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A partir das noes de Baudelaire, o presente , alm de um ponto de encontro

entre passado e futuro, um dos tempos mais bem quistos pela arte moderna j que
consegue contemplar perfeitamente a dialtica entre o velho e o novo. O poeta
incorpora a figura do observador, do flaneur, e o mundo construdo a partir da sua
tarefa de observao, do seu filtro pessoal, fazendo da modernidade ao mesmo
tempo o lugar de uma experincia e o objecto de uma observao, que o sujeito (que
vive e observa) no pode deixar de hesitar e mover-se constantemente, em vaivm,
entre as suas duas posies, no podendo conter-se nem fixar-se, em definitivo, em
nenhuma delas. (BUESCU, 2005, p. 38).
A tarefa de observar o mundo no exime o poeta de se observar e de refletir
acerca de sua prpria produo, acerca do fazer potico. E por estar em constante
observao, esperado que sua prpria poesia tambm sofra mudanas afinal, o
mundo muda e, como espectador imediato do que acontece ao seu redor, a sua poesia
tambm precisa adequar-se. por isto que to comum aos poetas modernos uma
certa instabilidade nas suas poticas, quando no se pode mesmo falar em vrias
poticas de um mesmo autor. Assim, o poeta no pode escolher no ver j que:
As imagens que passam pela retina (Pessanha) so tudo aquilo a que
o sujeito acede. Por um lado nelas se concentra a ao histrica dos
tempos que foram e sero; por outro lado elas no podem nem passar
pela retina, precisamente. Cristaliz-las, encontrar atravs do discurso
modos de sua representao pelos quais esses charcos se possam
transformar em lagoas de brilhantes (Cesrio) ser, no fundo a tarefa
daquele a quem Baudelaire chamava j (e repare na metfora visual) o
pintor da vida moderna. (BUESCU, 2005, p. 35).

Porm, claro que no basta apenas ver para cristalizar qualquer ato cotidiano
em um poema. Ainda segundo a metfora de Baudelaire, o pintor da vida moderna v,
absorve e representa o que viu a partir de um sujeito, de uma inteno, de um filtro. E
exatamente nesse sentido que podemos ler o poema Filtro de Carlos Oliveira:
A partir do prprio ttulo j fica embutida a ideia de que h um sujeito
responsvel por um processo, o do filtro, que nada mais do que captar tudo, reter as
impurezas e deixar passar somente o que serve.
Alm desse filtro posterior observao do poeta, h outro processo anterior:
a distncia temporal que destila o que visto. como se houvesse trs momentos

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