armas em que se empregam, nomeadamente nas
situações de combate a distâncias curtas, em que o volume de fogo é
um factor determinante. Mas onde se pretende utilizar ritmos de fogo
os maiores possível há que recorrer a armas alimentadas por fita.
Uma grande parte das falhas de fogo dos sistemas de arma onde se
usam carregadores, devem-se a defeitos ou desgastes destes, dado
que são componentes relativamente frágeis e fáceis de danificar e
que, quando os seus lábios deixam de reter as munições na posição
apropriada, ocasionam as referidas falhas.

Carregamento - É a acção de carregar uma arma. O carregamento é


também usado para significar um dos seguintes processos:
• A introdução, no invólucro do cartucho, da carga principal bucha
e projéctil ou projécteis.
• A introdução dos altos explosivos no corpo dos projécteis
bombas ou outras cargas úteis.

Carregar - É a acção que resulta da introdução de uma munição na


câmara do cano.
213
Carreira de tiro - Um espaço especialmente concebido para a
prática de tiro, geralmente em várias modalidades. Consiste numa
construção permanente destinada à execução de tiro contra alvos
terrestres e aéreos com armas portáteis de tiro tenso, cano estriado,
utilizando projécteis inertes de calibres normais.
Incluem três zonas: de serviços, de tiro e perigosa.
Na carreira de tiro de 25 metros podemos encontrar, por zonas: a
zona de serviços, a zona de tiro e a zona perigosa.
A Zona de serviços é composta por:
• Arrecadação para alvos,
• Sala de escrituração,
• Instalações sanitárias,
• Sistemas de abastecimento de água e energia eléctrica,
• Área de reunião de pessoal,
• Acesso à carreira de tiro.
A Zona de tiro compreende:
• Plataformas para atiradores,
• Espaldão frontal,
• Dois espaldões ou muros laterais,
• Linha de alvos única,
• Caminhos laterais para circulação do pessoal,
• Linha de alvos,
• Caminho transversal junto aos alvos.
A Zona perigosa inclui a Zona perigosa de superfície e a Zona
perigosa vertical.
Na carreira de tiro de 300 a Zona de serviços é composta por:
• Gabinete do Director,
• Sala de escrituração,
• Caserna, refeitório, sala de estar e cozinha, instalações sanitárias,
• Arrecadações,
• Oficinas de alvos,
• Sistema de abastecimento de água e de condução da energia
eléctrica,
• Instalação telefónica,
214
• Parque de estacionamento de viaturas,
• Área de reunião do pessoal,
• Acessos à carreira de tiro,
A Zona de tiro compreende:
• Leito,
• Plataforma de tiro,
• Linhas de tiro,
• Linhas de alvos,
• Espaldão convencional,
• Muros pára-balas paralelos ao eixo da carreira de tiro,
• Muros pára-balas laterais/oblíquos ao eixo da carreira de tiro,
• Abrigos dos marcadores de alvos,
• Sistema de alvos,
• Caminhos laterais.
No que se refere ao Tiro Desportivo, a parte do regulamento da

I.S.S.F. (International Sport Shooting Federation) que se aplica a

estas instalações, explica praticamente todos os requisitos a que elas

devem obedecer para satisfazer as necessidades básicas dos

utilizadores, nas provas patrocinadas por esta instituição.

Entretanto, haverá que prever outras condições básicas, de entre as

quais se salientam as seguintes:

• O local deve ser aprovado pelas autoridades encarregues do


planeamento urbanístico e ficar circundado por um espaço
salvaguardado de construções que possam no futuro implicar o
abandono da carreira, por questões de segurança na utilização,
• O local deve ser suficientemente isolado, afim de não causar
problemas de poluição sonora,
215
• Deve procurar-se que a carreira não seja construída sobre solos
rochosos, onde a probabilidade de ricochete é muito maior,
• Onde o espaço livre e seguro por detrás dos alvos não seja
ilimitado, haverá que construir espaldões, pára-balas e outras
protecções que reduzam ao mínimo a possibilidade de projecção
acidental de um projéctil, para fora do recinto,
• Para obter a iluminação mais favorável, as linhas de tiro devem
ser viradas a Norte ou a Nordeste,
• As linhas de tiro devem ser espaçosas e bem protegidas da chuva,
da luz directa, do sol e dos ventos,
• Deverá haver espaços cobertos suficientes para abrigar
escritórios, salas de classificação, balneários, sanitários, casas
fortes, etc.,
• No exterior deve haver suficiente espaço para parqueamento de
viaturas.

Cartucho - É a parte duma munição convencional (duma que não é

do tipo munição sem invólucro) de uma arma de fogo que se destina

a implementar o impulso da outra parte, os projécteis.

O cartucho pode ser do tipo invólucro metálico ou do tipo invólucro

combustível.

Tratando-se de um cartucho de invólucro metálico, o cartucho tem

também a função fundamental de realizar a obturação, neste caso a

chamada, “obturação por expansão”.

Qualquer que seja o tipo, os componentes do cartucho são:


216
• O invólucro que, como se disse, pode ser um invólucro metálico
ou um invólucro combustível,
• A escorva, que pode ser uma escorva de percussão, uma escorva
eléctrica ou uma escorva mista.
• Na maioria das munições de artilharia, o ignidor.
• A carga principal de propulsante.
O termo cartucho é também usado correntemente, embora

incorrectamente, para designar as munições das armas de caça (uma

vez que, com se referiu, diz respeito à parte de uma munição).

Cartucho de salva – Designação comum de uma munição não


equipada com projéctil, ou seja, de um cartucho de invólucro
metálico, que se destina a providenciar o impulso de uma granada de
espingarda.
Embora parecido com o cartucho de salva do mesmo calibre
especificado, a sua carga é muito diferente da deste, de tal forma que
seria mesmo bastante perigoso usar um destes cartuchos naquela
função. Isto porque, o cartucho lança granadas, que deve produzir um
grande volume de gases, tem de ter uma carga muito volumosa mas
constituída por uma pólvora de muito menor vivacidade.

Cauda do gatilho - O componente do mecanismo do gatilho de uma


arma, onde se actua com o dedo para efectuar os disparos. Nas
modalidades de tiro de precisão em que se estabelece um peso do
gatilho mínimo, o uso de uma cauda bastante larga pode dar ao
atirador a sensação de ter de vencer uma menor resistência do
mecanismo referido.

Cavado da estria – Um dos sulcos de uma alma estriada, isto é,


propriamente dita, uma estria. Nos seus movimentos nos canos,
assentam sobre os cavados das estrias, as partes intactas das camisas

217
das balas e a superfície externa deixada intacta das cintas de
forçamento e dos sabots dos projécteis de artilharia.

Cavalete – Um dos dispositivos que se usa, em laboratórios


balísticos e em carreiras de tiro, para fazer a determinação da
consistência de funcionamento de sistemas de armas. Consta de uma
estrutura pesada presa ao solo, onde se fixa a arma, estrutura essa que
inclui geralmente um dispositivo que permite reconduzir a arma
exactamente sempre à mesma posição depois de cada disparo. Isto
permite determinar a máxima consistência de tiro de que o conjunto
arma/lote de munições é capaz mas, ao contrário do que às vezes
erradamente se pretende, não permite fazer o azeramento das armas.
Isto porque, sendo o salto da arma num cavalete, muito diferente do
salto nas mãos do atirador em cada postura de tiro, o PMI (ponto
médio dos impactos, isto é, o centro geométrico dos centros dos
impactos de um conjunto de tiros apontados a um mesmo ponto de
um mesmo alvo e disparados em condições tão exactamente iguais
quanto possível) dos impactos dos tiros feitos nesse cavalete é
geralmente muito diferente do PMI dos impactos feitos em condições
reais.

Cavilha – Designação de um componente do sistema de segurança


de algumas espoletas. A cavilha, enquanto inserida no mecanismo,
impede a espoleta de funcionar. A sua remoção constitui o primeiro
passo do processo de armar a espoleta.

Chama à boca – É a chama que por vezes se forma junto à boca do


cano das armas de fogo aquando dum disparo, em simultâneo com a
saída do projéctil. Resulta da combustão, devido ao contacto com o
oxigénio atmosférico, de alguns dos produtos gasosos da combustão
da pólvora (p. ex. CO e H2). A combustão é facilitada devido à alta
temperatura dos gases e também, devido à projecção de partículas
incandescentes.
A redução ou anulação de chama à boca pode fazer-se – embora não
se conheçam exactamente as razões – usando os seguintes meios:
• Nalgumas armas de bala, pelo uso de oculta-chamas,
218
• Pelo uso de propulsantes com temperaturas de queima mais
baixas,
• Usando propulsantes em cuja composição participam
arrefecedores e moderantes.

Chapa de coice – Designação da peça que cobre a chamada “soleira”


da coronha duma espingarda ou carabina. Este nome deve-se a que,
nas armas antigas, tratava-se mesmo de uma peça feita de chapa de
aço que servia para proteger a coronha das pancadas no chão.
Nas armas de guerra modernas é quase sempre uma peça de plástico
resistente. Nas espingardas standard de tiro ao alvo, a chapa de coice
é uma peça cujo posicionamento sobre a coronha é ajustável
verticalmente, por forma a permitir melhorar cada uma das (três)
posições de tiro. Nas espingardas livres de tiro ao alvo, a chapa de
coice é uma peça altamente elaborada que permite vários
ajustamentos verticais, laterais e de curvatura, por forma a
possibilitar o seu apoio no ombro na maior superfície possível, em
cada posição de tiro.

Ciclo de funcionamento - É o conjunto das principais operações que


ocorrem numa qualquer arma de fogo moderna (isto é, numa arma de
carregamento anterior), entre dois disparos consecutivos.
Compreende (sempre nesta sequência mas, como em qualquer ciclo,
começando em qualquer delas) as operações seguintes:
• Disparo,
• Destravamento da culatra,
• Extracção (no início do “recuo” da culatra),
• Ejecção,
• Carregamento (no fim da “recuperação”),
• Travamento da culatra.
Paralelamente a estas realizam-se outras operações como sejam o
armamento do mecanismo de percussão, as eventuais actuações
automáticas do mecanismo de segurança, etc.
A diferença fundamental entre as armas de carregar pela culatra,
armas de tiro simples, armas de repetição, armas semi-automáticas e
armas automáticas, reside precisamente no correspondentemente
219
crescente grau de automatização com que estas mesmas operações
decorrem.

Coice da arma - Termo clássico que designa o recuo de uma


espingarda, ou outra arma de bala. Na realidade o recuo é só um dos
componentes do coice, o outro é o salto da arma, aquele que se
traduz no movimento da arma paralelamente ao eixo do cano.
Para o conforto do atirador o coice deve ser tão pequeno quanto

possível, na prática, quando o coice, por demasiado violento,

constitua problema pode-se recorrer a pelo menos duas soluções:

• Nas armas de “grosso calibre” cujo coice seja demasiado violento


, ele pode ser reduzido por um aumento do ângulo de queda da
coronha, o que pelo contrário, irá aumentar o salto da arma,
• Uma outra solução possível para os sistemas de arma dos calibres
nominais em que o coice tenda a ser excessivo, é a escolha de
uma arma mais pesada.
Note-se ainda que uma folga de carregamento excessiva é geralmente

causa de coice anormalmente grande.

Coice da coronha – É a zona anterior da coronha duma espingarda –


ou outra arma semelhante -, que assenta no ombro e geralmente
também na cara do atirador. O termo clássico que designa a face
anterior da coronha com que o coice vai assentar no ombro, chama-
se “soleira”. Na maioria das armas, esta é quase sempre coberta por
uma chapa de coice.

220
Colo do invólucro - É a parte estrangulada na extremidade posterior

do corpo da maioria dos invólucros metálicos, os dos chamados

invólucros com colo - das munições de artilharia, munições de

espingarda e de umas poucas munições de pistola, aonde, nestas

munições, vai ficar fixado o projéctil.

Esse estrangulamento destes invólucros serve precisamente para ser


possível fixar o projéctil, uma vez que, nestes calibres nominais, este
tem um diâmetro muito menor que o da parte central do corpo do
invólucro.

Comburente (ou Oxidante) – Designação genérica das substâncias


capazes de alimentar a combustão doutra ou doutras (os
combustíveis). Os comburentes são substâncias que contêm os
elementos oxidantes (estes elementos encontram-se na tabela
periódica à direita do azoto, enquanto que os combustíveis são os que
se encontram à sua esquerda). Nos fenómenos de combustão mais
comum, o comburente é geralmente o oxigénio do ar.

Combustão – No contexto do tratamento das reacções químicas dos


baixos explosivos/propulsantes, significa o mesmo que queima ou
deflagração. No contexto dos explosivos, os termos combustão,
deflagração e queima, são utilizados indiferentemente, pretendendo
significar a explosão dos baixos explosivos. Isto dada a semelhança
aparente entre a forma como se processa este fenómeno (da
superfície para o interior da massa dos grãos) e a forma como
queimam os combustíveis sólidos.
Tratando-se simplesmente de combustíveis, é a propagação de uma
reacção exotérmica por condução, convecção e radiação. Trata-se
aqui de uma reacção química que consiste numa oxidação térmica
que produz luz, chama faíscas e fumo. A combustão dos
combustíveis, ao contrário da dos explosivos, depende sempre da
221
presença de uma matéria comburente exterior a eles, geralmente o
oxigénio do ar.

Concentração – Termo que surge no contexto mais alargado da


preparação psicológica dum atleta significando, em termos gerais, o
cenário, o enquadramento mental, em que esse atleta treina ou
participa numa competição. “Estar concentrado” significa que pela
mente não passa nenhuma ideia estranha às técnicas ou às tácticas
indispensáveis a um desempenho de “alto rendimento”, de tal
maneira que a sua atenção e energia anímica possam ser
apropriadamente dirigidas para um “objecto” funcionalmente útil.
Não significando o mesmo, este termo é confundido por vezes com o
termo “atenção”.

Concordância – A porção da alma que constitui a transição entre a


câmara e o começo do estriamento onde, idealmente, a ogiva do
projéctil vai ficar encostada ao início das rampas que conduzem aos
salientes das estrias. Caso isso não aconteça, é a zona da alma onde o
projéctil realiza o seu salto livre, até começar a ser cortado pelos
salientes das estrias.
A concordância define-se ainda mais especificamente, conforme o
tipo de cartucho usado, como sendo:
• Nos sistemas de arma em que se usa cartucho de invólucro
metálico, é a zona que fica imediatamente à frente do ponto onde
deve ficar a extremidade do colo do invólucro,
• Nos sistemas em que se usa cartuchos de invólucro combustível,
é a zona onde, após o carregamento, fica fixada a cinta de
forçamento do projéctil.

Consistência do tiro – A consistência de um conjunto de tiros,


pressupondo que todos eles foram apontados em condições
exactamente iguais a um mesmo ponto dum alvo, é, por definição, a
medida – feita por exemplo em termos de desvio médio – da
concentração à roda do PMI dos vários impactos desses tiros. O
termo consistência do tiro, considerada esta definição, significa
portanto o inverso de dispersão à volta do PMI. Neste caso, a
222
consistência é, na realidade, o resultado das consistências da arma, da
munição e da actuação do atirador.
Este produto das consistências de cada um dos subsistemas é
portanto o factor que melhor exprime a “qualidade” do conjunto, o
valor do funcionamento do sistema, e este é verdadeiramente, de
facto, o seu substracto mais difícil de obter.

Coronha - O componente de uma espingarda, carabina, pistola,


metralhadora ou metralhadora, que serve para o utilizador apoiar no
ombro e no peito, conferindo maior estabilidade à arma, para
permitir ao utilizador uma maior consistência do tiro.
A natureza do apoio que dá ao cano, faz com que a coronha
contribua bastante para a regularidade ou irregularidade das
vibrações do cano, sendo de notar que as coronhas inteiras são
sempre melhores neste sentido, que as coronhas partidas.
As partes duma coronha convencional são o fuste, o delgado e o
coice.
Nas armas de caça, conforme a sua configuração na região do
delgado, as coronhas classificam-se em “coronha de pistola”,
“coronha de semi-pistola” e “coronha à inglesa”.
Em todos os tipos de armas modernas, dado principalmente a grande
dificuldade em conseguir boas madeiras e dada a estabilidade dos
materiais sintéticos perante a humidade e as variações de
temperatura, é cada vez mais frequente o emprego destes materiais
para a sua confecção.

Coronha anatómica – Termo aplicado à maioria das coronhas das


espingardas de tiro ao alvo, em que este componente é um órgão
bastante sofisticado por forma a incluir uma boa cama do cano e a
permitir o ajustamento da arma às diversas disposições das partes do
corpo dos atiradores, nas várias posições de tiro. No mínimo, estas
coronhas permitem ajustamentos do comprimento do coice e das
posições da chapa de coice, do apoio regulável da cara do atirador e
do fixador da bandoleira.

223
Coronha inteira – Uma coronha que é feita de um única peça. Este
tipo de coronha, por permitir dispor dum cano flutuante, é o que
melhor se presta a equipar as armas em que é indispensável obter
uma grande consistência do tiro.

Coronha partida – Uma coronha que o fuste constitui uma peça


separada que se monta sobre o cano ou se fixa à caixa da culatra.

Corrediça - Designação comum do conjunto da culatra com a caixa


da culatra das pistolas semi-automáticas que são as partes recuantes
destas armas. Isto aparte o pequeno movimento do cano nas pistolas
operadas por recuo.

Culatra - É o componente da arma de fogo moderna que tem pelo


menos as funções seguintes:
• Fechar anteriormente a câmara do cano, servindo de suporte aos
invólucros dos cartuchos durante os disparos, e assim tornando
possível a obturação,
• Alojar o mecanismo de percussão,
• Servir de suporte aos(s) extractor(es), aos mecanismos de
travamento da culatra e por vezes aos ejectores.
Pelo que, é a culatra, o componente que se pode considerar que é o
“coração” duma arma, o que realiza grande parte das operações do
seu ciclo de funcionamento.
Pretende-se quase sempre que sejam peças o mais leves possível e de
dimensões pequenas, a fim que a energia cinética que acumulam e o
espaço da arma que ocupam para o seu movimento, sejam tão
pequenos quanto possível.
Nas peças de artilharia automáticas, há normalmente que dispor de
um dispositivo especial, eléctrico, hidráulico ou pneumático que
permita a sua movimentação e a preparação do mecanismo de armar
antes do primeiro disparo.
Sendo sempre peças com uma solidez suficiente para suportar as
grandes pressões que se exercem sobre elas, existem numa grande
variedade de configurações e formas de operar. As culatras das armas

224
modernas classificam-se, pela forma como se opera o seu
movimento, em:
• Culatras de cunha ou culatras de gaveta (com movimento
transversal),
• Culatras de parafuso (com movimento de dupla rotação),
• Culatras de ferrolho (com movimento longitudinal e travamento,
atrás ou à frente, por rotação),
• Culatras de corrediça (com movimento longitudinal),
• Culatras pendentes (com movimento de báscula).

Cunhete - Uma caixa ou outro contentor para o transporte de


munições, que deve ser concebida por forma a que as munições
transportadas fiquem bastante protegidas contra choques e
influências climatéricas.

Deflagração – Consiste numa reacção química cuja frente de reacção


se propaga com uma velocidade inferior à velocidade do som, isto é,
ocorre como um regime subsónico. Este termo é usado com sinónimo
de queima pretendendo significar a explosão dum baixo explosivo,
em particular dum propulsante.

Delgado - A parte central e em geral mais fina da coronha que serve


de apoio à mão, ou para ser agarrada com a mão, que se usa para
efectuar os disparos. A face superior do delgado, sobre a qual se
posiciona o dedo polegar, chama-se a “dedeira”. Conforme a
configuração desta parte da coronha, assim as coronhas se designam
por “coronhas à inglesa”, “coronhas de pistola” e “coronhas de semi-
pistola”.

Dente do armador - Dente existente no armador, que se encontra


saliente no interior e no fundo da caixa da culatra, ao qual se vai
encostar o entalhe de armar e que assim provoca o armar do percutor.

Depósito – É o alojamento onde se depositam as (5 ou mais)


munições numa arma de repetição, em preparação para a sua
transferência para o mecanismo de repetição, para onde são
225
impelidas por um impulsor/elevador accionado por uma mola.
Existem várias configurações de depósitos:
• Tubulares, dentro do fuste ou dentro do coice da coronha,
• De caixa/paralelepipédicos, ficando as munições sobrepostas
numa só coluna ou em zig-zag, situados por baixo da caixa da
culatra,
• Mistos das configurações anteriores,
• Rotativos, situados por baixo da caixa da culatra.

Desarmador - Peça necessária para a execução de tiro automático,


que obriga o detentor do cão a rodar, libertando o cão no momento
em que a culatra se encontra travada e fechada. Tem por finalidade
provocar disparos sucessivos sem aliviar a pressão no gatilho.

Desenfiamento de uma infra-estrutura de tiro – É o conjunto de


disposições destinadas a: deter e absorver os projécteis nas suas
trajectórias directas ou depois de ricochetearem; limitar a amplitude
do feixe de trajectórias; evitar a formação de ricochetes, por forma a
impedirem que projécteis directos e ricochetes saiam para o exterior
da infra-estrutura de tiro.
São exemplos de dispositivos de desenfiamento vertical superior:
• Espaldão pára-balas,
• Câmara pára-balas,
• Câmara de detenção/recolha de projécteis,
• Limitadores de pontaria,
• Muros diafragmas pára-balas,
• Palas.
São exemplos de dispositivos de desenfiamento vertical inferior:
• Plataformas de tiro elevadas,
• Banquetas de tiro,
• Limitadores de pontaria,
• Abrigos para marcadores,
• Traveses e cordões,
• Degraus,
• Cortaduras,
226
• Espaldões intermédios,
• Espaldão final,
• Câmara pára-balas.

Destravamento da culatra - É uma das fases do ciclo de


funcionamento da maioria das armas de tiro simples, armas de
repetição, armas semi-automáticas e armas automáticas. Nos
sistemas de arma em que se opera com munições de média e grande
potência, dadas as pressões que as bases dos invólucros exercem na
face da culatra, há que operar com uma culatra que, de forma
infalível, enquanto a pressão dos gases dentro do cano for alta, se
mantenha imóvel ficando a bloquear a expulsão dos invólucros da
câmara.
Este bloqueamento é garantido nestas armas, precisamente por um
travamento da culatra, uma operação mecânica que tem lugar após o
carregamento e fechamento da culatra. Pelo que, após o disparo, há
que efectuar o correspondente “destravamento”, a fim de dar
continuidade ao ciclo referido.

Detentor da culatra - Peça destinada a evitar que a culatra deslize


para fora da caixa da culatra, fazendo-a parar na posição de
carregamento.

Detentor do cão - Peça existente no mecanismo de disparar das


armas semi-automáticas e automáticas, que prende o cão, embora o
gatilho esteja premido e o armador rodado para baixo. O detentor do
cão é accionado por forma a libertar o cão por uma peça de ligação
que transmite o movimento do armador ao detentor.

Detonação – É caracterizada por uma propagação da frente de


reacção com velocidade superior à velocidade do som, sendo nessas
circunstâncias considerado um regime supersónico. A detonação é
uma reacção característica das cargas de alto explosivo. Numa
detonação, a velocidade de reacção explosiva (que é a da própria
onda explosiva que se propaga no interior do alto explosivo), varia
entre o 2.000 e os 9.000 m/s. numa tal explosão, a referida
227
velocidade é tal que não há tempo para que o calor libertado pela
decomposição molecular duma parte do explosivo se comunique à
restante massa.
A ordem de grandeza destas velocidades dá lugar a fenómenos que
decorrem “instantaneamente” e que portanto se caracterizam pela
extraordinária potência dos seus efeitos. Os efeitos para o exterior da
ocorrência de uma detonação são os resultantes da formação de uma
onda de choque, mas os efeitos destrutivos resultam também (a maior
parte das vezes) da projecção de estilhaços formados e acelerados na
fragmentação do corpo/invólucro do engenho onde a carga se faz
transportar.

Detonação por simpatia – É a detonação de uma ou mais cargas de


alto explosivo provocada pela onda de choque originada pela
detonação de uma outra massa de alto explosivo que tenha explodido
na sua proximidade, quando essa onda de choque, propagando-se no
espaço entre as duas, a(s) atinja com suficiente intensidade.

Detonador - Um componente duma espoleta, que, carregado com


uma pequena carga dum alto explosivo primário, é o primeiro
elemento de uma cadeia explosiva de detonação, na medida em que
lhe compete iniciar o reforçador de espoleta ou directamente a carga
principal.
Pode também ser um dispositivo eléctro-explosivo ou pirotécnico-
explosivo que tem como carga uma pequena massa dum salto
explosivo primário e que é usado em demolição, onde serve como
iniciador da explosão de uma carga de demolição.
Quanto à forma como se dá a sua iniciação, os detonadores podem
ser classificados como:
• Detonadores de percussão,
• Detonadores de perfuração,
• Detonadores eléctricos.
Em qualquer dos casos, são constituídos por uma cápsula cilíndrica
cheia até cerca de metade com uma carga comprimida de um
explosivo primário e completa por um ignidor mecânico, pirotécnico
ou eléctrico; uma cabeça eléctrica.
228
Dióptero – Termo por que se designam as alças fechadas equipadas
com mecanismos micrométricos de azeramento que se usam nas
espingardas de tiro ao alvo. Trata-se obrigatoriamente de
mecanismos de grande fiabilidade e precisão de funcionamento.

Disciplina de fogo - Atitude tomada pelo utilizador, de uma arma de


fogo e com a qual esta só desencadeia o tiro sobre objectivos que lhe
sejam determinados e apenas quando ordenado pelo respectivo
Comandante.

Disparo - Em geral, este termo designa o conjunto de acções e


reacções que se processam num sistema de arma desde o instante em
que se acciona o mecanismo do gatilho da arma até ao instante em
que o projéctil, granada-foguete ou míssil, sai do cano ou do
lançador. Ou seja, a acção pela qual, usando uma arma de fogo, um
lançador ou uma arma de propulsão por reacção e uma munição,
granada foguete ou míssil, se põe o projéctil, a granada foguete ou o
míssil em movimento. Isto a fim de que estes, percorrendo uma
trajectória no espaço, venham a atingir um dado alvo. O disparo é
portanto um processo na sua maior parte explicado pelas teorias da
balística interna e vem a propósito referir que um disparo é, neste
contexto, um processo físico-químico, pelo qual se faz a
transformação da energia contida numa carga de propulsante em
gases e calor e da energia interna/calorífica destes, em energia
cinética dum projéctil ou outro engenho. Ainda a propósito, note-se
que o disparo de uma arma de pressão de ar, é uma excepção pois é
um processo meramente físico, pelo qual se transforma a energia
acumulada numa porção de gás comprimido em energia dum
projéctil.
Entendido assim, o disparo é portanto a primeira fase dum tiro e a
consequência de um disparo é um tiro.
No contexto do funcionamento dos mecanismos do gatilho, um
disparo é meramente a actuação na cauda do gatilho, com uma força
superior ao peso do gatilho por forma a dar início ao processo
referido.
229
No contexto das técnicas do tiro de precisão, o termo “disparo” tem
um significado muito amplo. Significa aqui todo o conjunto de
acções que vão desde as de concepção e afinação dos mecanismos do
gatilho, por forma a que seu funcionamento corresponda à
sensibilidade e às necessidades do atirador, até à aquisição de um
conjunto de habilidades psico-motoras, nomeadamente as de
“independência” do dedo que actua no gatilho e de manutenção da
imobilidade de todo o corpo até depois do projéctil sair da arma.
Habilidades estas que têm de ser objecto de uma aprendizagem e de
um treino sistemático, até porque qualquer que seja a técnica
escolhida para a sua execução, os disparos, tendo de ser executados
com o atirador em apneia, é imperativo que se completem num
intervalo de poucos segundos, afim de ser possível manter uma
perfeita oxigenação do cérebro e portanto manter uma capacidade da
visão a 100%.
A propósito, sendo que as componentes principais tecnológicas do
tiro ao alvo, são:
• A posição de tiro (posição exterior e posição interior),
• A pontaria,
• O disparo.
esta última, para ser tecnicamente aceitável e “funcionar
automaticamente”, é geralmente a de mais difícil domínio, a que
requer uma verdadeira aprendizagem e uma maior dose de treino.
Finalmente, refira-se que os melhores atiradores dispõem de mais do
que uma técnica de execução a fim de lhes ser possível adaptarem-se
às variações das condições ambientes.

Disparo consciente – Termo que designa uma técnica de disparo


susceptível de ser usada nalgumas disciplinas de tiro ao alvo,
caracterizado por – além da sua possível associação à técnica de
disparo em preparação -, o atirador escolher o momento preciso em
que quer que o disparo ocorra. Consiste essencialmente de,
encontradas as condições para a realização de uma boa pontaria e
estando o atirador preparado para manter completamente inalterada a
sua posição de tiro durante toda a duração do disparo (uma
preparação só é possível através de anos de treino) e a seguir a uma
230
“preparação do gatilho”, com um simples movimento do dedo
indicador, fazer funcionar o mecanismo do gatilho, enquanto todo o
resto do corpo se mantém imóvel isto é, sem registar qualquer
contracção ainda que pequena.
Para ser tecnicamente aceitável e útil, esta técnica requer, como se
disse, um trabalho de preparação longo e sistematizado,
nomeadamente da capacidade de mobilização inteiramente
independente do dedo que actua a cauda do gatilho.

Disparo inconsciente – Uma técnica de disparo que é porventura a


mais usada nas várias disciplinas do tiro ao alvo. Caracteriza-se por
com ela o atirador escolher simplesmente as alturas em que os
disparos devem começar a processar-se, mas nunca os momentos
precisos em que os disparos ocorrem. Para cada tiro, a partir do
instante em que a sua estabilidade é boa e que sente que todo o
processo está a decorrer normalmente, o atirador vai aumentar a
pressão sobre o gatilho, segundo um dos vários métodos possíveis,
até que, “inesperadamente”, o disparo ocorra.
Esta técnica requer uma boa estabilidade, nomeadamente uma boa
estabilidade da arma mas, em compensação, não requer a realização
da técnica do disparo em preparação e não há que recear a ocorrência
de movimentos incontrolados quase sempre susceptíveis de
ocorrerem, no instante crítico, quando se executa com uma técnica
menos que perfeita de disparo consciente.
A única dificuldade está associada com o facto de que as acções de
disparo, para serem sistematicamente eficazes, requerem a posse
dum grande automatismo da actuação no gatilho, o que por sua vez
requer uma grande dose de treino diário.

Dispersão do tiro - Termo que se refere à distribuição do conjunto


dos impactos dos projécteis disparados sob condições constantes, por
uma arma ou conjunto de armas iguais que se apontam a um mesmo
alvo. Note-se que sendo em geral verdade que a dispersão do tiro
deve ser a menor possível, em certas condições tácticas, é desejável
um considerável grau de dispersão.

231
Embora apenas qualitativamente, o termo significa o inverso de
consistência do tiro.
O termo também se aplica à distribuição dos impactos de uma única
salva.

Dispositivo de desenfiamento – Elementos arquitectónicos


destinados a interceptar os projécteis, o feixe de trajectórias e evitar a
formação de ricochetes.

Dispositivo de segurança e armamento - Um dispositivo que faz


parte duma espoleta e que tem a função de impedir o seu
funcionamento, isto é, manter na posição de desarmada essa espoleta
e portanto da cabeça de combate onde ela se monta, até que ela seja
projectada para além da distância de segurança à boca. Nessa altura,
este dispositivo passa-a, infalivelmente, à condição de armada.

Distribuição - Acção feita pelo elevador, posição dos elos da fita ou


alojamento da lâmina por forma que os cartuchos sejam apresentados
um após outro.

Duração do Fechamento – É o intervalo de tempo, respeitante à


viagem do percutor – ou do cão e do percutor -, desde que é libertado
pelo armador do mecanismo do gatilho até que a sua ponta dá lugar
ao funcionamento da escorva da munição. Este intervalo depende
sobretudo da distância a percorrer pelo percutor e da relação entre o
peso deste e a força exercida pela mola real quando comprimida.
Em todas as armas mas em especial nas armas destinadas a realizar
tiro de precisão, este intervalo de tempo deve ser tão pequeno quanto
possível porque, ocorrendo numa altura em que o atirador pode
cometer erros de disparo substanciais, a duração do fechamento, ao
determinar em grande parte a demora do projéctil em sair do cano,
condiciona extraordinariamente a consistência do tiro dessas armas.
Pelo que o tempo de fechamento, um dos factores determinantes da
qualidade desta classe de armas deve ser, no máximo, da ordem dos
3 ou 4 milésimos de segundo.

232
Por outro lado, quaisquer tentativas de reduzir a duração do
fechamento para além dos 2 milisegundos, conduzem quase
certamente a falhas de percussão.
Nas armas pesadas, a duração de fechamento é geralmente da ordem
das poucas dezenas de milisegundos.

Efeitos do vento sobre os projécteis - Em primeiro lugar há que


estabelecer que os desvios provocados pelo vento nas trajectórias dos
projécteis e portanto os desvios dos impactos num alvo, não são
menores, ao contrário do que parece, para um projéctil de grande
velocidade que permita uma menor duração do voo entre a arma e o
alvo. As amplitudes desses desvios são sim proporcionais às suas
perdas de velocidade nesse percurso.
De facto, a deflexão (Def) provocada por um vento lateral de
velocidade Vv sobre um projéctil de velocidade inicial Vi, que leva
um tempo t a atingir um alvo à distância L, é dada pela expressão
seguinte (um caso particular da equação de Didion):
Def = Vv x ( t – L/Vi )
Note-se que a quantidade entre parêntesis tem sinal positivo e
corresponde ao “tempo que o projéctil perde a atingir o alvo, pelo
facto de perder velocidade”.
Deste postulado, que é fácil provar, pode retirar-se duas conclusões
muito importantes:
• A primeira diz respeito a que, dado que os projécteis de maior
velocidade sofrem de uma resistência do ar proporcionalmente
muito maior, o que os faz perder muito mais da sua velocidade,
eles são precisamente os mais desviados pelo vento. Daqui que,
por exemplo, as munições de calibre nominal .22 LR de boa
qualidade, destinadas a tiro ao alvo, sejam sempre munições de
velocidade inicial relativamente baixa (velocidade subsónica). E
que os melhores atiradores usem em dias de muito vento
munições que produzem velocidades à boca excepcionalmente
baixas,
• A segunda tem a ver com o facto de, sendo o coeficiente
balístico o factor que determina a maior ou menor perda de
233
velocidade dum projéctil que opera numa dada gama de
velocidades, os projécteis menos afectados pelo vento são os que
apresentam um coeficiente balístico alto, ou um coeficiente de
resistência baixo. Este é um facto a ter bem presente pelo menos
em todas as situações de tiro a grandes distâncias.
Ainda outros factos a ter em conta são:
• Que os ventos de direcções aproximadamente paralelas ao plano
da trajectória, têm efeitos muito menores do que os de direcções
aproximadamente normais a este plano. Um vento que sopra na
base do projéctil fá-lo ter um ponto de impacto mais alto e um
vento que sopra “ de frente”, um ponto de impacto mais baixo.
Isto porque um vento “de frente”, retarda ligeiramente o projéctil,
fá-lo aumentar o tempo de voo para o alvo, aumento esse que,
dando lugar a que a gravidade actue durante mais tempo, faz com
que o impacto venha a ser mais baixo do que o do projéctil não
actuado por este vento. Um vento “de frente” tem, pelas mesmas
razões, o efeito de reduzir o alcance máximo,
• Que os ventos laterais, desde que os projécteis sejam
estabilizados por rotação, além de os desviarem lateralmente,
também lhes provocam - ao darem lugar ao aparecimento do
efeito de Magnus -, movimentos para cima ou para baixo
conforme o sentido do vento seja respectivamente da direita para
a esquerda ou da esquerda para a direita, isto se os disparos se
fizerem numa arma de passo das estrias direito.
Os efeitos do vento sobre os projécteis dependem muito ainda do tipo
de projéctil em questão. Um vento lateral desvia um projéctil
estabilizado aerodinamicamente de uma quantidade que é menor que
no caso dum projéctil estabilizado giroscopicamente.
Finalmente, há que notar que os desvios causados pelos ventos sobre
as granadas-foguete na fase de propulsão, além de serem em sentido
contrário a granada-foguete, nesta fase de aceleração, desvia-se para
o lado do vento, são proporcionalmente muito maiores, o que explica
em grande parte a bastante menor consistência do tiro feito com estas
munições.

234
Efeito de simpatia - Designação do efeito pelo qual uma massa de
alto explosivo pode ser levada a detonar, dado que uma outra detone
na sua proximidade, produzindo uma onda de choque que venha a
atingi-la com suficiente intensidade.
As considerações sobre este efeito, para além de participarem no
projecto de praticamente todos os engenhos explosivos, são as que
presidem nos projectos de recintos de paióis de munições, tendo em
vista a redução do risco de explosão dos materiais contidos em cada
um deles em caso de acidente num outro.

Ejecção - É a operação do ciclo de funcionamento que consiste na


expulsão do invólucro metálico da munição anteriormente disparada,
para fora da caixa da culatra, operação que se sucede á sua extracção
da câmara. Nos sistemas de arma em que a ejecção pode ser feita
para trás - em linha com o cano -, a ejecção do invólucro é apenas a
continuação do movimento de extracção, aproveitando a inércia de
movimento desta.
Nas armas em que a ejecção pode ser feita transversalmente, ela
opera-se geralmente pela acção conjunta do extractor e do ejector
que, num certo ponto do ciclo de funcionamento a seguir à extracção,
aplicam um binário de forças ao invólucro, fazendo-o rodar sobre si
próprio e saltar por uma janela de ejecção.
Nalgumas armas a ejecção do invólucro é feita não pelo ejector mas
sim pela munição seguinte no seu movimento para a frente durante o
seu carregamento.
Idealmente, a ejecção deveria fazer-se sempre de tal forma que o
projéctil fosse projectado para a frente e - numa arma destinada a um
atirador direito - para a direita.
A extracção e a ejecção são as duas operações que não têm lugar no
ciclo de funcionamento, quando se usam munições de invólucro
combustível ou munições sem invólucro.

Ejector - Nos sistemas de arma em que a ejecção dos invólucros é


feita transversalmente/lateralmente, é o componente que em
conjunção com o extractor, exercendo um binário sobre a base do
invólucro, realiza a ejecção.
235
Nos sistemas de arma em que a ejecção é feita em linha com o cano,
a ejecção é feita pelos próprios extractores.
Os ejectores podem ter as seguintes configurações:
• A de uma peça fixa num ponto da caixa da culatra, que corre num
rasgo da culatra quando esta se move,
• A de uma ponta saliente de um dos lábios do carregador que
também corre num rasgo da culatra,
• É o próprio percutor que ficando a fazer força sobre a escorva,
leva à ejecção do invólucro - por acção combinada com a do
extractor -, logo que este sai da câmara.
• A de um conjunto de um impulsor com uma mola que se montam
na face da culatra, de tal forma que o impulsor fica a comprimir
fortemente para a frente um ponto da periferia da base do
invólucro.
Os ejectores que actuam fixados num ponto da caixa da culatra ou os
que fazem parte dos carregadores, agem tal que, no fim da acção de
extracção, um ponto da periferia da base dos invólucros vai bater
neles quando emergem da face da culatra. Como os invólucros
continuam agarrados do lado oposto pelo extractor, forma-se então
um binário que, fazendo-o rodar, acaba por expeli-los pela janela de
ejecção.
O tipo de ejector que se monta na face da culatra age sob tensão da
sua mola que o empurra contra um ponto da periferia da base dos
invólucros, aproximadamente do lado oposto àquele em que actua o
extractor. De tal forma que os invólucros ficam permanentemente
sujeitos a um binário de forças que, no momento oportuno, isto é
logo que o invólucro fica livre para rodar á frente, acaba por realizar
a ejecção.
Nas armas em que se usa aquilo a que se chama “ejectores
automáticos”, o impulsor do ejector fica sob a tensão da mola até ao
ponto do ciclo de funcionamento em que deve ocorrer a extracção.
Nesse instante o impulsor do ejector é libertado e, sob o impulso da
mola, vai dar uma pancada no extractor obrigando-o a fazer a
extracção dos invólucros com tal violência que estes, sob a sua
própria inércia são projectados bruscamente para fora das câmaras.

236
Note-se que as falhas de ejecção são das causas mais frequentes de
falhas de fogo, uma vez que os ejectores são componentes sujeitos a
grandes esforços o que os faz quebrarem-se com bastante frequência.

Elevador - Nas armas de repetição com um depósito sob a caixa da


culatra, é o conjunto de peças que, no interior desses depósitos, serve
para empurrar as munições neles introduzidas em direcção à caixa da
culatra.
Nas armas de bala em que se usa um carregador ou um tambor, é o
conjunto de peças que serve para empurrar as munições nele
introduzidas para a boca do carregador ou boca do tambor. Em
qualquer dos casos, este conjunto é constituído pela mesa e pela mola
do elevador.

Elo - Peça de metal que suporta cada cartucho de uma fita


carregadora de uma arma automática.

Empunhadura (duma pistola ou dum revolver) - É o termo


técnico que se usa para designar a forma como um utilizador
empunha uma pistola ou revolver.
Em termos de tiro de precisão, a empunhadura envolve bastantes
complexidades técnicas, ao ponto de alguns teóricos garantirem que
a aquisição de uma boa empunhadura é “meio caminho andado” na
formação de um bom atirador.
A “boa empunhadura” caracteriza-se essencialmente por três pontos:
• É totalmente consistente, isto é, é sempre exactamente a mesma,
em termos de colocação da mão no punho e do aperto deste.
• É tal que o dedo indicador se pode mover livremente da frente
para trás, paralelamente ao cano e ao fazê-lo não causa qualquer
movimento espúrio da arma no instante crítico do disparo. Para
conseguir isto, por vezes há que executar correcções especiais no
punho.
• Da boa empunhadura resulta, dentro das limitações impostas pela
concepção de cada arma, que o salto da arma é mínimo sendo que
a maior parte da energia do recuo é absorvida pelo braço e pelo
ombro do atirador. Isto significa invariavelmente que a parte
237
mais alta da mão fica situada o mais perto possível do eixo do
cano.

Erosão - O termo aplica-se em dois contextos:


• Erosão dos canos: Um processo involuntário e de evolução
praticamente exponencial, pelo qual os efeitos combinados das
altas temperaturas e altas pressões dos gases das pólvora e do
atrito dos projécteis, agindo sobre a superfície metálica das almas
dos canos, as vão alterando e desgastando mecanicamente. A
zona da alma onde a erosão é mais intensa é no início da parte
estriada, ou na zona correspondente, nas armas de alma lisa, onde
os gases, a alta velocidade e temperatura, rapidamente alteram a
composição química dos aços da superfície, formando materiais
quebradiços que facilmente são depois arrastados sob o atrito dos
projécteis. Este fenómeno é particularmente dependente da
temperatura dos gases. Na realização de tiro com altos ritmos de
fogo, a menos que sejam usados métodos de arrefecimento
artificial, por água ou ar, a temperatura do cano tende a subir
incessantemente e isto acelera a velocidade da erosão. Esta
erosão pode ser muito reduzida: pelo uso de certas ligas como a
de aço crómio-molibdénio, no fabrico dos canos, dada a grande
resistência destas ligas às altas temperaturas; pelo tratamento, por
depósito electrolítico nas almas, por exemplo de crómio. Os
canos com uma alma desenhada de uma forma especial em que o
início do estriamento se faz bastante mais à frente e termina
também antes da boca, são também bastante imunes à erosão. O
uso de qualquer destes métodos, é no entanto um factor de
complexidade e custo. Uma forma anormal de erosão, decorre da
utilização de projécteis que não efectuam devidamente a
obturação para a frente, o que faz com que os gases que se
passam entre o projéctil e as paredes da alma exerçam um forte
desgaste nesta.
• Erosão das gargantas das agulhetas dos motores: O fenómeno
pelo qual as gargantas das agulhetas de De Laval, sujeitas como
estão a temperaturas muito altas por parte dos gases dos
propulsantes usados em motores de foguete ou em armas de
238
propulsão por reacção, também ficam sujeitas a desgastes
consideráveis, segundo um processo idêntico ao anteriormente
descrito.

Erro angular - No tiro feito com armas equipadas com aparelhos de


pontaria do tipo miras metálicas, é em princípio, de longe, o mais
grave dos dois erros de pontaria possíveis. Este erro resulta do não
alinhamento das referências “olho director/alça/ponto de mira”, que
se traduz no apontar da arma segundo uma linha oblíqua à linha que
une o olho ao centro da zona de pontaria.
Os efeitos do erro angular são proporcionais à razão; distância ao
alvo/base de mira.
O chamado factor multiplicador do erro angular, a quantidade por
que se tem de multiplicar o erro de alinhamento na pontaria - o erro
angular -, para se obter o desvio do impacto no alvo. Dos valores
concretos deste factor multiplicador pode-se tirar directamente
algumas conclusões:
• Sendo a base de mira muito menor nas pistolas e revólveres do
que nas espingardas, para as mesmas distâncias os erros
angulares têm efeitos muito maiores no tiro com as primeiras
destas armas, pelo que a pontaria com estas consta praticamente
só da eliminação dos erros angulares, por mais pequenos que
estes sejam,
• Porque o factor multiplicador no tiro ao alvo com espingarda a
300 metros é de facto muito grande, também nesta modalidade de
tiro há que tomar maiores precauções quanto ao erro angular do
que no tiro ao alvo de competição com espingarda, a 50 metros.
• Porque o factor multiplicador é muito pequeno no tiro ao alvo
com espingarda a 10 metros, este erro quase não tem de ser
considerado nesta modalidade.

Erros no disparo - São os erros mais graves que um atirador de


espingarda ou pistola, pode fazer e faz normalmente. Resultam
directamente da necessidade de ter de actuar no mecanismos do
gatilho para realizar os disparos, o que em si constitui uma acção
“dinâmica”, em princípio contraditória da necessidade de
239
estabilizar/imobilizar a arma na acção de a apontar, o que constitui
uma actividade “estática”.
Os erros nos disparos a que, pelos enormes desvios que provocam, se
chama gatilhadas, são erros do processo apontar/disparar, que
ocorrem quando, no momento crucial deste processo, que é o da
ultima fase da actuação no mecanismo dum gatilho, o atirador
imprime, involuntariamente, movimentos indesejáveis à arma, tal
que esta, durante os instantes em que a bala percorre o cano, se vai
deslocar “angularmente” por forma a que o resultado dum tiro acaba
por ser desastroso.
A identificação da natureza destes erros passa necessariamente pelo
reconhecimento do seguinte:
• De que estes erros ficam muitas vezes a dever-se ao desejo de
“libertação”, de raiz psico-fisiológica, que antecede cada disparo
e que se pode descrever como um desejo do atirador, sujeito a
uma certa tensão emocional, de libertar-se da ansiedade quanto
ao resultado daquele disparo. Isto constitui uma dificuldade
particularmente aguda quanto o atirador, imerso num clima
gerador de tensão emocional, como é o da competição desportiva,
sentindo-se pressionado pela responsabilidade de produzir um
bom resultado dentro de um limite de tempo que sente esgotar-se
rapidamente e pelos outros sintomas dessa tensão emocional;
ritmo cardíaco acelerado, sensações de calor excessivo, sudação
intensa, etc., começa a encarar os disparos como actos de
“libertação”, como formas de, rapidamente, dar por finda essa
situação,
• Do facto de que a flexão de cada dedo da mão humana é
realizado pela contracção de um dado número de fibras
musculares do antebraço, fibras essas que são todas comuns a um
mesmo músculo. De forma que, sem uma preparação/treino
especial continuado, é quase impossível ser capaz de flectir o
dedo que actua no gatilho da arma, sem que os outros músculos
do braço também sofram contracções.
• Do facto de que os erros no disparo têm consequências que são
proporcionalmente mais graves se o tempo/duração de
fechamento da arma for maior. Daqui que os erros de disparo
240
sejam particularmente graves no tiro com armas de pressão de ar,
notáveis como é sabido por terem tempos de fechamento muito
grandes. Os referidos “movimentos indesejáveis”, resultam
portanto da impossibilidade prática, inerente até à própria
anatomia de qualquer indivíduo não profusamente treinado, de
actuar no mecanismo do gatilho, sem que essa acção psico-
fisiológica desencadeie outros movimentos, esses em si mesmos
incontrolados e tendentes a destruir a pontaria no momento mais
crítico.
Dado que todo o atirador acaba por participar em situações geradoras
de tensão emocional a que ninguém é completamente imune, o
principal objectivo da aprendizagem e treino das técnicas e das
tácticas de cada modalidade de tiro de precisão, é exactamente a
automatização dos procedimentos conducentes à irradiação das
causas destes erros.
Daqui também que, a preparação de um atirador de alto nível, passe
necessariamente pela participação num grande número de
competições ao longo de vários anos de esforços persistentes.

Erro de translação (ou erro paralelo)


Nas armas equipadas com miras metálicas, e no contexto do tiro de
precisão, é o erro de pontaria que resulta de, a linha de mira/a linha
olho director/alça/ponto de mira, cujo estabelecimento é
indispensável para eliminar o erro angular, não ser dirigida
exactamente ao centro do alvo ou ao centro da zona de pontaria. Este
erro deve ser olhado não só como inevitável em certa medida, mas
como tendo consequências geralmente pequenas, muito menores que
as do erro angular, nomeadamente no tiro com pistolas e revólveres.
Na realidade os bons atiradores com estas armas, aceitam o
cometimento deste erro, para se concentrarem na redução dos erros
angulares.
Teoricamente, os erros de translação são independentes da distância
ao alvo mas, na prática, pela sensação de insegurança que, a grandes
distâncias, a sua observação pode transmitir ao atirador, são fonte de
todo o tipo de outros erros, nomeadamente de erros no disparo.

241
A redução automática dos erros de translação, faz-se pela criação de
uma maior estabilidade do atirador - do seu corpo -, o que é o prémio
da aquisição de uma posição exterior eficaz e de um treino muscular
que permita ao atirador sentir-se em conforto total na posição de tiro.
Estas condições conduzem, na prática, à quase imobilização da arma,
de tal maneira que o atirador passa a dispor de uma confiança tal que,
a observação de um período de oscilações acentuadas, é encarado
apenas como um fenómeno passageiro.

Escape de gases - Um ou mais orifícios no corpo da culatra de


algumas espingardas que serve(m) para, em caso de ruptura duma
escorva, por ele(s) se escaparem para o lado, os gases da pólvora que
se infiltrem pelo orifício de passagem do percutor, quase certamente
vindo a ferir gravemente a vista do atirador, se não desviados como
assim se consegue.

Escorva – É o primeiro elemento das cadeias explosivas de ignição


dos cartuchos e ao mesmo tempo o dispositivo iniciador do
funcionamento da maioria das munições. Compete-lhe criar uma
quantidade suficiente de calor/chama fortemente penetrante, junto do
elemento seguinte da cadeia explosiva, o ignidor nas munições de
artilharia, ou directamente a carga principal de propulsante nas
munições de armas ligeiras. Estima-se que o funcionamento de uma
escorva tenha a duração de 0.001’’.
Empregam-se escorvas nos sistemas de armas seguintes:
• Naqueles em que se emprega munições de invólucro metálico
ditas de percussão central, em que as escorvas se montam numa
cavidade central das bases dos invólucros,
• Naqueles em que se emprega munições de invólucro
combustível, em que as escorvas que são neste caso semelhantes
a um cartucho de uma munição de arma ligeira, são montadas
num alojamento da culatra da arma.
Por outro lado existem escorvas de percussão, escorvas eléctricas e
escorvas mistas. Quando sujeitas as estímulo apropriado – choque de
um percutor com uma mistura ignidora que é o componente activo da
escorva, produz uma quantidade suficiente de calor, na forma de
242
chama e partículas incandescentes que, através dos chamados canais
de fogo, vão penetrar em toda a massa e fazer a ignição da pólvora
negra do ignidor ou directamente dos grãos da carga principal.
As misturas iniciadoras das escorvas modernas não produzem sais
higroscópicos pelo que, na maior parte dos casos, deixou de ser
obrigatório fazer uma limpeza cuidadosa dos canos após cada sessão
de tiro.
A designação mais comum da escorva é fulminante.

Escorva Berdan – Uma escorva de percussão para munições de


espingarda e munições de pistola, mas que apenas é empregue em
munições fabricadas na Europa e destinadas a uso militar. Consta de
um corpo que é um pequenino copo de latão ou aço tombaca, que
contém uma pastilha de mistura ignidora. Este corpo vai encaixar
numa cavidade situada no centro da base do invólucro, em cujo
fundo e fazendo parte deste, se projecta uma ponta saliente, a
bigorna, contra a qual a dita pastilha irá ser esmagada, aquando da
percussão. A chama produzida na explosão da mistura ignidora
comunica com a carga principal do propulsante através de dois
canais de fogo. Esta escorva distingue-se à vista, precisamente
olhando para o interior do invólucro, uma vez que comunica com
este através dos referidos dois canis de fogo, ao contrário da do outro
tipo, a escorva Boxer que o faz apenas através de um.
Esta escorva quase nunca é usada em munições destinadas a usos
civis porque sendo muito mais difícil a sua substituição nos
invólucros, o carregamento das munições se torna também mais
difícil.

Escorva Boxer – Uma escorva de percussão para munições de armas


de bala, que difere, essencialmente, da escorva Berdan, no facto da
bigorna fazer parte dela própria e não do invólucro onde a escorva se
monta. É constituída portanto por um corpo que é um pequeno copo
de latão ou aço tombaca, pela pastilha de mistura ignidora e por uma
peça circular com uma ponta saliente central, a bigorna.
A instalação é feita, como na escorva Berdan, por cravação numa
cavidade do centro da base do invólucro. A comunicação da chama
243
resultante do seu funcionamento com a carga do propulsante é feita
através de um único canal de fogo.
Encontra-se em 4 tamanhos e potências muito distintas, conhecidos
internacionalmente como “Small Pistol”, “Large Pistol”, “Small
Rifle” e “Large Rifle”.
Este tipod e escorva é o mais utilizado em munições destinadas ao
uso civil, por a sua fácil remoção, depois de usada, tornar muito mais
fácil o recarregamento das munições.

Espingarda - Uma arma ligeira de cano estriado, concebida para


proporcionar as seguintes condições favoráveis à realização de um
bom tiro de precisão:
• Bons apoios no tronco e num dos braços do utilizador, e ainda
eventualmente noutros apoios, com vista a conseguir uma boa
estabilidade da pontaria,
• Uma base de mira “sight radius” suficientemente grande para
obstar à realização de grandes erros angulares.
A espingarda de guerra é a arma de base das forças de infantaria,
uma vez que permite a realização de tiro com bons resultados, até
várias centenas de metros.
Por razões idênticas, é também uma arma cada vez mais usada por
forças policiais e também o tipo de arma mais utilizada em usos
civis, sejam estes de natureza desportiva ou de lazer.

Espingarda anti-sniper – Este termo designa modernamente, não


propriamente uma vulgar espingarda para franco atirador destinada à
função de combate a este tipo de atirador, mas sim uma arma
especial, de calibre .50’’ (12,7 mm) ou similar, com cuja grande
consistência do tiro e grande capacidade de penetração dos projécteis
dos calibres nominais existentes, se conta para penetrar as paredes
muito resistentes dos abrigos – interior de casas, beiradas de terraços
– onde eles estejam a operar em missões de guerrilha urbana.

Espingarda de assalto – Uma espingarda de guerra concebida para


corresponder aos seguintes requisitos:
• Poder fazer tiro semi-automático e tiro automático,
244
• Utilizar uma munição que lhe permita um alcance eficaz no
mínimo igual a trezentos metros,
• Utilizar uma munição que permita a realização de tiro automático
controlado, isto é, sem excesso de salto de tira para tiro,
• Ter dimensões e peso tais que seja fácil o seu transporte e
utilização por parte de combatentes a quem se pede normalmente
uma grande mobilidade.

Espingarda para franco-atirador (“Sniper rifle”) – Um franco


atirador (“Sniper”) é um soldado especialmente treinado para
desempenhar a função de, a partir de uma posição favorável,
devidamente camuflada e usando uma espingarda especial equipada
com uma boa mira telescópica, atirar sobre indivíduos seleccionados
das forças inimigas. A espingarda referida é uma espingarda para tiro
de precisão, praticamente sempre da classe espingarda de repetição e
do género com culatra de ferrolho, especialmente preparada para
corresponder às exigências do seu emprego específico. Esta
preparação consiste, entre outras, das seguintes provisões:
• A arma tem de ser de um calibre nominal apropriado às
distâncias médias de utilização, tendo em vista que mesmo um
atirador de nível obterá uma maior consistência do tiro com um
sistema de arma que produza coice e ruído reduzidos. Por
exemplo, o Exército Norte Americano recomenda os calibres .
222 e .223R (5.56x45) nos casos em que se trate de tiro até aos
300m,
• Um cano suficientemente pesado, montado geralmente na
configuração de cano flutuante mas, em qualquer dos casos,
montado por forma a permitir uma boa precisão do tiro logo no
primeiro disparo, com o cano ainda frio,
• Um mecanismo do gatilho preparado e afinado para corresponder
às necessidades do seu utilizador, um atirador de elite,
• Um aparelho de pontaria apropriado o que significa quase
exclusivamente uma mira telescópica com ampliação de 2x a
10x,

245
• Uma coronha de material sintético ou de madeira suficientemente
dura e estável, tratada por forma a que não possa absorver a
humidade,
• Um “bedding” de resinas sintéticas.

Espingarda de grosso calibre – Em geral, uma espingarda de


calibre superior a 6 mm, se bem que a legislação indique valores
diferentes de país para país.
Em termos de competição de tiro ao alvo, em competições
patrocinadas pela I.S.S.F. o termo significa uma espingarda livre ou
uma espingarda standard de calibre máximo igual a 8 mm, destinada
a competições a 300 metros.

Espingarda de guerra – Uma espingarda concebida e construída de


acordo com os requisitos impostos às demais armas de guerra. Estas
espingardas, que nas Forças Armadas da maioria dos países mais
industrializados, eram já todas da classe espingarda de assalto, têm
vindo modernamente a ser substituídas por carabinas de assalto.

Espingarda livre – Designação comum a duas modalidades de tiro


ao alvo com espingardas, conduzidas de acordo com as regras
I.S.S.F. Trata-se de competições a 300 metros, constando a primeira
de 60 tiros na posição de deitado – a modalidade de “espingarda
deitado” – e a segunda de 120 tiros – a modalidade de “espingarda
três posições”, sendo 40 na posição de deitado, 40 na de pé e 40 na
de joelhos.
Designa também uma espingarda de precisão de calibre até 8 mm,
que se emprega nas competições acima referidas. O termo “livre”
justifica-se por estas serem as classes de armas em que o número de
restrições impostas à sua constituição é mínimo.

Espingarda de precisão – Designação genérica de uma espingarda


concebida e construída por forma a oferecer ao utilizador um grande
número de vantagens “técnicas” na sua utilização e, em particular, a
permitir uma grande consistência do funcionamento próprio, a
contribuição da arma para a consistência do tiro do sistema de arma.
246
A propósito, note-se que a consistência de qualquer sistema é algo
que só se consegue em parte com componentes produzidos com
materiais de alta qualidade e com alta qualidade de engenharia e
manufactura.
Para se qualificar como espingarda de precisão, uma espingarda tem
de reunir no mínimo as características seguintes:
• Por concepção e construção, o conjunto deve ter uma grande
rigidez estrutural durante os disparos. Note-se que a procura de
uma grande consistência de funcionamento limita a escolha, à
partida, a um pequeno número de tipos de armas, uma vez que
um grau elevado de consistência só se pode obter com uma
grande rigidez de todas as partes e das uniões entre estas e que
essa é uma característica apenas inerente a certas configurações
das armas. Por exemplo, em condições semelhantes,
nomeadamente para o mesmo calibre nominal, uma espingarda
de tiro simples com toda a coronha feita de uma só peça e a
operar com uma culatra de ferrolho, é muito mais rígida e tem um
funcionamento muito mais consistente que uma qualquer
espingarda semi-automática.
• O cano deve ser uma peça de material e manufactura de grande
qualidade, o mais pesado possível e com o comprimento
apropriado, por forma a reduzir-se ao mínimo os efeitos das
variações nas vibrações do cano. O passo das estrias tem de ser
apropriado ao calibre nominal escolhido,
• A caixa da culatra tem também de ser uma peça “inteiramente”
rígida e construída por forma a permitir um travamento da culatra
extremamente sólido e radialmente uniforme,
• Como já se disse, a coronha deve preferivelmente ser feita de
uma só peça e esta fabricada com uma madeira densa e insensível
às mudanças de humidade ambiente,
• O bedding do cano na coronha deve ser muito sólido, se
necessário recorre-se ao uso de resinas sintéticas, para a sua
realização,
• O mecanismo do gatilho deve ser um mecanismo de grande
precisão e deve permitir todos os ajustamentos que o utilizador
pretenda, para o afinar para a sua própria sensibilidade,
247
• O aparelho de pontaria tem de ter grande precisão de azeramento,
por forma a ser possível conseguir obter, muito rápida e
expeditamente, a máxima precisão de tiro.

Espingarda standard – Designação comum a duas modalidades de


tiro ao alvo com espingarda, que fazem parte dos programas da
I.S.S.F. Trata-se de competições de 300 metros, constando a primeira
de 60 tiros na posição de deitado – a chamada “espingarda deitado”
ou “match inglês” – e a segunda de 120 tiros, sendo 40 na posição de
deitado, 40 na de pé e 40 na de joelhos – a chamada carabina “três
posições” -.
O termo designa também uma espingarda de precisão de calibre
máximo até 8 mm, que se emprega em tiro a 300 metros, nas
competições acima referidas.

Espingarda de tiro ao alvo – Designação genérica do conjunto das


espingardas livres, espingardas standard e espingardas de pressão de
ar, conjunto este de armas destinada à competição desportiva.
A espingarda de tiro ao alvo é necessariamente uma espingarda de
precisão especialmente concebida e fabricada com vista a
proporcionar o mais alto grau permitido pela tecnologia existente, de
consistência de funcionamento e que se distingue em particular por:
• Serem nela levados aos extremos permitidos pelos regulamentos,
o peso e as várias possibilidades de ajustamentos susceptíveis de
permitir a melhor adaptação possível da arma à anatomia de cada
utilizador,
• Ser equipada com um mecanismo do gatilho de altíssima
precisão, susceptível de ser ajustado por forma a satisfazer todas
as necessidades próprias de qualquer atirador,
• Ser dotada de um aparelho de pontaria da mais alta qualidade.
Aparte alguns exemplares manufacturados especialmente para os
próprios utilizadores, trata-se de armas fabricadas por apenas umas
poucas empresas especializadas (Anschutz, Hammerly, Unique,
Walther, e mais duas ou três firmas).

248
Espoleta - Designação genérica de todos os dispositivos equipados
com um componente explosivo e/ou pirotécnico, e com outros
componentes mecânicos, eléctricos, electrónicos e/ou ópticos,
dispositivo esse que serve para ser montado em todos os projécteis
convencionais, granadas de morteiro, mísseis, bombas e minas, e
cujas funções são:
• Estabelecer as principais condições de segurança de
armazenamento e transporte, de segurança de queda e
possivelmente de segurança à boca destes engenhos,
• Controlar a ocorrência do armamento, no momento apropriado do
disparo ou lançamento, do engenho onde está montada,
• Realizar sem falhas e no instante mais apropriado, a iniciação dos
altos explosivos da carga principal do rebentador desse engenho,
• Em certos casos, proceder à sua autodestruição.
É claro que o tipo e qualidade de fabrico de espoleta que se monta
num dado engenho, são porventura os factores mais decisivos da
acção que esse engenho vai ter junto do alvo a que for dirigido. As
espoletas incluem sempre um dispositivo de segurança e armamento,
que têm por funções, por vários processos, assegurar que os
engenhos não funcionem durante o armazenamento e transporte nem
durante o disparo e provocar, sem falhas, no momento oportuno, na
proximidade, durante, ou após o contacto com os alvos, as referidas
iniciações. Ainda assim, nos engenhos de grandes dimensões e
capacidade destrutiva, as espoletas só são montadas imediatamente
antes da sua utilização.
Dada a muito grande variedade de engenhos explosivos e das
condições em que se usam, é enorme a variedade de soluções de
concepção e tecnológicas, incluindo estas dispositivos mecânicos,
eléctricos e electromagnéticos, que permitem, isoladamente ou em
conjunto, dar resposta a todas essas solicitações. Os tamanhos,
configurações e complexidade variam imenso e, em alguns casos
uma espoleta pode até constar de vários sub-sistemas implantados em
vários locais do engenho que serve. Em qualquer dos casos, justifica-
se perfeitamente o enorme investimento que tem sido feito no
desenvolvimento de espoletas mais eficazes, uma vez que, toda a
segurança e eficácia dos sistemas de arma onde se empregam,
249
depende em grande parte do seu bom funcionamento, da sua
fiabilidade.

Espoleta bouchon – É a espécie de espoleta com retardo que equipa


a maioria das granadas de mão. No essencial, é constituída por um
conjunto percutor-mola que é retido até ao lançamento, por um
manípulo que, por sua vez, é retido por uma cavilha. O início do
funcionamento desta espoleta – corresponde à actuação do percutor –
dá-se por libertação deste quando, no lançamento, o utilizador larga o
manípulo que tinha estado retido pela cavilha durante o transporte da
granada, cavilha que entretanto se retirou.

Estabilidade – No domínio da Física – da Estática – este termo diz


respeito à propriedade de um sistema que lhe permite manter-se
imóvel ou, quando o seu equilíbrio/imobilidade é perturbado,
desenvolver forças ou binários que o fazem regressar à posição de
equilíbrio original.
No contexto da pontaria das armas montadas em veículos, o termo
refere-se à necessidade de tornar esta independente dos movimentos
de balanço transversal dessas plataformas. Isto é feito geralmente
pelo recurso a uma referência vertical.
Uma outra forma de estabilidade “física” é referida no contexto das
técnicas de tiro ao alvo. Aqui o termo implica realmente duas
condições:
• À partida, à imobilidade espacial – que deve ser tão boa quanto
possível -, da arma em relação ao alvo, tal como é observada pelo
atirador ao “dirigi-la” para o alvo, para que lhe seja possível,
livre de movimentos descontrolados e inesperados da arma,
concentrar-se no acto de a apontar com precisão e efectuar o seu
disparo. Esta imobilidade espacial da arma resulta de uma boa
condição física geral e especial, da adopção de uma posição
exterior tecnicamente vantajosa, de uma posição interior
inalterada em relação à aprendida e desenvolvida em treino e, e,
particular, da estabilidade psicológica que resulta da confiança na
capacidade própria, pessoal,

250
• À imobilidade do ponto de mira em relação à alça, tal como é
observado pelo próprio atirador, para que lhe seja possível
apreciar em todos os instantes o sentido e a amplitude do erro
angular, para proceder à sua correcção, isto é, que lhe permita
fazer a pontaria em boas condições.
Estas duas condições são satisfeitas quando haja uma boa
estabilidade do atirador e uma boa estabilidade da arma.
Do domínio da Dinâmica, uma expressão particular da estabilidade
“física” ocorre no contexto da balística externa. Trata-se aqui do
comportamento dum projéctil durante a sua trajectória e o termo
refere-se à capacidade que esse projéctil tenha para se manter com
uma das extremidades – a ponta – apontada para a frente ao longo
dessa trajectória, isto é, para manter aproximadamente constante a
sua atitude como corpo fuziforme cujo eixo longitudinal se mantenha
aproximadamente coincidente com a tangente a essa trajectória.
Esta estabilidade dos projécteis pode ser conseguida por três meios,
de tal maneira que é conhecida uma estabilidade aerodinâmica, uma
estabilidade giroscópica e uma variante da primeira, a chamada
estabilidade por resistência.
A estabilidade dos explosivos ou estabilidade química de explosivos
é a capacidade de um alto e baixo explosivo ou para se manter
inalterado quimicamente durante o seu armazenamento.
Três factores extremamente importantes para esta estabilidade são:
• A higroscopicidade do explosivo,
• A sua tendência para reagir ou não ao contacto com os materiais
metálicos ou outros materiais dos invólucros/contentores,
• O seu comportamento perante as condições atmosféricas
extremas (frio ou calor intensos).

Estabilidade da arma – Uma forma de estabilidade do âmbito da


Física. No contexto das técnicas de tiro ao alvo, o termo refere-se à
faculdade realizada pelo atirador de (quase) imobilizar a linha das
miras sobre o alvo. Resulta em parte directamente da estabilidade do
atirador, ma este poderá realizar também uma boa contribuição para
a estabilidade da arma por um processo de compensação – que
através do treino passa a ser realizado subconscientemente – com
251
uma sequência de pequenos movimentos da arma, em sentidos
contrários aos dos pequenos movimentos do seu corpo.

Estabilidade do atirador – Uma forma de estabilidade do âmbito da


Física. No contexto das técnicas de tiro ao alvo, o termo refere-se à
capacidade, que todo o atirador procura ter, de “parar” o seu corpo
numa dada posição de tiro. Isto, assumindo o atirador que essa é a
condição necessária e indispensável para obter a desejada
estabilidade da arma. Aparte o que os regulamentos dizem sobre
“legalidade” das posições, esta estabilidade resulta da satisfação de
um dado conjunto de imperativos dos domínios da psicologia e da
biomecânica:
• Estabilidade emocional,
• Condicionamento mental incluindo capacidade de entrega do
comando da maior parte das acções ao subconsciente,
• Condição física e funcionamento fisiológico,
• Colocação adequada dos componentes do esqueleto por forma a
diminuir o jogo dos músculos,
• Desenvolvimento da capacidade de equilíbrio (do jogo
equilibrado dos grupos musculares),
• Conforto da posição.
Esta estabilidade, se suficientemente desenvolvida, permite ao
atirador a calma necessária para se dedicar à apreciação dos outros
elementos do tiro, nomeadamente à análise das condições
ambientais, aos disparos e em particular às pontarias.
Por outro lado, há que ter a noção de que, para além de certo ponto,
independentemente de isso não ser sequer possível, não é de facto
necessário melhorar a estabilidade do corpo, uma vez que em todas
as situações práticas, se trata de atingir uma dada área do alvo com
um projéctil que tem uma certa secção recta não desprezável.

Estabilidade de uma pólvora – Capacidade de uma pólvora química


para resistir à deterioração durante o armazenamento. As pólvoras
químicas são produtos quimicamente instáveis que começam a
degradar-se a partir do momento em que são fabricados, essa
degradação consiste basicamente na libertação de óxidos nitrosos.
252
No fabrico das pólvoras químicas (a maioria constituída por ésteres
nítricos) é difícil eliminar totalmente os resíduos ácidos (usados no
processo de nitração), estes resíduos vão promover a reacção inversa
(hidrólise dos ésteres nítricos) da qual resulta a libertação de óxidos
nítrico e nitroso, que à medida que se vão formando vão eles próprios
catalisar (acelerar) essa mesma reacção, isto é, o envelhecimento das
pólvora químicas.
Estas pólvoras são sensíveis à acção do calor, luz, humidade, e nos
casos de temperaturas elevadas, chegam mesmo a decompor-se com
grande rapidez – na ordem de poucos dias ou horas – quando sujeitas
aos chamados “castigos térmicos”, em ambientes de temperatura
superior a cerca de 50ºC.
O processo de degradação é normalmente muito lento às
temperaturas de armazenamento normais, razão pela qual a única
forma de travar o processo é introduzir como aditivos,
estabilizadores que asseguram o prolongamento do tempo de vida
útil das pólvoras. Uma forma de avaliar a estabilidade química de
uma pólvora é através do doseamento do estabilizador e seus
derivados.

Estado de choque – Este termo refere-se e significa a condição


psico-física altamente desequilibrada a que um animal pode ser
levado em virtude de ser sujeito a um grande abalo.
No contexto da balística terminal – balística das feridas -, interessa
sobretudo ter em conta as seguintes considerações:
• No ser humano o estado de choque pode ser causado por
ferimentos visíveis ou não, por uma concussão forte ou apenas só
pela acção de um grande excesso da estimulação dos sentidos, e
traduz-se em perda de forças, sensações de frio e, se não atendido
devidamente, em perda de consciência e morte.
• Na maioria dos outros vertebrados o estado de choque parece só
poder ser induzido por ferimentos graves mas, alguns animais
não aparentam nunca quaisquer sintomas de um estado de choque
e continuarão a mover-se e a funcionar quase normalmente
durante bastante tempo, se não atingidos num órgão vital.

253
• Em qualquer dos casos em que o estado de choque se fique a
dever a um ferimento de projéctil ou estilhaço, a “profundidade”
desse estado parece ser não só proporcional à energia cinética
que esse objecto perde em contacto com os tecidos vivos – a
energia transferida -, mas também inversamente proporcional ao
intervalo de tempo em que essa conversão de energia se opera –
portanto à potência do fenómeno de “transferência” da energia -.
Daqui o emprego extensivo em “caça grossa”, de balas
expansivas.

Estrangulamento - Designação de uma redução do calibre/adarme


da alma, na zona da boca dos canos, na maioria das armas de caça. O
termo mais usado para designar este dispositivo é, no entanto,
“choque”. O estrangulamento destina-se a, exercendo um aperto
sobre ela, concentrar axialmente a bagada afim de que esta chegue
correspondentemente mais concentrada e mais regularmente
distribuída às várias distâncias do tiro. O “choque” existe em seis
graduações e, na realidade, em vez de a cada uma destas
corresponder uma certa medida da boca, a classificação faz-se por
um processo empírico. De facto, está convencionado entre
fabricantes deste género de armas, classificá-las, durante as suas
provas finais, através duma contagem da percentagem do número
total de chumbos da bagada que ficam no interior dum círculo de 75
cm de diâmetro, com o centro aproximadamente no PMI, feito o tiro
para o alvo onde se desenha esse círculo, a uma distância de 30
metros.
A tabela seguinte, foi elaborada segundo estes pressupostos, dando-
nos conta de um conjunto de dados a ter em conta para uma melhor
compreensão entre os referidos diâmetros e a distância relativa:

254
Distância em metros
20 25 30 32 40 45 50 55
Choque ⇓ Percentagem de chumbos num círculo de 75 cm
Cilíndric 75 63 53 43 35 28 22 18
o
Cil. 85 74 64 53 43 34 27 22
melhora.
¼ 90 80 70 58 48 39 31 25
Choque
½ 97 86 76 64 54 43 34 27
Choque
¾ 100 93 83 70 58 47 38 30
Choque
Full 100 100 90 74 62 51 41 32
Choque

Estratégia – No contexto da tomada de decisões em teatro de guerra,


a estratégia é o factor básico da formulação das decisões – os outros
são a táctica e a logística – que diz respeito à necessidade de definir
os objectivos das missões.

Estrias - São os sulcos, de traçado helicoidal, igualmente espaçados,


com um passo uniforme ou progressivamente menor, que se
encontram na parte estriada das almas dos canos da maioria das
armas de impulso e das armas de propulsão por reacção, e que se
destinam a conferir aos projécteis disparados nestas armas, uma
estabilidade giroscópica durante as trajectórias.
De facto, são as porções da alma que ficam entre as estrias, os
chamados salientes das estrias que, ao cortarem as camisas ou as
cintas de forçamento dos projécteis, vêm a obrigá-los a adquirir o
movimento de rotação necessário a esta estabilidade. Às estrias
propriamente ditas, chama-se por vezes cavados das estrias.
As estrias são abertas por corte/arrancamento de material ou por
impressão/calcamento da superfície das almas qualquer destes
processos realizado por meio de tornos especiais, ou por um processo
255
de martelagem a frio do cano um “macho” de carboneto de
tungsténio colocado interiormente.

Expansão – É o processo pelo qual a ponta duma bala expansiva se


deforma de uma maneira especial (sendo esmagada expande-se
radialmente), ao contacto com os tecidos (macios) dum animal. Este
processo tem em vista, é claro, a vantagem da aquisição por parte da
bala de uma secção recta muito maior, a fim de, acrescida a
superfície frontal que contacta com os tecidos, a transferência da sua
energia cinética se fazer muito mais rapidamente – ser maior ou ser
mais rapidamente transmitida, a energia transferida -, com vista a
conseguir-se realizar um muito maior poder de choque.
Dado que se observem as condições seguintes:
• que o calibre verdadeiro da bala seja minimamente apropriado ao
abate da espécie animal em causa,
• que a densidade seccional da bala seja suficiente,
• Que a velocidade de impacto seja suficientemente alta para que
os fluídos se comportem quase como se tratasse dum choque da
bala com um corpo líquido,
• que a constituição da ponta da bala seja nem demasiadamente
frágil/elástica nem demasiadamente rígida por forma a que ela se
deforme mas só até um certo ponto (a dificuldade na concepção
destas balas reside precisamente em que, cada espécie animal
oferecendo uma resistência diferente à penetração, cada
penetração óptima requer uma ponta de uma determinada dureza,
• e que, durante a penetração, a bala não se fragmente e perca uma
parte substancial da sua massa original, o que faria com que o
corpo principal perdesse muita da sua energia e portanto, da sua
capacidade de continuar a perfurar,
a ponta da bala irá deformar-se, mais ou menos rapidamente, através
do rompimento (em sentido longitudinal) de parte dianteira da
camisa e da deformação (em sentido radial) da porção subjacente do
núcleo.
Com isto, a bala toma, mais ou menos, a forma aproximada de um
pequeno cogumelo, o que a faz perder densidade seccional e portanto
capacidade de penetração mas a sua energia de impacto terá sido
256
capaz de a levar a penetrar até à profundidade necessária onde se
encontram os órgãos vitais. E, mesmo que a bala não atinja nenhum
órgão vital, terá provocado entretanto, provavelmente, um
considerável estado de choque.

Expansor – Um componente de algumas balas expansivas. Consta


de um pequeno acessório, que se instala na ponta da bala e que, no
choque com o alvo, actuando por dentro da extremidade posterior do
núcleo, tem por função obrigar esta a expandir-se radialmente,
tornando mais rápida a expansão da bala.

Extracção - É a operação do ciclo de funcionamento dos sistemas de


arma em que se usam munições de invólucro metálico, que consiste
em retirar da câmara da arma o invólucro da munição anteriormente
disparada. A extracção é geralmente operada por um ou mais
extractores, embora em certos casos especiais se possa dispensar o
emprego destes. É de notar que esta operação se torna mais difícil à
medida que, numa sucessão de tiros, os canos vão aquecendo. Razão
por que, nalgumas armas automáticas, se usam as chamadas câmaras
flutuantes.

Extractor - É o componente de um sistema de arma que usa


munições de invólucro metálico, que agarrando com uma das suas
extremidades a unha ou garra do extractor, numa porção do bocel ou
da ranhura de extracção do invólucro, realiza a extracção e que, em
colaboração com o ejector, contribui também para a ejecção.
A acção do extractor sobre o invólucro tem necessariamente de ser
realizada de uma forma especial, primeiramente exercendo pouco
força e movendo-o lentamente e depois, quando o invólucro já se
encontra solto, agindo, progressivamente, com maior força e
velocidade.
Existem essencialmente dois tipos de extractores:
• Os extractores de acção longitudinal que se montam em culatras
que têm um movimento longitudinal e acompanham os
movimentos destas culatras. São estes os chamados extractores
de arrasto e extractores elásticos,
257
• Os extractores de alavanca que se montam em culatras de gaveta
e culatras pendentes e que funcionam com uma acção de
alavanca perto do fim dos movimentos de abertura destas
culatras, quando estas actuam no seu braço “longitudinal”.
Nalguns casos, estes tipo de extractor realiza também a função de
retenção da culatra na posição de “aberta”.
Dado que os extractores são componentes sujeitos a enormes
esforços e que falham com uma frequência por vezes notável, as
falhas de extracção, são razão de uma grande percentagem das falhas
de fogo.

Face da culatra - É a superfície da extremidade posterior da culatra.


Num sistema de arma em que se empregam munições de invólucro
metálico, é portanto a superfície onde vão assentar as bases dos
invólucros e por onde sai a ponta do percutor quando ocorre a
percussão. Na maior parte das armas em que a culatra se movimenta
paralelamente ao eixo do cano, é também da face da culatra que se
projecta o ejector quando aquela chega à extremidade anterior do seu
percurso.
Por outro lado, é entre a face da culatra e o ponto da alma onde a
munição é impedida de continuar a avançar durante o carregamento,
que se mede a folga de carregamento.

Falha de fogo – É a falha no funcionamento normal de uma arma de


fogo, que se traduz na inesperada não produção do seu disparo.
Também designa a falha inesperada no funcionamento de um
engenho explosivo, que leva a que não ocorra a sua explosão.

Falha de percussão – É a falha de fogo que se traduz no facto do


percutor não atingir a escorva da munição ou fazê-lo muito
debilmente. Pode ficar a dever-se a falta de força da mola real, ao
percutor partido ou desalinhado, ou ainda a falta de lubrificação ou
acumulação de detritos no seu alojamento.

Fechar a culatra - Esta é uma expressão corrente que pretende


significar o fechamento da câmara do cano duma arma pela sua
258
culatra. Apesar de constituir um contra-senso, está tão generalizada
que não constitui óbice na comunicação verbal e escrita.
A operação a que se refere é uma operação secundária do ciclo de
funcionamento das armas, que ocorre entre o carregamento e o
travamento da culatra e consiste em a face da culatra ficar a tapar a
entrada da câmara, ficando pois alinhada com o cano se se tratar
duma culatra de gaveta (mais usado em peças de artilharia) ou o mais
chagada possível a este alojamento se for uma culatra de movimento
longitudinal.

Folga do gatilho - É o movimento inicial, relativamente livre, que a


cauda do gatilho de um gatilho com folga pode realizar até se atingir
o chamado ponto duro, característico do funcionamento desta classe
de mecanismos do gatilho.

Fragmentação – Este termo tem dois significados muito distintos.


Designação do primeiro efeito da detonação do alto explosivo
rebentador sobre o corpo e outras partes metálicas do projéctil
convencional, bomba ou granada que o transporta. Consiste na
fractura desse corpo em partes/fragmentos que se pretende que, pela
sua distribuição e energia cinética, tenham a maior capacidade
possível de neutralização dos alvos visados. Em geral pretende-se
que os fragmentos não tenham uma massa/densidade seccional
superior à necessária à neutralização do alvo em causa, a fim de que
o seu número seja o maior possível. Para que isso aconteça mais
facilmente os corpos dos engenhos são muitas vezes pré-
fragmentados ou constituídos por fragmentos pré-formados.
Quando não é este o caso, isto é, quando a fragmentação deva
ocorrer aleatoriamente, o tamanho médio dos fragmentos é função:
• Da razão entre a espessura das paredes do corpo da carga útil e o
diâmetro da carga do rebentador,
• Da dureza do material do corpo. Vindo os fragmentos a ser tão
menores quanto maior esta dureza, há no entanto que ter em
conta que, no caso dos projécteis de artilharia, o endurecimento
dos corpos tem limites pois eles têm de resistir sem fracturar às
forças de reacção do impulso durante os disparos,
259
• Da razão de carregamento,
• Das características do alto explosivo.
À fragmentação segue-se a propagação da onda de choque que
transporta cerca de 60% da energia libertada pelo alto explosivo e a
projecção a grande velocidade dos fragmentos – normalmente então
designados por estilhaços.
A outra designação corresponde a uma das formas por que se pode
processar a penetração duma armadura. Esta forma de penetração
ocorre quando o material desta é excessivamente rijo e, por falta de
elasticidade, simplesmente se parte em bocados, bocados estes que
geralmente se comportam depois como projécteis secundários.

Franco atirador – Um soldado ou polícia especialmente instruído e


treinado para desempenhar a função de, geralmente a partir de uma
posição dominante e devidamente dissimulada, usando uma
espingarda especial, equipada com uma boa mira telescópica,
neutralizar elementos seleccionados das forças inimigas ou civis
envolvidos em actividades consideradas altamente perigosas.

Fulminante - Uma pequena pastilha de uma mistura explosiva e que


se usa em armas de brinquedo para produzir estampidos. A
composição destas pastilhas é feita a partir de clorato de potássio e
fósforo vermelho, mistura esta que é sensível ao choque.

Fuste - Nome da parte posterior da maioria das coronhas das


espingardas, a parte que, na configuração convencional destas armas,
fica sob o cano, alojando-o e protegendo-o parcialmente e
principalmente protegendo a mão do atirador quando - na utilização
normal e quando se manipule a arma equipada de baioneta -,
geralmente em resultado de uma série grande de disparos, ele é
levado a ficar muito quente.
Nas espingardas semi-automáticas é praticamente indispensável que
o fuste cubra também a parte superior do cano, com a finalidade
dupla de proteger a mão do utilizador contra o aquecimento referido
e para evitar que o ar aquecido pelo cano se eleve através da linha de

260
mira o que afectaria seriamente, as pontarias pela criação de
miragens.

Gatilho - O termo que, a maior parte das vezes, se usa para designar
o mecanismo do gatilho.
Designação comum do componente dum mecanismo do gatilho que,
verdadeiramente, se chama cauda do gatilho, onde se actua com o
dedo indicador, para efectuar os disparos.

Gatilho de acção directa – Designação genérica dos mecanismos do


gatilho em que a actuação na cauda do gatilho conduz directamente a
uma actuação no armador com vista a que este liberte o percutor ou o
cão, para que se realize o disparo. A grande maioria dos gatilhos são
deste tipo.

Gatilho de acção indirecta – Designação genérica dos mecanismos


do gatilho, muitas vezes, mas impropriamente, chamados “gatilhos
de cabelo”, que incluem um mecanismo de armas normal e um
mecanismo de armar adicional.
O conjunto destes dois mecanismos é constituído pelas seguintes
peças:
• Um armador normal,
• A mola deste armador,
• Uma peça que vai funcionar como um martelo,
• Uma mola que serve para impulsionar este martelo e que é
bastante mais fraca que a mola real,
• Um segundo armador (que às vezes faz parte da própria cauda do
gatilho do mecanismo e não é o armador do verdadeiro
mecanismo de armar),
• Uma alavanca.
Depois da arma carregada, o que geralmente compreende também a
operação de armar do verdadeiro mecanismo de armar, a referida
“alavanca” é actuada o que faz com que o “martelo”, comprimindo a
“mola”, vá ficar retido no “armador” secundário do mecanismo
acessório. Isto faz com que a arma fique pronta para o disparo. Após
isto, uma – geralmente ligeira – actuação na cauda do gatilho, faz
261
com que o segundo armador liberte o martelo, e é a pancada que este
vai dar no armador principal do gatilho que vai fazer com que este
liberte o percutor ou cão.
Este género de mecanismo oferece a vantagem de, não estando o
armador secundário sujeito à tensão imposta pela mola real, a sua
movimentação pela cauda do gatilho pode ser feita através de uma
pressão muito ligeira sobre esta. Daqui o termo “gatilho de cabelo”
que pretende significar um peso do gatilho quase insignificante, mais
fácil de exercer.
Tem no entanto o inconveniente de tornar a duração do fechamento
(embora ligeiramente) maior.
É o género de gatilho mais usado em pistolas livres com gatilhos
mecânicos mas, para além de o seu uso ser proibido na maioria das
outras disciplinas patrocinadas pela I.S.S.F., há que ter em conta que,
devido precisamente à referida facilidade com que ele se presta a
realizar os disparos, é também o que melhor se presta à ocorrência de
acidentes, que podem ser muito perigosos.
Além disto, há que considerar que o abuso da referida propriedade
deste género de gatilho, no respeitante ao uso de pesos de gatilho
extremamente pequenos é geralmente contraproducente, na medida
em que isto poderá gerar algum receio – e gera sempre quando o
atirador fica sujeito a alguma tensão emocional – de que a arma se
dispare prematuramente e isto constituirá certamente uma inibição
altamente indesejável.

Gatilho deslizante – Um mecanismo do gatilho da classe gatilho de


acção directa que se emprega em muitas espingardas e pistolas,
embora raramente em armas destas destinadas a tiro ao alvo.
Caracteriza-se por proporcionar os disparos através de um
movimento relativamente longa da cauda do gatilho, havendo que
vencer uma resistência quase constante ao longo de todo este
movimento desde o início e até ao ponto de desenlace.
Quanto ao seu emprego em armas de tiro ao alvo, este género de
gatilho não oferece qualquer vantagem nas disciplinas de precisão
pura, mas tem sido usado com bastante sucesso na disciplina de “tiro
rápido” com pistola, conhecida entre nós por Velocidade Olímpica.
262
Gatilho com dupla folga – Uma espécie de gatilho com folga mas
em que o movimento da cauda do gatilho se divide em três fases
intercaladas por dois pontos duras. Com esta disposição, a resistência
a vencer depois do segundo ponto duro pode ser bastante reduzida o
que pode facilitar a fase final dos disparos.
Este género de gatilho, de concepção bastante recente, foi desenhado
especialmente para utilização em pistolas de grosso calibre e pistolas
sport usadas nas disciplinas em que se faz tiro de velocidade. Aqui,
apesar de requerer uma técnica especial de disparo, tem tido bastante
sucesso.

Gatilho eléctrico – Designação genérica dos mecanismos do gatilho


em que a acção mecânica do disparo decorre dum estabelecimento ou
corte de corrente eléctrica realizado pela actuação na cauda do
gatilho, que se vai reflectir numa actuação mecânica no armador,
actuação esta geralmente realizada por um solenóide.
Usado em armas de tiro ao alvo, este género de gatilho presta-se a
uma grande regularidade no peso do gatilho, uma vez que a
resistência do mecanismo é independente da força exercida pela mola
real no armador, sendo essa precisamente a grande vantagem deste
género de mecanismo.

Gatilho com folga (ou gatilho de dois estágios) – Uma espécie de


gatilho de acção directa que se caracteriza por o movimento da cauda
do gatilho se processar em duas fases. De início, com uma pressão
relativamente ligeira, a cauda é levada a mover-se até se encontrar
uma resistência nítida, um ponto duro. A segunda fase consiste em,
através dum aumento da força sobre a cauda e sem que se sinta que
esta se movimenta, vindo esta força a ultrapassar o peso do gatilho,
dar lugar a que o disparo propriamente dito ocorra.
A força necessária para atingir o ponto duro – o chamado “peso da
folga” – não deve ser excessiva, de tal forma que a força
complementar para atingir o ponto de desenlace seja ainda uma
percentagem considerável do valor total do peso do gatilho. De
contrário, o atirador terá receio de que ocorram – e ocorrerão –
263
disparos inopinados e isso constituirá uma inibição altamente
indesejável.
Uma noção muito importante a reter, é que, num gatilho deste género
que se encontre bem afinado, qualquer movimento sensível da cauda
a partir deste ponto duro deve provocar o disparo. De modo que na
segunda fase o mecanismo deve funcionar apenas por aumento da
força sobre a cauda mas sem que esta dê qualquer “sinal” de
movimento.

Gatilho sem folga – Um género de mecanismo de gatilho de acção


directa que deve funcionar em tudo exactamente da mesma maneira
exigida a um gatilho com folga, com a excepção de que nele não
existe a primeira fase de movimento quase livre, encontrando-se o
ponto duro logo no início da actuação do dedo sobre a cauda do
gatilho.
Nos gatilhos das armas em que se encontra estabelecido um valor
mínimo do peso do gatilho, esta configuração do mecanismo, tem
comparativamente com o gatilho com folga a desvantagem de que
não é possível retirar uma parte da resistência a vencer, sem que se
faça uma espécie de “preparação do gatilho”.

Granada - Designação genérica de qualquer engenho não guiado -


engenho balístico - que contenha uma carga dum material
explosivo, incendiário, iluminante, fumígeno, agente químico ou
agente biológico.
No contexto da artilharia, o mesmo que projéctil convencional de
artilharia.

Granada defensiva - Designação genérica das granadas de mão que


libertam um certo número de estilhaços relativamente grandes - com
uma densidade seccional relativamente grande - à volta do ponto de
rebentamento, com o que podem produzir raios letais consideráveis.
O adjectivo “defensiva” deve-se a que, dado que a maior densidade
destes estilhaços lhes confere um alcance grande, estes engenhos só
podem ser empregues com segurança a partir de posições
abrigadas/defensivas.
264
Granada de mão – Uma pequena granada que se destina a ser
projectada à força de braço. As granadas de mão classificam-se em
granadas defensivas, ofensivas e polivalentes mas, em qualquer dos
casos, a maioria usa uma espoleta bouchon. Pelo recurso a
adaptadores de granada, empregam-se algumas granadas de mão
como granadas de espingarda.

Granada ofensiva – Uma granada de mão cujos efeitos da onda de


choque - uma concussão - e dos poucos e pequenos estilhaços que
produz, se manifestam apenas num raio muito inferior à distância a
que pode ser lançada.
O termo “ofensiva” deve-se a que este género de engenho pode ser
usado em movimento, a descoberto, sem que o utilizador tenha de
dispor de uma posição “defensiva”, para se abrigar dos seus efeitos.

Granada polivalente – Uma granada de mão que, conforme lhe seja


ou não instalada uma manga de fragmentação, se presta a ser usada
respectivamente como granada defensiva ou como granada ofensiva.

Guarda-mão - Revestimento de madeira, metálico ou plástico, mais


ou menos longo, que cobre o cano das espingardas e que tem por fim
proteger a mão do atirador do contacto com o cano aquecido e o cano
contra os choques exteriores.

Guarda-mato – O componente da maioria das armas portáteis que


consiste de um meio arco geralmente feito de metal que se situa à
frente e por baixo da cauda do gatilho e que serve para evitar que
uma acção inadvertida de objectos estranhos sobre esta, possa
ocasionar disparos indesejáveis, que seriam quase sempre perigosos.

Ignição (ou inflamação) - A ignição é uma transição de um estado


não reactivo a um estado reactivo em que a ocorrência de uma
estímulo externo leva a um desenvolvimento termoquímico seguido
de uma transição muito rápida que termina numa combustão auto-
-sustentada. A ignição é “conceptualmente” transitória, e
265
normalmente iniciada por processos de aquecimento igualmente
transitórios.
Há várias formas de atingir a ignição, podendo os estímulos externos
ser classificados em três categorias:
1. Estímulo térmico, através de transferência de energia térmica
para os reagentes por condução, convecção ou radiação (ou
qualquer combinação destes modos básicos de transferência de
calor),
2. Estímulo químico, por introdução de agentes reactivos,
3. Estímulo mecânico, que pode ser por impacto mecânico, fricção
ou onda de choque.
Em qualquer dos casos há três condições a satisfazer:
• A temperatura, deve ser suficientemente alta para provocar
reacções químicas significativas e/ou pirólise,
• O tempo, deve ser suficientemente prolongado para permitir que
o calor introduzido seja absorvido pelos reagentes permitindo a
ocorrência do processo termoquímico,
• A turbulência, deve ser suficientemente alta para permitir que
haja uma boa mistura entre combustível e oxidante e que o calor
possa ser transferido do meio em reacção para o meio que ainda
não reagiu.
Muitos são os parâmetros que podem afectar a ignição: composição
da mistura, pressão, velocidade de pressurização, duração do
aquecimento, energia total adicionada ao sistema, concentração de
oxidante no ambiente, velocidade da corrente convectiva, escala e
intensidade de turbulência, propriedades térmicas e de transporte do
material que está a ser aquecido, catalisadores, inibidores, etc. O
processo de ignição depende ainda da geometria e composição do
ambiente na vizinhança e das condições operatórias.
No âmbito do emprego de explosivos e pirotécnicos, é através da
ignição que se dá inicio ao funcionamento normal de um dos
seguintes sub-sistemas:
• Da cadeia explosiva de ignição de uma munição de grande
calibre. Nas munições de artilharia, munições de sistemas de
propulsão por reacção e nas granadas-foguete, a ignição da carga

266
principal, consegue-se pela acção combinada das escorvas com a
dos ignidores a elas associados nestas munições,
• Duma carga principal da pólvora de uma munição de espingarda,
munição de pistola ou das munições de outros sistemas de arma
de calibres pequenos, em que a ignição é feita directamente pela
escorva,
• Da cadeia explosiva de um detonador pirotécnico,
• De um detonador eléctrico, em que verdadeiramente a passagem
de corrente o que faz é provocar o aquecimento de uma pequena
porção de fósforo que por sua vez vai fazer a ignição, por
produção de chama, duma “pastilha” de alto explosivo primário.

Ignidor - O componente do cartucho da munição de artilharia,


cartucho da munição de propulsão por reacção ou motor de foguete
que, dado que a carga principal do propulsante tenha mais de cerca
de 30 gramas, não podendo por isso a sua ignição decorrer
directamente da actuação da escorva, tem por função amplificar a
energia térmica emitida por esta, com vista a produzir da forma mais
eficaz a iniciação destes dispositivos.
Nas munições de invólucro metálico, consiste numa porção de tubo
com muitas perfurações laterais que é cheio, na maioria dos casos,
com pólvora negra, fixado à extremidade posterior da escorva. Nas
munições de invólucro combustível, tem a constituição de um
pequeno saco de tecido, preenchido com material explosivo idêntico.
No seu funcionamento, o explosivo do ignidor projecta gases à sua
temperatura de queima, gases que envolvem uma grande quantidade
de partículas incandescentes (a pólvora negra é um excelente
produtor destas partículas), os melhores meios para desenvolver no
interior do invólucro, câmara ou motor, as condições óptimas para a
ignição da carga principal, isto é, ignições rápidas e em toda a
superfície de todos os grãos.
A duração do funcionamento destes ignidores é da ordem das
dezenas de milisegundo.
É a queima da pólvora negra do ignidor que é responsável pelo
aparecimento da maior parte dos fumos à boca nos sistemas de arma
em que as munições empregam ignidores.
267
Um dispositivo pirotécnico explosivo ou electro-pirotécnico-
explosivo que serve para produzir a chama necessária à iniciação de
um detonador.

Introdução - Designação dada á operação da alimentação de uma


arma de fogo que consiste em alojar o cartucho na câmara.

Invólucro - É o componente da maioria das munições cuja função


primária é a de servir de embalagem/contentor da carga de
propulsante do cartucho.
Tratando-se do chamado invólucro metálico, é constituído por uma
caixa aproximadamente cilíndrica de metal, plástico ou cartão,
fechada num dos extremos (a base do invólucro) e aberta no outro (a
boca do invólucro). Tratando-se do invólucro metálico, cabe-lhe
igualmente, as funções de alojar a escorva (na base) e o ignidor e de,
no disparo, realizar a obturação para trás, dos gases produzidos pelo
propulsante. Cabe-lhe ainda, nas munições de carga unida, alojar e
fixar o projéctil na boca e fazer a centragem do projéctil no início do
estriamento da alma do cano.
Tratando-se dum invólucro combustível, é formado por um ou mais
simples sacos de tecido, sacos esses que são consumidos aquando da
queima da carga.

Invólucro combustível – Designação genérica dos invólucros


constituídos por simples sacos de tecido ou cartão, que vêm a ser
consumidos durante a queima das cargas dos propulsantes. Este tipo
usa-se geralmente em munições – necessariamente munições de
carga separada de peças de artilharia – de grande calibre, para
facilitar o seu transporte e carregamento.
No ciclo de funcionamento dos sistemas de arma que empregam
estas munições, não se opera, como é óbvio, nem extracção nem
ejecção mas, em compensação, não se pode colher o benefício de
uma obturação muito simplificada, a chamada obturação por
expansão.
Também é habitualmente aplicável aos invólucros fabricados com
aglomerados à base de nitrocelulose, que exibem a particularidade de
268
o material do próprio invólucro contribuir para o desempenho
balístico da munição.

Invólucro metálico – Designação geral de todos os invólucros


constituídos essencialmente por um recipiente aproximadamente
cilíndrico, rígido, feito de metal relativamente macio (latão ou aço),
plástico ou cartão, onde se alojam os outros componentes do
cartucho. Este tipo de invólucro serve ainda para realizar da forma
mais simples e perfeita a obturação dos gases do propulsante,
obturação que neste caso se designa por obturação por expansão.
O invólucro metálico pode ser do género invólucro com bocel,
invólucro com ranhura de extracção ou invólucro cintado e pode ou
não ter um colo.
A dureza do material dos invólucros é um factor crítico para o bom
funcionamento do sistema de arma, uma vez que se o material for
muito macio ocorrerão dificuldades na extracção e se for muito duro
os invólucros poderão fracturar-se comprometendo a obturação.
Note-se ainda, a propósito de dureza, que os invólucros são
geralmente objecto dum tratamento térmico a fim de que as suas
bases fiquem mais duras do que as partes centrais e estas mais duras
do que os colos.
Os invólucros metálicos têm de ser fabricados segundo tolerâncias
bastante pequenas, afim de se assegurar a facilidade de carregamento
e a regularidade dos seus posicionamentos nas câmaras, condição
essencial para o bom funcionamento das escorvas.

Íris – Um dispositivo que serve para controlar a quantidade de luz a


admitir pela vista ou por um equipamento óptico – por exemplo um
dióptero -.
Consta, essencialmente, de um conjunto de “pétalas” de metal ou
plástico duro dispostas circularmente à volta de uma abertura e de tal
maneira montadas que a rotação de um manípulo faz com que elas,
movendo-se, se aproximem mais ou menos do centro, de tal forma
que o seu conjunto deixe ficar um orifício menor ou maior no centro
da referida abertura, única zona por onde a luz poderá passar.

269
As íris são muitas vezes usadas com a finalidade de aumentar a
profundidade de campo das imagens captadas.

I.S.S.F. – Sigla de International Sport Shooting Federation, em


português, Federação Internacional de Tiro Desportivo. É a
organização que superintende, regulamenta e promove a prática do
tiro desportivo de competição, nas várias modalidades de tiro ao alvo
com armas de bala e com armas de pressão de ar, tiro com arcos e
bestas e tiro a pratos, ao mais alto nível internacional. Nela se
encontram filiadas as Federações de Tiro da maioria dos países.
Na Commonwealth e nos EUA – aqui a American Rifle Association
– funcionam porém organizações de grande dimensão e vastos
meios, que são independentes dela e que, com regulamentações
próprias, organizam também os seus calendários de actividades.

Janela de ejecção - Uma abertura lateral de muitas caixas da culatra,


destinada à ejecção dos invólucros metálicos das munições já usadas.
Dado que quaisquer sujidades que entrem por esta abertura poderiam
às vezes facilmente ocasionar falhas de fogo, algumas armas de
guerra dispõem de uma provisão pela qual a janela de ejecção só é
aberta no momento da ejecção.

Kevlar – Uma fibra sintética altamente resistente que é usada no


fabrico de telas concebias para, em conjunto com resinas epóxidas,
serem empregues no fabrico de placas a utilizar como armaduras e
coletes pára-balas.
O Kevlar distingue-se pela sua elevada resistência à temperatura e
extraordinária resistência mecânica (5 vezes superior à do aço), e é
mais resistente à abrasão que outras fibras análogas (à base de
carbono, boro, silício ou óxido de alumínio). Esta classe especial de
poliamidas aromáticas decompõem a temperaturas acima dos 400º C
e a sua densidade é de 1.44 g/cm3.

Lábios (dum carregador ou dum tambor) - São os lados da


abertura do corpo dum carregador ou tambor, por onde é feito o seu
municiamento e onde fica retida a última munição a ser introduzida
270
nele, munição esta que é, obviamente, a primeira a passar para a
câmara no carregamento da arma. A abertura referida é a boca do
carregador ou boca do tambor.
São estas as partes mais delicadas dos carregadores e tambores - de
facto, das respectivas armas - e a sua má manutenção conduz, quase
invariavelmente, à ocorrência de repetidas falhas de fogo.

Lançador de granadas – Uma arma portátil de carregar pela culatra


que utiliza uma munição que é constituída por um cartucho e por
uma granada de fragmentação (anti-pessoal) ou por uma carga de um
pirotécnico. Possivelmente, sistema mais antigo deste tipo é o
conhecido M79 (EUA) de calibre 40 mm (40x53).
Pode também designar uma pequena arma de fogo sem coronha e
sem punho que se aplica, como acessório, sob o cano duma
espingarda ou carabina e em que se usa também uma munição
semelhante às acima referidas. Exemplos destes são os sistemas XM
148 (EUA) e M203 (EUA) que usam ambos a referida munição de
40 mm.
Pode ainda designar um sistema de arma automática que usa uma
munição igual ou semelhante às dos casos anteriores. São bastante
conhecidos os sistemas Mk 19 Mod 3 (EUA) de 40 mm e o AGS-17
(ex-URSS) de 30 mm.

Lançador de granadas anti-motim – Uma espécie de lançador de


granadas destinado a forças de manutenção da ordem pública mas
que se destina essencialmente a permitir a projecção a distâncias
consideráveis de balas de borracha e de granadas de gases
lacrimogéneos e/ou irritantes.

Laser – Este termo constitui a sigla de “Light Amplification by


Stimulated Emission of Radiation”, que significa “amplificação de
luz por emissão estimulada de radiação”. Consiste num dispositivo
cujo princípio de funcionamento se baseia na amplificação de ondas
electromagnéticas, gerando um raio (laser) de luz visível ou invisível,
radiação essa que é coerente. Radiação coerente caracteriza-se por
ser um grupo de ondas (ou fotões) em fase. A radiação coerente tem
271
a característica de ser pouco difractada (é muito direccional) e pode
transportar grandes quantidades de energia (e/ou de informação) a
grandes distâncias.
Militarmente, os lasers têm várias aplicações, como sejam a medição
de distâncias e o controlo/guiamento de mísseis.
Com o processamento da emissão e recepção de impulsos desse raio
de luz, é também possível efectuar a medição de distâncias e
velocidades de alvos.
Na medição de distâncias, em que é feita a medição, por meio de
circuitos electrónicos, do intervalo de empo entre o instante em que é
enviado um curtíssimo impulso (aproximadamente 5 x 10-8 segundos
de duração) de radiação e o instante em que o seu eco é recebido, os
lasers revelam-se equipamentos de dimensões diminutas e portanto
muito fáceis de instalar e transportar.
Na medição de velocidades de alvos, são feitas, pelo mesmo
processo, várias medições de distâncias em rápida sequência e as
velocidades são calculadas por tratamento destas medições em
calculadores.
Merece referência que, dada a não divergência dos raios de luz e
duração mínima dos impulsos, a detecção da localização do
utilizador dum laser por parte do inimigo, é quase impossível.
Actualmente, é também já mais que uma mera possibilidade o
emprego de lasers como armas de defesa e ataque.

Linha dos alvos - Um termo do tiro ao alvo. Designa a linha


aproximadamente recta que passa pelos planos das visuais dos alvos,
numa dada carreira de tiro. Quando esta linha é fixa, é a partir dela
que se mede a distância a que há-de ficar a linha de tiro. Nas
carreiras de tiro em que esta é fixa previamente, é a linha dos alvos
que vem a ser marcada posteriormente.

Linha de mira - No contexto do tiro de precisão/tiro ao alvo, é a


linha que une o olho do atirador ao ponto visado do alvo, ou seja,
aproximadamente ao centro da zona de pontaria. Neste contexto e no
plano teórico, a pontaria correcta e exacta de uma arma, consta de
fazer coincidir a linha das miras com a linha de mira.
272
Em tiro directo de artilharia, é a linha que une o sensor do sistema de
seguimento de alvos, a um dado alvo.
Em tiro indirecto de artilharia, é a linha que une o dito sensor a um
ponto auxiliar que serve de referência à pontaria.

Linha das miras – No contexto do tiro de precisão/tiro ao alvo com


armas equipadas com miras metálicas, a linha das miras define-se
como o segmento de recta que passa pelos “centros” da alça e do
ponto de mira, a partir desta definição, pode dizer-se que a anulação
do erro angular de pontaria, consiste simplesmente no “alinhamento”
da linha das miras com o olho do atirador.
Pode-se também dizer que a pontaria correcta e exacta de uma arma,
consta de fazer coincidir a linha das miras com a linha de mira.

Linha de pontaria - No contexto do tiro de precisão/tiro ao alvo, por


definição, a linha de pontaria é a linha que constitui o prolongamento
da linha das miras em direcção ao alvo, quando se aponta a arma. Na
realidade, nunca o atirador aponta a um ponto do alvo mas sim a uma
“zona”, uma zona de pontaria, maior ou menor conforme a sua
preparação física e mental.
No plano teórico, a pontaria correcta e exacta de uma arma, consta de
fazer coincidir a linha das miras com a linha de mira.
Para o atirador apenas iniciado - o “novato” -, a pontaria consistiria
em estabelecer uma linha que iria unir 4 pontos: o olho do atirador, o
“centro” da abertura da alça, o “centro” do ponto de mira e o centro
da zona de pontaria. É sabido entretanto que, na prática, um ou mais
destes pontos se encontrariam sempre fora desta linha, sendo por isso
necessário saber identificar quais destes desvios são aceitáveis - os
que constituem erros de translação - e quais os que conduzem a
grandes desvios dos impactos - os que constituem erros angulares -.
De facto, para efeitos do tiro feito com pistolas e espingardas,
quando equipadas com miras metálicas, há que ter primeiramente em
conta que o olho funciona (à semelhança duma máquina
fotográfica), condicionado pelo facto de que lhe é impossível
acomodar-se/focar/ver distintamente, simultaneamente, dois ou mais
pontos situados a distâncias bastante diferentes. Não podendo o olho
273
ver com clareza, ao perto, as duas miras metálicas e, ao longe, o alvo.
Na prática a materialização perfeita desta linha - e o referido
alinhamento de quatro pontos -, é impossível. Daqui que o atirador
devidamente preparado tenha sempre em mente a necessidade de
usar a sua visão, acomodando-a por forma a alinhar sobretudo três
pontos: o olho, o centro da alça e o centro do ponto de mira, com
vista a evitar os referidos erros angulares.
Por último, refira-se que a direcção da linha de pontaria no instante
do disparo, não determina por si só o ponto de impacto no alvo. Isto
porque é inevitável que o cano se movimente enquanto o projéctil se
move dentro dele, sendo o ponto de impacto determinado sim pela
posição desta linha no momento em que o projéctil sai da boca do
cano. De tal modo que, para se garantir uma boa consistência do tiro,
há que providenciar para que o referido movimento - a composição
do recuo mais o salto da arma - seja sempre o mesmo, de disparo
para disparo.

Linha de tiro - No contexto da balística externa, é a linha que


coincide com o eixo do cano da arma antes do disparo.
Em termos da linguagem do tiro ao alvo, é:
• O espaço com medidas delimitadas pelos regulamentos e
geralmente numerado - designa-se abreviadamente por “linha
número N” - de que um atirador dispõe para atirar para o alvo
com o número correspondente, que lhe é atribuído geralmente
por sorteio,
• A linha marcada no solo, paralela e a uma distância exacta da
linha dos alvos determinada pelo regulamento da prova, que o
atirador não pode ultrapassar nem sequer pisar durante a
realização das séries de disparos.

Logística – No contexto da tomada de decisões em teatro de guerra,


a logística é um dos factores básicos – os outros são a estratégia e a
táctica – da formulação dessas decisões. Diz respeito à necessidade
de, para se atingir os objectivos definidos, proporcionar no lugar
próprio e na altura necessária, todos os meios indispensáveis,

274
nomeadamente no respeitante a pessoal, abastecimentos, manutenção
de equipamentos, transportes e construções.

Lote - Uma certa quantidade - geralmente a produção de um dia de


uma dada máquina ou de uma certa quantidade fixa -, de um dado
produto fabricado em série, como por exemplo munições. Os artigos
individuais de um lote têm características mais uniformes entre si, ao
ponto de assegurarem um comportamento bastante constante das
suas unidades.
Cada lote de munições deve ser quantificado por um número de
mérito e é identificado por um número de código.

Manga de arrefecimento - Uma manga que reveste os canos de


certas peças de artilharia e metralhadoras e que se destina a ser
preenchida por um líquido circulante, de tal forma que a absorção de
calor por parte deste permita um muito melhor arrefecimento dos
ditos. Isto permite que essas armas possam operar com ritmos de
fogo e sustentar volumes de fogo maiores.

Manga de fragmentação – Uma manga de metal pré-fragmentado


ou uma manga de plástico contendo fragmentos de metal, que serve
para revestir os corpos de certos projécteis/granadas, a fim de lhes
conferir uma grande capacidade de produção de estilhaços efectivos.
Usa-se por exemplo como acessório em certas granadas ofensivas, a
fim de as converter em granadas defensivas.

Manual - Livro portátil que contém o resumo de um ou de vários


assuntos, a maior parte das vezes de caracter técnico.

Manutenção - É o conjunto das acções administrativas e técnicas


que permitem conservar e até eventualmente melhorar o estado de
funcionamento dos subsistemas de um dado sistema de arma, com
vista a assegurar o mais elevado grau da sua disponibilidade
operacional. A manutenção pode intervir segundo vários âmbitos e
processos, que se classificam como segue:

275
• Manutenção Correctiva que intervém apenas para reparar avarias.
Este processo é o que, relativamente, dificulta mais o papel da
logística e pode impor graves limitações operacionais,
• Manutenção Preventiva Sistemática, que, a partir de um
planeamento e de um critério sobre número de horas ou ciclos de
funcionamento - por exemplo, de tiros - define todos os
equipamentos ou peças a substituir. Este é o processo mais
dispendioso mas, além de facilitar a tarefa logística, torna-se
indispensável nos casos em que - como em aéreos e submarinos
-, as avarias podem ocasionar riscos demasiado elevados,
• Manutenção Preventiva Condicionada, em que as intervenções
deverão ocorrer antes das avarias mas logo que sejam detectados
certos valores fora do aceitável, em parâmetros previamente
seleccionados. Esta é uma solução muito mais económica que a
anterior mas que requer um trabalho de base mais extenso,
• Manutenção Preditiva, que se baseia num acompanhamento
sistemático da condição dos equipamentos, verificando desgastes,
deteriorações, aquecimentos, vibrações, ruído, consumos, etc.,
para, através de um critério previamente estabelecido, proceder a
reparações apenas imediatamente antes da provável ocorrência de
avarias. Este processo, pelo enorme número de dados a processar
constantemente, requer a utilização de programas informáticos
especiais mas é provavelmente o que assegura a melhor
economia e a maior disponibilidade operacional dos subsistemas
e equipamentos.

Mecanismo de armar – Nos sistemas de arma em que a ignição do


cartucho é feita por percussão – isto é, na grande maioria das armas
de fogo -, o mecanismo de armar é o mecanismo que serve a função
de reter o mecanismo de percussão na posição de armado até que a
acção do mecanismo do gatilho o faça libertar o percutor – ou o cão
– para que este, sob a acção da mola real, realize a sua função no
disparo.

276
Compreende sempre um armador, que é geralmente accionado no
acto de armas pela resistência de uma mola própria e no acto de
desarmar pelo mecanismo do gatilho.

Mecanismo do gatilho (ou mecanismo de desarmar ou


mecanismo de disparar) - Por vezes designado simplesmente por
gatilho, é o mecanismo duma arma de fogo que, actuando no
mecanismo de armar, tem por função dar início à primeira fase - a
fase puramente mecânica – do seu disparo. Nas armas automáticas,
cumpre as funções adicionais de as manter a disparar durante as
rajadas e de as interromper quando tal seja pretendido.
Na maioria das armas, estando a arma já carregada e a culatra já
travada, o mecanismo do gatilho actua no mecanismo de armar e este
no mecanismo de percussão. Porém, nas armas que funcionam
segundo a especificação de câmara aberta, o mecanismo do gatilho
efectua o disparo através da libertação da culatra que se encontra no
início recuada na caixa da culatra, estando a comprimir a mola
recuperadora. Neste caso, quando a culatra é libertada, avança, retira
uma munição do carregador, tambor ou fita e faz o carregamento,
assim dando início ao seu ciclo de funcionamento.
A segunda função essencial destes mecanismos é a de contribuir em
grande parte para a segurança de manipulação da arma, garantindo
praticamente que, em nenhuma condição, a arma se dispare
inopinadamente. Isto é conseguido na maioria das armas à custa de
construir os gatilhos por forma a que o peso do gatilho seja
considerável, isto é, por forma a que, para realizar os disparos, seja
necessário aplicar uma pressão considerável na cauda do gatilho.
Contudo, no caso das armas para tiro de precisão, esta forma de
implementar a segurança de utilização teria inconvenientes graves
para a exploração do objectivo principal da utilização destas armas.
Com efeito, nestas armas, em que ao utilizador compete
simultaneamente as funções de, com grande precisão e sincronização
de movimentos, apontar e disparar, a função primeira dum
mecanismo do gatilho consiste em permitir que ao atirador se torne o
mais fácil possível, de uma forma altamente sincronizada, encadear
estas duas acções.
277
Ainda é mais assim no caso das armas de tiro ao alvo de competição,
em que dada a enorme importância que a acção de disparar tem para
a precisão e consistência do tiro, os mecanismos do gatilho têm de -
embora sem compromisso excessivo da segurança -, tornar o mais
fácil possível a actuação do atirador.
Estes mecanismos, para além de serem sempre mecanismos de
grande precisão que permitem uma enorme regularidade do
funcionamento e que incluem a possibilidade de ajustar as
amplitudes dos movimentos da cauda do gatilho e as forças que lhe
há que aplicar, para realizar os disparos, devem funcionar com
actuações cujos “pesos” sejam os menores possíveis.
A segurança aqui é suposta depender da proficiência e experiência
dos utilizadores e é verdadeiramente uma imprudência deixar que um
principiante utilize uma arma destas sem supervisão.
O mecanismo do gatilho é geralmente um dispositivo inteiramente
mecânico mas, nalgumas das armas de precisão, pelas razões
referidas, emprega-se mecanismos electromecânicos, estes
funcionando por corte ou estabelecimento duma corrente eléctrica,
realizada num dado componente que pode ser simplesmente um
pequeno platinado ou, mais elaboradamente, um sensor/transdutor
óptico ou magnético.
Conforme a sua constituição interna e forma de funcionar há
essencialmente duas configurações de mecanismos:
• A dos gatilhos designados por gatilhos de acção directa, em que a
actuação da cauda do gatilho origina uma acção directa no
componente - o armador - que faz a retenção do cão ou percutor,
• A dos gatilhos de acção indirecta, por vezes chamados “gatilhos
de cabelo”, em que a actuação na cauda conduz à libertação de
uma peça que funciona como um martelo que se abate sobre o
armador, fazendo-o libertar o cão ou o percutor. Estes gatilhos
indirectos, têm a vantagem de permitir a utilização de pesos do
gatilho da ordem de apenas poucas gramas mas com a
desvantagem técnica de serem causa de tempos de fechamento
ligeiramente maiores.

278
Ainda no que diz respeito principalmente às armas usadas em tiro de
precisão, usam-se vários géneros de gatilho, conforme os
movimentos que a cauda do gatilho tem de realizar:
• Os gatilhos sem folga, em que durante o disparo não há
praticamente nenhum movimento da cauda e em que o disparo se
dá a partir de um determinado nível da pressão aplicada nesta,
• Os gatilhos com folga (ou de dois tempos), em que após o
movimento correspondente a uma “folga”, se encontra um ponto
duro, após o qual o gatilho funciona como o gatilho sem folga,
acima referido. Este género de gatilho é o que oferece o maior
número de vantagens e o que, desde que funcione sem
arrastamentos, se revela o mais eficaz, sendo por isso, de longe,
o mais usado,
• Os gatilhos com dupla folga em que os dois primeiros
movimentos da cauda servem apenas para tirar a maior parte do
peso do gatilho,
• Os gatilhos deslizantes, em que aparentemente sempre com a
mesma pressão, a cauda do gatilho se move até um ponto que,
sem qualquer aviso, se dá o disparo.

Mecanismo de percussão - Nos sistemas de arma em que a ignição


do cartucho da munição se faz por meio duma escorva de percussão,
é o mecanismo que realiza a percussão da escorva.
Existem duas espécies de mecanismos de percussão:
• Os puramente mecânicos, constituídos essencialmente por um
percutor ou cão e por uma mola real, em que o percutor ou cão
actuam quando “autorizados” por um mecanismo de armar,
• Os electromecânicos constituídos essencialmente por um
electroíman cujo núcleo é o próprio percutor ou cão e que actuam
quando o mecanismo do gatilho, que é um circuito eléctrico ou
electrónico, faz passar uma corrente pela bobina do electroíman,
fazendo com que o campo magnético criado por esta faça o
núcleo ter um movimento brusco, com energia cinética suficiente
para efectuar a percussão.

279
Mecanismo de recuperação - É o mecanismo de uma peça de
artilharia que, terminado o recuo que ocorre durante um disparo,
reconduz as partes recuantes da peça à sua posição inicial.
Nas armas automáticas e nas armas semiautomáticas, o mecanismo
de recuperação, nesta sua actuação, vai também accionar o
dispositivo de carregamento, o mecanismo de percussão e o
mecanismo de armar, em preparação para o disparo seguinte.
Em qualquer dos casos, estes mecanismos funcionam com base numa
mola ou num órgão pneumático onde se comprime ar ou outro gás
durante o recuo.

Mecanismo de segurança (ou sistema de segurança) - É o


mecanismo duma arma de fogo que permite seleccionar entre a
inibição total do funcionamento do mecanismo de percussão e/ou do
mecanismo do gatilho e os outros estados de possível funcionamento
da arma (tiro semiautomático, tiro automático, tiro em seco, etc.). É
portanto o mecanismo da arma que permite escolher entre as
seguintes condições dessa arma:
• Uma posição de segurança, em que a arma fica impedida de
realizar disparos,
• Nas armas de carregar pela culatra e nas armas de repetição, uma
posição em que a arma pode disparar,
• Nas armas que podem funcionar selectivamente em tiro
automático e tiro semi-automático, uma terceira posição - a de
“disparo simples” -, em que a arma só pode realizar um tiro de
cada vez,
• Nalgumas armas que podem realizar tiro automático, uma
posição em que a arma pode fazer rajadas ”controladas” de um
número limitado de disparos,
• Nas armas automáticas, uma posição em que a arma pode realizar
tiro em rajadas.

Mesa do elevador - Nas armas de repetição com um depósito


aproximadamente rectangular sob a caixa da culatra, é a placa onde
as munições ficam apoiadas e que, por acção de uma mola, a mola do
elevador, as impulsiona em direcção à caixa da culatra.
280
Nas armas em que o municiamento é feito por um carregador tambor,
é o componente destes que, impulsionado igualmente por uma mola
do elevador, empurra as munições em direcção à boca onde, antes do
carregamento, a primeira delas fica retida nos lábios.
Em qualquer dos casos, o conjunto da mesa do elevador com a mola
do elevador, chama-se o elevador.

Metralhadora - Designação genérica das armas automáticas - das


classes das armas ligeiras e armas pesadas que não trabalhem com
um freio de amortecimento -, de calibre até .50” (12.7mm),
concebidas para serem capazes de sustentar, prolongadamente,
ritmos de fogo elevados.
As metralhadoras classificam-se em metralhadoras pesadas (HMG),
metralhadoras médias (MMG), metralhadora ligeira (LMG) e
metralhadoras para veículos (VMMG), decorrendo esta classificação
em boa parte do seu peso máximo, do tipo de suporte/apoio que
utilizam e do seu ritmo de fogo sustentável, isto é, da extensão da sua
máxima capacidade para fazer fogo durante períodos alargados.
Dadas as modernas tácticas, tendentes para uma cada vez maior
mobilidade das forças militares, é notável, desde a II Guerra
Mundial, a procura de armas destas cada vez mais ligeiras.
Uma característica muito desejável nas metralhadoras é a
possibilidade de mudarem expeditamente os canos.

Metralhadora ligeira - Uma metralhadora geralmente alimentada


por carregador, com o peso máximo de cerca de 15 kg, que se monta
sobre um bipé e que usa geralmente a munição do calibre nominal da
espingarda de guerra/espingarda de assalto usada no país da sua
adopção.

Metralhadora média – Uma metralhadora geralmente alimentada


por fita, com peso entre cerca de 15 e 30 kg, que se utiliza sobre um
suporte fixo ou tripé. Destina-se em princípio a fazer tiro a distâncias
muito maiores do que as metralhadoras ligeiras.

281
Metralhadora pesada – Uma metralhadora de peso superior a 30 kg
e de calibre geralmente igual ou superior a .50’’ (12.7 mm). Usa-se
montada sobre um suporte próprio ou sobre um tripé muito sólido.
Nalguns casos é difícil a distinção entre metralhadora pesada e peça
de artilharia terrestre de defesa próxima.
De notar que, por convenção internacional, é proibido o emprego
anti-pessoal deste género de metralhadora.

Miras - Designação geral dos equipamentos mecânicos, ópticos ou


electroópticos dos aparelhos de pontaria usados nas armas ligeiras,
para as poder apontar.

Miras metálicas – Designação genérica dos géneros mais clássicos


de aparelhos de pontaria. Um conjunto de miras metálicas é
constituído essencialmente por dois pontos de referência, o primeiro
uma abertura/ranhura duma alça e o segundo um ponto de mira, que
são colocados, geralmente sobre o cano da arma, a definir uma linha
ligeiramente oblíqua ao eixo longitudinal desse cano.
A pontaria com este género de aparelho, consiste – ver erro angular –
no atirador alinhar exactamente o seu olho director com estes dois
“pontos de referência” e de, em seguida dirigir a linha que contém
estes três pontos, o mais aproximadamente possível, ao centro da
zona de pontaria do alvo.

Mistura ignidora – Uma mistura de substâncias que se pretende


essencialmente, que se comporte como um explosivo não produtor de
choque mecânico, com vista ao seu uso principal, em muito pequenas
quantidades na constituição de cargas de escorvas. A função do
explosivo destas cartas é portanto, reagir com grande fiabilidade ao
choque do percutor de uma arma (ou ao aquecimento causado pela
passagem de corrente, no caso das escorvas eléctricas), gerando uma
chama intensa, se possível contendo uma grande quantidade de
partículas incandescentes, dado que tais partículas têm uma grande
capacidade para fazer a ignição dos propulsantes nas zonas em que
contactem com estes.

282
Dado que a generalidade dos baixos explosivos não é sensível aos
choques mecânicos, estas misturas explosivas têm necessariamente
de ser constituídas a partir de uma certa quantidade de um alto
explosivo primário. Como porém há que evitar a todo o custo que os
grãos das cargas principais sejam atingidos por uma forte onda de
choque que os poderia danificar, alterando a sua vivacidade, esta
quantidade de alto explosivo tem de ser misturada com outras
substâncias que intervenham por forma a que, por um lado, a
quantidade de alto explosivo usada, sendo mínima, produza assim
calor suficiente e, por outro, a energia da onda de choque por ele
produzida, não provoque os danos referidos.
Para que seja eficaz o resultado do funcionamento das escorvas, as
misturas iniciadoras são portanto misturas de um alto explosivo com
um “sensibilizador”, um “combustível”, um “comburente” e
finalmente com um “inerte”. O sensibilizador tem como função
tornar possível a iniciação de uma quantidade quase ínfima de alto
explosivo. O combustível e o comburente, amplificam o calor
recebido da detonação do alto explosivo. O inerte faz com que cada
pastilha a usar em cada escorva tenha tamanho suficiente para ser
facilmente manipulável e com que essa mesma pastilha produza
bastantes partículas incandescentes, o que favorece bastante a ignição
de carga principal do cartucho.

Mola do elevador – Nas armas de repetição com um depósito, é a


mola que se encontra sob a mesa do elevador. Nas armas providas de
uma carregador ou tambor, é a mola que impulsiona a mesa do
elevador, fazendo com que esta empurre as munições em direcção à
boca (do carregador ou tambor) e portanto em direcção à caixa da
culatra da arma.

Mola real – É a mola – espiral ou de lâmina – do mecanismo de


percussão que é responsável pela impulsão do cão ou do percutor
durante a percussão.

283
Mola recuperadora - Um componente de algumas armas
semiautomáticas e armas automáticas. Nestas armas, é o componente
principal do mecanismo de recuperação.
Actua nas partes recuantes amortecendo o seu movimento e
armazenando energia aquando do recuo até para lá da ejecção e
devolve essa energia a essas partes pondo-as em movimento “para a
frente”, para que as armas efectuem as restantes operações dos seus
ciclos de funcionamento.
Nas peças de artilharia, a sua acção tem de ser moderada pelo freio
de amortecimento, para os movimentos de recuo e de ida à bateria,
sejam suficientemente suaves.
As molas recuperadoras estão sujeitas a esforços que são
proporcionais às velocidades a que as culatras são obrigadas a
trabalhar e, nos casos em que estas velocidades ultrapassam os 12 m/
s, têm de ser feitas de materiais especiais.

Munição - Em geral é o sub-sistema de um sistema de arma com que


se conta para gerar o impulso, isto é, libertar a “energia propulsiva”
necessária à condução dum ou mais projécteis - que são parte dessa
munição - até junto dum alvo, a fim de realizar a sua neutralização
por efeito da energia cinética e quase sempre também da energia
química dos altos explosivos contidos nesse ou nesses projécteis.
Podem ser considerados munições dos respectivos sistemas de arma,
os seguintes sub-sistemas:
• As munições sem propulsor (por exemplo, as bombas e as
granadas de mão), que são constituídas quase apenas por uma
carga útil,
• As munições das armas de fogo e as das armas de propulsão por
reacção constituídas por um cartucho, o propulsor destas
munições, que funciona durante o disparo e por um ou mais
projécteis/cargas úteis capazes de, conseguida a desejada
precisão do tiro, pela energia cinética e energia química que
transporta(m), obter a neutralização do seu alvo,
• As granadas-foguete constituídas por um motor de foguete, que
fornece a propulsão e por uma carga útil com funções idênticas às
das dos casos anteriores.
284
Em ambos estes dois últimos casos, as armas, além de constituírem o
apoio necessário ao bom processamento da propulsão, tem de conter
os meios necessários ao direccionamento/pontaria apropriado dos
projécteis.
• Os mísseis, que para permitirem maiores probabilidades de
atingir os alvos - particularmente tratando-se de alvos móveis -
integram na sua constituição pelo menos uma parte dos meios -
de controlo e comando - necessários à selecção das suas melhores
trajectórias.
Em qualquer dos casos, tendo em conta que qualquer sistema de
arma pode ser considerado como uma máquina de combustão
interna especial, uma máquina que processa transformações de
energia, é a munição que deve ser olhada como agente
activo/energético dessa máquina, realmente a fonte da grande
maioria da energia que se pode utilizar.

Munição de salva – Uma munição usada para salvas mas também


em treinos e testes dos mecanismos de percussão das armas. Esta
munição não tem projéctil e o seu cartucho compreende uma
pequena carga de pólvora de grande vivacidade – muitas vezes
emprega-se pólvora negra – destinada a produzir um ruído bastante
forte.

Municiamento - O mesmo que alimentação. Neste sentido, significa


introduzir munições no seu alojamento/depósito duma arma de
repetição, introduzir e fixar o carregador numa arma semiautomática
e introduzir e fixar o carregador ou tambor ou ainda fixar o início
duma fita de municiamento numa arma automática.
O termo significa também a operação que consiste em introduzir
munições num carregador, tambor ou fita de municiamento.

Napalm – Uma mistura pirotécnica que é um incendiário poderoso,


que tende a aderir vigorosamente às superfícies que contacta, tem
uma combustão lenta de alta temperatura.
Resulta da gelatinização de gasolina (90 a 95%) por palmitato de
sódio (daqui a origem do termo, com NA de sódio e PALM de
285
palmitato) ou alumínio. Saliente-se que a composição original do
Napalm (muito higroscópico e pouco denso, o que constituía uma
desvantagem logística) consistia num derivado do petróleo
(“NAphthenic acid”) e num PALMitato (extraído do óleo de palma),
razão pela qual alguns autores atribuem a origem do termo Napalm a
estes dois compostos.
A sua ignição faz-se normalmente por meio duma chama. Nas
formulações mais modernas, o napalm arde mesmo submerso em
água.

Núcleo – Este termo tem significados bastante distintos:


• O componente que se encontra no centro da bobine de um
electroíman.
• O componente central duma bala composta, portanto o que se
encontra no interior da camisa desta e que constitui a maior parte
da massa. É feito geralmente de chumbo rijo, um material que
pela sua alta densidade faz com que este género de projéctil
tenha, como é necessário, uma densidade seccional alta.

Obturação – É a selagem, que se pretende perfeita, dos gases da


pólvora, dentro do cano de uma arma de fogo, aquando de um
disparo, entre a face da culatra eo projéctil, que faz com que estes
sejam impedidos de passar quer para o mecanismo da culatra – a
chamada “obturação para trás” -, quer para a frente do projéctil – a
chamada “obturação para a frente” -.

Olho director - É o olho que predomina sobre o outro na


determinação de direcções. Quando, com ambos os olhos abertos,
apontamos um objecto com o dedo, só um dos olhos pode fazer com
o dedo e o objectivo visado, uma linha recta. Olho director é o olho
que, instintiva e sistematicamente, sem que nos apercebemos disso,
predominando sobre o outro, empregamos quando assim
determinamos uma qualquer direcção.
O olho director é, por esta razão, o olho que, também
instintivamente, se tende a empregar quando se tenta fazer pontaria
com uma pistola ou uma espingarda.
286
Sendo que nas pessoas dextras o olho director é geralmente o olho
direito e nos canhotos é geralmente o olho esquerdo, a utilização
simultânea da mão mais hábil para realizar os disparos e do olho que
é mais “potente”/natural empregar para apontar, corresponde às
melhores condições possíveis de uma boa posição exterior para
atirar.
Caso contrário, isto é, no caso do atirador direito que tem o olho
esquerdo como olho director ou no caso do atirador canhoto que tem
o olho direito como olho director, deve ter-se em conta que a
habilidade “motora” é a mais difícil de aperfeiçoar e, como tal, deve
dar-se preferência à mão sobre o olho e - favorecendo igualmente a
posição exterior -, deixar de empregar o olho que naturalmente
funciona como olho director. Isto é, o atirador direito deve atirar “à
direito” passando a usar o olho direito e o canhoto “à canhota”,
usando o olho esquerdo. Nestes casos porém, é quase sempre
necessário tapar o verdadeiro olho director com uma pala para
obrigar o outro a funcionar aceitavelmente.

Orientação do atirador – Este termo, usado na tecnologia de tiro ao


alvo, qualquer que seja a modalidade, refere-se à colocação de um
atirador em relação ao alvo, ou seja à sua implantação no solo/base
de apoio. Parte-se do princípio de que o atirador já seleccionou uma
postura e já tem treino muscular suficiente para assumir essa postura
durante períodos prolongados. Isto porque só depois de o atirador ter
repetido muitas vezes este processo e ter ganho uma certa “memória
muscular” da sua postura, é que deve procurar orientar-se em relação
ao alvo, para assim completar a sua “posição exterior de tiro”.
Conforme a modalidade de tiro, o procedimento de orientação tem as
suas particularidades. Por exemplo, em todas as disciplinas de tiro
com pistola, o procedimento é o seguinte:
• O atirador, tendo conseguido uma boa empunhadura da arma,
posiciona-se aproximadamente no centro da sua linha de tiro,
orientando-se de tal forma que lhe pareça que ao levantar o
braço, este ficará dirigido para o alvo correspondente a essa linha
de tiro,

287
• Em seguida, fechando os olhos durante todo o tempo que for
necessário, levanta o braço e, socorrendo-se da sua memória
muscular e das suas sensações de conforto/desconforto, assume o
melhor possível a sua “postura de base”, eleita anteriormente,
• Abre depois os olhos e observa a direcção em que o braço se
encontra apontado. Normalmente, o braço encontra-se a apontar
um pouco para a esquerda ou para a direita do alvo.
Efectuar agora a correcção, apenas movimentação do braço, seria um
erro grosseiro de que o atirador de resto se aperceberia rapidamente,
pois o braço tenderia constantemente a regressar à posição inicial.
Em vez disso há que rodar no sentido apropriado todo o corpo o que,
é claro, só pode ser feito rodando a implantação dos pés no solo, da
quantidade apropriada,
• Este processo tem depois de ser repetido até se ter a sensação de
que a acção de apontar ao alvo é feita sem qualquer esforço
especial.
A orientação do atirador de espingarda na “posição de pé” deverá
decorrer exactamente da mesma forma até a arma ficar a apontar
naturalmente para o alvo e na “posição de deitado” e “posição de
joelhos”, igualmente por correcção da implantação dos seus apoios
no solo.

Pára-balas – Designação comum do espaldão que se situa atrás dos


alvos nas carreiras de tiro.
Principalmente quando estas se situam inseridas em zonas
metropolitanas, é necessário que os pára-balas sejam feitos de areias
livres de pedras a fim de evitar o perigo de ricochetes.
Adicionalmente a isto, os pára-balas dispõem muitas vezes de um
tecto resistente destinado a evitar a sua erosão pelas chuvas e a
complementar a segurança contra ricochetes.

Passo das estrias - É, por definição, a distância que o projéctil tem


de percorrer dentro da parte estriada da alma de um cano estriado,
para efectuar uma rotação completa.
Para cada calibre, os projécteis mais compridos, para terem
estabilidade giroscópica suficiente, necessitam de ter uma velocidade
288
de rotação maior, e como tal, o seu disparo implica porventura o uso
de canos com passos de estriamento menores. É no entanto de
considerar que, para uma dada velocidade à boca, este aumento tem
limites, uma vez que a diminuição do passo das estrias implica um
aumento dos esforços sobre os projécteis e uma aumento da erosão
do cano. De facto, a razão que determina que não seja possível usar
projécteis estabilizados por rotação com comprimentos superiores a
cerca de seis calibres, é o limite prático na redução do passo das
estrias.
A fórmula empírica para a determinação do passo das estrias de um
cano que se preste ao disparo de determinados projécteis, é:

Calibre2
PASSO = x 180
Comprimento do Projéctil

Por vezes o passo das estrias é designado, à semelhança do que se faz


para o cumprimento dos canos, em número de calibres (1/12, 1/14,
etc).
Por outro lado, o passo pode ter um valor constante, caso do
chamado “passo uniforme”, ou um valor progressivamente menor,
caso do chamado “passo progressivo”.

Percussão - É a acção pela qual o percutor ou o cão duma arma de


fogo, uma vez libertado do mecanismo de armar, vai bater ou na
escorva de percussão duma munição de percussão central ou no
rebordo da base do invólucro duma munição de percussão anelar.
Em qualquer dos casos, a percussão tem necessariamente de ser feita
com uma energia cinética do cão ou percutor que seja suficiente mas
não excessiva e tendo a ponta do percutor uma forma apropriada. Se
a percussão for insuficiente haverá retardos de ignição e perdas da
consistência do tiro e se for excessiva, poderão ocorrer perfurações
das escorvas, que conduzem a falhas graves de obturação para trás.

289
Percussão anelar ou periférica – É o género de percussão em que o
percutor ou o cão da arma bate/indenta num qualquer ponto da
periferia da base do invólucro da munição.
Nas munições em que se emprega este género de percussão, a
mistura ignidora encontra-se alojada – na forma de uma película
contínua muito fina -, a toda a roda do interior do bocel e da base do
invólucro, de tal forma que a iniciação se possa fazer qualquer que
seja o ponto onde se faça a percussão.
Porque as paredes dos boceis destes invólucros, para cederem ao
coque da ponta do percutor, têm de ser bastante finas, o método só
tem aplicação a munições em que as pressões desenvolvidas pelos
propulsantes sejam relativamente baixas.
Actualmente, esta forma de percussão quase só se usa nos calibres
nominais .22 Short, .22 Long e .22 Long Rifle.

Percussão central – Este termo aplica-se às armas e às munições em


que a percussão se faz sobre uma escorva implantada no centro da
base do invólucro. É o sistema usado na grande maioria dos sistemas
de arma – nomeadamente nos de armas portáteis – e em todos os
sistemas de artilharia onde se emprega uma iniciação mecânica.

Percutor - O componente do mecanismo de percussão, móvel dentro


da culatra, a que compete agir sobre a escorva nas munições de
percussão central ou no rebordo da base do invólucro nas munições
de percussão anelar. Estes percutores podem agir:
• Por acção de uma mola do mecanismo referido, a mola real que
os impulsiona, quando libertados dos armadores,
• Quando martelados por um cão,
• Quando percutidos por uma espécie de êmbolo quando este é
libertado pelo mecanismo de armar,
• Por acção de electroímans de que eles são o próprio núcleo e que
os acelera quando é fechado um circuito eléctrico sobre estes
dispositivos.
Nas armas com culatras de gaveta e outras, cujo movimento é
transversal em relação ao eixo do cano, é geralmente necessário que
os mecanismos de percussão sejam providos de dispositivos que
290
façam a recolha do percutor após os disparos, antes da culatra fazer o
seu movimento de abertura. Usam-se então muito os chamados
percutores elásticos.
Estes percutores são peças muitas vezes sujeitas a grandes esforços
pelo que a sua fractura constitui uma das principais causas das falhas
de fogo nos sistemas de arma que os empregam.
Designa também uma ponta saliente na face da culatra, dos sistemas
operados por inércia da culatra em que se usa a chamada percussão
antecipada.
Designa ainda uma ponta saliente, sem movimento próprio, situada
no centro do fundo do cano dos morteiros, onde a escorva das
granadas vai embater quando elas são largadas na boca do cano.

Peso de gatilho – É a força mínima que é necessário exercer,


aproximadamente no centro da cauda do gatilho duma arma de fogo,
para efectuar um disparo. Mede-se normalmente com um dispositivo
– um pesa gatilhos (dispositivo que consta essencialmente de uma
massa montada numa espécie de gancho e que serve para determinar
se o peso de gatilho das armas de tiro ao alvo – e outras,
eventualmente, se encontra de acordo com os valores regulamentares
especificados) – que é engatado na cauda do gatilho, com a arma
posicionada de tal forma que o cano fique na vertical. Os pesos do
gatilho, para aquém de um dado valor, têm uma incidência directa na
segurança de manuseamento das respectivas armas. Por outro lado,
para além de um dado valor, os pesos do gatilho, na medida em que
dificultam os disparos, são um factor determinante na consistência do
tiro.
Nas disciplinas de tiro ao alvo patrocinadas pela I.S.S.F. em que
estão regulamentados os valores mínimos dos pesos dos gatilhos, as
massas totais dos pesa gatilhos devem ser as seguintes:
• Espingarda standard de grosso calibre – 1.360 gr,
• Pistola de grosso calibre – 1.360 gr,
• Pistola standard e Pistola sport – 1.000 gr,
• Pistola de ar comprimido – 500 gr.

291
Pistas de tiro de combate – São extensões de terreno dotadas com
dispositivos e equipamentos apropriados que se destinam ao tiro de
combate.

Pistola - Uma arma de fogo, em geral, apenas semi-automática, de


relativamente pequenas dimensões, que pode ser usada com apenas
uma mão e é muito fácil de transportar e, sendo necessário, ocultar.
Aparte o muito grande uso destas armas, fora do contexto defensivo/
ofensivo, em competições de tiro ao alvo, é precisamente por aquelas
razões que continua a ter bastante utilização “civil” e operacional,
apesar do alcance eficaz muito limitado e da relativa falta de
consistência no tiro e precisão do tiro que pode produzir, a menos
que utilizada por “peritos”. Estes sendo capazes de levar o alcance
eficaz até cerca dos 100 metros.
Como arma largamente distribuída, a pistola tem tendência a
desaparecer nas Forças Armadas dos países mais industrializados,
vindo a ser substituída pelas pequenas pistolas metralhadoras e
carabinas de assalto que se consegue hoje em dia produzir.
É claro que estas considerações se aplicam igualmente ao revólver
que, de resto, tem vindo a substituir, principalmente desde que
começaram a aparecer pistolas com carregadores com capacidade
para dez e mais munições.

Pistola de defesa – Uma designação, com significado legal variável


de país para país, de algumas pistolas e revólveres, que não
corresponde a qualquer conjunto de especificações técnicas, uma vez
que, “tecnicamente” qualquer arma de fogo pode ser usada para
defesa da integridade pessoal.
É de ter bem presente que esta é a única classe de arma de fogo que a
lei portuguesa permite que seja usado para este efeito e que, em caso
desses uso, a lei obriga na prática o utilizador que tenha provocado
ferimentos noutro indivíduo, ao “ónus da prova” de que estaria
realmente em perigo a sua integridade pessoal.
Paradoxalmente, ao assumir explicitamente uma postura de limitar
fortemente nos calibres nominais que autoriza para esta categoria de
armas, a alei portuguesa permite – quase sempre, implicitamente, -
292
aos cidadão civis a compra das chamadas “armas assassinas”, as
pistolas de calibre 6.35 mm. Tenha-se em conta que os tiros com este
calibre, faltando-lhes poder derrubante, só podem deter rapidamente
um assaltante determinado atingindo-o num órgão vital. E que por
isso, como acontece muitas vezes, o utilizador, para deter o
assaltante, vem a atingi-lo com vários tiros o que, quase
inevitavelmente, pelo efeito acumulado dos ferimentos, lhe provoca a
morte. Por vezes, ainda por cima, sem se ter conseguido que a defesa
fosse eficaz, sem que, entretanto, tenha conseguido subtrair-se aos
resultados da violência do assalto.

Pistola de grosso calibre – Designação regulamentar de uma


modalidade de competição de tiro ao alvo com pistola – ou revólver
– com os alvos a 25 metros. Uma das que constam do programa da
I.S.S.F. consta de 30 tiros de precisão pura e de 30 tiros de
velocidade, ambas as partes em séries de 5, com uma série de
“ensaio” antes de cada parte, sendo os alvos classificados de pois de
cada série.
Designa também uma pistola ou revólver destinados ao emprego nas
provas de tiro ao alvo acima referidas. Trata-se de uma pistola que
deve obrigatoriamente obedecer às seguintes especificações:
• Calibre igual ou superior a .30’’ (7.62 mm) e inferior ou igual
a .38’’ (9.65 mm),
• Cano de comprimento máximo igual a 153 mm,
• Base de mira igual ou inferior a 220 mm,
• Peso de gatilho igual ou superior a 1360 gr,
• Peso total inferior a 1.400 gr,
• O eixo da alma tem de passar necessariamente acima do ponto
mais alto da mão,
• A pistola, incluindo o punho, deve caber numa caixa com
medidas interiores de 300x150x150 mm,
• Nenhuma parte do punho da arma pode envolver a mão,
• Não é permitido nenhum género de freio de boca ou
compensador.
As armas desta classe, tendo começado por ser simples adaptações de
modelos destinados a outras funções, são hoje em dia modelos
293
especialmente concebidos tendo em vista as exigências técnicas da
alta competição.
Também se utiliza o termo como designação genérica comum de
qualquer pistola de calibre igual ou superior a 7.65 mm.

Pistola de guerra – Uma pistola dum calibre relativamente grande


que é concebida tendo em conta particularmente as especificações
gerais duma arma de guerra.
Os calibres nominais mais usados nesta classe se sistemas de arma
têm sido:
• Nos países “de leste”, o 7.62 tipo P (7.62x25),
• Nos países “ocidentais”, o 9 mm Parabellum, o .45 ACP e o .38
Special.

Pistola livre – Designação regulamentar de uma modalidade de


competição de tiro ao alvo com pistola, em que a distância a que se
faz tiro é de 50 metros. Consta de 60 tiros de precisão pura em séries
de 5, com uma série ilimitada no número de tiros de “ensaio”, a
realizar no início da competição. Esta é uma das modalidades
patrocinadas e regulamentadas pela I.S.S.F. e é também uma das
modalidades de tiro ao alvo que faz parte do programa dos Jogos
Olímpicos.
É também a designação comum de uma pistola de tiro ao alvo, em
princípio uma arma de tiro simples, de calibre nominal .22 Long
Rifle. Trata-se sempre de uma arma especialmente concebida para
debitar uma consistência do tiro muito alta, para o que, por
concepção, tem o cano implantado numa posição bastante baixa em
relação à mão, é equipada com um mecanismo de gatilho de alta
qualidade, um aparelho de pontaria que é necessariamente um sub-
sistema de alta precisão e um punho concebido para proporcionar um
máximo de pontos de apoio.
O termo “livre” tem origem, exactamente, no facto de, ao contrário
das outras pistolas a empregar nas outras modalidades da I.S.S.F.
esta não ter de obedecer a qualquer restrição de peso, dimensões ou
quaisquer outras, aparte o facto de nenhum ponto do punho poder

294
tocar no antebraço e de só lhe poderem ser aplicadas miras metálicas
“abertas”.

Pistola metralhadora (Submachine gun) – Uma arma de guerra


que se pode definir como uma pequena metralhadora que emprega
munições de pistola. A maioria das pistolas metralhadoras funciona
no sistema de operação por inércia da culatra e usa percussão
antecipada (a excepção mais conhecida é a HK MP5). Mas o facto de
a consistência do tiro e a precisão do tiro produzido por este sistema
de operação não serem muito boas, isso não constitui aqui um
verdadeiro óbice, dado que estas armas se destinam a ser empregues
quase sempre a pequenas distâncias.
As pistolas metralhadoras mais modernas, as chamadas “pistolas
metralhadoras de 3ª geração” são armas que trabalham com uma
culatra que se encontra a envolver o cano no instante dos disparos, a
fim de o seu peso contribuir ao máximo para a redução do salto e que
incluem quase sempre um compensador, com esta mesma finalidade.
Nos últimos anos tem-se observado um progressivo abandono deste
género de sistema de arma em favor da adopção dos sistemas de
carabinas de assalto – por vezes com canos encurtados – no que se
pretende tirar partido do pequeno recuo produzido nestes últimos
sistemas.

Pistolas de pressão de ar – Designação regulamentar de uma


modalidade de competição de tiro ao alvo com pistola, que é uma das
patrocinadas pela I.S.S.F. e que é já também uma das que faz parte
do programa dos Jogos Olímpicos. Esta modalidade pratica-se sobre
alvos colocados a 10 metros de distância. Consta de 60 tiros de
precisão pura, um tiro por alvo, com um número ilimitado de tiros de
“ensaio” no início da prova.
Designa também uma pistola de tiro ao alvo concebida especialmente
com vista ao seu emprego na modalidade de tiro ao alvo acima
referida. Com armas concebidas com a finalidade de possibilitar altas
prestações, estas pistolas devem ter um recuo e um salto
praticamente nulos, uma configuração do punho que facilite a
reprodutibilidade do empunhamento e devem, é claro, ser equipadas
295
com mecanismos do gatilho e aparelhos de pontaria de alta
qualidade.
Para obedecer aos regulamentos desta modalidade, devem satisfazer
as seguintes especificações:
• Serem do calibre nominal 4.5 mm ou 1.77’’,
• O eixo longitudinal do cano deve passar acima do ponto mais alto
da mão,
• O punho não ter superfícies envolventes lateralmente,
• O peso do gatilho ser igual ou superior a 500 gr,
• As suas dimensões máximas serem tais que ela caiba numa caixa
com dimensões interiores de 420x200x50 mm,
Designa ainda uma qualquer pistola destinada a actividades de
recreio, onde se usa chumbos de pressão de ar dos calibres 4.5 mm
ou 5.5 mm ou ainda chumbos esféricos de BB (4.1 mm),

Pistola semiautomática – Uma pistola que funciona como arma


semiautomática,

Pistola sport – Designação regulamentar de uma modalidade de


competição de tiro ao alvo com pistola – ou revólver – a 25 metros, a
ser disputada entre senhoras, e que é uma das patrocinadas pela
I.S.S.F. Esta modalidade faz também parte do programa dos Jogos
Olímpicos.
O programa é igual ao da pistola de grosso calibre e consta de 30
tiros de precisão pura e de 30 tiros de velocidade, ambas as partes em
séries de 5, com uma série de “ensaio” antes de cada parte e sendo os
alvos classificados depois de cada série.
Designa ainda uma pistola de tiro ao alvo destinada à modalidade
acima referida. Os regulamentos que se lhe aplicam são exactamente
os que se aplicam à pistola standard.

Pistola de tiro ao alvo – Designação genérica das pistolas


concebidas – originalmente ou adaptadas de armas concebidas para
outros fins -, para realizar tiro de precisão em competições de tiro ao
alvo. Distinguem-se em particular das demais principalmente pela
consistência da sua operação, em particular pela dimensão maior da
296
sua base de mira, pela qualidade dos seus aparelhos de pontaria e
mecanismos do gatilho, pela qualidade dos canos e pelas provisões
tendentes a facilitar a sua adaptação aos requisitos da anatomia de
cada atirador.
Como armas a empregar em competições devem satisfazer os
requisitos dos regulamentos das modalidades em que se empregam.

Pistola de velocidade – Designação comum de uma modalidade de


tiro ao alvo com pistola, a 25 metros, que é uma das patrocinadas
pela I.S.S.F. e faz parte dos Jogos Olímpicos. Consta de 60 tiros em
séries de 5, em duas partes de 30 disputadas em dois dias
consecutivos. Cada parte é precedida duma série de “ensaio”, e os
tiros de competição são classificados depois de cada série. Dado que
todo o tiro executado nesta modalidade é efectuado em séries a
efectuar em períodos de tempo extremamente limitados – 8, 6 e 4
segundos -, não é possível usar aqui um revólver e usa-se sempre
uma arma semi-automática.
Designa também uma pistola de tiro ao alvo destinada à modalidade
acima referida. A concepção desta pistola é sobretudo conducente à
realização dos disparos com um mínimo de recuo e de salto, para o
que emprega sempre um compensador e contrapesos colocados na
extremidade posterior do cano.
Para estar conforme com os regulamentos, deve satisfazer os
requisitos seguintes:
• O eixo da alma tem de passar acima do ponto mais alto da mão,
• A altura da aresta superior do ponto de mira em relação ao ponto
mais baixo do cano ou contrapeso deve ser no máximo de 4 cm,
• As suas dimensões totais devem ser tais que a pistola caiba nua
caixa com as dimensões interiores máximas de 300x150x50 mm,
sendo autorizada uma tolerância de 5% numa destas medidas.

Poder de choque – É a capacidade que têm algumas munições de


armas de bala, destinadas à caça grossa, para provocar um estado de
choque nos animais atingidos. Esta capacidade resulta em geral,
principalmente das velocidades restantes produzidas e da concepção
das balas empregues no seu carregamento.
297
Em particular, este poder de choque está relacionado com:
• A energia cinética transportada pela bala, em particular com a sua
velocidade de impacto, na medida que desta velocidade depende
a possibilidade de formação de cavidades temporárias.
• A sua capacidade para perder/transferir para o corpo do animal,
essa energia. Aparentemente, uma transferência muito rápida
dessa energia, tem efeitos que vão para além dos efeitos
fisiológicos. E é claro que esta transferência se faz mais
rapidamente com as balas expansivas.
• Da tendência para a estabilidade ou instabilidade da bala, após o
contacto com os tecidos do animal.
• Da tendência da bala para manter a sua integridade ou para se
fragmentar.
De notar ainda que, conforme os relatos de muitos atiradores
experientes, algumas espécies ditas “perigosas” são completamente
imunes a este efeito, só sendo vulneráveis aos efeitos directos das
balas sobre os órgãos vitais.
O parâmetro aproximadamente equivalente quando se trata de
munições destinadas ao tiro contra pessoas, chama-se poder
derrubante.

Poder derrubante – Um termo que se usa associado com as


questões de capacidade de defesa pessoal contra o ataque de um
inimigo ou assaltante. Sendo evidente que qualquer bala que atinja
um indivíduo em algum ou alguns dos órgãos vitais, lhe causará a
morte quase instantânea, não é menos verdade que, provavelmente –
e por isso esta matéria tem merecido tanta atenção -, a maioria da
feridas causadas por balas, não tem capacidade para incapacitar o
indivíduo visado, de forma tão rápida e radical.
Poder derrubante é pois a capacidade potencial de um sistema de
arma – arma de bala, em particular da sua munição - para, com um
único tiro, neutralizar, fazer parar prontamente um atacante, apesar
de o não atingir num dos referidos órgãos vitais. Depende, como se
sugeriu, mais do calibre nominal do que da arma propriamente dita e
depende em particular da constituição da bala usada na munição.

298
Até recentemente, julgava-se que o poder derrubante máximo era
obtido com uma bala lenta, de grande calibre. Crê-se agora que,
dentro do mesmo nível de energia de impacto, um poder derrubante
igual ou superior, se pode obter com uma bala mais leve e de maior
velocidade, desde que, a essa velocidade, a bala se comporte como
uma bala expansiva.
É exactamente a falta de poder derrubante da sua munição que faz
das “pistolas de defesa” de 6.35 mm as “armas assassinas”, que de
facto são. Ao indivíduo armado com uma destas armas que é atacado
por um assaltante determinado, à falta de lhe poder causar
imediatamente um grande abalo, não resta quase nada senão despejar
sobre ele vários tiros – todo um carregador ? -, o que, muito
provavelmente – e muitas vezes tarde demais porque a violência do
assalto não terá sido afinal contida -, lhe causará a morte.

Ponto duro – No contexto da descrição do funcionamento do


mecanismo dum gatilho com folga, este termo designa a condição
que corresponde exactamente à condição desse mecanismo na altura
em que, exercida uma certa pressão sobre a cauda do gatilho, termina
o movimento correspondente à sua folga. A designação deve-se a
que, a partir dessa altura, o atirador sente uma resistência muito
maior ao movimento do dedo, de tal forma que só aumentando
consideravelmente a pressão que vinha a exercer, poderá vir a atingir
o ponto de desenlace.

Ponto de mira – É o componente dos aparelhos de pontaria, do tipo


miras metálicas, que se encontra mais próximo da extremidade
posterior do cano ou seja mais perto da boca do cano, da maioria das
armas portáteis. Tendo em conta a maior importância relativa dos
erros de pontaria que se designam por erros angulares, o ponto de
mira serve para ser “alinhado” com a alça e com o olho – em
princípio o olho director -.
Nas armas portáteis modernas é praticamente sempre um
componente com uma das constituições e configurações seguintes:
• Uma peça de aço de perfil transversal rectangular, caso em que se
chama um ponto de mira de poste,
299
• Um pequeno anel de aço com o orifício central de maior ou
menor diâmetro, caso em que se chama um ponto de mira de
anel,
• Um pequeno disco de plástico translúcido, com um orifício
central contrapunçoado, a que se chama ponto de mira de
plástico,
O seu suporte no cano não é geralmente equipado com mecanismos
de azeramento, sendo estes, quando existem, instalados na alça.
O nome tem provavelmente origem no facto de, mesmo no tempo
das primeiras espingardas e pistolas equipadas com este género de
aparelho de pontaria, já se saber que, para impedir o aparecimento
inadvertido dos referidos erros angulares, deve ser esse o ponto que
se mira, isto é, o ponto onde a visão deve ficar focada, isto embora à
custa de uma visão deficiente do alvo.

Posição interior – Um termo usado no âmbito da tecnologia de tiro


ao alvo. Refere-se ao estado de contracção-descontracção dos vários
grupos musculares dum dado atirador durante os instantes que
precedem os disparos.
Tal como a posição exterior, deve ser uma constante. Mas, ao
contrário desta, é algo que não pode ser observado/fotografado, que
só pode ser meramente avaliado e isto por um treinador experiente e
que só o próprio pode, através das suas sensações, sentir e controlar.
Uma posição interior de um dado atirador resulta em grande parte da
sua postura. Mas em parte resulta também do seu estado psicológico
e o atirador tem de vigiar-se por forma a dar-se conta de estar
anormalmente contraído devido a um estado anormal da sua tensão
emocional. Por isso deve-se, depois de aprendida, a posição interior
mais correcta, através de treino, ser memorizada – sensorialmente –
em todos os seus detalhes, para que se possa em qualquer altura
contrariar os efeitos da tensão emocional durante as competições,
tensão esta que tende eventualmente a alterá-la, gerando falta de
estabilidade.

Posição de segurança – Este termo significa a condição do


mecanismo de segurança de uma arma de fogo, em que este
300
mecanismo inibe o mecanismo do gatilho e/ou o mecanismo de
percussão de funcionar, por forma a que a arma não possa disparar.
Esta condição é geralmente conseguida colocando numa dada
posição uma alavanca ou patilha do primeiro dos mecanismos
referidos.

Posição de tiro – A posição de uma arma ou lançador que se


encontra apontada a um alvo.
Designa ainda um termo da tecnologia de tiro ao alvo. É a posição
que o corpo dum atirador assume quando, na sua linha de tiro, se
apronta para realizar um disparo. É o conjunto da postura do seu
corpo com a orientação deste para o alvo correspondente a essa linha
de tiro.

Postura do atirador – Este termo refere-se à posição relativa – entre


si – das partes/órgãos dos corpo dum atirador de tiro ao alvo, quando
ele se encontra na linha de tiro, pronto a realizar um disparo. Esta
posição relativa dá uma imagem – da posição da cabeça em relação
aos ombros, do posicionamento da coluna vertebral, do afastamento
das pernas, etc. – do atirador, que pode dar-nos uma ideia sobre se
em princípio o atirador beneficia ou não de certas vantagens mas
nada nos diz sobre a facilidade que ele tem em realizar uma pequena
zona de pontaria. Isto é, não nos diz se é correcta ou não a orientação
do atirador.
Este tema é bastante vasto e variado dadas as muitas modalidades
deste desporto e constitui uma boa parte do texto e fotografias dos
manuais técnicos do tiro ao alvo. Pelo que não se pode aqui apontar
sequer os princípios básicos para cada modalidade.

Precisão do tiro – É o parâmetro do tiro realizado sobre um


determinado alvo, que exprime a distância entre o PMI dos impactos
e o ponto visado/centro desse alvo.
De notar que a precisão do tiro nada tem a ver com a consistência do
tiro – este um parâmetro muito mais complexo e com muito maiores
implicações – isto é, que a precisão, que depende sobretudo duma
regulação/azeramento apropriada do aparelho de pontaria, exprime
301
apenas se o centro geométrico do agrupamento dos impactos se situa
perto ou longe do ponto que se pretende atingir.
A precisão do tiro, como factor “à priori”, só assume uma grande
importância nos casos em que o atirador dispõe apenas de um ou no
máximo dois ou três tiros para realizar um objectivo importante,
como acontece no tiro dos franco atiradores e nalgumas modalidades
de caça grossa. Nestes casos a arma tem de ser cuidadosamente
azerada durante ensaios prévios em condições controladas
completamente.

Progressividade (dos grãos de um Propulsante) – Uma vez que os


grãos dos propulsantes só queimam à superfície, a produção de gases
por uma carga propulsante, ao longo da duração da queima, é função
da forma como varia a superfície de cada grão, ao longo desta.
A progressividade que é um parâmetro de cada grão e de cada carga,
exprime a forma como vai mudando a superfície exterior dos grãos e,
portanto como, em princípio, deve evoluir a produção de gases ao
longo da queima dessa carga. É um parâmetro que claramente tem
grandes repercussões na balística interna do sistema de arma em que
se emprega um dado propulsante.
Neste contexto, as cargas dos propulsantes classificam-se em:
• Progressivas, em que a superfície total, não inibida, aumenta ao
longo da queima,
• Neutras, em que a superfície total, não inibida, se mantém
constante ao longo da queima,
• Regressivas, em que a superfície total, não inibida, diminui ao
longo da queima.
Isto depende, em princípio inteiramente, da geometria dos grãos. Por
exemplo, em princípio, os grãos esféricos são regressivos, os grãos
tubulares são neutros e os grãos multiperfurados são progressivos.
A progressividade pode porém ser alterada com o tratamento da
superfície dos grãos com moderantes, como sejam as centralites ou a
cânfora.

302
Na maior parte das aplicações e no caso dos motores de foguete em
que geralmente se pretende que as pressões geradas sejam
aproximadamente constantes, usam-se grãos neutros.
As cargas progressivas usam-se quando se pretende obter as maiores
velocidades à boca possíveis, com as menores pressões máximas
possíveis.

Projéctil - Designação genérica dos objectos susceptíveis de serem


impulsionados por um cartucho numa arma de fogo ou arma de
propulsão por reacção e de suster o seu movimento, embora com
velocidade decrescente, em virtude da sua própria energia cinética,
ao longo duma trajectória.
A fim de que tenham densidades seccionais e coeficientes balísticos
suficientes, os projécteis dos sistemas de arma modernos são corpos
alongados (a única excepção a esta regra é a dos chumbos de caça).
Daí, no entanto, resulta como requisito indispensável que lhes seja
conferida uma estabilidade nas suas trajectórias. Isso, por sua vez,
significa que ou eles dispõem de uma estabilidade aerodinâmica
realizada pela adição de uma cauda ou, no caso dos que tenham de
ter o seu centro de gravidade situado “atrás”/anteriormente do centro
de pressão, que possam dispor de estabilidade giroscópica, para o
que terão de ser lançados com um movimento simultâneo de rotação
em torno do seu eixo longitudinal, rotação esta com velocidade
suficiente. Neste caso, para isto ser possível, os canos das armas têm
de ser providos dum estriamento.
Durante as trajectórias, por efeito da resistência do ar, os projécteis
perdem velocidade e portanto parte de referida energia. Começando
com uma dada velocidade inicial, só se pode contar que, no contacto
com os alvos tenham apenas uma certa velocidade restante, menor
que aquela.
Por outro lado, para que as trajectórias sejam tensas, para que os
tempos de voo sejam os menores possíveis e para que as velocidades
restantes sejam as maiores possíveis é indispensável que o perfil
exterior dos projécteis seja desenhado para ser eficiente do ponto de
vista aerodinâmico. A eficiência aerodinâmica consegue-se
sobretudo pelo cuidado no desenho da ogiva e da base do projéctil.
303
É também necessário que a construção dos projécteis modernos
obedeça a tolerâncias de fabrico muito pequenas, a fim de que se
consigam acelerações (nos canos) e desacelerações (durante as
trajectórias, devidas às resistências do ar) muito uniformes, para se
obter valores aceitáveis da consistência do tiro.
Finalmente, cabendo aos projécteis a função última dos sistemas de
arma, a de neutralizar os alvos visados e, dependendo esta
capacidade do seu bom funcionamento na proximidade ou ao
contacto com esses alvos, é fácil perceber que a eficácia total dos
respectivos sistemas de arma depende em grande parte deste
funcionamento.
Note-se finalmente que, quando o projéctil é de facto uma granada -
um projéctil que transporta uma carga de um alto explosivo ou de um
incendiário -, a energia libertada por essa carga tem uma ordem de
grandeza muitas vezes maior do que a energia cinética do projéctil e
que, em consequência é ela que vai provocar os maiores efeitos
destrutivos no alvo.
Os projécteis dos sistemas de arma actuais, podem ser classificados
nas seguintes classes:
• Chumbos de pressão de ar,
• Bagos ou Chumbos de caça,
• Balas,
• Granadas de Morteiro,
• Projécteis Convencionais de Artilharia,
• Projécteis Cinéticos, projécteis de Cargas Especiais.

Propulsante – Essencialmente, uma substância ou mistura de


substâncias que, consistindo de um combustível e de um oxidante,
constitui de facto um baixo explosivo. Dado mesmo que os baixos
explosivos são usados principalmente em cargas de propulsores -
para a propulsão de projécteis, granadas foguete, mísseis, etc. -, o
termo baixo explosivo é praticamente sinónimo de propulsante.
Um propulsante é portanto um explosivo capaz de produzir um
fenómeno químico típico, uma explosão com velocidades de reacção
explosiva relativamente baixas mas grande capacidade de produção
de gases e calor, as únicas características apropriadas a que estas
304
substâncias possam ser aproveitadas em propulsores para fornecerem
impulsos aos variados engenhos que empregam esses propulsores.
Os diversos propulsantes podem ser caracterizados pelos parâmetros
seguintes:
• Pelo calor da explosão,
• Pelo calor específico a volume constante,
• Pela razão dos calores específicos dos gases que produzem,
• Pelo volume específico,
• Pela vivacidade (ou dimensão balística),
• Pela progressividade,
• Pelo coeficiente de queima,
• Pela constante de força.
Quanto ao seu estado físico, os propulsantes podem ser classificados
como:
• Propulsantes híbridos; o conjunto das misturas de um agente
sólido e um agente líquido – usadas na carga de motores de
foguete,
• Propulsantes líquidos; o conjunto dos monoergóis simples,
monoergóis compostos e diergóis que se usam em motores de
foguete de grandes dimensões,
• Propulsantes sólidos; o conjunto das pólvoras/propulsantes
homogéneos usadas na carga dos cartuchos das munições das
armas de impulso e das armas de propulsão por reacção e em
alguns motores de foguete pequenos e dos propulsantes
heterogéneos, estes usados exclusivamente em motores de
foguete.

Punho - A parte da carcaça de uma pistola ou revólver que serve


para agarrar/empunhar estas armas.
Designa também a projecção da carcaça da maioria das espingardas e
carabinas de assalto, das pistolas metralhadoras, canhões sem recuo
(portáteis) e lançadores individuais de granadas foguete, que serve
para segurar estas armas com a mesma mão que actua no gatilho.

305
Punho anatómico – Um punho que se destina geralmente a uma
pistola de tiro ao alvo e que foi concebido tendo em vista,
essencialmente, propiciar o seguinte:
• O menor possível salto da arma, se possível ocorrendo este
apenas no plano vertical (o que só é possível se a zona de mais
firme apoio da mão no punho se situar perto do eixo da cano),
• A maior regularidade no empunhamento da arma, de disparo para
disparo, para que o salto seja sempre o mesmo (o que é possível
fazendo com que o punho tenha suficientes “pontos de
referência” que permitam à mão encontrar pelo tacto um seu
posicionamento sempre igual),
• Uma grande dose de conforto por parte do atirador, na posição de
tiro (o que só é possível quando ao atirador, nesta posição,
aparecer o ponto de mira “alinhado” naturalmente, sem esforço
adicional, com a ranhura da alça, quer vertical quer lateralmente.
Uma característica importante do punho anatómico com vista a
permitir esta facilidade, é o ângulo que a sua face anterior faz com o
eixo do cano, o chamado “ângulo de empunhadura”. Este ângulo é
variável conforme a modalidade de tiro a que se destina a pistola em
causa.

Radar – Um sistema empregue em detecção, medição de distâncias,


azimutes, elevações e velocidades e no seguimento de
plataformas/veículos alvo ou de mísseis inimigos ou lançados pelo
próprio utilizador.
O princípio de funcionamento baseia-se no facto de a maioria dos
corpos fazer a reflexão das radiações electromagnéticas de alta
frequência que neles incida e de que é possível determinar a distância
a que se encontram, pela medição do intervalo de tempo entre a
emissão de um impulso dessa radiação electromagnética e a recepção
da respectiva reflexão – o “eco” do alvo” -. A possibilidade existente
de a radiação ser transmitida segundo feixes muito estreitos, permite
adicionalmente a determinação de azimutes e elevações dos objectos
visados.
Os chamados radares Doppler, que são radares cujo princípio de
funcionamento se baseia adicionalmente no facto de um alvo em
306
movimento reflectir uma radiação de frequência diferente da
frequência da radiação que neles incide, sendo a mudança de
frequência função da sua velocidade relativa, além de medirem
distâncias, azimutes e elevações, servem também a função de
permitirem seleccionar, automaticamente, apenas os alvos em
movimento.
Além dos radares acima descritos e que são radares que emitem por
impulsos, existem também os chamados radares de emissão contínua
que, como a designação indica, emitem constantemente. Estes são
radares que funcionam sempre em função do mencionado efeito
Doppler.

Radar Doppler – Um radar que mede as velocidades dos alvos, com


base no efeito de Doppler. De acordo com este, um objecto em
movimento sobre o qual incide uma radiação de uma dada
frequência, reflecte essa radiação numa frequência diferente, que é
função da velocidade relativa do objecto reflector.

Radiação – É a emissão e propagação de energia electromagnética


na forma de ondas ou partículas subatómicas. Quando uma radiação
atinge um objecto, uma parte da sua energia é absorvida por ele e
uma parte é objecto de reflexão.

Raio eficaz – É a distância, em redor do ponto de rebentamento de


uma granada anti-pessoal, à qual se projecta um estilhaço efectivo –
um estilhaço capaz de produzir a incapacidade/neutralização
pretendida -, por metro quadrado.

Raio letal – É a distância, em redor do ponto de rebentamento de


uma granada anti-pessoal, à qual se projectam dois estilhaços
capazes de produzir a incapacitação/neutralização necessária, por
metro quadrado.

Ranhura de extracção – É a reentrância em toda a volta da base do


invólucro de algumas munições de invólucro metálico – as das
munições em que o invólucro não tem um bocel -, que serve para a
307
preensão pelo(s) extractor(es) da arma a fim de, com estas munições,
se poder realizar a operação do ciclo de funcionamento que se
designa por extracção.

Rebentador – Termo que designa a carga de alto explosivo


secundário que constitui o último elemento de qualquer cadeia
explosiva de detonação. O rebentador preenche quase completamente
a cavidade do projéctil, bomba ou outra carga útil e é com a sua
acção que se conta para produzir a onda de choque que realiza a
fragmentação do corpo do engenho e para projectar os estilhaços que,
além dela própria, vão actuar no alvo. Em suma, o rebentador é o
principal agente da neutralização que pode ser realizada pelos
engenhos mencionados.
O rebentador é geralmente iniciado por um reforçador da espoleta.

Recozimento – Um género de tratamento térmico que se faz a peças


de vários metais e ligas, com o objectivo de as tornar mais macias e
elásticas.

Recuo - É o movimento para a retaguarda de uma arma de impulso


durante um disparo, que resulta - em virtude do “princípio da
conservação da quantidade de movimento dos sistemas isolados” - do
ganho de quantidade de movimento do projéctil e dos gases do
propulsante.
O recuo total pode decompor-se num recuo primário e num recuo
secundário.
De notar que a quantidade de movimento que a arma adquire é o todo
que pode ser dividido em duas fases; a primeira devida ao
movimento do projéctil e dos gases dentro do cano e a segunda
devida à expulsão dos gases pela boca do cano.
A existência do recuo tem vastas implicações no desenho de todo o
género de armas de fogo e na realização do tiro com estas. Para já, é
um factor fortemente limitativo do calibre de todas as armas.
No que diz respeito às peças de artilharia, há que ter em conta que,
apesar da contribuição enorme dos freios de amortecimento para o
funcionamento destas armas pesadas, todas as estruturas dos reparos
308
e dos seus apoios, têm de ser calculados para resistir aos esforços
impostos pelo recuo das partes recuantes.
No respeitante ao tiro com armas de bala, a análise dos efeitos do
recuo, conduz à formação de uma regra fundamental da consistência
do tiro com estas armas. A formulação desta regra tem a ver com as
considerações seguintes:
• Em primeiro lugar há que ter em conta que o ponto de impacto de
um projéctil é determinado não pela posição do cano no
momento em que a actuação no gatilho dá início ao disparo mas
sim pela posição do cano no momento em que a bala passa pela
boca do cano,
• Em segundo lugar há que considerar que o recuo primário, o que
se processa enquanto a bala está ainda no cano, é função directa
dos apoios e resistências que a arma encontra no corpo do
atirador ou noutros objectos exteriores onde esteja apoiada no
momento do disparo. Se de tiro para tiro os apoios variarem, por
exemplo apenas porque o atirador mudou de posição ou porque a
arma foi agarrada durante uma pontaria com maior firmeza do
que no tiro anterior, o movimento do cano durante o recuo
primário será diferente para estes dois tiros e, em função da
primeira consideração, os pontos de impacto dos projécteis serão
diferentes.
Daqui a regra, como dissemos fundamental, de que para realizar tiro
consistente sobre um alvo, a arma tem de ser sustentada sempre
exactamente da mesma maneira, com os mesmos apoios e com forças
iguais em cada um destes.
É agora porventura interessante observar porque é que a energia de
recuo da arma que, por exemplo um atirador de espingarda tem de
absorver, é tanto menor quanto mais pesada for a arma. Isto é assim
porque para uma dada quantidade de movimento da arma - valor que
só depende da quantidade de movimento do projéctil e portanto da
munição -quanto mais pesada for a arma, menor será a velocidade
com que ela recua. Isto é, para uma mesma munição, se a arma for
duas vezes mais pesada a velocidade do seu recuo só será metade.
Como realmente o que o atirador sente/tem de absorver, é a

309
quantidade de energia cinética da arma em recuo que, neste caso,
com esta teria só metade do valor.

Recuperação - È a acção/movimento de recondução das partes


recuantes duma arma semi-automática ou arma automática, à posição
em que os mecanismos ficam novamente prontos para um disparo.
Nesta acção, os movimentos resultam da libertação da energia
previamente armazenada na mola recuperadora ou outro órgão do
mecanismo de recuperação/recuperador.

Reflexo condicionado – Uma forma de actuação psicomotora que no


ser humano permite por vezes a realização de um conjunto de acções
complexas sem que haja intervenção do pensamento, isto é, que se
processa automaticamente e que se caracteriza por, ao contrário do
que se passa no reflexo nato, ser o resultado de uma prática repetida,
isto é, ser o resultado de um processo de aprendizagem e bastante
treino.

Reforçador da espoleta – O elemento intermédio da cadeia


explosiva de detonação de uma carga útil. É constituído por uma
carga de alto explosivo intermédio que se coloca entre o iniciador –
por exemplo o detonador da espoleta - e o rebentador dessa carga
útil.
O reforçador destina-se a amplificar a – pequena – onda explosiva
produzida pelo alto explosivo primário iniciador, assim permitindo o
uso de uma massa mínima desse alto explosivo primário, o que
confere ao manuseamento da carga útil um máximo de segurança de
armazenamento, segurança de transporte e segurança de queda.

Resina epóxida – Um produto sintético com a consistência de um


líquido viscoso que sujeito a uma “cura” operada por um reagente
próprio (em geral aminas orgânicas, altamente tóxicas), serve
principalmente para impregnar telas resistentes de várias fibras
(vidro, carbono, kevlar, etc.), por forma a formar placas resistentes a
impactos – e à corrosão -, que encontram grande aplicação (em

310
capacetes, coletes pára-balas e outras) como armaduras resistentes
relativamente leves.

Retículo – Designação comum da marca que representa a linha das


miras – a linha alça-ponto de mira -, nas miras telescópicas. O
retículo deve aparecer representado no mesmo plano óptico em que
se forma a imagem virtual do alvo, tornando possível obter uma
imagem nítida de ambos.
Com este género de aparelho de pontaria, apontar significa
colocar/ver o retículo sobre o alvo, enquanto se processa o acto de
actuar na cauda do mecanismo do gatilho para efectuar o disparo.

Revólver - Uma arma curta especial, que se pode definir como uma
arma com um só cano mas com várias câmaras.
Existe em duas versões:
• A mais antiga, de acção simples (“single action”) em que para
efectuar um disparo é necessário armar o cão numa manipulação
distinta, actuando sobre este,
• A de acção dupla (“double action”), em que o recuo do cão pode
ser feito como no primeiro caso ou, simplesmente em resultado
da actuação no mecanismo do gatilho que, realizada essa acção,
efectua depois o disparo.
O revólver “de acção dupla” tem em relação à pistola (arma semi-
automática) a grande vantagem de oferecer uma maior fiabilidade,
uma vez que se ocorrer uma falha de fogo não há senão que premir o
gatilho novamente.
Por outro lado, este género de arma tem várias desvantagens. Por um
lado, não permite um volume de fogo tão grande como a pistola uma
vez que só se pode contar com um menor número de disparos entre
municiamentos e que estes municiamentos também são geralmente
mais demorados. Por outro, se se pretender ter um peso do gatilho e
um movimento do mecanismo do gatilho conforme com os requisitos
técnicos do tiro de precisão, requer sempre o armamento do cão entre
disparos.

311
Ricochete - Fenómeno que se dá quando um projéctil, ao descrever a
sua trajectória, encontra o terreno ou qualquer corpo duro,
desviando-se e descrevendo uma ou mais trajectórias secundárias.

Roletes de travamento - Parte de peças pertencentes à cabeça da


culatra.

Sabot – Um dos componentes da munição sub-calibre equipada com


um projéctil cinético.
O sabor consiste aqui essencialmente duma peça em forma de copo
ou vaso ou dum conjunto de – geralmente três – peças na forma de
manga ou anel, feito de um material tão leve e resistente quanto
possível – frequentemente uma liga de magnésio -. É montado por
forma a ficar a envolver um corpo central pesado – o projéctil
cinético propriamente dito -, durante a sua viagem no cano da arma e
a separar-se desse núcleo, imediatamente após a saída do conjunto à
boca do cano. Esta separação faz-se axialmente nos sabots em forma
de copo e radialmente nos outros.
O sabot tem de suportar a maior parte do impulso dos gases do
propulsante e, nos canos estriados, as forças de torção que o
estriamento impõe, impulso e torção esses que ele transmite ao
projéctil, ao mesmo tempo que realiza as funções de centragem do
corpo central na alma e de obturação – para a frente – dos referidos
gases. Para tal, estes sabots são equipados com uma ou mais cinta(s)
de forçamento.
A vantagem do uso destes projécteis montados em sabots, consta do
seguinte:
• Do facto de que, tendo o conjunto projéctil-sabot uma densidade
seccional relativamente pequena, isso o tornar susceptível de
adquirir grandes acelerações e portanto grandes velocidades à
boca/velocidades iniciais,
• De que os projécteis propriamente ditos, sendo feitos de materiais
muito densos, como seja o carboneto de tungsténio, quando
libertos dos sabots, têm naturalmente grandes densidades
seccionais, o que faz com que tendam a perder relativamente
pouca da referida velocidade inicial ao longo das suas trajectórias
312
o que, por sua vez, faz com que as velocidades restantes – e
energias restantes – sejam notavelmente superiores às dos
projécteis convencionais atirados das mesmas armas.

Salas didácticas de tiro – São instalações destinadas ao ensino


prático e testagem de exercícios de pontaria.

Salientes das estrias – São as zonas que ficam entre os sulcos – as


estrias propriamente ditas -, da parte estriada dos canos de alma
estriada. São portanto as porções da alma deixadas intactas quando,
no fabrico, depois de aberto o furo longitudinal do cano, se procede
ao corte ou impressão dos cavados das estrias.
É ente salientes opostos que se mede o calibre verdadeiro duma arma
de fogo. O que faz sentido, na medida em que é sobre os salientes
que assenta a parte do corpo do projéctil de maior diâmetro (a zona
de centragem, nos projécteis convencionais de artilharia).

Salto da arma – É o movimento de rotação de uma arma de fogo,


geralmente para cima e para um dos lados, que ocorre durante o seu
disparo, e que se deve, em primeiro lugar:
• Nas peças de artilharia, à aplicação à arma de um binário de
forças formado pela força do recuo que actua ao longo do eixo do
cano e pela resultante das forças que o reparo opõe ao recuo, em
princípio ao nível dos munhões assentes no berço e portanto a um
nível inferior ao daquele eixo,
• Nas espingardas e outras armas semelhantes, à aplicação à arma
de um binário de forças formado pela força do recuo ao longo do
eixo do cano e pela resultante das forças que o atirador opõe a
esse recuo, resultante essa que se aplica segundo um eixo
subjacente, aproximadamente ao nível do ombro do atirador,
• Nas pistolas e revólveres, à aplicação à arma de um binário de
forças formado pela força do recuo ao longo do eixo do cano e
pela resultante das forças que o atirador opõe a esse recuo,
resultante essa que se aplica mais abaixo aproximadamente ao
nível do centro do pulso.

313
Em qualquer dos casos, há ainda outras causas para a formação de
salto, que são as seguintes:
• A que resulta de a resultante das forças que originam o recuo não
passar pelo centro de gravidade da arma e portanto tender a fazê-
la rodar sobre si mesma,
• A que resulta das vibrações do cano que se estabelecem a partir
da explosão do propulsante do cartucho e da passagem do
projéctil pela alma aquando do disparo.
A amplitude total do salto depende é claro da duração da viagem do
projéctil dentro do cano, pelo que os sistemas de arma que usam
munições que produzem grandes forças médias do recuo e/ou baixas
velocidades à boca são os em que se observa saltos maiores.
Note-se também que qualquer massa colocada perto da boca do cano,
na medida em que ela aumente consideravelmente o momento de
inércia da arma, tem um efeito considerável na redução do salto.
Por outro lado, é de notar que – para igual energia de recuo -, quanto
maior for o salto, menor é a componente do movimento longitudinal
da arma, o recuo ou coice. É por isto que, por exemplo nas
espingardas de grosso calibre, destinadas à caça grossa, quando é
necessário reduzir o coice/quantidade de energia a ser absorvida pelo
ombro do atirador, se faz por aumentar o salto, através do uso de um
maior ângulo de queda da coronha.
Note-se que o salto, por constar de um movimento muito rápido, que
se traduz também na aplicação de uma velocidade transversal ao
projéctil o que, é claro, se vai reflectir na localização do ponto de
impacto.
Finalmente, note-se ainda que, no tiro de precisão com armas
ligeiras, é um factor fundamental a ter em conta o facto de a
consistência do tiro depender muito a uniformidade absoluta do salto
e portanto da uniformidade da sustentação/preensão da arma por
parte do atirador. De facto, há que ter em conta que o ponto de
impacto de um projéctil é determinado não pela posição do cano no
momento em que a actuação no gatilho dá início ao disparo mas sim
pela posição espacial do cano no momento em que a bala o
abandona.

314
Segurança de uma infra-estrutura de tiro – Conjunto de medidas a
adoptar destinadas a permitir a execução de tiro com os sistemas de
armas autorizados, a partir de plataformas de tiro ou de posições de
armas sem perigo para o pessoal e animais, nem danos contra
instalações e bens de qualquer natureza quer no interior quer no
exterior dos limites dessa infra-estrutura.

Semi-automático – Designação genérica do modo de funcionamento


das armas de fogo, em que, cada disparo requer apenas uma actuação
do gatilho, isto é, do modo de funcionamento em que todas as outras
fases de cada ciclo de funcionamento decorrem automaticamente, em
princípio por aproveitamento de uma parte das forças de impulso
desenvolvidas no disparo anterior.

Silhueta - Nome por que é conhecido um dos alvos empregues em


competições de tiro ao alvo com pistola, patrocinadas pela I.S.S.F.
nomeadamente nas do chamado “tiro rápido” (Velocidade Olímpica
e a parte de Velocidade de Pistola de Grosso Calibre e Pistola Sport).
Com uma área total igual ao usado para tiro de precisão pura a 25 e a
50 metros, tem uma visual muito maior.

Sistema - Um conjunto de componentes ou subsistemas concebidos


individualmente ou propositadamente para funcionarem em conjunto
mas em qualquer dos casos interligados entre si com vista à
produção, da forma mais optimizada possível, de um produto ou
resultado.
Sistema de arma – No contexto dos sistemas mais simples, em
particular no das armas portáteis, há que ter em conta que, do ponto
de vista concepcional, as armas têm de ser desenhadas em função das
características das munições que se pretende utilizar. E que o reverso
é também, embora menos frequentemente, verdadeiro.
Neste contexto, o termo sistema de arma refere-se a um conjunto
arma-munição concebido por forma a ter em conta as interacções
destes dois subsistemas.
No que diz respeito aos sistemas muito complexos que há que
empregar para dar resposta a necessidades operacionais de solução
315
difícil, um sistema de arma é o conjunto de um número geralmente
numeroso de subsistemas de natureza frequentemente muito diversa
que há que empregar para realizar o grande número de funções que
se inicia na detecção e identificação de alvos, passa pelo seu
seguimento e determinação das leis do seu movimento, pela
projecção de projécteis e só termina na necessária neutralização dos
ditos alvos.

Subsistema – Um conjunto de componentes organizado com vista à


produção de parte dos produtos ou de resultados parciais a serem
desenvolvidos ou utilizados pelo sistema em que se insere.

Tabelas de tiro - São os livros essencialmente constituídos por


tabelas que, para cada sistema de arma de impulso, arma de
propulsão por reacção, ou lançador de granadas-foguete, descrevem
por números e graficamente, as coordenadas tridimensionais das
trajectórias dos vários projécteis usados nesses sistemas,
correspondentemente a cada ângulo de projecção e a cada velocidade
inicial.
Os valores tabelados assumem uma determinada altitude do local da
origem das trajectórias e uma dada atmosfera padrão onde não
houvesse vento. Pelo que, para além destes valores, as tabelas de tiro
têm de fornecer as correcções a aplicar quando há que fazer tiro
noutras altitudes, quando se trata de uma atmosfera com
características diferentes ou quando um vento sensível esteja
presente.
A determinação de tabelas de tiro, é o principal objectivo final dos
estudos de balística externa.
Corresponde ainda, na GNR, à designação genérica das diversas
modalidades de tiro executadas no âmbito do Tiro de Instrução e do
Tiro de Manutenção, onde existe, para além de outros dados (como
seja o local de tiro, a distância, o número de sessões e de munições
consumidas, etc.) uma correspondência entre os pontos/impactos
obtidos e a classificação correspondente.

316
Táctica – No contexto da tomada de decisões em teatro de guerra, a
táctica é um dos factores básicos – os outros são a estratégia e a
logística – da formulação das decisões.
Diz respeito à necessidade de definir os meios e os procedimentos
para se atingir os objectivos propostos.

Tambor – Este termo emprega-se com dois significados distintos:


• Nas armas curtas que se designam por revólveres e nas armas
automáticas que funcionam segundo o sistema de operação a gás
de uma arma de tambor, é o componente de forma
aproximadamente cilíndrica que é perfurado pelas câmaras, e que
roda por detrás da extremidade anterior do cano destas armas,
• Nalgumas armas automáticas e armas semi-automáticas, é um
componente do seu sistema de alimentação. Consta de um
contentor de forma aproximadamente cilíndrica, onde as
munições ficam armazenadas formando uma espiral. Esta
disposição tem a vantagem de permitir o armazenamento de um
grande número de munições num relativamente pequeno volume.

Tapa-chamas - Acessório das armas de fogo que serve para diminuir


a possibilidade de referenciação da posição que ocupam, durante a
execução do tiro. Consiste, essencialmente, num invólucro metálico
solidamente fixo à parte anterior da arma e que mascara mais ou
menos completamente a chama que sai do cano. Nas armas de cano
curto é normalmente constituído por um tubo de forma tronco
(cónica com pouco mais de 10 cm de comprimento). Não esconde
completamente a chama mas transforma o clarão intenso destas
armas num pequeno clarão vermelho pálido. Os tapa-chamas
desempenham um outro papel não menos interessante como órgão
protector da boca da arma, conservando-lhe a integridade que é
exigida pela precisão.

Teatro de treino de tiro – São recintos fechados destinados a:


• Tiro sobre alvos móveis de projecção cinematográfica ou sobre
alvos fixos, em condições de ambiente diurno ou nocturno, com
quaisquer armas ligeiras ou anti-carro que possam ser equipadas
317
com um sistema de sub-calibre que disparam munições macias e
de baixa velocidade,
• Simulação com algum tipo de mísseis para treino de seguimento
de alvos.

Tensão emocional – Este termo técnico significa um estado


emocional alterado, algo semelhante ao resultado de uma angústia,
significando esta, por sua vez, um medo indefinido, um medo sem
objecto definido.
Quando usado no contexto da utilização de armas em competições
desportivas, designa aquilo a que vulgarmente se chama “nervos” e é
uma reacção psicológica que tende a perturbar a actuação da grande
maioria dos atletas participantes - em particular, mais intensamente,
os atiradores principiantes – resultante de estes tenderem a encarar a
competição como uma forma de confronto.
A tensão emocional é sentida pelo próprio indivíduo como um estado
físico anormal em que a pulsação sanguínea é sentida pelo próprio
indivíduo como um estado físico anormal em que a pulsação
sanguínea é sensivelmente mais rápida, existe uma certa
descoordenação nos pequenos movimentos, uma atenção anormal
aos sons e outros estímulos produzidos no local, uma sudação por
vezes copiosa, etc. Todos estes factores não são nada conducentes à
formulação de um necessário estado de concentração.
É gerada naturalmente pela produção em grau anormal de uma
hormona chamada adrenalina e, em última análise, o melhor remédio
para o combate aos seus efeitos/sintomas, reside realmente na
habituação a estes sintomas, o que só pode ser feito através da
participação, com grande frequência, em muitas competições.
O atirador de competição fará bem contudo em tomar conhecimento
do seguinte:
• De que um certo grau de tensão emocional é útil e necessário
pois permite ao indivíduo “exceder-se” em relação ao seu
desempenho nos treinos,
• De que os sintomas desta tensão são também um sinal seguro de
que o seu organismo se encontra especialmente preparado para
desempenhos excepcionais (a visão é excepcionalmente boa, os
318
reflexos são mais rápidos, etc.), na medida em que é exactamente
para que isso aconteça, que o organismo produz adrenalina,
• Que os excessos de tensão emocional podem ser combatidos com
antecedência, através de treino psíquico apropriado usando
técnicas especiais como seja o “Treino Autogénio” e, talvez
principalmente, através de uma atitude perante os treinos
técnicos, que faça destes permanentes competições contra as
dificuldades impostas por objectivos difíceis.

Tiro – A projecção de um ou mais projécteis, que resulta do disparo


de uma arma de impulso ou arma de propulsão por reacção.
No âmbito militar é usual dividir o tiro em “tiro com armas ligeiras”
e “tiro de artilharia”.
A projecção de granadas-foguete ou mísseis e de torpedos, designa-
se geralmente por lançamento.

Tiro ao alvo - Designação genérica do tipo de actividade desportiva


ou de recreio que, envolvendo o uso de espingardas, pistolas e
revolveres, consiste essencialmente da aferição, por um indivíduo
isolado ou por uma equipa de indivíduos que aceitam submeter-se a
um regulamento, da precisão do tiro e consistência do tiro que
seja(m) capaz(es) de realizar com aqueles géneros de armas, sobre
alvos fixos ou móveis.
Esta actividade desenrola-se com várias valências:
• Como meio de teste de armas e munições ou da proficiência
própria, na utilização de uma técnica assimilada,
• Como desporto de competição, usando exclusivamente armas de
precisão, organizado em vários escalões e âmbitos. Ao mais alto
nível desta valência, a actividade compreende a organização de
Campeonatos Intercontinentais e Campeonatos do Mundo e a
integração - desde o início da “Era Moderna” – nos Jogos
Olímpicos. A este nível da competição, participam quase
exclusivamente atiradores profissionais, que constituem a maior
parte dos modernamente chamados “atletas de alta competição”,

319
• Com fins puramente lúdicos, numa actividade sumariamente
organizada, ou como imitação da actividade dos atiradores
referidos no ponto anterior,
• Como forma de adestramento organizado com vista à preparação
de combatentes ou preparação e organização de civis, para a
defesa civil do território. Esta valência do tiro ao alvo encontra-se
muito desenvolvida em vários países da Europa, sendo
porventura o expoente máximo, a Suíça.

Tiro directo – Por definição, é o tiro que é feito para um alvo que se
encontra à vista do atirador e em que, o próprio alvo pode ser usado
para definir uma zona de pontaria. Neste caso a linha de mira que se
estabelece é portanto geralmente dirigida ao próprio alvo e as
pequenas diferenças de cotas entre a arma e o alvo, podem ser
ignoradas.
São também aqueles em que o projéctil segue a sua trajectória
normal, desde a boca da arma até ao ponto de chegada, sem sofrer
qualquer ressalto. Compreendem os tiros normais, errados e fortuitos.
Este é o tipo de tiro que é praticado com pistolas, espingardas e
metralhadoras, nalgumas situações com morteiros e com algumas
peças de artilharia.

Tiro indirecto – Por definição, é o tiro que é feito para um alvo que
o atirador não pode ver. Neste caso quando é usada uma linha de
mira, esta é estabelecida usando um “ponto auxiliar” exterior ao alvo
e as armas são apontadas depois de resolvido um problema
trigonométrico.
É este o tipo de tiro que, modernamente, cabe às peças de artilharia,
para efeitos de bombardeamento.

Tiro prático – Uma modalidade de tiro ao alvo com pistola, que não
é patrocinada pela I.S.S.F.

Tiro de precisão – Em geral, este termo designa o tiro realizado com


armas de precisão concebidas para, na realidade, propiciar uma
grande consistência no tiro.
320
No contexto das práticas desportivas, o termo significa geralmente o
mesmo que tiro ao alvo e nestas actividades o objectivo compreende
também a realização de uma grande precisão do tiro.
No contexto de outras actividades “não desportivas”, note-se que a
precisão do tiro, como capacidade “à prior” só tem uma grande
importância nos casos do tiro em que o atirador dispõe apenas de um
ou no máximo, dois ou três tiros para atingir um objectivo
importante, como acontece no tiro dos franco atiradores e nalgumas
modalidades de caça grossa.

Tiro em seco - Em geral, um disparo em que a arma não se encontra


carregada ou em que a câmara se encontra preenchida apenas com o
invólucro (inerte) de uma munição. Portanto um disparo que não
produz um tiro.
Serve geralmente apenas para desarmar o mecanismo de percussão e/
ou o mecanismo do gatilho da arma, sendo esta uma prática a evitar
nos sistemas de arma em que se emprega munições de percussão
anelar, sem que haja um invólucro na câmara, porque aqui o percutor
vem a embater no topo do cano, deformando-se ou partindo-se e
danificando a entrada da câmara. Em grande parte dos sistemas de
percussão central, a realização de tiro em seco sem um invólucro na
câmara também é de desaconselhar pois aqui obriga-se o percutor a ir
ao limite do seu curso, por não encontrar resistência antes.
No contexto do tiro ao alvo, o termo refere-se a uma importante e
extensivamente usada técnica de treino de disparo. Alguns dos
melhores atiradores realizam com esta técnica a maioria dos disparos
em treino.
Compreendendo como anteriormente a realização dos disparos sem
que a arma esteja devidamente carregada, esta técnica serve
essencialmente para que o atirador se possa aperceber, sem ser
perturbado pelo movimento da arma devido ao recuo, da correcção
da sua actuação no mecanismo do gatilho ou, pelo contrário, de
qualquer tendência para praticar erros no disparo, “invisíveis” nos
disparos verdadeiros.
A maioria das armas de tiro ao alvo, compreende um dispositivo
especial para permitir a realização de tiro em seco.
321
Trajectória – É a linha curva – geralmente tridimensional – que é
descrita pelo centro de gravidade dum projéctil, bomba, míssil ou
torpedo, depois do seu disparo ou lançamento.
A trajectória de um projéctil no ar é sempre uma curva assimétrica
em relação ao plano vertical transversal que passa pelo vértice,
verificando-se que a inclinação diminui constantemente da origem
até ao vértice e que ela aumenta depois dele até ao ponto de queda.
Esta forma de trajectória tem pois um “ramo ascendente” e um “ramo
descendente” com perfis bastante distintos.

Trajectória de ricochete – Quando um projéctil animado de energia


restante suficiente, embate em qualquer meio resistente e não penetre
nele, nem se desintegre, poderá descrever no ar uma ou mais
trajectórias secundárias a que se dá o nome de trajectórias de
ricochete.

Travador - Designação que recebe cada um dos dentes do obturador


ou cada uma das peças destinadas ao travamento da culatra.

Travamento da culatra - Uma operação do ciclo de funcionamento


da maioria das armas de fogo. Consiste da imobilização da culatra
por meios mecânicos, garantindo a continuidade do fechamento da
culatra - o fechamento da extremidade anterior das almas dos canos,
pelo menos até que a pressão dos gases produzidos em cada disparo,
tenha descido suficientemente abaixo da pressão máxima.
È claro que nas armas de tiro simples e armas de repetição, o
travamento perdura até o destravamento da culatra ser efectuado
manualmente. É verdadeiramente nas armas automáticas e nas armas
semiautomáticas que o travamento da culatra só perdura até as
pressões dos gases já terem descido bastante abaixo da pressão
máxima, ainda com os projécteis dentro dos canos.
Esta operação é indispensável em todos os sistemas de arma de
calibres nominais tais que as respectivas munições desenvolvam
forças tão elevadas que a inércia das culatras não seria suficiente para
suportar o referido fechamento e naquelas em que a utilização
322
operacional, por razões de limite no peso máximo das armas não
permite o recurso à chamada percussão antecipada.

Treino – A actividade organizada que se segue e constitui o


complemento da aprendizagem, tratando-se a aprendizagem e treino
de fazer com que um indivíduo opere segundo um processo
tecnologicamente evoluído e/ou utilize eficazmente um sistema.
A organização dum treino (por exemplo do treino de um atirador de
competição), deve ser tal que:
• O indivíduo adquira as capacidades física e psíquica
indispensáveis à sustentação prolongada do controlo das técnicas
“aprendidas”,
• Seja possível ao indivíduo chegar a uma forma de actuação em
que a quase totalidade das acções decorra “automaticamente”,
isto é, comandadas pelo subconsciente através de reflexos
condicionados, de tal forma que os seus sentidos e a sua mente
fiquem disponíveis para detectar e processar racionalmente os
acontecimentos anormais ocorridos à sua volta ou para,
simplesmente, dar toda a atenção a um qualquer detalhe da tarefa,
• O indivíduo treinado adquira uma rotina mental – um hábito
mental – comprovadamente capaz de enfrentar e ultrapassar as
dificuldades usuais do processo ou da utilização, mesmo quando
sob as influências de um estado de tensão emocional,
• Prepare o indivíduo para resolver expeditamente um conjunto de
situações anormais possíveis, embora improváveis.
No âmbito do treino do tiro de precisão/tiro ao alvo, “treinar” é muito
mais do que a grande maioria dos praticantes “amadores” deste
desporto costumam fazer, e que é (enganando-se a si próprios e aos
outros), “divertir-se a dar uns tiros”.
Para de constituir em treino de uma actividade de “alto desempenho”
como é por exemplo a prática de tiro ao alvo de competição, a
actividade tem de ser, no mínimo:
• Organizada, isto é, decorrente de um planeamento a longo prazo,
• Faseada, ou “por elementos”, isto é, incidente separadamente
sobre os vários aspectos técnicos distintos do processo (a

323
posição, o disparo, a pontaria, etc.), muito antes de se processar à
sua integração num processo global. A expressão “uma coisa de
cada vez” tem aqui um significado essencial,
• Paciente, uma vez que o treino por elementos não pode dar
resultados – nos alvos –a curto prazo. A única panaceia contra a
falta de “estímulos imediatamente gratificantes” é a curiosidade
sobre o funcionamento do próprio corpo e mente e as únicas
satisfações possíveis inicialmente, são a certeza dum trabalho
bem feito e a sensação duma crescente facilidade de execução,
• Permanentemente vigilância, crítica e actuante, não hesitando
em, na busca da perfeição e da excelência retornar ao treino
específico de cada um dos aspectos singulares que se revele
menos que perfeito,
• Realista, isto é, tendo em conta as circunstâncias da realidade da
competição, nomeadamente as impostas pela tensão emocional.
Isto só é possível através da realização dos treinos num clima de
competição do atirador consigo próprio e, durante a época das
competições, da aferição constante deste trabalho, através da
participação em muitas competições, elas próprias consideradas
como elementos de um treino que nunca cessa.

Túnel - Um componente do aparelho de pontaria das espingardas de


tiro ao alvo que são equipadas com miras metálicas do género
“fechado”. O túnel serve essencialmente para com ele se fazer o
alinhamento; olho director – orifício da alça fechada- túnel, a fim de
se fazer a eliminação do erro angular. Serve também como apoio do
ponto de mira de anel, mira de plástico ou mira de poste que,
qualquer delas, ficam fixadas, concentricamente, no seu interior e ao
abrigo da luz directa do sol para que não se formem reflexos sobre
elas.

Velocidade inicial – No âmbito da balística externa, é a velocidade,


geralmente superior à velocidade à boca, que o projéctil atinge
depois de cessarem os efeitos dos gases da pólvora, igualmente
emergentes da boca do cano da arma. Estes, na sua expansão,

324
ultrapassam o projéctil, criando uma onda de choque invertida, que
vai imprimir uma aceleração adicional a esse projéctil, a partir da sua
velocidade à boca.
Os projécteis dos sistemas de arma destinados a conseguir grandes
alcances eficazes e/ou altas capacidades de penetração, têm de ter
velocidades iniciais muito altas mas isso não basta pois terão de
possuir igualmente valores altos de coeficiente balístico – ou baixos
de coeficiente de resistência -
As gamas de velocidade iniciais são distintas, conforme a classe de
arma. Estas gamas são as seguintes:
• Armas de bala (pistolas, espingardas, metralhadoras, etc.) –
Velocidades iniciais entre os 300 e os 1200 m/s,
• Morteiros – Velocidades iniciais entre os 100 e os 300 m/s,
• Obuses – Velocidades iniciais entre os 300 e os 1200 m/s,
• Outras peças de artilharia - Velocidades iniciais entre os 700 e os
1600 m/s.

Visual – É a marca central dum alvo, geralmente circular e de cor


negra, que serve de referência à pontaria das armas, nas várias
modalidades de tiro ao alvo.

Vivacidade – É o parâmetro que, embora apenas qualitativamente,


exprime a rapidez com que uma carga de uma dada pólvora ou outro
propulsante de consome. Dada a forma como se opera a reacção
explosiva destes explosivos, sempre da superfície para o interior dos
grãos, a vivacidade tem uma relação directa com o parâmetro,
quantitativo, que se designa por dimensão balística da carga.
Diz-se que uma dada carga é muito “viva” quando, dada
principalmente a configuração dos grãos que a compõem, ela se
consome (atinge o fim da queima ou deflagração) muito
rapidamente.

Zagalote - São os chumbos de caça dos tamanhos maiores, que se


usam na constituição de bagadas de cartuchos de caça que se
destinam a fins especiais, em particular ao uso em espingardas de
guerra de cano liso. Fabricam-se nas classes e diâmetros seguintes:
325
LG------9.1 mm
SG------8.4 mm
Spec. SG------7.6 mm
SSG------6.8 mm
AAA------5.2 mm

Zarelho(s) - São as peças/argolas de metal, que se aplicam nalgumas


espingardas e carabinas com coronhas de madeira e que servem para
fixar as bandoleiras.

Zona em ângulo morto - Zona do terreno em que o alvo não pode


ser atingido, facto que sucede sempre que a inclinação do terreno for
superior à do ramo descendente da trajectória.

Zona batida - Agrupamento no qual o cone de fogo intercepta o


plano que contém a linha de sítio e é normal ao plano de tiro. A Zona
Batida tem a forma de uma elipse em que o eixo maior coincide com
o plano de tiro e o menor é perpendicular a este, isto é, o eixo maior
é no sentido do alcance e o menor no sentido da largura ou direcção.
A profundidade da Zona Batida diminui à medida que a distância de
tiro aumenta; porém, a partir de certa distância começa a aumentar. A
largura da Zona Batida aumenta sempre com a distância.
Mantendo-se constante a distância de tiro, a Zona Batida tem o seu
valor máximo quando o ângulo de tiro é igual a zero, diminuindo à
medida que este ângulo cresce e aumentando à medida que ele
decresce.

Zona perigosa de uma arma – É o espaço tridimensional a partir da


posição de tiro que pode ser atingido pelos projécteis ou fragmentos
provenientes dessa arma.

Zona perigosa de uma infra-estrutura de tiro – É o espaço


tridimensional estabelecido a partir de toda a largura das plataformas
de tiro ou bases de fogos, acrescida, se necessário, de uma

326
determinada extensão para ambos os flancos. Divide-se em zona
perigosa de superfície e zona perigosa vertical.
Zona perigosa de superfície é a parte da zona perigosa constituída
pela projecção sobre a superfície do terreno, ou aquática, de todo o
espaço tridimensional. É constituída por:
• Área de dispersão,
• Área de ricochetes,
• Área perigosa de munição (só explosivos)
Aquém desta zona existe a Área de protecção auditiva e a Área de
acesso restrito.

50 METROS 50 METROS

POSIÇÃO DE

50 METROS

ÁREA DE PROTECÇÃO

Zona perigosa vertical é a parte da zona perigosa constituída pelo


espaço aéreo cuja altitude vai desde o nível do solo até à altura de
segurança característica de cada arma e munição.

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Zona de energia total – É o espaço tridimensional em volta de uma
posição de tiro que pode ser atingido pelos projécteis ou fragmentos
provenientes de uma dada arma quando disparada em qualquer
direcção. Corresponde a um círculo em volta da arma cujo raio é o
alcance máximo, e a um espaço aéreo sobre o mesmo.

10%

Zona de pontaria – Um termo da tecnologia do tiro ao alvo. É a


zona, aproximadamente circular, de um alvo, maior ou menor
conforme a habilidade do apontador/atirador e conforme os
condicionalismos impostos pela sua posição exterior e pela sua
posição interior, para a qual se aponta a arma, a fim de atingir o
centro desse alvo.
No tiro ao alvo com pistola ou espingarda equipada com ponto de
mira de poste, a zona de pontaria situa-se geralmente abaixo da
visual do alvo, a uma distância tal que as pequenas oscilações da
arma nunca levem o ponto de mira a “entrar” nessa visual, pois como
o ponto de mira é também de cor negra, ele deixaria então de poder
ser visto distintamente.
No tiro ao alvo com espingarda equipada com mira de anel, a
zona de pontaria é a própria visual do alvo, uma vez que é a
própria visual que se pretende rodeada pela abertura cen
328

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